quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Estrela mais rápida que se conhece gira a 2 milhões de km/h

 Giro rápido


Astrônomos identificaram a estrela em rotação mais rápida já vista até hoje.


Estrela mais rápida que se conhece gira a 2 milhões de km/h
A estrela jovem, brilhante e de elevada massa, situa-se na galáxia vizinha da Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 160.000 anos-luz de distância.

Os astrônomos acreditam que esta estrela pode ter tido um passado violento, tendo sido ejetada de um sistema de estrelas duplas pela sua companheira em fase de explosão.


A estrela, chamada VFTS 102, gira a mais de dois milhões de quilômetros por hora - um avião viajando a esta velocidade levaria cerca de 1 minuto para dar uma volta na Terra ao longo do equador.


Isto é mais de 300 vezes mais rápido do que o Sol e muito próximo do ponto onde a estrela seria desfeita em pedaços devido às forças centrífugas. A VFTS 102 é a estrela em rotação mais rápida que se conhece até hoje.


Estrela fugitiva


Os astrônomos descobriram também que a estrela, que tem cerca de 25 vezes a massa do Sol e é cerca de cem mil vezes mais brilhante, desloca-se no espaço a uma velocidade muito diferente da velocidade das suas companheiras.


A VFTS 102 desloca-se a cerca de 228 quilômetros por segundo, 40 quilômetros por segundo mais devagar do que estrelas semelhantes situadas na mesma região.


A diferença de velocidades pode indicar que a VFTS 102 seja uma estrela fugitiva - uma estrela que foi ejetada de um sistema de estrelas duplas depois da sua companheira ter explodido sob a forma de supernova.


Esta hipótese é corroborada por mais duas pistas adicionais: um pulsar e um resto de supernova a ele associado, encontrados na vizinhança da estrela.


Os pulsares têm origem nas explosões de supernovas. O núcleo da estrela colapsa, criando uma estrela de nêutrons muito pequena, que gira muito depressa, emitindo jatos de radiação muito intensos.


Estes jatos dão origem a uma "pulsação" regular observada a partir da Terra, à medida que a estrela roda em torno do seu eixo. O resto de supernova associado consiste em uma nuvem de gás característica, "soprada" pela onda de choque, que resulta do colapso da estrela numa estrela de nêutrons.


Roteiro para estrelas


A equipe desenvolveu um possível cenário evolutivo para esta estrela tão incomum.


O objeto poderia ter começado a sua vida como uma componente de um sistema estelar binário.


Se as duas estrelas estivessem próximas uma da outra, o gás da companheira poderia ter fluído continuamente na sua direção, fazendo com que a estrela começasse a rodar mais e mais depressa, o que explicaria o primeiro dos fatos incomuns - o porquê da sua rotação extremamente elevada.


Após um curto espaço de tempo na vida da estrela, de cerca de dez milhões de anos, a companheira de elevada massa teria explodido como uma supernova - o que explicaria a nuvem de gás característica, conhecida como resto de supernova, que se encontra nas proximidades.


A explosão teria também dado origem à ejeção da estrela, o que poderia explicar a terceira anomalia - a diferença entre a sua velocidade e a das outras estrelas da região.


Ao colapsar, a companheira de grande massa ter-se-ia transformado no pulsar que observamos hoje, completando assim a solução do quebra-cabeças.
Inovação Tecnológica

2- Moisés, Chamado para Libertar - Dr. Rodrigo Silva

A Lei de Deus é maldição?

Confirmado planeta extrassolar na zona habitável

Apesar de estar mais próximo da estrela, esta emite cerca de 25% menos luz em comparação ao Sol, o que permite ao Kleper 22-b manter sua temperatura em um patamar compatível com existência de água líquida, ainda não confirmada. [Imagem: NASA]


Terra 2.0

Astrônomos da NASA confirmaram a existência de um exoplaneta com características similares à da Terra, em uma "zona habitável", girando em torno de uma estrela ainda desconhecida.

O Kepler 22-b tem 2,4 vezes o tamanho da Terra e está situado a 600 anos-luz de distância.

A temperatura média da superfície do planeta extrassolar foi calculada pelos cientistas em 22º C.

Ainda não se sabe a composição do Kepler 22-b, se ele é feito de rochas, gás ou líquido.

Apesar disso, o exoplaneta já está sendo chamado de "Terra 2.0" pelos cientistas da NASA.

Durante a coletiva de imprensa, a astrônoma Natalie Batalha disse que os cientistas ainda investigam a possibilidade de existência de mais 1.094 planetas, alguns deles em zonas "habitáveis".


Localização de planetas

A descoberta do novo planeta foi feita a partir das imagens do telescópio espacial Kepler, projetado para observar uma faixa fixa do céu que compreende até 150 mil estrelas.

O telescópio é sensível o suficiente para ver quando um planeta passa na frente da estrela em torno da qual ele gira, escurecendo parte da luz da estrela.

As sombras são então investigadas a partir da imagem de outros telescópios, até se confirmar se trata-se ou não de novos planetas.

O Kepler 22-b foi um dos 54 casos apontados pela NASA em fevereiro e o primeiro a ser formalmente identificado como um planeta.

Outros planetas habitáveis podem ser anunciados no futuro, já que há outros locais com características potencialmente similares à da Terra.

Vida extraterrestre

A distância que separa o Kleper 22-b da estrela ao redor da qual ele gira é 15% menor que aquela entre a Terra e o Sol.

Apesar de estar mais próximo da estrela, esta emite cerca de 25% menos luz em comparação ao Sol, o que permite ao Kleper 22-b manter sua temperatura em um patamar compatível com existência de água líquida, ainda não confirmada.

O Kepler 22-b tem um raio 2,4 vezes maior que o da terra.

Uma outra equipe de cientistas do SETI (busca por inteligência artificial, na sigla em inglês) agora procura indícios de vida no planeta, como confirmou o diretor do instituto, Jill Tarter.

O Código da Vinci: Fato ou Ficção?

Código da Vince
por Maxine Bingham e Ron Bingham


O romance de Dan Brown, “O Código da Vinci”,1 vendeu mais de 40 milhões de exemplares e foi produzido com muito sucesso no cinema.2 A publicidade gerada por essa obra tem sido extraordinária. O Vaticano e o Arcebispo de Canterbury condenaram o romance,3 e o escritor Dan Brown foi, em vão, processado por crime de plágio pelos autores de obra de ficção semelhante, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”4. A atenção massiva da mídia resultante disso nos faz refletir sobre três questões: Qual é o apelo do livro? Por que a reação tão forte a ele? Por que deveríamos nos importar com ele?


Síntese do Enredo


Para responder a essas questões, vejamos primeiramente o enredo do livro. Robert Langdon, um professor de “Simbologia”5 da Universidade de Harvard, é chamado pela polícia parisiense para resolver o estranho assassinato de Jacques Saunière, curador do Museu do Louvre. A ação se desenrola num período de 24 horas, iniciando-se com códigos misteriosos e símbolos escritos pelo homem assassinado. A narrativa focaliza, então, um homicida que pertence ao Opus Dei, movimento da Igreja Católica, que parece estar um passo adiante do herói Robert Langdon e da heroína Sophie Neveu, uma criptógrafa francesa, neta do curador assassinado. As aventuras de Robert e Sophie levam-nos a pedir o conselho do rico e misterioso Sir Leigh Teabing, um “especialista acadêmico” em história e relíquias cristãs, tais como o Santo Graal, pelo qual Teabing tinha total obsessão. Teabing revela aos perplexos Robert e Sophie alguns “fatos históricos” que, segundo ele, se fossem levados a público, destruiriam a fé dos cristãos, pois negavam a divindade de Cristo e a exatidão e historicidade das Escrituras. Teabing declara que o Vaticano eliminou o “divino feminino” através de quase dois mil anos de conspiração, o qual se iniciou com o Imperador Constantino, no quarto século d.C., e prosseguiu até hoje com os papas e o Vaticano.


O principal segredo revelado por Teabing é que o verdadeiro Santo Graal6 não foi o copo ou cálice de Jesus na Última Ceia, mas, na realidade, Maria Madalena que, como esposa de Jesus e mãe de Sua filha Sara, foi progenitora da linhagem de Jesus, da qual descenderam os reis merovíngios da França, e a pessoa a quem Jesus, como homem mortal, delegou a liderança de Sua igreja. Algumas pistas que indicam que Maria Madalena era o Santo Graal, estão disfarçadas em “A Última Ceia” e outras pinturas de Leonardo da Vinci, o “grande mestre” do Priorado de Sião, conforme catalogado em Les Dossiers Secrets, da Biblioteca Nacional da França.


