quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Beber suco 100% natural aumenta consumo diário de nutrientes

Faz parte do hábito de uma alimentação saudável achar maneiras práticas de adicionar porções de frutas à dieta - e os importantes nutrientes que elas fornecem. Uma alternativa bastante usada é beber o suco da fruta em vez de comê-la. Embora os especialistas reconheçam que 120 ml de suco 100% natural equivale a uma porção de meio copo da fruta in natura, ainda há divergências sobre a qualidade dos nutrientes obtidos nessas duas formas de consumo.


Mas, de acordo com um estudo da Louisiana State University Agricultural Center, nos Estados Unidos, beber suco de fruta 100% natural está associado a uma dieta mais adequada, e está diretamente ligado a uma maior ingestão de nutrientes, vitaminas e minerais. 


Os pesquisadores usaram dados do National Health and Nutrition Examination Survey, de 2003 a 2006, para comparar a ingestão de nutrientes mais consumidos pelos americanos entre aqueles que bebem suco e os que não consomem. A pesquisa avaliou 4 mil jovens na faixa dos 19 anos de idade.       


De acordo com a equipe de pesquisadores, adultos que bebem suco de fruta são mais propensos a preencher os níveis recomendados de nutrientes essenciais de um dieta saudável, incluindo vitaminas A e C e magnésio. Adicionalmente, uma boa porcentagem desses consumidores de suco de fruta excede os níveis recomendados de cálcio e potássio - dois minerais importantes para promover a saúde do ossos e regular a pressão do sangue. 


Aposte em sucos poderosos 


Para aproveitar não só os nutrientes dos sucos, mas também a potente combinação de ingredientes funcionais, a nutricionista, Patrícia Davidson, indica as seguintes receitas. 


Suco anti-celulite


Ingredientes 


1 colher de sobremesa de salsa 
1 pires de chá de couve manteiga crua 
1 fatia média de abacaxi 
350 ml de água de coco 
3 folhas de hortelã 
½ limão para suco 


Modo de preparo 


No dia anterior ao preparo do suco, coloque a água de coco em forminhas para gelo e leve ao congelador. Para preparar o suco, bata bem no liquidificador a água de coco, a couve e a salsinha. Acrescente o abacaxi, gotas de suco de limão e hortelã. Bata até ficar bem homogêneo. Adoce, caso seja necessário. Se preferir, substitua o abacaxi por melão.  


Patrícia explica que a mistura de antioxidantes e verduras é potente para reduzir a inflamação típica da celulite. De acordo com ela, as verduras garantem maior desintoxicação, o limão contém vitamina C e limoneno, ambos com atividade anti-inflamatória, garantindo uma pele mais lisa. O potássio da água de coco evita a retenção de líquido, outra característica do processo inflamatório. A receita ainda colabora na recuperação das células e dá mais viço a ela, melhorando o aspecto de casca de laranja.


Metabolismo Acelerado


Ingredientes 


- 1 colher de sopa de mate solúvel 
- 1 copo de 200 ml de água
- ½ maçã sem semente
- ½ mamão papaia 
- 1 banana prata
- ½ copo de 100 ml de leite de soja 
- Gelo a gosto 


Modo de preparo 


Bata todos os ingredientes no liquidificador e sirva gelado. Por ser um suco protéico, a bebida é energética e estimulante, garantindo que o metabolismo funcione a todo vapor. Segundo a nutricionista funcional Patrícia Davidson, a presença do mate na receita faz o suco interessante para as manhãs, já que garante mais disposição para o dia. A especialista aconselha a preferir o mate solúvel em vez do industrializado apresentado em copinhos, pois o primeiro é isento de aditivos químicos. Os aditivos, quando consumidos com regularidade, influenciam no metabolismo, tornando-o mais lento. 


Desintoxicante 


Ingredientes


- 1 copo de 300 ml de abacaxi em cubos 
- 1 colher de sopa de raspas de casca de limão 
- ½ colher de sobremesa de gengibre fresco ralado 


Modo de preparo 


Bata todos os ingredientes no liquidificador e sirva. Os componentes do abacaxi, como vitaminas do complexo B, ácido pantotênico e vitamina A, fazem a fruta ser energética. Além disso, o abacaxi tem efeito antiinflamatório, diurético e digestivo, graças a uma substância encontrada em seu miolo, a bromelina. Já a casca do limão e o gengibre contêm substâncias antioxidantes, tendo funções antiinflamatórias. Quanto maior for a expulsão de toxinas do organismo, mais disposição física você vai notar. Outros benefícios percebidos são pele mais firme e intestino funcionando em ordem. 


Suco para pele dourada e hidratada 


Ingredientes 


- ¼ de uma cenoura média crua 
- ¼ de um mamão papaia médio 
- ½ limão médio para suco 
- 1 colher de sobremesa de semente de linhaça dourada 
- 1 colher de sobremesa de gérmen de trigo 
- 1 colher de sobremesa de farelo de semente de linhaça dourada 
- Água 


Modo de preparo 


Bata todos os ingredientes e sirva. O mamão papaia e a cenoura se destacam por serem ricos em vitamina A, nutriente capaz de recuperar e regenerar o tecido celular. Fundamental também para a saúde dos cabelos e unhas. Além disso, a receita contém grandes quantidades de vitamina C e flavonóides, que entram em ação contra os radicais livres, protegendo a pele dos efeitos nocivos do sol e prevenindo contra o envelhecimento precoce. Já o gérmen de trigo contém quantidade suficiente de vitamina E. Juntamente com o ômega-3 fornecido pela linhaça dourada, o ingrediente garante a hidratação da pele e também preveni o envelhecimento das células.
Por Minha Vida

Halloween e o culto aos mortos


A origem do Halloween remonta ao druidismo, uma religião de mistério baseada no culto ao sol, e no culto aos mortos. Pode-se constatar que a primeira mentira contada neste mundo, "certamente não morrereis" (Gn 3:4), continua sendo propagada atualmente como verdade absoluta, infelizmente não só entre os pagãos mas também entre os cristãos.


A IMORTALIDADE NATURAL tão popular hoje em dia (influência do espiritismo), já foi muito menos aceita no passado. Na verdade, a teologia bíblica da IMORTALIDADE CONDICIONAL fazia muito mais adeptos no passado do que atualmente. Prova disso é que em 15 de maio de 1876 foi realizado a grande Conferência de Londres sobre a Imortalidade Condicional, cujo relatório final apontava:




"A Bíblia em parte alguma ensina a imortalidade inerente; ensina, porém, que é objetivo da redenção comunicá-la. [...] Essa comunicação requer que o homem se regenere, pelo Espírito Santo, e que haja a ressurreição dos mortos", p. 28. [grifo acrescentado]




Base Bíblica


Como foi o homem formado por Deus?


"Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente" (Gn 2:7).


Pó da Terra + Fôlego de Vida = Alma Vivente


O homem É uma alma e não TEM uma alma. A palavra hebraica usada para "fôlego" é NESHAMAH. É a mesma palavra usada para representar o princípio de vida (fôlego) que também foi dado aos animais:


"Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem. Tudo que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo que havia em terra seca, morreu" (Gn 7:21, 22).


A posse do "fôlego de vida" não confere em si mesmo imortalidade, porque, por ocasião da morte, o fôlego de vida retorna para Deus, e o pó volta à terra:


"E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu" (Ec 12:7).


"Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios" (Sl 146:4).


Note que a palavra hebraica para "espírito" - RUAH - também é usada de forma paralela a NESHAMAH para representar o mesmo princípio (dom) de vida que vem de Deus:


"Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego [NESHAMAH] de vida ao povo que nela está e o espírito [RUAH] aos que andam nela" (Is 42:5).


Por isso que, por ocasião da morte tanto os homens quanto os animais deixam de existir:


"Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida... Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão" (Ec 3:19, 20).
Um dos textos bíblicos mais explícitos sobre o estado de total inconsciência após a morte é:


"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol" (Ec 9:5, 6).


Mas, e os fiéis? Não vão eles diretamente para o céu, para louvar a Deus?
"Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à região do silêncio" (Sl 115:17).


E o que ensina o Novo Testamento?
O Novo Testamento compara a morte ao SONO para ilustrar o estado de total inconsciência, e para demonstrar que haverá um despertar deste sono por ocasião da ressurreição:


"Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo... Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu" (Jo 11:11, 13-14).


"Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem... Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4:13-14, 16). 


