sábado, 17 de dezembro de 2011

Os Cães Vão para o Céu?Um Reflexão sobre Apocalipse 24:14-15


Uma vez alguém indagou a Elizabeth Marshall Thomas se haveria cães no céu. Ela respondeu afirmando que obviamente o céu teria cachorros, de outra forma não seria céu (DONIGER, 2007). Da mesma forma, o veterinário americano Robert T. Sharp escreveu, em 2005, um livro (ao qual não tive acesso) fazendo justamente essa pergunta: haverá cães no céu? Na universidade americana Seattle Pacific University, Kathleen Braden, uma professora de geografia, ensina um curso denominado “Haverá cães no céu?”, no qual ela explora as relações entre o homem e os animais, incluindo o estudo de tratados teológicos sobre a natureza dos animais, o relacionamento dos seres humanos com o sofrimento animal e os aspectos psicológicos de nosso relacionamento com nossos animais de estimação. Se isso lhe soa estranho, talvez seja nossa sisudez que nos impeça de apreciar a possibilidade de seres humanos e animais conviverem pacificamente em um ambiente celestial. De acordo com Bill Hall (1990), as pessoas raciocinam que, se houver cães no céu, também haverá ali gatos, camundongos e outros animais de estimação que poderão ser inconvenientes à fruição de gozo eterno. Talvez imaginem que será uma tentação dietética contemplar uma ave ou peixe, no céu, sem poder apreciá-los de uma forma mais epicurista do que o ambiente celestial permitirá.


De qualquer forma, minha família ficou profundamente impressionada, recentemente, quando ouviu um pregador anunciar, enfaticamente, que os cães não vão para o céu. Como muitas outras famílias cristãs, temos uma cadela (pinscher) em casa. Seu nome é Melanquita (“vestido preto”, em grego), e meus filhos adolescentes muito se afeiçoaram a ela. Ouvir, repentinamente, que os cães não vão para o céu causou-lhes grande decepção. Contudo, ao examinar o texto bíblico apresentado pelo pregador, confesso que não tive a mesma impressão que ele e estou convencido de que o mesmo não exclui os cachorros do céu. Trata-se de Ap 22:14-15: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.”


Não me sinto embaraçado ao me referir ao cachorro da família de forma afetuosa. Bainton (1957) comenta que Lutero, em várias passagens de sua obra Conversa à mesa (ou Colloquia mensalia, em latim), menciona seu cachorro Toelpel, ao qual ele parece ter estimado muito. Percebe-se pela fala de Lutero que ele esperava que os cães fossem para o céu. Ele chega mesmo a dizer que, no céu, os cães teriam pele de ouro e pêlo de prata. Além disso, ele os apresenta como modelos para a fidelidade e concentração cristãs: “Ah, se eu pudesse orar com a devoção com a qual meu cachorro observa um pedaço de carne” (Conversa à mesa, n. 274). Além disso, a ressurreição dos animais é uma doutrina solidamente estabelecida entre os mórmons. Segundo o autor mórmon Bruce R. McConkie (1962, p. 573-578), “nada é mais absolutamente universal do que a ressurreição; todo ser vivo há de participar dela: ‘como todos morreram em Adão, assim em Cristo todos serão vivificados’ (1 Co 15:22.)”.


São literais os cães de Ap 22:14-15?


O texto de Apocalipse definitivamente não se refere a cães literais. O contexto favorece a uma interpretação metafórica da passagem por duas razões principais. Em primeiro lugar, todos os outros elementos da lista apocalíptica dos excluídos da Nova Terra são figuras humanas culpadas de pecados graves: feiticeiros, prostituídos, homicidas, idólatras e mentirosos. Incluir um animal entre esses não faz sentido, pois os animais não são passíveis de cometer pecado. Em segundo lugar, o livro de Apocalipse apresenta, em 21:8, uma outra lista de impossibilitados à salvação que tampouco inclui animais: “quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.


Além disso, existem outros usos metafóricos dessa palavra nas Escrituras. Dt 23:18 fala do salário de uma prostituta e de um cão num contexto tão claramente simbólico que as traduções portuguesas nem mesmo retêm a palavra “cão”: “não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita [ou cão] à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus.” O termo era, também, um insulto genérico (1 Sm 17:43; 24:14; 2 Re 8:13; Sl 22:17, 21; Isa 56:10-11; Mt 7:6), como ainda o é em nossos dias, ou uma expressão de humildade (2 Re 8:13). É, portanto, um contra-senso insistir que os cães encontram-se escatologicamente barrados de existir na Nova Terra.


Os cães de Apocalipse são os gentios?


As listas de vícios, pecados e tipos de pecadores eram comuns entre os filósofos moralizantes do mundo greco-romano. Luciano, em seu tratado intitulado Hermótimo 22, compara a virtude (aretē) a uma cidade da qual são excluídos todos os vícios. Nas Escrituras, Paulo é quem as utiliza com maior freqüência. O caso do livro de Apocalipse, que se baseia na tradição de Dt 18:9-14, é a única ocorrência conhecida de uma lista de vícios contendo a palavra “cães”. Por isso, tem sido prática comum interpretar o termo como uma referência a pessoas e não a animais. De fato, de acordo com Dídimo de Alexandria, os cristãos do século IV negavam a participação na comunhão aos não batizados com base no provérbio de Mt 7:6, que proibia que coisas sagradas fossem dadas aos “cães”. Será, contudo, que uma comparação entre o texto de Apocalipse e o evangelho de Mateus nos permitiria concluir que “cães”, figurativamente, são sempre os gentios?


Apesar de o evangelho de Mateus ter sido escrito primariamente para os judeus, há, nele, um número surpreendentemente alto de referências aos gentios. Como em alguns casos, Mateus os apresenta sob uma luz desfavorável, certos teólogos, como David Sims (1998, p. 215-256), por exemplo, têm suposto que o evangelho tem um tom anti-gentílico. Outros teólogos, como Hummel (1996, p. 36) e Bonnard (1982, p. 429-435), entendem que, quando os líderes judaicos, em Mateus, empregam a palavra “pecadores”, eles geralmente se referem aos gentios. Assim, a frase “publicanos e pecadores” deve ser compreendida como equivalente sintagmático de “publicanos e gentios”.


No entanto, é possível perceber inúmeras ocasiões em que Mateus apresenta os gentios com um olhar favorável: 8:5-13; 21:17-24; 27:54; etc. Para Smillie (2002, p. 74-96), Jesus aceita e adapta os estereótipos judaicos convencionais em relação aos pagãos como a quintessência da injustiça discursiva, procurando generalizar a fim de criar um contraste em relação ao qual Ele possa criar um novo comportamento ou atitude. Por essa razão, não me parece coerente supor que a referência de Jesus aos cães, na perícope da mulher cananéia (Mt 15:22-28), tenha como intenção outra coisa que não generalizar para contrastar e levar a uma mudança de atitude. Os leitores de Mateus, observando o relato através da máscara exclusivista do Judaísmo, devem perceber pela resposta da mulher e pela concessão de Jesus a sua súplica que necessitam adotar uma nova atitude em relação aos samaritanos e aos gentios em geral: uma atitude de tolerância. A mulher toma, sem pudores, o termo deliberadamente pejorativo de Jesus e o aplica a si mesma, ao dizer: “mas mesmo os cães”. Isso lhe ganha a bênção e, mais do que isso, um dos mais comoventes elogios feitos por Jesus nos evangelhos.


Fica claro, portanto, que, apesar de pejorativo, o uso do termo “cães” por Jesus em Mateus tem como objetivo provocar uma mudança de atitude em relação a uma classe discriminada. A situação criada por Jesus é o equivalente prático de sua declaração “ouviste o que foi dito... eu, porém vos digo”, usada por Ele com a mesma finalidade de transformar a compreensão de seus ouvintes em relação a conceitos que deveriam ser suplantados pelo amor cristão. Entretanto, o interesse principal deste artigo não é estabelecer todo o contexto em que a palavra “cães” se emprega em Mateus, mas simplesmente assinalar que os escritores neotestamentários estavam familiarizados com seu uso metafórico. Ou seja, em Mateus a palavra “cães” não se refere ao animal, mas aos gentios. Por outro lado, não podemos dizer que a ocorrência da palavra em Apocalipse tenha o mesmo referencial uma vez que percebemos que, em Mateus, a palavra foi enobrecida por Jesus. Depois do encontro da mulher cananéia com Jesus, os “cães” (= gentios) não são mais excluídos do banquete, mas passam a ter direito às migalhas. Por isso, os cães de Apocalipse não podem ser os gentios porque, ali, os cães continuam excluídos da salvação.


Quem são os cães de Apocalipse?


Ao analisar a passagem de Apocalipse, Robertson propõe, com base em Dt 23:18, que os “cães” são pessoas sexualmente impuras, uma vez que, segundo ele, os cães eram animais de rapina no Oriente e, por isso, eram ali desprezados. A mensagem do Apocalipse não representa, contudo, unicamente o pensamento oriental. João, é verdade, era judeu, mas escreveu em grego, na ilha de Patmos, uma prisão romana no coração do mundo grego. Por isso, pode-se buscar para a palavra “cães” um sentido mais próximo àquele empregado no mundo greco-romano. Se isso é verdade, o termo pode ter um sentido filosófico mais abrangente do que apenas o da imoralidade.


O mundo grego conheceu certos filósofos que se chamavam a si mesmos de cínicos, isto é, “caninos”, para enfatizar seu comportamento irrestritamente franco. Um dos mais famosos desses filósofos foi Diógenes de Sínope que, segundo Diógenes Laércio 6.54, era “um Sócrates enlouquecido”. Diógenes pregava a anaidéia, isto é, uma vida totalmente despojada de pudor. Outro renomado filósofo cínico foi Crates de Tebas (TORRES, 2001, p. 45-54). Sabemos, por intermédio de Apuleio (Floridum 14), que Diógenes de Sínope persuadiu Crates, no século IV a.C., a renunciar a sua fortuna. Crates passou, então, a se referir a sua antiga riqueza pela expressão “fardo de esterco” (onus stercoris). A decisão de Crates foi tão ofensiva a alguns que Clemente de Alexandria, em sua obra Quem é o homem rico que se salva?, declara que Crates o fez apenas porque queria se libertar do trabalho de ter que manter suas posses, preferindo o ócio das letras inúteis (hē scholē nekras sophias) e, portanto, não pelas razões sugeridas por Jesus em Mr 10:17-31. O mesmo Apuleio (Floridum 22) apresenta um Crates desnudo, ensinando suas doutrinas e carregando uma clava semelhante à de Hércules (seminudus et clava insignis). Além disso, Apuleio nos informa que Crates costumava copular com sua consorte Hiparque, em frente ao Pórtico Pintado, em plena ágora ateniense (Floridum 14).


