A palavra cânon, desde a sua etimologia, até o atual sentido de conjunto de livros da Bíblia, conserva o sentido de medida diretiva ordenadora. O termo grego “Cânon” é de origem semítica, pois em hebraico “ganeh”, significa regra, régua para medir, varinha direita.
O grego clássico acentua o sentido figurado da palavra e cânon designa a vara, o nível, o esquadro, o braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser atingida, a medida infalível. Aristóteles chama o homem bom de cânon ou métron da verdade. Em português o termo é usado também no sentido de norma, como nesta frase de Aquilino Ribeiro. “Havendo fugido ao cânon da beleza consagrada.”
Na linguagem profana a idéia essencial da palavra é de linha reta ou direita, como se conclui de outras palavras que têm a mesma raiz: cana, canal, canhão.
Dentre os prelados da igreja aparece um grupo chamado de cônegos, porque estes deveriam conformar-se com as regras da fé e do procedimento.
Os cristãos do II século denominavam os ensinos sagrados da seguinte maneira: “o cânon (regra) da Igreja”, “o cânon da fé”, “o cânon da verdade.” Estas expressões nos fazem compreender porque os Pais da Igreja utilizaram a palavra para designar tudo quanto serve de fundamento à religião, regra da fé e da verdade e por fim o livro que contém as normas diretivas para uma correta vida cristã. Em meados do quarto século toda a coleção dos livros sagrados passou a ser designada como o cânon. Foi Atanásio quem lhe deu, pela primeira vez, este nome. A princípio a palavra cânon designava apenas a lista dos livros sagrados, mas depois passou a designar os próprios escritos, indicando assim que as Escrituras são a regra de ação investida com autoridade divina.
No Novo Testamento a palavra aparece em 5 passagens: Gálatas 6:16; II Coríntios 10:13, 15, 16 e Filipenses 3:16 (esta última não aparece em todos os manuscritos gregos, como indica o Aparato Crítico). Em Gál, 6:16, Paulo a usou no sentido grego de “uma regra”, mas que em sentido religioso seria “norma da verdadeira vida cristã.”
O SDABC, vol. I, pág. 36, declara:
“Uma compreensão correta da história da Bíblia e a coleção de seus livros não somente é de grande interesse para o leitor da Palavra de Deus, mas é necessária para refutar as falsas alegações dos que estão influenciados em seu pensamento pela alta crítica. Desde que, às vezes, se tem afirmado que a coleção dos livros do Antigo Testamento foi feita pouco antes do ministério de Jesus Cristo, ou no Concílio Judeu de Jânia, depois da destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC, é necessário conhecer os fatos para ver a falácia de tais afirmações.”
Cânon do Velho Testamento
Este estudo envolve algumas perguntas que tanto podem ser feitas para o Velho Testamento quanto para o Novo Testamento, tais como:
– Quem organizou o cânon?
– Como foi ele organizado?
– Quando foi feito este trabalho?
– Por que foi feito?
Nas explicações que se seguem são encontradas de maneira bem explícita ou latente respostas para cada uma destas inquirições.
No sentido religioso canonizar um livro significa:
1º) Reconhecimento de que o seu ensino era divino;
2º) Conseqüente aceitação que o escrito possui autoridade religiosa reconhecida por uma comunidade ou pelos seus dirigentes.
Como os Livros Foram Canonizados?
Foi um processo de acrescentamento gradual. E a divisão em Lei, Profetas e Escritos confirma esta afirmação. Foi o resultado do trabalho de um conjunto de pessoas. Não foi a autoridade eclesiástica que o criou, esta apenas sancionou e fixou a coleção de escritos que vinham sendo reconhecidos como divinos.
Por Que Foi Feito?
Porque Deus orientou Sua Igreja diante das necessidades prementes, como o aparecimento de heresias e de livros não inspirados.
O cânon reduzido de Marcion mostrou a necessidade de uma coleção de todos os livros inspirados do Novo Testamento.
A difusão do cristianismo entre outros povos indicou a indispensabilidade de se traduzir a Bíblia para outras línguas. Como fazer se os vários livros ainda não se encontravam definitivamente fixados.
Quem Organizou o Cânon?
Muitos livros fazem referências à “A Grande Sinagoga” um Conselho, do qual Esdras era o presidente, e que incluía entre os seus 120 membros, Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel e Simão o Justo. Embora o Talmude atribua a ratificação do cânon hebraico aos membros desta sinagoga, alguns eruditos afirmam que a Grande Sinagoga não passa de uma lenda que surgiu no século XVI, sendo ela o produto de uma ficção rabínica.
