quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Salmo 13 – Até Quando, Senhor?


Este é um salmo de Davi, que clama a Deus: “Até quando?” É o salmo de uma alma aflita, angustiada porque julga que, por algum problema muito sério, Deus Se afastou. Então, ele já está cansado de esperar e pergunta: “Até quando, Senhor?” A repetição quádrupla desta frase demonstra claramente o intenso sofrimento do escritor. Ele se sente perturbado pela aparente indiferença de Deus. Ele se sente abandonado por Deus na sua maior necessidade.

“Até quando, Senhor?” é a pergunta de almas angustiadas que sofrem e não podem vislumbrar uma perspectiva de alívio ao seu sofrimento. “Até quando, Senhor?” é a inquirição de pessoas que perderam o seu cônjuge e não encontram um novo amor com quem possam compartilhar tanta vida. “Até quando, Senhor?” é a pergunta de almas desconsoladas que não acham mais um resquício de esperança e consolo para suas aflições. “Até quando, Senhor?” é o desafio de almas perplexas, que não podem ver o tempo de Deus e a Sua fantástica resposta.

I - PERPLEXIDADE

O salmista enfrentava uma tríplice perplexidade:

1- Perplexo com Deus: “Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre?” Pode haver uma angústia maior do que esta: de julgar que Deus nos esqueceu? Que Deus nos abandonou? Que estamos condenados “para sempre” a viver sem Deus? “Sem ar, sem luz, sem razão”?, para usarmos as palavras de Castro Alves. E ele ainda completa a sua queixa, dizendo: “Até quando ocultarás de mim o rosto?”

Mas será que Deus pode Se esquecer de nós? Será que Ele nos abandona? Disse o apóstolo Paulo que não há, nem haverá, qualquer circunstância em todo o universo que nos possa separar do amor de Deus. Deus não se esquece de ninguém; não abandona a quem quer que seja. E foi o mesmo Paulo quem deu a razão: Se Deus enviou a Jesus Cristo para morrer por nós, se Ele foi capaz de fazer a coisa mais difícil, por que, depois de tudo, haveria de nos abandonar e nos esquecer à nossa própria sorte? Isso seria impossível! (Rm 8:31-39).

A verdade é bem outra: nós é que esquecemos de Deus, nós é que abandonamos a Deus, nós é que não O buscamos como a nossa prioridade máxima; escolhemos fazer a nossa própria vontade e, como conseqüência, nos encontramos em situações embaraçosas, difíceis. Muitas vezes, somos vítimas da fatalidade e jogamos a culpa em um Deus cheio de amor que já estava sabendo de tudo o que se passava conosco, e já estava tomando providências para nos ajudar.

Davi estava decepcionado com Deus, e colocou a culpa das circunstâncias que o afligiam na possível demora de Deus em tomar alguma providência salvadora. E julgou que Deus o abandonara, que se esquecera dele. Por acaso você já esteve decepcionado com Deus? Por acaso, você está fazendo as perguntas do salmista para Deus? “Senhor, por que Te esqueceste de mim? Não vês a minha angústia? Não sabes de minha aflição? Por que não posso sentir o Teu rosto perto de mim? Será que me abandonaste por causa de meus pecados?” Estes eram os sentimentos de Davi.

2- Perplexo consigo mesmo: “Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia?” Davi agora manifesta uma perplexidade consigo mesmo. Ele olha agora para dentro de si, e se vê em uma atitude estranha, lutando entre dois pensamentos, coxeando entre duas atitudes, relutando entre o certo e errado. O certo seria confiar em Deus e nunca desconfiar de Sua soberana vontade. O errado seria esperar que Ele agisse contrariamente à Sua sábia determinação e propósito. O certo seria esperar confiantemente, deixando as coisas acontecerem no tempo exato de Deus. O errado seria atropelar as coisas passando por alto a hora de Deus. O certo e o errado clamavam e lutavam por uma decisão sábia dentro de si mesmo.

A esperança e o desespero relutavam dentro daquele triste coração: “Se Deus me ungiu como rei de Israel, por que eu deveria passar por todas estas tribulações? O que eu fiz de errado para estar assim nesta situação aflitiva? Mas se Ele me ungiu, por que deveria estar preocupado?”

