domingo, 2 de setembro de 2012

Perigos físicos e espirituais da masturbação ou "abuso próprio"


Poucos tópicos têm gerado mais ridicularização por parte dos críticos do que as declarações de Ellen White a respeito do "abuso próprio", "vício solitário", "auto-satisfação", "vício secreto", "poluição moral", etc. Ellen White nunca empregou o termo "masturbação".

A primeira referência que ela fez a este assunto apareceu num livreto de 64 páginas intitulado An Appeal to Mothers , em abril de 1864, nove meses depois de sua primeira visão abrangente sobre saúde. Dedicadas em grande parte à masturbação, as páginas 5 a 34 foram de sua própria pena; o restante consistiu de citações de autoridades médicas. [1]

Ellen White não disse que todas as conseqüências potencialmente sérias da masturbação, nem mesmo que a maior parte delas, aconteceriam a cada indivíduo que tivesse este hábito. Nem disse que o maior grau possível de uma grave conseqüência aconteceria à maioria daqueles que o praticavam.

Pesquisas modernas indicam que as veementes declarações de Ellen White podem ser confirmadas quando o que ela disse é devidamente compreendido. O ponto de vista geral hoje em dia, contudo, é que a masturbação é normal e saudável.

Dois médicos especialistas sugeriram uma ligação entre a masturbação e anormalidades físicas devido à deficiência de zinco. O Dr. David Horrobin, M.D. e Ph.D. pela Universidade de Oxford, declarou:

"A quantidade de zinco no sêmen é tanta que é possível uma ejaculação eliminar todo o zinco que pode ser absorvido pelos intestinos em um dia. Isto tem diversas conseqüências. A menos que a quantidade perdida seja substituída com uma dieta reforçada, as repetidas ejaculações podem levar a uma deficiência real de zinco e vários problemas podem ocorrer, incluisive a impotência".

"É até possível, dada a importância do zinco para o cérebro, que os moralistas do século dezenove estivessem corretos quando diziam que a masturbação repetidal poderia deixar alguém louco!" [2]

Uma pesquisa mais recente confirmou o papel fundamental do zinco como principal protetor do sistema imunológico, com inúmeras doenças físicas atribuídas à sua deficiência.

Dois profissionais na área de psicologia clínica e terapia familiar compararam as declarações de Ellen White sobre masturbação com o conhecimento médico atual. [3] O Dr. Richard Nies defendeu o conselho geral de Ellen White sobre masturbação, realçando quatro pontos principais:

01. A masturbação leva a "deterioração mental, moral e física. ... Não é a estimulação em si que é errada. É o que acontece com ... [as pessoas] quando elas se concentram em si mesmas e se tornam egocêntricas." 

02. A masturbação "avaria as mais finas sensibilidades de nosso sistema nervoso. ... Não é difícil ver, em termos da mediação elétrica de nosso sistema nervoso, como a doença se torna um resultado natural para indivíduos que colocaram a satisfação própria no centro de seu ser. ... A doença é o resultado natural disto."

03. A masturbação é uma predisposição que pode ser "herdada, passada e transmitida de uma geração a outra, podendo levar mesmo à degeneração da raça".

04. Ao tratar com outros, especialmente com crianças, o conselho de Ellen White vai na direção de lidar com as conseqüências, de mostrar-lhes que devemos estar preparados para o amor e para a eternidade, e não para a gratificação própria com suas terríveis conseqüências. O Dr. Nies concluiu seu ensaio afirmando que "satisfação própria é sinônimo de destruição."

Alberta Mazat observou que a preocupação de Ellen White a respeito de masturbação se concentrava mais nas conseqüências mentais do que no "ato puramente físico. Ela estava mais preocupada com processos de pensamento, atitudes, fantasias etc." Mazat citou as referências de Ellen White para o fato de que "os efeitos não são os mesmos em todas as mentes", que "pensamentos impuros tomam e controlam a imaginação", e que a mente "adquire prazer em contemplar cenas que despertam paixões baixas".

Mazat observou também que alguns talvez fiquem embaraçados com as declarações chocantes de Ellen White a respeito de masturbação. Contudo, muitas outras declarações da Sra. White também pareciam "irrealistas e exageradas antes de a ciência confirmá-las, como por exemplo o câncer ser causado por vírus, os perigos do fumo, do comer em excesso, do consumo exagerado de gordura, açúcar e sal, para citar somente algumas. ... Parece que vale a pena lembrarmos que o conhecimento médico em qualquer assunto não é perfeito." [4]

Visto sob outra perspectiva, Deus sempre confirma o ideal para o Seu povo através de Seus mensageiros. Não importa como alguém reaja ao conselho específico de Ellen White, claramente a masturbação não era o que Deus tinha em mente quando Ele criou o homem e a mulher, uniu-os em casamento, e então instruiu-os para serem frutíferos e multiplicarem-se. O ideal de Deus no que diz respeito à sexualidade é o relacionamento de amor dentro do casamento entre marido e mulher. Qualquer outra coisa, incluindo a masturbação, fica aquém do ideal de Deus.

Notas:
[1] An Appeal to Mothers foi reimpresso em 1870 como parte de uma obra maior, A Solemn Appeal Relative to Solitary Vice and Abuses and Excesses of the Marriage Relation. Uma reimpressão fac-similar aparece no Appendix de A Critique of Prophetess of Health (do Ellen G. White Estate).

[2] David F. Horrobin, M.D., Ph.D., Zinc (St. Albans, Vt.: Vitabooks, Inc., 1981), p. 8. Ver também Carl C. Pfeiffer, Ph. D., M.D., Zinc and Other Micro-Nutrients (New Canaan, Conn.: Keats Publishing, Inc., 1978), p. 45.

[3] Richard Nies, Ph.D. em psicologia experimental pela UCLA em 1964 (o equivalente a Ph.D. equivalente em psicologia clínica, incluindo exame oral, mas morreu durante a preparação da dissertação), Palestra "Dai Glória a Deus," Glendale, Calif., n.d.; Alberta Mazat, M.S.W. (professora de Terapia Conjugal e Familiar na Loma Linda University, Loma Linda, Calif.), Monografia, "Masturbação" (43 pp.), Biblical Research Institute.

[4] Mazat, Monografia, "Masturbação".

[Adaptado de Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: o ministério profético de Ellen White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001), pp. 493, 494, com comentários adicionais].

sábado, 1 de setembro de 2012

Cineasta adventista fala sobre o sábado em entrevista

Ele te cobrirá com Suas penas


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Sábado no Livro de Apocalipse


Um dos ensinos mais divulgados pelos Adventistas do Sétimo Dia é que a questão central no conflito final da história do mundo diz respeito ao mandamento do sábado no decálogo.

Os adventistas crêem que os habitantes da Terra terão que escolher um dia entre o culto ao Deus verdadeiro, no dia de sábado, e o culto a um deus falso em um outro dia.
Contudo, tal ensinamento tem sofrido crescentes ataques, tanto de dentro da Igreja quanto de fora dela. Como muitos adventistas perceberam que o termo sábado não ocorre em parte alguma do Apocalipse, alguns deles vieram a questionar se esse ensino tem base bíblica ou se é fundamentado unicamente nos escritos de ElIen White.
Além disso, a questão em si quanto à oposição entre sábado e domingo parece ter perdido a relevância para as pessoas do mundo de hoje. Se perguntarmos a uma pessoa comum, nas ruas, se o sábado ou o domingo seria o dia correto de adoração, essa pessoa provavelmente responderá:
— Se vocês cristãos brigam por coisas tão irrelevantes, então para que serve ir à igreja?
Num ambiente tão negativo quanto a um ensino da Igreja, eu pensei que seria adequado fazer uma re-análise do sábado no livro do Apocalipse. Há uma base exegética para a declaração de que o sábado é uma questão central na crise final da história do mundo? O autor do Apocalipse nos aponta a direção do sábado na crise final ou os adventistas têm defendido essa posição sem uma justificativa bíblica?