Sendo assim, a imortalidade e as demais recompensas divinas só serão alcançadas por alguém mediante as seguintes CONDIÇÕES:
QUANDO Cristo voltar (1Co 15:51-53; Mt 16:27; 2Tm 4:8; Is 40:10).
SE aceitar pela fé a Cristo Jesus e perseverar até o fim (Jo 11:25, 26; 1Jo 5:11, 12; Mt 24:13).
Via Minuto Profético

“Dia do Senhor” (Apoc. 1:10)

“Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta.”
A expressão grega – Kuriakê hemera – dia do Senhor, não deixa dúvida alguma de que o profeta se refere a um dia de propriedade do Senhor, desde que a vocábulo kuriakê é adjetivo possessivo que está determinando o substantivo hemera – dia, como posse. Em outras palavras, João faz alusão a um dia semanal que, antes da visão, ele considerava como “dia do Senhor” propriedade do Senhor.
Esta expressão aparece apenas uma vez na Bíblia. Em I Cor. 11:20 encontramos uma frase mais ou menos semelhante a esta, referindo-se à Ceia do Senhor –  kuriakón deipnon.
A que dia está se referindo o apóstolo com esta afirmação?
Cinco posicionamentos são apresentados:
1º) Abrangendo toda a dispensação cristã e não qualquer particular dia de vinte e quatro horas.
2º) Uma segunda classe sustenta que se refere ao dia do Juízo.
3º) É uma referência ao dia do imperador.
4º) Um grupo mais numeroso, por óbvias razões, defende ardorosamente que é uma referência ao dia de domingo.
5º) Ainda outra classe mantém o principio, que Kuriakê hemera significa o sétimo dia, o sábado do Senhor.
O Dia da Dispensação Cristã
Há ponderáveis razões para se rejeitar esta interpretação, considerando-se os seguintes fatores:
Segundo o contexto da passagem (Apoc. 1:9-10). Sabemos o lugar da visão – ilha de Patmos; o motivo de estar ali – por causa da palavra do Senhor; sua condição em visão – no espírito, e o tempo especifico do recebimento da visão – no dia do Senhor. Estas circunstâncias nos cientificam de que o dia em que foi dada a visão tem uma existência real e não simbólica ou mística. Os que defendem que significa toda a dispensação cristã lhe atribuem um significado simbólico que não é admissível.
Dia do Juízo
Embora João tivesse tido uma visão sobre o dia do juízo, não poderia ter sido neste dia, porque este ainda estava no futuro.
Esta interpretação não pode ser aceita quando sabemos:
1º) Vincent em Word Studies in the New Testament, vol. II, pág. 425, comentando Apoc. 1:10, assim se expressa:
“Dia do juízo é expresso no Novo Testamento por he hemera tu kuriu – II Tes. 2: 2; ou – hemera kuriu – II Ped. 3:10; ou ainda - hemera christu – o dia de Cristo – Fil. 2:16″.
2º) O SDABC (Comentário Bíblico Adventista) comentando esta mesma passagem afirma:
“O contexto nos indica que a expresso ‘dia do Senhor’ se refere ao tempo em que João teve a visão e não ao seu conteúdo”.
3º) A palavra traduzida por em é en, e, quando se refere a tempo, é definida por Robertson nos seguintes termos: “tempo em que, um ponto ou período definido em, durante o qual alguma coisa se realizou”. Nunca significa acerca de, sobre. Assim sendo os que defendem que João estava se referindo ao dia do juízo, estão em contradição com a linguagem usada, querendo que a preposição en (em) signifique acerca, sobre, em vez de en (em), e talvez o pior ainda é que fazem João afirmar uma estranha falsidade, ao declarar que teve uma visão na ilha de Patmos, há aproximadamente dezenove séculos, no dia do juízo, que ainda hoje se encontra no futuro.
Dia do Imperador
A História nos confirma que no Império Romano o Imperador era freqüentemente chamado de Kúrios – Senhor, conseqüentemente todas as coisas pertencentes ao Imperador eram denominadas de Kuriakós = do Senhor.
Isbon T. Beckwith, no livro The Apocalypse of John, pág, 435 nos diz que o primeiro dia do mês era chamado na Ásia Menor – “Dia do Imperador”.
Embora houvesse o “Dia do Imperador” e a expressão “Kuriakós” para designar as coisas pertencentes ao imperador, seria difícil concluirmos que João se estivesse referindo a um dia imperial, quando atentamos para o fato de que ele fora perseguido e estava exilado, na ilha de Patmos, por negar-se a prestar culto ao imperador.
O Comentário Adventista pondera muito apropriadamente, ao explicar Apoc. 1:10.
“Parece mais provável que João tenha escolhido a expressão “Kuriakê Hemera“, para designar o dia do sábado, como uma penetrante maneira de proclamar o seguinte fato: Como o imperador tinha um dia devotado a sua honra, assim o Senhor de João, por cuja causa ele agora sofria, também tem o seu dia”.
Dia do Domingo
Este ponto de vista é defendido pela maioria dos comentaristas católicos e protestantes, interessados em justificar pela Bíblia que o domingo é o dia do Senhor.
Será que há provas bíblicas para fazer tal afirmação?
A resposta a esta pergunta apenas pode ser uma forte negação – nem uma prova bíblica jamais foi encontrada neste sentido.
A história eclesiástica nos confirma que os pais da igreja fizeram longo uso da expressão “Kuriakê hemera” para o primeiro dia da semana. Por esta razão muitos estudiosos argumentaram, que Kuriakê hemera, em Apoc. 1:10, também se refere ao domingo e que João não apenas recebeu sua visão naquele dia, mas também o reconheceu como o “dia do Senhor” pelo fato de naquele dia o Senhor haver ressuscitado dos mortos.
Esta argumentação não subsiste quando se pondera o seguinte, de acordo com o SDABC (Comentário Bíblico Adventista), vol. VII, pág. 735:
“Existem razões tanto negativas como positivas para a rejeição desta interpretação. A primeira é o reconhecimento do princípio do método histórico que declara que uma alusão deve ser interpretada somente em termos da evidência que lhe antecede no ponto de vista do tempo, ou que lhe seja contemporânea e não por dados históricos dum período posterior. Este princípio tem um aspecto importante no problema do significado da expressão ‘dia do Senhor’ como aparece na presente passagem. Embora este termo ocorra freqüentemente nos Pais da Igreja sem a significação de domingo, a primeira evidência conclusiva de tal uso não aparece senão na última parte do segundo século, no apócrifo Evangelho Segundo Pedro (9-12; ANF. Vol. 9, pág. 8), onde o dia da ressurreição de Cristo é denominado ‘dia do Senhor’. Desde que este documento foi escrito pelo menos três quartos de séculos ap6s João ter escrito o Apocalipse, ele não pode ser apresentado como prova de que a frase ‘dia do Senhor’ no tempo de João se refere ao domingo”.
O domingo ou primeiro dia da semana é designado no grego neotestamentário pelas expressões – mia ton sabbaton – Mar. 16:2; Luc. 24:1; S. João 20:1, 19; Atos 20:7; I Cor. 16:2 e – prote sabbatu – Marcos 16: 9.
Arnaldo B. Christianini em Subtilezas do Erro, na minuciosa análise histórica e exegética do livro O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus de Ricardo Pitrowiski, inseriu um capítulo – “O Dia do Senhor”, do qual destacamos estes pensamentos:
“. . . o fato de um profeta ter visão em determinado dia, não significa que tal dia deve ser guardado. A santidade de um dia repousa em base mais sólida, fundamenta-se num claro e insofismável ‘assim diz o Senhor’.
“A afirmação de que ‘dia do Senhor’ nessa passagem se refira indiscutivelmente ao primeiro dia da semana é baseada em presunção sem nenhum valor probante. O fato de em fins do segundo século da era cristã surgirem escritos aludindo ao primeiro dia da semana como sendo ‘dia do Senhor’, não autoriza a dogmatizar que João também se referia ao domingo”.
O Sábado – O Dia do Senhor
Tendo analisado as quatro posições anteriores, nossa atenção se fixará na declaração de que o sábado é o “dia do Senhor”. Após os seis dias da Criação, Deus reservou o sétimo dia para Si, colocando sobre ele a Sua bênção e reclamando-o como Seu santo dia. Gên. 2:2-3.
A Bíblia está repleta de declarações convincentes de que o sábado é o dia do Senhor, destacando-se entre estas por sua clareza ímpar as seguintes:
a)     Êxodo 16:23 – “Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor.”
b)    Êxodo 20:8-11 – “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. … porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou.”
c)     Isaías 58:13 – “. . . mas se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor digno de honra. . .”
d)    Mat. 12:8 – “Porque o Filho do homem é Senhor do sábado.”
“Cristo se apresenta como – Senhor do sábado. Desde que é o Senhor dos homens, Ele é também Senhor sobre o que foi feito para os homens – o sábado – Marcos 2:28.
“Assim, quando a frase ‘Dia do Senhor’ é interpretada de acordo com as evidências anteriores e contemporâneas dos dias de João, torna-se evidente que não há referência a nenhum outro dia a não ser o sábado ou o sétimo dia da semana”. – SDABC, Vol. VII, pág. 736.
Em conclusão são oportunas ainda as asseverações do livro já citado de Arnaldo B. Christianini, págs. 177-178:
“Temos fundadas razões para crer que S. João se referia ao sábado. Porque, consoante a Bíblia, o único ‘dia do Senhor’ que nela se menciona é o sábado. . .
“O discípulo amado conhecia muito bem as palavras do Decálogo (Êxodo 20:10) bem como as de Isaías (Isa. 58:13). À vista disso, não precisamos ter dúvida quanto ao dia a que ele quis referir-se quando no Apocalipse escreveu: ‘fui arrebatado em espírito no dia do Senhor’.”
É uma verdade acaciana entre os comentaristas, que em nenhum lugar da Bíblia, se encontra uma afirmação que identifique o primeiro dia da semana como o dia do Senhor.
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído da apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

