domingo, 13 de novembro de 2011

A Origem do Mal

A origem do mal é um mistério


Os anjos haviam sido criados cheios de bondade e amor. Amavam uns aos outros sem parcialidade e supremamente a Deus. Movidos por este amor, deleitavam-se em realizar a Sua vontade. A lei de Deus não lhes era um pesado jugo, antes compraziam-se em obedecer a Seus mandamentos e em ouvir a voz de Sua Palavra. Porém, nesse estado de paz e pureza, o mal originou-se com aquele que havia sido perfeito em todos os seus caminhos. O profeta disse a seu respeito: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor.” Ezequiel 28:17. O pecado é algo misterioso e inexplicável. Não havia razão para a sua existência; tentar explicá-lo é procurar uma razão para ele, e isto seria justificá-lo. O pecado apareceu num Universo perfeito, algo que se revelou inescusável. — The Signs of the Times, 28 de Abril de 1890.


Deus possuía conhecimento dos eventos futuros, antes mesmo da criação do mundo. Ele não adaptou Seus propósitos para que estes se amoldassem às circunstâncias, mas permitiu que as coisas se desenvolvessem. Não agiu para que certas condições surgissem, mas sabia que elas ocorreriam. O plano que se colocaria em ação no caso de se rebelar alguma das elevadas inteligências celestiais — este era o segredo, o mistério oculto desde as eras passadas. Um oferecimento foi preparado pelos eternos propósitos, para realizar o próprio trabalho que Deus empreendeu em favor da humanidade caída. — The Signs of the Times, 25 de Março de 1897.


A entrada do pecado no Céu não pode ser explicada. Fosse isto possível, arranjar-se-ia alguma razão para o pecado. Mas não houve a menor escusa para ele, e sua origem permanecerá cercada de mistério. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Deus não criou o mal. Ele fez apenas o bem, à Sua própria semelhança. … O mal, o pecado e a morte… são o resultado da desobediência, originada em Satanás. — The Review and Herald, 4 de Agosto de 1910.


Os primeiros sinais do mal


Houve um tempo em que Satanás se encontrava em harmonia com Deus, quando era sua alegria executar os divinos mandamentos. Seu coração encontrava-se cheio de amor e regozijo em servir ao Criador, até que começou a imaginar que sua sabedoria não derivava de Deus, sendo antes inerente a ele próprio, e que ele era tão digno quanto Deus de receber honra e poder. — The Signs of the Times, 18 de Setembro de 1893.


Embora Deus houvesse criado Lúcifer nobre e belo, e lhe houvesse atribuído grande honra entre os anjos, não o colocara, todavia, fora da possibilidade de fazer o mal. Se Satanás decidisse pelo caminho errado, poderia escolhê-lo e assim perverter seus dons. Poderia haver permanecido no favor de Deus, amado e honrado por toda a multidão angélica, presidindo em sua exaltada posição com generoso e abnegado cuidado, exercendo seus nobres poderes para abençoar outros e glorificar seu Autor. Contudo, pouco a pouco, começou ele a procurar sua própria honra, e a empregar suas faculdades para atrair atenção e obter louvor para si mesmo. Gradualmente também conduziu os anjos, sobre os quais presidia, a lhe prestarem serviço, em vez de devotarem todas as suas energias ao serviço do Criador. — The Spirit of Prophecy 4:317.


Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria. … Se bem que toda a sua glória proviesse de Deus, este poderoso anjo veio a considerá-la como pertencente a si próprio. — Patriarcas e Profetas, 35.


Deus apresenta a verdadeira posição de Cristo


Antes que se iniciasse a grande luta, todos deveriam ter uma apresentação clara a respeito da vontade dAquele [Deus] cuja sabedoria e bondade eram a fonte de toda a sua alegria.


O Rei do Universo convocou os exércitos celestiais perante Ele, para, em sua presença, apresentar a verdadeira posição de Seu Filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com todos os seres criados. … Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém, a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade. — Patriarcas e Profetas, 36.


O grande Criador reuniu os seres celestiais para poder, na presença de todos os anjos, conferir honra especial a Seu Filho. Este estava sentado no trono com o Pai, com a multidão celestial de santos anjos reunida à volta. Então o Pai fez saber que Ele próprio ordenara que Cristo, Seu Filho, fosse igual a Ele, de modo que, onde o Filho estivesse, estaria a Sua própria presença. A palavra do Filho deveria ser obedecida tão prontamente quanto a do Pai. O Filho fora investido de autoridade para comandar o exército celestial. Deveria Ele agir especialmente em união com o Pai no projeto de criação da Terra. …


Satanás estava com inveja e ciúmes de Jesus Cristo. Não obstante, quando todos os anjos se inclinaram diante dEle para reconhecer Sua supremacia, elevada autoridade e direito de governar, Satanás também se prostrou, ainda que seu coração estivesse cheio de inveja e ódio. Cristo formava parte do conselho especial de Deus para a consideração de Seus planos, ao passo que Satanás os desconhecia. Não conhecia, nem lhe era permitido conhecer os propósitos de Deus. Por outro lado, Cristo era reconhecido como Soberano do Céu com poder e autoridade iguais aos do próprio Deus.


Satanás acreditou que ele próprio era o favorito no Céu, entre os anjos. Havia sido grandemente exaltado, mas… aspirava alcançar a altura do próprio Deus. Glorificava-se em sua própria altivez. Sabia que os anjos o honravam. Tinha uma missão especial a cumprir. Estivera próximo ao grande Criador, e os incessantes raios de luz gloriosa que rodeavam o Deus eterno haviam resplandecido especialmente sobre ele. Pensou em como os anjos haviam obedecido a seu comando com prazenteira espontaneidade. Não eram as suas vestiduras brilhantes e formosas? Por que, então, deveria Cristo ser honrado acima dele? — The Spirit of Prophecy 1:17, 18.


Os anjos alegremente reconheceram a supremacia de Cristo, e, prostrando-se diante dEle, extravasaram seu amor e adoração. Lúcifer curvou-se com eles; mas em seu coração havia um conflito estranho, violento. A verdade, a justiça e a lealdade estavam a lutar contra a inveja e o ciúme. A influência dos santos anjos pareceu por algum tempo levá-lo com eles. … De novo, porém, achou-se repleto de orgulho por sua própria glória. Voltou-lhe o desejo de supremacia, e uma vez mais condescendeu com a inveja de Cristo. — Patriarcas e Profetas, 36, 37.


Lúcifer inicia a campanha contra Cristo


Satanás… iniciou a obra de rebelião entre os anjos que estavam sob seu comando, procurando difundir entre eles o espírito de descontentamento. Agiu de modo tão ardiloso que muitos dos anjos se comprometeram com ele antes que seus propósitos fossem plenamente conhecidos. — The Review and Herald, 28 de Janeiro de 1909.


Satanás… ambicionava as mais elevadas honras que Deus concedera a Seu Filho. Tornou-se invejoso de Cristo e começou a semear entre os anjos que o honravam como querubim cobridor, o sentimento de que não recebera a honra que sua posição demandava. — The Review and Herald, 24 de Fevereiro de 1874.


Mediante sutis insinuações de que Cristo usurpara o lugar que pertencia a ele, Lúcifer lançou as sementes da dúvida na mente de muitos dos anjos. — The Educational Messenger, 11 de Setembro de 1908.


Sua [de Lúcifer] obra de engano foi efetuada com tão grande sigilo que os anjos em posições menos elevadas supuseram que ele era o governante do Céu. — Este Dia com Deus, 254.


Os anjos leais e sinceros procuraram reconciliar este anjo poderoso e rebelde com a vontade do Criador. Justificaram o ato de Deus de conferir honra a Jesus Cristo, e com poderosos argumentos tentaram convencer Satanás de que ele próprio não possuía agora menor honra do que antes de o Pai proclamar a honra especial conferida ao Filho. Mostraram-lhe claramente que Jesus era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos houvessem sido criados, e que sempre estivera à destra de Deus, sem que Sua terna e amorável autoridade jamais tivesse sido questionada; tampouco dera Ele qualquer ordem que os seres celestiais não houvessem cumprido alegremente. Argumentaram que o fato de haver Cristo recebido honras especiais por parte do Pai, na presença dos anjos, não diminuía a honra que ele [Satanás] recebera até então. — The Spirit of Prophecy 1:19.


[Lúcifer] obteve a simpatia de alguns de seus companheiros ao sugerir pensamentos de crítica no tocante ao governo de Deus. A semente daninha foi espalhada de modo sedutor; e depois que ela brotou e desenvolveu raízes na mente de muitos, recolheu ele as idéias por ele mesmo implantadas na mente de outros, e as apresentou diante das mais elevadas ordens de anjos como sendo os pensamentos de outras mentes contra o governo de Deus. — The S.D.A. Bible Commentary 4:1143.


Lúcifer havia a princípio dirigido suas tentações de tal maneira que ele próprio não pareceu achar-se comprometido. Os anjos que ele não pôde trazer completamente para o seu lado, acusou-os de indiferença aos interesses dos seres celestiais. Da mesma obra que ele próprio estava a fazer, acusou os anjos fiéis. Consistia sua astúcia em perturbar com argumentos sutis, referentes aos propósitos de Deus. Tudo que era simples ele envolvia em mistério, e por meio de artificiosa perversão lançava a dúvida sobre as mais claras declarações de Jeová. E sua elevada posição, tão intimamente ligada com o governo divino, dava maior força a suas representações. — Patriarcas e Profetas, 41.


O primeiro esforço de Satanás para destruir a lei de Deus — esforço este feito entre os santos habitantes do Céu — pareceu por algum tempo ser coroado de êxito. Grande número de anjos foram seduzidos. — Patriarcas e Profetas, 331.


O governo de Deus incluía não apenas os habitantes do Céu, como ainda todos os mundos criados. Satanás pensou que, se fosse capaz de arrastar consigo à rebelião as inteligências celestiais, também dominaria os outros mundos. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Aqui, por certo tempo, Satanás esteve em vantagem; exultou a este respeito, em sua arrogante superioridade, sobre os anjos do Céu e até mesmo sobre Deus. … Ele [Lúcifer] se disfarçara num manto de falsidade, e durante algum tempo foi impossível remover a máscara, para que a deformidade abominável de seu caráter pudesse ser percebida. Foi necessário esperar que ele próprio revelasse suas obras cruéis, astutas e más. — The Spirit of Prophecy 4:319.