A Linguagem da Alusão

Para compreendermos essa questão, é necessário entender uma característica básica do livro do Apocalipse. O Apocalipse está cheio da linguagem, idéias, lugares e pessoas do Antigo Testamento. Embora se trate de um livro do Novo Testamento, a estrutura lingüística básica do Apocalipse se fundamenta nas experiências do povo de Deus como estas se encontram registradas no Antigo Testamento.
Sendo assim, muitas pessoas deixam de perceber, em plenitude, a mensagem do Apocalipse porque elas não levam em consideração a natureza veterotestamentária de sua linguagem.
Mas aqueles que buscam compreender as raízes veterotestamentárias do Apocalipse logo encontram um problema considerável. O livro nunca cita o Antigo Testamento, ele somente alude a ele com uma palavra aqui, urna frase ali e um nome acolá.
Embora seja essencial identificar as referências veterotestamentárias no Apocalipse, pode ser bastante difícil reconhecer exatamente quando seu autor pretende aludir ao Antigo Testamento. Estratégias rigorosas precisam ser empregadas para garantir que o intérprete do Apocalipse compreenda o significado real do texto sem lhe impor qualquer significado externo.
Eu escrevi minha própria dissertação de doutorado acerca das sete trombetas do Apocalipse. Poucos assuntos poderão ser mais desafiadores. Eu logo descobri que faria pouco progresso com respeito às trombetas sem uma estratégia consistentemente bíblica para determinar as raízes veterotestamentárias das passagens. Primeiro, eu vou apresentas essa estratégia brevemente e, depois, vou ilustrá-la mais detalhadamente.

Uma Estratégia para Avaliar Alusões

Primeiro, utilize os rodapés da Bíblia, os comentários, as concordâncias e as listas de alusões (como as listas que aparecem no texto grego padrão de Nestlé-Aland); com essas informações, crie uma lista de alusões em potencial (que essas várias fontes admitem ocorrer em uma determinada passagem do Apocalipse em referência ao Antigo Testamento). Essa lista não deve ser aceita sem criticismo, mas deve ser criteriosamente avaliada da forma como sugiro a seguir.
Em segundo lugar, coloque a passagem selecionada do Apocalipse lado a lado com as várias passagens do Antigo Testamento em sua lista. Tente identificar paralelos verbais, temáticos e estruturais entre o Apocalipse e cada uma das passagens veterotestamentárias que estão sendo avaliadas.
Em terceiro lugar, pese essa evidência verbal, temática e estrutural para determinar se há uma alusão (uma referência intencional do autor a um contexto específico na literatura anterior) ao Antigo Testamento ou meramente um eco (uma referência não intencional baseada no conhecimento geral do autor acerca da literatura anterior e/ou sua influência no ambiente do autor).
Em quarto lugar, aplique os “insights” apropriados ao texto do Apocalipse. Se o autor estiver conscientemente aludindo ao Antigo Testamento, ele deve assumir que o leitor está familiarizado com o texto específico do Antigo Testamento e seu contexto mais amplo. Seria essencial para o intérprete, em tal caso, que ele estivesse atento à alusão e ao impacto de seu contexto na passagem do Apocalipse.
Se o autor estiver meramente fazendo eco ao texto do Antigo Testamento sem pretender, conscientemente, fazê-lo, o intérprete deve se acautelar para não importar o contexto veterotestamentário que o autor do Apocalipse não tinha em mente. Em outras palavras, pode-se falhar na interpretação do Apocalipse de duas formas: ignorando o papel do Antigo Testamento na linguagem do autor ou excessivamente valorizando tal papel.
A titulo de exemplificação de como o Antigo Testamento tem impacto na interpretação de um texto do Apocalipse, pode-se mencionar Apocalipse 13:1-2.
Essa passagem contém uma alusão fascinante ao Antigo Testamento: “Vi emergir do mar uma besta, que tinha dez chifres e sete cabeças e. sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso, e boca como boca de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade.” A maioria dos eruditos bíblicos presume que Apocalipse 13 se baseia em Daniel 7 onde quatro bestas saem do mar. Vamos avaliar esse ponto de vista.
Daniel 7 descreve quatro animais que saem do mar: um leão, um urso, um leopardo e um monstro bizarro e indescritível com dentes de ferro e dez chifres na cabeça. Já que o leopardo é caracterizado com quatro cabeças, essa quadrilha tem um total de sete cabeças.
Esses animais também têm um total de dez chifres. Lembra-se da besta de Apocalipse 13? Assim como as bestas de Daniel 7, ela sai do mar. Além disso, ela tem características de leão, urso e leopardo. Ela tem sete cabeças e dez chifres, um nítido paralelo com o total de cabeças e chifres das quatro bestas de Daniel 7. Parece claro, portanto, que Apocalipse 13:1-2 tem por base a visão de Daniel 7.

Paralelos Verbais, Temáticos e Estruturais

As coisas, no entanto, dificilmente se apresentam tão claramente em Apocalipse. Como, então, avaliar o pano de fundo veterotestamentário do Apocalipse quando a evidência é menos clara do que no caso de Apocalipse 13? Para tal, é necessário que se coloque o texto de Apocalipse lado a lado com a possível fonte do Antigo Testamento. É preciso compará-los cuidadosamente, buscando três tipos de evidência: paralelos verbais, paralelos temáticos e paralelos estruturais entre os textos.
Os paralelos verbais ocorrem quando há palavras de destaque em comum entre a passagem do Apocalipse e a possível fonte do Antigo Testamento. Palavras menos importantes como preposições, conjunções e artigos definidos geralmente não contam.
Quanto mais palavras em destaque as duas passagens tiverem em comum, mais provavelmente o autor tenha tido a intenção de chamar a atenção do leitor para o Antigo Testamento a fim de que ele aplique o significado veterotestamentário à sua compreensão do Apocalipse.
No exemplo de Apocalipse 13 e Daniel 7, os paralelos verbais são “mar,”“leão,”“urso”, “leopardo”, “cabeças” e “chifres.” Esse é um dos paralelos mais fortes com o Antigo Testamento em todo o livro do Apocalipse.
Os paralelos temáticos podem ocorrer entre passagens mesmo quando há somente uma palavra (e, às vezes, nenhuma palavra) em comum entre elas. Paralelos temáticos envolvem um paralelo de tema ou idéia, não necessariamente assinalado por palavras paralelas.
Em si mesmos, os paralelos temáticos são o mais fraco dos três tipos de evidência em favor de uma alusão direta. Em Apocalipse 13 há um paralelo temático com Daniel 7 em termos de animais que saem do mar e representam poderes mundiais.
Os paralelos estruturais ocorrem quando várias palavras e temas de uma seção do Apocalipse aparecem em paralelo com um contexto específico do Antigo Testamento. Esses paralelos estruturais com o Antigo Testamento fornecem, de modo geral, forte evidência em favor das alusões intencionais nos detalhes mais específicos do texto apocalíptico.
Exemplos de paralelos estruturais bem organizados em Apocalipse incluem o uso do texto de Ezequiel (em Apocalipse 4, 7 e 17-22); o uso de Daniel em Apocalipse 5, 13 e 17; o uso de Gênesis 3 em Apocalipse 12; as pragas de Êxodo nas trombetas e nas pragas apocalípticas, e a queda da antiga Babilônia em Apocalipse 16-19. Em Apocalipse 13, há numerosos e marcantes paralelos com Daniel 7, embora eles não ocorram exatamente na mesma ordem. Nas duas passagens bestas emergem do mar, sete cabeças e dez chifres estão envolvidos e referências são feitas a um leão, um urso e um leopardo.
Em conclusão, enquanto que o uso que o autor faz do Antigo Testamento no livro de Apocalipse é mais ambíguo do que gostaríamos que fosse, uma atenção cuidadosa às palavras, temas e estruturas dentro daquele livro pode nos aproximar muito das intenções originais do autor quanto a seu uso do Antigo Testamento e, portanto, oferecer-nos uma visão mais clara de como o autor gostaria que suas palavras fossem interpretadas.