A novela chega a um final dramático quando se descobre que foi Teabing o mentor dos assassinatos, e que Sophie é descendente de Maria Madalena e Jesus, e personificava o “verdadeiro” Santo Graal. O enredo finaliza com Robert Langdon que, esclarecido pelas revelações, faz uma dramática reverência aos ossos de Maria Madalena, sepultados secretamente sob a pirâmide de vidro7 projetada por I. M. Pei, na entrada do Louvre.


Qual é o Apelo Desse Fantástico Conto?


Primeiro, a novela é dinâmica e repleta de mistérios, com pistas, códigos e palavras intrigantes, assim como heróis e vilões e uma donzela aflita (Sophie). Segundo, o livro é baseado em teorias de conspiração, em polêmicas contra autoridades religiosas especialmente contrárias à Igreja Católica Romana, que foi recentemente alvo de escândalos. Terceiro, a obra menciona pessoas e eventos reais, desde o Imperador Constantino e o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., a pintura de Leonardo da Vinci, “A Última Ceia,” que supostamente representa Maria Madalena e não o discípulo amado João, como um dos 12 discípulos (nesse caso, onde está a 13a pessoa?). Segundo Dan Brown, o Concílio de Nicéia “declarou oficialmente” a divindade de Jesus através de um “voto fechado”, numa disputa de poder patriarcal que determinou o cânon do Novo Testamento. Teabing afirma que até aquela época, os cristãos acreditavam que Jesus era um mero mortal e criam noutros evangelhos. Quarto, o livro atrai adeptos da Nova Era e algumas feministas que abandonaram o monoteísmo e formaram seu próprio paganismo romantizado, embasado numa religião e rituais do “divino feminino” e da “deusa”.


Por que os Cristãos Deveriam Dar Atenção a Isso?


Não apenas os não-cristãos são enganados, mas até alguns cristãos são influenciados pela natureza pseudo-acadêmica do livro. Dan Brown esforçou-se para apresentar sua novela como baseada em centenas de fatos que foram escondidos pela Igreja. O prólogo, por exemplo, inicia-se assim:


“FATO:
O Priorado de Sião, uma sociedade secreta européia fundada em 1099, é uma organização real.8 Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris9 descobriu pergaminhos conhecidos como Les Dossiers Secrets, identificando numerosos membros do Priorado de Sião, incluindo Sir Isaac Newton, Sandro Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci. O movimento do Vaticano conhecido como Opus Dei é uma devotada seita católica, que foi o centro de recentes controvérsias devido a relatos de lavagem cerebral, coerção e prática perigosa conhecida como ‘mortificação corporal’. A Opus Dei completou recentemente a construção de sua sede nacional, localizada na Avenida Lexington, 243, em Nova Iorque.10 Todas as descrições de trabalhos de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos nessa novela são corretas.” [o itálico é nosso]. Foram essas alegações que causaram protestos de cristãos de todas as denominações, assim como de jornalistas11 das principais mídias, e de respeitados teólogos e historiadores cristãos e seculares.12


Contestando as Alegações de “O Código da Vinci”


Literalmente, todo fato ou personagem mencionado nesse romance é adulterado, produto da imaginação do autor ou baseado em novelas anteriores que o personagem de Brown, Teabing, salienta como “best sellers internacionais”, inclusive “A Revelação dos Templários,” The Woman With the Alabaster Jar, The Goddess in the Gospels e “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”.13.


O outro lado de tudo isso é que organizações como a Opus Dei (um movimento católico, e não uma ramificação criminosa organizada do Vaticano, como descrita na novela),14 estão-se beneficiando da publicidade do livro para alcançar o público. Muitas igrejas estão oferecendo seminários e vários pastores estão discutindo as alegações do romance em seus sermões. Assim, o sucesso dessa novela e seu filme proporcionam oportunidade única para os cristãos aprenderem sobre as origens de nossa fé, e compartilharem os fundamentos de nossas crenças com audiência maior.


Foi o enfrentamento dessa confusão sobre fato ou ficção e verdade ou erro entre nossos amigos, familiares e colegas de trabalho, que nos motivou a desenvolver uma série de seminários evangelísticos intitulada “O Código da Vinci ou A Trapaça de Da Vinci: São os fatos mais singulares que a ficção?”15 Este artigo foi baseado em centenas de horas de pesquisa que gastamos para contestar mais de 50016 erros e distorções dessa novela, embora mencionemos aqui apenas alguns.


Acreditamos que os seguintes tópicos sejam interessantes: Historicidade das Escrituras, A Divindade de Cristo e Casou-se Jesus com Maria Madalena?


Historicidade das Escrituras e a Divindade de Jesus


Dan Brown faz referência em “O Código da Vinci,” p. 231, que “oitenta outros evangelhos” foram omitidos em favor dos evangelhos “menos confiáveis” do Novo Testamento, como Mateus, Marcos, Lucas e João, que foram incluídos no cânon. Os eruditos modernos17 afirmam que o primeiro evangelho foi o de Marcos (65 d.C.), seguido de Mateus, Lucas/Atos (80-85 d.C.), e finalmente João (90 d.C.). Uma das primeiras listas dos 27 livros do Novo Testamento está contida uma carta de Atanásio de Alexandria, datada de 367 d.C..


Isso aconteceu depois do Concílio de Nicéia, em 325 que não foi realizado pelo Imperador Constantino para “endossar” o fato de que Jesus era divino, o qual tinha sido esclarecido tempos antes, mas para discutir se Ele era co-eterno com Deus ou um ser criado, como alegava Ário de Alexandria. Esse concílio pôs fim à apostasia ariana.


Embora Brown não utilize a expressão “Evangelhos Gnósticos”, entendemos que são a esses escritos que Teabing, seu “especialista” fictício, se refere como anteriores ao Novo Testamento, e que foram “implacavelmente eliminados” pelos líderes eclesiásticos. Escritos entre o segundo e quinto séculos, eles são contrafações antigas apresentadas como escritos por autores do Novo Testamento.18


Curiosamente, o gnosticismo (do grego gnosis, ou conhecimento, no sentido de conhecimento especial), retrata Jesus não como um mortal, como Brown alega, mas como totalmente espiritual. Essa visão docética (do significado grego “aparência”) de Jesus significa que os gnósticos esperavam a salvação não de um Jesus plenamente divino e humano, mas de sua própria centelha divina no ser. Jesus veio apenas para comunicar o conhecimento de como sair do estado mortal, se tivermos essa centelha. Segundo eles, Sua morte na cruz foi irrelevante para a nossa salvação.


Um dos maiores “furos” do “O Código da Vinci” é a caracterização equivocada que Brown faz do evangelho gnóstico no que tange à natureza de Jesus, a fim de “provar” que Jesus era um simples mortal casado com Maria Madalena. Enquanto Brown tenta usar esses textos para sustentar sua alegação da humanidade de Jesus, em realidade os gnósticos rejeitaram a humanidade de Cristo em favor de uma natureza puramente divina!


Evidências da Crença na Divindade de Cristo


Os indícios para crermos na divindade de Cristo podem ser encontrados em o Novo Testamento, nas referências extra-bíblicas, assim como em inscrições e artes nas catacumbas cristãs romanas.19


Além das muitas referências em o Novo Testamento, que o próprio Cristo e outros fazem sobre Sua divindade (incluindo a declaração de que “antes que Abraão existisse, EU SOU”, em João 8:58), para uma pessoa da antiguidade que teve uma morte hedionda, existe um número impressionante de referências extra-bíblicas a Ele. Dentre elas estão as citações do historiador judeu Josefo (37-100 d.C.) sobre Jesus e seu irmão Tiago,20 assim como menções críticas a Cristo no Talmude de Babilônia,21 e outras referências a Jesus e aos cristãos em cartas de vários romanos que criticavam o cristianismo, como a do Plínio, o Moço.22


O símbolo inicial do cristianismo era o peixe. Peixe, em grego, é ichthys, um acróstico para “Jesus Cristo, o Salvador Filho de Deus” (Iesous Christos Theou Yios Soter23). Os sepulcros das catacumbas romanas do primeiro ao quarto séculos demonstram através de inscrições e desenhos artísticos (Jonas, Daniel na cova dos leões, pães e peixes) comuns aos túmulos judaicos da época, que os cristãos romanos compartilhavam com os judeus o mesmo estilo de funeral que evidenciava a esperança na ressurreição. Para os cristãos, essa ressurreição viria através de Jesus para todo ser humano e demonstrava que “não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28).