Você também está lutando e relutando com algumas coisas difíceis de resolver em sua vida? É muito duro suportar tristeza a cada dia que passa por algum sofrimento, alguma dor aguda, pela falta de um ente querido que se foi! É duro suportar a solidão porque o esposo abandonou a família, deixando a esposa e os filhos em uma profunda melancolia, perguntando-se: “Onde foi que eu errei? Até quando ficarei com essa tristeza em meu coração e com essas dúvidas que estão corroendo a minha vida e a minha felicidade?”

Por acaso você está relutando dentro de si mesmo por causa de algum problema financeiro? Algumas pessoas ficam angustiadas, fazem uma profunda análise dentro de si mesmas e perguntam: “Como posso estar nessa dificuldade toda, enquanto sou fiel a Deus nos dízimos e ofertas?” Há uma profunda tristeza, porque ficam decepcionados consigo mesmos em seu relacionamento com Deus. E podem perguntar como Davi fazia: “Até quando estarei relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia?”

3- Perplexo com os outros. Os outros eram os seus inimigos. “Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?” Até quando  se exaltarão os meus adversários contra mim? Será que já não chega de tanta perseguição, sem que eu tivesse culpa alguma contra eles? Até quando durará a ação do inimigo sem que se faça coisa alguma?

Se este salmo se refere ao tempo das perseguições do rei Saul, junto aos seus oficiais, caçando a alma de Davi como se fazia com animais, então, ele deve ter pensado: “Se o meu inimigo é o ungido de Deus, por que ele haveria de perseguir o outro ungido de Deus?” Esta era a sua perplexidade com o seu inimigo.

Você tem algum inimigo particular? Está perplexo com ele? Está perguntando até quando esse inimigo vai lhe perseguir e falar contra a sua alma? Então, você deve conhecer a oração de Davi, que vamos analisar agora.

II - PETIÇÃO

O salmista fez um tríplice pedido:

1- Prece por atenção: “Atenta para mim, Senhor! (v. 3). Davi suplicava de Deus atenção. Astronomicamente falando, poderíamos dizer que Ele tem tantos mundos, tantas estrelas e galáxias para os quais dar atenção que seria difícil atender a uma só pessoa em apuros tão prontamente. Mas isso não é problema para um Deus onisciente, onipresente e onipotente. Ele pode lhe dar atenção a qualquer hora do dia e a qualquer momento, e em cada segundo do dia ou da noite ou da madrugada! Muitos ainda estão em nosso mundo pedindo que Deus atente para eles. Mas você pode saber que Deus está atento para você, mesmo que muitas coisas estejam indo de mal a pior! Mesmo assim, a sua prece é necessária, a fim de ajudar a você se encontrar em comunhão com um Deus Todo-Poderoso!

2- Prece por uma resposta: “Responde-me, Deus meu! (v. 3). Davi procura uma resposta, pelo menos um indício de uma palavra de Deus, indicando a Sua aprovação e certeza de que Ele tem o controle de todas as coisas que lhe acontecem. Muitas vezes, queremos uma resposta imediata de Deus após sofrer por algum tempo algumas coisas que julgamos serem injustas. Quantas almas em nosso mundo esperam por uma resposta de Deus! Quantas pessoas estão sofrendo injustamente! Quantos estão clamando ao Senhor: “Responde-me, Deus meu!” Você também está neste rol? Continue orando e suplicando por uma resposta divina. Isso indica que você está indo na direção certa e buscando Aquele que é invisível!

3- Prece por iluminação: “Ilumina-me os olhos” (v. 3). Este é um apelo positivo entre expressões negativas. Ter os olhos iluminados significa nesse ponto serem fortalecidos para a vida. Davi tinha uma sede de viver que também pode ser encontrada facilmente em nosso instinto de preservação da vida.

O salmista vê-se constrangido a clamar a Deus, não só porque lhe é doloroso julgar-se negligenciado por Deus, mas, também, para que a morte não venha sobre si de uma forma tão inexorável como o seu próximo sono.   

Mas a sua oração tinha um tríplice propósito:

1- Segurança contra a morte: “para que eu não durma o sono da morte!” (v. 3). Davi temia a morte, como todo o ser humano normal. Ele desejava viver e não estava disposto a entregar-se a uma situação que o levasse à morte, prematuramente.

Mas é interessante que ao se revelar em favor da vida, ele nos ensina o que é a morte, em poucas palavras: “o sono da morte”. Há muitas filosofias errôneas em torno da morte e, com certa razão, porque os homens não podem saber o que é a morte, sem ter passado por essa experiência.

