segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os animais puros e os impuros de levíticos 11


Foto: Os animais puros e os impuros de levíticos 11 (Hudson)

O capítulo 11 de Levíticos tem despertado o interesse de todo exegeta  do Antigo Testamento interessado nas leis e regulamentos judaicos. Mesmo os interessados na fauna do Oriente Médio, têm considerado esse capítulo de certa utilidade. Para o homem moderno, Levíticos 11 parece ser um capítulo que pertence ao mundo da superstição e do tabu, ou a um mundo primitivo da ignorância humana.
Ao estudarmos esse capítulo, notaremos imediatamente várias coisas:
1. O capítulo é formado de seis seções principais. Cada seção se inicia usando a palavra estes, esses, esta (vs. 2, 9, 13, 24, 29, 46). O conteúdo do capítulo está, em termos gerais, bem organizado.
2. Os animais estão agrupados de acordo com a área em que habitam. Dessa forma, são mencionados primeiro os animais ou criaturas que habitam sobre a terra (vs. 2-8), depois os que habitam na água (vs. 9-12), e, finalmente, as criaturas do ar, aquelas que voam (vs. 13-23).
3. A distinção entre animais limpos e imundos é feita de maneira simples: os animais limpos têm unhas fendidas e remoem; os peixes limpos possuem barbatanas e escamas; e os pássaros ou aves limpos são caracterizados por não serem aves de rapina. No caso dos insetos, os que possuem pernas para saltar podem servir de alimento (vs. 20:22).
4. O capítulo estabelece que a capacidade de contaminação dos animais impuros não se limita apenas ao ato de comer a sua carne. O indivíduo pode contaminar-se dependendo da forma que manuseia corpos mortos (v. 24). Mesmo um animal limpo que morre, torna-se um instrumento de impureza, podendo assim ser um agente contaminador, caso esse animal seja portador de alguma doença, ou até mesmo pelos microrganismos que se avolumam num corpo em putrefação (vs. 39). Com isso, podemos ver que um corpo morto é fonte de impureza.
5. A identificação de alguns animais mencionados em Levíticos 11 é desconhecida. Algumas versões bíblicas preferiram transliterar alguns termos hebraicos, em lugar de lhes adivinhar o significado (v. 22 - argol e hagabe, que provavelmente designem fases do desenvolvimento do gafanhoto ou grupos diversos de gafanhotos). Claro é que, para os leitores da Bíblia daquela época, a identificação não constituía um problema.
Estas breves observações indicam que Lev. 11 tem um caráter didático. A maneira simples e bem estruturada do capítulo tem como objetivo facilitar ao israelita o aprendizado do seu conteúdo. Nesse processo, foi muito útil seguir o princípio de distinção entre animais limpos e imundos, com a menção de exemplos específicos que ilustram o princípio exposto. Por isso é que a classificação dos animais em limpos e imundos não tem, o que se poderia chamar de, um caráter "científico", cuja compreensão está limitada ao especialista. Os critérios a serem usados para identificação do animal limpo ou imundo são de tipo pragmático, determinados, exclusivamente, por aquilo que qualquer pessoa podia observar na fauna, como por exemplo, o animal de unha fendida que rumina. A lei era estabelecida de acordo com o nível do israelita comum. Deus estava instruindo o Seu povo em geral, e não apenas um grupo privilegiado dentre o povo. 
A lei dos animais limpos e imundos é uma lei de saúde, que tem o objetivo de preservar a saúde do povo através de medidas preventivas de higiene. Deus informa Seu povo sobre aquilo que, por ser o melhor, devem comer para proteger o seu organismo. 
Comer não é, portanto, uma atividade apenas secular na vida do ser humano. Há um aspecto ético-religioso nas leis de saúde de Lev. 11. Se Deus definiu o que se deve ou não comer, isso deveria merecer nossa atenção.
Devemos mencionar, contudo, que os animais puros são relativamente puros. Quando morre, a impureza se apossa inteiramente deles (Lev. 11:39 e 40), e sua carne não pode ser comida nem tocada. Dessa forma, "os animais limpos são comparativamente confiáveis, como fonte de alimento, enquanto os imundos devem ser evitados devido à possibilidade de sua carne poder transmitir infecções".
Essa lei sobre alimentos não contaminados é, quanto se saiba, única no antigo Oriente Próximo. A submissão a essa lei contribuiria, significativamente, para distinguir os hebreus das demais nações que os rodeavam. Dessa maneira, proclamariam sua singularidade e a do seu Deus (Lev. 20:25 e 26).
A lei dos alimentos limpos e imundos é uma lei de saúde. Originalmente, a diferença entre animais limpos e imundos foi estabelecida por Deus para especificar os animais, dentre os quadrúpedes e aves, que Ele aceitaria como sacrifício sobre Seu altar. Aparentemente, o critério que Ele usou para separar os animais foi o do estado de saúde destes. Os animais cujo corpo fosse sadio, poderiam ser oferecidos a Deus em sacrifício.
Quando Deus autorizou Seu povo a comer carne, eles deveriam usar como alimento os animais que Yahweh aceita como sacrifício. A lei torna-se agora numa lei de saúde, que tem como finalidade preservar a saúde física e espiritual do povo. Essa lei indica que Yahweh Se interessa pela saúde física de Seu povo. O físico é algo que Deus deseja que seja preservado em ótimo estado. Essa lei de saúde fala do cuidado preventivo e do interesse divino por tal cuidado. O conceito holístico do homem no pensamento bíblico, determina que saúde completa é a união do bem-estar espiritual, bem-estar físico e mental. É para esse tipo de saúde que as leis sobre alimentos limpos apontam e a tornam-se relevantes para o homem moderno.
Vamos analisar como exemplo a carne de porco:
"A carne de porco, apesar de ser uma das mais comuns fontes de alimentação, é também uma das mais prejudiciais. Deus não proibiu os hebreus de comerem carne de porco apenas para mostrar Sua autoridade, mas por não ser ela apropriada à alimentação do homem" - Conselhos sobre o regime alimentar, pág. 392.
Ao estabelecer princípios dietéticos para os israelitas, a intenção de Deus era que essas regras fossem como uma fonte de perenal benefício para a humanidade. A transmissão de algumas enfermidades, segundo a comprovação de pesquisas médicas recentes, justifica plenamente a existência dessa lei antiga.
A parasitologia, no tempo atual, comprova que um protozoário ciliado - a tênia do porco - e um verme nematóide - a triquina - ocasionam importantes enfermidades que os porcos partilham com os seres humanos.
O protozoário ciliado, denominado cientificamente Balantidium coli, é extremamente comum nos suínos. Pesquisas recentes em diversos países revelam uma incidência da ordem de 21 a 100%. Esse organismo é muito menos comum no homem. A incidência geral de 1% em Porto Rico, é típica da que ocorre em muitos países. Quando se encontra no homem, pode ocasionar graves sintomas clínicos. Provas atuais apontam para o porco como a causa principal do contágio humano.
A incidência de contágio humano com o cestóideo do porco (Taenia Solium), em regra uma fração de 1%, varia ao redor do mundo. Em seu famoso relato This Wormu World ("Este Mundo Verminado"), escrito em 1947, Stoll calculou que 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo estavam contagiados por esse verme.

Graves efeitos da Triquina
O verme da Triquina (Trichinella Spiralis) restringe-se à Europa Central e às regiões temperadas da América a que se dirigiram os seus emigrantes.
Em comparação com o protozoário ciliado e a tênia do porco, a triquina ocasiona gravíssimos efeitos no corpo humano. Os vermes adultos se acham presentes no intestino delgado. Após o acasalamento, as fêmeas produzem larvas que penetram nos vasos sanguíneos e se alastram por todas as partes do corpo. Essas larvas migratórias podem invadir os músculos esqueletais, o cérebro, a medula dos ossos, a retina e os pulmões. Visto que cada fêmea pode produzir mais de 1500 larvas e como esses vermes imaturos invadem muitos órgãos do corpo, podem aparecer muito sintomas clínicos. Nas afecções graves, a morte pode ocorrer na segunda ou terceira semana, mas é mais frequente da quarta à sexta semana após o contágio. As possibilidades de restabelecimento variam de acordo com a localização e o número de larvas, a intensidade dos sintomas e a condição física do paciente.
Em geral, admite-se que a presença de vermes de triquina nos porcos constituía a base para a proibição de seu uso como alimento pelo povo judeu. No livro A History of Parasitology ("História da Parasitologia"), W.D. Foster (1965) há uma ênfase sobre esse ponto de vista: "As proibições mosaicas e muçulmanas com referência à carne de porco foram motivadas, com muito mais probabilidade, pela observação de surtos de triquinose, do que por qualquer outro reconhecimento da correlação com a infestação pela tênia. A correlação da enfermidade com o comer carne de porco estava facilmente ao alcance da compreensão dos povos primitivos. Em realidade, é surpreendente que essa correlação haja sido olvidada pelo mundo em geral, apesar de as condições terem sido invulgares, e olhando para trás podemos reconhecer epidemias que indubitavelmente foram motivadas pela triquinose."

A Triquinose ainda é frequente 
Surtos de triquinose ainda são frequentes nos Estados Unidos. Quatro dos sete membros de uma família em Willoughby, estado de Ohio, manifestaram sintomas de triquinose depois de mergulharem salsichas no óleo e comerem-nas por vários dias sem qualquer cozimento.
Uma família de 8 pessoas, em Nova Berlim - Wisconsin, contraiu uma enfermidade cujos sintomas se assemelhavam aos da gripe. Exames posteriores possibilitaram o diagnóstico de triquinose. Todos eles comeram sanduíches de "bife" hamburguês cru. Presume-se que esses "bifes" estavam contaminados com carne de porco infectada, pois os animais bovinos não possuem vermes de triquina. Aquela carne fora comprada num mercado em que a carne de porco e a de gado eram moídas no mesmo aparelho. 
Algum tempo atrás foram diagnosticados 76 casos de triquinose em Washington, Estado de Missouri. Esse surto foi atribuído à ingestão de carne de porco não elaborada devidamente para destruir as larvas infecciosas.
Cumpre notar que desde o tempo em que Deus deu aquela ordem para os israelitas, até a década atual, a Medicina não tem conseguido curar pacientes com triquinose. O tratamento consiste em aliviar os sintomas ocasionados pelos vermes, e não em destruí-los.
 Labutando no Instituto Merck para Pesquisas Terapêuticas, Rahway, Nova Jersey, em 1962, o Dr. Guilherme C. Campbell observou que o medicamento chamado thiabendazole era eficaz para matar larvas de triquina nos músculos de camundongos, ratos ou porcos infectados. Isto constituía um passo significativo. Experiências com thabendazole em seres humanos também revelam bons resultados. A despeito do êxito com aquele medicamento, a triquinose ainda é uma enfermidade a ser evitada, e a descoberta dessas substâncias não autoriza o uso da carne de porco na alimentação.
Sobre o comer carne com o sangue a Bíblia determinantemente proíbe, pois no sangue se encontram todas as impurezas e enfermidades do animal (Gênesis 9:4; Levíticos 7:26, 27).
Alguns encaram os preceitos bíblicos como uma tentativa da Divindade de reprimir predileções alimentares bem arraigadas, mas na realidade tais proibições apenas objetivam nos assegurar uma vida mais saudável. A ciência moderna continua apoiando as declarações daquele que é o Criador dos homens e dos animais.
Vamos fazer um estudo completo sobre esse assunto de acordo com estas passagens: 
Marcos 7:15-19 - Alimentos puros ou impuros?
Atos 10 - A experiência de Cornélio.
Romanos 14 - Esclarecimentos de Paulo.
Para uma boa compreensão desse assunto três princípios de interpretação devem ser relembrados:
1) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete 
2) O contexto sempre ajuda a explicar o texto
3) Os fatos narrados devem estar em sua moldura histórica
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo disse: “nada há fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar...”, e a declaração de Marcos: “e assim considerou ele puros todos os alimentos”, precisamos analisar outras passagens bíblicas que nos esclarecerão sobre o exato significado de tais afirmativas. As duas mais significativas são:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) os esclarecimentos Paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com essa declaração anulando ensinamentos do Velho Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora deixaria de existir? Peçamos a Deus que nos esclareça a mente para entendermos com clareza os sábios ensinamentos de Sua Palavra.