Concede-se tempo a Lúcifer para executar seus planos


Deus, em Sua sabedoria, não expulsou Satanás imediatamente do Céu. Tal ato não haveria modificado seus planos, antes o teria fortalecido na rebelião, pois haver-lhe-ia acrescentado simpatia, como alguém com quem se lidara injustamente; e um maior número de anjos teria sido arrastado em rebelião junto com ele. Deveria ele receber mais tempo para o pleno desenvolvimento de seus princípios. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


Satanás queixou-se dos supostos defeitos na administração das coisas celestiais, havendo procurado encher a mente dos anjos com sua insatisfação. Visto não ser ele supremo, lançou sementes de dúvida e descrença. Em virtude de não ser como Deus, esforçou-se para instilar na mente dos anjos sua própria inveja e descontentamento. Assim as sementes da alienação foram plantadas, para depois serem apresentadas diante das cortes celestiais como sendo originárias, não da mente de Satanás, e sim da dos anjos. Desta maneira o enganador poderia mostrar que os anjos pensavam como ele. …


Aquilo que Satanás havia inculcado na mente dos anjos — uma palavra aqui, outra ali — abriu o caminho para uma longa lista de suposições. Em sua forma astuta, extraiu ele expressões de dúvida da parte deles. Assim, quando foi questionado, acusou os que ele próprio havia doutrinado. Colocou toda a desafeição nos lábios daqueles que havia dirigido. — The Review and Herald, 7 de Setembro de 1897.


[Lúcifer] começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os seres celestiais, dando a entender que, conquanto pudessem as leis ser necessárias para os habitantes dos mundos, não necessitavam de tais restrições os anjos, mais elevados por natureza, pois que sua sabedoria era um guia suficiente. — Patriarcas e Profetas, 37.


Lúcifer… tentou abolir a lei de Deus. Pretendeu que as inteligências não caídas do santo Céu não necessitavam de lei, sendo antes capazes de governarem a si mesmas e de preservarem imaculada integridade. — The Signs of the Times, 28 de Abril de 1890.


Nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu [de Lúcifer] caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça. Por isto foi poupado o autor do mal, para desenvolver plenamente seu caráter. — Parábolas de Jesus, 72.


Os anjos debatem as questões


Enquanto alguns dos anjos se uniam a Satanás em rebelião, outros procuravam dissuadi-lo de seus propósitos e defendiam a honra e sabedoria de Deus em conceder autoridade a Seu Filho. Contudo Satanás se perguntava, por que razão teria Cristo recebido poder ilimitado e posto de comando mais elevado que o dele! — Spiritual Gifts 3:37.


Satanás recusou-se a ouvir. Apartou-se então dos anjos leais e sinceros, acusando-os de servilismo. Esses anjos, fiéis a Deus, assombraram-se ao ver o êxito de Satanás em promover a rebelião. Ele prometeu-lhes um novo governo, melhor do que aquele que até então haviam conhecido, no qual tudo seria liberdade. Um grande número dos anjos revelou sua disposição em aceitar Satanás como líder e comandante-chefe. Ao perceber ele que suas propostas alcançavam sucesso, gabou-se de que chegaria a ter a seu lado todos os anjos, tornando-se igual ao próprio Deus, e que sua voz de autoridade seria ouvida em comando a todo o exército do Céu.


Uma vez mais os anjos leais admoestaram Satanás, assegurando-lhe de quais seriam as conseqüências se persistisse em rebelião; que Aquele que criara os anjos poderia, mediante Seu poder, subverter toda a autoridade deles e a terrível rebelião. E imaginar que um anjo pudesse resistir à lei de Deus, tão sagrada quanto Ele mesmo! Exortaram os rebeldes a fecharem os ouvidos aos enganadores raciocínios de Satanás e aconselharam Satanás e todos os que por ele haviam sido afetados, a ir a Deus confessando seu erro em haverem permitido até mesmo o pensamento de questionar a Sua autoridade. — The Spirit of Prophecy 1:20.


Satanás foi astuto em apresentar o seu ponto de vista da questão. Tão logo percebia que determinada posição era vista em seu verdadeiro caráter, trocava-a por outra. Tal não ocorreu com Deus. Ele podia operar com apenas uma classe de armas — a verdade e a justiça. Satanás podia usar o que Deus não usaria: o engano e a fraude. — The Review and Herald, 9 de Março de 1886.


A ação subversiva [de Satanás] foi tão sutil que não apareceu diante dos seres celestiais do modo como em realidade era. … Tal estado de coisas persistiu por longo tempo antes de Satanás ser desmascarado. — The S.D.A. Bible Commentary 4:1143.


Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse. — O Grande Conflito, 495, 496.


O espírito de descontentamento e desafeição nunca antes havia sido conhecido no Céu. Era um elemento novo, estranho, misterioso, inexplicável. O próprio Lúcifer não estivera a princípio ciente da natureza verdadeira de seus sentimentos; durante algum tempo receou exprimir a ação e imaginações de sua mente; todavia não as repeliu. Não via para onde se deixava levar. Entretanto, esforços que somente o amor e a sabedoria infinitos poderiam imaginar, foram feitos para convencê-lo de seu erro. Provou-se que sua desafeição era sem causa, e fez-se-lhe ver qual seria o resultado de persistir em revolta. Lúcifer estava convencido de que não tinha razão. Viu… que os estatutos divinos são justos, e que, como tais, ele os deveria reconhecer perante todo o Céu.


Houvesse ele feito isto, e poderia ter salvo a si mesmo e a muitos anjos. Ele não tinha naquele tempo repelido totalmente sua lealdade a Deus. Embora tivesse deixado sua posição como querubim cobridor, se contudo estivesse ele disposto a voltar para Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador, e satisfeito por preencher o lugar a ele designado no grande plano de Deus, teria sido reintegrado em suas funções. Chegado era o tempo para um decisão final; deveria render-se completamente à soberania divina, ou colocar-se em franca rebelião. Quase chegou à decisão de voltar; mas o orgulho o impediu disto. — Patriarcas e Profetas, 39.


Deus enfrenta o desafio de Satanás


Nos concílios celestiais decidiu-se que, com base nos princípios pelos quais se atuaria, o poder de Satanás não fosse imediatamente destruído. O propósito de Deus era colocar todas as coisas sobre uma base de eterna segurança. Dever-se-ia conceder tempo para que Satanás desenvolvesse os princípios que constituiriam o fundamento de seu governo. O universo celestial deveria contemplar o resultado dos postulados que Satanás declarara serem superiores aos princípios de Deus. O sistema de Deus deveria ser contrastado com o sistema satânico. Os princípios corruptores do governo de Satanás deveriam ser revelados. Dever-se-ia demonstrar que os princípios de justiça expressos na lei de Deus são imutáveis, perfeitos e eternos. — The Review and Herald, 7 de Setembro de 1897.


Os anjos leais apressaram-se em ir até o Filho de Deus e em informá-Lo do que estava ocorrendo entre os anjos. Encontraram o Pai em consulta com Seu amado Filho, determinando os meios pelos quais, em benefício dos anjos fiéis, a autoridade assumida por Satanás seria anulada para sempre. O grande Deus poderia haver expulsado imediatamente do Céu a este arquienganador; tal não era, porém, o Seu propósito. Daria ao rebelde uma chance justa de medir forças com Seu próprio Filho e os anjos leais. Nessa batalha cada anjo escolheria por si mesmo de que lado ficar, e manifestaria sua posição diante de todos os demais. — The Spirit of Prophecy 1:21.


Lúcifer torna-se Satanás


Satanás… determinou-se a se tornar um centro de influência. Uma vez que não podia ser a mais alta autoridade no Céu, tornar-se-ia a mais elevada autoridade em rebelião contra o governo do Céu. Seria cabeça, exerceria controle e não seria controlado. — The Review and Herald, 16 de Abril de 1901.


Muitos dos simpatizantes de Satanás ficaram inclinados a atender o conselho dos anjos leais, e se arrependerem de sua insatisfação, e readquirirem a confiança do Pai e de Seu Filho amado. O grande revoltoso declarou então que estava familiarizado com a lei de Deus, e se ele se submetesse em obediência servil, sua honra lhe seria tirada. Não mais receberia o encargo de sua exaltada missão. Disse-lhes que tanto ele quanto os outros haviam ido longe demais para agora voltar, e que ele suportaria as conseqüências; que jamais se curvaria diante do Filho de Deus em adoração servil; que Deus não perdoaria, e que agora teriam de assegurar a liberdade deles e obter pela força a posição e autoridade que não se lhes havia sido concedida voluntariamente. — The Spirit of Prophecy 1:20, 21.


Tanto quanto dizia respeito ao próprio Satanás, era verdade que ele havia ido agora demasiado longe para que pudesse voltar. Mas não era assim com os que tinham sido iludidos pelos seus enganos. Para estes, os conselhos e rogos dos anjos fiéis abriram uma porta de esperança; e, se houvessem eles atendido a advertência, poderiam ter sido arrancados da cilada de Satanás. Mas ao orgulho, ao amor para com seu chefe, e ao desejo de uma liberdade sem restrições permitiu-se terem o domínio, e as instâncias do amor e misericórdia divinos foram finalmente rejeitadas. — Patriarcas e Profetas, 41.


Os anjos comparecem diante do Pai


Toda a multidão angélica foi convocada a comparecer diante do Pai, para que cada caso fosse decidido. Satanás manifestou ousadamente sua insatisfação porque a Cristo fora dada preferência em relação a ele próprio. Ergueu-se orgulhosamente e sustentou que deveria ser igual a Deus, sendo convidado a participar com o Pai em Seus propósitos. Deus informou a Satanás que somente ao Filho revelaria Seus propósitos secretos, e que requeria de toda a família celestial, inclusive de Satanás, a mais implícita e inquestionável obediência; e que ele se demonstrara indigno de ocupar um lugar no Céu. Então Satanás apontou exultantemente a seus simpatizantes, que compreendiam quase metade dos anjos, e exclamou: “Esses estão comigo! Tu os expulsarás também, deixando um grande vazio no Céu?” Declarou então que se achava pronto a resistir à autoridade de Cristo, e a defender seu lugar no Céu pelo poder, força contra força. — The Spirit of Prophecy 1:22.