De fato, sem a sabedoria da inspiração divina, jamais poderíamos saber o que a morte significa. Mas, felizmente, a Bíblia nos ensina, em muitos lugares, o que é a morte: a morte é um sono, a morte é comparável ao sono. Assim disse Davi por inspiração do Espírito Santo; assim disseram os profetas, assim disseram os apóstolos, e assim disse o próprio Cristo.

Quando Lázaro havia morrido, Cristo falou para os discípulos: “11: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. 12: Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. 13: Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. 14: Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.” (João 11:11-14).

Estas palavras não podem ser mal-interpretadas, estas palavras não podem ser mal-compreendidas, não podem ser torcidas, porque são claras demais para que isso aconteça. Jesus Cristo confirmou a doutrina dos profetas inspirados pelo Espírito Santo: a morte para Deus é como um sono, sem sonhos e sem pesadelos, um sono sem consciência e com a esperança de ser desfeito na manhã da ressurreição, ou para a vida ou para a condenação da morte eterna, da qual não haverá mais ressurreição.

Um pastor viajava certa vez de São Paulo para Brasília. Ao seu lado, uma senhora idosa chorava em silêncio. Quando o avião levantou vôo, ele perguntou: "Está tudo bem?" "Não," ela respondeu, "está tudo mal. Estou indo a Brasília para enterrar o meu filho que morreu ontem num aciden­te de trânsito." "Lamento muito, tudo vai passar." "Eu sei", ela respondeu."Eu sei que a dor vai passar, mas pelo menos gostaria de ter certeza do destino do meu filho." Então, o pastor lhe deu uma resposta bíblica acerca do que acontece na morte.

Milhões de pessoas estão passando por uma grande angústia, porque não sabem onde estão os seus queridos mortos. Disse Davi que a morte é um sono. E, para confirmar essa declaração, disse o seu filho Salomão: “Os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma. [...] Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol" (Eclesiastes 9:5 e 6).

A morte traz completa inconsciência, e uma esperança de ressurreição. Porque disse Cristo: “28: Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: 29: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29).

Mas continuemos em nosso salmo 13. Davi está orando por segurança contra a morte. Agora, ele pede ainda por segurança.

2- Segurança contra o inimigo: “para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele” (v. 4). Era uma prece para que o inimigo de Davi não fosse triunfante sobre ele, e que não pudesse falar jactanciosamente que tinha prevalecido contra ele. Davi temia o seu inimigo e também receava da zombaria, do escárnio e do ridículo a que seria exposto, caso ele viesse a perecer nas mãos do seu principal inimigo.

Isso não parecia uma guerra em que ele pedia a vitória sobre os inimigos. Isso parecia mais uma perseguição de um poderoso inimigo que o perseguia sem que ele fosse culpado. Em outras palavras, Davi orava por libertação do seu inimigo particular. Este era um inimigo tão perverso que desejava a sua morte e ansiava o dia em que pudesse dizer: “Ele era duro de matar, mas agora, eu prevaleci contra ele.” Tudo indica que esse inimigo era o rei Saul. 

3- Segurança contra o desânimo: “[para que] não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar.” (v. 4). Davi desejava também uma fortaleza contra a instabilidade emocional. Ele temia vacilar diante da notícia de que os seus adversários estivessem se regozijando diante da sua desgraça e derrota, vindo ele a vacilar e desanimar. Ele sabia que o desânimo era cruel e poderia abater a sua estrutura emocional e, conseqüentemente, a sua saúde física.

III - PERSEVERANÇA

“No tocante a mim” (v. 5). No que diz respeito a mim, de minha parte, eu farei isso e aquilo. Davi estava pensando em si mesmo, e isso era justo e necessário. Deus faz ou deixa de fazer certas coisas; o inimigo está me perseguindo; mas quanto a mim, eu tenho a minha parte a fazer, custe o que custar. Davi estava revelando um traço de perseverança inquebrantável. Ele era capaz de ver muita luz através das nuvens escuras e trevosas e perseverava corajosamente em direção da luz.

Assim também nós estamos enfrentando diariamente as investidas do nosso principal inimigo: “8: O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; 9: resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.” (I Pedro 5:8-9). Cada um de nós deve ser vitorioso ao seu modo particular. Cada um deve saber como vencer. Se Satanás vem contra nós, como um leão, disse Pedro que devemos ser perseverantes, resistindo firmes em nossa fé.