1. A experiência de Pedro com Cornélio.
Lucas nos relata a experiência com certa pessoa de destacada posição social, da cidade de Cesaréia, chamada Cornélio. São salientados os predicados que ornavam seu caráter: piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, dava muitas esmolas aos necessitados e continuamente orava a Deus. Apesar desses atributos, ele necessitava de orientação divina para melhor compreender o plano de Deus para sua vida. Foi essa a razão pela qual enquanto orava um anjo lhe indicou que deveria chamar a Pedro para dar-lhe uma nova orientação.
Conhecendo Deus que Pedro não estava preparado para este ministério, deu-lhe a visão do terraço, na hora sexta (para nós ao meio dia). Sendo a hora da refeição, ele estava com fome e esperava o almoço ser preparado. Foi nessa hora que ele teve uma visão: do céu aberto descia algo como um grande lençol, repleto de animais próprios e impróprios para a alimentação. Nesse instante ele ouve aquelas tradicionais palavras: “levante-te, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Mas ele replicou com decisão e firmeza: de modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (10:14). A voz treplica: “ao que Deus purificou não consideres comum” (10:15).
Esse relato sem levar em consideração o contexto, e sem a interpretação através do conjunto das escrituras, pode significar que não há alimentos imundos, já que Deus os purificou, porém todos sabemos que através da visão de Pedro, Deus queria ensiná-lo a não fazer distinção entre as pessoas.
Terminada a visão, ao Pedro estar reflexionando sobre seu exato significado, aproximam-se os mensageiros de Cornélio com o inusitado convite para que fosse a sua casa. Iluminado pelo Espírito Santo ele compreendeu o exato significado da visão.
Essa experiência de Pedro nos mostra claramente que ele teria recusado seguir aqueles “gentios”, se a visão não lhe tivesse sido dada. A visão nos mostra ainda que Deus se utiliza de processos os mais variados, para nos ensinar suas preciosas lições.
A finalidade primordial da visão foi ensinar-lhe que não deveria considerar a nenhum homem como imundo, pois todos são dignos de receber a salvação. Nada nesse relato tem a ver com a classificação bíblica de animais próprios e impróprios para nossa alimentação. (Ver Atos 11: 1-18). 

2. O Problema da Consciência de Romanos 14.
Romanos 14 aparece na Tradução Revista e Atualizada no Brasil com o título: "A Tolerância para com os Fracos na Fé". Muitos julgam encontrar em Romanos 14 uma poderosa escora para derribar a distinção bíblica entre animais limpos e imundos e a observância do sétimo dia.
 O renomado estudioso W. Rand em seu "Dicionário de La Santa Bíblia", pág. 560 afirma: "Segundo se depreende da própria epístola, o motivo que teve Paulo para escrevê-la foram as desinteligências que surgiam entre os conversos judeus e os conversos gentios, não somente em Roma, mas em todas as partes. O judeu, quanto aos seus privilégios, sentia-se superior ao gentio, o qual por sua vez, não reconhecia tal superioridade e se sentia desgostoso quando tal se lhe afirmava".
Conforme o terceiro princípio de interpretação anteriormente citado seria bom destacar que, com a expansão do Cristianismo pela Ásia Menor e Europa, o evangelho foi aceito por gentios e judeus. Os judeus, mesmo após a aceitação do Cristianismo, conservavam resquícios da tradição judaica e princípios da lei cerimonial.
Outro comentário diz: "De fato, os primeiros cristãos não foram solicitados a deixarem repentinamente de comparecer às festas judaicas anuais ou repudiarem de imediato todos os ritos cerimoniais ... o próprio Paulo, após sua conversão esteve em muitas festas, e conquanto ensinasse que a circuncisão nada era, circuncidou a Timóteo e concordou em fazer um voto de acordo com estipulações do Antigo Código".
Além da oportunidade das festas e cerimônias dos judeus, o que mais agravava este estado de coisas, era o fato de os judaizantes quererem impor aos gentios as observâncias. Os gentios não as aceitavam e com isso os judeus se irritavam, tornando o ambiente carregado e comprometedor para a causa do evangelho. Dentre estas pendências, destacava-se a carne sacrificada aos ídolos pelos pagãos. Após o oferecimento da carne a Júpiter, Mercúrio, Diana e a outros deuses mitológicos eles a colocavam com as outras carnes que vendiam. Os judaizantes eram totalmente contrários à compra de carne no açougue, pelo fato de não saberem se ela tinha ou não sido oferecida aos ídolos. Os cristãos gentios não eram tão escrupulosos e criam que o oferecimento da carne aos ídolos não a contaminava.
O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) tecendo considerações sobre Romanos 14:2, acentua:
"Débil na fé - isto é, aquele que tinha limitada compreensão dos princípios da justiça, ansioso por salvar-se e disposto a fazer tudo quanto cria que dele se exigia. Contudo na imaturidade de sua experiência cristã e provavelmente em decorrência de sua crença e educação anteriores, ele procurava assegurar salvação pela observância de certos preceitos e regulamentos, que na realidade não se exigiam dele. Para ele tais preceitos assumiam a maior importância. Julgava-os absolutamente necessários à salvação, e ficava escandalizado e confuso, ao ver outros cristãos ao redor, sem dúvida mais amadurecidos e experientes, que não partilhavam destes escrúpulos".
Com respeito às carnes sacrificadas aos ídolos, quem as julgasse impróprias, não as deveria comer, embora não devesse julgar aquele que assim o fizesse.
I Coríntios 8 trata do mesmo assunto, e a sua leitura nos é mais elucidativa sobre este problema. O ponto capital, tanto em Romanos 14 como em I Coríntios 8 é concluir que não havia mal nenhum em comer carne sacrificada aos ídolos, mas se isso escandalizasse os irmãos fracos era melhor evitar.
Paulo não visa com esses relatos, determinar que espécie de alimento deve ser ingerida pelos cristãos, como uma exegese errada poderia mostrar. O cerne da questão nada tem a ver com regime alimentar, como todos os comentaristas reconhecem, mas simplesmente um problema de consciência. Em outras palavras recomenda que aquele que é fraco na fé não deve ser desprezado pelos demais membros da igreja, mas sim tratado com o mesmo amor cristão.
O exegeta Charles R. Erdman em seu comentário de Romanos, pág. 153 se expressa desta maneira: "Aquele que é débil na fé, que não aprende o pleno sentido da salvação pela graça, que pensa que observar certas regras ou preceitos quanto ao alimento ou a ritos religiosos o fará mais aceitável diante de Deus, deve ser recebido na igreja, contudo, não se deve com ele discutir a respeito desses escrúpulos por ele afagados. Uma pessoa pode admitir que comer ou abster-se de certos alimentos sadios é matéria de indiferença moral; outra pode crer que agradará mais a Deus se apenas se alimentar de legumes".
Paulo orientava a igreja para o extermínio de partidos, a fim de que a igreja não se dividisse e para que os dois grupos pudessem viver num espírito de tolerância e harmonia.

Estudo do contexto de Marcos 7:15 e 19:
O evangelista começa o capítulo 7 nos informando, que um grupo de fariseus e escribas se aproximou de Cristo para o interrogarem, porque os seus discípulos não seguiam preceitos estabelecidos pela tradição humana.
O Talmude está repleto de regrinhas orientadoras de como o povo judeu devia comportar-se em todas as circunstâncias da vida.
Os discípulos e seu Mestre orientavam-se por princípios elevados, advindos da palavra de Deus, e não por regulamentos humanos, que naquele tempo eram conhecidos como "Lei Oral" e "Tradição dos Anciãos". Esse comportamento correto de Jesus, fez com que surgissem conflitos entre Ele e os judeus. Como exemplo temos esta divergência quanto a lavar as mãos, não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial.
Como bem nos esclarece o comentarista William Barclay em El Nuevo Testamento, Vol 3. Pág. 179: "Esta era a religião para os fariseus e escribas. Rituais, cerimônias, regras e regulamentações como estas era o que se considerava a essência do serviço de Deus. A religião ética está imersa sob uma massa de tabus, regras e regulamentações."
A resposta de Cristo é um terrível libelo aos ensinamentos dos homens: "Respondeu-lhes: bem profetizou Isaías, a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens". Marcos 7: 6-8.
A verdadeira contaminação: ao ventilar este ponto negativo, totalmente farisaico, Jesus chamou a multidão para junto de si e disse: "Ouvi-me, todos vós, e compreendei". Marcos 7:14.
Cristo lhes ensina o quê na realidade contamina o homem. Através de uma linguagem figurada procurou mostrar-lhes que o verdadeiro objetivo da religião, consistia em libertar o cristianismo do legalismo. Apresentou-lhes o fato de que o coração é fonte de toda a contaminação. "Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar, mas o que sai dele, isso é que contamina o homem". Marcos 7:15.
Não há nenhuma preocupação, nesse relato, em apresentar provas de que esse alimento é limpo ou impuro, mas em apresentar ao povo a necessidade de abandonar doutrinas, que são preceitos dos homens, e seguir a religião pura ensinada por Cristo.
O comentário expositivo do Evangelho Segundo Marcos de J. C. Ryle, pág. 69, consigna: "A pureza moral não depende de lavar ou deixar de lavar, de manusear ou deixar de manusear, de comer ou deixar de comer como queriam e ensinavam os escribas e fariseus".
Jesus queria adverti-los de que não haveria valor em fazerem tremendos esforços se não tivessem o verdadeiro Deus. O resultado de lavar as mãos seria inútil, como o próprio Cristo disse, se o coração estivesse inundado de lascívia, prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, dolo, inveja, soberba e loucura (Marcos 7:21-22).