O Contexto de Apocalipse 12 e 14

Voltemos agora à questão que motivou este artigo: o papel do sábado na crise final da história deste planeta. O texto básico acerca deste assunto, no livro de Apocalipse, é o capítulo 12 verso 17. Ali encontramos uma descrição da guerra entre o dragão e o remanescente, uma guerra que é pormenorizada em Apocalipse 13 e 14.
Em certo sentido, Apocalipse 12:17 é um resumo antecipado da crise final como um todo. Assim, os capítulos 13 e 14 servem como uma exegese e um desenvolvimento da declaração básica feita em 12:17: Apocalipse 13 pormenoriza a guerra do dragão e Apocalipse 14 elabora acerca do caráter e da mensagem do Remanescente.
O dragão faz guerra contra o Remanescente no capítulo 13. Ele busca o auxílio de dois aliados no conflito, um emerge do mar e o outro emerge da terra. Os três protagonistas (o dragão, a besta do mar e a besta da terra) formam uma trindade iníqua que busca contrafazer a obra da verdadeira Trindade. O dragão contrafaz a obra de Deus, o Pai; a besta do mar, a obra de Deus; o Filho; e a besta da terra, a obra do Espírito Santo. Essa tríplice e iníqua aliança ataca o Remanescente na batalha final.
Qual é a questão básica em tal ataque? Os capítulos 13 e 14 não nos deixam qualquer dúvida. Em sete ocasiões diferentes (Ap 13:4, 8, 12, 15; 14:9, l1), o texto desses capítulos fala sobre a adoração do dragão, sobre a adoração da besta do mar e sobre a adoração da imagem da besta. A questão na crise final da história deste planeta é claramente uma questão relativa à adoração.
Em contraste com esse apelo que é proferido sete vezes para que adoremos a iníqua trindade ou a imagem da besta. há um único apelo, nesses capítulos, para que adoremos a Deus (Ap 14:7). O chamado para adorar “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” torna-se, portanto, a afirmação central de toda essa seção do Apocalipse e, talvez, o apelo central de todo o livro. Tudo o que está escrito nos capítulos 12-14 focaliza esse chamado para a adoração. A adoração é de forma patente, a questão central envolvida na derradeira crise da história deste planeta.
Um aspecto interessante é que a linguagem dessa afirmação central se baseia nas expressões encontradas no quarto mandamento, em Êxodo 20:11. Ali é declarado que “em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há...” Esses dizeres se encontram refletidos em Apocalipse 14:7 — “Adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” O ponto central e nevrálgico da descrição apocalíptica da crise final é uma alusão direta a Êxodo 20.
A atenção ao mandamento do sábado é, portanto, a resposta ideal ao chamado final de Deus para a adoração e, da mesma forma, a resposta ideal aos sete apelos que a besta faz para a adoração da trindade iníqua.

Os Paralelos de Apocalipse 14:7 com o Antigo Testamento

Paralelos Verbais:
Nesse ponto, leitores argutos podem suscitar uma objeção. Como podemos saber que o autor do Apocalipse conscientemente pretendia que o leitor compreendesse uma alusão ao quarto mandamento exatamente aqui (Ap 14:7) em sua narrativa? O Salmo 146:6 não contém exatamente a mesma linguagem de Êxodo 20? Como podemos saber que João estava citando Êxodo 20 e não o Salmo 146? Ele não poderia estar aludindo ao referido salmo, em cujo caso não haveria referência alguma ao quarto mandamento?
Essa é uma argumentação válida. O Salmo 146:5-6 afirma: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxilio, e cuja esperança está no Senhor seu Deus que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto neles há, e que guarda a verdade para sempre.” Isso se aproxima muito de “adorai Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7).
Com efeito, na Septuaginta (uma tradução grega do Antigo Testamento disponível no período neotestamentário), as palavras do Salmo 146:6 (SI 145:6, na Septuaginta) são praticamente as mesmas encontradas em Apocalipse 14:7. Portanto, há fortes paralelos verbais em Apocalipse 14 tanto em relação a Êxodo 20 quanto ao Salmo 146, com uma pequena vantagem talvez para o Salmo 146.

Paralelos Temáticos:
Contudo, os paralelos verbais são apenas um tipo de evidência em favor de urna alusão consciente ao Antigo Testamento em Apocalipse. Os paralelos temáticos e estruturais são também importantes. Há paralelos temáticos entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20? Sim. Os primeiros quatro dos dez mandamentos (Êxodo 20:3-11) contêm três motivações para a obediência.
Primeiramente, há a motivação da salvação. O preâmbulo do decálogo (Êxodo 20:2-3) diz: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.” Nossa obediência deve ser uma resposta ao que Deus já fez por nós.
Em segundo lugar, há a motivação do juízo. O segundo mandamento fala acerca de visitar “a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração” (Êxodo 20:5). Isto é, há conseqüências para a desobediência.
Finalmente, em terceiro lugar, há a motivação da criação. “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou” (Êxodo 20:11). Deus criou o homem e sabe o que é melhor para ele. Portanto, há três motivações para a obediência na primeira parte da lei: salvação, juízo e criação.
As mesmas três motivações ocorrem no contexto de Apocalipse 14:7. Apocalipse 14:6 fala de um anjo que proclama “o evangelho eterno”. Aqui vemos o tema da salvação. Em Apocalipse 14:7 encontramos também o tema do juízo:
“Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo.” E, anteriormente, já havíamos visto o tema da criação em Apocalipse 14:7: “adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.”

Sendo assim. Apocalipse 14:6-7 tem as mesmas três motivações que induzem a uma mesma reação às quais encontramos na primeira tábua da lei (isto é, nos quatro mandamentos que normatizam a relação entre a criatura e o Criador): salvação, juízo e criação. E, além disso, esses ocorrem na mesma ordem em que aparecem em Êxodo 20!
Algum desses temas ocorre no Salmo 146? Sim. Ali aparece o tema da salvação: “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há auxílio... Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está no Senhor seu Deus” — vs. 3 e 5. Há também ali o tema da criação:

que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto neles há” — v. 6.