Davi demonstra uma tríplice perseverança:

1- Perseverança na confiança: “Confio na tua graça” (v. 5). Muitos estudiosos gostariam que Davi tivesse dito: “Confio na Tua lei”, porque assim eles teriam um forte argumento a favor do Dispensacionalismo, que prega a Dispensação da Lei no Antigo Testamento e a Dispensação da Graça no Novo. Mas, graças a Deus que não existe tal doutrina. A graça sempre existiu desde que o pecado foi introduzido no mundo.

Disse Moisés, o grande legislador que recebeu a Lei de Deus e a deu ao mundo, em seu Salmo 90: “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus” (Salmo 90:17). Disse o próprio Davi no salmo 6:4: “Senhor, ... salva-me por Tua graça!” E agora, ele reafirma a sua perseverança em confiar na graça de Deus, ao dizer: “Confio na tua graça” (Salmo 13:5). De fato, ele pregou a salvação pela graça.

Ele também nos deu um grande exemplo de perseverança na sua confiança, não nas obras humanas, mas na graça de Deus a qual é poderosa e salvadora. Quando todos os seus inimigos estavam a ponto de matá-lo, ele confessa a sua confiança na graça de Deus, embora não estivesse visualizando nenhuma perspectiva de salvação. Quando ele se sentia abandonado e esquecido por Deus (v. 1), quando se encontrava na dúvida e desconsolo (v. 2) e quando temia o seu inimigo (2), ainda assim, ele podia dizer: “Senhor, confio na Tua graça!” 

2- Perseverança na alegria: “Regozije-se o meu coração na tua salvação” (v. 5). Davi estava mesmo disposto a perseverar na alegria, embora a sua alma estivesse triste (v. 2). A primeira palavra pode ser traduzida no tempo presente, no tempo futuro ou como uma admoestação (como é o caso da versão Atualizada). De acordo com o contexto, parece mesmo que Davi faz uma admoestação para a sua própria alma. Ele se sentia triste internamente pelas suas tribulações, mas poderia se motivar por perseverar na alegria por causa da salvação em Deus.

De fato, a alegria, a felicidade e o regozijo é uma decisão, é uma escolha que cada um de nós pode fazer. Vamos encontrar muitas razões neste mundo para sermos tristes e infelizes. No entanto, também vamos achar sobejas razões para sermos alegres, jubilosos e felizes, se nós contemplarmos a salvação que nos foi providenciada por Deus em Seu Filho Jesus Cristo ao morrer na Cruz do Calvário. A nossa parte, “quanto a mim”, é escolher ser feliz, porque esta é a vontade de Deus para conosco, e este é o melhor caminho para nós enquanto aguardamos a vinda de Jesus e ajudamos a outros para que também se preparem para aquele glorioso dia.

3- Perseverança no louvor: “Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem” (v. 6). Jubilosos cantos de louvor e gratidão partiam daquele coração pronto para exaltar a Deus. Esta é a sua promessa final: sua perseverança em continuar no louvor a Deus porque, embora ele pudesse dizer que se sentia abandonado e esquecido por Deus, no fundo de sua alma havia uma esperança incansável, e uma fé inabalável que ainda podia contemplar os feitos salvadores que o Senhor lhe havia demonstrado no passado.

Com efeito, assim dizia Ellen G. White, após passar por muitas tribulações, desapontamentos e lutas: “Ao ver o que Deus tem realizado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443).


CONCLUSÃO


Podemos passar por muitas lutas e perplexidades, muitas vezes desapontados com Deus, com os outros e conosco mesmos. Mas isso é apenas mais um chamado à oração e preces fervorosas, e um convite à perseverança. Não esqueça os 3 “P”s do salmo 13: Perplexidade, Petição, Perseverança. Vamos continuar confiando na graça de Deus aconteça o que acontecer; e vamos encher o nosso coração triste das mais altaneiras esperanças, “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” (Tito 2:13).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em teologia
07 de abril de 2010

Um Ordem que Deus nunca me deu


Êxodo 20.16: “Não Fofocarás”.