Purificando todos os alimentos:
Ao Deus estabelecer o homem na Terra, indicou-lhe precisamente qual deveria ser sua alimentação. O registro divino nos ensina que o homem devia comer dos produtos do campo e das árvores, ou sejam: grãos, nozes e frutas.
Gênesis 1:29 declara: "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento".
Após o dilúvio, pela escassez desses alimentos, permitiu-se ao homem a alimentação cárnea; porém, a Bíblia é bastante clara na distinção entre os animais próprios e impróprios para a alimentação, em conformidade com Levíticos 11. Neste capítulo notaremos uma classificação de alimentos aprovados por Deus, isto é, alimentos puros, e também uma série de alimentos considerados imundos. Essa classificação é divina, transmitida a Moisés para que, por seu intermédio, o povo de Israel a praticasse e posteriormente também todos os que pautassem a vida pelos princípios da Palavra de Deus o fizessem. Como cristãos ou israelitas modernos, cremos que esta classificação perdura, basta para isso aceitarmos o propósito divino ao fazer esta distinção e considerarmos a Bíblia como um todo inspirado por Deus.
O contexto geral do capítulo sete de Marcos nos mostra que Jesus não está interessado em falar se esta ou aquela comida é pura ou imunda, mas em ensinar ao povo judeu e a nós como igreja cristã que o essencial é aceitarmos a Bíblia e não o que dizem os homens em suas doutrinas erradas.

O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) corrobora as afirmações anteriores ao declarar sobre Marcos 7:15 o seguinte: "Foi sempre, e exclusivamente contra preceitos de homens (v. 7) que Jesus protestou, em aguda distinção do mandamento de Deus (v.8), como se apresenta nas Escrituras. Aplicar os versos 15-23 ao caso de alimentos puros e impuros é ignorar completamente o contexto. Tivesse Jesus nessa ocasião eliminado a distinção entre as carnes limpas e imundas e seria óbvio que Pedro não teria, posteriormente, respondido como respondeu à ideia de comer alimentos impuros".

“E assim considerou ele puros todos os alimentos”:
Esta declaração de Marcos tem sido problemática para copistas, teólogos, exegetas e comentaristas.
Alguns têm declarado que a afirmação do verso 19 em grego, não se encontrava no original de muitos manuscritos, sendo portanto um acréscimo posterior. O renomado exegeta Bruce M. Metzger, em sua autoridade inquestionável, no livro "A Textual Commentary on the Greek New Testament" pág. 95, tece considerações sobre o verso e declara: “o peso esmagador dos manuscritos nos convencem de que a afirmativa foi escrita por Marcos. Diante da dificuldade do verbo purificar, muitos copistas tentaram correções e melhorias. Metzger conclui: muitos eruditos modernos, seguindo a interpretação sugerida por Orígenes e Crisóstomo consideram o verbo “cataridzo”, ligado gramaticalmente com "leguei" do verso 18 tomando assim o comentário do evangelista com as implicações das palavras de Jesus concernentes às leis dietéticas judaicas.
Essa mesma ideia é esposada pelo livro Consultoria Doutrinária, Casa Publicadora Brasileira, págs. 130 a 132, do qual destacamos: "Nalgumas Bíblias a declaração final do versículo 19, parece fazer da instrução de Cristo, um sentido de que o processo da digestão e eliminação tem efeito do “purificar todos os alimentos”. O texto grego, porém, torna evidente que essas palavras não são de Cristo, mas de Marcos, e constituem seu comentário sobre o que Cristo queria dizer. Por conseguinte, é necessário interpretar a expressão sob o aspecto das palavras “Então lhes disse”, do versículo 18. A última frase do versículo 19 rezaria assim: “(Então lhes disse isto), purificando todos os alimentos” ou “considerando puros todos os alimentos” - a saber, sem levar em consideração se a pessoa que comia realizara ou não a ablução cerimonial preceituada. Era essa a questão em debate (verso 2).
Em segundo lugar, convém notar que a palavra grega “bromata”, traduzida por alimentos, significa simplesmente “o que se come” e inclui todas as espécies de alimentos; e jamais distingue carne dos animais de outras espécies de alimentos. Restringir as palavras “considerou puros todos os alimentos” aos alimentos cárneos e inferir que Cristo aboliu a distinção entre carnes limpas e imundas usadas como alimento (ver Levíticos 11), é desconhecer completamente o sentido do texto grego.
Percebe-se pois, que o versículo 19 não foi acrescentado, mas que a expressão final deste versículo não foi usada por Cristo, e sim, por Marcos, para indicar que a cerimônia de lavar as mãos várias vezes antes de comer - não por limpeza, mas por tradição cerimonial - nada tinha que ver com a salvação. Isso, no entanto, não quer dizer que se deva comer com as mãos sujas, ou que se possam usar todas e quaisquer carnes de animais, mesmo dos que foram proibidos em Levíticos 11.
Outra autoridade, não menos destacada, Marvin R. Vincent, em Word Studies in the New Testament, vol I., pág. 201, afirma sobre Marcos 7:19: "Cristo estava enfatizando a verdade de que toda contaminação vem de dentro. Isto era em face das distinções rabínicas entre alimentos puros e imundos. Cristo declara que a impureza levítica, como o comer sem lavar as mãos, é de pouca importância quando comparada com a impureza moral. Pedro, ainda sob a influência dos antigos conceitos, não consegue entender a declaração e pede uma explicação (Mateus 15:15), que Cristo dá nos versos 18-20. As palavras “purificando todos os alimentos”, não são de Cristo mas do evangelho explicando o significado das palavras de Cristo; a versão Revisada do Novo Testamento, portanto, traduz corretamente “isto ele disse (em itálico), tornando limpos todos os alimentos”.
Esta era a interpretação de Crisóstomo, que diz em sua homília sobre Mateus: “Porém, Marcos diz que Cristo disse estas coisas tornando puros todos os alimentos”. Canon Farrar refere-se a uma passagem citada de Gregório Taumaturgo: “E o Salvador, que purifica todos os alimentos diz” ...

Conclusão
Nada melhor do que concluir este trabalho com as oportunas palavras de J.C. Ryle, em seu Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Marcos, ao tecer considerações sobre o capítulo sete de Marcos:
"Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos”.
Podemos então entender claramente, que a razão para Deus ter proibido certos alimentos tinha que ver exclusivamente com um princípio de saúde e não com um ritual religioso. Assim sendo, aquilo que era prejudicial ao homem nos dias de Moisés, também o era nos dias de Cristo, não fazendo sentido então, querer achar que Cristo estava abolindo um princípio de saúde.
O capítulo 11 de Levíticos tem despertado o interesse de todo exegeta do Antigo Testamento interessado nas leis e regulamentos judaicos. Mesmo os interessados na fauna do Oriente Médio, têm considerado esse capítulo de certa utilidade. Para o homem moderno, Levíticos 11 parece ser um capítulo que pertence ao mundo da superstição e do tabu, ou a um mundo primitivo da ignorância humana.
Ao estudarmos esse capítulo, notaremos imediatamente várias coisas:
1. O capítulo é formado de seis seções principais. Cada seção se inicia usando a palavra estes, esses, esta (vs. 2, 9, 13, 24, 29, 46). O conteúdo do capítulo está, em termos gerais, bem organizado.
2. Os animais estão agrupados de acordo com a área em que habitam. Dessa forma, são mencionados primeiro os animais ou criaturas que habitam sobre a terra (vs. 2-8), depois os que habitam na água (vs. 9-12), e, finalmente, as criaturas do ar, aquelas que voam (vs. 13-23).
3. A distinção entre animais limpos e imundos é feita de maneira simples: os animais limpos têm unhas fendidas e remoem; os peixes limpos possuem barbatanas e escamas; e os pássaros ou aves limpos são caracterizados por não serem aves de rapina. No caso dos insetos, os que possuem pernas para saltar podem servir de alimento (vs. 20:22).
4. O capítulo estabelece que a capacidade de contaminação dos animais impuros não se limita apenas ao ato de comer a sua carne. O indivíduo pode contaminar-se dependendo da forma que manuseia corpos mortos (v. 24). Mesmo um animal limpo que morre, torna-se um instrumento de impureza, podendo assim ser um agente contaminador, caso esse animal seja portador de alguma doença, ou até mesmo pelos microrganismos que se avolumam num corpo em putrefação (vs. 39). Com isso, podemos ver que um corpo morto é fonte de impureza.
5. A identificação de alguns animais mencionados em Levíticos 11 é desconhecida. Algumas versões bíblicas preferiram transliterar alguns termos hebraicos, em lugar de lhes adivinhar o significado (v. 22 - argol e hagabe, que provavelmente designem fases do desenvolvimento do gafanhoto ou grupos diversos de gafanhotos). Claro é que, para os leitores da Bíblia daquela época, a identificação não constituía um problema.
Estas breves observações indicam que Lev. 11 tem um caráter didático. A maneira simples e bem estruturada do capítulo tem como objetivo facilitar ao israelita o aprendizado do seu conteúdo. Nesse processo, foi muito útil seguir o princípio de distinção entre animais limpos e imundos, com a menção de exemplos específicos que ilustram o princípio exposto. Por isso é que a classificação dos animais em limpos e imundos não tem, o que se poderia chamar de, um caráter "científico", cuja compreensão está limitada ao especialista. Os critérios a serem usados para identificação do animal limpo ou imundo são de tipo pragmático, determinados, exclusivamente, por aquilo que qualquer pessoa podia observar na fauna, como por exemplo, o animal de unha fendida que rumina. A lei era estabelecida de acordo com o nível do israelita comum. Deus estava instruindo o Seu povo em geral, e não apenas um grupo privilegiado dentre o povo. 
A lei dos animais limpos e imundos é uma lei de saúde, que tem o objetivo de preservar a saúde do povo através de medidas preventivas de higiene. Deus informa Seu povo sobre aquilo que, por ser o melhor, devem comer para proteger o seu organismo. 
Comer não é, portanto, uma atividade apenas secular na vida do ser humano. Há um aspecto ético-religioso nas leis de saúde de Lev. 11. Se Deus definiu o que se deve ou não comer, isso deveria merecer nossa atenção.
Devemos mencionar, contudo, que os animais puros são relativamente puros. Quando morre, a impureza se apossa inteiramente deles (Lev. 11:39 e 40), e sua carne não pode ser comida nem tocada. Dessa forma, "os animais limpos são comparativamente confiáveis, como fonte de alimento, enquanto os imundos devem ser evitados devido à possibilidade de sua carne poder transmitir infecções".
Essa lei sobre alimentos não contaminados é, quanto se saiba, única no antigo Oriente Próximo. A submissão a essa lei contribuiria, significativamente, para distinguir os hebreus das demais nações que os rodeavam. Dessa maneira, proclamariam sua singularidade e a do seu Deus (Lev. 20:25 e 26).
A lei dos alimentos limpos e imundos é uma lei de saúde. Originalmente, a diferença entre animais limpos e imundos foi estabelecida por Deus para especificar os animais, dentre os quadrúpedes e aves, que Ele aceitaria como sacrifício sobre Seu altar. Aparentemente, o critério que Ele usou para separar os animais foi o do estado de saúde destes. Os animais cujo corpo fosse sadio, poderiam ser oferecidos a Deus em sacrifício.
Quando Deus autorizou Seu povo a comer carne, eles deveriam usar como alimento os animais que Yahweh aceita como sacrifício. A lei torna-se agora numa lei de saúde, que tem como finalidade preservar a saúde física e espiritual do povo. Essa lei indica que Yahweh Se interessa pela saúde física de Seu povo. O físico é algo que Deus deseja que seja preservado em ótimo estado. Essa lei de saúde fala do cuidado preventivo e do interesse divino por tal cuidado. O conceito holístico do homem no pensamento bíblico, determina que saúde completa é a união do bem-estar espiritual, bem-estar físico e mental. É para esse tipo de saúde que as leis sobre alimentos limpos apontam e a tornam-se relevantes para o homem moderno.
Vamos analisar como exemplo a carne de porco:
"A carne de porco, apesar de ser uma das mais comuns fontes de alimentação, é também uma das mais prejudiciais. Deus não proibiu os hebreus de comerem carne de porco apenas para mostrar Sua autoridade, mas por não ser ela apropriada à alimentação do homem" - Conselhos sobre o regime alimentar, pág. 392.