O espírito de controvérsia associado aos cínicos teve enorme influência no pensamento greco-romano (LESKY, 1996, p. 672). A sinceridade destemperada desses filósofos teve repercussão negativa entre as demais escolas filosóficas e causou muita reação entre estóicos e epicureus. É, por essa razão, que os demais gregos passaram a se referir a eles como cínicos, isto é, “caninos”. O próprio Diógenes de Sínope, fundador dessa escola filosófica, aceitou o apelido de “Diógenes, o cão”. Não se deve menosprezar a influência dos sistemas filosóficos greco-romanos sobre o pensamento dos escritores neotestamentários que ora os aprovam e ora os rejeitam, a depender do teor de seu conteúdo (TORRES, 2006). Minha proposta é que os cães de Ap 22:14-15 sejam justamente as pessoas de comportamento aberrante que o mundo greco-romano havia se acostumado a chamar de cínicos (“caninos”). O apóstolo João pode estar simplesmente fazendo um alerta de que o comportamento espalhafatoso e abertamente ofensivo, a revolta pelo simples prazer da revolta, a crítica inamistosa e a imoralidade frívola, tudo isso pode impedir que o cristão, um dia, ingresse no paraíso escatológico a ele prometido pelas Escrituras.


Além disso, ao contrário do que pode ter acontecido no Oriente (se é que a afirmação de Robertson de que os orientais desprezavam os cães é verdadeira), os gregos e os romanos tinham grande proximidade com seus cães de estimação. Desde a referência ao famoso cão Argos, pertencente a Ulisses, na Odisséia, até as inúmeras estelas funerárias gregas que costumeiramente incluíam as figuras dos cães ao lado dos donos falecidos, evidências abundam de que o mundo greco-romano amava esses animais. Aliás, não se pode dizer que o termo “cínico” era pejorativo. Pelo contrário, ele pode ter até contribuído para a aceitação desses filósofos que voluntariamente usavam o epíteto de “cães” para chamar a si mesmos.


Em sua epístola aos efésios (7.1), Inácio interpreta os “cães” de Apocalipse como sendo “aqueles que rejeitam a verdade e se endurecem contra a graça”. Não poderia haver uma descrição mais precisa dos cínicos de sua época: homens obstinados, que rejeitavam as tradições e a razão, com o firme propósito de se oporem à sociedade em que viviam. Talvez seja, por isso, que Jesus hesite em deixar que o evangelho seja levado a pessoas assim (Mr 7:6). Dessa forma, a majestade do evangelho não pode ser vilipendiada pela hostilidade daqueles que se opõem a tudo que existe no mundo, seja no campo material ou no espiritual. Obviamente, não posso provar que a referência a “cães” no Novo Testamento tenha como única referência os cínicos. É certo que, nos evangelhos, o termo se refira mesmo aos gentios. Entretanto, quero sugerir que a expressão apocalíptica tenha essa acepção principal. Há indícios de que o cinismo tenha florescido de maneira mais intensa sob a dinastia flaviana. Ora, Domiciano, sob quem João foi condenado a Patmos, foi um dos mais conhecidos imperadores dessa dinastia.


Haverá, então, animais no céu?


O manuscrito 4Q394, encontrado, em Qumran, no Mar Morto, nos dá uma pista por que os judeus antigos, contrariamente às práticas do Ocidente, pareciam avessos à presença de cães em Jerusalém. O manuscrito traz uma proibição quanto à manutenção de cachorros nas imediações do templo, porque estes insistiam em desenterrar os ossos dos animais ali sacrificados. Da mesma forma, o livro apócrifo conhecido como Atos de André também sugere que os primeiros cristãos tinham uma atitude ambivalente para com os cães, pois essa obra nos informa que alguns cristãos acreditavam ser o cachorro um animal cuja forma o diabo gostava de assumir. Apesar dessas considerações negativas, não há nada que nos sugira que a ocorrência da palavra “cães” no Apocalipse deva ser interpretada literalmente. Além disso, o Antigo Testamento fala abundantemente da existência de animais na Nova Terra. A passagem mais famosa nesse contexto é Is 65:25: “o lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor”. O texto é uma repetição ligeiramente alterada de Is 11:6: “e morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará”. A passagem é, no entanto, aplicável primariamente ao antigo Israel e não à Igreja atual. Entretanto, como a maioria das profecias do Antigo Testamento é reaplicável à Igreja, pode-se imaginar que haverá animais na Nova Terra.


O reverendo Richard Phillips, pastor da primeira Igreja Presbiteriana Coral Springs, em Margate, na Flórida, responde a pergunta “haverá cães no céu?” com a seguinte afirmação: “provavelmente haverá, mas não o seu cachorro”. O que ele quer dizer é que, na reacriação da natureza, provavelmente Deus embelezará nosso planeta com espécies animais e vegetais, como o livro de Gênesis relata que Ele fizera na semana da criação. No entanto, não podemos estar certos de que isso se dará por meio da ressurreição dos animais que antes existiram na Terra. Pode ser que Deus simplesmente decida criar novos animais para essa finalidade.


Conclusão


A autora adventista Ellen White não fala muito sobre “cães”. Nas vezes em que a expressão ocorre em seus livros, esta se refere principalmente aos gentios de Mt 7:6 ou 15:22-28. Entretanto, no contexto da educação dos filhos, Ellen White (OC, p. 251) nos lembra que crianças não são como cães ou cavalos aos quais podemos dar ordens indiscriminadamente. Isso talvez seja útil para nos lembrar que o inverso também é verdadeiro. Por mais que amemos a esses animais, devemos sempre nos lembrar que eles não são crianças e, portanto, não devem ter a prioridade em assuntos domésticos.


Rudyard Kipling escreveu um poema no qual afirma que se pudesse dar a Jesus um único presente, dar-lhe-ia um cão. Mark Twain disse, por sua vez, que, se não há cães no céu, ele preferiria ir aonde eles foram. Esses são, obviamente, exageros. Não há que se chegar a tanto. Porém, talvez seja importante para nossa sensibilidade pós-moderna saber que a Bíblia não descarta a possibilidade de que haja cães na Nova Terra. De qualquer forma, ainda que não haja cães no céu, eles estarão lá, pois os levaremos conosco em nosso coração.




Referências
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BAINTON, Roland. Luther on birds, dogs and babies. Luther Today. Decorah, Iowa: 1957.


BONNARD, Pierre. L’évangile selon Saint Matthieu. 2. ed. Geneva: Labor et Fides, 1982.


DONIGER, Wendy. Hell is other people; heaven is other dogs. On Faith. 28/06/2007.


HALL, Bill. Who will look after the dogs in heaven? Tribune. Lewiston, Idaho: 25/05/1990.


HUMMEL, Reinhart. Die Auseinandersetzung zwischen Kirche und Judentum im Matthäusevangelium. Munich: Kaiser, 1966.


LESKY, Albin. A history of Greek literature. Indianapolis: Hackett, 1996.


LUTHER, Martin. Selections from the table talk. Tradução: Henry Bell. London: The House of Commons, 1646.


MCCONKIE, B. Mormon doctrine. Salt Lake City, Utah: Bookcraft, 1966.


PHILLIPS, Richard. Will there be dogs in heaven? Alliance of Confessing Evangelicals. 2007.


ROBERTSON, Archibald T. Word Pictures in the New Testament. Nashville: Broadman, 1932.


SHARP, Robert T. No dogs in heaven? scenes from the life of a country veterinarian. New York: Carroll & Graf, 2005.


SIMS, David C. The gospel of Matthew and Christian Judaism: the history and social setting of the Matthean community. Edinburgh: T. & T. Clark, 1998.


SMILLIE, Gene R. “Even the dogs”: gentiles in the gospel of Matthew. Journal of the Evangelical Theological Society, v. 45, n. 1, p. 74-96, 2002.


TORRES, Milton L. The stripping of a cloak: a topos in Classical and Biblical literature. Hermenêutica, Cachoeira, BA: v. 1, n. 1, p. 45-54, 2001.


__________. Felix’s refusal to further listen to Paul as a statement of philosophical superiority. Philica, n. 70, p. 1-3, 2006.
http://philica.com/display_article.php?article_id=70


WHITE, Ellen G. Orientação da criança. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, [1990?].


 Por Milton L. Torres
Professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP
Mestre em Linguística pela UFBA
Mestre em Filologia Clássica pela Universidade do Texas
PhD em Arqueologia Clássica pela Universidade do Texas
Pós-doutor em Estudos Literários pela UFMG
Membro do conselho editorial da revistas: Formadores: Vivências e Estudos e Protestantismo em Revista
Currículo disponível em: http://lattes.cnpq.br/6112555912323663
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[Este artigo foi publicado originalmente, com ligeiras alterações, em: TORRES, Milton Luiz . O destino dos cães. Ministério, Tatuí, SP, v. 79, p. 27 - 29, 01 fev. 2008].

O que se sabe sobre a vida do profeta Isaías?


O significado do nome Isaías é: Salvação do Senhor. Isaías também é chamado “o mais ilustre dos profetas”. Além de profeta foi um grande estadista, tomando parte ativa nos negócios públicos durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. A respeito de seu pai Amoz nada se sabe. É, também, incerta a tradição de que Isaías foi condenado à morte por Manasses. Era casado, e sua mulher foi por ele apelidada de “a profetiza” (Isaías 8.3). Tiveram dois filhos, dos quais nada se sabe, a não ser os seus nomes simbólicos (Isaías 7.3; 8.3,4).
Deve ter exercido a sua missão de profeta durante um longo período de tempo. Calculando pelo menor tempo, foram quarenta anos desde o último ano de Uzias até o ano em que Jerusalém foi libertada dos ataques de Senaqueribe sendo então que o profeta desaparece da história. Foram contemporâneos de Isaías os profetas Oséias e Miquéias. Além do livro de Isaías, sabemos pelo segundo livro de Crônicas, capítulo 26, versículo 22, que o profeta escreveu uma narração dos “atos de Uzias”. Essa obra foi perdida, bem como outros escritos do profeta. A vida de Isaías está intimamente relacionada com as histórias de Samaria e Judá, mas principalmente com Judá, e deve ser estudada nessa relação.

Pedro foi escolhido por Jesus para ser o 1º papa?