Uma Melhor Tradução de Romanos 1:17b

A tradução de Almeida – Edição Revista e Corrigida – apresenta: “Mas o justo viverá da fé”; enquanto na Revista e Atualizada no Brasil aparece “O justo viverá por fé”.
Estudos recentes, feitos por ilustres exegetas, baseados na Teologia Paulina e em considerações específicas sobre a epístola aos Romanos têm sugerido que uma melhor tradução seria: O justificado pela fé, viverá.
Em grego encontramos: o dé díkaios ek pisteos dzésetai.
O problema com o texto grego é o seguinte: ele pode ser lido de duas maneiras:
1ª) O justo / viverá pela fé.
2ª) O justo pela fé / viverá, ou o que for justificado pela fé, viverá,
Em outras palavras: a expressão – ek pisteos (pela fé) pode ligar-se ao verbo dzesetai (viverá) ou com o dikaios (o justo) apresentando em cada caso um sentido diferente.
É bastante conhecido o fato de que os primitivos manuscritos não possuíam pontuação alguma, e ao ser esta colocada a passagem poderia ser lida com sentido bem diferente ao ser alterada a sua pontuação. Esta afirmação pode ser comprovada com estes exemplos e com muitos outros que poderiam ser alistados.
Ressuscitou, não está aqui.
Ressuscitou? não, está aqui.
A voz daquele que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor.
A voz daquele que clama: no deserto preparai o caminho do Senhor.
Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso.
Em última análise, o problema de Rom. 1:17 segunda parte, é também um problema de pontuação como é facilmente deduzível.
Sabemos que a citação de Rom. 1:17 é tirada de Habacuque 2:4, mas que aparece na Septuaginta da seguinte maneira:
o dé díkaios ek pisteos mou dzésetai – O justo pela minha fé viverá.
A teologia de Paulo nos afiança de que o homem justificado pela fé é o único que possui vida. Ele insiste na tecla de que a lei não pode dar vida, porque esta vem unicamente de Cristo, recebida através da fé, O grande tema da epístola aos Romanos pode ser sintetizado nesta frase: O pecado conduz à morte; a justificação conduz à vida (Rom. 5:17, 21; 8:10).
Os escritores do Velho Testamento criam que a justificação vinha através da observância da lei: Lev. 18:5; Hab. 2:4, mas Paulo nos ensinou que a justificação vem através da fé em Cristo. A lei só poderia doar vida se o homem pudesse por si mesmo cumprir todos os seus requisitos, porém, isto não é possível.
O estudioso Anders Nygren em seu Commentary on Romans, página 86, afirma que a ênfase na primeira parte da epístola aos Romanos está na palavra fé, através da qual vem a justificação. Nos primeiros 4 capítulos – pistis ou o verbo pisteuo aparecem pelo menos 25 vezes, enquanto vida – dzoê, é usada 2 vezes. Em oposição nos 4 capítulos seguintes pistis (fé) é usada 2 vezes e dzoê – 25. Assim sendo nos primeiros quatro capítulos predomina a justificação pela fé, mas nos capítulos cinco a oito Paulo enfatiza a vida vitoriosa em Cristo ou a santificação.
Estudiosos sustentam que Paulo ao citar Habacuque, ele não queria dizer “viver pela fé”, mas “ser justificado pela fé” ou sendo “justificação pela fé” é a condição necessária para alcançar vida.
Rudolf Bultmann, Theology of the New Testament, pág. 270 diz:
“Se o homem, antes da fé, é um homem caído no poder da morte, o homem sob a fé é o homem que recebe vida. A passagem paralela de Rom. 5:1 – dikaiwyentev ek pistewvdikaiothentes ek písteos – justificados pela fé, nos confirma que esta será uma melhor tradução em Rom. 1:17.
Estudiosos profundos dos problemas exegéticos e de tradução, como Lange, Beza, Meyer e Dr. Benedito de Paula Bittencourt ligam “pisteos” com “dikaios” dando-lhe a seguinte tradução: “O homem que é justificado pela fé – viverá.”
A prova de que estas afirmações são procedentes se encontra nas abalizadas traduções: Nygren, Beza, RSV, NEB, O Novo Testamento na Linguagem de Hoje.
Texto extraído da Apostila de Pedro Apolinário em Explicação de Textos Difíceis da Bíblia

Teria sido Jesus Desrespeitoso para com Sua Família?

 
Como entender a expressão “Quem é minha mãe e meus irmãos?”, em Marcos 3:33? Teria Jesus faltado com o respeito para com seus familiares?


Antes de olharmos onde o verso 33 de Marcos 3 está inserido, devemos nos lembrar de que foi Cristo mesmo quem deu a Moisés o mandamento “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êx 20:12). Ao Se encarnar, teria Ele agido contra Suas próprias palavras ditas a Moisés? Não foi Ele quem desafiou os líderes religiosos de Seus dias com a incisiva pergunta: “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:46). A conclusão é óbvia: Se ninguém poderia convencê-Lo de pecado, então Ele guardava todos os dez mandamentos, incluindo aquele que ordena honrar pai e mãe (e, por extensão, toda a família).


Vamos, então, ao texto de Marcos 3:33, começando com o verso 31: “Nisto chegaram Sua mãe e Seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-Lo. Muita gente estava assentada ao redor dEle e Lhe disseram: Olha, Tua mãe, Teus irmãos e irmãs estão lá fora à Tua procura. Então, Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis Minha mãe e Meus irmãos. Portanto, quem quiser fazer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3:31-35).


Alguns fatos chamam a atenção no texto acima: (1) Jesus estava ocupado com a obra da pregação do Reino de Deus; (2) havia muitas pessoas ouvindo-O; e (3) o fato de não terem entrado para ouvir denota que esses parentes de Jesus não criam nEle como o enviado de Deus (à exceção de Maria, Sua mãe; mas mesmo esta não entendia bem a missão de seu Filho). João 7:3-6 declara a franca hostilidade dos irmãos de Jesus em relação a Sua pessoa. A declaração feita por eles de que Jesus estava “fora de si” (Mc 3:21), isto é, demente, louco, só é excedida pela afirmação dos escribas de que Jesus estava possesso por Belzebu (Mc 3:22). Tais irmãos só se converteriam após a ressurreição de Cristo (ver Atos 1:14). Esses parentes estavam ali apenas preocupados quanto ao bem-estar físico de Jesus, ou com a reputação deles, visto que as obras desse irmão motivaram os escribas a declarar que Ele estava possesso pelo demônio (ver Mc 3:22).


Possivelmente a chave para se entender Marcos 3:33 esteja nos versos 20-22 deste mesmo capítulo. Ali é dito: “Então, Ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer. E quando os parentes de Jesus ouviram isso, saíram para O prender; porque diziam: Está fora de si.” Percebe a intenção desses parentes de Jesus? Eles não foram lá para ouvir as verdades que saíam de Seus lábios, mas “para O prender”. E se Jesus Se deixasse prender, o que teria acontecido à Sua missão de pregar o evangelho? Percebe-se claramente que esses parentes iriam estorvar o trabalho de Jesus, caso Ele não tivesse agido com a firmeza necessária àquele momento de Seu ministério.