Ao estabelecer princípios dietéticos para os israelitas, a intenção de Deus era que essas regras fossem como uma fonte de perenal benefício para a humanidade. A transmissão de algumas enfermidades, segundo a comprovação de pesquisas médicas recentes, justifica plenamente a existência dessa lei antiga.
A parasitologia, no tempo atual, comprova que um protozoário ciliado - a tênia do porco - e um verme nematóide - a triquina - ocasionam importantes enfermidades que os porcos partilham com os seres humanos.
O protozoário ciliado, denominado cientificamente Balantidium coli, é extremamente comum nos suínos. Pesquisas recentes em diversos países revelam uma incidência da ordem de 21 a 100%. Esse organismo é muito menos comum no homem. A incidência geral de 1% em Porto Rico, é típica da que ocorre em muitos países. Quando se encontra no homem, pode ocasionar graves sintomas clínicos. Provas atuais apontam para o porco como a causa principal do contágio humano.
A incidência de contágio humano com o cestóideo do porco (Taenia Solium), em regra uma fração de 1%, varia ao redor do mundo. Em seu famoso relato This Wormu World ("Este Mundo Verminado"), escrito em 1947, Stoll calculou que 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo estavam contagiados por esse verme.

Graves efeitos da Triquina
O verme da Triquina (Trichinella Spiralis) restringe-se à Europa Central e às regiões temperadas da América a que se dirigiram os seus emigrantes.
Em comparação com o protozoário ciliado e a tênia do porco, a triquina ocasiona gravíssimos efeitos no corpo humano. Os vermes adultos se acham presentes no intestino delgado. Após o acasalamento, as fêmeas produzem larvas que penetram nos vasos sanguíneos e se alastram por todas as partes do corpo. Essas larvas migratórias podem invadir os músculos esqueletais, o cérebro, a medula dos ossos, a retina e os pulmões. Visto que cada fêmea pode produzir mais de 1500 larvas e como esses vermes imaturos invadem muitos órgãos do corpo, podem aparecer muito sintomas clínicos. Nas afecções graves, a morte pode ocorrer na segunda ou terceira semana, mas é mais frequente da quarta à sexta semana após o contágio. As possibilidades de restabelecimento variam de acordo com a localização e o número de larvas, a intensidade dos sintomas e a condição física do paciente.
Em geral, admite-se que a presença de vermes de triquina nos porcos constituía a base para a proibição de seu uso como alimento pelo povo judeu. No livro A History of Parasitology ("História da Parasitologia"), W.D. Foster (1965) há uma ênfase sobre esse ponto de vista: "As proibições mosaicas e muçulmanas com referência à carne de porco foram motivadas, com muito mais probabilidade, pela observação de surtos de triquinose, do que por qualquer outro reconhecimento da correlação com a infestação pela tênia. A correlação da enfermidade com o comer carne de porco estava facilmente ao alcance da compreensão dos povos primitivos. Em realidade, é surpreendente que essa correlação haja sido olvidada pelo mundo em geral, apesar de as condições terem sido invulgares, e olhando para trás podemos reconhecer epidemias que indubitavelmente foram motivadas pela triquinose."

A Triquinose ainda é frequente 
Surtos de triquinose ainda são frequentes nos Estados Unidos. Quatro dos sete membros de uma família em Willoughby, estado de Ohio, manifestaram sintomas de triquinose depois de mergulharem salsichas no óleo e comerem-nas por vários dias sem qualquer cozimento.
Uma família de 8 pessoas, em Nova Berlim - Wisconsin, contraiu uma enfermidade cujos sintomas se assemelhavam aos da gripe. Exames posteriores possibilitaram o diagnóstico de triquinose. Todos eles comeram sanduíches de "bife" hamburguês cru. Presume-se que esses "bifes" estavam contaminados com carne de porco infectada, pois os animais bovinos não possuem vermes de triquina. Aquela carne fora comprada num mercado em que a carne de porco e a de gado eram moídas no mesmo aparelho. 
Algum tempo atrás foram diagnosticados 76 casos de triquinose em Washington, Estado de Missouri. Esse surto foi atribuído à ingestão de carne de porco não elaborada devidamente para destruir as larvas infecciosas.
Cumpre notar que desde o tempo em que Deus deu aquela ordem para os israelitas, até a década atual, a Medicina não tem conseguido curar pacientes com triquinose. O tratamento consiste em aliviar os sintomas ocasionados pelos vermes, e não em destruí-los.
Labutando no Instituto Merck para Pesquisas Terapêuticas, Rahway, Nova Jersey, em 1962, o Dr. Guilherme C. Campbell observou que o medicamento chamado thiabendazole era eficaz para matar larvas de triquina nos músculos de camundongos, ratos ou porcos infectados. Isto constituía um passo significativo. Experiências com thabendazole em seres humanos também revelam bons resultados. A despeito do êxito com aquele medicamento, a triquinose ainda é uma enfermidade a ser evitada, e a descoberta dessas substâncias não autoriza o uso da carne de porco na alimentação.
Sobre o comer carne com o sangue a Bíblia determinantemente proíbe, pois no sangue se encontram todas as impurezas e enfermidades do animal (Gênesis 9:4; Levíticos 7:26, 27).
Alguns encaram os preceitos bíblicos como uma tentativa da Divindade de reprimir predileções alimentares bem arraigadas, mas na realidade tais proibições apenas objetivam nos assegurar uma vida mais saudável. A ciência moderna continua apoiando as declarações daquele que é o Criador dos homens e dos animais.
Vamos fazer um estudo completo sobre esse assunto de acordo com estas passagens: 
Marcos 7:15-19 - Alimentos puros ou impuros?
Atos 10 - A experiência de Cornélio.
Romanos 14 - Esclarecimentos de Paulo.
Para uma boa compreensão desse assunto três princípios de interpretação devem ser relembrados:
1) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete
2) O contexto sempre ajuda a explicar o texto
3) Os fatos narrados devem estar em sua moldura histórica
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo disse: “nada há fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar...”, e a declaração de Marcos: “e assim considerou ele puros todos os alimentos”, precisamos analisar outras passagens bíblicas que nos esclarecerão sobre o exato significado de tais afirmativas. As duas mais significativas são:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) os esclarecimentos Paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com essa declaração anulando ensinamentos do Velho Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora deixaria de existir? Peçamos a Deus que nos esclareça a mente para entendermos com clareza os sábios ensinamentos de Sua Palavra.

1. A experiência de Pedro com Cornélio.
Lucas nos relata a experiência com certa pessoa de destacada posição social, da cidade de Cesaréia, chamada Cornélio. São salientados os predicados que ornavam seu caráter: piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, dava muitas esmolas aos necessitados e continuamente orava a Deus. Apesar desses atributos, ele necessitava de orientação divina para melhor compreender o plano de Deus para sua vida. Foi essa a razão pela qual enquanto orava um anjo lhe indicou que deveria chamar a Pedro para dar-lhe uma nova orientação.
Conhecendo Deus que Pedro não estava preparado para este ministério, deu-lhe a visão do terraço, na hora sexta (para nós ao meio dia). Sendo a hora da refeição, ele estava com fome e esperava o almoço ser preparado. Foi nessa hora que ele teve uma visão: do céu aberto descia algo como um grande lençol, repleto de animais próprios e impróprios para a alimentação. Nesse instante ele ouve aquelas tradicionais palavras: “levante-te, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Mas ele replicou com decisão e firmeza: de modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (10:14). A voz treplica: “ao que Deus purificou não consideres comum” (10:15).
Esse relato sem levar em consideração o contexto, e sem a interpretação através do conjunto das escrituras, pode significar que não há alimentos imundos, já que Deus os purificou, porém todos sabemos que através da visão de Pedro, Deus queria ensiná-lo a não fazer distinção entre as pessoas.
Terminada a visão, ao Pedro estar reflexionando sobre seu exato significado, aproximam-se os mensageiros de Cornélio com o inusitado convite para que fosse a sua casa. Iluminado pelo Espírito Santo ele compreendeu o exato significado da visão.
Essa experiência de Pedro nos mostra claramente que ele teria recusado seguir aqueles “gentios”, se a visão não lhe tivesse sido dada. A visão nos mostra ainda que Deus se utiliza de processos os mais variados, para nos ensinar suas preciosas lições.
A finalidade primordial da visão foi ensinar-lhe que não deveria considerar a nenhum homem como imundo, pois todos são dignos de receber a salvação. Nada nesse relato tem a ver com a classificação bíblica de animais próprios e impróprios para nossa alimentação. (Ver Atos 11: 1-18). 