Quase todos os estudiosos deste assunto concluem que Esdras e Neemias colecionaram os livros sagrados do Velho Testamento e fecharam o cânon, entre os anos 430 e 420 a.C. Alguns autores mais precisos fixam a data em 432 a.C.
Isto é evidente das seguintes conclusões:
a) Os livros históricos da Bíblia registram acontecimentos que se realizaram até o sexto e quinto séculos a.C. e não mais tarde;
b) O historiador Flávio Josefo (70 S.D.) em sua catilinária Contra Ápion 1: 8 nos afirma que os judeus no tempo de Cristo estavam convictos de que o cânon tinha sido fixado no tempo de Esdras e Neemias.
No livro Profetas e Reis, página 609, há esta elucidativa explicação:
“Os esforços de Esdras para reavivar o interesse no estudo das Escrituras receberam forma permanente, graças ao seu laborioso e constante esforço no sentido de preservar e multiplicar os Sagrados Escritos. Ele reuniu todos os exemplares da lei que pôde encontrar, mandando-os transcrever e distribuir. A Palavra pura, assim multiplicada e posta nas mãos de muitos, proveu o conhecimento que era de inestimável valor.”
Na mesma sátira Contra Ápion, já citada acima, Josefo apresenta a teoria dos judeus sobre o cânon, cujas principais características são:
1ª) Inspiração divina;
2ª) A santidade objetiva dos livros, comparados com a literatura profana;
3ª) A limitação numérica em 22 livros (os 24 livros se originaram da separação de Rute de Juízes, e de Lamentações de Jeremias;
4ª) A inviolabilidade do texto. Todos os escritos teriam sido compostos entre Moisés e Artaxerxes I (falecido em 424 a.C.).
Os judeus haviam estabelecido outros princípios para os livros do Velho Testamento figurarem ou não no cânon, e estes eram:
a) Estar em conformidade com a Lei;
b) Ter sido escrito na Palestina;
c) Redigido na língua hebraica.
Alguns estranham que Flávio Josefo fale em 22 livros e não em 24 como normalmente são citados para o cânon do Velho Testamento.
O cânon apresentado por Josefo divide os livros do Antigo Testamento em três partes: 5 livros de Moisés, 13 livros dos profetas e 4 livros contendo hinos e regras de vida. Origenes também fala em 22 livros. O próprio Jerônimo também se refere a 22 livros, mas conhece o arranjo que leva a 24 livros.
Parece-nos pelo estudo feito que os 22 não foram divididos para chegar a 24, mas estes agrupados para terem apenas 22. Conclui-se que o intuito de Josefo era o mesmo de alguns rabinos, de obterem uma correspondência entre o número dos livros e o das letras do alfabeto hebraico. Para chegar a 22 anexaram o livro de Rute a Juízes e as Lamentações ao de Jeremias. Como o alfabeto hebraico tem mais cinco letras finais, não faltou quem contasse 27 livros, fazendo para isso subdivisões em Reis, Esdras e outros livros.
A divisão que temos hoje de 39 livros tem sua origem na Septuaginta, tradução do hebraico para o grego.
Os judeus dividiam os 24 livros em seções:
1ª) A Lei (Torah), contendo os primeiros cinco livros, que os Setenta chamaram de Pentateuco: a) Gênesis, b) Êxodo, c) Levítico, d) Números, e) Deuteronômio.
2ª) Os Profetas (Nebilim), num total de oito livros, subdivididos em:
a) Quatro antigos ou anteriores – Josué, Juízes, Samuel e Reis;
b) Quatro posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores num só livro.
3ª) Os Escritos (Ketubim), chamados no texto grego “hagiógrafos” (escritos sagrados) são formados de três grupos, num total de 11 livros:
a) Livros Poéticos – Salmos, Provérbios e Jó;
b) Os Cinco Megilotes (rolos) – Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester;
c) Os outros livros – sem uma nomenclatura específica – Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas.
Os judeus modernos gostam de designar sua Bíblia com a palavra TeNaK, vocábulo criado com a aproximação das letras iniciais das três partes: T de Torá, N de Nebilim e K de Ketubim.
A Alta Crítica afirma que a divisão do cânon nestas três partes, indica três estágios diferentes ou períodos de tempo de canonização. Para ela o Pentateuco foi canonizado depois do exílio Babilônico, 432 a.C., nos dias de Esdras e Neemias; os profetas foram canonizados entre 300 e 200 a.C.; os Escritos o foram no período de 160 a 150 a.C. O cânon completo foi oficialmente ratificado em 90 A.D. pelo Concílio de Jânia.