A maneira de Jesus tratar seus parentes, nessa ocasião, não mostra desrespeito, mas firmeza. Ele deixou claro que ”qualquer que fizer a vontade de Deus” esse é Seu irmão, irmã e mãe (verso 35). Essas palavras mostram que “a chegada do reino de Deus muda os relacionamentos humanos. Os que se opõem ao seu progresso – quer sejam mães ou irmãos – devem ser deixados; os que estão no reino se tornam nossos amigos mais íntimos, mais próximos e mais queridos que quaisquer outros” (Bíblia de Genebra, p. 1152, comentando Marcos 3:35).


Que os parentes de Jesus não tomaram como desrespeito Sua declaração, contida em Marcos 3:33-35, de que Seus verdadeiros parentes são aqueles que fazem a vontade de Deus, é visto no fato de que esses irmãos, mais tarde, O aceitaram como o Messias, enviado de Deus. Dois deles, Tiago e Judas se tornaram pessoas de destaque na igreja cristã: Tiago, além de escrever a epístola que leva seu nome (ver Tg 1:1), foi o presidente no Concílio de Jerusalém, que debateu o assunto da circuncisão (ver At 15:13-21), e Judas também escreveu uma epístola, a de Judas (ver Jd 1). E Maria, com esses irmãos, agora convertidos, é mencionada entre os seguidores de Jesus que se reuniram no cenáculo (ver At 1:14).


Jesus foi e continua sendo nosso modelo de cortesia para com todos, especialmente para com os que estão mais próximos de nós, os nossos familiares. Mas também é exemplo no fato de não deixar que nada se interponha entre o crente e Deus, nem mesmo mãe ou irmãos.


Deus nos dê a graça de ter esse equilíbrio tão necessário a uma vida cristã saudável.


Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. Publicado na RA de Jun/2010.Via Sétimo Dia

Salvou-Me - Trio Onix

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Ira de Deus e a Ira do Homem