2. O Problema da Consciência de Romanos 14.
Romanos 14 aparece na Tradução Revista e Atualizada no Brasil com o título: "A Tolerância para com os Fracos na Fé". Muitos julgam encontrar em Romanos 14 uma poderosa escora para derribar a distinção bíblica entre animais limpos e imundos e a observância do sétimo dia.
O renomado estudioso W. Rand em seu "Dicionário de La Santa Bíblia", pág. 560 afirma: "Segundo se depreende da própria epístola, o motivo que teve Paulo para escrevê-la foram as desinteligências que surgiam entre os conversos judeus e os conversos gentios, não somente em Roma, mas em todas as partes. O judeu, quanto aos seus privilégios, sentia-se superior ao gentio, o qual por sua vez, não reconhecia tal superioridade e se sentia desgostoso quando tal se lhe afirmava".
Conforme o terceiro princípio de interpretação anteriormente citado seria bom destacar que, com a expansão do Cristianismo pela Ásia Menor e Europa, o evangelho foi aceito por gentios e judeus. Os judeus, mesmo após a aceitação do Cristianismo, conservavam resquícios da tradição judaica e princípios da lei cerimonial.
Outro comentário diz: "De fato, os primeiros cristãos não foram solicitados a deixarem repentinamente de comparecer às festas judaicas anuais ou repudiarem de imediato todos os ritos cerimoniais ... o próprio Paulo, após sua conversão esteve em muitas festas, e conquanto ensinasse que a circuncisão nada era, circuncidou a Timóteo e concordou em fazer um voto de acordo com estipulações do Antigo Código".
Além da oportunidade das festas e cerimônias dos judeus, o que mais agravava este estado de coisas, era o fato de os judaizantes quererem impor aos gentios as observâncias. Os gentios não as aceitavam e com isso os judeus se irritavam, tornando o ambiente carregado e comprometedor para a causa do evangelho. Dentre estas pendências, destacava-se a carne sacrificada aos ídolos pelos pagãos. Após o oferecimento da carne a Júpiter, Mercúrio, Diana e a outros deuses mitológicos eles a colocavam com as outras carnes que vendiam. Os judaizantes eram totalmente contrários à compra de carne no açougue, pelo fato de não saberem se ela tinha ou não sido oferecida aos ídolos. Os cristãos gentios não eram tão escrupulosos e criam que o oferecimento da carne aos ídolos não a contaminava.
O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) tecendo considerações sobre Romanos 14:2, acentua:
"Débil na fé - isto é, aquele que tinha limitada compreensão dos princípios da justiça, ansioso por salvar-se e disposto a fazer tudo quanto cria que dele se exigia. Contudo na imaturidade de sua experiência cristã e provavelmente em decorrência de sua crença e educação anteriores, ele procurava assegurar salvação pela observância de certos preceitos e regulamentos, que na realidade não se exigiam dele. Para ele tais preceitos assumiam a maior importância. Julgava-os absolutamente necessários à salvação, e ficava escandalizado e confuso, ao ver outros cristãos ao redor, sem dúvida mais amadurecidos e experientes, que não partilhavam destes escrúpulos".
Com respeito às carnes sacrificadas aos ídolos, quem as julgasse impróprias, não as deveria comer, embora não devesse julgar aquele que assim o fizesse.
I Coríntios 8 trata do mesmo assunto, e a sua leitura nos é mais elucidativa sobre este problema. O ponto capital, tanto em Romanos 14 como em I Coríntios 8 é concluir que não havia mal nenhum em comer carne sacrificada aos ídolos, mas se isso escandalizasse os irmãos fracos era melhor evitar.
Paulo não visa com esses relatos, determinar que espécie de alimento deve ser ingerida pelos cristãos, como uma exegese errada poderia mostrar. O cerne da questão nada tem a ver com regime alimentar, como todos os comentaristas reconhecem, mas simplesmente um problema de consciência. Em outras palavras recomenda que aquele que é fraco na fé não deve ser desprezado pelos demais membros da igreja, mas sim tratado com o mesmo amor cristão.
O exegeta Charles R. Erdman em seu comentário de Romanos, pág. 153 se expressa desta maneira: "Aquele que é débil na fé, que não aprende o pleno sentido da salvação pela graça, que pensa que observar certas regras ou preceitos quanto ao alimento ou a ritos religiosos o fará mais aceitável diante de Deus, deve ser recebido na igreja, contudo, não se deve com ele discutir a respeito desses escrúpulos por ele afagados. Uma pessoa pode admitir que comer ou abster-se de certos alimentos sadios é matéria de indiferença moral; outra pode crer que agradará mais a Deus se apenas se alimentar de legumes".
Paulo orientava a igreja para o extermínio de partidos, a fim de que a igreja não se dividisse e para que os dois grupos pudessem viver num espírito de tolerância e harmonia.

Estudo do contexto de Marcos 7:15 e 19:
O evangelista começa o capítulo 7 nos informando, que um grupo de fariseus e escribas se aproximou de Cristo para o interrogarem, porque os seus discípulos não seguiam preceitos estabelecidos pela tradição humana.
O Talmude está repleto de regrinhas orientadoras de como o povo judeu devia comportar-se em todas as circunstâncias da vida.
Os discípulos e seu Mestre orientavam-se por princípios elevados, advindos da palavra de Deus, e não por regulamentos humanos, que naquele tempo eram conhecidos como "Lei Oral" e "Tradição dos Anciãos". Esse comportamento correto de Jesus, fez com que surgissem conflitos entre Ele e os judeus. Como exemplo temos esta divergência quanto a lavar as mãos, não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial.
Como bem nos esclarece o comentarista William Barclay em El Nuevo Testamento, Vol 3. Pág. 179: "Esta era a religião para os fariseus e escribas. Rituais, cerimônias, regras e regulamentações como estas era o que se considerava a essência do serviço de Deus. A religião ética está imersa sob uma massa de tabus, regras e regulamentações."
A resposta de Cristo é um terrível libelo aos ensinamentos dos homens: "Respondeu-lhes: bem profetizou Isaías, a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens". Marcos 7: 6-8.
A verdadeira contaminação: ao ventilar este ponto negativo, totalmente farisaico, Jesus chamou a multidão para junto de si e disse: "Ouvi-me, todos vós, e compreendei". Marcos 7:14.
Cristo lhes ensina o quê na realidade contamina o homem. Através de uma linguagem figurada procurou mostrar-lhes que o verdadeiro objetivo da religião, consistia em libertar o cristianismo do legalismo. Apresentou-lhes o fato de que o coração é fonte de toda a contaminação. "Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar, mas o que sai dele, isso é que contamina o homem". Marcos 7:15.
Não há nenhuma preocupação, nesse relato, em apresentar provas de que esse alimento é limpo ou impuro, mas em apresentar ao povo a necessidade de abandonar doutrinas, que são preceitos dos homens, e seguir a religião pura ensinada por Cristo.
O comentário expositivo do Evangelho Segundo Marcos de J. C. Ryle, pág. 69, consigna: "A pureza moral não depende de lavar ou deixar de lavar, de manusear ou deixar de manusear, de comer ou deixar de comer como queriam e ensinavam os escribas e fariseus".
Jesus queria adverti-los de que não haveria valor em fazerem tremendos esforços se não tivessem o verdadeiro Deus. O resultado de lavar as mãos seria inútil, como o próprio Cristo disse, se o coração estivesse inundado de lascívia, prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, dolo, inveja, soberba e loucura (Marcos 7:21-22).

Purificando todos os alimentos:
Ao Deus estabelecer o homem na Terra, indicou-lhe precisamente qual deveria ser sua alimentação. O registro divino nos ensina que o homem devia comer dos produtos do campo e das árvores, ou sejam: grãos, nozes e frutas.
Gênesis 1:29 declara: "E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento".
Após o dilúvio, pela escassez desses alimentos, permitiu-se ao homem a alimentação cárnea; porém, a Bíblia é bastante clara na distinção entre os animais próprios e impróprios para a alimentação, em conformidade com Levíticos 11. Neste capítulo notaremos uma classificação de alimentos aprovados por Deus, isto é, alimentos puros, e também uma série de alimentos considerados imundos. Essa classificação é divina, transmitida a Moisés para que, por seu intermédio, o povo de Israel a praticasse e posteriormente também todos os que pautassem a vida pelos princípios da Palavra de Deus o fizessem. Como cristãos ou israelitas modernos, cremos que esta classificação perdura, basta para isso aceitarmos o propósito divino ao fazer esta distinção e considerarmos a Bíblia como um todo inspirado por Deus.
O contexto geral do capítulo sete de Marcos nos mostra que Jesus não está interessado em falar se esta ou aquela comida é pura ou imunda, mas em ensinar ao povo judeu e a nós como igreja cristã que o essencial é aceitarmos a Bíblia e não o que dizem os homens em suas doutrinas erradas.

O SDABC (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia) corrobora as afirmações anteriores ao declarar sobre Marcos 7:15 o seguinte: "Foi sempre, e exclusivamente contra preceitos de homens (v. 7) que Jesus protestou, em aguda distinção do mandamento de Deus (v.8), como se apresenta nas Escrituras. Aplicar os versos 15-23 ao caso de alimentos puros e impuros é ignorar completamente o contexto. Tivesse Jesus nessa ocasião eliminado a distinção entre as carnes limpas e imundas e seria óbvio que Pedro não teria, posteriormente, respondido como respondeu à ideia de comer alimentos impuros".

“E assim considerou ele puros todos os alimentos”:
Esta declaração de Marcos tem sido problemática para copistas, teólogos, exegetas e comentaristas.
Alguns têm declarado que a afirmação do verso 19 em grego, não se encontrava no original de muitos manuscritos, sendo portanto um acréscimo posterior. O renomado exegeta Bruce M. Metzger, em sua autoridade inquestionável, no livro "A Textual Commentary on the Greek New Testament" pág. 95, tece considerações sobre o verso e declara: “o peso esmagador dos manuscritos nos convencem de que a afirmativa foi escrita por Marcos. Diante da dificuldade do verbo purificar, muitos copistas tentaram correções e melhorias. Metzger conclui: muitos eruditos modernos, seguindo a interpretação sugerida por Orígenes e Crisóstomo consideram o verbo “cataridzo”, ligado gramaticalmente com "leguei" do verso 18 tomando assim o comentário do evangelista com as implicações das palavras de Jesus concernentes às leis dietéticas judaicas.
Essa mesma ideia é esposada pelo livro Consultoria Doutrinária, Casa Publicadora Brasileira, págs. 130 a 132, do qual destacamos: "Nalgumas Bíblias a declaração final do versículo 19, parece fazer da instrução de Cristo, um sentido de que o processo da digestão e eliminação tem efeito do “purificar todos os alimentos”. O texto grego, porém, torna evidente que essas palavras não são de Cristo, mas de Marcos, e constituem seu comentário sobre o que Cristo queria dizer. Por conseguinte, é necessário interpretar a expressão sob o aspecto das palavras “Então lhes disse”, do versículo 18. A última frase do versículo 19 rezaria assim: “(Então lhes disse isto), purificando todos os alimentos” ou “considerando puros todos os alimentos” - a saber, sem levar em consideração se a pessoa que comia realizara ou não a ablução cerimonial preceituada. Era essa a questão em debate (verso 2).
Em segundo lugar, convém notar que a palavra grega “bromata”, traduzida por alimentos, significa simplesmente “o que se come” e inclui todas as espécies de alimentos; e jamais distingue carne dos animais de outras espécies de alimentos. Restringir as palavras “considerou puros todos os alimentos” aos alimentos cárneos e inferir que Cristo aboliu a distinção entre carnes limpas e imundas usadas como alimento (ver Levíticos 11), é desconhecer completamente o sentido do texto grego.
Percebe-se pois, que o versículo 19 não foi acrescentado, mas que a expressão final deste versículo não foi usada por Cristo, e sim, por Marcos, para indicar que a cerimônia de lavar as mãos várias vezes antes de comer - não por limpeza, mas por tradição cerimonial - nada tinha que ver com a salvação. Isso, no entanto, não quer dizer que se deva comer com as mãos sujas, ou que se possam usar todas e quaisquer carnes de animais, mesmo dos que foram proibidos em Levíticos 11.
Outra autoridade, não menos destacada, Marvin R. Vincent, em Word Studies in the New Testament, vol I., pág. 201, afirma sobre Marcos 7:19: "Cristo estava enfatizando a verdade de que toda contaminação vem de dentro. Isto era em face das distinções rabínicas entre alimentos puros e imundos. Cristo declara que a impureza levítica, como o comer sem lavar as mãos, é de pouca importância quando comparada com a impureza moral. Pedro, ainda sob a influência dos antigos conceitos, não consegue entender a declaração e pede uma explicação (Mateus 15:15), que Cristo dá nos versos 18-20. As palavras “purificando todos os alimentos”, não são de Cristo mas do evangelho explicando o significado das palavras de Cristo; a versão Revisada do Novo Testamento, portanto, traduz corretamente “isto ele disse (em itálico), tornando limpos todos os alimentos”.
Esta era a interpretação de Crisóstomo, que diz em sua homília sobre Mateus: “Porém, Marcos diz que Cristo disse estas coisas tornando puros todos os alimentos”. Canon Farrar refere-se a uma passagem citada de Gregório Taumaturgo: “E o Salvador, que purifica todos os alimentos diz” ...