Jesus Se casou com Maria Madalena?


Ainda que seja difícil argumentar com base no silêncio, podemos certamente admitir que não haja nenhum registro de qualquer casamento de Jesus. Visto que o Novo Testamento registra serem casados alguns de Seus discípulos (Pedro, por exemplo24), então se esperaria que um suposto casamento de Jesus também fosse mencionado. A genealogia era, e ainda é, uma questão muito importante para as leis e a religião no Oriente Médio. Tanto Mateus como Lucas dedicaram parte de seus textos à genealogia de Jesus.


Maria Madalena ou Miriam de Magdala (na Galiléia) é mencionada 14 vezes em o Novo Testamento, sempre pelo nome. Por ser chamada apenas “de Magdala”, e por sabermos que ela viajou com Jesus e apoiou Seu trabalho, Maria deve ter sido uma mulher solteira ou viúva com alguns recursos financeiros. Jesus a libertou de sete demônios e ela foi uma das poucas pessoas que permaneceram com Jesus até a cruz, e uma das primeiras a ver Cristo ressuscitado. Possivelmente, pela graça de ser a primeira a ver Jesus ressuscitado, os primeiros pais da Igreja pensaram que ela deveria ser uma pessoa de grande virtude, e referiram-se a ela como o “apóstolo para os apóstolos”25.


Maria Madalena não estava ligada à prostituição. Isso aconteceu a partir de um sermão feito pelo papa Gregório, no quinto século, que a identificou com outras Marias do Novo Testamento e outras mulheres que relacionamos como pecadoras arrependidas de uma vida de prostituição. Desde então, Maria Madalena tem sido apresentada na arte com um vaso de alabastro, que se originou da história de Mateus 26:7, Marcos 14:3 e Lucas 7:37. Isso é tudo o que sabemos sobre Miriam de Magdala, até que romances medievais retomaram sua história acrescida de detalhes por Dan Brown em “O Código da Vinci”.


Conclusão


Ainda que o livro de Dan Brown, “O Código da Vinci,” tenha obtido grande popularidade, suas alegações de fatos sobre as crenças cristãs primitivas são fáceis de refutar, mas isso requer conhecimento da história da igreja primitiva, assim como das culturas grega, romana e judaica. Essa novela e o filme nos dão a oportunidade de “responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” (I Pedro 3:15).


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Ron Bingham e Maxine Bingham são pós-graduados, respectivamente em Física e estudos do Oriente Médio. Eles também lideram um ministério adventista, o Seminários Internacionais Agora, a fim de alcançar pessoas através de evidências da verdade bíblica. Este artigo está baseado num seminário que desenvolveram para expor os erros de O Código da Vinci. Eles podem ser contatados através do e-mail davincicon@agorapr.com


REFERÊNCIAS
1. Dan Brown, O Código da Vinci (Rio de Janeiro: Sextante, 2004).
2. Sony Pictures Corporation, lançado em maio de 2006.
3. The Daily Mail online, “Archbishop attacks the Da Vinci Code,” por Jo Knowsley, abril de 2006.
4. Times Online, “Da Vinci Code author wins battle against plagiarism claim,” por Philippe Naughton, 7 de abril de 2006; http://www.timesonline.co.uk/article/0,200-2123521,00.html.
5. “Simbologia” não existe como especialidade acadêmica na Universidade de Harvard.
6. Um romance medieval de cerca de 1200 d.C., In Our Time: The Holy Grail, de Melvyn Bragg, 15 de maio de 2003, BBC Radio 4, http://www.bbc.co.uk/radio4/history/inourtime/inourtime_20030515.shtml.
7. Para mais detalhes ver: http://www.greatbuildings.com/buildings/Pyramide_du_Louvre.html.
8. Uma conhecida fraude do século 20, perpetrada por Pierre Plantard; ver programa de TV “60 Minutos,” The Priory of Sion: Is The “Secret Organization” Fact or Fiction? Levado ao ar em 30 de abril de 2006. http://www.cbsnews.com/stories/2006/04/27/60minutes/main1552009.shtml.
9. A Biblioteca Nacional da França, mas qualquer um pode inserir documentos nela.
10. A única verdade no prólogo é que a Opus Dei possui realmente sua sede na cidade de Nova Iorque.
11. Por exemplo, Salon, “The Da Vinci Crock,” por Laura Miller, 29 de dezembro de 2004, http://dir.salon.com/story/books/feature/2004/12/29/da_vinci_code/index.html?pn=1.
12. Tais como: Bart D. Ehrman, Truth and Fiction in The Da Vinci Code (Oxford University Press, 2004) e Ben Witherington III, The Gospel Code (InterVarsity Press, 2004).
13. O Código da Vinci, p. 253.
14. The Spectator (UK), “Blessed are the spin doctors,” por Auston Ivereigh e “Opus Dei is so normal it’s scary,” por Mary Wakefield, volume de 6 de maio de 2006.
15. As primeiras séries aconteceram em maio de 2006, com o apoio da Igreja Adventista de Santa Cruz, na Califórnia, e Seminários Internacionais Agora, o ministério evangelístico dos autores. Contatar davincicon@agorapr.com, para mais detalhes sobre esses seminários que utilizamos para ampliar o alcance evangelístico das igrejas adventistas.
16. Ver James L. Garlow, The Da Vinci Code Breaker: An Easy to Use Fact Checker (Bethany House Publishers, 2006).
17 Ver, por exemplo, Bart Ehrman, Introduction to the New Testament, The Teaching Company, 2000 (www.teach12.com; 1-800-832-2412), no qual nos temos baseado, assim como outras fontes confiáveis.
18. Para fins deste artigo, baseamo-nos primeiramente em Bart Ehrman, Lost Christianities: The Battles for Scripture and the Faiths We Never Knew (Oxford University Press, 2003).
19. The Catacombs of Rome: http://www.catacombe.roma.it/.
20. Verbete da Wikipedia, http://en.wikipedia.org/wiki/Flavius_Josephus.
21. Early Christian Writings: http://www.earlychristianwritings.com/talmud.html.
22. Probe Ministries: http://www.probe.org/content/view/18/77/.
23. http://www.eureka4you.com/fish/fishsymbol.htm.
24. Mateus 8:14.
25. No comentário sobre Cantares, 24-26, de Hipólito, um dos pais da Igreja (170-236).

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Adventista e o Natal: Como Comemorar esta Data?

O significado do Natal atualmente está mais fundamentado em misticismo e oportunidades de lucros. Árvores de natal, anjinhos (não existem anjinhos), papai noel, guirlandas, sinos, velas, gulodices e bebedices são dentre muitas os símbolos do Natal.


Numa propaganda de perfume foi afirmado: “a essência do Natal é o perfume, mas não se esqueça de rezar.”


Os valores estão invertidos, e está na cara que o que mais interessa no natal para a maioria são os prazeres resultantes do dinheiro.


Entre as crianças e adolescentes, para não dizer os adultos, a questão é: o que você vai ganhar de Natal? Daí entra o papai Noel (e hoje até a mamãe Noel). Cartinhas são escritas e o pai esconde o presente no dia de natal.


Os presentes não são ruins, mas a mentira que às vezes envolve o natal. Um dia a criança cresce e descobre que Papai Noel não existe, e tudo foi fantasia, até o Deus que lhe foi ensinado, pode concluir uma criança mal orientada!


Como comemorar o natal corretamente? Qual o real significado do Natal para os cristãos? Por que 25 de dezembro? Papai Noel? Presentes?


I – 25 de dezembro


A verdade é que não sabemos o dia do nascimento de Jesus, mas sabemos que, com certeza, não é dia 25.


Segundo o texto de Mateus 2:1, Jesus nasceu antes da morte de Herodes. De acordo com os historiadores, Ele deve ter nascido nos primeiros meses do ano. É interessante que os cristãos que viveram perto da era apostólica comemoravam “ora dia 6 de janeiro, ora 25 de março” (Enciclopédia Barsa).


II – Por que 25 de Dezembro?


Essa data foi fixada no ano 440, mas o primeiro Natal foi em 325, em Roma.


O objetivo era “cristianizar grandes festas pagãs realizadas neste dia: a festa mitraica (religião persa que rivalizava com o cristianismo nos primeiros séculos); que celebrava o natalis invicti solis (nascimento vitorioso do sol)”. (Enciclopédia Barsa).