Este é um dos assuntos mais difíceis de ser explicado dentro das Escrituras, porque estas condenam a ira e de outro lado apresentam tantas referências à ira de Deus. Este estudo tenciona esclarecer os estudantes da Bíblia sobre a necessidade de fazer nítida distinção entre ira humana e o real significado da expressão ira de Deus.
Sobre a importância do tema basta mencionar estes aspectos:
1º) O Theological Dictionary of the New Testament de Kittel dedica 62 páginas ao estudo da palavra ira:
2º) Há uma compreensão totalmente errada, de modo geral no mundo e mesmo entre nós com respeito à expressão “ira de Deus”.
Faz pouco tempo obtive da Biblioteca Evangélica de São Paulo uma brochura, que é um sermão intitulado “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado” de autoria de Jonathan Edwards, um destacado teólogo e erudito dos Estados Unidos no século XVIII.
Suas ponderações sobre a ira divina são verdadeiramente absurdas. Para termos uma idéia precisa do que ele pregou basta este trecho:
“Ó pecador, considera o temível perigo em que te achas! E sobre uma grande fornalha de ira, um abismo hiante e sem fundo, cheio do fogo da ira, que és seguro na mão daquele Deus, cuja ira é provocada e despertada contra ti, tanto quanto contra muitos dos condenados do inferno.. .”
O sermão é todo neste mesmo diapasão, mostrando uma distorção total do caráter de Deus.
Comentários Gerais
Definição de Ira
“Mágoa ou paixão que a injúria desperta na pessoa injuriada; raiva, cólera. Desejo de vingança.” – Laudelino Freire.
No consenso comum esta palavra significa fúria, raiva, cólera, com um desordenado desejo de vingança. Esta seria a ira humana, por isso é condenada na Bíblia.
Ira do Homem
De acordo cem o Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Vozes Limitada, Petrópolis) a ira do homem geralmente é reprovada na Escritura; quanto ao Velho Testamento sobretudo, nos escritos de Salomão. O motivo parece ser mais utilitário desde que a ira nos causa prejuízo.
  • Prov. 15:18 – “O homem iracundo suscita contendas, mas o longânimo apazigua a luta.”
  • Prov. 18:19 – “Homem de grande ira tem de sofrer o dano.”
O Novo Testamento também condena a ira, basta ler:
 Mat. 5: 22 – “Quem se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento.”
• Efésios 4:31 – “Longe de vós toda a amargura, e cólera e ira…”
Pode-se ler ainda: Gál. 5:20; Ecles. 7:9; Jó 5:2, Sal. 37:8; Prov.14:17.
A ira está classificada pela Igreja Católica entre os sete pecados capitais; sendo os outros seis: orgulho, avareza, luxúria, gula, inveja, preguiça. Destes sete há dois que merecem, no uso corrente da linguagem, uma exceção muito honrosa, o orgulho e a ira. Falamos habitualmente em santo orgulho (a justa soberba) como em santa ira (o ódio bem fundado). Quando nos orgulhamos de atos que merecem o nosso respeito e representam verdadeiros paradigmas de nossa conduta, o orgulho deixa de ser pecado para se transformar em virtude. É o santo orgulho. Quando odiamos a injustiça, o erro, o pecado e discernimos, com isso, o bem do mal, o certo do errado, a virtude do relaxamento, esse ódio se transfigura e se redime. É a santa ira. Desta santa ira o próprio Jesus nos deu o exemplo, como se vê na sua maneira de falar sobre os fariseus e no seu comportamento no templo. Estas atitudes estão relatadas em Marcos 3:5 e Mat. 21:12.
Em Marcos 3:5 no grego se encontra: olhando-os ao redor, cem ira – orguê.
Não seria a esta ira que se refere a Palavra Divina, quando preceitua: “Irai-vos e não pequeis” (Efés. 4:26?
A Palavra Ira no Original
No Velho Testamento a palavra ira é a tradução de várias palavras do original hebraico, enquanto no Novo Testamento ira é a tradução de três palavras gregas:
orghv – orguê;  qimovv – thimós;  parorgismovv – parorguismós:
1ª) orghv – orguê, a mais usada no Novo Testamento, por aparecer 385 vezes.
É ira com desejo de vingança. É a ira pensada, mais calma, mais firmada na vontade e na razão, orguê é usada para a ira do homem:
Efés. 4:31; Col. 3:8; I Tim. 2: 8; Tiago 1:19, 20; para a ira de Cristo contra os fariseus, relatada em Marcos 3:5; mas também para o julgamento final de Deus: Mateus 3:7; Luc. 3:7; Rom. 1:18; 2:5, 8; 3:5; 12:10; Efésios 2:3; 5:6; Col. 3:6; I Tess. 1:10; 5:9.
2ª) qimovv – thimós, empregada apenas 18 vezes, 10 das quais se acham no Apocalipse. É a paixão irascível, ira a ferver, ira como algo em ebulição.
W. E. Vine Expository Dictionary of the New Testament Words, pág. 55 assim a distingue de orguê – “thimós expressa mais o sentimento interno, orguê a emoção ativa.”
Vincent afirma: “Tanto orguê como thimós são unidos no Novo Testamento para ira ou cólera, e sem qualquer distinção comumente observada. Orguê denota um mais profundo e mais permanente sentimento, um hábito mental estabelecido, enquanto que thimós é uma agitação mais turbulenta, embora temporária. Ambas as palavras são usadas na frase ira de Deus, que comumente denota uma manifestação distinta do juízo divino (Rom. 1: 18; 3: 5; 9: 22; 12: 19).” – Word Studies in the New Testament, vol. II, pág. 110.
De acordo com The Interpreter’s Dictionary of the Bible, vol. I, pág. 135, a distinção a ser feita é esta:
“Se há qualquer distinção entre estas duas palavras no Novo Testamento em relação à emoção humana, parece que thimós denota melhor a paixão irrefletida da ira (por ex. Luc. 4:28); orguê, a indignação moral mais relativamente considerada (Tiago1:19).
Nota: Há autores que afirmam que nenhuma distinção pode ser feita entre estas duas palavras.
3ª) parorgismovv – parorguismós.
Nesta palavra se encontra uma reforçada forma de orguê. Ela aparece apenas uma vez no Novo Testamento em Efés. 4:26, com o sentido de ira provocada.
O verbo cognato parorgxw – parorguidzo, irritar, excitar à ira é usado duas vezes: Rom. 10:19 e Efés. 6:4.
Vine ao explicar parorguismós de Efés. 4: 26 afirma:
“O verbo precedente, orguidzo; neste verso faz supor uma ocasião justa para o sentimento. Isto é confirmado pelo fato de que é uma citação do Salmo 4:4 (Septuaginta), onde a palavra hebraica significa tremer com forte emoção.” – Expository Dictionary of the New Testament Words, pág. 56.
Ira de Deus
Uma pesquisa na Bíblia nos leva à conclusão de que a ira humana e a ira de Deus são totalmente distintas.
Freqüentemente o princípio da ira de Deus é apresentado em termos antropomórficos. Veja apêndice.
Russel Norman Champlin, em seu comentário sobre Romanos 1:18 pondera:
“A ira de Deus não indica alguma forma de emoção humana, que perturbe o equilíbrio emocional das pessoas e as torne desejosas de ferir às outras, em forma de ações maldosamente planejadas, conforme a ira humana geralmente obriga as suas vitimas a fazerem. A ira de Deus é ordinariamente aludida em termos escatológicos, referindo-se ao julgamento que haverá no futuro dia do Senhor.”
“É a justa indignação de Deus quando do julgamento contra o pecado.” – Idem, comentário de Rom. 5:9.
F. F. Bruce no livro: Romanos – Introdução e Comentário, pág. 69 ao analisar Rom. 1:18 nos esclarece:
“Se se pensa que a palavra ira não é muito apropriada para usar-se com relação a Deus, é provavelmente porque a ira como a conhecemos na vida humana, constantemente envolve paixão egocêntrica, pecaminosa. Com Deus não é assim. Sua ‘ira’ é a reação da santidade divina face à impiedade e rebelião. Paulo decerto concordaria com Isaías ao descrever esta ira de Deus, como ‘sua obra estranha’ (Isaías 28:21) à qual Ele a aplica lentamente e com relutância. …
“A idéia de que Deus é ira não é mais antropopática do que o pensamento de que Deus é amor. A razão pelo qual a idéia da ira divina está sempre sujeita a mal-entendidos é que a ira entre os homens é eticamente errada. E contudo, mesmo entre os homens não falamos da ira justa?”
Há dois extremos que devem ser evitados ao tratar-se da ira de Deus. O primeiro pertence àqueles que O apresentam cheio de amor e longanimidade e como um Pai amoroso não irá destruir os seus filhos, portanto não acreditam na severidade ou na ira de Deus. No extremo oposto se encontram os que apresentam a Deus como um ser vingativo e irado que fará os homens queimarem para sempre. Muitos sacrifícios têm sido feitos para aplacar esta ira.
Não há nenhuma discrepância nos versos que apresentam a Deus cheio de bondade e amor com aqueles que revelam sua ira contra o pecado e os pecadores que acintosamente o rejeitam. O amor requer julgamento. A severidade divina é sempre manifestação do amor.
Como bem se expressou Arthur John Gossip:
“Mas no Novo Testamento os homens não ouvem qualquer choque entre a ira divina e a longanimidade divina: pelo contrário, ficam certos tanto da bondade como da severidade de Deus; certos de que a sua severidade faz parte da Sua bondade, e que, se essa severidade estivesse ausente, ele não seria bom, porquanto os alicerces morais do mundo se desequilibrariam e entrariam em colapso.”
Do cotejo de várias passagens bíblicas os estudiosos têm chegado à conclusão de que há uma dupla necessidade da ira de Deus, que neste caso seria sinônimo de sua justiça:
1ª) Para que haja manutenção das leis divinas que pedem justiça.
2ª) Para extermínio do pecado e dos pecadores impenitentes que se opuseram à misericórdia divina.
A Bíblia nos apresenta a ira de Deus desviada após confissão do pecado e arrependimento. Salmo 106:43-45; Jer. 3:12, 13; 31:18-20; Luc. 15:18-20.
A ira de Deus é justa. Salmo 58: 10, 11; Rom. 6:2, 8; Apoc. 16:6, 7.
De acordo com Rom. 2:4 e 5 a ira de Deus significa o juízo de Deus.
Ela é usada contra:
a) Os ímpios – Isa. 13:9; Rom. 1:18; Efés. 5:6.
b) A apostasia – Heb. 10:26-27.
c) A idolatria – Deut. 29:27-28; Jos. 26:16; Jer. 44:3.
d) Aqueles que se opõem ao evangelho. Salmo 2:2, 3, 5; I Tess. 2:16.
Ela é temperada com misericórdia no caso dos santos. Salmo 30: 5; Isa. 26:20; Jer. 30:11.
Ela deve conduzir-nos ao arrependimento. Isa. 42: 24-25; Jer. 4:8.
O livro Essays in Honor of Edward Heppenstall – The Stature of Christ apresenta como capítulo final: “An Interpretation of the Wrath of God”, de Morris D. Lewis, trabalho honesto, bem fundamentado e que expressa de maneira feliz a crença adventista sobre este empolgante tema. Para que se tenha melhor compreensão do problema aqui se encontram traduzidos das primeiras 8 páginas, das 22 de sua pesquisa, alguns trechos mais significativos:
“As centenas de textos bíblicos que descrevem a ira como uma característica de Deus criam um problema. O amor na personalidade da Divindade parece estar em conflito com as muitas referências às demonstrações de cólera, furor e ira de Deus. Uma referência típica é aquela de Jeremias retratando a exasperação divina por causa da pecaminosidade dos habitantes de Jerusalém.
“Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: . . . eu planejarei contra vós com mão estendida, e com braço forte, e com ira, e com indignação e com grande furor. E ferirei os habitantes desta cidade, assim os homens como os animais: de grande pestilência morrerão. (Jer. 21:4-6).
“A maioria dos teólogos modernos hoje crêem que em adição à característica divina de amor, a personalidade da Divindade, às vezes, se inflama ante a rebelião do homem e exibe cólera e ira para testificar contra a odiosidade do pecado. Alguns escritores tendem ao raciocínio de que a ira de Deus é justificável porque é expressa somente após incessante agravamento dos pecadores. Outros enfatizam que a ira de Deus apenas confirma sua santa aversão ao pecado.”
“Seja qual for o arrazoamento para justificar a característica de cólera e ira na natureza da Divindade, a argumentação é destituída de fundamento escriturístico. Os Escritos da Inspiração como registrados por Isaías testificam da declaração do próprio Deus: “Não há indignação em mim”: (Isa. 27: 4). O mesmo escritor também confirmou a atitude divina no verso nove do capítulo 54:9 – “. . . assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei.” A palavra hebraica mais freqüentemente usada para provocação é a mesma palavra usada muitas vezes para ira. Ficar zangado e ser provocado e mostrar ira são expressões muito semelhantes e intimamente relacionadas. Mas de Cristo, a escritora de O Desejado de Todas as Nações disse: “Sua calma resposta proveio de um coração imaculado, paciente e brando, que não se irritava.”1 Cristo nunca foi agitado por pecadores a ponto de revidar com uma atitude excitada. “O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava” (I Ped. 2:23). Cristo nunca foi provocado à cólera ou ira, e ele expressava o caráter de Deus o Pai.
“Que Deus é soberano é indisputável. Como o termo ira de Deus está relacionado com a soberania da Divindade, liga-se primeiramente com a operação da lei. Quer em função da natureza, quer em função do relacionamento moral do homem, a mesma posição predominante de Deus permanece.
Disse o salmista, falando de Deus: “Tu firmaste a terra, e firme permanece. Conforme o que ordenaste, tudo se mantém até hoje; porque todas as coisas te obedecem.” Sal. 119:90, 91. Em outra referência o escritor depois de exaltar o poder criador de Deus em estabelecer o sol, a lua, as estrelas e as águas, concluiu: “Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados. E os confirmou para sempre, e lhes deu uma lei que não ultrapassarão. (Sal. 148:5, 6).
São estas apenas umas poucas das muitas referências em que Deus é retratado como constantemente controlando a natureza pela lei natural. Neste contexto a operação da natureza é declarada Sua serva.
Os  processos da natureza que dão vida, alimento, beleza e prazer são os servos de Deus. Eles executam Seu mando. Esses mesmos processos podem tornar a ser uma tempestade ou uma praga para destruir o homem e a natureza. As funções destrutivas da natureza podem muito bem ser chamadas a ira ou a cólera de Deus.
“O Senhor é um Deus zeloso e que toma vingança, o Senhor toma vingança e é cheio de furor: o Senhor toma vingança centra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em força, e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta, e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:2-3).
O Senhor tem o Seu caminho nas tempestades; elas, também, são Suas servas. Tempestades de tal violência podem destruir os ímpios” (Jer. 23:19-20). Quer as operações da natureza sejam tranqüilas e serenas, quer sejam violentas e destruidoras, ambas as funções são mencionadas como sendo a mão de Deus.
A Palavra Inspirada fornece uma compreensão mais profunda e atribui as funções naturais de destruição aos poderes do mal. Disse Isaías: “Eis que o Senhor mandará um homem valente e poderoso; como uma queda de saraiva, uma tormenta de destruição, e como uma tempestade de impetuosas águas que transbordam, violentamente e derribará por terra” (Isa. 28:2).
O valente e poderoso é a força satânica. Em outra referência em Isaías o profeta observou o poder de Deus como a força que cria o destruidor. “. . . também criei o assolador para destruir”. (Isa. 54:16). O artigo com a palavra assolador indica uma pessoa específica. A mesma palavra aqui empregada ocorre em Êxo. 12:23, e nesta referência é traduzida por destruidor e tem também consigo o artigo. Satanás é o poderoso como uma tempestade destruidora fazendo devastação em a natureza.
Ellen White faz as mesmas observações:
“Assim foi que Lúcifer, “o portador de luz”, aquele que participava da glória de Deus, que servia junto ao Seu trono, tornou-se, pela transgressão, Satanás, o “adversário” de Deus e dos seres santos, e destruidor daqueles a quem o Céu confiou a sua guia e guarda.”2
“Satanás também opera por meio dos elementos a fim de recolher sua colheita de almas desprevenidas. Estudou os segredos dos laboratórios da Natureza, e emprega todo o seu poder para dirigir os elementos tanto quanto o permite Deus. . . . nos violentos furacões e terríveis saraivadas, nas tempestades, inundações, ciclones, ressacas e terremotos, em toda parte e sob milhares de formas, Satanás está exercendo o seu poder.”3
Para o observador casual a fúria da tempestade parece ser a demonstração direta do poder divino. Isto não é totalmente verdade. O princípio bíblico de soberania atribui a Um que comanda todos os atos feitos sob Sua autoridade.
Isto se verifica claramente no trato de Davi com o amalequita que pretendia ter matado Saul. Em uma referência (II Sam. 1:15), é dito que Davi chamou um de seus jovens para lançar-se sobre o amalequita e matá-lo, e em outro relato (II Sam. 4:10), Davi disse que lançou mão do homem e o matou. Aqui não há nenhuma contradição. O que foi feito por aqueles que estavam sob o comando de Davi é dito ter sido feito pelo próprio Davi. Este mesmo princípio é verdade na descrição do profeta da soberania de Deus sobre todas as forças da natureza. A fúria da tempestade é declarada ser a ira de Deus, quando em realidade a ira é Satanás usando os elementos da tempestade quando Deus permite.
Como pode ser dito que Deus trouxe a tempestade e ao mesmo tempo declarar que Ele não estava nas funções destrutivas da natureza? Quando as impetuosas exibições da natureza ocorreram no vento, terremoto e fogo, foi dito ao profeta Elias que Deus não estava nelas. (I Reis 19:11, 12). A declaração acima de O Grande Conflito torna claro que tempestades e calamidades da natureza são a obra do diabo, não de Deus. Satanás usa as leis de Deus para destruir. As leis são de Deus. O propósito de destruir é o intento de Satanás. A destruição é a obra do poder maligno, até onde Deus o permite.
Enfermidade, sofrimento e morte são obra de um poder antagônico. Satanás é o destruidor, Deus é o Restaurador.4 Onde quer que a Bíblia fale de Deus como estando a causar destruição através dos elementos da natureza, a destruição ocorre apenas por Sua soberana permissão e através da operação de Suas leis.
“Nada ocorre na Terra ou no Céu sem o conhecimento do Criador. Nada pode acontecer sem Sua permissão.”5
A obra de destruição no mundo natural é a obra de Satanás; é dito ser de Deus apenas no sentido de Sua soberania.
Para entender a ira, é muito importante ver a relação íntima entre a lei natural e a lei moral.
“Os homens podiam aprender do desconhecido pelo conhecido; coisas celestiais foram reveladas pelas terrenas; . . . As coisas naturais eram o veículo para as espirituais; cenas da Natureza e da experiência diária de Seus ouvintes eram relacionadas com as verdades das Escrituras Sagradas.”6
Todo o esquema do ensino bíblico está baseado na íntima relação das leis natural e moral. Paulo concluiu: “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, na carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gál. 6:7, 8).
Cristo repetiu o mesmo princípio básico de ensino quando Se referiu à Sua morte como um grão de trigo caído no solo. (João 12:24, 25).
É mais evidente perceber a lei física na operação de cada simples função do corpo humano. É menos aparente, mas certamente como concreto, concluir que a operação da evolução e inteligência humanas está em conexão com a lei moral.
Como supremo Soberano do Universo, Deus ordenou leis para o governo não só de todos os seres vivos, mas de todas as operações da Natureza. Todas as coisas, quer grandes quer pequenas, animadas ou inanimadas, acham-se sujeitas a leis fixas, que não podem ser desrespeitadas. Não há exceções a esta regra; pois coisa alguma feita pela mão divina, foi esquecida pela mente divina. Mas se bem que tudo em a Natureza seja governada pela lei natural, o homem, tão-só, como ser inteligente, capaz de compreender seus reclamos, é responsável à lei moral.7
Cada função, seja física ou mental, está operando por lei. É bastante íntima a influência de uma sobre a outra, e o princípio funcional é também íntimo. A autora White, tendo citado Sal. 19:1-6, disse: “O salmista relaciona a lei de Deus no mundo natural com as leis dadas às Suas inteligentes criaturas.8 Assim, a mesma função operacional de vida e destruição na lei natural seria encontrada também na lei moral.
Os dez mandamentos são a regra básica para a vida e a morte; amor e ódio. O segundo mandamento estabelece este duplo conceito.
“. . . Porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira geração daqueles que me aborrecem. E faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos” (Êxo. 20:5, 6).
A lei diz que Deus visitará suas iniqüidades sobre aqueles que odeiam e a Sua misericórdia sobre aqueles que amam. Um princípio muito importante e distinto é formulado aqui que envolve a natureza da ira e a fonte de sua origem. Deus é a fonte de misericórdia sobre aqueles que amam, mas iniqüidade e ira vêm sobre o homem tendo o próprio homem como fonte.
A palavra para visitar no texto acima é a mesma palavra usada para mandamento no texto seguinte: “As obras das suas mãos são verdade e juízo; fiéis todos os seus mandamentos.” (Sal. 11:7). O princípio da visitação é uma lei. Quando o Senhor visitar os pecadores, Ele visitará os seus pecados sobre eles. (Êxo. 32:34). Esta função da lei moral é precisamente a mesma que a lei da natureza; o que é semeado, o mesmo é ceifado. Se alguém semeia na carne, colherá na carne. O profeta Jeremias falando dos falsos profetas disse que o Senhor visitaria sobre eles a maldade de suas ações. (Jer. 23:2). No mesmo capítulo o profeta explicou o processo mais detalhadamente.
