sábado, 6 de outubro de 2012

Salmo 17- Juízo Investigativo


Alguma vez você já pediu a Deus que Ele o julgasse? A maioria das pessoas vai responder que não, porque a maioria de nós considera terrível o julgamento de Deus sobre os nossos atos, palavras e até pensamentos. Mas Davi orou ao Senhor para que Ele o julgasse até mesmo em seus mais íntimos sentimentos. Quem de nós faria isso?

O salmo vem de um possível contexto quando Davi estava sendo perseguido pelo ímpio rei Saul no deserto de Maon. Davi foi traído pelos zifeus que indicaram a Saul o seu paradeiro, e logo Davi e os seus companheiros se viram cercados por Saul e seus homens, com perigo de vida. Então, Saul foi notificado que os filisteus estavam invadindo a sua terra, e esse rei foi atrás deles, desistindo de perseguir a Davi.

Aquele lugar foi chamado de Pedra de Escape. (1Sm 23:19, 25-28). Muitas vezes somos protegidos por certas circunstâncias e nem consideramos que foi por providência divina.

Davi estava em grande perigo e pressão pela malícia de seus inimigos, e clama neste salmo dirigindo-se a Deus e é justamente isso o que devemos fazer em situações semelhantes. Temos muitos inimigos como Davi e temos muitas pressões e enfrentamos muitos perigos em nossa vida moderna; mas, também, da mesma forma que Davi temos o Deus que age tão prontamente como agia no passado, e pode nos socorrer a qualquer momento.
O conteúdo da oração é duplo:
(1) Oração por Vindicação: “Baixe de Tua presença o Julgamento a meu respeito” (v. 2a).
(2) Oração por Investigação: “Os Teus olhos vêem com equidade”. (v. 2b).

Estas petições são subsequentemente desenvolvidas através do salmo em sequência quiástica, ou seja, o salmo possui ideias contrastantes que repentinamente invertem a direção. Portanto, o esboço do Salmo 17 fica dessa maneira:

A. Oração por Vindicação (v. 2a)
     B. Oração por Investigação (2b)
     B'. Investigação (vs. 3-5)
A'. Vindicação (vs. 6-15).

Há 3 apelos no decurso do Salmo 17:
I – Um Apelo por Justiça (1-5)
II – Um Apelo por Misericórdia (6-12)
III – Um Apelo por Livramento (13-15)

I - Um Apelo por Justiça (vs. 1-5)

Davi apela para que Deus manifeste a Sua justiça. “Ouve, Senhor, a causa justa, atende ao meu clamor, dá ouvidos à minha oração, que procede de lábios não fraudulentos.” (v. 1) O salmista ora em primeiro lugar para que Deus ouça, atenda e dê ouvidos à sua história, a qual ele apresenta, com lábios livres de mentiras. Ele clama a Deus para que atenda à “causa justa”. A palavra original é “tsedeq”, que significa justiça. Ele está dizendo: “Ouve, Senhor, na justiça.” A frase poderia ser traduzida como “Ouve, Senhor de justiça.” A mesma palavra aparece no último verso, de modo que o salmo começa e termina com “justiça”. A ideia é que Deus o ouça, na Sua justiça, a sua causa que também é justa. Seu clamor é no sentido de receber sentença justa dAquele que sabe da sua inocência. Ele clama por vindicação e defesa.

E Davi está tão certo de que a sua causa é justa que ele chega a clamar para que Deus o julgue: “Baixe de Tua presença o julgamento a meu respeito” (v. 2). Isto não é comum; as pessoas em geral temem ser julgadas por Deus porque imaginam que o Seu julgamento seja terrível porque fatal. Ninguém quer enfrentar o Juízo divino. Alguns até ensinam que não haverá julgamento para os justos, de tão “terrível” que deve ser o Julgamento de Deus. Mas eles prometem como uma consolação que nenhum cristão passará pelo Juízo divino. Nenhuma investigação haverá para os justos.

Haveria algum fundamento bíblico para tal ensino? Eu tenho um vizinho que disse que existem muitas religiões porque há muitas traduções da Bíblia que favorecem diferentes interpretações. Eu lhe respondi que as traduções são diferentes, mas conservam a verdade do original. Entretanto, há um pouco de verdade no que disse o vizinho. Na tradução Atualizada de João 3:18, lemos estas palavras de Cristo: “Quem nEle crê não é julgado.” “E então?”, disse um crente para outro, “aqui diz que o cristão não será julgado!” Entretanto, o crente adventista, lê na sua versão mais antiga e diz: “Mas a minha Bíblia diz que ‘quem crê nEle não é condenado’ e isso é outra coisa. Condenação é o resultado de um juízo realizado, é a própria sentença dada. Os cristãos serão julgados, mas não condenados. Sua sentença será absolvição.”

De fato, esse problema de traduções existe, mas nós podemos aprender a pesquisar e comparar em outras versões quando estamos em dúvida com respeito a algum ponto da verdade. Veja como os tradutores da versão Atualizada vertem João 5:24: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”

Certamente, esses tradutores não crêem na doutrina bíblica do Juízo Investigativo, e então, trocaram a palavra “condenado” como está na versão antiga, por “juízo”, mudando o significado. A palavra grega (krino) admite ambas traduções, mas o contexto deve indicar a tradução correta, que é a antiga: “quem ouve a minha palavra... não entrará em condenação.”

E esta é a verdade, confirmada em muitos lugares. Disse Paulo: “Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” (1Co. 5:10). De fato, o Juízo será uma realidade tanto para crentes como para incrédulos, bons e maus, justos e injustos. 

Entretanto, ainda assim, muitos dirão que é duro ser julgado por Deus, porque o Seu Julgamento será temível e terrível e ninguém em sã consciência pediria tal coisa. Mas então, por que Davi pede que Deus o julgue? Por que Davi insiste em ser logo julgado pelo grande Juiz de todo o universo? Ele responde por quê: “os Teus olhos vêem com equidade.” (v.2) Com efeito, Davi quer ser julgado por Deus porque sabe que o Seu olhar onisciente vê a tudo com “equidade”. Isto significa justiça e imparcialidade. Se Deus é justo e sempre age com justiça, então, o Seu Julgamento não é terrível. Terrível é o julgamento dos homens, e é a esse que devemos temer, por ser injusto e parcial. 

Mas Davi continua dizendo: “Sondas-me o coração, de noite me visitas”. Esta é uma declaração de Davi a respeito de uma investigação do seu caso, de que Deus o sonda, examina o seu coração. Este é um juízo de investigação, um exemplo do que acontece no grande Juízo Investigativo, que se desenvolve nos últimos dias da história deste mundo. Deus sonda o seu coração, esquadrinha a sua alma, faz uma investigação do seu caso, a fim de poder sentenciar a sua culpa ou inocência. De fato, todo juízo tem 3 fases: (1) Investigação, (2) Sentença e (3) Execução. Davi declara que Deus investiga o seu caso, examina as suas ações, perscruta a sua alma.