Até ao final da controvérsia no Céu, o grande usurpador continuou a justificar-se. Quando foi anunciado que, juntamente com todos os que com ele simpatizavam, deveria ser expulso das habitações de bem-aventurança, o líder rebelde confessou então ousadamente seu desdém pela lei do Criador. Reiterou sua pretensão de que os anjos não necessitam ser dirigidos, mas que deveriam ser deixados a seguir sua própria vontade, que sempre os conduziria corretamente. Denunciou os estatutos divinos como restrição à sua liberdade, declarando ser de seu intento conseguir a abolição da lei; que, livres desta restrição, os seres do Céu poderiam entrar em condições de existência mais elevada, mais gloriosa.


Concordemente, Satanás e seu exército lançaram a culpa de sua rebelião inteiramente sobre Cristo, declarando que se eles não houvessem sido acusados, não se teriam rebelado. — O Grande Conflito, 499, 500.


O conhecimento possuído por Satanás e os que com ele caíram, quanto ao caráter de Deus, de Sua bondade, misericórdia, sabedoria e excelente glória, tornou imperdoável a culpa dos rebeldes. — The Review and Herald, 24 de Fevereiro de 1874.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 4.Via Sétimo Dia

Os anjos no céu, antes da rebelião

Cristo como Deus criador


Antes que os homens ou os anjos fossem criados, “o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. João 1:1. O mundo foi criado por Ele, “e sem Ele nada do que foi feito se fez”. João 1:3. Se Cristo fez todas as coisas, existiu antes de todas elas. As palavras a este respeito são tão decisivas, que ninguém precisa ter dúvidas. Cristo era essencialmente Deus, e no mais elevado sentido. Estava com Deus desde a eternidade, Deus sobre tudo, bendito para sempre.


O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade como pessoa distinta, embora Um com o Pai. Era Ele a mais excelsa glória do Céu. Era o comandante das inteligências celestiais, e recebia como um direito Seu as homenagens e adoração dos anjos. — The Review and Herald, 5 de Abril de 1906.


Cristo declarou por intermédio de Salomão: “O Senhor Me possuiu no princípio de Seus caminhos e antes de Suas obras mais antigas. Desde a eternidade, fui ungida [a Sabedoria]; desde o princípio, antes do começo da Terra. … Quando punha ao mar o seu termo, para que as águas não traspassassem o Seu mando; quando compunha os fundamentos da Terra, então, Eu estava com Ele e era Seu aluno; e era cada dia as Suas delícias, folgando perante Ele em todo o tempo.” Provérbios 8:22, 23, 29, 30.


Ao falar de Sua preexistência, Cristo conduz a mente a eras infinitas do passado. Ele nos assegura que jamais houve um tempo em que não estivesse em íntima comunhão com o Deus eterno. Ele… tem mantido com Deus o relacionamento de um único Ser. — The Signs of the Times, 29 de Agosto de 1900.


Que é o serviço dos anjos em comparação com Sua [de Cristo] condescendência? Seu trono é desde toda a eternidade. Ele formou toda arcada e toda coluna do grande templo da Natureza. — Nos Lugares Celestiais, pág. 40.


Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai — um na natureza, no caráter e no propósito — o único Ser em todo o Universo que poderia entrar nos conselhos e propósitos de Deus. — O Grande Conflito, 493.


Deus estabelecera um plano antes do surgimento do pecado


Deus e Cristo sabiam, desde o princípio, da apostasia de Satanás e da queda de Adão mediante o poder enganador do apóstata. O plano da salvação foi elaborado para remir a raça caída, para dar-lhe outra oportunidade. Cristo foi designado para o cargo de Mediador da criação de Deus, destinado desde a eternidade a ser nosso substituto e penhor. — Mensagens Escolhidas 1:250.


Conhecidas são diante de Deus todas as Suas obras, e desde eras eternas o concerto da graça (favor imerecido) existiu na mente de Deus. É conhecido como o concerto eterno, pois o plano da salvação não foi concebido após a queda do homem, antes foi ele “guardado em silêncio nos tempos eternos, e… agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações”. Romanos 16:25, 26. — The Signs of the Times, 5 de Dezembro de 1914.


O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério que desde tempos eternos esteve oculto”. Romanos 16:25. Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do trono de Deus. … Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência. — O Desejado de Todas as Nações, 22.


Criação dos anjos


O Pai operou por Seu Filho na criação de todos os seres celestiais. “NEle foram criadas todas as coisas, … sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele.” Colossences 1:16. — Patriarcas e Profetas, 34.


Antes da criação do homem, existiam anjos; pois, quando os fundamentos da Terra foram lançados, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”. Jó 38:7. Depois da queda do homem foram enviados anjos a guardar a árvore da vida, e isto antes que qualquer ser humano houvesse morrido. Os anjos são, em sua natureza, superiores aos homens, pois o salmista diz que o homem foi feito “pouco menor do que os anjos”. Salmos 8:5. — O Grande Conflito, 511.


Desde os séculos eternos era o desígnio de Deus que todos os seres criados, desde os luminosos e santos serafins até ao homem, fossem um templo para morada do Criador. — O Desejado de Todas as Nações, 161.


Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. São subordinados recipientes da vida de Deus. Do mais alto serafim ao mais humilde dos seres animados, todos são providos da Fonte da vida. — O Desejado de Todas as Nações, 785.


Quando o Senhor criou esses seres [angélicos] para estarem diante de Seu trono, eram eles belos e gloriosos. Sua amabilidade e santidade equivaliam a sua exaltada posição. Estavam investidos da sabedoria de Deus e cingidos com a armadura celestial. — The Signs of the Times, 14 de Abril de 1898.


Criação de Lúcifer


Deus o fez [a Lúcifer] bom e formoso, tão semelhante quanto possível a Si próprio. — The Review and Herald, 24 de Setembro de 1901.


Deus o havia feito [a Lúcifer] nobre, havendo-lhe outorgado ricos dotes. Concedeu-lhe elevada posição de responsabilidade. Nada lhe pediu que não fosse razoável. Deveria ele administrar o cargo que Deus lhe atribuíra, num espírito de mansidão e devoção, buscando promover a exaltação de Deus, o qual lhe dera glória, beleza e encanto. — Sabbath-School Worker, 1 de Março de 1893.


Embora Deus houvesse criado Lúcifer nobre e formoso, e o houvesse colocado em posição de elevada honra entre os anjos, não o deixou fora do alcance da possibilidade do mal. Satanás* tinha o poder, se decidisse por este caminho, de perverter seus dons. — The Spirit of Prophecy 4:317.


A elevada posição de Lúcifer


Lúcifer, no Céu, antes de sua rebelião foi um elevado e exaltado anjo, o primeiro em honra depois do amado Filho de Deus. Seu semblante, como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. A testa era alta e larga, demonstrando grande inteligência. Sua forma era perfeita, o porte nobre e majestoso. Uma luz especial resplandecia de seu semblante e brilhava ao seu redor, mais viva do que ao redor dos outros anjos; todavia, Cristo, o amado Filho de Deus, tinha preeminência sobre todo o exército angelical. Ele era um com o Pai, antes que os anjos fossem criados. — História da Redenção, 13.


Lúcifer era o querubim cobridor, o mais exaltado dentre os seres criados. Sua posição era a mais próxima do trono de Deus, e ele se achava intimamente vinculado e identificado com a administração do governo de Deus, havendo sido ricamente dotado com a glória de Sua majestade e poder. — The Signs of the Times, 28 de Abril de 1890.


O próprio Senhor deu a Satanás sua glória e sabedoria, tornando-o o querubim cobridor, bom, nobre e extraordinariamente formoso. — The Signs of the Times, 18 de Setembro de 1893.


Entre os habitantes do Céu, excluindo-se o próprio Cristo, foi Satanás durante algum tempo o mais honrado de Deus, o mais elevado em poder e glória. — The Signs of the Times, 23 de Julho de 1902.


Lúcifer, o “filho da alva”, sobrepujando em glória a todos os anjos que rodeavam o trono, … [estava] ligado pelos mais íntimos laços ao Filho de Deus. — O Desejado de Todas as Nações, 435.


Lúcifer, “filho da alva”, era o primeiro dos querubins cobridores, santo e puro. Permanecia na presença do grande Criador, e os incessantes raios de glória que cercavam o eterno Deus, repousavam sobre ele. — Patriarcas e Profetas, 35.


[Lúcifer] fora o mais elevado de todos os seres criados, e o primeiro em revelar ao Universo os desígnios divinos. — O Desejado de Todas as Nações, 758.


Antes que surgisse o mal


Entre os anjos existia paz e alegria, em perfeita submissão à vontade do Céu. O amor a Deus era supremo, e imparcial o amor de uns pelos outros. Tal era a condição que existira por séculos, antes da entrada do pecado. — The Spirit of Prophecy 4:316, 317.


[Lúcifer] possuía um conhecimento de inestimável valor acerca das riquezas eternas, o que o homem não possui. Ele experimentara o puro contentamento, a paz, a exaltada felicidade e as inenarráveis alegrias das moradas celestes. Havia sentido, antes da rebelião, o prazer da plena aprovação de Deus. Obtivera completa apreciação da glória que circundava o Pai, e sabia que o Seu poder não conhecia limites. — The Signs of the Times, 4 de Agosto de 1887.


Houve um tempo em que… era a alegria [de Satanás] executar as ordens divinas. Seu coração estava cheio de amor e regozijo por poder servir ao Criador. — The Signs of the Times, 18 de Setembro de 1893.


Satanás era um anjo formoso e exaltado, e assim teria permanecido se não houvesse rompido sua aliança com Deus. — The Signs of the Times, 21 de Dezembro de 1891.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 3.Via Sétimo Dia

Ministério atual dos anjos

Os anjos nos guardam


Um anjo da guarda é designado a todo seguidor de Cristo. Estes vigias celestiais protegem aos justos do poder maligno. Isto, o próprio Satanás reconheceu, quando disse: “Porventura, teme Jó a Deus debalde? Porventura, não o cercaste Tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem?” Jó 1:9, 10. O agente pelo qual Deus protege a Seu povo é apresentado nas palavras do salmista: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra.” Salmos 34:7. Disse o Salvador, falando daqueles que nEle crêem: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos nos Céus sempre vêem a face de Meu Pai.” Mateus 18:10. Os anjos designados para ministrarem aos filhos de Deus têm em todo tempo acesso à Sua presença.