Estas asseverações nos fazem lembrar das palavras de Ellen G. White em Atos dos Apóstolos, página 474:
“Como nos dias dos apóstolos os homens procuravam destruir a fé nas Escrituras pelas tradições e filosofias, assim hoje, pelos aprazíveis sentimentos da ‘alta crítica’, evolução, espiritismo, teosofia e panteísmo, o inimigo da justiça está procurando levar as almas para caminhos proibidos. Para muitos a Bíblia é uma lâmpada sem óleo, porque voltaram suas mentes para canais de crenças especulativas que produzem má compreensão e confusão. A obra da ‘alta crítica’, em dissecar, conjecturar, reconstruir, está destruindo a fé na Bíblia como uma revelação divina.”
A divisão em três partes não visa indicar três fases da canonização, mas antes a posição oficial ou a ocupação de seus autores, 1ª) A parte inicial é obra do grande legislador do povo de Israel. 2ª) A segunda parte foi redigida por pessoas escolhidas por Deus para o sublime trabalho de profetizar. 3ª) A terceira parte foi produzida por homens privilegiados com o dom profético, mas que se dedicavam a outros trabalhos, como Davi, Salomão, Esdras, Neemias e Daniel.
A divisão do Antigo Testamento em três partes foi confirmada pelo próprio Cristo. . . importava que se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, que é o primeiro livro da terceira divisão. (Lucas 24:22).
No texto grego da Septuaginta, o cânon do Velho Testamento foi dividido em quatro seções:
1ª) A Tora, a Lei, ou seja o Pentateuco, com os cinco primeiros livros;
2ª) Os livros históricos – de Josué até Crônicas e mais outros como Esdras, Neemias, Ester;
3ª) Os livros poéticos – Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares;
4ª) Os livros proféticos – os quatro maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e os doze menores.
Cristo e os apóstolos aceitaram o cânon do Velho Testamento, como se pode deduzir de inúmeras passagens: Luc. 24:44, João 5:46-47, II Tim. 3:15-16, II Ped. 1:19, 21. A Igreja Cristã também aceitou todos os 24 livros canônicos do Velho Testamento. Destes livros não foram citados no Novo Testamento apenas os seguintes: Ester, Eclesiastes, Esdras, Neemias, Obadias, Naum e Sofonias.
Comentando o problema do cânon do Velho Testamento na igreja cristã, afirma o Comentário Bíblico Adventista, vol. I, página 45:
“A história do cânon do Velho Testamento na igreja cristã, centraliza-se na questão a propósito da aceitação ou rejeição da Apócrifa Judaica. Posto que estes livros fossem rejeitados pelos apóstolos e escritores cristãos até a metade do 2º século, e na verdade mesmo pelos próprios judeus, estes escritos espúrios desafortunadamente encontraram acolhida na igreja cristã aí pelo fim do 2º século. Desde esse tempo, nunca mais foram banidos da Igreja Católica. Os reformadores tomaram firme posição para rejeitarem a Apócrifa, mas após a sua morte os livros apócrifos acharam entrada mais uma vez em algumas igrejas protestantes, contudo foram finalmente rejeitados pela maioria delas no século XIX.”
Uma das provas mais cabais da aceitação do cânon do Velho Testamento pelos escritores do Novo encontra-se nas seguintes afirmações do Dr. Siegfried H. Horn, encontradas no Comentário Bíblico Adventista, vol. I, página 42:
“O autor deste artigo contou 433 claras citações no Novo Testamento, e achou que 30 dos 39 livros do Velho Testamento são definitivamente citados. Os nomes de 10 livros ou seus autores são mencionados em 46 passagens do Novo Testamento, a inspiração de 11 livros do Velho Testamento é reconhecida pela citação introdutória com as palavras de que seu autor era Deus ou o Espírito Santo, e o termo escrito é aplicado em 21 passagens de 11 livros do Velho Testamento, enquanto 73 declarações do Velho Testamento são introduzidas pelo termo técnico “está escrito”.
Mais de uma vez ouvimos a afirmação de que o sínodo de Jânia – cerca de 90 A.D., encerrou o cânon do Velho Testamento. Esta afirmação não corresponde à realidade, porque dentre os dois problemas principais ventilados neste Concílio, um dizia respeito a alguns livros, que certos eruditos achavam que não deviam estar incluídos no cânon. Este concílio defendeu a canonicidade de quatro livros contra os ataques da “Escola de Shammai”, que não queria que eles figurassem entre os demais. Os livros eram os seguintes:
a) Ester, por não fazer menção do nome de Deus;
b) Cantares, por ser considerado por muitos mero canto de amor;
c) Eclesiastes, por causa do espírito pessimista que permeia o livro;
d) Provérbios, por possuir capítulos de autores desconhecidos.