Antes da vinda de Cristo, haverá um Juízo de Investigação. Todos os casos de pessoas que aceitaram a fé e fizeram profissão de seguir ao Salvador passam em revista. Na augusta presença de Deus nossa vida deve passar por exame. O grande Juiz de toda a Terra perscruta a vida de cada crente, esquadrinha cada coração. E cada um deve por sua vez fazer um profundo exame da sua vida, a fim de se preparar para esse solene tempo de Juízo Investigativo que agora ocorre no Céu, desde 1844. É tempo de profundo arrependimento de cada pecado, é tempo de santificação, é tempo de empregar sabiamente cada talento e de viver com o coração puro diante de Deus e dos homens. É tempo de sermos revestidos da justiça de Cristo, e de nada dispor para a carne no tocante às suas concupiscências (Rm 13:14).

Cristo ilustrou muito bem esta cena de investigação através de uma parábola, em que um rei festejava as bodas de seu filho e deu um grande banquete, chamando aos que aceitassem o seu convite dentre todos os tipos de pessoas. Mas havia uma condição: todos os participantes deveriam aceitar as vestes nupciais, e vesti-las durante a festa. Então, durante a cerimônia, o rei foi ver os convidados, foi fazer uma investigação de como os convidados estavam se portando e notou alguém que não tinha as vestes. Imediatamente, ele se dirigiu a esse homem que representa a classe de pessoas que desejam participar das bênçãos do evangelho, mas não aceita as vestes da justiça de Cristo em sua vida: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu. Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 22:12-13).

Mas o salmista Davi continua, dizendo: “Provas-me no fogo e iniqüidade nenhuma encontras em mim; a minha boca não transgride.” (v. 3). Alguém com certa razão diria: “Como pode Davi dizer tais palavras? Como poderia o Juiz eterno e onisciente não encontrar faltas e pecados em Davi?” Eu conheço outras palavras que procedem do humilde coração de Davi: “Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece.” (Sl 40:12). Na primeira passagem, Davi diz que Deus não encontra pecado em sua vida; na segunda, ele diz que os seus pecados são incontáveis.

Como podemos harmonizar esta aparente contradição? As palavras do salmo que estudamos (17:3) estão corretas no contexto em que Davi estava vivendo naquela época, e apenas em relação às coisas de que os ímpios o acusavam. Saul e seus oficiais diziam que Davi estava se preparando para usurpar o trono do rei; que ele desejava matá-lo, que a sua ambição era ser rei de Israel, e logo que conseguisse esse objetivo, ele destruiria a todos os parentes do rei Saul. Tudo isso era falso. Davi não precisava se esforçar para ser o rei de Israel; Deus mesmo o ungiu, e o protegeu para que isso se cumprisse. Davi não falava com justiça própria; ele era inocente mesmo das coisas de que Saul o acusava.

Davi era sincero e estava consciente de sua própria inocência. Ele não era hipócrita. A sinceridade não teme nenhum escrutínio, não, nem mesmo o de Deus, de acordo com o concerto da graça. A onisciência de Deus é tanto a alegria do justo, como o terror dos hipócritas e é particularmente confortável para aqueles que são acusados falsamente.

Mas há outra aplicação para as palavras de Davi: ele falava profeticamente pelo Messias. Muitas vezes a Bíblia retrata a Davi falando pelo Messias, porque Davi era um tipo de Cristo. Os Salmos contém muitas mensagens cristocêntricas e messiânicas. Os livros proféticos têm muito a falar dEle, mas em Ezequiel, o Messias é chamado de Davi (Ez 34:23-24; 37:24-25). De fato, Cristo foi o Único que em sentido absoluto poderia dizer estas palavras do Salmo 17:3: “Sondas-me o coração, de noite me visitas, provas-me no fogo e iniqüidade nenhuma encontras em mim; a minha boca não transgride.”

Deus poderia sondar o coração de Cristo de dia e de noite, prová-lO no fogo da aflição e da tentação e nenhuma iniquidade, nenhum pecado encontraria nAquele que é a pureza por excelência. Disse Cristo certa vez aos líderes da nação judaica: “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:46). De Satanás Ele pôde dizer: “Aí vem o príncipe do mundo, e ele nada tem em Mim.” (Jo 14:30). Ainda testifica o apóstolo Paulo: “Com efeito, nos convinha um Sumo Sacerdote como Este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus.” (Hb 7:26).

Mas Davi em sua experiência de profunda sinceridade e como um homem segundo o coração de Deus pôde nos ensinar como alcançar um relacionamento feliz e bem-aventurado: “pela Palavra dos Teus lábios, eu tenho me guardado dos caminhos do violento.” (v. 4). Mais tarde, ele confirma estas mesmas palavras em tom de admoestação aquilo que vivia na experiência: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a Tua Palavra.” A seguir, ele declara mais uma vez a sua experiência: “Guardo no coração as Tuas Palavras, para não pecar contra ti.” (Sl 119: 9,11). Ou seja, aquilo que eu aconselho é aquilo que eu faço. Faça o que eu digo, porque é isto o que eu faço.

Hoje vemos muitos cristãos vivendo uma vida de derrotismo, citando o capítulo 7 da epístola de Paulo aos Romanos, e dizendo: “É isso mesmo; eu sou como Paulo: o que eu não quero, isso faço. Eu não quero pecar, mas eu acabo pecando; eu nasci assim, e assim eu continuo. Ninguém pode se libertar de sua natureza pecaminosa! Nós somos assim mesmo!” Entretanto, isso é interpretar mal o ensino de Paulo que em Romanos 7 não está descrevendo a experiência de um cristão, mas de um legalista tentando se salvar com os seus próprios esforços, tentando guardar a lei sem Cristo. Mas Cristo disse: “Sem Mim, nada podeis fazer.” (Jo 15:5). 

Se você quer saber como é um cristão, deve ler em Rm 8. Se quer saber como foi a vida de Paulo, então, leia o livro de Atos e o testemunho de Cristo sobre ele em Atos 9:15-16. Pode também ler o testemunho do Diabo sobre o mesmo Paulo em Atos 19:15: “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?”

Disse mais Davi ao falar de sua experiência com Deus: “Os meus passos se afizeram às Tuas veredas, os meus pés não resvalaram.” (v. 5). Davi estava dizendo: “Senhor, ouve a minha causa, pois é justa; eu sou inocente de todas as coisas de que me acusam os meus inimigos!” Ele apelava para que Deus o julgasse segundo a justiça que ele praticara em pensamentos, palavras e atos com referência aqueles homens que o acusavam de coisas que nem mesmo lhe passaram pelo pensamento, pois andava em sinceridade diante de Deus e dos homens.

De igual maneira, Paulo se defendia diante dos judeus que o acusavam e o apedrejaram e o açoitaram pelo poder romano, e ainda assim pôde dizer: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (Atos 26:19). E disse também aos cristãos coríntios no decurso de sua vida: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1Co 11:1).