Não sabemos que conseqüências terão um dia, uma hora ou um momento, e nunca devemos começar o dia sem encomendar nossos caminhos ao Pai celeste. Anjos Seus são comissionados para cuidarem de nós, e se nos colocarmos sob sua proteção, no tempo de perigo estarão ao nosso lado. Quando inconscientemente estivermos em perigo de exercer influência má, os anjos estarão ao nosso lado, orientando-nos para um melhor procedimento, escolhendo-nos as palavras, e influenciando-nos as ações.


Os anjos de Deus estão ao nosso redor. … Oh, deveríamos saber essas coisas, temer e tremer, e assim pensar muito mais do que o havemos feito, no poder dos anjos de Deus que nos vigiam e guardam. … Os anjos de Deus são comissionados pelo Céu a fim de guardar os filhos dos homens, e ainda assim estes se afastam da influência protetora daqueles, dirigindo-se para onde possam ter comunicação com os anjos maus. … Oh, pudéssemos todos obedecer ao mandado do apóstolo! 2 Coríntios 6:17, 18.


Anjos são enviados para ministrar aos filhos de Deus que são fisicamente cegos. Anjos guardam os seus passos e livram-nos de milhares de perigos que, desconhecidos a eles, juncam o seu caminho.


Eu iria escrever hoje sobre Cristo andando sobre o mar e acalmando a tempestade. Oh! como essa cena impressionou-me a mente! … A majestade de Deus e Suas obras tomou posse de meus pensamentos. Ele segura os ventos em Suas mãos, Ele controla as águas. Seres finitos, simples pontinhos sobre as vastas e profundas águas do Pacífico, éramos nós à vista de Deus; contudo, anjos do Céu foram enviados de Sua excelente glória para proteger aquele pequeno barco à vela que estava singrando as águas.


Anjos envolvem-se na vida familiar


O Senhor é servido pelo fiel obreiro doméstico tanto quanto, ou ainda mais, do que por aquele que prega a Palavra. Pais e mães deveriam compreender que são os educadores de seus filhos. Estes representam a herança do Senhor; e deveriam ser treinados e disciplinados de modo a formar caráter que o Senhor possa aprovar. Quando esse trabalho é feito cuidadosamente, com fidelidade e oração, anjos de Deus guardam a família, e a vida mais simples se torna sagrada.


Antes de sair de casa para o trabalho, toda a família deve ser reunida; e o pai, ou a mãe na ausência dele, deve rogar fervorosamente a Deus que os guarde durante o dia. Vão com humildade, coração cheio de ternura, e com o senso das tentações e perigos que se acham diante de vocês e de seus filhos; pela fé, atem-nos ao altar, suplicando para eles o cuidado do Senhor. Anjos ministradores hão de guardar as crianças assim consagradas a Deus.


Os anjos de Deus, milhares de milhares, … nos guardam do mal, e repelem os poderes das trevas que nos estão procurando destruir. Não temos nós motivos de ser a todo momento agradecidos, mesmo quando existem aparentes dificuldades em nosso caminho?


Anjos de Deus vigiam sobre nós. Na Terra há milhares e dezenas de milhares de mensageiros celestes, enviados pelo Pai para impedir Satanás de obter qualquer vantagem sobre os que se recusam a andar no caminho do mal. E esses anjos, que guardam os filhos de Deus na Terra, estão em comunicação com o Pai, no Céu.


Precisamos conhecer melhor do que conhecemos a missão dos anjos. Convém lembrar que cada verdadeiro filho de Deus tem a cooperação dos seres celestiais. Exércitos invisíveis, de luz e poder, auxiliam os mansos e humildes que crêem nas promessas de Deus e as invocam. Querubins, serafins e anjos magníficos em poder, estão à destra de Deus, sendo “todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. Hebreus 1:14.


Anjos iluminam nossa mente


Deus exorta Suas criaturas a que afastem a atenção da confusão e perplexidade que as rodeiam, e admirem a Sua obra. Os corpos celestes são dignos de contemplação. Deus os fez para benefício do homem, e à medida que estudarmos Suas obras, anjos de Deus estarão ao nosso lado para iluminar nossa mente e guardá-la do engano satânico.


Anjos celestiais observam aqueles que buscam iluminação. Cooperam com os que procuram ganhar almas para Cristo.


Seu ministério aos enfermos é um procedimento exaustivo, e vocês consumiriam gradualmente as fontes da vida caso não houvesse nenhuma mudança, nenhuma oportunidade para recreação, e se anjos de Deus os não guardassem e protegessem. Se pudessem ver os muitos perigos através dos quais vocês são guiados a salvo cada dia por esses mensageiros do Céu, a gratidão lhes brotaria do coração e encontraria expressão em seus lábios. Se fizerem de Deus a sua força, poderão, sob as circunstâncias mais desanimadoras, atingir uma altura e uma amplitude de perfeição cristã que dificilmente pensariam ser possível alcançar. Seus conceitos podem ser tão elevados, poderiam ter tão nobres aspirações, percepções claras da verdade e propósito de ação que vocês serão elevados acima de todos os motivos sórdidos.


Foi-me mostrado o perigo em que você está [ela se dirige aqui a um médico], e também me foi mostrado que seu anjo da guarda o tem preservado vez após outra de naufragar na fé. Meu irmão, eleve suas normas, eleve-as, e não se entristeça nem se desanime. — Testimonies for the Church 8:175.


Anjos nos ajudam a fazer o que é correto


Aprendam a confiar em Deus. Aprendam a ir Àquele que é poderoso para salvar. … Contem ao amoroso Salvador exatamente aquilo que necessitam. Aquele que disse: “Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais” (Lucas 18:16), não rejeitará as orações de vocês, antes enviará os Seus anjos para guardar e protegê-los dos anjos maus, e para facilitar-lhes a prática do bem. Assim será muito mais fácil do que se tentarem fazê-lo em suas próprias forças. O sentimento de vocês será então sempre este: “Pedirei a Deus que me ajude, e Ele o fará. Realizarei o que é correto em Sua força. Não entristecerei os queridos anjos que Deus enviou para me guardarem. Jamais seguirei uma conduta que os separe de mim.” — An Appeal to the Youth, 55, 56.


Se vocês procurarem suprimir todo mau pensamento ao longo do dia, então os anjos de Deus virão e habitarão com vocês. Esses anjos são poderosos em força. Lembrem-se de como o anjo veio ao sepulcro e como, diante da glória de sua presença, os soldados romanos caíram como mortos. Se um só anjo pôde demonstrar tal poder, que teria acontecido se todos os anjos que estão conosco houvessem estado presentes? Os anjos estão conosco todos os dias, guardando-nos e protegendo-nos dos assaltos do inimigo.


Vocês não estão sozinhos na batalha contra o mal. Pudesse erguer-se a cortina, vocês observariam os anjos do Céu lutando do lado de vocês. Isso eles precisam fazer; é seu trabalho guardar a juventude. “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:14. Milhares e dezenas de milhares, milhões e milhões de anjos ministram em favor da juventude. — The Youth’s Instructor, 1 de Janeiro de 1903.


Estou muito agradecida por poder visitar sua escola [que é agora o Colégio Oakwood]. Durante anos tenho feito o que está ao meu alcance para ajudar as pessoas negras, e em nenhum outro lugar encontrei o trabalho tão bem iniciado quanto aqui, no presente momento. Em todas as suas experiências, lembrem-se de que os anjos de Deus estão ao lado de vocês. Sabem o que vocês fazem, e estão presentes para guardá-los. Não façam coisa alguma que desagrade os anjos. À medida que vocês trabalharem e os anjos também, esta escola se tornará um lugar consagrado. Desejo ouvir dos êxitos que vocês alcançarem. Todo o Céu está interessado na atuação de vocês. Façamos o que estiver ao nosso alcance para ajudarmos uns aos outros a obter a vitória. Vivamos de tal modo que a luz do Céu brilhe em nosso coração e mente, habilitando-nos a apossarmos dos tesouros celestiais. — Southern Field Echo, 1 de Junho de 1909.


Anjos auxiliam nos esforços em favor dos perdidos


Quando as inteligências celestes observam aqueles que professam ser filhos e filhas de Deus empreenderem esforços cristãos para ajudar os errantes, manifestando um espírito terno e compassivo para com os arrependidos e caídos, os anjos colocam-se ao lado daqueles, trazendo-lhes à memória as próprias palavras que suavizarão e erguerão a alma. … Jesus ofereceu Sua preciosa vida e Sua atenção pessoal ao menor dos filhos de Deus; e os anjos excelentes em poder acampam-se ao redor dos que temem a Deus. — Healthful Living, 277.


Os anjos são enviados das cortes celestiais, não para destruir, senão para vigiar e guardar as almas em perigo, para salvar o perdido, para trazer de volta ao redil os extraviados. “Não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo” (João 12:47), declarou Cristo. Não terão vocês, então, palavras de consolo para os errantes? Deixarão vocês que eles pereçam, ou lhes estenderão a mão ajudadora? Exatamente ao redor de vocês acham-se almas em perigo de perecerem. Não as conduzirão vocês, com as cordas do amor, para junto do Salvador? Não deixarão vocês de proferir condenações, falando antes palavras que as inspirem com fé e coragem? — The Review and Herald, 10 de Maio de 1906.


É privilégio de todos os que cumprem as condições, saber por si mesmos que o perdão é oferecido amplamente para todo pecado. Abandonem a suspeita de que as promessas de Deus não se referem a vocês. Elas são para todo transgressor arrependido. Força e graça foram providas por meio de Cristo, sendo levadas pelos anjos ministradores a toda alma crente. — Caminho a Cristo, 52, 53.


Aqueles que trabalham pelo bem dos outros, estão operando em união com os anjos celestiais. Contam sempre com a companhia destes, e com seu incessante ministério. Anjos de luz e poder sempre estão perto, a fim de proteger, confortar, curar, instruir e inspirar. A mais elevada educação, a mais genuína cultura e o mais exaltado serviço possíveis aos seres humanos neste mundo, pertencem-lhes. — The Review and Herald, 11 de Julho de 1912.