A Maquiagem e a Mulher Adventista

Falar sobre maquiagem, assim como sobre qualquer outro assunto relacionado à modéstia cristã, é sempre algo polêmico. Podemos dizer que existem dois tipos de maquiagem, a julgar pela função: a maquiagem com função corretiva e a maquiagem com função de ornamento.
O primeiro tipo diz respeito a uma maquiagem que se usa com a intenção de fazer pequenas correções. Ao final da maquiagem a pessoa apresenta uma aparência natural, tendo algumas marcas ou imperfeições disfarçadas, ou “corrigidas”, pelos produtos usados. Essa maquiagem não gera escândalo, pois a idéia é que ela não seja percebida, mas que a imagem da pessoa fique mais apresentável.
O segundo tipo diz respeito a uma maquiagem que tem como fim ser percebida, ornamentar o corpo, trazer a ele traços totalmente artificiais que são conseguidos por meio de produtos como sombras e lápis, etc. Essa maquiagem foge totalmente à discrição sendo algo que em si destina-se a chamar a atenção, do contrário poderia ser dispensado seu uso. Por meio de uma série de produtos de variadas cores, cria-se uma imagem que nunca seria possível ter de forma natural, ou você conhece alguém que nasceu com um sombreado azul nos olhos, ou rosto de boneca?
Existem dois textos que devem sempre ser lembrados quando falamos de modéstia cristã:
I Pedro 3:3: “Não seja o adorno da esposa o que é exterior…”
I Timóteo 2:9 e 10: “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)”.
A preocupação excessiva com o adorno exterior não pertence à mulher cristã. Esta age com modéstia e bom senso. Por que uma mulher adventista precisaria usar uma maquiagem cheia de cores que não pertencem ao natural humano? Não estariam as mulheres sendo influenciadas pela moda do mundo e seus costumes?
O mundo prega o consumo dos produtos de beleza, e cada dia cria uma nova tendência de cores e estilos, que são comprados por muitas mulheres de nossa Igreja. Somos as mulheres do tempo do fim, se houve algum tempo em que se podia perder tempo com vaidades esse tempo acabou. Temos uma missão a cumprir, não estamos neste mundo para exibir nossa beleza, mas para exibir um caráter semelhante ao de Cristo. Esse deve ser o nosso adorno.
Alguém pode dizer que a maquiagem ajuda na auto-estima da mulher. Queridas amigas, se nossa auto-estima estivesse baseada em algo que sai com água e sabão… quão pouco valeríamos! Nossa auto-estima deve se basear no que somos e não no que fingimos ser, e maquiagem é fingimento, pois não somos aquilo que a pintura produz.
O povo de Deus deve ser o povo mais bonito e saudável do mundo. Não seria muito melhor ouvirmos as orientações de saúde e cuidar de tudo aquilo que influencia em nossa saúde e conseqüentemente em nossa aparência? Não seria mais sábio cultivar uma beleza que não sai com água e sabão, mas que resiste ao tempo, pois diz respeito a um estilo de vida?
Só Deus pode julgar suas intenções, querida irmã. Contudo, uma coisa é certa, se gastamos tempo de nossa missão nos dedicando a vaidades que só pretendem chamar a atenção para nós mesmos, iremos arcar com isso no Dia do Juízo. O cristianismo combina com abnegação, humildade e simplicidade, mas não com vaidade e exaltação do eu.
Se neste momento você está pensando em alguma irmã de sua Igreja, pense primeiramente em você e em suas intenções ao se adornar, tanto com a maquiagem quanto com outros tipos de pintura, como a das unhas. Julgue suas próprias intenções e não as das demais irmãs, e ore a Deus para que Ele te ajude a viver segundo a Sua vontade!
“Perguntai-lhes então como se sentem quanto ao adorno do corpo, e se têm alguma idéia do que é estar preparado para comparecer perante Deus, e vos dirão que se somente pudessem voltar a viver de novo o passado, corrigiriam a vida, evitariam as loucuras do mundo, sua vaidade e orgulho; e adornariam o corpo com roupas modestas, dando assim um exemplo aos que os rodeiam. Viveriam para a glória de Deus.” Mensagem aos Jovens, p. 127
“É justo amar o belo e desejá-lo; mas Deus deseja que primeiro amemos e busquemos a beleza do alto, que é imperecível.” Atos dos Apóstolos, 523


Fonte : Mulher Adventista

Entrevista com o Dr. Alberto Timm sobre o sábado







Venha Espírito Santo

A beleza de um pequeno grão de areia

A areia de algumas praias  pode tornar a paisagem um tanto inusitada, podendo ser colorida de forma natural ou artificial. Entretanto, a areia comum também guarda alguns segredos quando entramos no mundo microscópico.


Ampliados além dos limites da visão humana, encontramos nos grãos de areia, um mundo de padrões e cores inimaginável.





Com um aumento de 250 vezes é possível apreciar a beleza de fragmentos de cristais, padrões espirais de minúsculos pedaços de conchas e outros componentes da areia.


O professor Gary Greenberg dedicou cinco anos de pesquisa em praias do Havaí, Irlanda, Japão, entre outras, selecionando e fotografando os que considerou mais impressionantes.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Isso é discipulado

Ler para o bebê aumenta vínculo entre mãe e filho

Se você não vê a hora de o seu bebê crescer para ler todos aqueles lindos livros infantis com ele, saiba que não precisa esperar. Um estudo feito com 116 famílias no Montreal Children's Hospital, no Canadá, e publicado no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics mostra os benefícios da leitura para as crianças já nos primeiros dias de vida: aumenta o vínculo com os pais, tem efeito tranquilizador e ajuda no desenvolvimento cerebral. 


Conduzida com pais de bebês internados na unidade de tratamento intensivo, a pesquisa apontou que a situação estressante de ir para casa sem o recém-nascido pode dificultar a ligação entre os pais e a criança. Mas o simples ato de ler um livro em voz alta para o bebê facilita essa aproximação. 


De acordo com o relatório, a leitura traz benefícios para toda a família: 69% dos pais sentiram-se mais próximos dos filhos, além de ter a sensação de controle, intimidade e normalidade – mesmo no ambiente hospitalar. Para os bebês, a voz dos pais tem efeito tranqüilizante. “É como se fosse um acalanto. Você está embalando seu filho com palavras”, diz Ilan Brenman, escritor e doutor em educação, que coordenou o projeto Biblioteca viva em hospitais, da Fundação Abrinq, em hospitais de todo o Brasil no início dos anos 2000.


O contato cedo com os livros também ajuda no desenvolvimento da linguagem e facilita, no futuro, a criança aprender a ler. Além disso, a qualidade dos sons que o bebê ouve afeta o funcionamento da audição e a linguagem usada nos livros geralmente é mais rica do que a linguagem do dia a dia. “Ao ler, usamos voz, ritmo e tom diferentes da conversa diária. Isso prende a atenção da criança e, mais para frente, chega na formação do leitor”, completa Brenman.
Fonte: Revista Crescer

A Igreja Sofre Eclipse: O Escuro Capítulo da Apostasia da Igreja


 
É dever inelutável do estudante do cristianismo devotar atenção especial ao capítulo escuro da apostasia da igreja, porque somente essa apostasia explica a demora da segunda vinda de Cristo, e projeta luz sobre muitas áreas da história secular. Seja sublinhado que essa apostasia da Igreja não afetou apenas a periferia, alguns membros ou congregações aqui ou acolá, mas afetou seu próprio coração. Este abandono da fé deve ser diagnosticado como uma doença gradual, estendendo-se através de décadas e séculos, progredindo do centro para a periferia, eventualmente envenenando cada célula do corpo. Não foi o resultado de um só erro, quer de um indivíduo preeminente, quer de uma igreja ou de um concílio eclesiástico. Indivíduos e igreja caíram em erro e foram restaurados mais de uma vez, como as páginas do Novo Testamento fazem-no transparentemente claro.
Nem foi a apostasia o resultado de uma deficiência de graça divina. Ungida com o Espírito Santo, a Igreja estava perfeitamente aparelhada para sua tarefa. Seu ímpeto original, ao sair “vencendo e para vencer”, era digno de seu divino Autor. O impacto inicial da proclamação do evangelho era tão extraordinário que seus adversários o descreviam como um transtorno do mundo. A vitalidade surpreendente da Igreja apostólica encerrava a promessa de que dentro de uma geração ou duas ela podia ter evangelizado o mundo de então. “Toda a autoridade…no Céu e na Terra” tinha sido outorgada a seu Fundador, cuja presença com a Igreja tinha sido prometida “até a consumação do século”.
O eclipse da Igreja, não pode ser atribuído tampouco a circunstâncias externas incoercíveis. Pressões sociais e políticas sobre a Igreja nascente só estimularam seu zelo de evangelização. Num sentido muito real “o sangue dos mártires foi a semente da igreja”. Quando irromperam as perseguições, a Igreja cerrou fileiras e prosseguiu em sua missão sem esmorecimento. Aos olhos estarrecidos de seus adversários, a Igreja continuou a crescer mesmo sob perseguição. Mas quando a perseguição deu lugar à tolerância, e mais tarde ao favor imperial, sob Constantino e seus sucessores, o zelo dos cristãos transformou-se em complacência, a humildade em orgulho, a dependência de deus em dependência do poder político.
O fato é que nenhuma “razão” pode ser aduzida para a apostasia da Igreja, se por “razão” queremos dizer circunstâncias justificadoras. Aduzir “razões” significa transferir a apostasia do plano de decisões moralmente livres ao da necessidade. Seria, em outras palavras, interpretar o fracasso como inevitável. Mas como a Igreja foi fundada pelo próprio Cristo, admitir que ela tinha de falhar em sua missão, seria atribuir a Cristo poder menos que divino. O Novo Testamento deixa, porém, bem claro que suficiente graça foi provida para que a Igreja triunfasse em cada prova. Com Paulo a igreja poderia dizer: “Graças, porém, a Deus que em cristo sempre nos conduz em triunfo, e, por meio de nós, manifesta em todo lugar, a fragância de Seu conhecimento”. Como não havia razão compulsiva por que Adão devesse cair em primeiro lugar, não havia razão compulsiva por que a Igreja devesse desviar-se do ideal divino. De outro lado, a Igreja, composta de agentes morais livres, estava sujeita a erro, como resultado das decisões livres de seus membros. Essa possibilidade de pecado e eclipse é inerente à idéia de liberdade. O reconhecimento deste fato salvaguarda a origem divina da Igreja, ao mesmo tempo que admite a realidade histórica da apostasia.
É a tarefa do historiador cristão, analisar a fundo o desvio gradual da cristandade da fé apostólica. No presente estudo, propomo-nos analisar cinco áreas em que a Igreja se afastou da posição cristã primitiva. Esta breve lista não pretende esgotar o assunto, mas tão-somente salientar as características principais dessa apostasia. Se a tendência, outrora, em certos círculos eclesiásticos, era de negar qualquer desvio das diretrizes bíblicas, observa-se hoje maior humildade e maior inclinação em admitir que nem tudo está bem com a saúde espiritual da Igreja.