Há ainda o tema do juízo: “que faz justiça aos oprimidos” — v. 7. Os paralelos temáticos com o Salmo 146 são, portanto, tão fortes quanto aqueles com Êxodo 20, mas não na mesma ordem. Sendo assim, pode-se afirmar que há forte evidência em favor de ambos contextos no Antigo Testamento, mas há uma ligeira vantagem para Êxodo 20, sob a perspectiva de que os temas ocorrem na mesma ordem em Apocalipse 14 e Êxodo 20.

Paralelos Estruturais:

Isso nos conduz à busca de paralelos estruturais. Examinemos, agora, a evidência estrutural de Apocalipse 12-14. Os dez mandamentos, dos quais Êxodo 20:11 é uma parte, parecem ser uma estrutura principal subjacente a toda essa seção do Apocalipse. O remanescente e caracterizado, entre outras coisas, como sendo aqueles que “guardam os mandamentos de Deus” (Apocalipse 12:17; 14:12).
Entretanto, a questão, aqui, não envolve os mandamentos de forma indiscriminada. O ponto nevrálgico se centraliza no aspecto da adoração. E, especificamente, esse aspecto é enfocado na primeira tábua do decálogo (isto é, nos quatro primeiros preceitos): os mandamentos que dizem respeito a nosso relacionamento com Deus.
Quando se compreende essa realidade, não é surpreendente que, em Apocalipse 13, as bestas contrafaçam não apenas a Trindade, mas também cada um dos quatro primeiros mandamentos do decálogo. O primeiro mandamento declara: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20:3), mas a besta que emerge do mar pretende tomar o lugar de Deus ao receber adoração (Ap 13:4, 8).
O segundo mandamento adverte-nos com respeito à adoração de imagens, no entanto, a besta que emerge da terra erige uma imagem a fim de ser adorada (Ap 13:14-15). O terceiro mandamento diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”, mas a besta do mar “abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome” (Ap 13:6).
O quarto mandamento diz: “Lembra-te do dia de sábado.” Os tabletes que continham os antigos pactos eram lacrados com selos estampados sobre eles. Tais selos eram um sinal de propriedade e autoridade. Uma vez que o decálogo segue a forma desses antigos tabletes de concerto, ele também tem um selo de propriedade e autoridade estampado sobre ele — o mandamento do sábado: “Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado. e o santificou” (Ex 20:11).
A declaração acima é a única contida nos dez mandamentos em que é declarado o fundamento da autoridade de Deus sobre toda a criação: Ele é o Criador. De igual forma, o conceito do selo é importante também em Apocalipse: os 144 mil são selados em suas frontes (Ap 14:1; cf. 7:3-4; Ex 31:13 e 17).

A trindade iníqua oferece, também, uma contrafação do selo, a marca da besta (Ap 13:16-17). Destarte, todos os quatro mandamentos da primeira tábua do decálogo sofrem ataque por parte da trindade iníqua de Apocalipse 13. A primeira tábua da lei está no centro do conflito entre o dragão e o remanescente.
Essa série de conexões verbais e temáticas entre o conteúdo dessa parte do Apocalipse e passagens relacionadas aos dez mandamentos, indica que um importante paralelo estrutural dá-se em relação ao decálogo, especialmente no que tange à porção que diz respeito à relação entre o adorador e a Divindade.
Essa evidência estrutural oferece um apoio incontestável à probabilidade de que o significativo paralelo verbal entre Apocalipse 14:7 e Êxodo 20:11 tenha sido intencional. Não há absolutamente nenhuma relação entre Apocalipse e Salmo 146 que se assemelhe a essa.
A evidência cumulativa é tão forte que um intérprete bem pode afirmar que não há nenhuma alusão direta ao Antigo Testamento (em Apocalipse) que seja mais certa do que a alusão ao quarto mandamento em Apocalipse 14:7.
Quando o autor de Apocalipse descreve o apelo final de Deus à raça humana, no contexto do engodo do tempo do fim, ele o faz em termos de um chamado à adoração do Criador no contexto do quarto mandamento.

A Questão da Relevância

Não obstante, ainda que biblicamente correto, faz qualquer sentido ver o sábado corno uma espécie de questão definidora na crise final da história deste planeta? Por que Deus escolheria esse tipo de questão como centro focal da crise escatológica?
No centro da questão está o fato de que o sábado é uma forma ideal de testar se as pessoas são, de fato, leais a Deus. O mandamento sabático é diferente dos outros nove. Todos os demais têm uma fundamentação racional motivada pelo interesse próprio: afinal de contas, os princípios da segunda tábua do decálogo são mesmo a legitima base de governo em muitos países.
Vejamos: “Não matarás” é uma lei lógica para qualquer um que não queira morrer. “Não furtarás” faz perfeito sentido para qualquer um que queira proteger suas propriedades adquiridas com muito esforço pessoal. Mandamentos assim são racionais e chegam até a apelar a uma certa parcela de interesse próprio.
A mesma coisa acontece com os três primeiros mandamentos, que dizem respeito a nosso relacionamento com Deus, Se Deus é quem Ele alega ser, não faz sentido adorar a nenhum outro.
A única parte do decálogo que não é lógica é o mandamento de adorar no sábado, em vez de em qualquer outro dia da semana1 Tal mandamento é tão destituído de lógica que as pessoas seculares o acham até difícil de considerar seriamente, pois não vêem nenhum beneficio ou interesse próprio em tal princípio.
Afinal de contas, ninguém conseguiu até hoje demonstrar qualquer base cientifica ou racional para se considerar um dia mais especial para Deus do que os demais. O sol brilha e a chuva cai de igual maneira tanto no sábado quanto no domingo. Guardar o sábado requer que confiemos em Deus, mesmo quando os cinco sentidos nos informam que não há nenhuma razão lógica para fazer isso.
O sábado representa, escatologicamente, aquilo que a árvore do conhecimento do bem e do mal representava no princípio. O fruto da árvore era, provavelmente, tanto palatável quanto nutritivo. A única razão para não comê-lo era o fato de Deus o ter proibido.
Assim é com o sábado. A única razão de preferir o sábado ao domingo é porque Deus assim o ordenou, não há nenhuma outra explicação. Aceitamos o sábado respaldados unicamente pela Palavra de Deus, pois cremos que as Escrituras são um relato confiável da mente e da vontade de Deus.
O sábado é, portanto, um bom teste de nossa fidelidade a Deus e Sua Palavra. As Escrituras são um registro tão fiel das ações de Deus no passado quanto das realidades futuras no tempo do fim, É porque cremos nas Escrituras que damos crédito àqueles eventos do tempo do fim por elas descritos.

Em conclusão, o Apocalipse pinta o fim do mundo como tempo de um grande engodo mundial, que vai transcender os cinco sentidos, mesmo entre o povo de Deus. Entretanto, aqueles que crerem, aceitarem e seguirem os reclamos da Palavra de Deus, esses não perderão o rumo durante esse tempo do engano final.

Autor: John Paulien, Ph.D, professor de Novo Testamento na Andrews University, EUA; artigo traduzido do manuscrito original em Inglês pelo Dr. Milton L. Torres e publicado na Revista Teológica do SALT – IAENE de Janeiro-Junho de 1999.