Cânon do Novo Testamento
As mesmas perguntas já formuladas quanto ao cânon do Velho Testamento podem ser repetidas aqui:
– Quem coligiu os escritos?
A igreja cristã crê firmemente que foi o Espírito Santo que orientou os servos de Deus dos primeiros séculos na seleção dos livros neotestamentários.
Convém recordar que os primeiros cristãos que constituíam os diversos núcleos ou igrejas da Palestina, da África, da Ásia Menor, de Roma, etc., acreditavam que a volta de Cristo seria para breve, por isso não se preocuparam em registrar por escrito os empolgantes acontecimentos relacionados com a vida de Cristo e Seus sublimes ensinos. Os apóstolos e primeiros discípulos perpetuavam, sobretudo, a tradição oral composta quase exclusivamente de fatos da vida de Jesus. Com o correr do tempo, foram, naturalmente, compostos escritos fragmentários, que divulgaram palavras de Jesus (as Logias) e outros, mais cuidados e ampliados, que assinalavam fatos, milagres, acontecimentos da vida de Jesus.
Os livros do Novo Testamento foram surgindo sem desígnio, sem previsão, sendo coligidas as palavras de Jesus, as narrações de Sua vida, os atos dos apóstolos, as cartas apostólicas, o livro de Apocalipse.
Embora haja intermináveis controvérsias concernentes a data em que foram escritos alguns livros do Novo Testamento, os estudiosos parecem estar mais ou menos de acordo que o primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses em 51; e em 96 ou 97 João escreveu o Apocalipse.
É questão também muito aceitável entre os eruditos que o Evangelho de Marcos é o mais antigo, escrito entre os anos 65 e 67. São Mateus data aproximadamente do ano 70. Lucas mais ou menos, dessa mesma época e João na última década do primeiro século.
F. F. Bruce, no livro Merece Confiança o Novo Testamento? atribui as seguintes datas às epístolas paulinas: Gálatas 48 A.D., I e II Tessalonicenses 50, Filipenses 54, I e II Coríntios 54-56, Romanos 57, Colossenses, Filemon e Efésios 60, aproximadamente.
As Epístolas Pastorais, em virtude do seu conteúdo, são posteriores às paulinas 63-64.
De acordo com a Crítica Textual, e esta idéia é aceita pela maioria dos comentaristas – Mateus e Lucas se abeberaram em Marcos, o primeiro Evangelho a ser escrito, mas recolheram material de outras fontes, como o notável documento “Q” (do alemão Quelle, fonte). Este documento “Q” original nunca foi encontrado, mas o notável exegeta Harnack tentou reconstituí-lo. É bom notar que há neste sentido muitas conjecturas baseadas em tradições.
Note bem: Outras idéias e datas são apresentadas e também as conhecemos, como por exemplo que o livro de Mateus foi o primeiro Evangelho escrito e que João escreveu o seu Evangelho depois do Apocalipse, etc, etc.
Não há aqui afirmações definidas e taxativas.
Influência de Márcion Sobre o Cânon
O mais antigo catálogo de livros neotestamentários de que temos conhecimento direto, foi elaborado em Roma pelo herege Márcion, cerca do ano 140 A.D. O desafio dos mestres heréticos, especialmente Márcion, que rompeu com a Igreja de Roma cerca de 150 D.C., serviu de estímulo e de motivo para a Igreja tomar consciência da necessidade de fixar o cânon.
Márcion, não compreendendo bem os ensinos paulinos, pregava uma doutrina de dois deuses: o Deus do Antigo Testamento: Justo, o Criador, juiz severo dos homens; Jesus, superior ao Deus Justo, enviado para libertar os homens da escravidão àquele Deus. Cristo foi crucificado através da malícia do Deus Justo. Por crer neste dualismo rejeitou o Deus do Velho Testamento e também o cânon desta parte da Bíblia. O cânon apresentado por ele à Igreja consistia apenas do Evangelho do Lucas, purificado de todas as citações do Antigo Testamento e de dez epístolas paulinas, deixando fora I e II Timóteo e Tito. Para ele apenas Paulo tinha sido o único e verdadeiro apóstolo de Cristo.
Mesmo dos livros conservados em seu cânon ele removeu todas as frases que pareciam favorecer o Deus do Velho Testamento. Foi o primeiro cristão a fazer parte da Alta Crítica. Afirmava ele: “Eliminemos a lei e fiquemos apenas com a graça!” E como os cristãos primitivos apreciavam a idéia, Márcion exercia grande influência sobre eles. Justino Mártir afirmou que quinze anos após a publicação do seu cânon e de seu livro Antítese ele possuía seguidores ao redor do mundo.