As palavras do salmista no v. 5, declarando a sua fidelidade e integridade, podem ser lidas como uma prece: “Senhor, dirige os meus passos nos Teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.” (Versão Corrigida). É perigoso permitir que uma característica infiel viva no coração. Um pecado acariciado pouco a pouco aviltará o caráter, levando todas as suas faculdades mais nobres em sujeição ao desejo maligno. A remoção de uma única salvaguarda da consciência, a condescendência com um mau hábito sequer, o descuido das elevadas exigências do dever, derribam as defesas da alma, e abrem o caminho para entrar Satanás e transviar-nos. O único meio seguro é fazer nossas orações subirem diariamente, de um coração sincero, e piedoso, deste modo: “Senhor, dirige os meus passos nos Teus caminhos, para que as minhas pegadas não vacilem.” 

II - Um Apelo por Misericórdia (vs. 6-12)

Davi continua invocando a Deus porque tem certeza de que Deus há de ouvir as suas súplicas. Em sua angústia, ele clama: “Inclina-me os ouvidos e acode às minhas palavras.” (v. 6). A linguagem do salmista demonstra que ele não confiava em sua justiça própria, mas na vindicação e justiça de Deus, embora estivesse consciente de sua completa inocência das acusações dos perversos dentre os líderes de Israel que o perseguiam. 

Davi apela para que Deus mostre a Sua misericórdia. Ele disse no v. 7: “Mostra as maravilhas da Tua bondade, ó Salvador...” A misericórdia divina se manifesta em Sua bondade. Mas essa bondade tem múltiplas maravilhas. A primeira e grande maravilha da bondade e misericórdia de Deus é que Ele é Salvador. Não podemos senão enaltecer a maravilha de termos um Salvador quando estávamos completamente perdidos, condenados, sem nenhuma perspectiva de salvação, inteiramente entregues aos nossos inimigos, homens e demônios.

A segunda maravilha da bondade divina, mencionada no salmo, é que Deus nos considera como tendo um valor imenso: somos como a “menina dos olhos” de Deus (v. 8). Muitos têm uma auto-estima muito baixa de si mesmos por algumas razões. Mas Deus nos considera como possuindo um valor incalculável: o nosso valor é tão grande que Ele foi capaz de dar o Seu único Filho para morrer em nosso lugar, pagando o preço de nossa redenção na Cruz, um preço infinito que só a eternidade revelará ao universo. Assim, somos guardados de dia e de noite por Aquele que não dorme, mas revela o Seu cuidado paternal.

A outra maravilha da bondade de Deus é revelada na oração de Davi que ele continua apresentando: “Esconde-me à sombra das Tuas asas” (v. 8). Podemos lembrar as palavras de Cristo quando estava contemplando a Jerusalém do monte e chorando por ela: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mt 23:37).

Muitas vezes condenamos aos judeus por seu desprezo do Senhor Jesus Cristo, que manifestava as maravilhas de Sua bondade em inúmeros exemplos, e por fim, desejava recolhê-los sob as Suas asas, em uma profunda manifestação de amor. Mas nós também somos ingratos em muitas ocasiões. Entretanto, assim se revela a Sua misericórdia, e a Sua bondade nos esconde debaixo de Seu cuidado e proteção, e ainda nos defende das acusações de Satanás. 

Mas, embora Deus seja misericordioso e manifeste constantemente a Sua bondade, os homens são maus, ímpios e rebeldes. Davi dá uma descrição do caráter dos seus perseguidores: eles eram perversos, opressores, inimigos que o assediavam de morte. Ele fala desses homens nestes termos: “Insensíveis, cerram o coração, falam com lábios insolentes; andam agora cercando os nossos passos e fixam em nós os olhos para nos deitar por terra.” (v. 9-11). Não estamos falando só de história passada, porque estas coisas se repetem em nosso tempo, e se multiplicam nestes últimos dias da história deste mundo tenebroso.

“1: Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,
2: pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3: desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4: traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
5: tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” (2Tm 3:1-5).

Muitas dessas palavras poderiam se aplicar a Jean Jacques Rouseau. Quando jovem ele viveu na cidade de Turim, na casa de uma mulher de Verecelli. Em suas confissões ele escreveu: "Desta casa levo comigo um terrível fardo de culpa que depois de 40 anos ainda está indelével em minha consciência, e quanto mais velho fico, mais pesado é o fardo de minha alma''.

Ele havia roubado um objeto de valor da dona da casa. Posteriormente, quando a perda foi descoberta, lançou a culpa sobre a servente da casa, que, como resultado, perdeu o ganha-pão e a dignidade. Ele continua: "Acusei-a como ladra, lançando assim uma jovem honesta e nobre na vergonha e na miséria. Ela me disse então: 'O senhor lançou a desgraça sobre mim, mas eu não desejo estar no seu lugar'. A lembrança freqüente disto dá-me noites de insônia, como se fosse ontem que tal fato aconteceu. É certo que algumas vezes minha consciência esteve adormecida, mas agora ela me atormenta como nunca dantes. Este fardo está mais pesado agora sobre o meu coração; sua lembrança não morre. Tenho que fazer uma confissão."

Muitas pessoas lançam acusações injustas e mentirosas contra outros, estão arruinando a vida de outros, perseguindo, acusando falsamente, inventando mentiras, exagerando circunstâncias, e sendo intolerantes. Eles não medem as trágicas consequências tanto para os culpados quanto para os inocentes. Essas pobres vítimas em sua angústia podem clamar ao Deus de Davi e suplicar pela vindicação de sua causa. E, como resultado, os seus opressores podem vir a sofrer sob a ira de Deus que não abandona os seus filhos oprimidos porque alguém tocou na “menina dos Seus olhos”. 

Porém, atrás de tudo isso se encontra um inimigo mais terrível, sobre o qual poucos se preocupam. Davi comparou os seus inimigos aos leões: “Parecem-se com o leão, ávido por sua presa, ou o leãozinho, que espreita de emboscada.” (V. 12). Disse o apóstolo Pedro: “Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.” (1Pe 5:8-9). Não admira que o salmista apelasse à misericórdia e bondade de Deus! Somente por Sua bondade somos guardados e protegidos, e o maligno, que tão prontamente deseja nos destruir, fugirá desconcertado e vencido.

III - Um Apelo por Livramento (vs. 13-15)

Davi apela para que Deus execute a Sua justiça, livrando a sua alma ameaçada pelos mais ferozes inimigos

“13: Levanta-te, Senhor, defronta-os, arrasa-os; livra do ímpio a minha alma com a Tua espada,
14: com a Tua mão, Senhor, dos homens mundanos, cujo quinhão é desta vida e cujo ventre Tu enches dos Teus tesouros” (vs. 13-14).

Muitos cristãos ficam perplexos diante de tais palavras de imprecação e maldição contra os ímpios. Não podem compreender: “Como pode Davi orar para que Deus arrase e destrua a esses homens? Não sabia que era o seu dever amar os seus inimigos?” Há uns 10 salmos imprecatórios, salmos que invocam a maldição de Deus contra os inimigos do salmista. Entretanto, Davi estava promovendo a glória de Deus ao buscar a sua libertação e a de seu povo Israel. O governo desses ímpios oprimia a esse povo, e perseguia ao futuro rei Davi. Portanto, ele pede a libertação de Jeová, a Sua pronta ação defrontando e destruindo a esses perseguidores, cujos pecados e impiedades já ultrapassavam os limites da paciência humana. Portanto, esta oração era da vontade de Deus e foi inspirada por Ele.