I. Cisão no Corpo da Igreja

Um dos sintomas mais óbvios da enfermidade espiritual que acometeu a igreja foi a cisão crescente no corpo da Igreja entre o clero e os membros leigos. No estágio inicial a igreja toda era considerada “raça eleita, sacerdócio real, nação santa”. O edifício da Igreja era concebido como construído “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Exceto pela posição dos apóstolos, cuja dignidade especial é reconhecida por todos, crentes individuais são comparados a “pedras vivas” e exortados a constituir “casa espiritual”, “sacerdócio santo”, a fim de oferecer “sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. Não havia divisão entre membros do clero e leigos. A Igreja era uma democracia representativa na qual anciãos e diáconos não exerciam maior autoridade do que a de “pastores do rebanho”.
Mas o descaso dos leigos por seus privilégios espirituais resultou numa transferência gradual de autoridade às pessoas eleitas para cargos de liderança na Igreja. Privilégios espirituais implicavam responsabilidades que a maioria tendia a negligenciar. A natureza humana displicente, acha mais fácil delegar o cuidado da alma a outra pessoa cuja piedade é acima de suspeitas. De outro lado, uma certa medida de autoridade suscita o desejo de maior autoridade, e autoridade não freada tende a se tornar absoluta. O único freio à autoridade desmesurada teria sido um corpo de leigos esclarecidos e responsáveis. Mas o cidadão comum do Império Romano não mais aspirava a assumir sua parcela de responsabilidade na esfera religiosa do que na política. O esgotamento geral de energia moral que caracterizou os dias finais do Império não podia deixar de afetar a vitalidade da Igreja no período pós-apostólico. Que a Igreja retivesse tanto de seu vigor até os dias de Constantino, era uma fonte perene de admiração ao mundo pagão, e testificava de sua origem divina.
À medida que os membros leigos abriam mão de suas responsabilidades religiosas, o clero assumia mais do que sua medida justa. A democracia original da Igreja, expressa no conceito do “sacerdócio universal dos crentes”, foi substituída por uma oligarquia clerical que dominava sobre a massa cada vez mais passiva dos leigos. O pensamento gnóstico com sua ênfase de que para o crente ordinário bastava fé para a salvação, ao passo que os poucos eleitos possuíam gnosis, “conhecimento”, contribuiu para acentuar essa tendência. Foi uma ironia trágica da História que heresias, embora combatidas com energia, tinham a subtileza de moldar permanentemente o pensamento de seus adversários.
É ponto pacífico que a igreja abraçava originalmente a convicção de que “há um só Deus e um só Mediador entre deus e os homens, Cristo Jesus”, excluindo, deste modo, mediação angélica ou humana na confrontação do homem com Deus. No entanto, a opinião que prevalecia durante a Idade Média era que o leigo não tinha acesso direto a Deus, exceto através do sacerdote que o admitia na Igreja através do batismo, retinha nas mãos sua salvação eterna pela ministração dos sacramentos, e o preparava para a morte através da extrema-unção. Esse cerceamento da autonomia espiritual dos leigos fez com que a Igreja perdesse a reserva imensa de energia moral latente na participação leiga na vida e obra da igreja.
Segundo tendência bem conhecida da natureza humana, era de se prever que anciãos ou bispos das igrejas principais, usualmente nas maiores cidades do Império, ganhassem de início uma ascendência administrativa, e mais tarde espiritual, sobre seus pares em igrejas vizinhas. Esse processo, uma vez iniciado, só podia ganhar ímpeto até que os Bispos de Roma e Constantinopla se tornassem respectivamente o papa da Igreja Ocidental e o patriarca da Igreja Oriental. E quando as duas metades do Império se separaram definitivamente, era inevitável que as igrejas de Roma e de Bizâncio seguissem caminhos à parte, como de fato ocorreu em 1054 A.D.
Se a enfermidade mortal daIgreja resultava, em grande parte, da cisão entre o clero e os leigos, então o melhor remédio para renovamento espiritual consistia em reparar a brecha. Isto significava restaurar aos membros leigos seu verdadeiro papel na Igreja. Mas o que testemunhamos durante os séculos escuros da Idade Média é uma tendência crescente do clero no sentido de definir e consolidar seus privilégios.

II. Salvação pelas Obras

Igualmente deletéria para o bem-estar espiritual da Igreja era a doutrina da salvação pelas obras, que gradualmente permeou a teologia popular. Cristãos de origem judaica eram particularmente sujeitos a este erro, como depreendemos de uma leitura da carta aos gálatas. O evangelho, em vez de ser as boas novas do perdão dos pecados pela fé em Cristo, pouco a pouco passou a ser considerado uma nova “lei”. Outrossim, a natureza da sociedade romana, com sua longa tradição de governo, pela lei tomava os adeptos da fé cristã suscetíveis à tendência legalista. O orgulho natural do homem exige que ele opere sua própria salvação para que tenha de que se vangloriar. Fazer nossa esperança de salvação depender inteiramente da graça divina, contraria o sentimento de estima própria arraigado em cada coração. À base de toda concepção pagã de salvação jazem obras meritórias. Como resultado o batismo, participação na Ceia do Senhor, e até martírio passavam a ser interpretados como “obras”. A estes foram acrescentados, no curso dos anos, jejuns, celibato, atos de penitência, peregrinações, flagelação, construção de igrejas, e, eventualmente, participação nas cruzadas contra os sarracenos, turcos e hereges. Agostinho está quase que só entre os escritores patrísticos em sua insistência sobre a doutrina de salvação pela graça.
No clima dominante de salvação pelas obras, a razão para a morte de Cristo sobre a cruz, que era intuitiva aos cristãos primitivos, tornou-se um tropeço ao pensador medieval. Tanto assim que o desafio foi aceito pelos escolásticos, tais como Anselmo, que escreveu uma obra Cur Deus Homo, “Por que o Homem-Deus”, na qual ele tenta justificar a encarnação e paixão de Cristo. Que esta verdade axiomática do cristianismo precisasse agora ter uma explicação racional, mostra que ela havia perdido seu significado existencial para o homem comum.
Um erro leva inevitavelmente a outro. Dia chegaria em que a noção de que os santos praticaram maior número de boas obras do que exigido pela “lei” obteria aceitação nos meios teológicos. Essas obras super-rogatórias dos santos vieram a constituir um tesouro de méritos que a Igreja podia pôr a disposição de pecadores necessitados. Disto, à noção de indulgências, era apenas um passo. Concedidas no começo como recompensa por serviços prestados à Igreja ou por atos de penitência praticados, gradualmente estes serviços foram substituídos por pagamentos monetários, e finalmente pelos abusos escandalosos da venda de indulgências, denunciados por Wiclef e reformadores subsequentes. De início as indulgências visavam apenas à remissão de penas temporais impostas pelo confessor; mas acabaram sendo interpretadas como remissão também de penas a serem sofridas no pugatório. Na pregação de uma das cruzadas, o papa promete efetivamente: “a retribuição dos justos e aumento de salvação eterna” em troca de dinheiro para financiar a guerra santa.
Outro produto da concepção errônea de salvação pelas obras, foi o sacramentalismo, isto é, a crença em que o batismo, bem como o sacramento da eucaristia, como a Ceia do Senhor veio a ser chamada, tinha efeito quase mágico sobre o recipiente, garantindo sua salvação. Independentemente do caráter do ministrante, ou da fé do recipiente, cria-se que o sacramento tinha eficácia para o fim proposto, ex opere operato, isto é, automaticamente. A transformação do ofício de ancião ou guia espiritual no de sacerdote acarretava a noção de que o sacerdote devia oferecer sacrifícios a exemplo dos sacerdotes israelitas e pagãos. Que mais natural do que interpretar a comunhão do pão e do vinho, que originalmente comemorava “a morte do Senhor, até que Ele venha”, como o sacrifício perpétuo e incruento da missa? Mas um pouco de reflexão teria mostrado que a noção de um sacrifício perpétuo chocava-se com a doutrina do Novo Testamento de que o sacrifício de Cristo só podia ocorrer uma vez para sempre.
Inexoravelmente, todo plano de salvação pelas obras apenas contribuía para perpetuar a servidão humana. O fardo do legalismo, do qual Cristo veio libertar o homem, foi de novo atado às costas do crente na Idade Média. Como regra, as massas que adoravam nas belas catedrais da Europa jamais experimentaram plenamente a liberdade conferida por Cristo e que faz os homens verdadeiramente livres. As catedrais góticas, com suas espirais apontando para o céu, erigidas com o trabalho de amor de muitas gerações, permanecem como símbolos da aspiração do homem a algo que escapava a seu alcance. Salvação como recompensa de obras meritórias sempre permanece além do alcance humano.

III. A Posição das Escrituras

Todos concordam em que a proclamação original das boas novas centralizava-se na Bíblia. Os evangelhos insistem em que os acontecimentos decisivos no ministério de Cristo ocorreram em cumprimento das Escrituras. Pedro, em seu sermão no dia de Pentecostes, validou sua interpretação da vida, morte e ressurreição de Cristo por repetidos apelos ao Velho Testamento. Nisto estava apenas seguindo o precedente do próprio Cristo que, no caminho de Emaús, “começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas”, expunha aos dois discípulos” “o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras”. A Igreja apostólica plantou seus pés diretamente sobre a autoridade do Velho Testamento. Paulo descreve a Igreja como sendo edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas”. Os apóstolos falaram como testemunhas oculares e desfrutavam num grau especial da direção do espírito. Suas instruções escritas eram, consequentemente, reputadas como normativas e de igual autoridade com “as outras Escrituras”. Como fonte de leitura devocional, e como a arma mais valiosa para combater as várias heresias, a Igreja para todos os efeitos práticos, tinha o Novo Testamento completo pelo fim do segundo século.
Ao passo que nos primeiros séculos as Escrituras desfrutavam na Igreja a posição indisputável de regra única de fé e prática, gradualmente uma tradição oral, da qual a hierarquia se considerava depositária, obteve uma autoridade idêntica, ou quase idêntica às Escrituras. Outro competidor por uma posição de influência e autoridade, surgiu nos escritos patrísticos da idade pós-apostólica aos quais, nas disputas teológicas da Idade Média, se apelava tão frequentemente como às próprias Escrituras.
Forçada a dividir sua autoridade com a tradição e a literatura patrística, encerrada numa língua desconhecida das massas da Europa, a saber, o latim, numa época de analfabetismo quase geral, as Escrituras foram praticamente esquecidas durante esses séculos escuros. Coube aos Valdenses e cátaros, lolardos e hussitas, precursores da Reforma, redescobrir seu poder regenerador. Possuir ou ler as Escrituras no vernáculo era, naqueles tempos, passível de punição pela igreja, como é fácil de se verificar em muitos autos-da-fé movidos contra supostos hereges. Da acusação contra um lolardo – assim eram chamados os seguidores de Wiclef na Inglaterra – que data do século XV, lê-se: “Nicolau Belward é um da mesma seita e tem um Novo Testamento que ele comprou em Londres por 4 marcos e quarenta pence, e ensinava o dito William Wright e Margery sua esposa, e trabalhou com eles durante um ano e estudou diligentemente no dito Novo Testamento”. Como observa o historiador Trevelyan, esta passagem mostra que a leitura da Bíblia era motivo para perseguição, e que os lolardos estavam dispostos a pagar somas exorbitantes para possuir uma cópia da Bíblia. A Bíblia, no todo ou em parte, era copiada a mão, o que tornava seu preço quase proibitivo ao comum do povo. É um monumento à fé dos lolardos o fato de estarem dispostos a tudo sacrificar, mesmo a vida, pelo privilégio de estudar a Bíblia na sua língua materna.
Privada de sua ancoragem nas Escrituras, ignorante de suas verdades eternas, era inevitável que a Igreja se distanciasse cada vez mais do ensino apostólico. Deve-se à Reforma a restauração da Bíblia a sua posição básica como fonte de iluminação espiritual e pedra de toque de toda doutrina religiosa.