Márcion nasceu numa localidade chamada Ponto. Tertuliano escreveu o seguinte a respeito desse lugar:
“Habitam ali os povos mais ferozes. .. Suas mulheres preferem a guerra ao casamento, e, o clima é tão rude como o povo. Nada, porém, é tão bárbaro e atroz, em Ponto, como o fato de Márcion haver nascido ali.” (Contra Márcion 1:1).
Por causa de suas idéias heréticas foi excomungado pelo próprio pai, que era bispo. Foi cognominado por Policarpo como sendo o primogênito de Satanás.
Além da heresia marciana houve outros movimentos discordantes com os ensinos escriturísticos, como o docetismo, o gnosticismo e o montanismo, que levaram a igreja primitiva a apressar a catalogação dos livros sagrados.
O cânon do Novo Testamento foi ainda criado para proteger os escritos dos apóstolos de muitos escritos apócrifos. A partir do fim do segundo século A. D. a igreja começou a organizar o verdadeiro cânon cristão. O documento mais antigo e mais importante que mostra isto é o chamado Fragmento Muratoriano, escrito mais ou menos no ano 200 (esta é a data aceita, porque seu autor diz que o Pastor de Hermas não podia ser lido na Igreja, por ter sido escrito recentemente), mas descoberto somente em 1740 por Muratori.
Este documento apontava a como livros correntemente aceitos, os quatro Evangelhos, Atos, treze Epístolas de Paulo, três Epístolas de João, uma Epístola de Judas, duas de Pedro e o Apocalipse de São Pedro (este considerado apócrifo mais tarde).
Os responsáveis pela organização do cânon do Novo Testamento tiveram como norma e inspiração os livros canônicos do Antigo Testamento. Neste trabalho houve um processo de seleção efetuado por meio de agentes humanos, mas inspirados pelo Espírito Santo.
Antes da existência do Volume Sagrado, cada livro, individualmente, circulou pelas comunidades cristãs, para que estas fizessem um trabalho de seleção, baseado no seu autor, na qualidade literária e no seu conteúdo intrínseco.
No início o cânon se preocupava com os livros que contavam a história de Cristo, por isso os quatro Evangelhos e Atos dos Apóstolos foram os primeiros a serem reconhecidos como sagrados, inspirados por Deus, porém, a aprovação dos Evangelhos abriu caminho para a aceitação das Epístolas.
Divergências na Introdução de Alguns Livros
Houve uma profunda polêmica a propósito da introdução de alguns livros no cânon do Novo Testamento, como II Pedro, I e II João, Tiago, Hebreus, Judas e Apocalipse. De todos estes foi o Apocalipse o que ofereceu maior dificuldade para ser enumerado no Cânon Eclesiástico. Aqueles que se opunham a introdução destes livros criaram um termo para esta discussão – Antilegômena, isto é, debatido, contestado, controvertido.
Hebreus foi difícil ser colocado no cânon por crerem alguns que seu autor não era Paulo, mas esta idéia é contestada por outros. Finalmente foi colocado porque os estudiosos concluíram que o livro possui profundo valor espiritual.
Nem todas as cartas de Paulo foram publicadas, mas as que foram são suficientes para o qualificarem como o mais produtivo autor do Novo Testamento.
Fixação do Cânon
De acordo com F. F. Bruce:
“Os primeiros passos no sentido da formação de um cânon de livros cristãos havidos como dotados de autoridade, dignos de figurar ao lado do cânon do Velho Testamento, a Bíblia do Senhor Jesus e Seus apóstolos, parecem haver sido tomados por volta do começo do segundo século, época em que há evidência da circulação de duas coleções de escritos cristãos na Igreja.” (Merece Confiança o Novo Testamento? p. 31).
O quarto século viu a fixação definitiva do cânon dentro dos limites a que estamos acostumados, tanto no setor Ocidental como no Oriental da cristandade. Apenas no quarto século é que o termo cânon passou a designar os escritos sagrados.
Numa carta de Atanásio, a trigésima nona, do ano 367, dirigida a seus bispos, está uma lista dos livros da Bíblia, a primeira a conter os 27 livros do Novo Testamento como os temos hoje. Destes ninguém deveria tirar, nem a eles acrescentar coisa alguma. Esta carta foi muito importante para as igrejas gregas no Oriente, quanto à aceitação do cânon, e sua influência logo se fez sentir na Igreja Latina, pois sabemos que as Igrejas do Oriente e do Ocidente divergiam quanto aos livros canônicos. Assim o Apocalipse de João era aceito no Ocidente, mas não no Oriente, Hebreus e Tiago eram aceitos no Oriente, mas não no Ocidente. Jerônimo e Agostinho acataram a orientação dada por Atanásio.