Os anjos do Céu atuam sobre a mente humana, a fim de despertar a pesquisa dos temas da Bíblia. Será realizada uma obra muito mais ampla que aquela até agora alcançada, e nenhuma glória será atribuída aos homens, pois os anjos que ministram em favor dos que hão de herdar a salvação, estão trabalhando noite e dia. — Counsels to Writers and Editors, 140.


Deus poderia ter confiado aos anjos celestiais a mensagem do evangelho e toda a obra de amoroso ministério. Poderia ter empregado outros meios para realizar o Seu propósito. Mas em Seu infinito amor preferiu tornar-nos cooperadores Seus, de Cristo e dos anjos, a fim de que pudéssemos participar da bênção, da alegria e do reerguimento espiritual que resultam desse abnegado ministério. — Caminho a Cristo, 79.


Anjos fortalecem nossa fé


“O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra.” Salmos 34:7. Deus encarrega Seus anjos de salvar Seus escolhidos da calamidade, de guardá-los da “peste que se propaga nas trevas”, e da “mortandade que assola ao meio-dia”. Salmos 91:6. Repetidas vezes têm anjos falado com homens, do mesmo modo como um homem fala com seu amigo, e os têm levado para lugares livres de perigo. Uma e outra vez têm as encorajadoras palavras dos anjos renovado o ânimo prostrado dos fiéis, desviando-lhes o espírito das coisas da Terra, levando-os a contemplar pela fé as vestes brancas, as coroas, as palmas da vitória que os vencedores receberão junto ao grande trono branco. — Atos dos Apostolos, 153.


Entre aqueles que nos rodeiam, estão os exércitos do inimigo, que tratam de dividir o povo de Deus, e também os exércitos celestiais, milhões de milhões de anjos, que vigiam e guardam o tentado povo de Deus, animando-o e fortalecendo-o. São estes os que estão à nossa volta. Deus diz àqueles que nEle crêem: “Vocês caminharão entre eles. Os poderes das trevas não triunfarão sobre vocês. Estarão em pé na Minha presença à vista dos santos anjos, que são enviados a ministrar em favor dos que herdarão a salvação.” — The General Conference Bulletin, 2 de Abril de 1901.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 2.Via Sétimo Dia

Os anjos e você — uma visão panorâmica

 A relação do mundo visível com o invisível, o ministério dos anjos de Deus, a operação dos espíritos maus, acham-se claramente revelados nas Escrituras, e inseparavelmente entretecidos com a história humana.


Antes da criação do homem, existiam anjos; pois, quando os fundamentos da Terra foram lançados, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”. Jó 38:7. … Os anjos são, em sua natureza, superiores aos homens. O salmista diz acerca do homem: “Pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste.” Salmos 8:5.


O número e poder dos anjos


Estamos informados pelas Escrituras quanto ao número, poder e glória dos seres celestiais, sua relação com o governo de Deus e também com a obra da redenção. “O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos Céus, e o Seu reino domina sobre tudo.” Salmos 103:19. E diz o profeta: “Ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono.” Apocalipse 5:11. No salão de recepção do Rei dos reis, assistem eles — como “anjos Seus, magníficos em poder… ministros Seus, que executais o Seu beneplácito”, “obedecendo à voz da Sua palavra”. Salmos 103:20, 21.


Milhares de milhares e milhões de milhões eram os mensageiros celestiais vistos pelo profeta Daniel. O apóstolo Paulo declarou serem “muitos milhares”. Hebreus 12:22. Como mensageiros de Deus, saem “à semelhança dos relâmpagos” (Ezequiel 1:14), tão deslumbrante é sua glória e tão rápido o seu vôo. O anjo que apareceu no túmulo do Salvador, e tinha o rosto “como um relâmpago, e a sua veste branca como a neve”, fez com que os guardas por medo dele tremessem, e ficassem “como mortos”. Mateus 28:3, 4.


Quando Senaqueribe, o altivo assírio, injuriou a Deus e dEle blasfemou, ameaçando Israel de destruição, “sucedeu, pois, que naquela mesma noite, saiu o anjo do Senhor e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles”. 2 Reis 19:35. Ali foram destruídos “todos os varões valentes, e os príncipes, e os chefes”, do exército de Senaqueribe. “E este tornou com vergonha de rosto à sua terra.” 2 Crônicas 32:21.


Os anjos auxiliam os filhos de Deus


Os anjos são enviados em missões de misericórdia aos filhos de Deus. A Abraão, com promessas de bênçãos; às portas de Sodoma, para livrar o justo Ló da condenação do fogo; a Elias, quando se achava a ponto de perecer de cansaço e fome no deserto; a Eliseu, com carros e cavalos de fogo, cercando a pequena cidade em que estava encerrado por seus adversários; a Daniel, enquanto buscava sabedoria divina na corte de um rei pagão, ou abandonado para tornar-se presa dos leões; a Pedro, condenado à morte no calabouço de Herodes; aos prisioneiros em Filipos; a Paulo e seus companheiros na noite da tempestade no mar; ao abrir a mente de Cornélio para receber o evangelho; ao enviar Pedro com a mensagem da salvação ao desconhecido gentio — assim, em todos os tempos, têm os santos anjos ministrado ao povo de Deus.


Assim, ao povo de Deus, exposto ao poder enganador e vigilante malignidade do príncipe das trevas, e em conflito com todas as forças do mal, é assegurada a incessante guarda dos seres celestiais. Tampouco é tal segurança dada sem necessidade. Se Deus concedeu a Seus filhos promessas de graça e proteção, é porque há poderosos agentes do mal a serem enfrentados — agentes numerosos, decididos e incansáveis, de cuja malignidade e poder ninguém pode sem perigo achar-se em ignorância ou inadvertência.


Satanás e os anjos maus


Os espíritos maus, criados a princípio sem pecado, eram iguais, em sua natureza, poder e glória, aos seres santos que ora são os mensageiros de Deus. Mas, caídos pelo pecado, acham-se coligados para a desonra de Deus e destruição dos homens. Unidos com Satanás em sua rebelião, e com ele expulsos do Céu, têm, através de todas as eras que se sucederam, cooperado com ele em sua luta contra a autoridade divina. Somos informados, nas Escrituras, acerca de sua confederação e governo, suas várias ordens, inteligência e astúcia, e de seus maus intuitos contra a paz e felicidade dos homens.


Ninguém se acha em maior perigo da influência dos espíritos maus do que aqueles que, apesar dos testemunhos diretos e amplos das Escrituras, negam a existência e operação do diabo e seus anjos. Enquanto estivermos em ignorância no que respeita a seus ardis, têm eles vantagem quase inconcebível; muitos dão atenção às suas sugestões, supondo, entretanto, estar seguindo os ditames de sua própria sabedoria. É por isto que, aproximando-nos do final do tempo, quando Satanás deverá trabalhar com o máximo poder para enganar e destruir, espalha ele por toda parte a crença de que não existe. É sua política ocultar-se a si mesmo e agir às escondidas.


É porque se mascarou com consumada habilidade, que tão amplamente se faz a pergunta: “Existe realmente tal ser?” Evidencia-se o seu êxito na geral aceitação que obtêm no mundo religioso teorias que negam os testemunhos mais positivos das Escrituras. E é porque Satanás pode muito facilmente dirigir o espírito dos que se acham inconscientes de sua influência, que a Palavra de Deus nos dá tantos exemplos de sua obra maligna, descobrindo aos nossos olhos suas forças secretas, e desta maneira pondo-nos de sobreaviso contra seus assaltos.


Os seguidores de Cristo acham-se seguros


O poder e malignidade de Satanás e seu exército deveriam com razão alarmar-nos, não fosse o caso de podermos encontrar refúgio e livramento no superior poder de nosso Redentor. Pomos cuidadosamente em segurança as nossas casas por meio de ferrolhos e fechaduras, a fim de proteger contra homens maus nossa propriedade e vida; mas raras vezes pensamos nos anjos maus, que constantemente estão a procurar acesso a nós, e contra cujos ataques não temos em nossa própria força método algum de defesa. Se lhes permitirmos, podem transformar-nos o entendimento, perturbar e atormentar-nos o corpo, destruir nossas propriedades e vida. Seu único deleite está na miséria e ruína.


Terrível é a condição dos que resistem às reivindicações divinas, cedendo às tentações de Satanás, até que Deus os abandone ao governo dos espíritos maus. Mas os que seguem a Cristo estão sempre seguros sob Sua proteção. Anjos magníficos em poder são enviados do Céu para protegê-los. O maligno não pode romper a guarda que Deus pôs em redor de Seu povo.


Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 1.Via Sétimo Dia

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Sábado num Mundo Esférico


 Certa feita disse um cristão que “o Sábado não pode ser guardado num mundo esférico, pois quem viaja ao redor da Terra, ou perde ou ganha um dia.” Outro foi mais além e garantiu:


“Quando são seis horas da manhã no Sábado aqui no Rio de Janeiro, no Japão são seis horas da tarde; isto significa que, quando os adventistas aqui se levantam para guardá-lo, já os seus irmãos japoneses o acabaram de guardar…”


Por este prisma ilusório, acha-se que se pode transgredir o mandamento do Senhor e tudo fica bem.


É impressionante como se modificam as coisas de Deus. Como se trata levianamente com o Criador. Disse, em síntese, este irmão: “O Sábado não pode ser guardado em um mundo esférico”. Alto lá! Cuidado, você está querendo ser maior que o Rei. Você quer suplantar Aquele que fez o mundo esférico!


O que se nota é que tudo que exija algum sacrifício em matéria de religião, o mais fácil é transigir, transgredir, modificar, contornar e aplicar-se às conveniências particulares. Isso, porém, não é correto e, sem dúvida, impede os milagres.


Muitos cristãos hoje estão tomando uma posição perigosa, vivendo suas idéias sem confrontá-las com o seguro “Assim diz o Senhor” das Escrituras. Estão, sem o saber, tentando tomar o lugar de Deus. Observe: Deus criou o Sábado para o homem (Mar. 2:27). Deus também criou a Terra. E, ao criá-la, fê-la sabendo que, sendo esférica, seria manhã aqui no Rio de Janeiro, quando fosse tarde no Japão, e no entanto determinou:


“LEMBRA-TE DO SÁBADO PARA O SANTIFICAR” (Êxo. 20:8-11).
Disse estas palavras para o japonês como para o brasileiro, sem distinção.