Alguns adoram usar a expressão “Chamar o pecado pelo nome” para explicarem seu zelo em chamarem a atenção de outras pessoas. Aconselhar alguém é um dever cristão, mas criticar e pior ainda, maldizer alguém é absolutamente demoníaco. Ninguém recebeu procuração divina para dizer alguma inverdade, ou o que “acha” ou “pensa” acerca de outro.
Analisar a história da sedição de Miriã e Arão contra Moisés. Núm. 12, e PP 400.
- Este mandamento pede a proteção da honra.

POR QUE?
- A proteção da honra é fundamental para a convivência social de qualquer comunidade ou nação. Nenhum homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua família sejam atingidos. A honra seja talvez a parte mais sensível do ser humano.
- Já no Éden, Satanás usa uma pergunta falsa para arruinar o homem: “Será que Deus disse?” Gên. 3.1.

LUTERO:  ninguém deve causar dano ao próximo com a língua, quer se trate de amigo, quer de inimigo, nem deve falar mal dele, pouco importa se é verdade ou mentira, a menos que seja decorrência de mandato ou vise a melhorar. Cumpre fazer uso da língua para falar o melhor a respeito de todos, encobrir pecados e fragilidades, escusá-los e os embelezar e velar com sua honra.

ABRANGÊNCIA.
1.           Desrespeito
2.           Resposta evasiva
3.           Engano proposital ou falsidade deliberada
4.           Ambigüidade
5.           Mordacidade
6.           Maledicência
7.           Injúria
8.           Ofensa
9.           Insulto
10.       Ódio
11.       Calúnia
12.       Detração
13.       Crítica desastrosa
14.       Murmuração
15.       Falsidade
16.       Malícia
17.       Logro
18.       Mexerico
19.       Zombaria
20.       Raiva.
21.       Crer em Deus e odiar o próximo.
22.       Conhecer a Deus e não guardar Seus mandamentos. I Jo. 2.4.
23.       Reter uma verdade que precisa ser dita publicamente. (Como a pregação de Jesus)

EXEMPLOS DE MENTIRA NA BÍBLIA.
1-  Satanás por meio da serpente. (dúvida sobre o caráter de outrem).
2-  Caim dando um de “João sem braço” para ocultar seu pecado.
3-  Abraão dizendo que sara era sua irmã. (meia verdade).
4-  Jacó enganando o pai e o irmão. (fazendo-se parecer outra pessoa para tomar o que é dela).

CONSEQÜÊNCIAS DA MENTIRA.
1-  O mentiroso destrói o próximo. Tanto é assim que Jesus disse o insulto ao irmão é pior que o assassinato. Mat. 5.22. Podemos destruir os sonhos, as realizações, as apirações a motivação e o desejo de crescimento de uma pessoa pelas mentiras que falamos a seu respeito.
2-  A mentira corrompe os bons costumes. I Cor. 15.33.
3-  Contamina as relações interpessoais.
4-  Afeta até o conhecimento do Senhor. Jer. 9.3-8.
5-  A falsidade conduz à escravidão do pecado. João 1.5; 3.19; 6.17; 8.12.
6-  Jeremias ameaçou o povo de Judá com o exílio, o que não muito tempo depois ocorreu.
7-  S. João diz que o mentiroso não escapa de sua condenação. Apoc. 21.8.
8-  Ananias e Safira morreram diante do Senhor. Atos 5.1-11.

POR QUE DEVEMOS SER VERAZES?
1-  Deus é verdadeiro. Ele é a essência da verdade. Ele:
a)  Não mente como o homem (Núm. 23.19)
b)  Guarda sua fidelidade para sempre (Sal. 146.6)
c)  É fiel e verdadeiro em Seus conselhos (Isa. 25.1).
2-  Somos feitos à Sua semelhança. Por isto somos convidados a sermos verdadeiros como Ele é. Êxo. 18.21.
3-  Somos novos filhos de Deus, pela conversão. Assim, satanás, o pai da mentira, já não pode mais exercer sua influência sobre nós. Jo. 8.44.
4-  Na visão messiânica de zacarias, a cidade de Sião será chamada de cidade fiel ou verdadeira. Seus moradores deverão fazer juz a esta situação. Zac. 8.3.