Conclusão
Nada melhor do que concluir este trabalho com as oportunas palavras de J.C. Ryle, em seu Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Marcos, ao tecer considerações sobre o capítulo sete de Marcos:
"Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos”.
Podemos então entender claramente, que a razão para Deus ter proibido certos alimentos tinha que ver exclusivamente com um princípio de saúde e não com um ritual religioso. Assim sendo, aquilo que era prejudicial ao homem nos dias de Moisés, também o era nos dias de Cristo, não fazendo sentido então, querer achar que Cristo estava abolindo um princípio de saúde.

por Hudson Cavalcanti, colunista do Site Bíblia e a Ciência

Grande Esperança 2 - Defensores da Esperança (Judas 3).

Sermão de domingo, 18/11 - Defensores da Esperança (Judas 3) da semana A Grande Esperança com Pr. Alejandro Bullón da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Arqueologia na Inglaterra - Evidências England - TV Novo Tempo


Palco de grandes impérios, monarcas, batalhas e crenças, a Inglaterra fascina e intriga, um velho mundo que anda de mãos dadas com o futuro, mantendo um presente que faz questão de preservar as glórias do passado através de suas tradições tão cuidadosamente preservadas. 
Prepare-se para uma viagem até os mistérios de Stonehenge, as salas não permitidas ao público na Abadia de Westmisnter, como funciona a Igreja Católica no contexto político atual, uma imersão na história antiga em um dos maiores museus do mundo, o Museu Britânico, além do museu Ashmolean de Oxford e obter respostas para curiosidades das peculiaridades britânicas como a forma de administração monárquica, ou o simples o fato de dirigirem pela mão contrária que a ocidental.
Apresentação - Rodrigo Silva
Direção e Produção - Allana Ferreira
Fotografia - Carlos Angella e Maurício Lima
Edição e Arte - Tati Nunes
Trilha Chiquinho Gonzaga

domingo, 18 de novembro de 2012

Você e eu NUNCA viveremos sem um intercessor

Haverá um momento em que o ser humano deixará de ter a Jesus como seu intercessor?Sim e não.
Existe um grupo de cristãos bem intencionados, porém, fanáticos, que prega ser possível os filhos de Deus chegarem a um nível de perfeição que os capacitará a estarem firmes sem a mediação (Cf. 1Tm 2:5) de Cristo no período da grande tribulação.
Esse grupo de pessoas desconsidera Hebreus 7:25 que claramente afirma ser isso impossível:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”
Perceba que o versículo dá a ideia de uma intercessão contínua, sem interrupções. Dessa maneira, os justos poderão estar certos da intercessão de Cristo e da presença do Espírito Santo na vida deles no momento em que passarem pela grande tribulação (Ap 7:13, 14) e enfrentarem o sinal da besta (Ap 13:1-17). [Noutra oportunidade escreverei sobre isso com mais detalhes].
Nunca você e eu conseguiríamos suportar a grande tribulação com nossas próprias forças. Mesmo que tenhamos sido libertos do poder do pecado (Rm 6 e 8), ainda não teremos sido libertos da presença do pecado (veja o conflito de Paulo em Rm 7, mesmo depois de convertido), que ocorrerá apenas na glorificação, por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando Ele transformará nosso corpo e nossa natureza (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Enquanto estivermos na presença do pecado, haverá dentro de nós uma natureza pecaminosa que fará nossos atos de justiça sempre parecerem trapos sujos (Is 64:6) e, por isso, sempre necessitaremos da misericórdia e trabalho de intercessão de Cristo para vencermos.

DISTORCENDO ELLEN G. WHITE
Por incrível que pareça, alguns veem nos escritos da co-fundadora do adventismo aquilo que não existe. Um dos textos que não dizem aquilo que os “perfeccionistas” pensam, encontramos, por exemplo, no livro O Grande Conflito, p. 614 (Casa Publicadora Brasileira, 2009). Destacarei algumas frases para que durante a leitura você note o contexto geral e compreenda corretamente o que a escritora quis transmitir aos leitores:
“Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus. Os ímpios passaram os limites de seu tempo de graça; o Espírito de Deus, persistentemente resistido, foi, por fim, retirado [dos ímpios, não dos justos]. Desabrigados da graça divina [os ímpios], não têm proteção contra o maligno [os ímpios] [...]“.
O contexto é claro como o Sol ao meio-dia. A autora está dizendo que, no momento em que Cristo sair do santuário celestial para buscar Seus filhos, após a conclusão de Sua Obra Meditadora e Judicial (Cf. Jo 5:22), será removida a “restrição que estivera sobre os ímpios” (O Grande Conflito, p. 614), de modo que Satanás terá “domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes” (Ibidem).
Segundo Ellen White, os ímpios é quem ficarão sem um intercessor para o perdão de seus pecados e para refreá-los de fazer o mal (devido à contínua rejeição dos apelos do Espírito). Não os justos que, de acordo com Hebreus 7:25, sempre contarão com a intercessão e auxílio de Cristo!
Os justos ficarão sem um intercessor não para perdoá-los, mas, para refrear os ímpios. Na ausência do poder refreador do Espírito Santo, após a saída de Cristo do Santuário Celestial (Dn 12:1,2), os maus ficarão sem um intercessor e sem a presença do Espírito de modo que se tornarão mais maus ainda, ao ponto de perseguirem com mais violência o povo de Deus fiel à Sua Palavra e à Sua Lei (Cf. Ap 12:17; 14:12).
Como bem escreveu o Pr. Morris Venden em seu livro Nunca Sin Un Intercesor: las buenas nuevas acerca del juicio (Buenos Aires, Argentina: Asociacion Casa Editora Sudamericana, 1998), p. 60:
“Alguns têm chegado a conceber a ideia de que necessitaremos de uma grande reserva de justiça em nossas baterias [...] como uma forma de guiar-nos através desse tempo (de prova, de grande tribulação), quando seremos nossos próprios donos. Essa é uma grosseira distorção da mensagem real do evangelho. Pode conduzir a um desânimo real as pessoas débeis e a uma grande surpresa os mais fortes”.
Como pode ver amigo (a) leitor(a), além de distorcer o evangelho, tais “perfeccionistas” distorcem o que Ellen G. White escreveu, e terão de dar contas a Deus, caso se recusem a ler o texto e aceitá-lo como ele é.

NOSSO MAIOR PECADO NÃO É A TRANSGRESSÃO DA LEI
Não há dúvidas de que pecado é a “transgressão” da eterna Lei de Deus, de acordo com 1 João 3:4. Porém, a Bíblia não apresenta apenas esse conceito para pecado.
O termo é abarcante em seu significado (não tratarei do assunto de maneira detalhada no momento) e podemos ver na Bíblia que tanto Jesus quanto Paulo apresentaram conceitos ainda mais amplos, além daquele que encontramos em 1 João 3:4. Veja os textos a seguir:
“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim” (Jo 16:8-9).
“Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Rm 14:23).
Afirmar, com base nesses textos, que pecado é apenas desobediência à Lei Moral é violentar o texto bíblico. Em João 16:8-9, Jesus afirma que o pecado principal que o ser humano precisa vencer é o pecado de não crer em Jesus. A essência do pecado é desconfiar de Deus e confiar em si mesmo (leia Gn 3:1-8).
Nossa maior luta não deve ser para “não errar” e sim para permanecermos em Jesus todos os dias, a todo instante. Em João 15 aprendemos que esse relacionamento entre nós e Ele é que nos capacitará a não praticarmos os “pecados” propriamente ditos, na mesma frequência e intensidade que aqueles que não aceitaram a graça. Sem Jesus nada podemos fazer, diz o Salvador em João 15:5.
Já o apóstolo Paulo, em Romanos 14:23, afirma que pecado é não viver pela fé (isso envolve não viver pela fé em Cristo, claro). A maior luta contra o “eu” não é simplesmente “não cometer erros”, mas, viver pela fé em toda e qualquer circunstância (1Pe 4:12-14). É sim confiar em Deus quando tudo está aparentemente perdido (Sl 23:4; 27:3; Sl 46:1-3) e quando parece que nunca iremos conseguir vencer aquilo que está nos derrotando (Sl 73:26; Rm 8:31-39).
Perceba que, tendo um conceito correto do que é o pecado, não iremos enfatizar o nosso comportamento. Saberemos que nosso maior pecado é não estar com Jesus (Jo 16:8, 9; Rm 14:23) e que a vitória sobre essa tendência humana, de viver afastado de Deus (Is 59:2), é que nos tornará vitoriosos sobre as coisas erradas que fazemos (Cf. 2Co 5:17). E isso unicamente pela graça divina, que através do Espírito Santo escreve em nosso íntimo os princípios morais de Deus, expressos nos Dez Mandamentos (Hb 8:10).
Se entendermos o significado amplo do que significa o pecado, também saberemos que o mal habita em nós desde o nascimento (Sl 51:5), e que precisaremos desesperadamente de Jesus por toda a nossa vida – até mesmo quando Ele concluir Sua obra no santuário celestial. Até Cristo voltar teremos coisas a mudar em nós, segundo Apocalipse 22:11: “[...] e o santo continue a santificar-se” (Ap 22:11, última parte).