E agora pergunto: Qual o problema deste fuso horário? Por acaso o Sábado não chega lá no Japão como aqui no Brasil? Também a semana no Japão não é de sete dias e o dia de 24 horas? Como pode o homem dizer que o Sábado não pode ser guardado em razão do fuso horário? Precisamos ter mais reverência para com Deus; afinal, Ele é o Criador, e quem é o homem para questionar Sua ordem, não é? Não se deve arranjar desculpas para solapar um mandamento divino, porque quem o quiser, até para o adultério encontrará justificativa.


“Somente uma pessoa santa pode observar um dia santo. Somente alguém que é totalmente voltado para Deus pode guardar um dia santo.”


Certamente quando aquele irmão afirmou ser impossível guardar o Sábado, em virtude de perder ou ganhar um dia face ao fuso esférico, não pensou ele num simples – tão simples – fato.


Preste atenção, e veja se você concorda com isto.


Façamos de conta que dois irmãos gêmeos estão prontos para efetuar um cruzeiro marítimo. Respectivamente com seus navios irão: Um para leste e outro para oeste, e assim circundarão a Terra continuamente em direção oposta. Depois de muito tempo de viagem, um estará tão velho que poderá ser pai do outro! E o pai de ambos, ficando aqui no Rio de Janeiro, deverá ter rejuvenescido, em contraste com um dos filhos. Afora, evidente, o grande espanto dos parentes e amigos.


Esta é a conclusão lógica a que se chega. Mas isso é um pensamento pueril, utópico que jamais ocorrerá, “porque a questão não é de ganho ou perda de tempo, mas de cômputo. São as revoluções da terra que assinalam os dias, e não o número de vezes que se viaja ao redor dela!!!” – Subtilezas do Erro, pág. 155,


Essa perda ou ganho é apenas aparente, e nunca real!


Leia com carinho: “A qualquer país que cheguemos em nossas viagens, encontramos todas as pessoas ali: cientistas, leigos, judeus, cristãos e ateus de perfeito acordo quanto aos dias da semana… Perguntai-lhes, individual ou coletivamente, quando chega o sétimo dia da semana, e todos darão a mesma resposta. Não importa se alguém está no Pólo ou no Equador, nem se viaja por mar ou por terra, nem se dirige para o Oriente ou para o Ocidente; o dia é certo espaço de tempo absolutamente fixo em qualquer parte da superfície da Terra.”
– Objeções Refutadas , F.D. Nichol, pág. 31


Sim, irmão, o que a Bíblia ensina, e isso claramente, é que o dia de Sábado deve ser guardado de um pôr-do-Sol a outro pôr-do-Sol (Lev. 23:32). Não importa se aqui no Brasil ele comece hoje às dezoito horas e amanhã no Japão pela manhã. Nós temos que guardar o Sábado quando este chegar, mesmo que os nossos irmãos do outro lado do mundo já o tenham feito ou farão horas antes ou depois. Não importa. O essencial é que o Sábado sempre chega ao final de cada semana, e que você o deve guardar, pois é tempo separado por Deus para provar quem O obedece ou não. Disse Deus: “Lembra-te…” Você está esquecendo?


• O mandamento do Sábado nada diz acerca de ocorrer a guarda do dia de repouso no mesmo espaço de tempo em todos os lugares da Terra. Simplesmente ordena guardar o ‘sétimo dia’. E este sétimo dia acaso não chega em todas as partes da Terra? Sim!”. (Ibidem). Elementar! Chegou o Sábado, observemo-lo!


• O sétimo dia foi o único da semana que recebeu nome por parte do Criador. Deus o denominou de: O SÁBADO, e ele chega sempre ao findar a semana, no Rio de Janeiro, como em Hong Kong, na Indonésia, ou na Índia, “pois os ciclos semanais se mantiveram intactos tanto num lugar como noutro.” – (Ibidem).


• Finalmente irmão, convido-o a presenciar algo extraordinariamente belo e fascinante, que fala profundamente ao coração. Sexta-feira que vem, procure saber, mesmo que por curiosidade, quando o Sol se põe. Pergunte nas emissoras de rádio, no serviço meteorológico ou leia em qualquer jornal. De posse desta informação, procure estar a esta hora próximo a alguma vegetação: árvores, plantas, etc… Você verá maravilhado um grande milagre que, até então, possivelmente, lhe passou despercebido.


• Você ouvirá o cantar de milhares de animaizinhos, aves, grilos, gafanhotos e centenas de outros insetos fazendo trinar suas vozes, louvando a Deus, o Criador, ao surgir um novo dia, exatamente ao pôr-do-Sol, como assegura a Bíblia Sagrada.


• Você ficará extasiado e comovido. Verá como são fiéis as criaturinhas de Deus, que sequer serão salvas. Você comprovará como são obedientes e pontuais, pois exatamente àquela hora por alguns minutos toda a criação irracional louva em uníssono ao Seu Criador, enquanto o homem, obra prima da criação, pouco menor que os anjos, cheio de glória e honra, inteligente, auto-suficiente, alvo do grande amor divino, e de eterno sacrifício, deixou de lado as Escrituras Sagradas para aceitar a tradição humana – espera um novo dia, à meia-noite.


• Sim, irmão, estes animaizinhos, que nunca foram à escola, não sabem ler nem possuem relógio e, no entanto, exatamente à hora do pôr-do-Sol, se unem aos ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA, formando um coro magistral para louvar a Deus, o Criador, e receber o santo Sábado.


Meu irmão, o apóstolo Paulo, como que antevendo a disposição do homem em modificar a vontade divina, escreveu acertadamente:
Romanos 1: 20


“Porque as Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como Sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que são criadas, para que eles fiquem inexcusáveis.”


A própria criação irracional de Deus testificará contra os desobedientes.


Desafio-lhe irmão, seja você de qualquer credo religioso, a que faça esta experiência no pôr-do-Sol da próxima sexta-feira, e se tal não acontecer, procure-me e cobre de mim o que quiser. Faça este teste para você comprovar de uma vez para sempre que, se os próprios animaizinhos irracionais não perdem a contagem do dia, como poderá o homem perder? Como recusar sua chegada aqui ou no Japão? Como?


“Quão simples pois, é o mandamento de Deus para se guardar o ‘sétimo dia’! As objeções contra a observância do Sábado provêm, não de viajar longe pela terra afora, mas sim, de se afastar para longe de Deus.” – Objeções Refutadas F.D. Nichol, pág. 31. “O Sábado pode ser considerado a bandeira de Deus. Ele a hasteou sobre a Terra como símbolo de Sua soberania, como sinal de Seu governo. Para Seu povo, o Sábado é a insígnia da cidadania em Seu reino.” – Lição nº 9 da Escola Sabatina, pág. 122 – Set/1984.


O Sábado era conhecido e observado pelos hebreus antes do Sinai. O Sábado foi instituído no Éden, como memorial. No Egito, perderam-no de vista, como também negligenciaram outros aspectos da Verdade e do culto a Deus. Daí que, o propósito divino, em suas vagueações pelo deserto, era também reeducá-los nas verdades negligenciadas e esquecidas.


EU GUARDO O SÁBADO PORQUE:


• Deus o criou, abençoou e santificou – (Gên. 2:2-3).
• Jesus nele descansou – (Luc. 4:16).
• As discípulas o guardaram – (Luc. 23:54-56).
• A mãe de Jesus o observou – (Luc. 23:56).
• É sinal entre Deus e Seus filhos – (Eze. 20:20).
• É o Dia do Senhor – (Êxo. 20:8-11; Mar. 2:28).


Lourenço Gonzales
via Setimo Dia

Os Pioneiros Adventistas e a Trindade


Uma das mais intensas discussões teológicas entre os adventistas nos últimos anos está relacionada à Trindade.1 Desde que alguns “descobriram” que os pioneiros da igreja não acreditavam nessa doutrina, muitos questionamentos têm sido levantados. A principal tese dos adventistas que rejeitam a Trindade é que somente após a morte de Ellen G. White, ocorrida em 1915, essa doutrina teria sido introduzida e aceita na denominação. Por isso, segundo eles, a igreja teria se desviado da verdade sustentada pelos pioneiros e se encontra em estado de apostasia.


Essas sérias acusações levantam algumas perguntas: Em que os pioneiros adventistas realmente acreditavam? Eles estavam corretos e nós estamos longe da verdade? Ou eles estavam errados e nós descobrimos a verdade? O que mostram os fatos históricos?


Este artigo divide a história da compreensão adventista sobre a Trindade durante a vida de Ellen G. White nos seguintes períodos: (1) Ênfase na rejeição da doutrina tradicional da Trindade (1846-1890); (2) Tensões sobre a personalidade do Espírito Santo (1890-1897); e (3) Ênfase na aceitação da doutrina bíblica da Trindade (1897- ).


Ênfase na rejeição da doutrina tradicional da Trindade (1846-1890) –
É fato bastante conhecido que os primeiros adventistas não aceitavam a doutrina da Trindade. Mas por que eles pensavam assim? Que motivos tinham para justificar essa posição?