Profecias Messiânicas e Seu Cumprimento

PR. NEUMOEL STINA

Podemos nós confiar nas profecias? Mesmo a Bíblia sendo considerada, por alguns, um livro tão velho, como poderá ser ela útil para nós? O livro de Deus tem ainda, mesmo para um mundo tão moderno, mensagens importantes? Você acredita nas profecias?

Vamos analisar alguns fatores: 1) Há uma unidade de ensino na Bíblia. Seus 40 autores, que viveram durante 1600 anos em culturas diferentes escreveram 66 livros cuja mensagem está em perfeita harmonia; 2) A Bíblia se adapta perfeitamente de acordo com as necessidades de todos os povos; 3) Há um grande poder contido nas Escrituras e isto evidencia sua origem divina; 4) Os achados e descobertas da arqueologia confirmam com exatidão os nomes, lugares, funções, fatos e costumes narrados na Bíblia.

No programa de hoje, desejamos apresentar fortes evidências da veracidade da Bíblia, e mostrar profecias nela contidas e que foram comprovadas pela História Universal, demonstrando assim que Deus – O Conhecedor do Futuro – foi quem revelou as verdades preciosas contidas nas Sagradas Escrituras.

Está cada vez mais comum nos dias de hoje, as pessoas se apegarem no que dizem os advinhos, médiuns, astrólogos, prognosticadores, e futurólogos.

Consultam búzios, necromantes, a bola de cristal, as cartas, o tarô, etc. Mas todos estes “meios” de conhecer o futuro são humanos, falhos e na maioria dos casos oriundos de “misteriosas forças ocultas” (a saber, satânicas!)

Recentemente fiz uma pesquisa, pegando vários jornais diferentes, e nas folhas onde se encontram os horóscopos pude ver que cada horóscopo trazia uma mensagem diferente de um jornal para o outro.

A astrologia e os horóspocos movimentam somente no Brasil uma soma superior a 100 milhões de reais anualmente, e nos Estados Unidos o valor passa de 200 milhões de dólares.

Nossa única fonte de verdade é a Bíblia, pois ela teve sua origem em Deus, que é o Deus da verdade, o único que conhece o futuro. Ele mesmo declara: – “Eu sou o Senhor,…a minha glória,…não darei a outrem…Eis que as primeiras predições – já se cumpriram e novas coisas eu vos anuncio, e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir.” Isa. 42:8 e 9.

Nestes versículos mencionados, Deus reserva para Si próprio, exclusivamente, o conhecimento e a revelação de fatos futuros.

Através das profecias bíblicas referentes à Cristo temos forte e convincente evidência, de que sem dúvida nenhuma a Bíblia foi inspirada por Deus.

As profecias são bem numerosas, e o seu cumprimento é cabal e completo.

A primeira profecia sobre Cristo foi dada a Adão e Eva, ainda no Jardim do Éden: o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Gên.3:15. Em Gálatas 3:16 encontramos o cumprimento em Cristo.

Jacó antes de expirar profetizou que da descendência de Judá viria Siló, o princípe da Paz. Gên. 49:10. Esta profecia teve o seu cumprimento nAquele que – só Ele – podia dizer ” Deixo-vos a paz…” João 14:27.

No salmo 22, Davi apresenta a profecia que fala dos sofrimentos do Messias ( e, lembremos bem, esta profecia foi escrita por Davi, inspirado por Deus, cerca de 1000 anos A.C.). Nela encontramos fatos estupendos como os seguintes:

Os sofrimentos do Messias seriam extremos (V.14); suas mãos e pés seriam traspassados (V.16); seria despido, suas vestes seriam repartidas e sua túnica sorteada (Vs 17 e 18); as pessoas presentes zombariam dEle(V.7); sua angústia seria culminada por terrível sede (V.15); e o Seu grito, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (V.1) também foi predito.

O nascimento virginal de Cristo foi anunciado sete séculos antes de ocorrer, pelo profeta Isaías. (Mat. 1:22, 23) e (Isaías 7:14)

A profecia indicou também que Aquele menino que nasceria em favor do mundo seria o próprio Deus – Emanuel, que quer dizer Deus conosco! (S.Mat.1:23)

O profeta Isaías, no capítulo 53 apresenta uma das mais formidáveis profecias sobre o ministério de Cristo: o de morrer pelo pecador e a expiação dos nossos pecados.

Miquéias anunciou o local do seu nascimento. Miquéias 5:2. A matança dos inocentes, levada a efeito por Herodes, conforme Mateus 2:16-18 também foi profetizada com exatidão por Jeremias, no capítulo 31:15.

O profeta Isaías declarou ainda qual seria o conteúdo principal do ministério de Cristo. Pregar boas novas aos quebrantados, curar os enfermos, oferecer liberdade aos cativos do inimigo, consolar os aflitos, oferecer alegria e paz aos que estariam tristes e inconsoláveis.

Cristo, cumprindo esta profecia de Isaías 61:1-3, era o Único que podia dizer “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei,… e achareis descanso para vossas almas:” (S.Mateus 11.28-30).

A profecia também indicava que a morte não poderia retê-lo na sua prisão. Disse o salmista, “pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.”

A ressurreição de Cristo, pelo Seu próprio poder (S. João 10:17,18) demonstrou a veracidade das Escrituras.

Desta maneira nós vimos que as profecias do Antigo Testamento oferecem detalhes minuciosos – por antecipação – da vida, ensinos, e obra de Jesus Cristo. Sua genealogia, Seu nascimento, Sua divindade, Seu poder de operar milagres.

A salvação que Ele nos oferece, Seu sacrifíco expiatório, o modo como foi traído, pregado, morto, enterrado e até mesmo a ressurreição e ascensão, tudo foi antecipadamente comunicado para que pudéssemos crer em Deus e em Seu Filho Jesus Cristo.

Estas profecias messiânicas – que se cumpriram em Jesus Cristo comprovam que Deus conhece o fim desde o princípio; só Ele conhece e sabe o que irá acontecer em breve.

Você gostaria amigo ouvinte, de entregar sua vida nas mãos de um Deus que conhece todas as coisas?

Quando tudo aqui terminar você não gostaria de estar ao lado de alguém que sabe tudo que vai acontecer?

Confie sua vida a Deus.
Fonte: Sétimo Dia

Como entender a Bíblia


Não sou teólogo nem sei falar hebraico ou grego. Como posso entender a Bíblia corretamente?

Sabemos que ler a Bíblia é importante para nossa comunhão com Deus. Muitas pessoas acreditam, entretanto, que apenas um pastor ou doutor em Teologia pode interpretar a Bíblia de maneira correta. Mas é interessante que os escritores da Bíblia pensavam o contrário: eles esperavam que todos a lessem e compreendessem, mesmo aqueles que não eram cultos (Dt 30:11-4; Jo 20:30, 31; At 7:11; Ap 1:3). Sugerimos alguns passos simples e úteis para a compreensão da Bíblia, que podem ser utilizados por qualquer pessoa:

1. Estude a Bíblia com oração e humildade – Nosso coração é, por natureza, enganoso (Jr 17:9). Por natureza não temos disposição de ser ensinados. É natural para o ser humano ler a Bíblia de tal maneira a evitar algo que não deseja aprender. Não importa quanto você saiba sobre o idioma grego ou quantos doutorados você possui, se não tiver um coração disposto a aprender, seu estudo não terá qualquer valor.