IV. União da Igreja com o Estado

Tendo sobrevivido vitoriosamente às tempestades de perseguição no tempo do Império Romano, a igreja experimentou seu pior revés quando o favor imperial lhe foi imposto. Identificando seu futuro com o de uma dada cultura ou poder, a Igreja negava desse modo sua universalidade e caráter transcendental. Seu testemunho desse momento em diante foi sufocado pela necessidade de cortejar o favor dos poderes em existência. A majestade do Império era substituto pobre para a majestade de Cristo como Senhor da Igreja. A convocação, por Constantino, do Concílio de Nicéia, em 325, era sugestiva da ascendência que outros imperadores tentariam exercer sobre a Igreja. A reação contra essa tendência provocou a contenda pela supremacia entre o papado e o Santo Império Romano que enche tantos capítulos da história medieval. Se o princípio de separação entre a Igreja e o Estado, expresso por Cristo na fórmula: “Dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, tivesse sido observado fielmente, a Igreja teria escapado a humilhações, de um lado, e do outro, ao estigma de ter promovido guerras em nome da religião.
Depois de se apoiar durante quase um século no braço do Estado, a Igreja tremeu quando Alarico, à frente dos visigodos, saqueou Roma, no ano 410 A.D. A vulnerabilidade do poder secular, do qual dependia, provocou uma onda de consternação que alcançou até Jerônimo no isolamento de seu mosteiro em Belém. Para muitos parecia que se a ordem política naufragasse, a Igreja seria arrastada no desastre geral. A crise moveu Agostinho a escrever sua obra, A Cidade de Deus, a primeira tentativa de esboçar uma filosofia cristã da História. A despeito, porém, de sua perspicácia, Agostinho deixou de advertir a Igreja contra o perigo de concubinagem com o Estado, qualquer Estado.
Para resguardar sua função espiritual, era vedado à igreja tornar-se um instrumento do Estado, como era a intenção óbvia, mas não declarada, de Constantino; nem devia procurar controlar o Estado como se fosse capaz de cumprir sua missão sem apoio político. Reclamando o apoio dos poderes constituídos, a Igreja nega a pretensão de ser uma instituição divina contra a qual os poderes do inferno não haveriam de prevalecer. A subserviência ao Estado mais de uma vez cegou a Igreja a suas responsabilidades morais e espirituais, e a implicou em tentativas de abafar a liberdade de consciência que é a própria essência de sua vida. Todo esforço de silenciar os hereges pelo poder da espada, em vez de pelo poder do Espírito, era uma admissão tácita de bancarrota espiritual, que não podia deixar de impressionar, desfavoravelmente, mentes refletivas.

V. Perda do Zelo Missionário

Outra tendência sintomática da enfermidade da Igreja foi sua perda do fervor missionário. Chegaria o dia em que a Igreja que tinha sido investida com a responsabilidade de ir e fazer “discípulos de todas as nações”, e que num primeiro arroubo de entusiasmo fizera progressos notáveis, daria maior valor à fuga do mundo do que à conquista do mundo para Cristo. Depois de dois séculos de expansão constante, durante os quais o conhecimento de Cristo foi espalhado da Espanha, no Ocidente, à Pártia no Oriente, e da Inglaterra no Norte à Núbia no sul, seu ímpeto começou a diminuir. Houve adesões em massa quanto, sob Constantino e seus sucessores, no trono de Constantinopla, tornou-se expediente político possuir afiliação com a Igreja. Mas essas não podem ser creditadas ao zelo missionário da Igreja. Ao contrário, pode-se, com razão, supor que este engrossamento súbito das fileiras dos crentes foi um fator que contribuiu para rebaixar o tom espiritual da Igreja.
É um triste comentário sobre o estado da Igreja, que no quarto e no quinto séculos missões entre os povos pagãos da Europa foram levadas a cabo com muito maior energia pelos arianos, a despeito de seus erros doutrinários. Assim se explica que os hérulos, os godos, os vândalos, os francos e os lombardos primeiro ouviram o evangelho dos lábios de missionários arianos. O mais bem conhecido destes pioneiros foi Ulfila, qua trabalhou para a conversão dos visigodos, e cujo principal monumento foi a tradução da Bíblia para o gótico. Evidência de que a Igreja reteve maior vitalidade na periferia do que no centro, é o trabalho notável que os missionários irlandeses Columba, Columbano e Gallo levaram a efeito para a conversão da Escócia, Inglaterra e os bárbaros do continente. De idêntico zelo apostólico foi o anglo-saxão Bonifácio, que introduziu o cristianismo entre os bávaros e turíngeos na Alemanha.
Enquanto a Igreja avançava lentamente no centro e norte da Europa, sofreu grave revés quando os países do levante e do norte da África foram varridos pelas conquistas islâmicas. Em 711 os sarracenos cruzaram o Estreito de Gibraltar e penetraram na Espanha, esmagando em seu avanço o reino dos visigodos. A própria França foi invadida, e só em 732 foi a ameaça à Europa removida pela vitória de Carlos Martelo, na batalha de Poitiers. Nossa preocupação aqui é apenas apontar que a Igreja estava sofrendo uma paralisia progressiva. Como um todo, tinha perdido a noção de sua missão. Nenhum esforço organizado foi feito para reintroduzir o evangelho nas terras ocupadas pelos seguidores de maomé. Exceto pelas tentativas esporádicas de um Francisco de Assis, que pregou ao sultão do Egito, ou de um Raimundo Lulo, da Espanha, que pereceu como mártir em sua missão a Túnis em 1315, a Europa cristã permaneceu indiferente à conversão dos infiéis. As cruzadas nunca foram concebidas como empresas missionárias, e só foram levadas a efeito quando os turcos seldjúcidas, que tinham ocupado Jerusalém, proibiram as visitas aos lugares santos pelos peregrinos cristãos. Ainda mais tarde, uma Europa dividida contemplou indiferente a ocupação turca da península balcânica e a queda de Constantinopla. O fato de a Europa oriental pertencer à esfera de influência da Igreja Grega Ortodoxa, explica em parte por que nenhum dedo se moveu para socorrê-la. E mesmo depois da luz da Reforma ter quebrado as trevas da Idade Média, nenhum esforço organizado foi feito pela Europa nominalmente cristã para conquistar os turcos pelo poder do Espírito, em vez de pelo poder da espada.
Um fator contribuinte para que a Igreja perdesse a noção de sua missão foi o desenvolvimento do ideal monástico. Afastamento do mundo, em vez de conversão do mundo, foi o sonho ao qual milhares de cristãos se devotaram. Esse ideal promovido pelo misticismo ascético, tinha seu aspecto salutar como um protesto contra o hedonismo pagão; mas, levado a extremo, obscureceu o fato de que a Igreja, embora não deste mundo, tinha uma missão a cumprir no mundo. O quietismo de proveniência oriental aliou-se com tendências ascéticas para roubar à Igreja seu dinamismo original. A atitude passiva dos leigos e o ideal monástico, conspiraram para produzir a letargia que manteve a Igreja em suas garras vários séculos.
O fato da apostasia da Igreja ocupa uma posição-chave em qualquer interpretação cristã da história. Seria impossível justificar a presença de uma Igreja Perfeita, fiel a sua missão de evangelizar o mundo, não tendo completado sua tarefa depois de dois milênios. Querer compreender a história da humanidade sem levar em consideração que a Igreja caiu de sua pureza apostólica e perdeu muito de seu vigor espiritual, é tentar o impossível. Há estudiosos que comunicam a impressão errônea de que nada de importante ocorreu na vida da Igreja desde a paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Igreja é introduzida como o corpo místico de Cristo, erigida, por assim dizer, sobre pedestal de intocabilidade, e aí deixada em contemplação beatífica, enquanto o curso da História rola a seus pés.
A presença mesmo da Igreja no mundo hoje é evidência de que após dois milênios ainda não completou sua missão. Compare o leitor este fato com o tom jubilante de Paulo ao ver igrejas surgindo com vitalidade onde quer que o evangelho fosse pregado. Para o apóstolo, pareceia como se a consumação do plano divino pudesse ocorrer num futuro não muito distante, uma vez que o cumprimento do sinal mais importante anunciando o fim – “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo” – parecia-lhe ao alcance da mão.
A história da apostasia da Igreja, explica, como mais nada poderia fazê-lo sua permanência neste mundo depois de tantos séculos.
Extraído do Livro “O Despontar de Uma Nova Era” de S. Júlio Schwantes – CPB 1984.

Obediência e Santificação


“E andai em amor, como também Cristo vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” (Efés. 5:2). Em toda a plenitude de Sua divindade, em toda a glória de sua imaculada humanidade, Cristo Se entregou a Si mesmo por nós, como sacrifício completo e amplo, e todo aquele que vai ter com Ele deve aceitá-Lo como se fosse o único indivíduo pelo qual foi pago o preço. Assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo; pois os obedientes serão ressuscitados para a imortalidade, e os transgressores ressurgirão dentre os mortos para sofrer a morte, a penalidade da lei que eles violaram.



Obediência à lei de Deus é santificação. Há muitos que têm idéias erradas a respeito dessa obra na vida, mas Jesus orou que Seus discípulos fossem santificados pela verdade, e acrescentou: “A Tua Palavra é a verdade.” (João 17:17). A santificação não é uma obra instantânea, mas progressiva, assim como a obediência é contínua. Enquanto Satanás nos importunar com suas tentações, a batalha pela vitória sobre o próprio eu terá de ser travada reiteradas vezes; mas pela obediência, a verdade santificará a alma. Os que são leais à verdade irão, pelos méritos de Cristo, vencer toda debilidade de caráter que tem feito com que sejam moldados por toda e multiforme circunstância da vida.


Embuste e Cilada de Satanás


Muitos têm adotado o conceito de que não podem pecar porque estão santificados, mas isto é uma enganosa cilada do maligno. Há constante perigo de cair em pecado, pois Cristo nos admoestou a vigiar e orar para que não entremos em tentação. Se estivermos cientes da debilidade do próprio eu, não seremos presunçosos nem indiferentes ao perigo, mas sentiremos a necessidade de recorrer à Fonte de nossa força: Jesus, Justiça nossa. Iremos em arrependimento e contrição, com pungente senso de nossa própria fraqueza finita, e aprenderemos que precisamos apropriar-nos diariamente dos méritos do sangue de Cristo, a fim de que nos tornemos vasos preparados para uso do Mestre.


Confiando assim em Deus, não seremos achados a pelejar contra a verdade, mas sempre seremos habilitados a colocar-nos ao lado do que é direito. Devemos apegar-nos ao ensino da Bíblia e não seguir os costumes e tradições do mundo, as palavras e os atos de homens.