PRECISAMOS SER HONESTOS PARA VENCERMOS NOSSOS PECADOS
Não é se apegando a uma heresia que iremos mascarar diante de Deus, das pessoas e de nós mesmos, a nossa luta contra o pecado. Precisamos ser honestos em reconhecer que jamais conseguiremos ser libertos da presença do pecado enquanto Jesus não voltar e glorificar nosso corpo (1Co 15:51-55; 1Ts 4:13-18).
Quando você e eu reconhecemos que temos um problema, damos o primeiro passo para a vitória. Somente ao aceitarmos que somos essencialmente pecadores (Cf. Rm 3:9-20) e que nossas justiças manchadas pelo pecado são “como trapo da imundícia” (Is 64:6), é que nos sujeitaremos a Deus (Tg 4:7) para que Ele efetue em nós tanto o “querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13).
Santificação (Cf. Rm 6:22; Hb 12:14) é se tornar parecido com Jesus todos os dias (Cf. 2Co 5:17). Esse processo chegará ao fim somente quando Cristo voltar. Nunca seremos plenamente como Ele enquanto não formos glorificados (transformados) na segunda vinda (Cf. Fp 3:20, 21).
Portanto, se você for um cristão “perfeccionista”, precisa aceitar que tem um problema maior por trás de sua vida. Há algo mais por trás de suas teorias e conceitos, e que lhe impulsiona a adotar uma crença errada como uma espécie de “fuga” psíquica.
Tire a máscara diante de Deus e será um(a) vitorioso(a). Receberá dEle forças para vencer o poder do pecado, não sendo um escravo dele a todo instante (1Jo 3:9). Continuará sendo um pecador, dependente da graça de Cristo, até o dia em que Ele voltar e completar a obra dEle em você, na glorificação. Entretanto, Ele completará a obra que começou em você (Fp 1:6; Jd 24).
Crer nisso é fundamental para reconhecermos nossa incapacidade, como o fez Paulo (Rm 7), a fim de que seja mantida nossa dependência totalde Deus, bem como nossa humildade. Do contrário, o mesmo autor de 1 João 3:9 não teria escrito 1 João 1:8 para lembrar-nos de que, apesar de obtermos a vitória sobre o poder do pecado, precisamos nos mantermos humildes porque até Cristo voltar estaremos na presença do pecado:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” (Cf. Ap 22:15).
Para o apóstolo João, ignorar esse fato e viver iludido de livre vontade é ser um mentiroso. É se enganar. É se iludir com a “salvação pelo comportamento” (Ef 2:8, 9), que cria na pessoa um espírito crítico, que a faz olhar mais para o que as pessoas fazem do que para o que elas sentem (Cf. Mt 7:1; Lc 6:37; Jo 7:24). Além disso, o perfeccionismo leva à frustração e à descrença (não em todos os casos) porque o indivíduo, com seus 90 anos, ao olhar para si, percebe que ainda não se tornou “perfeito” da maneira como ele pensava que se tornaria.
Tenha muito cuidado com o legalismo. Apegue-se à graça de Cristo para que inclusive a sua obediência seja acompanhada pela fé, como recomenda Paulo em Romanos 1:5 e 16:26. A fé no intercessor Jesus precisa nos acompanhar em todas as fases de nossa salvação se quisermos ser vitoriosos de verdade, recebendo através dessa fé uma vitória que é dEle e que nunca virá de nós mesmos:
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8:37)
Por isso, muito mais que lutar com Deus (que é importante), precisamos permitir que Ele lute por nós. Isso é se entregar completamente nos braços graciosos do Pai para ser salvos (Jo 3:36) e transformados por Ele (Ef 2:10; Tt 3:7, 8; 2Co 5:17). Nisso encontrarmos a verdadeira paz, força e motivação para nos tornarmos ainda melhores. Afinal, é “o amor de Cristo [que] nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram” (2Co 5:14).
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Explicação de II Coríntios 11:14



“E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.” (2 Coríntios 11:14).

A luz é um dos supremos atributos de Deus e dos Seus santos anjos (Mat. 28:2,3; I Tim. 6:16; I João 1:5; Apoc. 21:23,24). Em qualquer momento, ou lugar onde Deus, ou Seus anjos aparecem, eles espalham luz e dissipam as trevas (Atos 26:18; Col. 1:13). As trevas, ao contrário, representam o mal e seu autor, Satanás (Luc. 22:53; II Cor. 6:14; Ef. 6:12).

Satanás já foi um anjo de luz. O seu nome, Lúcifer, significa “portador de luz” (Is. 14:12-14; Ez. 28:13-19). A rebelião que causou no céu, transformou Lúcifer e seus anjos, em anjos das trevas. 

Desde o começo do mundo Satanás tem estudado maneiras cada vez mais apuradas para enganar os homens. Um dos seus mais elaborados enganos, é transformar-se em anjo de luz. A culminância porém, do seu poder de engano, será sentida quando ele imitar a volta de Jesus (Mat. 24:23-27).

Nossa salvação está em aceitar a Jesus como nosso Salvador e Senhor. Fazendo isto, nossa vitória sobre inimigo estará garantida; basta perseverarmos em seguir ao Senhor. Por que não entregar o coração a Jesus agora mesmo?

Por Hudson Cavalcanti, colunista do Site Bíblia e a Ciência

A Grande Esperança 1 - Chamados e guardados na esperança

Sermão de sábado, 17/11/12 - Chamados e guardados na esperança. Judas 1 e 2, da semana, A Grande Esperança, com Pr. Alejandro Bullón da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

sábado, 17 de novembro de 2012

Um Deus sanguinário?


Numa época em que o terrorismo e o fundamentalismo religioso estão sendo amplamente discutidos, surgem algumas dúvidas e confusões com relação a certos textos bíblicos. Robert Wright, autor de O Animal Moral: Psicologia Evolucionária e o Cotidiano, chegou a escrever que “se Osama bin Laden fosse cristão e quisesse destruir o World Trade Center, citaria a reação violenta de Jesus contra os vendilhões do templo”.

Exageros à parte, Wright não é o único escritor contemporâneo a comparar a postura de terroristas com certas passagens das Escrituras, especialmente aquelas em que Deus aparece intervindo de forma drástica na vida humana ou ordenando a morte de pessoas. Mas o Deus do Antigo Testamento não é menos amoroso do que o Deus revelado por Jesus. 

Para Chris Blake, autor de Searching for a God to Love [Procurando um Deus para Amar], “figuras de doenças em um livro de medicina não refletem o médico; elas ilustram a grande necessidade de cura”. A comparação é boa, uma vez que conhecer o contexto do Antigo Testamento – e as “doenças espirituais” do povo de Deus – ajuda e muito a entender certas reações divinas.

Blake faz outra comparação: “Deus Se revelava ao povo do Antigo Testamento como uma persiana num quarto escuro – uma lâmina por vez – para que eles se acostumassem aos poucos com a luz. Se Ele houvesse aberto totalmente a persiana e revelado Sua deslumbrante ternura e tremenda bondade, a luz teria cegado os antigos. Eles não teriam visto coisa alguma.”

Quando se conhece o contexto cultural da época, pode-se perceber que, na verdade, o Deus do Antigo Testamento é o mesmo no Novo. Senão, note este texto bíblico: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” São palavras de Jesus, certo? Certo. Mas elas estão registradas em Levítico 19:18, como tendo sido ditas primeiramente por Yahweh ao povo de Israel. Ainda que tenham sido necessárias atitudes extremas da parte de Deus em alguns momentos da História, uma coisa fica clara para o estudante da Bíblia: indiscutivelmente, do Gênesis ao Apocalipse, “Deus é amor” (I João 4:8).

** ORDEM PARA MATAR

Por que Deus mandou matar? Esta é a pergunta que se impõe quando certas passagens bíblicas são analisadas. A primeira dificuldade em se lidar com essa questão é justamente a pequena compreensão que o ser humano tem do caráter de Deus. As pessoas formam seus valores e tomam suas decisões através do paralelismo ou comparação. Escolhem este ou aquele produto comparando cores, formas, sabores, preço. Com relação ao divino, não há com o que ou com quem compará-lo. Diante do Senhor, não há paralelos que permitam identificar aquilo que Lhe é natural. Por isso, não podemos definir para o Criador padrões ou parâmetros do que seja justo, correto, bom e adequado. Os padrões da dimensão terrena e finita não podem ser parâmetros ou projeções para aquilo que está infinitamente acima da percepção e do conhecimento humanos.

A Bíblia fornece algumas pistas sobre a pessoa de Deus. Ela diz que Deus é puro, santo, justo e amoroso. Sua santa Lei também possui esses atributos, pois é a expressão de Seu caráter. Assim, a conseqüência negativa surge porque o padrão divino para a vida humana é rompido. O “castigo”, antes de ser um ato isolado de um Ser superior e rigoroso, nada mais é do que o exercício zeloso e exigente da própria virtude que foi desprezada.

** PUREZA

A não observância da virtude divina da pureza foi a causa de muitas conseqüências negativas para o ser humano. O Dilúvio é uma delas: “E disse o Senhor: Destruirei da face da Terra o homem que criei [...] porque a Terra está cheia da violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a Terra” (Gên. 6:7 e13).

A impureza que se alastrava condenou toda a geração de Noé, numa oportunidade para um novo começo da raça humana. Note-se a grande longanimidade de Deus: Noé pregou por 120 anos que viria a destruição, mas os antediluvianos preferiram assumir as conseqüências.

Outro exemplo de extrema impureza: Sodoma e Gomorra. A destruição destas duas cidades evidencia a conseqüência do pecado. É uma das páginas mais tristes sobre o ponto a que pode chegar a depravação do ser humano. Não havia outro jeito! A impureza, cujo clamor subira aos Céus, tinha que ser exemplarmente condenada, como a um câncer que precisa ser extirpado, sob o risco de comprometer aquilo que ainda está são.

Por outro lado, Deus poupou a cidade de Nínive em circunstâncias semelhantes, devido ao arrependimento de todo o povo. Isso deixa evidente a misericórdia divina (ver Jonas 3:1-10). 

A impureza na vida impede o ser humano de se aproximar de Deus. Foi o que aconteceu com Nadabe e Abiú. Por serem filhos do grande sacerdote Arão, julgavam que poderiam apresentar-se diante de Deus da forma como lhes convinha, e não de acordo com os preceitos divinos. As cerimônias do santuário apontavam para a obra intercessória de Cristo, e tinham caráter sagrado. A impureza dos dois hebreus foi castigada: “Ora, Nadabe e Abiú [...] ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que Ele não ordenara. Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor” (Lev. 10:1 e 2). 

Posteriormente, por não ter outro alimento, Davi comeu dos pães da proposição, o que não era permitido (ver I Sam. 21:4-6). Mas Deus não o matou. Isso demonstra que a irreverência é mais uma disposição do coração do que meramente atos exteriores.