COMO GUARDAR ESTE MANDAMENTO?
1- Praticar a verdade e a justiça em todas os nossos relacionamentos.
2- Dizer a verdade de coração. Sal. 15.2-3.
3- Refrear a língua.
4- Apartar-se do mal, e das conversar que nos levam ao falso testemunho. Sal. 34.13-14.
5-  Defender publicamente a honra do próximo. Atos 2.13.
6-  Falar a verdade ao próximo. A mentira destrói os relacionamentos. Mas a verdade solidifica-os. Por isto Paulo deu o seguinte conselho: Col. 4.6.
7-  Ser pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Tia. 1.19. Esta atitude nos dará condições de não fazer julgamentos precipitados, falar o que nunca deveríamos Ter dito, e tomar atitudes impensadas.

CUIDADOS.
1- Tudo O que se diz deve ser verdade, mas nem tudo o que é verdade deve ser dito.
- É bom diferenciar entre mentira proposital, engano ou erro calculado, retenção da verdade e mentira branca.
- Nem sempre é o momento ainda adequado para falar umas “verdades” a uma determinada pessoa.
- E há verdades que jamais precisam ser ditas, como: “Você é feio”, Você é gordo”, etc.
- Seria trágico concluirmos que a verdade pode ser dita da mesma forma, em qualquer lugar, a qualquer hora e a qualquer pessoa.
- O cínico, que apresenta fanatismo pela verdade, não tem consideração pelas fraquezas humanas e destrói a verdade viva entre as pessoas.
- Ao dizer a verdade plena, o médico pode provocar a morte imediata de um paciente sensível.
- Em um regime totalitário, a verdade plena também pode pôr fim a vidas preciosas.
- Não somos obrigados a responder toda a verdade a um regime de mentira que faz morrer milhares de pessoas inocentes.
- Por outro lado, é melhor dizer “sim” ou “não” do que jurar.
2- O jeitinho brasileiro, as mentiras brancas e as meia verdades só contribuem para acentuar a corrupção, driblar as leis, passar por cima de terceiros, quebrar a ordem  e minar os princípios morais absolutos.  Por isto devemos evitá-los.

COMO CONSEGUIRMOS SER VERDADEIROS COMO DEUS O É?
1-  Pela conversão.
2-  Pela convivência e contemplação de seu caráter.
- Assim, a verdade será uma realidade agora em nosso viver. Seremos capazes de falar a verdade e de realmente amarmos a verdade. Zac. 8.16-19.
Pensamentos:
- A língua de alguns homens morde mais do que seus dentes.  C.H. Spurgeon.
- Palavras... são boas apenas quando são melhores do que o silêncio.  Richard Sibbes.
- Benditos são os que não tem nada a dizer nem podem ser convencidos a dizê-lo. James Lowell.
- Dificilmente discernimos um tolo quando está em silêncio; só podemos julgá-lo adequadamente quando ele está falando.  William Jenkyn.

FONTE: A ética dos 10 mandamentos, H.U.Reifler, Vida Nova 219-229

APELO: Não seja desobediente a Deus. Jamais diga algo que não seja verdade acerca dos filhos do PAI de toda a VERDADE.
Pr. MARCELO CARVALHO DEZEMBRO DE 1997 SP

Olhos Diet


Êxodo 20.15: “Não furtarás”

“Olho gordo” além de feio e desengonçado, estranho e mau, e no mínimo causa de doenças crônicas na vida das pessoas. O desejo de possuir o que os outros já têm pode nos levar a perder tudo o que já conquistamos. 
- Este mandamento pede a proteção da propriedade e do trabalho.
- Todo ser humano tem 3 necessidades básicas, além de alimentação e do sexo: Ter prestígio, possuir bens para desfrutar deles e gozar seus direitos legais.
- Mas infelizmente, a questão da propriedade e do trabalho conduz indivíduos ao crime, à subversão e ao terrorismo, e leva nações a guerras ofensivas e civis.

O QUE SIGNIFICA NÃO FURTAR?
ü            Não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios lícitos e honestos.
ü            Evitar a subtração oculta ao alheio, contra a vontade de seu dono legítimo.
ü            Evitar acumular riquezas brutais e esprimidas do sangue de outros.
ü            Evitar arruinar o próximo em seus haveres, para que nos cresça o patrimônio.