O cânon apresentado por Atanásio prevaleceu sobre o de Euzébio de 26 livros e obteve a vitória final daí por diante.
Os Concílios de Hipona (393) ao norte da África e o de Cartago (397), ratificaram este cânon, proibindo o uso de outros livros pelas igrejas, como Didaquê, Pastoral de Hermas e Epístola de Barnabé.
Foi a Igreja, que guiada por Deus, formou o cânon, determinando depois de longos debates que livros deveriam ser rejeitados e que livros deveriam ser recebidos.
Critérios Para a Canonização
De modo sintético os critérios usados para a canonicidade foram os seguintes:
1ª) Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a leitura do livro, este era julgado pelo próprio conteúdo.
2ª) Catolicidade do livro. Escrito para todas as pessoas da época. Deveria também ser conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas as igrejas.
3ª) Coerência na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de fora.
4ª) Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor direto do apóstolo.
Quatro Evangelhos ou Um?
Desde o fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único evangelho, por isso, devemos dizer: Evangelho “segundo” São Mateus, “segundo” São Marcos, “segundo” São Lucas, “segundo” São João, a fim de bem assinalar que se trata de um único comunicado aos homens, segundo manifestações diversas.
Livros Não Introduzidos no Cânon
Até meados do quarto século alguns livros eram agregados aos demais do Novo Testamento, mas que posteriormente foram retirados como nos provam manuscritos antigos.
O Códice Sinaítico, mais ou menos do ano 350 A.D., incluía a Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas, obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito Alexandrino contém a Primeira e a Segunda Epistolas de Clemente. A colocação destes escritos é uma prova de que naqueles idos lhe atribuíam certo grau de canonicidade.
Pela leitura atenta da Bíblia se conclui da existência de outros livros que se perderam, mas estão mencionados nos livros canônicos. Dizem os eruditos, que destes pelo menos 16 foram citados em Josué 10:13; II Samuel 1:18; I Reis 4:32, 33; 11:41; 14:29; II Reis 1:18; I Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29; 12:15; 20:34; 26:22; Judas 14, 15.
Estes livros foram escritos para situações especiais, com aplicações locais, e em virtude destas circunstâncias não foram introduzidos no cânon. Suas mensagens, embora úteis para necessidades locais, não foram reputadas de transcendental importância para as gerações futuras.
ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO VELHO TESTAMENTO
Leroy E. Froom
“A familiarização com a ordem cronológica dos livros do Velho Testamento é desejável, a fim de obter um acurado conhecimento do tempo ou colocação do ministério de cada profeta em relação com os movimentos e crises principais em Israel, juntamente com os das nações vizinhas.
Segundo as autoridades mais dignas de confiança, é geralmente aceito que o livro de Jó seja o mais antigo do Velho Testamento, escrito por volta do ano 1600 A.C.; e Malaquias, o último dos profetas do Velho Testamento a escrever, ao passo que Neemias provavelmente escreveu bem pouco antes de Malaquias – mais ou menos em 400 A.C.
JÓ. – “Antes que os primeiros poetas do mundo houvessem cantado, o pastor de Midiã registrou as . . . palavras de Deus a Jó.” – Educação, pág. 158. A autoria de Moisés lhe é amplamente atribuída pelos exegetas. Supõe-se ser o mais antigo dos livros da Bíblia. A composição é inteiramente patriarcal. É inconcebível que, tratando do pecado, do governo divino e da relação do homem para com Deus, nenhuma alusão à lei e ao sistema mosaico nele aparecesse, se já estes houvessem sido dados. Quanto ao tempo, vem cronologicamente depois de Gênesis 11.
Há uniformidade da parte de todas as autoridades no tocante à ordem dos livros do Pentateuco, chamado pelos judeus “A Lei” ou “torah”, a primeira seção dos sagrados escritos.
PENTATEUCO. – A autoria mosaica do Pentateuco é reconhecida por todos os exegetas conservadores. “O Pentateuco, como obra de Moisés, . . . formou uma divisão do cânon e em conformidade cronológica ocupou o primeiro lugar na coleção.” – Davis. “Nas cópias do manuscrito, que antecedem a era da imprensa, a ordem dos livros da Torah . . . é universalmente a mesma:” – Margolis. Assim se chamavam eles: Gênesis (princípio das coisas); Levítico (Levitas, Sacerdotes, Leis e Ordenanças); Números (Recenseamento e Peregrinações); e Deuteronômio (Repetição da Lei).