A impureza no coração faz desencadear uma série de atitudes e procedimentos contrários à vontade de Deus. Salta à vista a ingratidão do povo hebreu que, por mais de 400 anos, havia sido escravo dos egípcios e que agora, depois de libertado, ainda murmurava contra seu Libertador. O maná caía do céu diariamente, provendo-lhes o sustento necessário para a caminhada no deserto. Mas eles não estavam satisfeitos. Preferiam a comida que tinham no Egito. Foi preciso que Deus lhes permitisse comer carne e que muitos morressem, para que aprendessem a importante lição (Núm. 11:32-34). Ainda hoje o ser humano come aquilo que deseja e, depois, sofre os resultados de sua intemperança.

As trágicas mortes foram, portanto, o preço cobrado pela opção da impureza. As ocorrências terríveis relatadas na Bíblia tiveram suas causas em si mesmas explicadas. Não seria, na verdade, preciso que Deus atuasse diretamente para que cada um daqueles fatos ocorresse, pois, pela falta de pureza no viver, eles naturalmente iriam acontecendo.

** SANTIDADE

Santidade e pureza andam de mãos dadas. Enquanto pureza é eliminar tudo aquilo que prejudica o viver, santidade é somar tudo aquilo que exalta e dignifica o ser humano; enquanto pureza é retirar do viver ético tudo aquilo que rebaixa a vida moral, santidade é acrescentar padrões divinos à vida, pela comunhão com Jesus.
Santidade é o segundo padrão pelo qual o ser humano deve caminhar. Assim, a quebra deste padrão também traz consigo desgraças inevitáveis.

Israel estava diante da sonhada terra prometida. O grande confronto da santidade exigida do povo teria início a partir do momento em que a terra começasse a ser conquistada. Isso porque os povos que ali viviam não eram nada santos. Pelo contrário, eram imorais, violentos e idólatras, praticando toda sorte de profanação e ofensas ao nome de Deus. Essa diferença teria que ser clara e evidentemente absorvida pelo povo de Israel.

O padrão divino de santidade começou a ser mostrado através da cidade de Jericó e tudo o que nela havia: “A cidade, porém, com tudo quanto nela houver, será anátema ao Senhor; somente a prostituta Raabe viverá, ela e todos os que estiverem em casa” (Jos. 6:17). Raabe aceitou os termos do Senhor e foi salva, da mesma maneira que aqueles que aceitarem a Palavra de Deus serão salvos.

O Senhor ainda advertira Israel para não tomar nada do que fosse de Jericó – símbolo do pecado. A ambição de Acã foi maior e ele tentou esconder consigo algumas riquezas. Resultado: foi apedrejado e suas coisas queimadas (Jos. 7:15, 24 e 25). 
Como escreveu Chris Blake, “Deus levantou Sua voz freqüentemente no Antigo Testamento para atrair a atenção dos filhos de Israel”. De fato, Deus precisava ser “duro” com Seu povo; afinal, Ele os havia conduzido até ali para serem luz para outros povos. O perigo da paganização era constante. As nações vizinhas possuíam divindades de caráter fundamentalmente violento e imoral, que conduziam o povo à guerra e à depravação. Os cultos eram verdadeiras orgias, com sacrifícios até de vidas humanas. Não havia como compactuar. O povo que deveria ser santo porque o seu Deus é santo tinha que lutar e eliminar por completo tais pecados.

Nos anos seguintes, Israel passaria por uma sucessão de altos e baixos espirituais. E Deus permitiria que Seu povo enfrentasse dificuldades e até humilhações com o objetivo de corrigi-lo. Deus, como sempre, seria constantemente mal entendido, enquanto o único responsável pelas desgraças continuava sendo o ser humano.

** JUSTIÇA

A justiça é outro padrão para o qual não temos paralelismo. Por isso, hoje, nem sempre é possível entender exatamente o porquê de certas coisas terem acontecido. Como exemplo da quebra deste padrão, tomemos apenas uma passagem: “Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. E os que o acharam apanhando lenha trouxeram-no a Moisés e a Arão, e a toda a congregação e o meteram em prisão, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer. Então disse o Senhor a Moisés: ‘Certamente será morto o homem; toda a congregação o apedrejará’” (Núm. 15:32-36).

Será que foi agradável para aquelas pessoas apedrejarem o homem? E por que “toda a congregação” deveria participar da terrível cena? Os preceitos para a vida de obediência e adoração a Deus já tinham sido declarados por Moisés, que os recebera do próprio Deus. O Senhor queria que o povo entendesse a importância de Seus mandamentos. Foi a desobediência que levou Lúcifer à ruína, privou Adão e Eva do Éden e traria desgraça ao povo. O transgressor do sábado, certamente não arrependido de seu feito, foi morto como exemplo da justiça divina e da gravidade do pecado. Se Deus perdoasse o homem em rebelião consciente, Satanás seria o primeiro a acusá-Lo de injusto. 

É preciso que entendamos que o caminho da justiça de Deus se faz muitas vezes de forma incompreensível para nós, e que o Senhor não tem “prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva” (Eze. 33:11).

** AMOR

A quarta razão pela qual as manifestações negativas de Deus estão registradas na Bíblia é decorrente não da falha do ser humano diante de qualquer padrão divino, mas de uma decisão soberana e amorosa de Deus.

Por incrível que pareça, apenas uma vez o Senhor vai Se manifestar negativamente por causa do amor, e esta única vez é contra Ele mesmo: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16, Bíblia de Jerusalém). A palavra “entregou” poderia ser substituída por “matou”. Sim, porque não foi nada mais, nada menos do que isso. 
Deus amou tanto a cada um dos seres humanos que deu o que mais amava: Seu único Filho. Quando Deus comissionou os anjos para guiar os pastores até Belém em forma de uma linda estrela, sabia que ela apontava para o Gólgota. Quando fez com que um exército de anjos cantasse “Glória a Deus nas alturas!”, sabia que esse coro celestial mais tarde se quedaria mudo, para ouvir o brado solitário e tenebroso do Calvário: “Por que Me desamparaste?” Quando permitiu que os magos do Oriente levassem ouro, incenso e mirra a Cristo, também sabia que os judeus e os romanos Lhe dariam a coroa de espinhos e a cruz. Ele sabia de tudo isso desde os tempos de Adão, passando por todas as épocas, porque já havia dado o Seu Filho, pelo grande amor com que nos amou.

O Pai Celestial sempre visou ao bem da humanidade. E para isso não poupou esforços, correndo mesmo o risco de ser mal interpretado. Por que Ele Se afligiu até suar sangue e morreu por decisão própria? Porque Deus, o Senhor, é puro, santo, justo e amoroso.

Michelson Borges

O Melhor Plano do Diabo

Existe Um Deus ou “Três deuses?”


Não abordarei todos os aspectos do assunto numa breve introdução como essa, mas, logo de início quero afirmar que é infundada a acusação de que crer na Trindade é o mesmo que crer em “Três deuses”. Espero que a resposta a seguir lhe ajude a pelo menos começar a visualizar isso!

A Trindade é um mistério revelado, mas, não explicado. Certa vez eu estava defendendo a doutrina da Trindade e uma pessoa, que nega a Personalidade e a Divindade do Espírito Santo, escreveu-me: “você que acredita na Trindade não entende a Deus!” Perguntei: “então, quer dizer que você entende a Deus? Meus parabéns! Você é o único ser humano no mundo que entende a Deus…” É que eu estava brincando com ele para mostrar-lhe que não deveria ter dito aquilo. Para entender um gênio, somente outro gênio. Para entender um Deus, somente outro Deus. Não podemos entender plenamente a Deus porque não somos deuses. Diz o Salmo 145:3: “Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável”. O fato de não entendermos plenamente a Deus não significa que Ele não exista da mesma maneira que o fato de a humanidade não entender plenamente o funcionamento do cérebro não significa que o cérebro não existe. Não devemos rejeitar a doutrina da Trindade só por que não a entendemos. Se fizermos isso, estaremos colocando a lógica humana acima da lógica de Deus. 

Quando colocamos a nossa lógica acima da lógica Divina, nos colocamos na mesma posição perigosa de satanás. Precisamos aceitar a doutrina da Trindade porque é um fato revelado na Bíblia. E, se confiamos em nosso Amado Deus, iremos acreditar nEle quando afirma que é um Deus manifesto em Três Pessoas. 

Alguns dizem: “não creio na Trindade porque o nome Trindade não está na Bíblia”. Primeiramente, devemos entender que na Bíblia não se buscam nomenclaturas, mas fatos. E a doutrina da Trindade é um fato. 

Segundo: na Palavra de Deus não encontramos outras expressões que são aceitas como verdades: encarnação de Cristo, milênio, Bíblia… Se formos aceitar os fatos bíblicos apenas se forem acompanhados de nomes, então teremos que rejeitar a doutrina da encarnação de Cristo, do milênio, e questionar inclusive a existência da própria Bíblia! 

Para estudarmos sobre Deus, aquilo que Ele nos revelou sobre si mesmo, devemos entender que a Divindade possui uma unidade essencial e uma subordinação funcional. Alguns textos bíblicos mostram que a divindade tem uma unidade na sua essência (Colossenses 2:9) enquanto outros textos apontam para uma diferença na função (João 14:28) que cada um desempenha do plano de salvação e desempenhou na criação. 

Em João 5:19 e 21 vemos claramente esse princípio, bem como em outros versos do mesmo capítulo. No verso 19 Jesus diz que “o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai”. No mesmo verso Ele continua: “porque tudo quanto ele (o Pai) faz, o Filho o faz igualmente”. No mesmo texto vemos a subordinação funcional de Cristo em relação ao Pai e Sua unidade essencial. No verso 21 podemos visualizar ainda melhor a unidade de Cristo com o Pai na divindade, o que mostra que Jesus não é uma criatura. Diz o texto: “Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer”. 

Percebe querido(a) internauta? A Bíblia fala de uma subordinação nas funções entre os membros da divindade e de uma unidade na essência. A diferença na função que cada membro da Divindade desempenha de modo algum significa que um Ser é mais poderoso do que o outro. Se Jesus não fosse criador e o Espírito Santo fosse inferior a Deus Pai e a Deus Filho também na essência, isso seria politeísmo. Politeísmo é a crença em mais de um deus, onde um deus é mais poderoso do que o outro. A doutrina da Trindade não é politeísmo porque ensina a unidade essencial entre as Três Pessoas da Divindade! Essas Três Pessoas são chamadas de “um só Deus”, como fiz Efésios 4:6, porque são uma unidade. 

As Pessoas da Divindade são unidas no poder, caráter, propósito e amor. São tão unidos que dizer “Três deuses” seria incoerente com o tipo de relacionamento de amor que há entre essas Três Pessoas Divinas. 

Fica claro que as Três Pessoas da Trindade são chamadas de “um só Deus” (Deuteronômio 6:4 – “único Deus”) no sentido de unidade. Foi por isso que Cristo pôde dizer em João 10:30: “eu e o Pai somos um”. Os judeus entenderam essa declaração do Salvador como uma reivindicação de igualdade com o Pai, pois o verso 11 do capítulo 10 diz que “Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar”. 

Um abraço!

Leandro Quadros.

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