Quando surgem erros e são ensinados como verdade bíblica, os que têm ligação com Cristo não confiarão no que diz o pastor, mas, à semelhança dos nobres bereanos, examinarão as Escrituras todos os dias para ver se essas coisas são de fato assim. Quando eles descobrem qual é a recomendação do Senhor, colocam-se ao lado da verdade. Ouvem a voz do verdadeiro Pastor dizendo: “Este é o caminho; andai nele.” (Isa. 30:21). Assim sereis ensinados a fazer da Bíblia o vosso conselheiro, e não ouvireis nem seguireis a voz do estranho.


Duas Lições


Para que o ser humano seja purificado, enobrecido e habilitado para as cortes celestiais, há duas lições a serem aprendidas – abnegação e domínio-próprio. Alguns aprendem essas importantes lições com mais facilidade do que outros, porque são adestrados pela simples disciplina que o Senhor lhes aplica com brandura e amor. Outros requerem a morosa disciplina do sofrimento, para que o fogo purificador possa livrar-lhes o coração do orgulho e da confiança em si mesmo, da paixão terrena e do egoísmo, a fim de que apareça o verdadeiro ouro do caráter e eles se tornem vitoriosos pela graça de Cristo.


O amor de Deus fortalecerá o indivíduo, e em virtude dos méritos do sangue de Cristo podemos permanecer ilesos no meio do fogo da tentação e prova. Mas nenhuma outra ajuda poderá ser útil para salvar, senão Cristo, Justiça nossa, o qual se nos tornou sabedoria, santificação e redenção.


Verdadeira santificação não é nada mais nem menos do que amar a Deus de todo o coração e andar irrepreensivelmente em Seus mandamentos e preceitos. Santificação não é uma emoção, mas um princípio de origem celestial que coloca todas as paixões e desejos sob o domínio do Espírito de Deus; e essa obra é efetuada por meio de nosso Senhor e Salvador.


A falsa santificação não glorifica a Deus, mas leva os que dizem possuí-la a exaltar e glorificar a si mesmos. Tudo que surge em nossa experiência, quer de alegria ou de tristeza, que não reflete a Cristo nem aponta para Ele como seu autor, dando-Lhe glória e deixando o próprio eu fora de vista, não constitui verdadeira experiência cristã.


Quando a graça de Cristo é implantada na alma pelo Espírito Santo, seu possuidor tornar-se-á humilde de espírito e buscará a companhia daqueles cuja conversação é sobre as coisas celestiais. Então o Espírito tomará as coisas de Cristo e no-las revelará, e glorificará, não o recebedor, e, sim, o Doador. Se, portanto, tiverdes no coração a sagrada paz de Cristo, vossos lábios estarão cheios de louvor e ações de graça a Deus. Vossas orações, o desempenho de vosso dever, vossa benevolência, vossa abnegação, não serão o assunto de vosso pensamento ou conversação, mas engrandecereis Aquele que Se entregou a Si mesmo por vós quando ainda éreis pecadores. Direis: “Eu me entrego a Jesus. Achei Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas.” Enaltecendo-o, tereis uma preciosa bênção, e todo o louvor e glória pelo que é efetuado por vosso intermédio será restituído a Deus.


Não Turbulento nem Indomável


A paz de Cristo não é um elemento turbulento nem indomável manifestado em altas vozes e exercícios corporais. A paz de Cristo é uma paz inteligente, e não faz com que os que a possuem se caracterizem pelo fanatismo e extravagância. Não é um impulso casual, mas procede de Deus.


Quando o Salvador comunica Sua paz à alma, o coração estará em perfeita harmonia com a Palavra de Deus, pois o Espírito e a Palavra estão de acordo. O Senhor honra Sua palavra em todas as Suas relações com os homens. Ela é Sua própria vontade, Sua própria voz, que é revelada aos homens, e Ele não tem outra vontade, nem outra verdade, à parte de Sua Palavra, para revelar a Seus filhos. Se tendes uma maravilhosa experiência que não está em harmonia com as explícitas instruções da Palavra de Deus, bem podeis pô-la em dúvida, pois sua origem não é do alto. A paz de Cristo advém do conhecimento de Jesus a quem a Bíblia revela.


Se a felicidade é extraída de fontes exteriores, e não da Fonte Divina, será tão variável como as multiformes circunstâncias podem torná-la; mas a paz de Cristo é uma paz constante e duradoura. Ela não depende de qualquer circunstância na vida, da quantidade de bens materiais, nem do número de amigos terrenos. Cristo é a fonte de águas vivas, e a paz e a felicidade extraídas dEle nunca se esgotarão, pois Ele é a origem da vida. Os que confiam nEle podem dizer: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a Terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. … Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.” Sal. 46:1-4.


Temos motivo para incessante gratidão a Deus porque Cristo, por Sua perfeita obediência, reconquistou o paraíso que Adão perdeu pela desobediência. Adão pecou, e os filhos de Adão partilham de sua culpa e suas conseqüências; mas Jesus assumiu a culpa de Adão, e todos os filhos de Adão que correrem para Cristo, o segundo Adão, podem livrar-se da penalidade da transgressão. Jesus recuperou o Céu para o homem suportando a prova a que Adão deixou de resistir; pois Ele obedeceu perfeitamente à lei, e todos os que têm correta compreensão do plano da redenção verão que não podem estar salvos enquanto continuam na transgressão dos santos preceitos de Deus. Precisam cessar de transgredir a lei e apegar-se às promessas de Deus que se acham à nossa disposição por meio dos méritos de Cristo.


Não Confiar em Pessoas


Nossa fé não deve apoiar-se na habilidade dos homens, e, sim, no poder de Deus. Há perigo em confiar em homens, mesmo que tenham sido usados como instrumentos de Deus para realizar grande e boa obra. Cristo deve ser nossa força e nosso refúgio. Os melhores homens podem cair de sua firmeza, e o melhor da religião, quando corrompido, é o que há de mais perigoso em sua influência sobre as mentes. A religião pura e viva se encontra na obediência a toda palavra que procede da boca de Deus. A justiça exalta as nações, e sua ausência degrada e arruina o homem.


“Crede, Tão-Somente Crede!”


Dos púlpitos modernos são proferidas as palavras: “Crede, tão-somente crede! Tende fé em Cristo; nada tendes que ver com a velha lei; tão-somente confiai em Cristo.” Quão diferente é isso das palavras do apóstolo, o qual declara que a fé sem as obras é morta! Diz ele: “Sede cumpridores da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tiago 1:22). Precisamos ter aquela fé que opera pelo amor e purifica a alma. Muitos procuram substituir a retidão de vida por uma fé superficial, pensando obter deste modo a salvação.


O Senhor requer neste tempo o mesmo que Ele requereu de Adão no Éden – perfeita obediência à lei de Deus. Precisamos ter justiça sem um defeito, sem uma mancha. Deus deu o Seu Filho para morrer pelo mundo, mas Ele não morreu para revogar a lei que era santa e justa e boa. O sacrifício de Cristo no Calvário é um argumento irrefutável que mostra a imutabilidade da lei. Sua penalidade foi sentida pelo Filho de Deus em favor do homem culpado, para que por Seus méritos o pecador pudesse obter a virtude de Seu caráter imaculado pela fé em Seu nome.


Proporcionou-se ao pecador uma segunda oportunidade para guardar a lei de Deus na força de seu divino Redentor. A cruz do Calvário condena para sempre a idéia de que Satanás colocou diante do mundo cristão, a saber: que a morte de Cristo aboliu não somente o sistema típico de sacrifícios e cerimônias, mas também a imutável lei de Deus, o fundamento de Seu trono, a transcrição de Seu caráter.


Por meio de todo artifício possível, Satanás tem procurado invalidar o sacrifício do Filho de Deus, tornar inútil Sua expiação e Sua missão um fracasso. Ele tem afirmado que a morte de Cristo tornou desnecessária a obediência à lei e possibilitou que o pecador caísse nas boas graças de um Deus santo sem abandonar o seu pecado. Ele tem declarado que a norma do Antigo Testamento foi rebaixada no evangelho e que os homens podem ir a Cristo, não para serem salvos de seus pecados, mas em seus pecados.


Quando, porém, João contemplou a Jesus, disse qual era Sua missão, declarando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29. A toda alma penitente, a mensagem é: “Vinde, então, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías 1:18).


Artigo de Ellen G.White publicado na revista Signs of The Times, de 19 de maio de 1890.


Sétimo Dia

O Modelo Padrão da Física de Partículas

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Qual o futuro de uma pessoa que cometeu suicídio?

8- Testemunhando em Roma - (As Pedras que Clamam) - Dr. Rodrigo Silva

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Haverá oportunidade de salvação para algumas pessoas após o fechamento da porta da graça?


A teoria de que o acesso à salvação continuará disponível para algumas pessoas após o fechamento da porta da graça deriva de uma leitura descontextualizada de uma declaração de Ellen G. White escrita originalmente em 1903. Identificando “as terríveis calamidades” que já ocorriam nos Estados Unidos como manifestações dos “juízos de Deus” na Terra, a Sra. White 
asseverou: “Muitos que conheceram a verdade corromperam seu caminho diante de Deus e afastaram-se da fé. Os lugares vagos nas fileiras serão preenchidos pelos que foram representados por Cristo como tendo chegado na hora undécima. Há muitos com quem o Espírito de Deus está lutando. O tempo dos juízos destruidores da parte de Deus é o tempo de misericórdia para aqueles que [agora] não têm oportunidade de aprender o que é a verdade. O Senhor olhará para eles com ternura. Seu coração compassivo se enternece, e a mão do Senhor ainda está estendida para salvar, enquanto a porta é fechada para os que não querem entrar. Será admitido um grande número de pessoas que nestes últimos dias ouvirem a verdade pela primeira vez.” – Carta 103, de 3 de junho de 1903 (para G. B. Starr e esposa); 
publicada parcialmente em Eventos Finais, pág. 157. 
  Após o Terremoto de São Francisco, ocorrido no dia 18 de abril de 1906, parte da declaração anterior foi publicada em um artigo de Ellen White intitulado “Os Juízos de Deus Sobre Nossas Cidades” (ver Review and Herald, 5 de julho de 1906, pág. 9). O conteúdo básico da mesma citação apareceu também no capítulo “A Obra Atual” de Testimonies for the Church, vol. 9, pág. 97 (republicado em Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 333). 
  Em novembro de 1906, a Sra. White acrescentou: “O tempo de graça não durará muito mais. Deus  está retirando da Terra Sua mão refreadora. Por longo tempo Ele tem falado a homens e mulheres mediante a atuação de Seu Espírito Santo; mas eles não têm atendido ao apelo. Agora está falando a Seu povo e ao mundo por meio de Seus juízos. O tempo desses juízos é um tempo de misericórdia para os que ainda não tiveram a oportunidade de aprender o que é a verdade. O Senhor olhará para eles com ternura. Seu coração compassivo se enternece, e a mão do Senhor ainda está estendida para salvar. No aprisco seguro será admitido um grande número de pessoas que nestes últimos dias ouvirem a verdade pela primeira vez.” – Review and Herald, 22 de novembro de 1906, págs. 19 e 20; republicado em E Recebereis Poder (Meditações Matinais 1999), pág. 159. 
  Tanto o contexto quanto o conteúdo dessas declarações confirmam o fato de que Ellen White estava se referindo a calamidades que ocorriam já no início de século 20 como manifestações presentes dos juízos divinos sobre um mundo prestes a ser destruído. Mesmo antes do fechamento da porta da graça para o mundo como um todo, essa porta já começa a se fechar para aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer a verdade, mas que “não 
querem entrar”. O lugar desses é tomado por aqueles que, não tendo conhecimento prévio da verdade, “nestes últimos dias ouvirem a verdade pela primeira vez” e a aceitarem. 
  Essas declarações de Ellen White parecem combinar, em certo sentido, a noção dos convidados para as bodas que se demonstraram indignos (ver Mat. 22:1-14) com a  analogia da aceitação, ainda na hora undécima, de novos trabalhadores para a vinha (ver Mat. 20:1-16). A ênfase da discussão pode ser resumida na advertência de Apocalipse 3:11: 
“Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. 
  Por contraste, a tentativa de identificar os “juízos” mencionados nessas citações de Ellen White com as sete últimas pragas do Apocalipse (caps. 15 e 16) acaba, não apenas descontextualizando essas declarações, mas também sugerindo a falsa teoria de que pessoas ainda poderão ser salvas após Cristo já haver concluído a Sua obra mediatória no santuário 
celestial (ver Apoc. 15:5-8). 
  É evidente, portanto, que, se alguém ainda terá acesso à salvação durantes os juízos divinos, esses juízos devem se referir a juízos anteriores ao fechamento da porta da graça. Além disso, se durante os mesmos juízos algumas pessoas já terão a sua porta da graça fechada, isso não se refere ao fechamento final dessa porta para o mundo todo, mas apenas em âmbito 
individual para aqueles que, resistindo aos apelos do Espírito Santo, fecham para si mesmo essa porta (ver Mat. 12:31 e 32).