ABRANGÊNCIA DO CRIME ROUBAR.
1.           Uso de violência para adquirir bens alheios.
2.           Fraude comercial.
3.           Medidas comerciais indevidas.
4.           Preguiça e falta de diligência no trabalho.
5.           Exploração de preços e impostos.
6.           Adulteração de produtos, preços, medidas e regras comerciais.
7.           Apropriação indevida de comissões e gorjetas.
8.           Suborno.
9.           Desvio de verbas públicas.
10.       Ágio e qualquer forma de desonestidade, comercial ou governamental.
11.       Furtar os planos, sonhos, projetos e atenção pertencente a outra pessoa.
- Absalão roubou o coração do povo de seu pai. II Sam. 15.6.
- No pensamento hebraico, e bíblico, roubar também abarca a exploração tanto do pobre como do rico.
- O atraso propositado do pagamento do trabalhador, bem como o uso de medidas viciadas era consideradas roubo. Lev. 19.13; Deut. 25.13-16.
- Roubar é privar o próximo daquilo que Deus pretendia conferir.
- Assim, os pastores que não pregam corretamente a Palavra de Deus e privam a congregação do bem a que tem direito estão roubando.

COMO OBSERVAR ESTE MANDAMENTO?
1-  Respeitar as propriedades alheias.
- Isto impede a cobiça descontrolada. Por isto a lei de Moisés diz que não se deve mudar os marcos fixados pelos antigos. Deut. 19.14.
2-  Confiar no Senhor. Prov. 28.25.
- O homem que confia no Senhor está convicto da suficiência de Deus não se deixando iludir facilmente pela confiança materialista.
3- A honestidade comercial. Deut. 25.15.
- Esta evita a apropriação ilegítima de coisas que não nos pertence.
- O peso integral e justo evita o roubo e tem ainda a promessa de prolongar os dias. Comerciantes desonestos podem perder a vida logo por reações incontroláveis de seus fregueses.
4-  A honestidade do trabalhador. Sal.128.2.
- Devemos trabalhar honestamente, sem matar o serviço ou mesmo inventar desculpas para não faze-lo corretamente, como- ganho pouco, meu patrão é desonesto, etc.
- Para tanto, devem haver incentivos econômicos do governo para fortalecer a produção, gerar empregos e evitar a especulação.
- Os patrões devem ser dóceis, razoáveis em suas exigências e equilibrados em todo o seu trato para com seus subordinados.
5-  A justiça trabalhista. Deut. 24.15.
- Salários humanos e justos reduzem a criminalidade e também incentivam a produção e prosperidade de uma nação.
- Um funcionário satisfeito produzirá muito mais do que um funcionário oprimido.
OBS- Efé. 4.28. Paulo mostra aqui a solução divina para a recuperação de um ladrão.
a) Trabalho honesto das próprias mãos para o auto-sustento.
b) Assistência aos necessitados.
As prisões que não possuem este sistema inspirado por Deus produz apenas receptores passivos e aproveitadores, causa prejuízos ainda maiores do que os furtos à sociedade (impostos mal utilizados) e ainda colabora para que o indivíduo preso desenvolva ainda mais sua criminalidade pelo tempo gasto em associação com pessoas deformadoras de caráter.

O CONCEITO DE PROPRIEDADE.
- Êxo. 19.5: Deus é o Criador, Senhor do Universo, e tudo é dEle.
- Sal. 39.12: somos apenas mordomos, administradores de Seus bens, peregrinos na Terra.
- Israel herdara a Terra prometida, a Palestina. Para todos os hebreus que entraram nesta terra com Josué foi-lhes dado um pedaço de terra para dela cuidarem e desenvolverem suas famílias.
- Em dificuldades financeiras, a pessoa podia vendeu seu direito a esta propriedade, mas nunca estava alienado dela para sempre. A cada 50 anos, as terras vendidas eram devolvidas aos seus legítimos donos, permitindo uma reforma agrária justa e adequada, lembrando sempre ao povo que a terra era do Senhor, e cada um deles mordomos Seus.
- A propriedade moderada é tida como ideal, pois tanto a riqueza como a miséria levam o homem à profanação. Prov. 330.7, 23.4.
- Os profetas falaram duramente contra o espírito materialista, a acumulação de bens fundiários, desapropriações forçadas, suborno, medidas comerciais injustas e roubos de dízimos.
- O AT não aceita a idéia absolutista de propriedade, porque isto negaria a soberania e a justiça de Deus. O israelita considerava-se peregrino e não proprietário eterno, mordomo temporário e não dono.
- O NT indica que o seguidor de Cristo contenta-se com um estilo de vida simples. Os bens materiais não devem dominar a mente do cristão. As riquezas podem possuir o homem, tornando-se um ídolo, por causa da: ansiedade material do coração humano, do desejo de enriquecer-se, ou pelo sentimento de falsa segurança proporcionado pelos bens.
- As riquezas põem em risco a vida humana (Mat.13.22). Por isto, somos convidados a colocar nosso coração, nossos tesouros no céu. (Mat. 6.19).
- O cristão trabalha para para se manter e Ter o suficiente para ajudar o necessitado. Efé. 4.28
- Os bens materiais nunca devem se tornar um fator de discriminação para os fiéis da igreja. Tia. 2.1-5.
- Aos ricos, Paulo diz: I Jo. 3.17.
- Para muitos pais da igreja cristã, aquele que não partilha sua riqueza com o pobre é considerado ladrão.