JOSUÉ. – Primeiro livro da segunda divisão judaica: “Os profetas” ou Nebilim, os quais, por sua vez, estão divididos em “Primeiros” (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e “Últimos.” “A ordem . . . dos primeiros profetas é universalmente a mesma.” Margolis, pág. 13. “Não há variação na . . . seqüência de Josué, Juízes, Samuel e Reis.” Enciclopédia Judaica, vol. 3, pág. 144.
JUÍZES. – Este livro cita os nomes dos juízes que se levantaram para livrar a Israel do declínio na desunião que seguiram à morte de Josué. Registra sete apostasias, sete servidões a sete nações pagãs, e sete livramentos. Autor desconhecido, mas possivelmente Samuel.
RUTE. – O tempo dos eventos é afirmado ser “nos dias em que julgavam os juízes” (cap. 1:1). Deveria ser lido em conexão com a primeira metade de Juízes. A genealogia termina com Davi. Autor: possivelmente Samuel.
I e II SAMUEL. – No cânon hebraico os dois são considerados um só. I Samuel 1 a 24, escritos por Samuel; o restante, provavelmente por Natã e Gade (I Crôn. 29:29). Registam o estabelecimento do centro político de Israel em Jerusalém (II Sam. 5:6-12) e o centro religioso em Sião (II Sam. 6:1-17; comparar com o Cap. 5:17). Sião e Moriá eram eminências distintas. II Samuel marca a restauração da ordem por intermédio da entronização de Davi como rei. Com Samuel começa notável linha de profetas-escritores, que continua até Malaquias.
I e II REIS. – Também considerado outrora um livro em duas partes. Registam os reinados de todos os reis, de Salomão até o cativeiro. Elias, Eliseu, Jonas, Joel, Amós, Oséias, Isaías, Miquéias, Obadias, Naum, Jeremias, Sofonias e Habacuque profetizaram durante esse período. Também aparece dentro desse período um grupo inteiro de profetas orais. Não se descobre a identidade do autor, possivelmente tenha sido Jeremias.
I e II CRÔNICAS. – Semelhantemente, um só e livro no cânon judaico. Conquanto sejam principalmente uma repetição, suplementam o relato dos Reis, omitindo certos aspectos, mas apresentando registro mais completo de Judá e, por assim dizer, nenhuma história de Israel. Supõem muitos haver sido Esdras o compilador. O livro de Isaías já existia quando estes foram escritos (II Crôn. 32:32). Provavelmente o último dos livros históricos, com exceção de Esdras, Neemias e Ester. Fazem uma série de monografias de Natã, Samuel, Gade, Ido, Jeú e numerosos outros profetas orais. Cumpre observar que os eventos e seu registro nem sempre são sincrônicos, como no caso de Gênesis e Jó. As Crônicas são colocadas em último lugar no cânon judaico.
SALMOS. – O nome significa “louvores”. Pertence à terceira seção conhecida entre os judeus por “Os Escritos” ou kethubhim. Muitos deles têm que ver com experiências especais ou crises. Vinte e um se referem definidamente a episódios na história de Israel, desde Moisés até a Restauração. Davi é o autor da grande maioria, apesar de os títulos no alto dos capítulos atribuírem salmos a Moisés, Salomão, filhos de Asafe e Etã. Autoridades declaram que estes títulos são parte integrante dos salmos.
CANTARES DE SALOMÃO. – “Cânticos” é outro título. Este livro acha-se em todas as listas antigas. Atribuído a Salomão (Cap. 1:11).
PROVÉRBIOS – Pronunciados e compilados por Salomão. Ele os colocou em ordem. Os capítulos 25-29 foram transcritos no tempo de Ezequias. Os capítulos 30 e 31 são, respectivamente, de Agur e Lemuel.
ECLESIASTES – O nome significa “O Pregador”, Indubitavelmente, foi escrito perto do fim da vida de Salomão, e trata do problema da vida.
JONAS. – Provavelmente o primeiro dos profetas “menores” (assim chamados porque seus escritos são mais curtos do que os dos profetas “maiores”, e não por serem de menor importância, ou por haverem profetizado depois destes). Viveu e profetizou durante o reinado de Jeroboão II (II Reis 14:25).
JOEL. – Começa a grande era da composição poética. Um dos primeiros dentre os profetas “menores”. Não existe indicação direta quanto à data. O peso da evidência haveria de colocá-lo pouco antes do ano 800 A.C. Possivelmente contemporâneo de Eliseu, e não muito distante do período de Oséias e Amós.
AMÓS – Escrito quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Ambos os monarcas tiveram reinados longos. Limitando sua profecia ao reinado destes reis, a data mais provável de sua autoria deve ser, aproximadamente, de 780-730 A.C.
OSÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Amós, continuando até depois do cativeiro de Israel. Seu ministério foi longo. Profetizou no reinado de Uzias, João, Acaz e Ezequias, de Judá, e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Uzias e Jeroboão foram contemporâneos por vários anos. Colocado entre os profetas menores em primeiro lugar, porque seu escrito é um dos maiores.
ISAÍAS – O primeiro dos profetas “maiores”. A visão inaugural data do ano da morte de Uzias. Seus trabalhos se estenderam através de longo período – cerca de sessenta anos. Contemporâneo de vários profetas.
MIQUÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Isaías (Cap. 1:1; comparar com Isa. 1:1). Profetizou antes da queda de Samaria (1:1 e 6; Jer. 26:18), e durante o reinado de Peca e Oséias, em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias, em Judá,
NAUM. – Profetizou pouco antes da queda de Nínive, ou apenas bem pouco antes do ano 600 A.D. Relata a destruição de Nô-Amom (Tebas), ocorrida cerca de meio século antes dessa data.
SOFONIAS. – Viveu na primeira parte do reinado de Josias (Cap. 1:1) e foi contemporâneo, em parte, de Jeremias. Fala da destruição de Nínive como estando no futuro (2:13).
JEREMIAS. – Recebeu o chamado para profetizar quando ainda jovem, no décimo terceiro ano de Josias (1: 2), enquanto Sofonias estava proclamando mensagens vibrantes. Durante anos seus ensinos foram orais; então lhe foi ordenado que escrevesse (36:1 e 2). Trabalhou durante longo período – mais que quarenta anos. Contemporâneo de Habacuque, Ezequiel e Daniel. Testemunhou o fim de Judá e a queda de Jerusalém.
LAMENTAÇÕES. – Hinos fúnebres de Jeremias, quando em meio às ruínas de Jerusalém, e testemunhando-lhe a subversão, com a alma comovida à vista dessa desolação.
HABACUQUE. – Profetizou nos últimos anos de Josias, na véspera do cativeiro, isto é, pouco antes de 600 A.C.
EZEQUIEL. – Levado para Babilônia durante a segunda parte do cativeiro, no reinado de Joaquim (cap. 1:2), pouco depois da deportação de Daniel. Profetizou durante vinte e dois anos (1:2 e 29:17). Contemporâneo de Jeremias e Daniel.
DANIEL. – Levado para Babilônia durante o reinado de Jeoaquim (1:1). Profetizou durante o período do cativeiro. Contemporâneo de Ezequiel e Jeremias. Provavelmente, sua profecia foi colocada entre “Os Escritos” porque, embora Daniel tivesse o dom de profecia, não exercia oficialmente o cargo de profeta. “Em todos os catálogos dos escritos do Velho Testamento, fornecidos pelos primeiros Pais, até o tempo de Jerônimo, Daniel é classificado entre os profetas, geralmente na posição que ocupa na versão comum. Na Versão dos Setenta, também é classificado entre os profetas, depois de Ezequiel. . . . O lugar designado a Daniel não foi, pois, . . , o que teve no período precedente ou o que ocupou originalmente.” – McClontock e Stong.
OBADIAS. – É difícil precisar a data: antes ou pouco depois da queda de Jerusalém. As evidências internas dão preferentemente crédito à última.
ESDRAS – História parcial da restauração depois do Exílio. Primeiramente unido a Neemias como um só livro, em duas partes. Cronologicamente, segue pouco depois de Daniel. Abrange a História desde a queda de Babilônia até 456 A.C., ao passo que Neemias narra os eventos ocorridos até perto de 432 A.C. Evidentemente, o cânon foi organizado no tempo de Esdras.
AGEU – Profetizou aos restantes depois do Exílio, a data exata é o segundo ano de Dario (1:1).
ZACARIAS – Começou logo depois de Ageu (comparar o Cap. 1:1 com Ageu 1:1), e certamente sobreviveu a seu contemporâneo. A primeira data que aparece no livro é o segundo ano de Dario (1:1 e 7); a última, é o quarto ano do reinado do mesmo rei (7:1).
ESTER – Cronologicamente, o livro segue Esdras 6. Os eventos deram-se no reinado de Xerxes I, entre as duas expedições. Autor desconhecido.
NEEMIAS – Provavelmente escreveu pouco antes de Malaquias, seu contemporâneo. Continua e completa o registro de Esdras. O uso da primeira pessoa denota sua autoria.
MALAQUIAS – O último dos profetas do Velho Testamento que se dirigiu aos restantes vindos do exílio, como Neemias é o último dos historiadores desse período. Contemporâneo de Esdras e Neemias. Profetizou durante a ausência deste último que estava na Pérsia.” (Este artigo foi publicado na Revista Adventista, novembro de 1971, págs. 4-6).
Texto de Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 15.