“Portanto, o caminho deles será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre eles calamidade, o ano mesmo em que os castigarei, diz o SENHOR” (Jer. 23:12).
O Senhor visitaria os caminhos escorregadios sobre eles, e eles cairiam em trevas. Assim, o dia da visitação é um dia de recompensa. (Osé. 9:7). O dia da visitação é o dia em que os pecados que o pecador semeou tornar-se-ão uma ceifa. A visitação dos pecados sobre os pecadores funciona à parte da intervenção direta de Deus. Visitar a iniqüidade dos pais sobre os filhos é retribuir o mal dos pecadores sobre si mesmos. Este processo é chamado a ira de Deus.
“E aos que são fiéis em Seu serviço, promete-se a misericórdia, não meramente à terceira e quarta geração, como é ameaçada a ira contra os que O aborrecem, mas a milhares de gerações.”9
Na citação acima a autora cita o comentário do segundo mandamento e iguala o termo “visita a maldade dos pais sobre os filhos” com ira. Deste modo, o processo de visitação como uma operação de lei traz ira sobre aqueles que odeiam. Paulo faz a mesma declaração em Rom. 4:15 – “. . . a lei opera a ira”.
A lei moral como a lei natural opera em um sentido duplo, para a vida e para a morte. Paulo salientou distintamente a operação da lei do pecado como outra lei e a denominou a lei do pecado e da morte.
“Mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.” “causou-me a morte” (Rom. 7:23, 13).
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Rom. 8:2).
A palavra outra está enfatizando outra em qualidade de preferência a outra em número. (A palavra outra de Rom. 7:23 em grego é evterov – héteros e não – álos, por ser álos outro da mesma qualidade e héteros  – outro de natureza diferente. Nota do autor do livro.)
Deus fala de ambos os grupos, aqueles que são governados por Sua lei de amor. Falando de Israel, o Senhor disse que eles eram Seus servos (Lev. 25:55) Também, a maioria dos ímpios são chamados Seus servos. Assim o Senhor falou de Nabucodonosor quando ele primeiro veio contra Judá. Sua soberania é inquestionável no domínio do pecado e da justiça. A operação da vontade é do homem; a operação da lei é Sua. Como declarou Davi que a ação de seu oficial subordinado era sua própria, assim Deus fala do caminho dos pecadores como Sua própria realização.
“Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra; que desfaço os sinais dos profetizadores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, cujo saber converto em loucuras” (Isa. 44:24, 25).
O Senhor conduz os tortuosos e aqueles que obram a maldade (Sal. 125:5). O Senhor conduz os mentirosos, os adivinhadores, os sábios, e os tortuosos pela função de Sua lei do pecado em suas vidas. Os poderosos da Terra são a vara da indignação de Sua ira.
“Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor.” (Isa. 10:5).
“O orgulho assírio, conquanto usado por Deus por algum tempo como a vara de Sua ira, para punir as nações, não deveria sempre prevalecer.10
A ira não era uma expressão pessoal da Divindade. Os assírios, como servos de Deus da lei do pecado, estavam sob Seu soberano controle. A palavra hebraica para ira neste contexto é a mesma usada em muitos lugares.
Deus usou Sisaque como Sua ira.
“. . . Humilharam-se, não os destruirei; antes, em breve lhes darei socorro, para que o meu furor não se derrame sobre Jerusalém, por intermédio de Sisaque.” (II Crôn. 12:7)
Não havia nenhuma expressão de ira da parte de Deus neste exemplo. O Egito, como os outros poderosos da Terra, era o servo de Deus. “Eu dei ordens aos meus consagrados, sim, chamei os meus valentes para executarem a minha ira, os que com exultação se orgulham.” (Isa. 13:3). Deus usa a ira dos homens para controlar os homens. Assim disse o profeta: “Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, com mão poderosa, com braço estendido e derramado furor, hei de reinar sobre vós” (Ezeq. 20:33).
A operação da lei do pecado (ira de Deus) é a relação de homens maus contra os homens maus. Desta forma, Deus governa em sociedade com a ira dos homens maus para com homens maus.
“Quando pais ou governadores negligenciam o dever de punir a iniqüidade, Deus mesmo tomará o caso em Suas mãos. Seu poder restringidor será em certa medida removido dos agentes do mal, de tal forma que uma sucessão de circunstâncias se levantarão, as quais punirão o pecado com pecado.”11
Assim, vemos na Bíblia e no Espírito de Profecia que Deus não é um Deus de ira. Ele é um Deus que tem soberano controle de tudo, mesmo dos ímpios. As expressões nas Escrituras que parecem indicar Deus com raiva e ira são, na realidade, a verificação de Seu soberano controle.
A lei moral do Deus de amor funciona pelo desejo e intenção da divindade; a lei do pecado e da morte, que é a ira de Deus, funciona pela permissão de Deus. É um idiomatismo da semântica bíblica para atribuir a Deus aquilo que em Sua providência Ele permite que ocorra. “Deus domina sobre tudo” (Sal. 103:19). Isto inclui também os ímpios. (II Crôn. 20:6). O trato de Deus para com os ímpios é o da permissão. Do contrário, a Bíblia parece contradizer-se.
“Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lam. 3:32, 33).
No primeiro versículo acima, é declarado que Deus causa aflição e no seguinte é dito que Ele não aflige ou entristece. Jeremias disse que o Senhor afligiu Jerusalém. (Lam. 1:12) e Jó disse que o Todo-Poderoso não aflige (Jó 37:23). A verdade é encontrada da avaliação das citações de Lamentações. O Senhor não aflige de Seu coração; isto quer dizer, não é Sua intenção segundo Sua santidade. O Senhor permite que a aflição ocorra.
“Nós lemos que Deus tentou a Abraão, que Ele tentou aos filhos de Israel. Isto significa que Ele permitiu que ocorressem circunstâncias para testar sua fé, e conduzi-los a olhar para Ele para obter auxilio.”12
Desta forma, o Espírito de Profecia e a Bíblia concordam na semântica da permissão divina. O que é dito do que Deus faz no reino do pecado é feito somente pela Sua permissão. Um bom exemplo disto é encontrado em Isaías: “Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Isa. 45:7).
Sob esta luz, Jeremias disse: “Acaso não procede do Altíssimo assim o mal como o bem?” (Lam. 3:38). O mal não procede do coração de Deus. A divindade somente permite que o mal ocorra.
Tais contradições aparentes são numerosas na Bíblia. As declarações da ira de Deus são somente uma delas. Há um princípio muito definido e padronizado revelado em uma longa conseqüência de causa e efeito do pecado. O eminente sábio hebreu Mainmonides mostrou todos os eventos humanos como uma fila de dominós, tendo efeito contingente sobre os eventos bem sucedidos. Sejam eles bons ou maus, Deus foi a primeira grande causa. Então, citou ele o idiomatismo dos profetas hebreus que cancela os eventos intermediários e conecta o primeiro ao último como se não houvesse entre eles registro intermitente. Ao invés de um caso sem envolvimento com o mal ou a ira, parecia como se Deus fosse o real causador.
“Satanás procura esconder dos homens a ação divina no mundo físico – a fim de conservar fora das vistas a incansável operação da primeira grande causa.”13
“Os homens têm geralmente atribuído a Deus tais características de raiva, ira, tentação, maldade, enviando fogo e oprimindo o coração dos homens, quando na realidade tais termos são usados para estabelecer Deus como a primeira causa e, por conseguinte, o soberano da terra. É tempo de as dissimulações de Satanás serem expostas. Assim fazendo, Satanás é removido de seu alto e cobiçado lugar e sujeito a uma linha de ação permitida por Deus. Satanás pode exercer sua autoridade usurpada somente como Deus permite.”14
“Seus sofrimentos são muitas vezes representados como sendo castigo a eles infligido por decreto direto da parte de Deus. É assim que o grande enganador procura esconder sua própria obra. Pela obstinada rejeição do amor e misericórdia divina, os judeus fizeram com que a proteção de Deus fosse deles retirada, e permitiu-se a Satanás dirigi-los segundo a sua vontade.”15
Quantas vezes a ira que veio a Israel foi interpretada como vinda de Deus. Assim, Satanás oculta sua obra, atribuindo-a a Deus. Ele tem alistado muitos teólogos ao seu lado para ajudá-lo nesta fraude.
“Satanás exerce domínio sobre todos os que Deus não guarda especialmente. Ajudará e fará prosperar alguns, a fim de favorecer os seus próprios intuitos; trará calamidade sobre outros, e levará os homens a crer que é Deus que os aflige.”16
Após outros exemplos, confirmações e elucidações para ilustrar as maneiras distintas de agir de Deus e Satanás, Morris D. Lewis conclui suas ponderações declarando:
Embora a ira do homem opere pela lei de Deus, pela mesma lei o amor de Deus opera a ira do homem. Deus não é um Deus de ira, mas um Deus de amor.
 Conclusão
Quando a Bíblia fala da ira de Deus ela nos deseja ensinar que Ele é justo e tem aversão ao pecado.
Ira de Deus é uma expressão bíblica que significa o castigo dos ímpios no Juízo Final.
Ira de Deus é outra expressão para a justiça divina.
Apêndice
Os judeus apresentavam a divindade com reações humanas antropomórficas.
A palavra antropomorfismo significa em grego – avnqrwpov – antropos, homens e morfhv – morfê, forma. Seria atribuir a Deus formas e qualidades humanas. A Bíblia fala da boca, lábios, mãos, olhos, etc. de Deus. Atribui ainda à Divindade as paixões e sentimentos experimentados pelos homens, por isso fala em cólera, alegria e vingança de Deus.
Referências
  1. O Desejado de Todas as Nações, pág. 700.
  2. Patriarcas e Profetas, pág. 40.
  3. O Grande Conflito, págs. 589-590.
  4. O Ministério da Cura, pág. 11.
  5. Minha Vida Hoje, pág. 291.
  6. Parábolas de Jesus, pág. 17.
  7. Mensagens Escolhidas, vol. I, pág. 216.
  8. SDABC, vol. III, pág. 1114.
  9. Idem, pág. 306.
  10. Profetas e Reis, pág. 349.
  11. Profetas e Reis, pág. 728.
  12. SDABC, vol. I, pág. 1094.
  13. Patriarcas e Profetas, pág. 509.
  14. Desire of Ages, pág. 130.
  15. O Grande Conflito, pág. 35.
  16. O Grande Conflito, pág. 589.
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído da apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.
Fonte: Sétimo Dia