Texto de Alberto R. Timm (publicado na Revista do Ancião 
 em janeiro - março 2005)

Ensina-nos a Orar – Parte 1

Um fato surpreendente: Durante a batalha de Valley Forge, as tropas revolucionárias estavam entrincheiradas no campo de batalha, congeladas e famintas. Um dia, um fazendeiro que morava perto trouxe provisões muito necessárias às tropas, e no caminho de volta através da floresta, ele ouviu alguém falando. Ele seguiu a voz até que chegou a uma clareira, onde viu um homem de joelhos, orando na neve. O fazendeiro correu para casa e agitado disse para sua sua esposa, “Os americanos vão garantir a sua independência!” Sua esposa perguntou: “O que te faz dizer isso?” O fazendeiro respondeu: “Eu ouvi George Washington orar na mata hoje, e o Senhor certamente irá ouvir sua oração. Ele ouvirá! pode ter certeza, Ele ouvirá”. O resto, é claro, é história.
Este país foi construído sobre a oração – uma base forte se alguma vez houve uma. Revisionistas gostariam que você acreditasse que os signatários da Declaração de Independência eram panteístas, deístas, agnósticos ou que não tinham muito tempo para Deus. Se isso for verdade, então os agnósticos da época certamente oravam muito mais do que os cristãos fazem hoje. Por exemplo, tanto de manhã quanto à noite, o nosso primeiro presidente ajoelhava-se diante de uma Bíblia aberta a orava pela direção de Deus. Talvez uma razão do porque esta nação está fraquejando moralmente é porque o povo de Deus não passa muito tempo orando por ela.
O que eu acho particularmente fascinante, no entanto, é que Jesus também precisava de oração. Naturalmente, assumimos que sua fé era inerentemente forte, mas a Bíblia nos diz que Jesus se levantava no início da manhã e saía para orar. Às vezes orava a noite toda, como fez antes de escolher seus apóstolos. Depois de ler essa história, eu percebi que eu não oro o bastante e não oro muito bem. No entanto, a oração é muito importante.
Na verdade, todo avivamento vem nos calcanhares da oração. Por exemplo, Deus derramou o Espírito Santo no Pentecostes depois que sua nova igreja esteve de joelhos reunida por 10 dias. E depois de terem “orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo” (Atos 4:31). Precisamos orar mais como Igreja e em nossas próprias vidas.

O Negócio Principal

Charles Spurgeon disse: “Todas as virtudes cristãs estão presas na palavra oração”. Uma das principais tarefas do cristão é a oração, a comunhão direta com Deus. William Kerry foi um missionário para a Birmânia, Índia e Índias Ocidentais, mas ele também era um sapateiro. Às vezes as pessoas o criticavam por “negligênciar” sua atividade comercial por passar muito tempo em oração, súplicas e agradecimento. Kerry respondeu: “remendar sapatos é uma atividade secundária, que me ajuda a pagar as despesas. A oração é o meu negócio real”. E Deus o usou poderosamente para converter a muitos. Martinho Lutero acrescentou: “Da mesma maneira que a obra do alfaiate é fazer roupas e a do sapateiro consertar sapatos, a tarefa do cristão é a oração”.
Mas como devemos orar? Eu faço muito essa pergunta, mas a verdade é que, ainda tenho de perguntar: “Senhor, ensina-me a orar”. Os discípulos fizeram essa pergunta a Jesus quando o viram chegando de um período de oração. Seu rosto estava radiante com a luz do céu e energizado pelo Espírito Santo. Não admira terem apelado: “Senhor, ensina-nos a orar”. Estes homens tinham ido à igreja, ao templo, toda a sua vida. Eles tinham recitado centenas de orações e ouviram os sacerdotes orarem em voz alta. No entanto, quando viram Cristo, eles sabiam que lhes estava faltando alguma coisa. De alguma maneira eles, como a maioria de nós, falha em seu negócio principal. Infelizmente, muito poucos sabem o que significa orar, e assim a oração é provavelmente a mais negligenciada oportunidade e privilégio que temos. No entanto, cada cristão precisa do dom da oração, pois ela é a respiração da alma. Jesus disse: “nada tendes, porque não pedis” (Tiago 4:2). Ele não estava dizendo que nós nunca oramos, mas que aquilo que pedimos é mal. Então, como devemos pedir?
Acho que a melhor maneira de descobrir é olhar primeiro para o padrão que nosso Senhor nos deu, que é comumente chamado de “Oração do Senhor”. Claro, isso é realmente um equívoco, porque ela não era realmente a oração de Jesus. Jesus disse: “Portanto, orai vós deste modo” (Mateus 6:9). Ela é um padrão para que possamos orar, então tecnicamente é realmente a oração de um discípulo.

A Composição da Oração

A Oração do Senhor é composta de sete petições, que são divididas muito parecidamente com os Dez Mandamentos. As três primeiras petições são da ala de Deus, verticais e as quatro últimas, lidam com as relações horizontais que temos com os outros. Da mesma forma, o primeiro grande mandamento é amar ao Senhor, e o segundo grande mandamento é amar seu próximo. Deus deve vir em primeiro lugar em nossas orações; Seu conselho deve ser a grande prioridade em nossas vidas. Mas também não podemos negligenciar nossos relacionamentos na terra, razão pela qual o modelo de Jesus inclui também aqueles que nos rodeiam.
Neste estudo, vamos nos concentrar nas primeiras três petições, e no próxima estudo, vamos olhar para nossas orações relativas aos nossos amigos, familiares e vizinhos, e, em seguida, encontrar algumas respostas bíblicas e práticas às perguntas mais comuns sobre oração.
Primeiro, vamos considerar que estas três primeiras petições à Deus têm uma relação única com a Divindade. A primeira petição “Pai Nosso”, refere-se ao Pai. A segunda petição, refere-se ao “reino”, isto é o Filho. Jesus falou muitas parábolas sobre o Filho receber um reino, e voltar como o Rei dos reis. Sem Ele, não poderíamos sequer ir ao Pai. E a respeito de “sua vontade,” quem é que nos leva a vontade de Deus? O Espírito, é quem impressiona sobre nós a vontade de Deus e o amor por Cristo. É o Espírito quem nos dá o poder para seguir os mandamentos de Deus. E assim você tem o Pai, o Filho e o Espírito representados nas primeiras três petições da oração do Senhor.

“Pai Nosso”

Deus como um pai é um tema que percorre toda a Bíblia. Ele é o criador de toda a vida, e protetor de seus filhos. No Antigo Testamento, Sua lista de nomes incluem “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno” (Isaías 9:6). Ele é poderoso e onipotente, mas Ele também é o provedor todo-suficiente. Tomado em conjunto, Ele certamente é o Deus do universo que domina do céu, mas ainda podemos nos aproximar d’Ele, pessoalmente, como nosso Pai.
Ainda melhor, o “Pai Nosso” nos diz que somos recebidos como filhos de Deus. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1). Deus está disposto a nos adotar em Sua família. Que bela verdade! O “Pai Nosso” diz que nós podemos participar da herança que Ele deu através de Cristo, que somos uma parte da família celestial. A Bíblia diz: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai…dará boas coisas aos que lhas pedirem? (Mateus 7:11). Nós podemos ir ao nosso Pai, sabendo que Ele tem dons muito melhores para nós.
A própria expressão “Pai Nosso” é revestida com amor. Ele é alguém de quem podemos seguramente nos aproximar com amor, mesmo quando Ele nos disciplina. Provérbios 3:12 registra: “porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem”. Salmo 103:13 acrescenta: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem”. Isto também significa que somos uma família de irmãos e irmãs, orando ao nosso Pai. Ele não é só meu Pai, Ele é o vosso Pai também.
Isso traz à mente outra razão pela qual esta oração é um padrão tão grande para nós. Observe que a palavra “eu” não aparece nela. Todos temos orado frequentemente usando o “eu” ou “mim”, mas nesta oração, usa-se o coletivo. Em nossa cultura, obtemos a equação de cima para baixo, é você, então seus amigos, e então Deus. Na Bíblia, a prioridade é invertida. Ame o Senhor, então seu vizinho, e depois você.