25 de dezembro é o dia do nascimento do deus Sol, deus do mitraísmo.


Qual deve ser a nossa posição sobre essas coisas sabendo de sua origem?


1- Moderação: Nem condenar por completo os festejos natalinos, mas também não fazer deles a ênfase do Natal.


2- Não colocar os presentes e as comidas como o fator principal, e sim ofertar recursos para a causa de Deus.


3 – Cuidado com o consumismo: temos facilidade para gastar 50, 100, 1000 reais com presentes e festas, de acordo com as posses de cada um, mas quanto você vai ofertar para Deus?


4 – Nunca mentir sobre Papai Noel, mas focalizar a bondade e o amor cristão.


Conselhos de E.G. W:


5 – Não devemos condenar a árvore de natal em si, mas usar os aparatos natalinos voltados a uma boa causa: Ex. colocar uma oferta especial na árvore de Natal; fazer uma limpeza no guarda-roupas para doar aos pobres.


O Lar Adventista, pág. 482: “Árvore de Natal com Ofertas Missionárias não é Pecado. Não devem os pais adotar a posição de que uma árvore de Natal posta na igreja para alegrar os alunos da Escola Sabatina seja pecado, pois pode ela ser uma grande bênção. Ponde-lhes diante do espírito objetos benevolentes.”


6- Promover união familiar, irmãos na fé, e focalizar a Cristo.


7- Usar o contexto do Natal para pregar a Cristo e fazer boas obras.


PR. YURI RAVEM via Sétimo Dia

Deus aceita sacrifício humano?

O Arrebatamento Secreto é verdade?


 
Quando Jesus prometeu aos Seus discípulos: “Eu voltarei” (João 14:3), Ele criou uma esperança que têm ardido no coração de quase todos os cristãos por 2.000 anos. E, raras vezes desde o primeiro século dC tem esta esperança queimado mais intensamente nos corações dos cristãos do que hoje.
Esta esperança é escurecida, no entanto, por uma sombra. Segundo a Bíblia, um momento terrível de angústia, muitas vezes chamado de “tribulação” – terá lugar na Terra pouco antes da segunda vinda de Cristo. Por quase 1.800 anos, os cristãos acreditavam que todo o povo de Deus iria passar por essa tribulação. No entanto, cerca de 200 anos atrás, uma nova teoria foi proposta – que Deus levará os verdadeiros cristãos para fora do mundo e os transportará para o céu antes da Tribulação. Aqueles que ficarem para trás passarão pela Tribulação, durante a qual milhões de judeus serão convertidos ao cristianismo. A segunda vinda de Cristo ocorrerá no final da Tribulação.
A deportação dos santos para o céu antes da Tribulação é chamada de “arrebatamento”. Segundo os que defendem essa teoria, o arrebatamento será secreto no sentido de que, num primeiro momento, ninguém vai saber que ele ocorreu. Aqueles que são deixados para trás na terra só irão perceber que isso aconteceu quando eles se tornam conscientes de que muitas pessoas desapareceram de repente, sem qualquer razão. Uma série de filmes religiosos tentou retratar este arrebatamento nos últimos anos. Estes filmes mostram tipicamente pessoas espantadas perguntando o que aconteceu com seus amigos e entes queridos. Outra cena comum é a de carros desgovernados e aviões caindo, porque seus motoristas e pilotos foram “arrebatados”.
Em certo sentido, esta visão do fim do mundo poderia ser chamada de uma teoria dupla da segunda vinda, porque divide o retorno de Cristo para o nosso planeta em duas partes, o arrebatamento antes da Tribulação e a Segunda Vinda na sua conclusão. Neste artigo, examinaremos a evidência bíblica sobre o fim do mundo e a segunda vinda de Cristo.

Quatro razões para rejeitar a idéia de um arrebatamento secreto

Um estudo cuidadoso da Bíblia sugere pelo menos quatro razões rincipais para rejeitar o ponto de vista de uma segunda vinda de Cristo em duas fases:

1. O vocabulário do Segundo Advento não oferece respaldo para tal ponto de vista

Nenhuma das três palavras gregas usadas no Novo Testamento para descrever o retorno de Cristo ou seja, parousia-vinda, apokalypsis-revelação, e epiphaneia-aparecimento, sugere um arrebatamento secreto antes da tribulação (muitas vezes chamado de “arrebatamento pré-tribulacionista”) como objeto da esperança cristã no Advento.
Os pré-tribulacionistas alegam que em 1 Tessalonicenses 4:15, Paulo usou a palavra parousia-vinda para descrever o arrebatamento secreto. Mas em 1 Tessalonicenses 3:13, ele usou a mesma palavra para descrever “a vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (NVI) – uma descrição, de acordo com os pré-tribulacionistas, da segunda fase da volta de Cristo. Em 2 Tessalonicenses 2:8, Paulo de novo emprega o termo parousia para se referir à vinda de Cristo que causará a destruição do anticristo – um evento que, de acordo com os pré-tribulacionistas, supostamente ocorrerá na segunda fase da vinda de Cristo (ver também Mateus 24:27, 38, 39). Da mesma forma, as palavras apokalypsis-revelação e epiphaneia-aparecimento, são utilizadas para descrever tanto o que os pré-tribulacionistas chamam de arrebatamento (1 Cor 1:7; 1 Tim 6:14) como o que chamam de Retorno, ou segunda fase da Vinda de Cristo (2 Tess 1:7-8, 2:8). Assim, o vocabulário da Bendita Esperança não propicia base alguma para uma distinção da volta de Cristo em duas fases. Seus termos são utilizados para descreverem um único, indivisível, pós-tribulacional Advento de Cristo que vai trazer salvação aos crentes e retribuição aos descrentes.

2. O Novo Testamento não contém traços de um secreto e invisível arrebatamento instantâneo da Igreja.

Na verdade, 1 Tessalonicenses 4:15-17, que dá a descrição mais notória do Segundo Advento, sugere exatamente o oposto. Ela fala que o Senhor desce do céu “dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus” . . . “os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”. “(versículos 16, 17).
A ”palavra de ordem”, ”a trombeta”, e o grande ajuntamento dos vivos e santos ressurretos dificilmente sugeriria um evento secreto, invisível e instantâneo. Pelo contrário, como tem sido freqüentemente apontado, essa talvez seja a passagem mais barulhenta da Bíblia. As referências a uma trombeta ressoando em paralelo com as passagens de Mateus 24:31 e 1 Coríntios 15:52 corroboram a natureza pública do Segundo Advento. Nenhum traço de um arrebatamento secreto pode ser encontrado em qualquer uma destas passagens.

3. As Passagens bíblicas sobre a Tribulação não oferecem suporte para um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.

Em seu discurso no Monte das Oliveiras, Jesus falou da grande tribulação que irá preceder imediatamente a Sua vinda, prometendo que “por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados”(Mateus 24:22). Argumentar que ”os eleitos” são apenas os crentes judeus e não membros da igreja é ignorar o fato de que Cristo estava se dirigindo a Seus apóstolos que representavam não só o Israel nacional, mas também a igreja em geral. Isto é confirmado pelo fato de que tanto Marcos como Lucas, que escreveram seus evangelhos para a Igreja gentílica, relatam o mesmo discurso (Marcos 13:20, Lucas 21).
Notável também é a semelhança entre a descrição de Cristo da Sua segunda vinda em Mateus 24:30, 31 e a de Paulo em 1 Tessalonicenses 4:16, 17. Ambos os textos mencionam a descida do Senhor, a trombeta que soa, os anjos acompanhantes e a reunião do povo de Deus. No entanto, os pré-tribulacionistas dizem que a passagem de 1 Tessalonicens descreve o arrebatamento antes da Tribulação, mas a passagem de Mateus descreve a segunda vinda de Cristo após a tribulação. O paralelismo entre as duas passagens indica claramente que o arrebatamento da Igreja não precede, mas, pelo contrário, segue-se à grande tribulação.