E ademais, como eram esses homens? Davi já havia definido o caráter deles como perversos, opressores, inimigos de morte (v. 9-11). Agora, ele acrescenta a base de sua impiedade, dizendo que eram “homens mundanos, cujo quinhão é desta vida, e cujo ventre” está cheio dos tesouros de Deus (v. 14). Isso nos remete às palavras do apóstolo Paulo, que disse: “Observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.” (Fl 3:17-19). 

Aqui temos a definição do que significa ser ímpio: Ímpio é aquele que só se preocupa com as coisas deste mundo, com as comidas e bebidas do mundo, com as modas do mundo e com as glórias do mundo. Não admira que “o destino deles é a perdição.” “São inimigos da cruz de Cristo” e só se satisfazem com as coisas mundanas. Esta era a tendência de Sodoma: “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma - soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado.” (Ez 16:49). Eles só se satisfaziam com as coisas mundanas.

Entretanto, o salmista Davi se satisfazia com algo muito mais nobre, e assim também todos os cristãos: “Eu, porém, na justiça, contemplarei a Tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a Tua semelhança.” (v. 15). O que significa a expressão “na justiça”? Davi confia em Deus e na Sua justiça. Portanto, é baseado “na justiça” de Deus que ele tem a convicção de contemplar a Sua face. Não podemos ser baseados em nossa justiça própria; nossa única esperança é a justiça de Cristo, segundo a qual nós O veremos em glória e majestade, depois de ver a Sua libertação de todos os nossos inimigos. Então, contemplaremos a Sua face, como a face do nosso Deus eterno.

Mas, quando será isso? Disse Davi: “Quando acordar, eu me satisfarei com a Tua semelhança.” (v. 15). Para Davi essa esperança estava muito mais distante do que para nós. Mas, se ele fala de acordar de seu “sono da morte” (Sl 13:3), ele fala da ressurreição que acontecerá na segunda vinda de nosso Salvador Jesus Cristo. Qual era a esperança de Davi nesse tempo? Disse ele: “Eu me satisfarei com a Tua semelhança.” Enquanto os seus inimigos se satisfaziam com as coisas mundanas, Davi se satisfazia na contemplação do Senhor eterno.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e só pode se satisfazer na contemplação do seu Criador. Mas o pecado deslustrou esse brilho de glória. Então, veio o nosso Salvador para nos redimir e nos resgatar, derramando o Seu sangue na Cruz do Calvário, a fim de que novamente tivéssemos a Sua semelhança, e nos satisfizéssemos com a glória de Deus nEle e em nós refletida.

Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” (1Jo 3:2-3).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

Adoração Em Espírito e Em Verdade



O CONVITE DE DEUS PARA ADORÁ-LO
“Deus convida o Seu povo para adorá-Lo: Jesus afirmou categoricamente que o Pai procura os Seus adoradores (João 4:23). No coração da última mensagem há um convite para adorar ‘Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas’ (Apocalipse 14:7). Isto é natural e compreensivo até certo ponto, à nossa mente pequena e finita. Deus criou o homem para viver em comunhão com Ele. Foi feito à Sua imagem. Isto significa que o homem foi dotado de capacidade intelectual e mental, que possibilita essa comunhão, associação e participação com Deus. É o único ser vivente na terra que pode manter comunhão com Deus.”¹

O vocábulo sagad, no hebraico bíblico, é o termo mais comumente traduzido como adorar e significa “curvar-se até o chão”. O vocábulo indicado reflete uma atitude de humilde submissão e reverência diante da presença de Deus. A atitude de adorar não se limita simplesmente a uma forma ou posição corporal que o adorador deve assumir. De acordo com as Escrituras, a adoração pode ser expressa mediante duas posturas pessoais: uma estática, e outra, dinâmica. A atitude estática da adoração é aquela na qual o adorador restringe seus movimentos corporais à expressão mínima, como nos momentos de oração, meditação, leitura da Palavra, momento de ouvir a mensagem, louvor, etc. A atitude dinâmica da adoração é representada pela sucessão de atividades de relacionamento do adorador com Deus e com seus semelhantes. Nessa conduta, a postura assumida pelo adorador é de obediência e serviço. Um exemplo claro de atitude dinâmica de adoração está no cântico de Maria no qual expressa sua condição de “serva” (Lucas 1:48), para cumprir a vontade de Deus.

E ME FARÃO UM SANTUÁRIO
A construção do Tabernáculo, na travessia do deserto e na posse da terra de Canaã, seguida pela grandeza arquitetônica do Templo de Jerusalém, teve o propósito divino de ser a habitação de Deus, o lugar da revelação divina para conceder ao povo a salvação esperada. No período do Novo Testamento, Cristo cumpre as funções pelas quais o Templo havia sido erguido. Ele é a mais autêntica revelação de Deus. Seu nome, Emanuel, dá clara prerrogativa ao seu significado “Deus conosco”.

Assim, Cristo na Sua missão terrena, substitui o Templo; ou melhor, Ele é o próprio Santuário (João 2:19-21). Não havendo o Templo para expressar adoração a Deus, esse ato, que renova a comunhão do humano com o divino, deve ser efetuado em “espírito e em verdade”. Não se deve considerar que os templos atuais não sejam lugares de adoração. Não são, na medida da função cerimonial e sacerdotal que caracterizava o Templo do período do Velho Testamento. Mas os templos atuais exercem outras funções e, como tais, são lugares sagrados de adoração.

AO DEUS DESCONHECIDO
Nas páginas do evangelho de João, o discípulo amado, está registrado um evento que permite verificar como um grupo social pode estabelecer um comportamento religioso improcedente, adorando o que não se conhece. É o encontro de Jesus com a mulher samaritana, na região da Galiléia, no entorno do poço de Jacó.

Os samaritanos foram denominados assim, com sentido pejorativo, porque eram um grupo social heterogêneo constituído por remanescentes das tribos que formavam o reino de Israel ou do Norte, que se uniram em matrimônio com pessoas de diversas nacionalidades. Essa miscigenação começou durante o exílio, após a destruição da cidade de Samaria em 722 a.C. pelas forças do exército assírio comandadas, inicialmente, por Salmanasar V, e concluída por Sargão II. Os sobreviventes foram levados ao cativeiro onde puderam formar famílias com pessoas do paganismo. A mistura étnica era tão grande que, nas veias das novas gerações, parecia correr mais o sangue do paganismo do que o israelita. A volta do exílio permitiu que muitos estrangeiros fizessem parte do novo grupamento, adotando a religião judaica alienada com o ritualismo idolátrico das suas origens.