“que estás nos céus”

O nosso modelo de oração também nos diz quão perto e quão longe nosso Senhor está realmente de nós. O “Pai Nosso” nos fornece uma idéia de intimidade e proximidade, mas “no céu” nos dá uma sensação de Sua distância de nós. Estamos separados de Deus, e nós reconhecemos isso quando dizemos: “Há um problema: nós estamos aqui, Você está lá.” O que causou essa separação? Isaías diz: “as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Isaías 59:2).
No jardim, Deus perguntou a Adão: “Onde está você?” Em nossa oração, nós estamos confessando a Deus que estamos muito longe dele, da mesma forma que Adão saiu correndo de Deus. Temos estado separados do paraíso. Mas temos esperança. Você sabia que os três primeiros capítulos da Bíblia dizem como o pecado surgiu por meio da serpente e que fomos separados do céu e do paraíso; e que no entanto, os três últimos capítulos da Bíblia dizem como a serpente é destruída, o paraíso restaurado, e que estaremos mais uma vez juntos com Deus?
Outra razão que a Bíblia diz “que estás nos céus” é porque nós precisamos fazer uma distinção entre os nossos pais terrenos e nosso Pai celestial. Nossos pais terrenos são frágeis, carnais, e pecadores pela natureza do ser humano, mas Deus no céu é perfeito. Todos nós temos uma tendência subconsciente natural, de sobrepor à Deus, nosso relacionamento com nosso pai terreno. Por exemplo, aqueles que têm pais terrenos que são excessivamente indulgentes pensam que Deus, o Pai celeste também é permissivo. Aqueles que têm pais terrenos que são rigorosos, duros, geralmente têm uma imagem do Pai celestial como um juiz severo. Isso deveria nos fazer pensar. Nós precisamos gastar muito tempo em oração pedindo a Deus para perdoar os erros que cometemos com nossos filhos. No entanto, quando a Bíblia diz: “Pai nosso que estás nos céus”, ela está nos dizendo que precisamos olhar para o passado de nossas deficientes relações terrenas e saber que Ele é nosso modelo perfeito e que podemos abordá-lo diretamente. Você não tem de a ver Deus através dos vidros quebrados da sua experiência familiar.

“Santificado seja o Teu nome”

Então temos abordado a Deus porque Ele é o nosso Pai do céu. E nossa primeira petição ao nosso Deus é “santificado seja o Teu nome”. Agora, o nome de Deus é uma questão central no grande conflito entre o bem e o mal. O propósito do plano da salvação é defender a glória de Deus. O diabo tem difamado o nome de Deus. Você conhece alguém que tenha dito, “Se Deus é amor, então por que crianças inocentes morrem?” As companhias de seguros chamam aos terremotos, enchentes e outros desastres naturais de “atos de Deus”. Que tipo de reputação estão dando a Deus? O diabo é um mestre em manchar o caráter de nosso Pai. Ele tem retratado o bom, maravilhoso, amoroso, paciente e misericordioso Deus como um tirano cruel, indiferente, arbitrariamente punindo suas criaturas. O nome de Deus têm sido profanado pelo diabo.
Assim, o objetivo do cristão, pela graça de Deus, é defender o nome de Deus, tanto quanto puderem, para revelar quem Ele realmente é. Infelizmente, precisamos orar “santificado seja o teu nome”, porque não somos muito bons nisso. Mesmo na Bíblia, vemos o povo de Deus fazer mais para desonrar o seu nome do que os pagãos. E os tempos não mudaram muito desde a antiguidade. Lembre-se que dissemos que a Oração do Senhor espelha um pouco os Dez Mandamentos. O terceiro mandamento diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20:7). Usar o nome de Deus em profanações é apenas uma pequena parte de quebrar este mandamento. Usar o nome de Deus é como uma mulher usando o sobrenome do marido. Quando você é um cristão batizado, você leva o nome de Cristo, mas se você viver como um demônio depois de ter tomado o nome de Cristo, você está tomando seu nome em vão. Quem causa mais dano à causa cristã, os pagãos ou os professos cristãos que vivem como o mundo? Os cristãos devem ser anunciadores da bondade de Deus, mas em muitos casos, causam mais danos. Em todo o mundo, vemos professos cristãos atacando e matando à outros, como na Irlanda, África e Croácia. O que isso acarreta ao nome de Deus? Jesus diz: “Amai os vossos inimigos … vence o mal com o bem” (Mateus 5:44, Romanos 12:21). Cristo é caluniado por causa do mau comportamento de todos aqueles que tomam seu nome em vão. Assim, “santificado seja o Teu nome” é pedir a Deus para nos ajudar, em palavra e ação, a honrar Seu precioso nome.

“Venha o teu reino”

Estamos no meio de uma batalha entre dois reinos. Um inimigo sequestrou o mundo quando Adão e Eva entregaram a ele o domínio que Deus lhes havia dado sobre a terra. Desde então, a prioridade dos filhos de Deus tem sido “buscai primeiro o reino de Deus” (Mateus 6:33). Naturalmente, devemos fazer duas distinções quando falamos do Reino de Deus – espiritual e física. Sabemos que o reino espiritual de Deus está muito vivo no mundo de hoje, porque Lucas 17:21 diz: “o reino de Deus está dentro de vós” Quando Jesus começou a pregar após Seu batismo, Ele disse: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo” (Marcos 1:15). Este aspecto do reino está disponível agora. Se você aceitou a Cristo em seu coração, então, Ele reina de seu trono em seu coração. Paulo diz: “Não Deixe o pecado … reinar em vosso corpo mortal”, antes deixe que Jesus seja seu Rei e que reine sobre tudo o que você faz (Romanos 6:12). Esse é o primeiro reino que devemos buscar: o reino espiritual de Deus dentro de nossos corações.
Mas um dia os mansos herdarão a terra e o reino literal de Deus vai se pronunciar sobre este mundo como um reino muito real e físico. Você acha que precisariamos orar, “Venha o Vosso reino”, se o reino de Deus já tivesse sido estabelecido? Quando Jesus estava prestes a subir ao céu, como registrado em Atos 1, os discípulos perguntaram: “restaurarás tu neste tempo o reino?” Jesus respondeu: “A vós não vos compete saber os tempos” (Atos 1:6, 7).
A mensagem central do livro de Daniel é que todos os reinos e os ídolos do mundo, que são feitos de ouro, prata, bronze ou barro todos irão desintegrar antes da Rocha das Eras, o Reino de Deus. “o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Daniel 2:44).
Por enquanto, somos embaixadores de outro império, anunciando um reino que um dia vai encher a terra. Cristo disse: “Assim como meu pai me confiou um reino, eu o confio a vós” (Lucas 22:29). Quando o ladrão na cruz virou-se para Cristo e disse: “Senhor, lembra de mim quando vieres no teu reino”, ele aceitou a Cristo como Rei (Lucas 23:42). É por isso que ele vai estar no reino, porque ele tinha o reino espiritual, que começa em seu coração.
A frase “o reino de Deus” é encontrada 70 vezes no Novo Testamento. Por quê? Porque existem dois reis em guerra, Jesus e o diabo, que diz que ele é o príncipe deste mundo. É por isso que ainda precisamos orar para que “venha o Teu reino”: em primeiro lugar dentro de nós, e então um dia em torno de nós.

“seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”

Ao contrário da crença popular, a vontade de Deus neste mundo nem sempre está sendo feita. Eu respeitosamente discordo com a noção de que tudo o que acontece está em conformidade com a vontade do Criador. Quando algo ruim acontece, como um tornado, inevitavelmente, se ouve alguém dizer: ‘”Bem, deve ter sido a vontade de Deus”. Eu não acredito que isso é o que a Bíblia ensina, e se isso é realmente verdade, por que Deus iria nos fazer orar para que Sua vontade seja feita?
Por outro lado, nem tudo que parece ser bom é do celeiro de Deus também. Às vezes o diabo pode até lançar a prosperidade no caminho de alguém para parar ou desviar seu anseio por Deus. Você e eu não temos idéia do que está acontecendo por trás do véu espiritual, é por isso que temos de orar: “Seja feita tua vontade assim na terra como no céu.”
Você e eu, naturalmente temos nossas vontades torcidas e confusas pelos nossos desejos carnais. Precisamos orar para que a graça de Deus e o Seu Espírito guie nossas vontades em conformidade com a Sua. Nós também precisamos saber o que Sua vontade significa para nós, e encontramos a melhor expressão do que ela significa na Palavra de Deus. Para os iniciantes, a forma mais simples da vontade de Deus é chamada de os Dez Mandamentos. “Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” (Salmo 40:8). Então, quando oramos “Seja feita a Tua vontade”, estamos realmente orando para que Sua vontade seja feita em nós através da submissão e obediência.
É claro que Jesus é o exemplo perfeito de fazer a vontade de Deus aqui na terra. Em João 6:38, Ele proclama: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6:38). No jardim do Getsêmani, em face a separação do Pai, Cristo pediu a Deus três vezes, “não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). É sempre mais fácil fazer a vontade de Deus? Não. Se esta foi uma tremenda luta para Jesus, nós também precisamos orar: “Seja feita a Tua vontade”

A Maior Vontade

Quando Deus criou a maioria das coisas, Ele simplesmente as chamou à existência. Mas quando Ele criou Adão, Ele tomou pó da terra, formou-o com as mãos, e soprou vida nele. Ele fez a humanidade da Terra. Então, quando oramos, “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, também estamos admitindo que somos na verdade apenas barro. “Na terra” significa também em nós. Estamos nos humilhando diante de Deus, reconhecendo que, em nossa rebeldia, nossa vontade é pervertida. Quando oramos “Seja feita a Tua vontade”, estamos dando-lhe permissão para nos usar segundo o seu propósito. O Senhor nunca vai forçar a vontade dEle sobre você por causa do precioso dom da liberdade. Ele não vai forçá-lo a orar “Seja feita a Tua vontade”. Você tem que optar por fazê-la, submeter-se a sua vontade, ser seu servo, e dar-lhe permissão para ativar seu poder e plano em sua vida. Quando você entende este segredo, você vai abrir os celeiros de poder do céu.
Mas atenção, isso funciona de outra maneira também. Muitos de nós somos assediados pelo diabo, porque nós damos ao diabo a nossa vontade. Você pode escolher quem é o seu mestre. E quando nós através da entrega constante condescendemos com as tentações que o diabo coloca em nosso caminho, nós começamos a dar-lhe maior poder para ativar os seus desejos em nossas vidas. E, ironicamente, quando exercemos a nossa liberdade de nos submeter ao diabo, nós, centímetro por centímetro, perdemos nossa liberdade! O diabo possui a nossa natureza, e nós nos tornamos seus escravos.
Mas ainda é possível ser preenchido pelo Espírito de Deus. Você gostaria de ter esta experiência? A maioria de nós está lutando em algum lugar entre o espírito e a carne, mas quando você entende isso e diz: “Senhor, eu quero que você seja meu Deus. Eu quero que você assuma o controle. Eu entrego minha vontade. Eu estou me entregando a você. Eu sou impotente”, então você está dando-lhe o poder de liberar a Sua vontade em sua vida. Ele está esperando, mas Ele não pode obrigá-lo a isso. Então lembre-se que, quando orardes, não se esqueça de dizer: “Seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu”.
No próximo estudo, o Pastor Doug abordará as partes da Oração do Senhor que lidam com nós mesmos e com aqueles que nos rodeiam. Além disso, ele também abordará as questões práticas em nossas orações diárias, como postura, tempo e outras questões.
Texto de autoria do Pastor Doug Batchelor, publicado no site Amazing Facts. Crédito da Tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/

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