4. Por fim, Paulo e o livro do Apocalipse negam a noção de um arrebatamento secreto pré-tribulacional.

Em 2 Tessalonicenses 2, Paulo refutou um equívoco que era predominante entre os cristãos de Tessalônica. Aparentemente, eles acreditavam que o dia do Senhor já tinha chegado. Para refutar esse equívoco, Paulo citou dois grandes eventos que devem ocorrer antes da vinda do Senhor, ou seja, a rebelião e o aparecimento do ”homem da iniqüidade” que perseguirá o povo de Deus (2 Tessalonicenses 2:3). Se Paulo esperasse que a Igreja fosse arrebatada deste mundo antes da tribulação causada pelo aparecimento do anticristo, ele dificilmente teria ensinado que os crentes veriam tal evento antes da vinda do Senhor.
O livro de Apocalipse trata dos eventos associados com a grande tribulação em maior detalhe do que qualquer outro livro do Novo Testamento, eventos tais como o aparecimento de uma besta que persegue os santos de Deus e o derramamento das sete últimas pragas (Apocalipse 8-16).
Embora João descreva estes eventos tribulacionais em grande detalhe, ele nunca menciona ou sugere um Advento de Cristo secreto e pré-tribulacional para levar embora a Igreja. Isto é tanto mais surpreendente tendo em conta o expresso propósito de João de instruir as igrejas a respeito dos eventos finais. Na verdade, João explicitamente menciona uma incontável multidão de crentes que passarão pela grande tribulação: “Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14).
Os pré-tribulacionistas argumentam que esses crentes são todos da raça judaica, supostamente porque, durante os eventos descritos em Apocalipse 4 à19, a igreja não está mais na terra mas no céu. Este raciocínio é desacreditado, em primeiro lugar, pelo fato que em nenhum lugar João faz uma distinção entre os santos judeus e gentios, na Tribulação. Ao contrário, João afirma explicitamente que os crentes vitoriosos da Tribulação vêm “de toda nação, tribo, povo e língua “(Apocalipse 7:9). Esta frase ocorre repetidamente no Apocalipse para designar não exclusivamente os judeus mas inclusivamente muitos membros da família humana, independentemente da sua origem étnica ou nacional (Apocalipse 5:9; 10:11, 13:07, 14:6). Obviamente, Cristo não resgatou somente judeus, mas pessoas de todas as raças.
Em Apocalipse 22:16 Jesus reivindica ter enviado o Seu anjo a João “para testificar estas cousas à Igreja”. É difícil ver como as mensagens dadas pelo anjo a João poderiam ser um testemunho para as Igrejas se a Igreja não está diretamente envolvida nos eventos descritos nos capítulos 4 à 19, em outras palavras – na maior parte do livro.
O fato é que o Apocalipse descreve a Igreja como sofrendo perseguição por poderes satânicos durante a tribulação final mas não como sofrendo a ira divina. Como os antigos israelitas desfrutaram da proteção de Deus durante as dez pragas (Êxo. 11:7), assim o povo de Deus será protegido quando Sua ira divina cair sobre os ímpios. O Apocalipse representa essa divina proteção através de um anjo que sela os servos de Deus em suas testas (Apoc. 7:3) para que sejam protegidos quando a ira de Deus sobrevir sobre os impenitentes (Apoc. 9:4). Por fim, o povo de Deus será resgatado pelo glorioso Retorno de Cristo (Apoc. 16:15; 19:11-21). O apocalipse então, não retrata um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja, mas um Retorno pós-tribulacional de Cristo.
Em face das razões aqui discutidas, concluímos que o ensino popular de uma Vinda Secreta de Cristo para arrebatar a Igreja antes da tribulação final é desprovida de qualquer apoio bíblico. Tal crença torna a Deus culpado de dar tratamento preferencial à Igreja removendo-a da terra, deixando os crentes judeus a sofrer a tribulação final. As Escrituras ensinam que a Segunda Vinda de Cristo é um evento único que ocorre após a grande tribulação e será experimentada pelos crentes de todas as eras e de todas as raças. Esta é a Bendita Esperança que une “toda nação, e tribo, e língua e povo” (Apoc. 14:6).

Arrebatamento Atrasado

Quanto tempo se espera que levará para o desaparecimento maciço dos verdadeiros cristãos de todas as nações? Muitos acreditam que esse evento está iminente porque sua principal pré-condição, ou seja, o restabelecimento do Estado de Israel e a posse da antiga Jerusalém, já tiveram lugar.
De acordo com cálculos iniciais de Hal Lindsey, em seu livro “The Late Great Planet Earth”, esse arrebatamento secreto da Igreja já passou do prazo. Em 1970 ele predisse que “em quarenta anos desde 1948 [ano da formação do Estado de Israel], ou por volta disso, tudo isso poderia ter lugar. Lindsey calcula os “quarenta anos” da duração bíblica de uma geração e alega, com base na parábola da Figueira (Mateus 24:32-33) que a formação do Estado de Israel em 1948 assinala o início da última “geração” (Mateus 24:34) que verá primeiramente o arrebatamento, daí os sete anos de tribulação, e finalmente o Retorno de Cristo em glória. Sendo que o arrebatamento, de acordo com Lindsey e a maioria dos dispensacionalistas, ocorre sete anos (Daniel 9:27) antes do Retorno visível de Cristo em glória, já deveria ter ocorrido em 1981 ou 1982. O que isso significa é que o tempo já se esgotou para essas predições sensacionais, porém sem sentido.
Texto de autoria de Samuele Bacchiocchi, publicado na Revista Signs of The Times de Janeiro/2011. Crédito da Tradução: Blog Sétimo Dia www.setimodia.wordpress.com