Os judeus de Jerusalém não os reconheceram como descendentes de Israel. Eles os desprezaram e não permitiram que colaborassem com a construção do Templo. Então, os samaritanos decidiram construir para si um Templo, no monte Gerizim. O local escolhido tinha precedentes de sacralidade: fazia parte da região de Hamor, adquirida por Jacó. Foi o lugar em que Josué leu para o povo a Lei de Moisés. Flávio Josefo, historiador judeu, afirma que os samaritanos, além de construir o Templo, estabeleceram uma casta sacerdotal, que propiciou o inicio de um cerimonial festivo e inovador.

A controvérsia sobre a validade da adoração no Templo de Jerusalém ou no edificado no monte Gerizim é colocada em destaque pelas palavras da mulher samaritana, quando se referiu aos juízos enunciados pelos ancestrais dos samaritanos e dos judeus (João 4:20). Jesus, então, procurou elucidar a controvérsia que persistia sobre o lugar de adoração, afirmando que os samaritanos adoravam o que não conheciam. A religiosidade e o ritualismo dos samaritanos eram fruto de bem intencionadas prerrogativas humanas; mais nada que isso. ²   

“VEM A HORA E JÁ CHEGOU”
No Seu encontro com a samaritana, Jesus mostrara ser isento do preconceito judaico contra os samaritanos, mas manifestou o desejo de que a recíproca se tornasse verdadeira: “Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-Me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4:21, 22). Ao mesmo tempo que aludia à corrupção da fé dos samaritanos pela idolatria, declarou que as grandes verdades da redenção haviam sido confiadas aos judeus, e que dentre eles devia aparecer o Messias. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa paz, o Qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em Si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade”(Efésios 2:13-16).

ADORANDO “EM ESPÍRITO”
O “Espírito” que Jesus mencionou é o Espírito Santo, e não o nosso próprio espírito. “Aí se declara a mesma verdade que Jesus expusera a Nicodemos, quando disse: ‘Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus’. Não por procurar um monte santo ou um templo sagrado, são os homens postos em comunhão com o Céu. Religião não é limitar-se a formas e cerimônias exteriores. A religião que vem de Deus é a única que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito. Isso purificará o coração e renovará a mente, dando-nos nova capacidade para conhecer e amar a Deus. Comunicar-nos-á voluntária obediência a todos os Seus reclamos. Esse é o verdadeiro culto. É o fruto da operação do Espírito Santo.

“É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus. Onde quer que a alma se dilate em busca de Deus, aí é manifesta a obra do Espírito, e Deus Se revelará a essa alma. A tais adoradores Ele busca. Espera recebê-los, e torná-los Seus filhos e filhas.”³

Salmo 1:3: “[Justo] Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido.” O salmista diz que os adoradores que o fazem “em Espírito” são como a árvore plantada junto a corrente de águas, porque essa corrente é “uma fonte de sustento sem limites.”

As raízes de “tais adoradores” são abastecidas, ininterruptamente, com a seiva espiritual; “ obra silenciosa do Espírito Santo que sobe pelo tronco e alcança os ramos, desabrochando em verdes folhagens e lindas flores de uma vida cristã exemplar, culminando na produção de frutos dignos da apreciação de Deus.”

ADORANDO “EM VERDADE”
É impossível separar da identidade de Jesus o conceito de verdade. “Eu sou... a verdade” (João 14:6), disse Ele. E mais: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Conhecer a verdade é conhecer o amor de Deus, que é revelado em Jesus para salvar os seres humanos, livrando-os da escravidão do pecado.

Como pecadores, somos impotentes para efetuar nossa própria salvação. As boas novas da mensagem cristã são sobre o que Deus fez por nós através de Cristo: “Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Coríntios 5:21). Como Nicodemos, intrigados, podemos indagar: “Como poderá suceder isto?” (João 3:9). As Escrituras respondem: “Sendo justificados gratuitamente, por Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus... O homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Romanos 3:24, 28). “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus’ (Romanos 5:1). “Que é exatamente a justificação? Podemos defini-la da seguinte maneira: justificação é um ato instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual Ele: 1. Considera os nossos pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente a nós e 2. Declara-nos justos à vista dEle.” (Pastor José Sílvio Ferreira, Cristo Nossa Salvação, p. 273).

A Bíblia, claramente, ensina que a justificação não pode ser adquirida – é um “dom gratuito” (não merecido – Romanos 3:24). “Imputar pecado é lançar o pecado na conta de alguém e tratá-lo de conformidade com isso. De semelhante forma, imputar justiça é lançar justiça na conta de alguém, e daí tratá-lo de conformidade com isso.” C. H. Hodge (Citado pelo pastor José Sílvio Ferreira, Cristo Nossa Salvação, p. 257). Portanto, não alcançamos paz com Deus por conquistas espirituais, seja de que nível for, nem por nascer de novo. A pessoa não é salva porque nasceu de novo, porém, nasce de novo porque foi salva.

Quando Jesus disse a Nicodemos, “importa nascer de novo” (João 3:3, 7), Ele prosseguiu indicando-lhe a base da aceitação do indivíduo para com Deus nos versos 14 e 15: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna “. Esta é a base da aceitação de um indivíduo por Deus – a experiência de Cristo (vida e morte), não a experiência humana.

“Por ser Substituto e Garantia do pecador, Sua morte expiatória é aceita pelo Pai como satisfação dos reclamos da justiça divina contra o pecador. A perfeita obediência de Cristo é aceita e creditada ao penitente, de forma que ele, por amor de Cristo, é livremente perdoado por Deus e declarado justo. O nome do pecador é escrito no Livro da Vida (Lucas 10:30; Filipenses 4:3) e o perdão entra nos respectivos registros. O penitente é misericordiosamente aceito como filho de Deus (João 1:12;  1João 3:1-3).”4   

A FÉ QUE SALVA
Não devemos confundir grande arroubo emocional como evidência de que fomos aceitos por Deus. Um novo converso pode ou não ter grande emoção no momento de sua conversão. Deus nos chama a agir por princípio, e não por impulso. Ele nos convida a viver pela fé nEle – não por nossos sentimentos. Fé é simplesmente confiar em Deus, tomando-O em Sua palavra.

“...A fé tem um lugar exclusivo no plano da expiação. Porque fé não é fazer, mas receber. O amor dá; a fé recebe. A expressão ‘a fé salva’ poderia somente ser equivalente a ‘Deus salva’. Fé é conexão, é o instrumento de ligação entre Deus e o homem. Por outro lado, fé em si mesma não é nada. Fé é instrumental, não meritória. Somente Cristo pode salvar, e fé salvadora é fé Nele, como Salvador Divino e pessoal; fé na Sua divindade.”5  

“A salvação se consegue pela graça. E o que é a graça? Um presente, um dom imerecido que vem por meio da fé. A fé é a tubulação, e a graça é o líquido que passa pelos tubos. A tubulação foi dada por Deus e o líquido também, para que nós, que éramos um poço seco, fôssemos beneficiados por essa bondade.”6

EU O SOU, EU QUE FALO CONTIGO
É possível encontrar-se autenticamente com Deus e relacionar-se com Ele em Sua própria esfera. Essa possibilidade é oferecida agora, já não é necessária a vida sem sentido. Isto não pode, entretanto, ser encontrado pelo ser humano por intuição própria. Necessita de uma revelação direta de Deus.