Conhecer a Deus, de acordo com a Bíblia, é mais que uma atividade intelectual ou estudo acadêmico (Jo 7:17; 1Co 2:14; 2Ts 2:10; Tg 1:5). O conhecimento de Deus vem de uma disposição de aprender a verdade que vem de Deus não importando o que custar (2Ts 2:10). Conhecer a Deus pode custar sua vida, família, amigos e reputação. Mas, se você estiver disposto a encontrar a verdade não importando quais desafios tiver que enfrentar, você a alcançará.

O estudo da Bíblia deve começar com aquilo que pode ser chamado de “oração autêntica”. Essa oração pode ser feita assim: “Senhor, eu desejo a verdade não importa o que ela me custar, pessoalmente.” Essa é uma oração difícil de ser feita, mas, se você orar dessa maneira, conhecerá a verdade de Deus. Jesus prometeu que o Espírito Santo nos guiará ao buscarmos conhecer a vontade de Deus (Jo 16:13, 14). Jesus está ansioso para cumprir Sua promessa.

2. Compare várias traduções da Bíblia – Se você não tem acesso à Bíblia em hebraico e grego, pode consultar várias traduções bíblicas ao estudar algum texto. Boas traduções em português são a Almeida Revista e Atualizada, a Bíblia de Jerusalém e a Nova Versão Internacional. As duas primeiras utilizam linguagem mais culta, e a última, linguagem mais acessível.

Cada tradução tem suas limitações e, em alguma medida, reflete os conceitos e preconceitos dos tradutores. Essas limitações podem ser minimizadas ao se comparar várias traduções. Cada tradução apresenta um aspecto do significado do texto. Portanto, quando comparamos várias traduções, temos uma compreensão melhor.

Suponhamos que você está comparando, por exemplo, cinco traduções bíblicas. Se quatro ou cinco traduzem um texto bíblico de forma semelhante, é mais provável que o texto original seja claro e, portanto, essa é a forma correta de ser traduzido. Por outro lado, se cada tradução apresenta um sentido diferente, provavelmente o texto original é difícil ou ambíguo.

Quando várias traduções são semelhantes e, portanto, o texto é claro, podemos nos basear com segurança na tradução daquele texto. Quando as traduções indicam que o texto que estamos estudando é ambíguo e difícil de ser traduzido, não é seguro basearmos alguma doutrina ou prática naquele texto específico.

3. Dedique a maior parte de seu tempo aos textos claros da Bíblia – Se você realmente deseja que a Bíblia fale por si mesma, passe a maior parte do estudo nos textos bíblicos mais claros. Existem muitas partes da Bíblia sobre as quais há pouco acordo entre os cristãos e mesmo para especialistas em hebraico e grego. Portanto, um passo extremamente importante no estudo da Bíblia é dedicar a maior parte de seu tempo nas seções que são razoavelmente claras. Os textos claros da Bíblia o ajudarão a ter uma boa compreensão sobre os assuntos centrais da mensagem bíblica, impedindo-o de utilizar de maneira errada os textos que são mais ambíguos.

Por outro lado, se você passar a maior parte de seu estudo em textos como as trombetas do Apocalipse ou Daniel 11, você corre o risco de se tornar espiritualmente desequilibrado. Pessoas que interpretam a Bíblia de maneira errada geralmente se concentram em textos difíceis, desenvolvem soluções criativas para as dificuldades que encontram e se baseiam em textos obscuros para criar uma teologia inteira. Esses leitores acabam distorcendo as passagens claras da Bíblia porque elas vão contra as falsas doutrinas criadas por eles.

4. Procure ler capítulos inteiros em vez de versículos isolados – Muitas pessoas costumam estudar a Bíblia de maneira fragmentada. Leem um versículo e então o comparam com dezenas de versículos que acham que tratam do mesmo assunto. Essas pessoas já criaram uma teoria e simplesmente procuram textos bíblicos que apoiam a ideia. Qual o problema com isso? A pessoa não permite que a Bíblia fale por si mesma, mas impõe suas ideias sobre os textos bíblicos. Muitos acham que existe virtude em citar grande número de versículos bíblicos, mas acabam cometendo o erro de distorcer a Bíblia.

Muitas pessoas, em vez de ler o texto bíblico em si mesmo, costumam estudar uma concordância bíblica, que é um livro que mostra todas as vezes em que determinada palavra aparece na Bíblia. Sem os passos corretos para entender a Bíblia, ler uma concordância tende a levar a pessoa a ler os versículos isolados do contexto. É como pegar uma tesoura e recortar 50 textos da Bíblia, jogar em uma bacia, fazer uma “salada de frutas”, oferecer a alguém e dizer: “Esta é a mensagem do Senhor.”

Por outro lado, quando você lê um livro bíblico do começo ao fim, o autor bíblico está no controle da sequência e desenrolar do texto. Esse é o tão importante contexto. O autor conduz você de uma ideia a outra, e o estudo não é controlado pelos interesses ou ideias que você possui. Ler os textos bíblicos de maneira completa permite que o leitor entenda as intenções dos escritores bíblicos e ajuda a ver o “quadro completo”, que é maior garantia contra interpretações bizarras de partes isoladas.

Ler textos completos estimula uma disposição de aprender e ajuda a ver o texto como ele deve ser entendido. Não somos nós que devemos ensinar algo à Bíblia; é ela que deve nos ensinar. É importante comparar textos bíblicos que tratam do mesmo assunto, mas antes disso precisamos ler e reler um texto bíblico completo. Muitas vezes, o leitor encontra um versículo difícil e não entende o que significa.

Na maioria das situações, tudo que precisamos fazer para entender um texto difícil da Bíblia é ler seu contexto – os versículos que vêm antes e os que vêm depois. Quando encontrar um versículo difícil, leia todo o capítulo em que ele está. Depois, procure se familiarizar com a mensagem do livro inteiro. Mas nunca leia um versículo sem considerar o contexto.

Quando buscarmos a Deus de todo o coração, poderemos dizer: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119:105).

(Matheus Cardoso é editor associado da revista Conexão JA e editor assistente de livros na Casa Publicadora Brasileira)

Fonte: Jon Paulien, The Deep Things of God: An Insider's Guide to the Book of Revelation (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2004), p. 79-92. 
Fonte: Criacionismo

Informativo Mundial das Missões – 01/09/12

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Salmo 9 - Louvemos ao Senhor


Estas são as palavras iniciais do salmo 9: Vs. 1-2: “Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as Tuas maravilhas. Alegrar-me-ei e exultarei em Ti; ao Teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores.” Aqui ele estabelece o assunto de todo o salmo. A palavra–chave é “louvar” e o tema é o “Julgamento”.

O salmista começa este salmo com uma PROMESSA PARA LOUVAR. Davi começa prometendo que louvará ao Senhor e nos instrui sobre muitas coisas que temos que saber antes de louvar. Primeiro, é salutar prometermos a Deus que haveremos de louvá-lO. Não tenhamos receio de prometermos alguma coisa para o Senhor, porque Ele Se agrada de nossas promessas, e Ele mesmo gosta de fazer promessas para nós.