Razões para a rejeição. Os pioneiros apresentavam basicamente duas razões para rejeitar essa doutrina. A primeira é o fato de que muitos credos protestantes definem a Trindade como uma essência “sem corpo ou partes”. Em outras palavras, Deus não era entendido como um ser pessoal, mas abstrato e fantasmagórico. Essa compreensão sobre a Trindade “espiritualiza a existência do Pai e do Filho como duas pessoas distintas, literais e tangíveis”.2 Os pioneiros argumentavam que esse conceito contradiz a Bíblia, pois ela apresenta Deus como um ser pessoal “tangível”, que “possui corpo e partes”.3


A segunda razão é uma consequência lógica da primeira: os credos não distinguem claramente as pessoas da Divindade. Na linguagem teológica tradicional, a palavra pessoa não tem o sentido atual de individualidade, mas indica uma “face” ou “manifestação”. Portanto, de acordo com essa compreensão da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três pessoas distintas, mas três manifestações ou revelações da essência divina.4 “Trinitarianismo” era definido como a “doutrina de que o Pai, o Filho e o Espírito são unidos em uma e a mesma pessoa”.5


Os adventistas criam na “personalidade distinta do Pai e do Filho, rejeitando como absurdo o trinitarianismo, que insiste que Deus, Cristo e o Espírito Santo são três pessoas e, mesmo assim, uma só pessoa”.6


A conclusão é evidente: os pioneiros não rejeitavam o ensino bíblico sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas a Trindade como entendida pela teologia cristã em geral. Podemos entender facilmente esse fato ao nos lembrarmos de que palavras bíblicas como alma, inferno e predestinação têm um sentido para os adventistas e outro para a maioria dos cristãos. O mesmo ocorre com a palavra Trindade. Mas, embora os pioneiros rejeitassem a Trindade dos credos, eles não consideravam essa posição como “teste de caráter cristão”, isto é, exigência para ser membro da igreja.7


Ellen G. White e os pioneiros. Agora podemos entender por que Ellen G. White não reprovou seus contemporâneos adventistas por rejeitarem a Trindade. Ela concordava essencialmente com a posição deles e chegou a declarar que o Pai possui “a mesma forma” que Cristo
e é uma “pessoa” como Ele.8 Embora os pioneiros discordassem entre si quanto a detalhes a respeito da Divindade e não possamos aceitar cada frase escrita sobre o assunto, cremos que eles estavam essencialmente corretos sobre a Trindade.9


Após examinar o que os pioneiros escreveram sobre o tema, Jerry Moon, professor de História da Igreja na Universidade Andrews, chegou à conclusão de que “o ensino trinitariano [isto é, a doutrina da Trindade] dos últimos escritos de Ellen G. White não é a mesma doutrina que os primeiros adventistas rejeitavam”.10


Natureza do Espírito Santo. É interessante observar que, na argumentação dos pioneiros contra a Trindade, eles não negavam a personalidade do Espírito Santo. Ao contrário do que geralmente se pensa, eles não tinham uma posição definida sobre o assunto. Os “Princípios Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia” (1872) diziam simplesmente que “existe um Deus, um ser pessoal e espiritual”, que está “presente em toda parte por Seu representante, o Espírito Santo”. Essa declaração pode ser apoiada por aqueles que creem que o Espírito Santo é uma pessoa, bem como por aqueles que negam essa ideia.


Em 1877, ao escrever sobre a “personalidade do Espírito de Deus”, J. H.Waggoner argumentou que, como não existia entre os cristãos um consenso sobre o significado exato da palavra “pessoa”, ele considerava “inútil uma discussão a respeito” da personalidade do Espírito Santo. Waggoner advertiu que doutrinas devem ser definidas “somente quando as palavras das Escrituras são tão diretas” que ponham fim a toda discussão.11 No caso do Espírito Santo, isso não seria possível, já que a Bíblia não aplica a Ele a palavra “pessoa”. Entretanto, essa posição indefinida sobre o Espírito Santo seria modificada na década de 1890, quando Ellen G. White passou a usar o termo “pessoa” para se referir ao Espírito Santo.


Porém, os pioneiros tinham uma concepção bastante elevada sobre a posição do Espírito Santo. O hinário adventista continha diversos cânticos dirigidos a Ele (especialmente entre os números 136-167). Um deles tem as seguintes palavras: “Vem, Espírito Santo, vem; [...] então conheceremos, e adoraremos, e amaremos ao Pai, ao Filho e a Ti.”12 Um cântico bastante popular era a chamada “Doxologia”, que diz: “Louvai ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.”13 Ellen G. White aprovava o uso desse hino.14


Encontramos apenas um texto anterior a 1890 que argumenta contra a personalidade do Espírito Santo.15 Mas ele contradiz em vários aspectos o ensino adventista da época, pois afirma, por exemplo, que Cristo não é Deus e que o Espírito Santo não é digno de louvor. Esse texto expressa, obviamente, a opinião pessoal do autor, e não a compreensão dos adventistas em geral.


Tensões sobre a personalidade do Espírito Santo (1890-1897) – Entre
1890 e 1897, houve alguma discussão entre aqueles que acreditavam na personalidade do Espírito Santo e aqueles que negavam esse conceito.16 Em 1890, os editores da casa publicadora da Austrália já tinham uma compreensão definida sobre a “Trindade” como constituída por “Pai, Filho e Espírito Santo”.17 Um estudo bíblico intitulado “A Trindade” argumentava sobre os “três personagens distintos do Céu”.18 O livreto “A doutrina bíblica da Trindade”, publicado pela Pacific Press e que apresentava “o Deus único subsistindo e atuando em três pessoas”, 19 era recomendado pela Associação Geral 20.


Aparentemente em resposta a essa compreensão que se popularizava, Uriah Smith, em 1890, passou a escrever alguns artigos contra a personalidade do Espírito Santo. Quanto é de nosso conhecimento, essa posição foi expressa claramente apenas por ele e por T. R. Williamson. Apesar disso, Smith acreditava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são “os três grandes agentes”21 ou “os três agentes”22 que realizam a obra da salvação.


Uriah Smith chegou a argumentar que, como “na fórmula batismal [Mt 28:19], o nome ‘Espírito Santo’ é associado aos nomes do Pai e do Filho”, pode “apropriadamente ser posto como parte da mesma trindade no hino de adoração ‘Louvai ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo’”.23 Embora Smith provavelmente nunca tenha aceitado a personalidade do Espírito Santo, ele não O considerava apenas um atributo de Deus.


Ênfase na aceitação da doutrina bíblica da Trindade (1897- ) – Em 1896, após ouvir sermões de W. W. Prescott e H. C. Lacey sobre a personalidade do Espírito Santo, Ellen G. White reconheceu como correta essa compreensão.24 A partir desse ano, ela passou a descrever repetidas vezes o Espírito Santo como “a terceira pessoa da Divindade”25 e uma das “três pessoas vivas pertencentes ao trio celestial”.26


Esses e outros textos de Ellen G. White foram decisivos para levar os adventistas a estudar mais profundamente a Bíblia e a chegar a uma posição definida a respeito das três pessoas da Divindade. Essas declarações de Ellen G. White sobre o assunto foram publicadas durante sua vida27 e eram conhecidas por seus contemporâneos. Estudos a respeito da Trindade e do Espírito Santo frequentemente citavam as declarações em que ela fala sobre “a terceira pessoa da Divindade”28 e as “três pessoas” do “trio celestial”. 29


Em resultado dos textos de Ellen G.White e principalmente do estudo da Bíblia, publicações sobre a Trindade e a personalidade do Espírito Santo se tornaram comuns entre os adventistas a partir de 1897. Desde então, os poucos que haviam argumentado contra a personalidade do Espírito Santo (inclusive Uriah Smith), nunca mais o fizeram. A doutrina da Trindade passou a ser defendida em consenso pelos adventistas.


Em nossa pesquisa foram localizados mais de 400 textos escritos entre 1897 e 1915 que mencionam explicitamente a existência das três pessoas da Divindade. A seguir, está uma pequena amostra do que foi escrito a respeito do tema durante a vida de Ellen G. White.


Publicações em geral. A. G. Daniells, então presidente da Associação Geral, acreditava que o Espírito Santo é “a terceira pessoa da Divindade” e “o sucessor e representante do Salvador”.30 S. N. Haskell, importante pioneiro e ministro ordenado em 1870, argumentou que o Espírito Santo não é “o anjo Gabriel”, porque “o Espírito Santo é uma [pessoa] da Trindade”.31 O hinário Christ in Song continha uma seção intitulada “Louvor à Trindade”.32


R. Hare, num artigo intitulado “A Trindade”, argumentou que a Divindade é formada pelas “três pessoas vivas do trio celestial”. 33 Em outro artigo com o mesmo título, W. R. French defendeu que “a Divindade é composta por três seres pessoais”.34 Entre 1909 e 1910, a Sociedade dos Missionários Voluntários (antecessora do Clube de Desbravadores) estudou “as grandes doutrinas da Palavra de Deus”. 35 De acordo com a primeira lição, intitulada “A Trindade”, existem “três pessoas” que “constituem a Divindade” e “o Espírito Santo é a terceira pessoa na santa Trindade”.36 F. W. Spies, então líder-geral da igreja no Brasil, escreveu: “Jesus declarou formal e categoricamente que o Espírito Santo [é] a terceira pessoa da Divindade (Mt 28:19).”37


Diversas séries sobre a Trindade foram desenvolvidas durante o período em consideração. Entre 1897 e 1901, foram publicados na Review and Herald muitos artigos extraídos do periódico The King’s Messenger, que enfatizavam a personalidade do Espírito Santo. M. E. Steward elaborou uma série de artigos intitulados “A Divindade – Deus, o Pai”; “A segunda pessoa da Divindade – Jesus Cristo”; e “A terceira pessoa da Divindade – o Espírito Santo”.38 G.B. Thompson publicou em periódicos algumas séries sobre a personalidade e obra do Espírito Santo, que depois foram lançadas em formato de livro.39


Ensino teológico e evangelismo. Em 1906, H. C. Lacey, professor de Teologia no Duncombe Hall Training College (atual Newbold College, Inglaterra), explicou que “a natureza e o caráter do Deus triúno” era assunto estudado em suas aulas e se constituía num dos “principais pontos de fé que compõem o sistema de crenças dos adventistas”.40 O. A. Johnson, do Walla Walla College (atual Universidade Walla Walla, EUA), escreveu o livro-texto Bible Doctrines. No capítulo “A Divindade”, ele argumenta que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são as “três pessoas” que “constituem a Divindade” ou “Trindade”.41


O contato evangelístico com não cristãos ilustra a compreensão adventista sobre a Divindade. J. L. Shaw, um dos mais destacados evangelistas da época, aconselhou que, nos primeiros contatos com os muçulmanos, deveria ser “evitada a apresentação da Trindade, especialmente em público”.42 Mas a doutrina era ensinada durante o processo de evangelização. F. C. Gilbert, judeu converso, passou a crer na existência das “três pessoas da Divindade: Pai, Filho e Espírito Santo”, que formam a “Trindade”.43


Declarações de crenças. Vários textos que apresentam de forma representativa a doutrina da igreja confirmam que, no início do século 20, os adventistas compreendiam o ensino bíblico sobre as três pessoas da Divindade. Em 1907, a seção de consultoria doutrinária da Signs of the Times afirmou que, “sem dúvida, [os adventistas] creem que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade”.44


F. M. Wilcox, editor da Review and Herald, escreveu que, entre “os principais pontos de fé mantidos por esta denominação”, estava a “Trindade divina”, que inclui o “Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade”.45 O livro Bible Readings, a mais representativa exposição da doutrina adventista até então publicada, conclui que o Espírito Santo é uma das “três pessoas da Divindade” e “a terceira pessoa da Divindade”.46 O órgão geral da igreja no Brasil explicou que “os adventistas do sétimo dia creem” na “Trindade da Divindade” e na “personalidade do Espírito Santo”.47


Conclusão – Os primeiros adventistas rejeitavam corretamente a Trindade dos credos, que apresenta um Deus “sem corpo ou partes” e não distingue claramente as pessoas da Divindade. Os pioneiros não tinham uma posição definida sobre a personalidade do Espírito Santo, mas essa situação mudou na década de 1890, por influência de Ellen G. White. No início do século 20, o ensino bíblico sobre as três pessoas da Divindade já era considerado um dos “principais pontos de fé” do “sistema” teológico adventista, uma das “grandes doutrinas da Palavra de Deus” e um dos “principais pontos de fé” da igreja.