A Propensão Humana para o Pecado e as Tentações de Cristo

 
Teriam sido as tentações de Cristo mais suaves do que as nossas? Se o Salvador não tinha propensão para o pecado, como todos os descendentes de Adão, como poderia Ele ter tido as mesmas provas que nós e ser nosso exemplo? Poderia ter sido gerado em pecado como nós e, ao mesmo tempo, ser sem pecado e ainda nosso Salvador?
Diante das perguntas acima pretendemos fazer uma abordagem, fundamentada basicamente na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White, sobre a situação póslapsariana da humanidade e em que sua situação se assemelha à de Cristo e em que se diferencia. Procuraremos analisar em que base se sustenta a propensão no homem caído e onde está o ponto de tensão, que teria sido igual ou superior em Cristo, apesar da diferença de naturezas entre o pecador e o Salvador. Finalmente, desejamos destacar pontos que demonstrem que Jesus foi mais provado do que nós e teria experimentado mais tensões espirituais, embora sem pecado, seja como ato ou tendência.
A Condição do Homem Após o Pecado
A condição pecaminosa é universal: Segundo as Escrituras todo ser humano herdou a condição pecaminosa de Adão após a queda e “destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Essa situação de pecado é comprovada incontestavelmente pela morte “por isso que todos pecaram” (Rm 5:12).
Não há exceção: A declaração enfática de que “todos estão debaixo do pecado” (Rm 3:9) leva à conclusão óbvia de que “não há um só justo” (Rm 3:10) e “ninguém que faça o bem” (Rm 3:12).
Inimizade natural contra Deus e Sua lei: O ser humano, na explanação do apóstolo é “carnal” em oposição à lei que é espiritual (Rm 7:14). Essa condição carnal leva-nos à inclinação contra a lei de Deus e para a morte, desagradando a Deus (Rm 8:6-8).
A inimizade vem desde o nascimento: Assim a própria natureza humana é corrompida em si mesma desde mesmo o nascimento (Sl 51:5), havendo no indivíduo não convertido um “enganoso coração mais do que todas as coisas e perverso” (Jr 17:9) daí uma inimizade gratuita contra Deus o que o torna “por natureza filho da ira” e morto “em ofensas e pecados” (Ef 2:3-5). Não há ser humano que viva e não peque (Pv 20:9; Sl 14:3; 143:2).
A condição pecaminosa impede todo ser humano de entender as coisas espirituais po si mesmo: O entendimento humano carnal “não pode compreender as coisas do Espírito de Deus pois lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co. 2:14). Sua boas obras não servem para a Salvação (Rm 3:20) e são trapos de imundície (Is 64:6).
O ser humano não pode escapar dessa situação sozinho: Finalmente, como poderia alguém fazer o bem, ou se o fizesse, ser um bem legítimo se nele “não habita bem algum” e mesmo quando quer realizar o bem não consegue (Rm 7:18) “pois o mal está comigo” (v. 21)? Essa impotência total justifica a declaração de Jesus de que “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Nos apelos naturais para pecar, resultado do nascimento e condição de pecado, é que o ser humano vivencia a posse da “tendência para o pecado”, situação anômala e contrária ao plano original de Deus quando criou o homem numa situação em que “tudo era bom” (Gn 1:31). A natureza do ser humano, pois, na presente realidade que vivemos, é estruturada (ou poderíamos dizer “desestruturada) para pecar. Ela deseja pecar como parte de si mesma. Como alguma coisa essencial à sua satisfação e realização. O pecado é seu ambiente, o único que conhece e entende, de onde por si próprio não pode e nem quer sair.[1]
Seria difícil aceitar as declarações acima como referindo-se a Jesus considerando as descrições bíblicas e da igreja acerca de sua especial natureza e impecabilidade[2]. Ao buscar a solidariedade de Cristo conosco impingido-lhe uma natureza “em pecado” (tendência e condição de pecado) só encontraremos uma tensão contraditória[3]. Essa solidariedade deve ser procurada na semelhança humana e na vulnerabilidade às mesmas dores que nós, no “habitar” conosco e superar tensões e provas iguais e superiores às nossas, mesmo sem a tendência pecaminosa, e no entanto, vencer como o segundo Adão conferindo Sua vitória e poder restaurador a todos os que o seguem[4]. É possível ver nas descrições bíblicas que as provas de Jesus foram superiores não somente às de Adão mas também superiores mesmo às da humanidade caída (Hb 2:14-18; 4:15), conforme trataremos na última parte deste trabalho.
A Operação da Tendência para o Pecado Comparada com as Provas de Cristo
A tendência para pecar se tornou após a queda de Adão tão poderosa na vida humana como se fosse essencial à própria vida, sua natureza, então integrou-se às mais fortes necessidades do ser humano como o alimento material, necessidades fisiológicas, segurança, reprodução e realização pessoal. O apóstolo Paulo (Rm 7) demonstra a força do pecado no ser humano operando “nos seus membros” provocando desejos contrários à vontade espiritual da lei. Os desejos são do pecado e para o pecado. Procedem de dentro.
Nas tentações de Cristo não há desejos para pecar ou intensões impuras. Em Jesus há o conflito de renunciar a desejos naturais[5] e inocentes porque estes, se satisfeitos naquele contexto, estariam em confronto com a vontade do Pai. Assim o desejar beber e comer, descansar ou sobreviver não deveria ser satisfeito sem a completa dependência de Deus. Jesus não deveria salvar-se a si mesmo ainda que podendo faze-lo Deveria abrir mão da vida e auto-preservação. Deveria renunciar aos desejos naturais e lícitos de sua natureza sem pecado e ao faze-lo estaria numa luta tão intensa contra si mesmo ao renunciar: uma renúncia tão ou mais intensa como a de qualquer outro ser humano que renuncia a si mesmo e à força de sua própria natureza pecaminosa. Precisou exercer “autodomínio mais forte do que a fome e a morte”; precisou avançar quando sua “natureza” desejava recuar[6]. Jesus renunciou a si mesmo sob pressão das necessidades físicas e emocionais de um ser humano sem pecado. Suportou numa natureza não caída e corpo de capacidade reduzida a pressão que Adão não esteve disposto a resistir num corpo e mente superior.
O homem após a queda, quando auxiliado pela graça de Deus, em dependência do poder do Espírito Santo, pode renunciar a uma natureza caída com seus desejos. A base do conflito é renúncia e dependência de Deus. Jesus deveria “sozinho” e “sem haver ninguém que o ajudasse”[7] renunciar e depender na condição de segundo Adão, levando a natureza sem pecado, mas ao mesmo tempo e no mesmo corpo a fraqueza física e psicológica conseqüente do enfraquecimento da raça.
A “revanche do deserto” onde Cristo como o segundo Adão entrou e recuperou a batalha perdida pelos primeiros pais “no lugar” na “mesma prova” de Adão[8] foi uma vitória tão grande como o fracasso do primeiro par[9]. Nas tentações do deserto Jesus recupera o reino espiritual (e material) vencendo pela superação de necessidades materiais e em situação extrema, e sem ajuda[10] (Is 63:1-5) os mais fortes apelos que a natureza humana pode suportar e, até superando os apelos naturais da própria existência ao ponto de ao fim do conflito ser necessária a assistência dos anjos, diante do eventual risco de vida, tal a severidade da prova (Mt 4:11).[11]
A equivalência da prova de renúncia das necessidades materiais, especialmente considerando o escopo especial do combate no deserto, demonstra, sem dúvida, que a vitória espiritual de Jesus está biblicamente sustentada na superação da condescendência com apetites do corpo e da mente. Assim, os apelos do corpo e da mente, veículos para provocar a queda de Adão, mantém relação direta e necessária com o episódio da queda e da redenção.[12]
É a ausência do domínio dos desejos e necessidades do corpo a base da fraqueza humana hoje, e que somente pode ser recuperado pelo poder do Espírito (Gl 5:22) que opera nos que receberam a justiça de Cristo. É a atribuição ao pecador do caráter perfeito dAquele que colocou o Pai em primeiro lugar e acima mesmo de Suas mais vitais e naturais necessidades.
A Pressão da Renúncia do Eu no Cristão e em Jesus
No caso do homem caído, além das necessidades naturais e lícitas para a existência e realização, uma outra lei natural entra em vigor: a lei do pecado que opera nos seus membros (Rm 7), como o faz todos os imperativos lícitos e naturais para a vida. O agravante é que a “lei do pecado”, esse domínio tirânico e naturalmente irresistível que nos leva a pecar submete todos os imperativos inocentes da vida como a alimentação, segurança, realização e outros. Todas as necessidades naturais estão submetidas pela tendência para pecar, o desejo de pecar, a concupiscência, onde todo pecado e corrupção tem início, seja tal pecado praticado dentro ou fora da igreja (Tg 1:13, 14; 4:1-3; II Pd 1:4). Assim, a resistência à necessidade de pecar é tão severa como a renúncia da própria vida pois renuncia a tudo que a tendência caída domina. Não é à toa que é chamada de “morte”. Estar sem o poder libertador de Cristo é estar morto (Ef 2:1). Libertar-se pelo poder de Cristo é morrer para o pecado e nascer de novo (Rm 6). É, pois, bem apropriada a linguagem da Bíblia que descreve uma situação dramática e real: a conversão é morrer renunciando todo o eu pecador e mesmo às necessidades naturais por ele dominadas. Dessa forma, para Jesus recuperar a falha de Adão e as nossas significou, não a luta contra uma natureza caída que Ele não tinha e nem podia ter, entendendo o pecado essencial que essa tendência implica conforme demonstramos (seria difícil imaginar Jesus admitir que nele “não havia bem algum” ou que “o mal” estava com Ele, ou que ao nascer era “destituído da glória de Deus” como todos os demais homens). Mas Jesus, não tendo a natureza tendente ao pecado para ser dominado por ela, poderia ser, como foi Adão (também sem tendência para o pecado) no Éden, dominado pelas próprias necessidades naturais na tentativa de leva-lo a, como fez com Adão[13], desconfiar de Deus, cobiçar o fruto e o conhecimento vedados e finalmente pecar. Deveria, portanto, “mostrar, no conflito com Satanás, que o homem, tal como Deus o criou, unido ao Pai e ao Filho, poderia obedecer a todo reclamo divino.”[14]