Como orar ?


Algumas pessoas têm muita dificuldade para orar. Outras acham que sabem, mas, no fundo do coração, não se sentem satisfeitas com o seu desempenho. Já ouvi pessoas dizendo: “minha oração não passa do teto”.
Na verdade, orar é bater-papo com o grande amigo Jesus Cristo. É preciso senti-Lo como uma pessoa que está presente para uma boa conversa. É preciso treinar a mente para isso.
Desejo compartilhar com você dicas sobre como desenvolver uma intimidade maior com Deus na oração.

Cada um tem a sua maneira, mas, para quem ainda não pegou o jeito, que tal praticar agora? Então, vamos lá:
1. Coloque-se de joelhos  – é importante você estar em um lugar em que se sinta confortável e seguro. Uma pessoa se ajoelha diante de Deus não para fazer um tipo de penitência, e sim para demonstrar que reconhece a soberania dEle.
2. Permaneça de olhos abertos (se desejar) – apenas por alguns segundos para observar a atmosfera do ambiente. Cante um hino (pode ser um corinho) para que você se envolva no clima espiritual.
3. Agora feche os olhos – procure sentir a presença dos anjos e principalmente do Espírito Santo.
4. Lembre-se de suas necessidades – avalie sua vida nas áreas emocional, física, material e espiritual.
5. Lembre-se das necessidades das pessoas pelas quais você deseja interceder – avalie em quais áreas necessitam do socorro divino.
6. Pense no que você tem para agradecer a Deus – concentre-se nas bênçãos e veja como Ele tem sido bondoso e misericordioso com você.
7. Comece a conversar com Deus:
                – Continue agradecendo;
                – Interceda pelas pessoas que você se lembrou;
                – Peça por você mesmo;
                – Fale sobre idéias, planos e sonhos;
                – Conclua, reconhecendo a soberania e o socorro divino.
8. Abra os olhos e permaneça ajoelhado – observe como Deus está presente.
9. Abra a Bíblia, ainda ajoelhado (se for de sua preferência), e comece a ler até que você encontre um texto que represente uma resposta direta de Deus para você.
10. Levante-se (se estiver ajoelhado) e encontre um lugar confortável para meditar sobre a resposta de Deus. Invista o tempo que desejar.
E, depois que você terminar, continue falando com Deus durante o restante do dia. “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17).
Ouvi uma pessoa dizendo: “Deus sabe do que eu preciso. Então, quando faço algum pedido, peço uma vez somente, não fico insistindo. O Senhor me atenderá quando quiser.”
O que você acha? É certo ou errado insistir com Deus por alguma bênção?
Jesus, ensinando sobre a oração, disse algo incrível: “Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7:8). Procurando compreender um pouco mais, identifiquei três objetivos que podem ser aplicados na oração:
 1. Pedir (para receber bênçãos) – Jesus amplia o conceito dizendo: “Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7:9-11). Todas as pessoas necessitam receber bênçãos materiais, físicas e espirituais. Deus é um Pai de amor que se preocupa e também supre as necessidades de Seus filhos;
2. Buscar (para encontrar respostas) – O Mestre dá na medida certa a seguinte orientação: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). Somente encontra respostas para a vida, aquele que as busca. Quando buscamos diariamente o reino de Deus, passamos a viver com discernimento e a ter respostas para importantes decisões;
3. Bater (para entrar no Reino) – O grande anseio de Jesus era que todos compreendessem que existe uma porta que se abre para todo aquele que deseja fazer parte do Reino de Deus. Ele convida: “Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mateus 7:9-13-14). O imenso privilégio de fazer parte do reino de Deus começa aqui. Cristo promete abrir a porta à todo aquele que bater. Ainda que ela seja estreita, nos conduzirá à experiência de sermos cidadãos do reino celeste.
Pelo que posso perceber, nos três casos encontro, de forma implícita, a persistência para se obter a graça. Você concorda comigo? Percebo em minha própria vida que existem bênçãos que são concedidas mediante persistentes orações. Outras são entregues com intensidade menor de preces.

Sugestões para administrar interferências no momento de oração:
1. O vizinho liga o som:
- A música entra na mente sem a pessoa desejar. Procure um lugar silencioso ou passe a acordar mais cedo. Mas, se não tiver saída, ore em voz alta. Vai ajudar.
2. A lembrança de um compromisso que não pode ser esquecido:
- Anote o compromisso num papel e você saberá que não vai esquecê-lo.
3. Pensamentos indecentes:
- Se vierem pensamentos indevidos, não desista da oração por causa da natureza pecaminosa. Eles são apenas o resultado do que está no seu coração. Deus deseja substituir tudo por pensamentos sublimes, mas requer renúncia e perseverança. Uma dica: cante um hino ou ore em voz alta.
4. Dificuldade de concentração:
- Fale com Deus em voz alta e depois leia um texto bíblico.
5. Muita ansiedade:
- Pense que sua única saída é Jesus, que Ele é capaz e deseja ajudar-lhe. Fale com Deus sobre sua ansiedade e sobre tudo que incomoda o seu coração.

Observe alguns benefícios exclusivos da oração:
1. Muda o coração do homem;
2. Santifica sua vontade;
3. Quebranta a alma (Salmos 51:17);
4. Abre o caminho para a recepção da bênção;
5. Intensifica a atuação de Deus.
Precisamos entender que Deus está empenhado em nos reeducar para a vida. Suas melhores oportunidades para nos ensinar todas as coisas que nos conduzem à salvação acontecem justamente quanto passamos por vales profundos e desafiadores em nossa existência. O que o Senhor Deus realiza de milagres e transformações enquanto se luta pela bênção, muitas vezes pode ser mais importante do que a recepção da própria bênção.
Vamos fazer um rápido teste. Por gentileza, responda à seguinte questão: Você tem em mãos uma picareta. Existe um tesouro protegido por uma tampa de concreto de 1centrímetro. Quantas batidas serão necessárias para quebrá-la,  com o objetivo de obter o tesouro? E, se a espessura da tampa fosse de  30 centímetros, quantas batidas seriam necessárias?
A conclusão é óbvia – quanto mais espessa à tampa que esconde o tesouro, mais batidas serão necessárias para se chegar ao objetivo final.
Fazendo uma analogia, o que corresponderia a tampa que impede o acesso ao tesouro?

Veja algumas sugestões bíblicas (Oséias 4:1):
- O orgulho;
- Pecados não confessados e abandonados;
- Resistência ao plano de comunhão com Deus;
- Hábitos nocivos arraigados;
- Distância de Deus…
Deus age com cada ser humano de forma personalizada. Cada pedido atendido, adiado ou negado por Deus compreende todo o Seu cuidado para conduzi-lo à salvação. Quando pedimos uma graça ao Senhor necessitamos nos recordar que não estamos sozinhos. A nossa vida está ligada a uma teia complexa que envolve o presente e o futuro de outras vidas também.
Continue buscando, pedindo e batendo à porta da graça de Cristo Jesus. Esse é o plano para o crescimento da fé e o fortalecimento da experiência pessoal com Deus. Com certeza, os que oram com insistência receberão sempre muito mais, porque se sentem dependentes das providências do Senhor.
Por estas e outras razões, o Espírito Santo convoca Seu povo para interceder com muita vontade e viver uma riqueza de experiências maravilhosas na utilização de tão poderosa ferramenta. Mesmo que você esteja necessitando tanto de intercessão, não se esqueça de que também pode interceder por outras pessoas. Faça uso da oração como do oxigênio para respirar e descubra que há muito mais poder à sua disposição do que você sempre imaginou. Ore de verdade e seja feliz!

Perguntas para reflexão:

Como você gosta de falar com Deus?
O que você aprendeu de novo sobre o tema?

Estudo extraído da lição 3 do Curso Intimidade com Deus

▲ TOPO DA PÁGINA