Segundo, de que modo devemos louvá-lO? Davi disse que louvaria a Deus “de todo o meu coração!” Isso indica a sinceridade que ele revela ao louvar ao Senhor. Isso é diferente de quando nós O louvamos, cantamos e entoamos hinos, pensando em outras coisas! Terceiro, a quem louvaremos? Davi se dirige a Deus como Yahweh, o Deus Eterno, o Altíssimo, diante de Quem devemos manifestar santa reverência em nosso louvor e nas músicas que usamos para louvar!

Quarto, qual é o conteúdo do seu louvor? O salmista “cantava” os louvores, “contando” as maravilhas de Deus. Há muitos cânticos do nosso tempo que estão cheios da experiência humana, cheios das lamúrias do homem em suas desgraças, em seus pecados, mas pouco das maravilhas do Senhor. Mas há uma ciência aqui muito esquecida: é que haveremos de pregar com êxito multiplicado, se falarmos mais das maravilhas dos poderosos feitos de Deus e menos das falhas humanas! Temos contemplado mais “existencialismo” do que cristianismo nas letras de muitos hinos de louvor! E cristianismo é seguir e exaltar a Cristo!

Quinto, qual era a atitude no louvor?  “Alegrar-me-ei e exultarei em ti”. Precisamos manifestar a nossa alegria ao louvar ao Senhor. Há muitos que louvam sem alegria no coração. Há muitos legalistas que tem o seu coração fechado e cantam sem alegria. O seu canto não é aceito, o seu louvor não chega ao Céu. Mas se o conteúdo de nosso louvor é cantar e contar as maravilhas do nosso grande Deus, o Altíssimo, o Eterno, o nosso Deus Salvador, então, haveremos de louvar com júbilo e alegria transbordantes!

I – O MOTIVO PARA LOUVAR (v. 3-10)

1- Louvamos a Deus porque Ele julga retamente (v. 3-8).

Aqui temos o primeiro motivo para louvar: Os versos 3-8 nos falam de um justo Juiz. O que significa julgar retamente? O que significa a justiça? De acordo com o Dicionário de Michaelis, justiça é a “virtude que consiste em dar ou deixar a cada um o que por direito lhe pertence.” Assim age Deus com os justos e os ímpios, sendo os justos aqueles que foram transformados e convertidos, e os ímpios aqueles que rejeitam o oferecimento da graça, rejeitam a misericórdia de Deus.

Davi disse que os seus inimigos retrocedem e tropeçam porque Deus sustenta o seu direito e defende a sua causa, enquanto está em Seu trono de Julgamento (v. 3-4). E ele identifica a esses inimigos como sendo os mesmos ímpios que rejeitaram ao Senhor, e, portanto, serão destruídos os ímpios de todas as nações (v. 5),  numa antevisão do grande Julgamento final. O seu nome será apagado, a sua memória perecerá (v. 6).

Mas enquanto os ímpios serão esquecidos, a memória de um Juiz justo permanecerá eternamente: “7 Mas o SENHOR permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. 8  Ele mesmo julga o mundo com justiça; administra os povos com retidão.” Esta verdade dúplice é a garantia de que teremos justiça eternamente, e de que jamais se levantará o pecado com sua hedionda cabeça por outra vez. Teremos paz, harmonia e consequentemente felicidade para sempre. Não admira de que temos muitos motivos para louvar a Deus sempiternamente.

Mesmo hoje, vemos que Deus governa e administra os povos com retidão e segurança. Nos dias da república de seu país, um embaixador, certa noite, com grande ansiedade e cheio de temor, não podia conciliar o sono, perturbado e apreensivo com a condição em que se achava o seu país. Um servo sábio e idoso repousava no mesmo aposento, e notou a preocupação excessiva do embaixador.
- Senhor embaixador, disse o sábio, me permite fazer uma pergunta?
- Perfeitamente.
- Porventura Deus governou bem o mundo antes de o senhor nascer?
- Sem dúvida alguma – foi a resposta do embaixador.
- Governará Ele bem o mundo depois de sua ausência? – perguntou ainda o ancião.
- Por certo – responde o embaixador.
- Então, não pode o senhor confiar a Ele a direção do seu país, enquanto aqui se achar?
O embaixador, fatigado, virou-se e dormiu. De fato, podemos dormir tranquilamente, porque o nosso Deus julga e governa o mundo com justiça e sabedoria.

2- Louvamos a Deus porque Ele protege os justos (v. 9-10).

Lemos ainda as palavras de Davi: “9 O SENHOR é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. 10  Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os que te buscam.” Deus é o Refúgio de todos os que estão sendo oprimidos.

Estamos vivendo em um mundo de perseguidores, homens que por motivos escusos, por motivos banais, ou sem motivo algum estão prontos a prejudicar o semelhante, sem medir consequências, sem pesar os resultados. Mas em Deus encontramos um “alto Refúgio”, nas horas de aflição e angústia. Podemos confiar sempre nEle, porque não desampara os que O buscam. Podemos louvá-lO porque Ele nos atende e defende contra os que nos ameaçam.

II – O APELO PARA LOUVAR (v. 11-12)

Mas Davi está tão cheio do desejo de louvar ao Senhor que ele faz a seguir um veemente apelo para que a nação israelita louve a Deus diante dos outros povos: “Cantai louvores ao SENHOR, que habita em Sião; proclamai entre os povos os seus feitos.” (v. 11).

Somos convidados a louvar com cânticos ao Senhor. Os hinos nos elevam mais rapidamente a Deus do que qualquer sermão. Os hinos têm um poder de transformar a vida daqueles que vivem a cantar e louvar. Alguns não encontram um meio de se livrar da murmuração. Pois Davi, ao invés de reclamar, ele louva a Deus e convida outros a louvá-lO.

Vamos louvar Aquele que habita entre o Seu povo. Ele habitava em Sião, no lugar onde estava o Seu templo, o templo que os judeus edificaram para a Sua adoração e louvor. Mas o templo de Salomão foi destruído, o povo judeu foi rejeitado porque rejeitou ao seu Benfeitor. Mas Ele habita conosco, em nossas igrejas, em nossas casas, em nosso coração, e está sempre conosco. Se sentimos a Sua presença tão palpável em nosso meio, ergamos o nosso louvor em cânticos alegres, em hinos suaves e cheios de melodia e emoção.

Temos um apelo para pregar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo: “Proclamai entre os povos os Seus feitos!” Este sempre foi o plano de Deus para o Seu povo escolhido: proclamar as Suas maravilhas através daqueles que estavam sendo beneficiados e salvos. E isto pode ser feito através dos cânticos e hinos espirituais. Temos uma poderosa mensagem em nossos hinos que contém a verdade para este tempo. Ao louvar a Deus, muitos outros dentre os povos em todo o mundo hão de se converter e se unir a nós em nosso louvor.

 III – A ORAÇÃO PARA LOUVAR (13-14)

Nós dependemos de Deus até para louvar. E Davi faz esta oração: “13 Compadece-te de mim, SENHOR; vê a que sofrimentos me reduziram os que me odeiam, tu que me levantas das portas da morte; 14  para que, às portas da filha de Sião, eu proclame todos os teus louvores e me regozije da tua salvação.”

Davi faz uma súplica a Deus para que Ele lhe conceda a Sua compaixão. Felizmente, temos um Deus compassivo, que Se inclina para ver os nossos sofrimentos, as nossas aflições. Davi está muito preocupado com o que fizeram os seus adversários que o odiavam e tramavam o mal contra ele. Ele estava sofrendo por causa de homens perversos e odiosos.