Limitações Decorrentes de Sua Missão Levaram-no a Renúncias Equivalentes às Nossas[15]
Assim que, Jesus tendo sido tentado “como nós” e “mais do que nós”, não pôde defender a e nem requerer para si mesmo o que naturalmente lhe era de direito como homem e Deus mas renunciou a todas as coisas e “esvaziou-se” (Ef 2:1-8) para que pudesse ser o Redentor da humanidade. Uma vez que a tendência para o pecado é “natural” no ser humano caído, é nesse plano da inclinação pecaminosa que Satanás opera seu cativeiro na humanidade.
O Adversário, não tendo em Cristo um cativo vítima da propensão ou concupiscência do eu para o pecado, deveria buscar outro módulo de ação no qual ou através do qual, se possível[16], pudesse ter acesso àquele que declarou acerca de Satanás: “nada tem em mim” (Jo 14:30). Satanás deveria buscar que Jesus decidisse desobedecer a Deus não através de compulsão interior para o mal como ocorre conosco mas através do exercício de Seus direitos naturais que lhe estavam vetados, a exemplo de usar a divindade transformando pedra em pães para saciar a fome, coisa muito natural para Jesus embora sobrenatural para nós! Natural tornar pedra em pães e natural saciar a fome! Mais do que um direito, uma necessidade! Natural para alguém extremamente fragilizado buscar segurança e escapar da dor, humilhação e morte. Natural e necessário para o corpo e a mente em agonia receber e aceitar a proposta de ter o reino de volta sem a morte. Natural recuar diante de um conflito maior do que a Sua humanidade – conflito em favor de toda a raça humana – a morte eterna em lugar de todos, e retornar para as delícias junto ao Pai. Muito natural soprar e varrer do planeta a impiedade dos homens e anjos maus que o desonravam e contra Ele blasfemavam, mas o tempo para esse tipo de juízo ainda não havia chegado.
Certamente a renúncia de Jesus abrangia também todas as satisfações da vida humana e direito de fazer uso de poder divino para si. [17] Para viver restou-lhe apenas uma “comida e bebida”: “fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4:34). A situação, portanto, poderia ser colocada assim: a angústia física e mental de um corpo humano fragilizado (pela renúncia de Suas naturais necessidades e até do exercício do poder divino) era o caminho para que Satanás tentasse induzir Jesus a desobedecer a Deus (situações como em Mt 4, descer da cruz entre outras)[18].
Conosco o plano de investida do inimigo, mesmo em pessoas convertidas é explorar os apelos naturais do homem caído (Tg 1:14; 4:1, 2) aos quais nos cabe renunciar em favor da vontade de Deus. Em nós renuncia-se a natureza de pecado e seus apelos contrários à santidade de Deus, mas, em Cristo, renuncia-se às necessidades de um corpo fragilizado embora possuindo natureza sem pecado e também o uso de Seu natural poder divino, uma vez que qualquer dessas alternativas seriam pecado ainda que “por um pensamento”, mesmo em face da morte. [19] Em resumo:
a) Os pontos de investida eram diferentes (tendência para pecar em nós x desejo para satisfazer necessidades naturais e inocentes em Jesus).
b) A base de resistência era a mesma (renúncia total do eu[20] em favor da vontade de Deus e entrega total aos seus cuidados).
c) A força da tentação era a mesma (os apelos da natureza: em nós interiormente para pecar x em Cristo os apelos exteriores parar satisfazer necessidades naturais e inocentes – comida, alívio da dor – e isto, muitas vezes, em condições extremas!).
Assim, Jesus sofreu, por outro caminho e conheceu por outro modo, as mesmas pressões que nós que temos compulsão pecaminosa. Ele, porém, sem tal propensão para o pecado!
Comparação das Tentações de Cristo Com as Nossas Tentações
Consideremos, agora, a superioridade das provas e tentações de Jesus sobre nós em quatro aspectos, considerando-o como ser humano que precisava enfrentar em nossa condição enfraquecida o teste da renúncia do eu para fazer a vontade do Pai.
As intensidades de nossas tentações e as de Jesus são apresentadas na Bíblia como diferentes (I Co 10:13). Nessa passagem a tentação pela qual passamos, como pecadores, é apenas “humana” sugerindo que existe uma tentação maior do que a que experimentamos. A declaração é que cada pessoa será tentada de acordo com suas forças para que possa vencer, nunca será tentada mais do que pode resistir: “não vos deixará tentar acima do que podeis”. Além disso, garante a Bíblia, Deus proverá o “escape”. Por outro lado, se alguém depois de todo esse amparo divino ceder antes de alcançar a tensão máxima, conforme a capacidade de resistência que lhe foi dada, receberá a assistência especial do Advogado (I Jo 2:1). Jesus não teve sua prova aliviada e nem poderia pecar, sob pena de não ter uma segunda chance. Sua prova vai além dos cem por cento da capacidade humana porque Ele sofreu o que está além do ser humano suportar.[21] Sua tentação era “tanto maior quanto Seu caráter era superior ao nosso”. [22]
A magnitude da Sua Missão e responsabilidade era um peso adicional que nós não carregamos. Jesus deveria levar os pecados “do mundo” e tomar nossas “dores e enfermidades” (Is 53). Sua preocupação não se restringia a uma vitória calcada em razões pessoais para um escopo pessoal. Sua luta era representativa de Adão e neste de toda humanidade. E mais do que a humanidade Ele deveria representar o caráter perfeito de Deus perante todo o universo inteligente. Nosso fracasso é individual e pode afetar outros mas sempre será um fracasso pessoal pois ele não é determinante, em termos absolutos, dos destinos dos outros. A raça humana ou o caráter de Deus não dependem exclusivamente do meu testemunho. A vida de Jesus era o único fator determinante para a redenção da humanidade e para a vindicação do caráter do Pai. Com um conflito de implicações e significados tão vastos não é difícil perceber que Sua prova possuía uma magnitude maior do que a nossa.
O Salvador sofria qualitativamente mais que nós. Jesus era constituído de uma natureza pura e consequentemente refratária ao pecado. Sua natureza aspirava santidade e verdade. Estava, no entanto, num mundo de pecado e mentira. Ninguém jamais “odiou” o pecado como Ele. Ninguém jamais vivenciou um contraste tão contundente contra o pecado como Jesus[23]. “Ó geração incrédula e perversa. Até quando estarei eu convosco e até quando vos sofrerei?” (Mt 17:17). Permanecer num mundo de pecado era um fardo adicional para Sua natureza sem pecado não apenas pela contínua agressão que isso significava mas também pelo motivo a mais que tal circunstância oferecia para sugerir o desvio de Sua Missão redentora até o fim. Além do mais Ele estava exposto a todas a “forças da confederação do mal”.[24] Talvez a nossa adaptação ao pecado não nos permita sentir o desconforto de viver neste mundo mas para Jesus este lugar lhe era uma contínua agressão pela generalização da iniquidade.
Também sofreu quantitativamente mais do que todos. Algumas tentações Jesus tinha e nós não as temos: em várias ocasiões foi tentado a usar sua divindade para conseguir alimento, deixar de beber o cálice do sacrifício, livrar-se dos seus algozes, descer da cruz. Apelos que nada significam para nós que não temos poder divino. Ele era tentado a desistir de redimir o homem e voltar para as cortes celestiais. Esse tipo de tentação nós também não temos.
Conclusão
Concluímos esta abordagem entendendo que todo o homem nasce pecador e sob o domínio do pecado, não porém Jesus, que tendo nascido de forma sobrenatural nasceu santo, sem pecado e “separado dos pecadores”. Isso era necessário para que Ele mesmo não estivesse na condição de perdido e precisasse de Redentor. No entanto, Sua natureza sem pecado não lhe ofereceu vantagem sobre nós devido às limitações decorrentes de Sua Missão. Ele precisou renunciar às necessidades e desejos lícitos, inocentes e fundamentais de Sua humanidade perfeita num corpo fragilizado, sentindo a dor da renúncia, dor esta que todos nós pecadores precisamos experimentar ao renunciarmos nossa natureza caída e seus condenáveis desejos.
Tendo passado por tudo que passamos o Salvador possuía tentações que não temos, sensibilidade que desconhecemos tornando Seu sofrimento mais agudo, pressões mais intensas e sem limite além de pesar-lhe a vida do mundo e a resposta esperada pelo universo.