A partir de 1897, tornou-se abundante a literatura adventista sobre a Trindade e a personalidade do Espírito Santo. Não eram declarações incidentais e esporádicas, mas frequentes, extensas e em consenso sobre o assunto. Documentos históricos mostram que, nos primeiros anos do século 20, a Igreja Adventista do Sétimo Dia já tinha uma posição consolidada sobre as três pessoas da Divindade.


Os adventistas não aceitaram a Trindade por meio de algum líder da igreja há poucas décadas, mas pelo estudo da Bíblia e por influência de Ellen G. White, há mais de cem anos. Se a Trindade fosse uma doutrina falsa, por que Ellen G. White não reprovou seus contemporâneos que escreveram tão extensamente e em consenso sobre o tema a partir de 1897?


Estamos convictos de que, em vez de ter ocorrido uma apostasia, o Senhor guiou a igreja na compreensão da verdade bíblica e cumpriu Suas promessas: “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18); “Quando o Espírito da verdade vier, Ele os guiará a toda a verdade” (Jo 16:13, NVI).


Referências


1. Recursos para o tema deste artigo podem ser encontrados nas apresentações em PowerPoint “Os adventistas e a Trindade” e “Mitos e fatos sobre a Trindade na Igreja Adventista”, disponíveis em www.downloads.criacionismo.com.br. A maior parte das fontes históricas citadas pode ser encontrada no site dos arquivos da Associação Geral: www.adventistarchives.org/DocArchives.asp.


2. Tiago White, “Letter from Bro. White”, The Day-Star, 24 de janeiro de 1846, p. 25.
3. A. C. Bordeau, “The Hope That is in You”, Review and Herald (daqui em diante, RH), 8 de junho de 1869, p. 185, 186.
4. Veja Roger E. Olson e Christopher A. Hall, The Trinity (Grand Rapids, MI / Cambridge: Eerdmans, 2002); Norman Geisler, Teologia Sistemática, v. 1 (Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2009).
5. William C. Gage, “Popular Errors and Their Fruits. No. 3”, RH, 29 de agosto de 1865, p. 101.
6. W. H. Littlejohn, “Scripture Questions. 96 – Christ Not a Created Being”, RH, 17 de abril de 1883, p. 250.
7. Tiago White, “Christian Unity”, RH, 12 de outubro de 1876, p. 112.
8. Primeiros Escritos, p. 54, 77.


9. Para uma comparação entre a doutrina bíblica e a doutrina tradicional da Trindade, veja Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve, A Trindade: Como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 188-198; Fernando L. Canale, “Doutrina de Deus”, em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 105-159; Norman R. Gulley, Systematic Theology: Doctrine of God (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, a ser publicado).


10. Jerry Moon, “The Quest for a Biblical Trinity: Ellen White’s ‘Heavenly Trio’ Compared to the Traditional Doctrine”, Journal of the Adventist Theological Society, primavera de 2006, p. 142 (ênfase no original).


11. J. H. Waggoner, “The Gifts and Of ces of the Holy Spirit – No.1”, RH, 23 de setembro de 1875, p. 89 (ênfase acrescentada).
12. General Conference Association of the Seventh-day Adventists, The Seventh-day Adventist Hymn and Tune Book for Use in Divine Worship (Battle Creek, MI: Review and Herald /Oakland, CA: Paci c Press, 1888), p. 55.


13. Ibid., p. 86. Esse hino corresponde ao nº 581 do atual Hinário Adventista.
14. RH, 4 de janeiro de 1881; Carta 57, 1897.
15. D. M. Canright, “The Holy Spirit not a Person, but an Influence Proceeding from God”, RH, 25 de julho de 1878, p. 218, 219, 236.


16. Para estudo mais detido desse e do período seguinte, veja Matheus Cardoso, “A doutrina da Trindade na Igreja Adventista do Sétimo Dia (1890-1915)”, Kerygma, 2º semestre de 2011, disponível em www.unasp-ec.com/kerygma.


17. “Queries”, Bible Echo and Signs of the Times, 15 de dezembro de 1891, p. 376.
18. Charles L. Boyd, “The Trinity”, Bible Echo and Signs of the Times, 15 de outubro de 1890, p. 315.
19. Samuel T. Spear, “The Bible Doctrine of the Trinity”, Bible Student’s Library, nº 90 (março de 1892), p. 14.
20. Seventh-day Adventist Year Book (General Conference Association of Seventh-day Adventists, 1893), p. 95.


21. Uriah Smith, “The Spirit of Prophecy and Our Relation to It” General Conference Daily Bulletin, 14 de março de 1891, p. 147.
22. Ibid., “Begging the Question”, RH, 10 de abril de 1894, p. 232.
23. Idem, “696. Worshiping the Holy Spirit”, RH, 27 de outubro de 1896, p. 685.
24. Gilbert Valentine, W. W. Prescott: Forgotten Giant of Adventism’s Second Generation (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2005), p. 121, 122, 129.


25. Carta 8, 1896; Special Testimonies for Ministers and Workers, n° 10, p. 25 (publicado em 1897); Special Testimonies, série A, nº 10, p. 37 (publicado em 1897); O Desejado de Todas as Nações, p. 671 (publicado em 1898); Signs of the Times, 1° de dezembro de 1898;
RH, 19 de maio de 1904; Southern Watchman, 28 de novembro de 1905; Signs of the Times australiana, 4 de dezembro de 1911.


26. Special Testimonies, série B, nº 7, p. 62, 63 (publicado em 1906); Bible Training School, 1° de março de 1906.
27. “Original Sources for Ellen White’s Statements on the Godhead Printed in Evangelism, pp. 613-617” (Ellen G. White Estate, 2003); Tim Poirier, “As declarações trinitarianas de Ellen G. White: o que ela realmente escreveu?”, Parousia, 1º semestre de 2006, p. 27-46.


28. R. A. Underwood, “The Holy Spirit a Person”, RH, 17 de maio de 1898, p. 310, 311; A. T. Robinson, “The Holy Spirit”, Australian Union Conference Record, 1º de maio de 1900, p. 2.


29. R. Hare, “The Trinity”, Australian Union Conference Record, 19 de julho de 1909, p. 2; W. R. French, “The Trinity”, RH, 19 de dezembro de 1912, p. 5, 6.


30. A. G. Daniells, “The Ministry of the Holy Spirit”, RH, 22 de novembro de 1906, p. 6.
31. S. N. Haskell, “Is Gabriel the Holy Spirit?”, Bible Training School, junho de 1907, p. 10.
32. Franklin E. Belden, org., Christ in Song for All Religious Services, 2ª edição (Washington, DC: Review and Herald, 1908), p. vi.
33. R. Hare, “The Trinity”, Australian Union Conference Record, 19 de
julho de 1909, p. 2.
34. W. R. French, “The Trinity”, RH, 19 de dezembro de 1912, p. 5, 6.
35. “Study for the Missionary Volunteer Society”, Youth’s Instructor, 5 de outubro de 1909, p. 11.


36. “Society Studies in Bible Doctrines, Lesson I – The Trinity”, Youth’s Instructor, 19 de outubro de 1909, p. 12, 13.


37. F. W. Spies, “O Espirito [sic] Santo – Seus dons e manifestações”, Revista Mensal (atual Revista Adventista), maio de 1913, p. 1 (grafia atualizada).
38. M. E. Steward, “The Divine Godhead – God, the Father”, RH, 15 de dezembro de 1910, p. 8; ibid., “The Second Person of the Godhead – Jesus Christ”, RH, 22 de dezembro de 1910, p. 5; idem, “The Third Person of the Godhead – the Holy Spirit”, RH, 29 de dezembro de 1910, p. 4, 5.
39. G. B. Thompson, The Ministry of the Spirit (Washington, DC: Review and Herald, 1914).


40. H. Camden Lacey, “The Bible Classes”, The Missionary Worker, 6
de junho de 1906, p. 91.
41. O. A. Johnson, Bible Doctrines Containing 150 Lessons (College Place, WA: Press of Walla Walla College, 1910), p. 13, 15-17.
42. J. L. Shaw, “Workers for Moslems and Best Methods of Approach”, RH, 18 de maio de 1911, p. 10.
43. F. C. Gilbert, Practical Lessons from the Experience of Israel for the Church of Today (South Lancaster, MA: South Lancaster Printing Company, 1902), p. 242, 246.
44. M. C. Wilcox, “2089. – The Holy Spirit”, Signs of the Times, 22 de maio de 1907, p. 322.
45. F. M. Wilcox, “The Message for Today”, RH, 9 de outubro de 1913, p. 21.
46. Bible Readings for the Home Circle: A Topical Study of the Bible, Systematically Arranged for Home and Private Study (Washington, DC: Review and Herald, 1914), p. 182.
47. “A nossa crença”, Revista Mensal, maio de 1920, p. 11 (grafia atualizada)


MATHEUS CARDOSO é editor-assistente dos livros do Espírito de Profecia na Casa Publicadora Brasileira. Texto publicado na RA de Ago/2011.Via Sétimo Dia

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