Porventura, isso é história antiga? Não estamos sofrendo, de igual modo e muitas vezes, por causa dos que nos odeiam, que nos fazem gemer, que nos perseguem e maldizem e intentam todo o mal contra nós? Muitos dentre o povo de Deus vê se aproximar até a morte, por problemas que estão enfrentando com outras pessoas.

Muitos hoje, no entanto, em meio a muitos perigos, estão dizendo, confiantes: Senhor, “Tu me levantas das portas da morte”, para que eu adentre as portas da Tua igreja, “para eu proclamar todos os Teus louvores”. Muitos de nós estamos sendo salvos da morte, a fim de proclamar o louvor de Deus e nos regozijar na Sua salvação.

IV – O RESULTADO DE NÃO LOUVAR (15-18)

Agora, Davi apresenta o resultado de não louvar a Deus. Ninguém será obrigado a louvar; todos têm plena liberdade para viver como quiserem. Entretanto, é pecado ser ingrato e não louvar e não reconhecer Aquele que faz maravilhas em nossa vida. É pecado desprezar o Doador da vida, o Salvador do pecado, o Criador do universo e de nós mesmos. É pecado não amar Aquele que é amor. E seguirão as consequências.

O que acontecerá com as nações que não reconhecem a Yahweh, a começar com os judeus? “Afundam-se as nações na cova que fizeram, no laço que esconderam, prendeu-se-lhes o pé.” Aqui temos uma das manifestações da justiça e do justo juízo divino: Deus dá às nações aquilo que elas planejaram para os outros povos. Elas queriam destruí-los, e então serão destruídas, e lançadas na cova da sepultura. 

O salmista volta ao tema do juízo e da justiça divina. Ele disse a respeito do ímpio: “enlaçado está o ímpio nas obras de suas próprias mãos.” (v. 16). Mais tarde, Salomão, o filho de Davi disse a mesma coisa em outras palavras: “Quanto ao perverso, as suas iniqüidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.” (Pv 5:22).

Mas qual será o destino de todos os que não louvam a Deus? Para onde serão lançados? V. 17: “Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Estas palavras são citadas por muitos estudiosos para ensinarem a existência de um inferno a arder presentemente, como se o castigo dos ímpios já estivesse em operação. A doutrina do inferno se espalha pela internet e pelos púlpitos modernos em meios católicos e protestantes e até muçulmanos. Todos em uníssono afirmam que existe um inferno e para lá se encaminham os perdidos de todos os povos.

Entretanto, não é isso o que disse Davi, que não cria nesse inferno de fogo a arder eternamente. Primeiro, ele está usando o tempo verbal para o futuro: “Os perversos serãolançados...”; não é algo que acontece agora; os ímpios não estão sendo lançados hoje no inferno de fogo. A Bíblia fala que o castigo dos ímpios é um acontecimento terrível, mas que ocorrerá no futuro. Como disse Pedro (em 2Pe 3:7): “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.”

O apóstolo João, escrevendo no Apocalipse, disse (em Ap 21:8): “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” Isto será um acontecimento futuro. Este será o grande Juízo Executivo contra todos os ímpios que não quiseram reconhecer ao Soberano do universo, negando-se a louvar Aquele que tem todo o direito à mais alta honra, e louvor e glória por todos os séculos da eternidade.

Mas as palavras do salmista ainda nos dão mais luz: ele está usando a palavra hebraica “sheol”, que significa “sepultura, cova, morada dos mortos”. Ao dizer que “os perversos serão lançados no inferno”, Davi está repetindo em um paralelismo sinônimo o que disse no verso 15: “Afundam-se as nações na cova que fizeram”.

Aqui ele está usando uma palavra sinônima no hebraico para a cova da sepultura. Ele está dizendo que esses ímpios serão destruídos e serão lançados na sepultura. Ele ainda não menciona o fogo destruidor, mas indica a destruição que lhe era mais comum sobre que falar em seus dias. Portanto, o v. 15 está em paralelo com o v. 17, e não ensina a doutrina moderna do inferno de fogo eterno. E de fato, ela não se encontra na Bíblia.

Mas qual é o grande problema dos ímpios? Eles não serão lançados no inferno ou na sepultura porque cometeram os graves pecados de que são acusados. Por que mesmo eles estão perdidos? A resposta está nas palavras de Davi, o verso 17 (úp): eles “se esquecem de Deus” (v. 17).

Disse o apóstolo Paulo a respeito deles (em Rm 1:21-22), que são indesculpáveis “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”.

Este é o triste resultado de quem não reconhece, não adora e não louva a Deus. É como disse o grande incrédulo Voltaire, acusando-se com suas próprias palavras: "É preciso ser cego para não ver esta majestade [nos céus estelares], é preciso ser estúpido para não reconhecer o seu Autor, é preciso ser louco para não adorá-lO."

Mas enquanto os ímpios se esquecem deliberadamente de Deus, os justos não serão esquecidos (v. 18). Às vezes nos parece que Deus está Se esquecendo de nós, ao contemplarmos que se demora a ajuda em nossas muitas aflições. Parece que as nossas orações não encontram eco no coração do Altíssimo que está tão longe em Seu trono de glória, tão ocupado a julgar as nações e a governar o universo.

Entretanto, a Sua promessa é esta, v. 18: “O necessitado não será para sempre esquecido, e a esperança dos aflitos não se há de frustrar perpetuamente.” Aqueles que se lembram de Deus hoje, amanhã e depois serão lembrados eternamente.

CONCLUSÃO (V. 19-20)

Davi termina o salmo com estas palavras cheias de significado: “19 Levanta-te, SENHOR; não prevaleça o mortal. Sejam as nações julgadas na tua presença. 20  Infunde-lhes, SENHOR, o medo; saibam as nações que não passam de mortais.” Ele ora, novamente e se dirige a Deus para que Se levante, tome a iniciativa, a fim de avisar ao ímpio que ele não passa de um simples mortal. Ele volta ao assunto do Juízo, que é o seu tema principal, ao redor do que ele conclama a todos para louvar a Deus, que executa a justiça imparcialmente, punindo ao ímpio e justificando ao crente agradecido e cheio de louvor pela libertação e salvação.

Esta é uma oração de valor missionário. Davi pede em favor dos ímpios, a fim de que possam abrir os olhos e ser esclarecidos em sua mente, através de uma interferência divina, e sejam salvos, quando forem julgados. Ele pede que Deus lhes infunda o medo, o temor saudável, a fim de que possam reconhecer que são mortais, fracos e que não podem lutar contra Deus e Seu povo e ficar impunes no dia do Julgamento final. Tendo esta visão, eles ainda podem ter esperança. 

Temos nós o temor de Deus diante de nossos olhos? “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 1:7). Temos nós outros a consciência de nossas fragilidades, de que não passamos de mortais e que não podemos prevalecer contra Deus e Sua verdade?

Vamos louvar ao nosso grande Deus, porque aí estará a nossa força. Vimos que temos um grande motivo para louvar, pelo fato de que seremos justificados e livres com a nossa causa defendida no Juízo final. Vimos a necessidade de orarmos antes de louvar, pedindo a compaixão de Deus, a fim de que nos salve, e nos prepare para louvar. Vimos o resultado de não louvar. E finalmente, tivemos um apelo para louvarmos ao Senhor e Salvador nosso. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã e eternamente.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

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