Premido pela impossibilidade de uma segunda chance o Senhor não teria um advogado caso pecasse. Daí concluímos que a natureza sem propensão para o pecado, embora um qualificativo indispensável para que fosse o novo representante da raça humana, para ser o segundo Adão, o faz passar por uma renúncia muito maior do que a nossa que somos convidados a renunciar o pecado, dor e morte, mesmo considerando seus efêmeros prazeres mas tendo o recurso do arrependimento, enquanto Jesus, como o segundo Adão, não podia cometer qualquer erro.
Se nós sabemos o que é desejar o proibido por causa de nossas vis propensões e não tê-lo pois seria pecado, Ele também sabe o que é ser vedado ter o que desejava (ainda que não desejasse o errado) pois isso seria comprometer a nossa salvação e a vontade do Pai. Ele sabe o que é renunciar a si mesmo, e o muito que tinha, para nos salvar, assim como nós sabemos o que é renunciar o pouco que temos e o que somos em nossas tendências más, para nossa própria salvação (e isso pela Graça).
Finalmente, sendo tentado em tudo como nós e mais do que nós, mas sem pecado, se tornou o nosso Modelo Divino, em lugar do primeiro Adão, do que Deus esperava que o homem fosse “física e espiritualmente” quando em harmonia com a lei de Deus.[25]
Referências
[1] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (PP) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 45, 312 e Desejado de Todas as Naçoes (DTN) (Santo André, SP: Casa publicadora Brasileira, 1979), 108
[2] Esse pensamento pode ser encontrado em várias passagens da literatura da igreja primitiva assegurando a Sua natureza sem propensão para o pecado: 1) “…em Jesus Cristo recuperamos o que foi perdido em Adão, ou seja, o sermos a imagem e semelhança de Deus… Irineu. Adv. Haer. Henry Bettenson, editor, Documentos da Igreja Cristã (DIC), 3ª ed. (SP: ASTE – Sociedade Religiosa Edições Simpósio, 1998), 69. 2) “Habitando entre nós comunicou-nos a genuína incorruptibilidade…” Ibid., 71. 3) …”o Senhor…recapitula (resume) em si o homem original…” Ibid., 70. 4) Nasceu da virgem que não conheceu concupiscência por um novo e portentoso modo, tomando dela a natureza mas não a culpa. Ibid., 100. 5) Já Bettenson, comentando no Credo Niceno (de Cesaréia) aperfeiçoado pelo Concílio de Nicéia em 325, o termo “alterável”, declara que refere-se a Jesus não ser moralmente alterável o que seria anátema (atréptôs), esclarece ainda o termo “enanthôpêsanta – tomando sobre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkhôthénta, fez-se carne, ou, talvez, viveu como homem entre os homens…” Sendo assim Jesus herdou as características humanas necessárias para ser identificado como tal, uma natureza que não foi alterada moralmente em momento algum, segundo o Credo de Nicéia. Ibid., 69. 6) O Tomo de Leão ou Definição de Calcedônia, declara que Cristo não tinha em sua natureza humana as propriedades produzidas pela queda (herdadas) e adquiridas. Sua natureza era “perfeita” de homem verdadeiro. Tinha fraquezas mas não culpa, nem mácula, nada tinha “das propriedades que trouxe para dentro de nós o sedutor” (Ibid., 97). Atanásio (296 a 373) em sua obra De Incarnatione, 328 AD, diz que Ele tomou corpo mortal, entretando ïncorruptível” para que a corrupção cessasse revestindo-se de sua incorrupção (apesar de, no texto, aparentemente alegar a divindade para tal incorrupção). Ibid., 75. 8) Nos debates contra o semipelagianismo aparece a idéia de que a liberdade humana teria se tornado tão depravada pelo pecado que sem a graça ninguém amaria, creria ou faria o que é reto para o que se dá várias passagens bíblicas. Se Jesus herdasse a natureza caída do homem, certamente estaria sob o domínio do pecado e não poderia se livrar por si mesmo, carecendo ele mesmo de um Salvador. Ibid., 116.
[3] Sua superioridade ética e espiritual é descrita, como uma condição mais do que desempenho, de forma contundente no escritos de Ellen White e nas Escrituras que declaram que ao nascer, em vez de em pecado (Sl 51:5), nasceria um “santo” (Lc 1:35 ); que “nele não há pecado” (I Jo 3:5) e que “o príncipe deste mundo ‘nada’ tem em Mim” (Jo 14:30). Nele havia “perfeita ausência de pecado”, “caráter sem pecado” conf. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. I (1ME) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1966) 256, 264. Não participou do pecado nem por “um pensamento” e não recebeu “nenhuma contaminação” ao se tornar homem. Seu corpo foi “preparado” por Deus: DTN, 109, 244, 264, (Mt 1:20-23)). Foi tentado em tudo “mas sem pecado” (Hb 4:15), feito sacerdote “segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb 7:16), “inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”, que não necessitou oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, que, em oposição a “homens fracos” era “Filho perfeito para sempre” (Hb 7:26,27). Que se ofereceu “imaculado” a Deus (Hb 9:14). Seu sangue e corpo tem poder santificador (Hb 10:10; 12:12). Seu sangue, diferente de pessoas justificadas, fala melhor do que a do “justo” Abel (Hb 12:24; 11:4).
[4] I Co 15:45-49 declara que o primeiro Adão legou-nos (após o pecado) a imagem terrena e carnal, ao contrário do segundo Adão (Jesus) que legou-nos sua imagem espiritual. O primeiro era da Terra mas o segundo era do Céu. Agora temos a imagem do terreno mas depois (na ressurreição, que é o contexto deste capítulo) receberemos a imagem do celestial (sem pecado, redimida) isto é, a de Jesus. Veja também Rm 5:12-19.
“Venceu Satanás com a mesma natureza sobe a qual Satanás havia obtido a vitória no Éden.” The youth’s Instructor, 25 de abril de 1901.
[5] “ambicionava” alimento, DTN, 104.
[6] DTN, 103.
[7] 1ME, 272.
[8] Ibid., 267, 272.
[9] Ibid., 288; DTN, 114.
[10] 1ME, 279. “…Cristo sabia que Adão, no Éden, com sua superiores vantagens, poderia ter resistido às tentações de Satanás, vencendo-o. Sabia também que não era possível ao homem, fora do Éden, separado, desde a queda, da luz e do amor de Deus resistir em suas próprias forças às tentações de Satanás.” Da mesma forma que Adão no Éden Cristo batalhou sozinho. Sua natureza permaneceu diferente da nossa após a queda: sem pecado. Se sua natureza fosse a mesma após a queda Ele não poderia vencer “sozinho”. Podemos vencer como ele venceu mas pela “Sua graça”. Uma vez que Ele venceu, aqueles que nEle crêem recebem sua vitória e o poder que santifica. 1ME, 226. Veio para redimir “a falha de Adão” e assim toda a sua descendência. DTN, 102.
[11] DTN, 115.
[12] 1ME, 271, 272.
[13]DTN, 104.
[14] 1ME, 253
[15] Deus lhe vedou o caminho suave: “é necessário que o Filho do homem padeça…” Era o “Homem de dores” (Is 53:3). Apesar de ser parte de Sua pessoa, Jesus não deveria usar a divindade para benefício próprio pois o homem não poderia faze-lo, além disso o Seu caminho deveria ser de renúncia daquilo que todos os homens neste mundo têm como natural para a própria vida: não possuía projetos pessoais para este mundo. Deveria renunciar ao conforto e privilégios, até mesmo à comida e à vida e até mesmo ao exercício de Sua Eterna Divindade para cumprir sua Missão. A Redenção impedia-o de pensar no “bem-estar” do Filho do homem. Sua vida deveria ser de “tristeza, dificuldades e conflitos” e Satanás faria sua vida o “mais amarga possível”. 1ME, 286. Sua prova foi “mais cerrada e mais severa do que as que jamais seriam impostas ao homem.” Ibid., 289.
[16] A possibilidade de pecado em Cristo era tão real como o foi em Adão. DTN, 41, 103, 115, 660.
[17] 1ME, 276
[18] DTN, 106
[19] 1ME, 211, 220
[20] “Meu Pai: se possível, passe de mim este cálice! Todavia não seja como eu quero, e, sim, como tu queres ” (Mt 26:39). Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16:24-26).
[21] Roy Adams. The Nature of Christ. (USA: Reviw and Herald Publishing Association, 1994), 73-85. Discute acerca da suposta vantagem de Cristo sobre nós. Sua posição é que Jesus sofreu a força total da tentação enquanto nós recebemos apenas uma parte. Usando o que ele chama de “Escala Richter de Tentação”, adaptando a que é usada para terremotos, Adams, representa graficamente a declaração de I Co 10:13. Concordamos com a ilustração considerando que não foi a cruz que matou a Cristo afinal, mas a tensão da prova que lhe rompeu o coração (DTN, 741). Assim, não foi a tensão total (conteúdo) que um homem suportaria, foi maior, a ponto de romper o continente. Quebrou-se a escala. O abalo foi mais forte do que o suportável. A dor estava além da capacidade humana. Nesse caso a intensidade não veio sob medida, não pode ser avaliada. Foi “infinita” (Ibid., 743).
[22] DTN, 102.
[23] 1ME, 254.
[24] DTN, 101.
[25] Se nosso alvo é a estatura de Cristo (Ef 4:13), nosso Modelo (1ME, 338), como poderíamos vê-lo como alguém com as mesmas tendências mórbidas para o pecado que nós? Ã parte dos momentos de conflito em que sua aparência foi desfigurada (Is 53; DTN, 103) e dos efeitos redutores de sua capacidade física devido aos fatores hereditários, Jesus era sem defeito “físico ou espiritual” (DTN, 42).
* Demóstenes Neves da Silva é mestre em Teologia e professor do SALT/IAENE.


Fonte: Sétimo Dia

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