Portanto, Cristo lhe confirma que esse tempo ao qual a samaritana se refere, quando vier o Messias, já chegou, porque o Messias, disse Jesus: “Eu O sou, Eu que falo contigo” (João 4:26). É de extrema importância perceber que a adoração diz respeito a Deus e não a nós. Precisamos ter certeza de que a adoração não esteja centralizada nas pessoas, na cultura nem nas necessidades pessoais, mas em Deus. Portanto, a ênfase da adoração deve estar em adorá-Lo “em espírito e em verdade.”  


Pastor Vagner Alves Ferreira
Jubilado – Associação Norte Paranaense/IASD

Referências
1. Horne P. Silva, Culto e Adoração, p. 8.
2. Ruben Aguilar, Comentário da Escola Sabatina,
III Trimestre, 2011.
3. Ellen G. White, DTN, p. 133.
4. Frank B. Holbrook, O Sacerdócio Expiatório de
JESUS CRISTO, p. 118.                                                                                                       
5. José Silvio Ferreira, Cristo Nossa Salvação, p. 198.
6. Ibid., p. 202. 

Será que os pais de uma criança permitiriam que isso acontecesse!

Um inferno de tormento eterno em chamas é a crença de milhões de cristãos.
Seria tudo isso verdade? O que a Bíblia nos ensina?

Mensagens Subliminares - Os Padrinhos Mágicos

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Informativo Mundial das Missões – 06/10/12

Informativo Mundial das Missões – 06/10/12
Vídeo com Alta Resolução (17,3 mb): Clique Aqui
Vídeo com Baixa Resolução (6,41 mb): Clique Aqui
Áudio: Clique Aqui
Texto: Clique Aqui



Via Daniel Gonçalves

Imagens incríveis: insetos em seu “banho matinal”




As imagens foram tiradas em Águeda, Portugal. A técnica de macrofotografia usada mostra cada gota de orvalho minúscula sobre os corpos dos insetos em detalhes impressionantes.
Para chegar a esse nível de perfeição, Paulo gasta até 10 horas para fazer a foto. “É um processo extremamente longo. A iluminação é uma das coisas mais difíceis de conseguir em qualquer tipo de fotografia macro. Essas ampliações são um verdadeiro desafio, pois você precisa iluminar o menor dos detalhes”, explica.
A alegria de Paulo é saber que suas fotos fazem algumas pessoas pensar duas vezes antes de esmagar um inseto. “Neste tipo de fotografia, os animais mais comuns que vemos todos os dias podem tornar-se verdadeiros monstros. A imagem revela detalhes impossíveis de serem vistos a olho nu. É realmente fascinante”, diz.








A mais incrível foto já tirada agora em 3D [Video]

Tradução da narração:


Em 1996 o Telescópio Espacial Hubble foi direcionado para um ponto no céu aparentemente vazio, do tamanho de um grão de areia se você segurasse um grão com o braço esticado em direção ao céu.
Incrivemente eles conseguiram detectar fótons, partículas de luz, que estavam viajando através do universo pelos últimos 13 bilhões de anos. Foram descobertas 3 mil galáxias no detector do Hubble, nesta simples foto. Esta foi a foto mais profunda de toda a humanidade. Cada um dos pontos na foto abaixo contem centenas de bilhões de estrelas, assim como a nossa Via Láctea.
Em 2004 os astrônomos fizeram isto novamente, apontando o telescópio para a constelação de Órion. Mais de 10 mil galáxias apareceram desta vez na foto que ficou conhecida como o “ultra deep field”, ou campo ultra-profundo, em tradução livre. Esta imagem representa o mais distante que já conseguimos enxergar no nosso universo.
Estes fótons foram emitidos no inicio do universo para encerrarem sua jornada no obturador da câmera do Hubble depois de 13 bilhões de anos. Mas estas galáxias estão se afastando de nós, em alguns casos mais rápido que a velocidade da luz. Quanto mais distante está uma galáxia mais a sua luz muda para o vermelho e mais rápido ela parece se mover. Esta é uma maneira de medir a velocidade e distância das demais galáxias com relação à nossa.
Usando as medidas das mudanças para o vermelho de todas as galáxias na imagem os cientistas criaram um modelo tridimendional do campo ultra-profundo do Hubble. E é assim que esta parte do universo se parece (aos 3 minutos do vídeo acima) quando são aplicadas as distâncias das galáxias na fotografia mais importante já feita.
Há mais de 100 bilhões de galáxias no universo. Simplesmente falar este número não significa muito para nós, pois dá nenhum contexto. Nossos cérebros não conseguem colocá-lo em uma perspectiva que tenha qualquer significado. Mas quando olhamos no vídeo acima e pensamos no contexto de como foi feita e realmente entendemos o que ela significa, nós instantâneamente entendemos esta perspectiva e somos modificados permanentemente por ela.
Apontamos o telescópio mais poderoso já construído para um minúsculo ponto vazio apenas por curiosidade e descobrimos que ocupamos um espaço minúsculo no espaço.
hubble ultra deep field

Wiliane Marroni (Pedofilia) - Quebrando o Silêncio da Igreja Adventista

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"No Sábado Não Saia do Seu Lugar"



“NO SÁBADO NÃO SAIA DO SEU LUGAR”

Muito bem, o texto é correto. Precisamos só não destacá-lo do contexto. A ordem não é para ficar estático, paralisado em algum lugar enquanto passam as horas sagradas do Sábado. A ordem foi dada para“não sair do lugar” a fim de “apanhar maná”, no Sábado (Êxo. 16:23-29). Isto realça a santidade desse dia. Na sexta-feira Deus enviava o maná em dobro para que no Sábado ninguém o transgredisse saindo aos campos para apanhá-lo. O Sábado é santo, nele a “padaria” do Céu não funcionava.

“PAULO DISSE QUE QUEM NÃO TRABALHA, NÃO DEVE COMER”

Isso é verdadeiro ainda nos dias atuais. Só não devemos esquecer de imitá-lo (Fil. 3:17), já que ele assim exige, ok? Paulo trabalhava durante a semana inteira, mas no Sábado, ele ia sempre à igreja (Atos 18:1-4). Este costume – ir à igreja aos Sábados – era evidente na vida de Paulo (Atos 17:2). Leia o capítulo nº 8.

“ESTAMOS DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DEBAIXO DA LEI”

Esta é mais uma declaração sincera, proferida por todos os evangélicos: leigos, seminaristas, Pastores. Porém, torna-se uma expressão sem o peso que lhe dão quando isolada do contexto bíblico.

Veja bem: O que é um “fora da Lei”?

– É aquele foragido da justiça. O que transgrediu a lei existente para proteger os cidadãos. Se está “fora da lei”, evidentemente está sob sua penalidade.