O Trabalho.
- Gên. 1.27-28: é uma ordem divina. Para isto, o homem deve explorar economicamente a terra como protegê-la dos abusos.
- Êxo. 34.21: todos devem trabalhar. Respeitar o oitavo mandamento significa tanto descansar 1 dia por semana como trabalhar nos outros 6. 
- I Tim. 5.8: Também inclui o cuidado dos familiares, tanto que em Israel, quem não o fazia era isolado da comunidade. O cuidado pelos familiares prova nossa religião. Porém o desejo de possuir cada vez mais leva à negligência da comunhão viva no lar, causando a desgraça da família.
- Ecle. 3.22: o trabalho traz satisfação, apesar de salários indignos e a opressão contra o trabalhador.
- Todo trabalho honesto é louvável. A Bíblia menciona tantos variados, como artístico, comercial, administrativo, agrícola, espiritual e musical.
- II Tess. 3.10: quem não trabalha, não come. Verso 14: devemos  evitar contatos com pessoas que não querem trabalhar.
- Col. 3.22: devemos trabalhar com sinceridade, pensando que tudo que fazemos o fazemos a deus e não ao patrão.
- Col. 4.1: ser um empregador justo. Deus julgará os atos de cada patrão no dia do juízo.
- O trabalho secular e as tarefas espirituais são conciliáveis. Jesus era carpinteiro, Paulo fabricante de tendas, e muitos discípulos pescadores.
- Para Calvino o trabalho é um instrumento da providência divina para trabalhar e aprimorar todos os dons e talentos humanos. Por isto o cristianismo lhe confere a mais iminente dignidade. (E pensar em tantos pais que permitem, estimulam ou até proíbem seus filhos de trabalharem desde cedo na vida!). A Bíblia condena severamente aquele que, tendo financeiramente o poder de dar trabalho a outrem, dele o priva, quando pode agir de outra maneira. Privar o homem de seu trabalho é uma ofensa a Deus. O trabalho pessoal deve trazer proveito à toda comunidade.
- Para Emil Bruner o homem trabalha para sobreviver. Assim confirma e experimenta sua humanidade. Deus quer que o homem trabalhe mesmo que este, como hoje se apresenta, seja uma conseqüência direta do pecado. Gên. 3. O trabalho é voltado ao relacionamento com o Criador, ao cumprimento de Seus propósitos para conosco, e ao relacionamento com e ao benefício do próximo. O repouso (Sábado) ensina que o trabalho não é um fim sem si mesmo, mas um meio às realizações. Precisamos de tempo para cultuar a Deus e para a comunhão. O descanso sabático não significa substituir o dia de trabalho por um dia cheio de atividades religiosas. As brincadeiras fazem parte da dignidade humana. Os jogos nos ensinam a relaxar, sorrir e alegrar. Mas o prazer precisa de moderação para não se transformar em vício. Jamais praticar a idolatria do trabalho. A partir do momento em que o homem se desliga da comunhão viva com Deus, ele se torna escravo de seu trabalho, afastando-se da comunidade; com isto temos a civilização demoníaca, ou seja, escrava. Nunca o homem foi tão escravo como hoje.

FONTE: A ética dos 10 mandamentos, H.U.Reifler, Vida Nova 181-219.

APELO: Por que não viver de forma saudável mantendo nossos olhos de maneira diet, sem cobiçarmos o que é dos outros? Seja feliz com seu próprio galho.


Pr. MARCELO CARVALHO DEZEMBRO 25/11/97 SP

▲ TOPO DA PÁGINA