No Egito, a conversão ao cristianismo é proibida por lei. A própria família do recém-convertido pode se opor. Mas, apesar disso, corações ainda se entregam ao Senhor Jesus. Em uma viagem ao país, um correspondente da Portas Abertas conheceu um casal de cristãos de origem muçulmana. A seguir, ele relata esse encontro
Ahmad* entrou no escritório com sua mulher Khadija* e com sua filhinha. Os dois são cristãos ex-muçulmanos.
Ahmad contou que, quando tinha 13 anos, um amigo muçulmano quis se converter ao cristianismo. Ele tentou fazer o amigo mudar de ideia. Isso levou Ahmad a estudar melhor o cristianismo, já que não sabia muita coisa sobre ele. Mas, ao mesmo tempo, percebeu que não sabia muito sobre o islamismo também. Então, para aprender mais sobre a religião que seguia, ele se juntou a um grupo islâmico moderado.
Tocado pela humanidade de Jesus
Depois de três anos e meio, Ahmad percebeu que sua vida não havia mudado como ele esperava. “O deus do islamismo, para mim, só refletia a imagem de um ditador, e isso me desapontou bastante. Mas, por outro lado, Jesus refletia uma bela figura de humanidade. Seus ensinamentos me encantavam”. Aos 17 anos, Ahmad decidiu abandonar o islamismo. Ele conta que logo percebeu uma mudança na sua vida e sentia uma nova forma de paz.
Então as dificuldades começaram. A família de Ahmad se dividiu com a sua conversão. Ele falou que, com isso, teve de sair de casa. O seu antigo grupo islâmico também foi um problema: o líder do grupo queria mata-lo.
“Deus me ajudou nessa época. Ele me fez conhecer um grupo de 35 convertidos como eu. Durante esse período, três deles foram presos e outros saíram do Egito. Mas eu decidi ficar. Logo chegou a minha hora de servir o exército. Foi quando a polícia tentou me prender. Mas, graças a Deus, isso não foi possível enquanto eu estive no exército. Era Deus que estava me protegendo.
”Depois de deixar as forças armadas, Ahmad tinha que se reportar a cada duas semanas ao Controle de Estado, já que os muçulmanos não haviam aceitado a sua mudança de religião. Apenas sete anos depois seu caso foi encerrado. Ainda assim, Ahmad continua a sofrer pressão.
“Eu não consegui mudar a minha religião na carteira de identidade. Por isso, minha filha é considerada muçulmana, apesar de ter sido batizada como cristã quando nasceu.”
Jesus Cristo, o Deus vivo
Khadija era de uma família islâmica conservadora e religiosa. Ela vivia em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, e foi ao Egito estudar ciências políticas.
“Eu queria um relacionamento com Deus, mas não encontrava. Por isso, parei de fazer as minhas orações. Mas também não acreditava no que as pessoas de outras religiões diziam. Eu achava que os testemunhos dos meus amigos cristãos na universidade eram historinhas inventadas: a Bíblia não era verdade e Jesus era só um profeta”.
“Mas, numa noite, eu sonhei com um inseto muito barulhento voando em cima da minha cabeça. O inseto possuía um espírito ruim. Eu fiquei assustada, e logo ouvi uma voz me dizer: ‘em nome de Jesus Cristo, o Deus vivo’. Depois de a voz repetir duas vezes essa frase, o inseto desapareceu.
Eu acordei desesperada. Resolvi falar com meus amigos cristãos e ganhei uma Bíblia de um pastor. Um ano depois, quando fiz 19 anos, fui batizada.
”Ao contrário de seu marido, Khadija não teve grandes problemas quando falou à família sobre sua conversão. Ela reconhece que foi uma grande bênção o fato de seus pais não a perseguirem. Os irmãos de Khadija também se converteram através do testemunho dela.
Documentação e cidadania
Assim como em alguns documentos brasileiros há a informação sobre o estado civil da pessoa, os documentos do Egito trazem a religião que ela professa. Se alguém decide mudar de religião, deve também tirar novos documentos que contenham a nova fé. Cerca de dois mil ex-muçulmanos egípcios pediram para mudar seus nomes e religião, mas a conversão ainda é ilegal. O caso mais conhecido é o de Mohammed Hegazy.
*Nomes alterados por motivos de segurança.
Via Portas Abertas