Da mesma maneira, os cristãos que estão “debaixo da Graça” não podem estar “fora da lei”. A Graça se torna uma dádiva para os que obedecem. Mas Deus também tem uma lei para identificar os obedientes. Por isso dizemos: só se pode estar “debaixo da Graça” estando “dentro da lei”! (Leia o capítulo nº 21).

QUAL O GRANDE MANDAMENTO DA LEI? – Mateus 22:36

Jesus definiu a lei como sendo: Amor a Deus e amor ao próximo. Sábia e divinamente Deus dividiu Seus Dez Mandamentos em duas partes. Assim que, os primeiros quatro mandamentos dizem de nossa obrigação para com Deus, e os seis restantes, de nossa obrigação e respeito ao nosso semelhante. Por conseguinte, destes “dois” mandamentos depende toda a lei.

– Então, qual o grande mandamento da Lei? Resposta: A lei toda!

“EU FUI ARREBATADO NO DIA DO SENHOR” – Apocalipse 1:10

Qual é este Dia do Senhor? Observe:

- Deus chama o Sábado de: “Meu santo dia”. Isa. 58:13.
- Mateus denomina o Sábado de Dia do Senhor. Mat. 12:8.
- Marcos e Lucas fazem o mesmo. Mar. 2:28; Luc. 6:5.
- Deus diz: “Lembra-te do dia de Sábado para o santificar...” Êxo. 20:8-11.
- Paulo, ao implantar o cristianismo na Europa, o fez em um dia de Sábado. Atos 16: 13,11,12.
- Paulo era fabricante de tendas e trabalhava durante a semana, mas no Sábado fechava a oficina e dirigia-se à igreja. Atos 18:1-4.
- Tiago diz que quem quebra um mandamento (certamente esta palavra tem endereço certo – o Sábado) é culpado de todos; transgrediu conscientemente toda a lei. Tiago 2:10.
- João chama de mentiroso quem diz guardar a lei só de boca (I S.João 2:4), e a Lei Moral consigna o Sábado. Êxo. 20:8-11.
- Jesus exortou Seus discípulos a orar para evitar transgredir o Sábado. Mat. 24:20.
- Jesus disse que quem O ama, guarda Seus mandamentos (João 14:15); por isso Ele criou e conservou o Sábado. Êxo. 20:8-11; Luc. 4:16.
- Jesus afirmou que quem O ama deve andar como Ele andou (I S.João 2:6). Ele guardava o Sábado. Luc. 4:16; Mat. 5:17-18.
- Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas escreveram seus evangelhos por volta do ano 61, d.C.; Paulo escreveu suas epístolas em um espaço compreendido entre os anos 51 a 68 d.C., e João escreveu o Apocalipse no ano 97 d.C. Há portanto uma diferença muito pequena entre eles (trinta anos, mais ou menos) em que possa ter acontecido a mudança do dia de repouso e não ficasse definida como tal. É impossível que em tão pouco tempo o mundo tivesse esquecido ou deixado de tomar conhecimento da mudança do Sábado para o domingo.
- Mais impossível ainda é que, em apenas este espaço de tempo, João tenha se referido ao domingo (Apoc. 1:10) e não ao Sábado, levando-se em conta que todos os evangelistas e apóstolos só mencionavam o Sábado como o Dia do Senhor. Mat. 12:8; Mar. 2:28; Luc. 6:5, etc.

DOMINGO – não aparece na Bíblia nenhuma vez.
SÁBADO – só no Novo Testamento, ocorre 59 vezes.

Ademais, não seria tremenda contradição achar que João ensine seja o domingo o Dia do Senhor (Apoc. 1:10), e depois Deus dá-lhe uma visão e nela apresenta a arca que continha os Dez Mandamentos, e ali consigne o Sábado escrito pelo Seu próprio dedo? Apoc. 11:19; Êxo. 31:18: 32:16.

Como coadunar o pseudo domingo de Apocalipse 1:10 com o inexorável Sábado em Apocalipse 11:19? (A Lei de Deus está dentro da Arca e o Sábado é o quarto mandamento da Lei – Êxo.31:18, Deut. 10:4; I Reis 8:9). Se não há contradição na Palavra de Deus, temos então de aceitar o que é mais correto e lógico, estribando-se no conjunto de Escrituras paralelas contextuais, isto é: que o Dia do Senhor mencionado na Bíblia é o Sábado, sempre o será, pois que ele é claro e contundente em toda a Bíblia.

– Então, qual é este Dia do Senhor? – Lógico, o Sábado!

A suposição de o domingo ser o Dia do Senhor tomou grande impulso com o passar dos anos, iniciado pela Igreja Romana e continuado pelas milhares de religiões cristãs espalhadas pelo mundo. O processo foi o mesmo ocorrido com o cruzeiro novo e velho, lembra-se?

Ao ser introduzido o cruzeiro novo, criou-se pequeno embaraço, mas logo passou, e ninguém mais se lembra do cruzeiro velho. Ocorre que, ainda assim, o cruzeiro não deixou de ser cruzeiro. (Em sua época, é claro).

Ainda que o número de religiões cristãs que adote o domingo e o denomine o Dia do Senhor seja quase a totalidade, choca-se com a Bíblia, que é a bigorna da verdade; ela não diz jamais que o domingo é o Dia do Senhor, mas o Sábado, sim. Também a Bíblia não assegura em nenhuma de suas páginas que o Sábado, agora, é o “domingo cristão”. Isso é tradição, e tradição tem que ser submetida enquanto a Escritura Sagrada existir, pois que esta é divina e aquela, humana.

ANTIGO TESTAMENTO – cristãos guardam o Sábado
NOVO TESTAMENTO – cristãos guardam o domingo, será?

Como será na Nova Terra? Isaías 66:23 informa que lá todos guardarão o Sábado. Ora! Então aprende-se a guardar o domingo hoje, para voltar a guardar o Sábado na Nova terra? Isto, para mim, é grande prova a favor do Sábado.

– O Sábado é o grande teste do cristão!

Se Adão ressuscitasse hoje e descobrisse que o domingo é o dia de descanso, muito se surpreenderia, já que ele guardou o primeiro Sábado neste mundo, junto ao próprio Deus (Gên.1:27; 2:2-3). Por isso é inconcebível Deus dar o Sábado a Adão, e o domingo ao cristão.
Evidentemente é tão impossível mudar o dia de repouso do Sábado para o domingo, como é impossível mudar a data de nosso nascimento.

Os homens podem não aceitar o Sábado, mas, negá-lo é impossível, a menos que o retirem da Bíblia, o que será um crime imperdoável. Se isso ocorrer, terão transbordado a “medida do cálice da ira de Deus”. Apoc. 14:10.

“JESUS DISSE QUE O DIA TEM DOZE HORAS, POR ISSO NÃO ACEITO O PÔR-DO-SOL COMO LIMITE PARA O DIA”

Jesus tem absoluta razão ao declinar: “...há doze horas no dia...” (João 11:9). Apenas, é um equívoco achar que por isso o dia agora começa à meia-noite.

Ora, como base escriturística não se pode negar que a contagem bíblica do dia é de uma tarde a outra tarde, um pôr-do-Sol a outro pôr-do-Sol (Gên. 1:5,8,13,19,23, 31). Observe: “E foi a tarde (noite) e a manhã (dia), o primeiro dia.” (Gên. 1:5).

Não é esquisito alguma coisa começar pela metade? (Meia-noite...).
Pela contagem humana, é que nunca serão doze, as horas do dia. Se duvida, faça um gráfico e, começando pela meia-noite, some 12 horas e veja onde irá acabar.


Pela contagem humana, difícil será destacar as doze horas, que são as horas claras do dia. Experimente. (A única solução é começar uma conta de chegar, tirar, aproximar, etc., para conciliar a complicação que se fazem com algo tão simples, como simples são as coisas de Deus!) O dia (ciclo de 24 horas), não há dúvidas, é contado pelo declinar da tarde (pôr-do-Sol). Só isso!

Extraído do livro Assim diz o Senhor, de autoria de Lourenço Gonzales.

O mais incrível vídeo sobre vulcão já feito

Doutrina da Trindade no Espírito de Profecia - Pr. Rodrigo Silva

Abuso físico e psicológico - Quebrando o Silêncio da Igreja Adventista

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Zaqueu: Um homem com muitas conexões



Muitos têm explorado a história de Zaqueu (Lc 19:1-10) a partir da perspectiva de sua relação com outras passagens em Lucas. Alguns a relacionam com as histórias sobre o rico (Lc 18:18-24), a cura do cego (Lc 18:35-43), a filha de Abraão (Lc 13:16), e do paralítico (Lc 5:18-26). Outros a relacionam não só com o rico e a cura do cego, mas também com a parábola do publicano e do fariseu (Lc 18:9-14). Enquanto isso, alguns estudiosos sugerem que a história de Zaqueu diz respeito à história da viúva persistente (Lc 18:1-5) e das crianças vindo a Jesus (18:15-17). Eles sugerem que Zaqueu tinha um baixo status social, como tinha a pobre viúva, o coletor de impostos, as criancinhas, e o cego, e que a Zaqueu foi oferecida a salvação assim como a eles.

Este artigo explora os componentes e a importância dessas conexões e o fato de que Jesus encontrou Zaqueu após os eventos descritos acima e antes de sua entrada em Jerusalém.

A Viagem de Jesus à Jerusalém

A viagem de Jesus à Jerusalém começa no Monte da Transfiguração, quando Elias, Moisés, e o próprio Jesus falavam “sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém” (Lucas 9:31). 6 Eles podem ter falado sobre a morte de Jesus em Jerusalém, e até sobre sua ascensão e redenção.

Depois da Transfiguração, Jesus desceu da montanha (Lc 9:37) e, continuando sua viagem para Jerusalém (Lc 9:51, 52; 13:22, 33; 17:11), finalmente disse a Seus discípulos: “Estamos subindo para Jerusalém “(Lc 18:31). Jesus encontrou Zaqueu (Lc 19:1-10) antes de ele chegar lá (19:28-44). Zaqueu, por conseguinte, foi o último indivíduo chamado que Jesus conheceu antes de entrar em Jerusalém.

Características de Zaqueu

Lucas 19, versículos 2 e 3, apresenta, sem rodeios, os fatos sobre Zaqueu: (1) ele é um chefe dos publicanos, (2) ele é rico, (3) ele não era capaz de ver Jesus, e (4) ele era baixinho. Zaqueu, como chefe cobrador de impostos, se conecta com a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18:9-14). Em sua oração, o fariseu não só descreve o que ele não é, mas o que ele é. Com sete auto-descrições, o fariseu parece estar dizendo “eu sou perfeito”; em contrapartida, o cobrador de impostos, diz humildemente: “Deus, sê propício a mim, pecador” (v. 13). É como se o coletor de impostos estivesse dizendo, “Eu sou o pecador descrito pelo fariseu”.

A palavra telōnēs , “coletor de impostos”, ocorre 24 vezes no Novo Testamento (NT) e só é encontrada nos Evangelhos. Lucas usa mais 11. Os fariseus e os judeus classificavam os cobradores de impostos como pecadores (Lc 5:30, 7:34, 15:1).

Em Lucas, o termo “cobrador de impostos” ocorre primeiro no capítulo 3, versículo 12, onde apenas uma má prática (de muitos) dos coletores de impostos é mencionada: o recolher mais do que aquilo que era necessário. O termo aparece, pela última vez, no capítulo 18, versículo 13, onde o coletor de impostos se identifica como “o pecador” descrito pelo fariseu (versos 11, 12). No capítulo 19, versículo 1, a palavra telōnēs realmente aparece mais uma vez, mas apenas como parte da palavra architelōnēs, “chefe dos publicanos”, a única ocorrência no NT.

Zaqueu também era rico. O adjetivo plousios, “rico”, aparece 16 vezes nos quatro Evangelhos, na maioria das vezes em Lucas (6:24; 12:16, 14:12, 16:01, 19, 21-23; 18:25; 19:02 ; 21:1). Há relatos ou provérbios em Lucas, onde a palavra plousios aparece mas não é encontrada em Mateus e Marcos: o ai para os ricos (Lc 6:24), a parábola do rico insensato (Lc 12:16-21), Jesus falando sobre quem deve e não deve ser convidado para um jantar (Lc 14:12-14), a parábola de um homem rico e seu tesoureiro desonesto (Lc 16:1-9), a parábola do homem rico e Lázaro (Lc 19:31 ), e a história de Zaqueu (Lc 19:1-10). Em Lucas, os ricos são descritos como tendo recebido a sua recompensa, desqualificados para o reino dos céus (Lc 6:20, 24;. Cf Lc 16:25), egoístas e insensatos (12:16-21). Jesus diz: “Porque é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus” (Lc 18:25).

Zaqueu era tão rico quanto o jovem rico (Lc 19:02;. Cf Lc 18:23), e ambos estão de alguma forma relacionadas com a distribuição aos pobres (Lc 18:22; cf. Lc 19:8). O uso do verbo sōzō, “salvar” (Lc 18:26), e sōtēria, “salvação” (Lc 19:9), sugere que ambas as histórias estão relacionadas com a salvação. Além dessas semelhanças, há também contrastes entre Zaqueu e o jovem rico. O rico, para responder às palavras de Jesus, ficou muito triste (Lc 18:22); Zaqueu, em resposta ao convite de Jesus, O recebeu com alegria (Lc 19:6). A palavra grega archōn “administrador, oficial, chefe” (Lc 18:18), não ocorre na história de Zaqueu. No entanto, essa palavra implicitamente coexiste com a palavra telōnēs, “cobrador de impostos”, e ambas formam a palavra composta architelōnēs, “chefe dos publicanos” Esta palavra composta reforça não só a conexão de Zaqueu às características de rico administrador, mas também àquelas de coletor de impostos no capítulo 18, versículos 10 a 13. Independentemente da obediência do rico aos mandamentos de Deus (versos 20, 21), Jesus diz que uma coisa está faltando: “vende tudo o que tens, e reparte com os pobres” (v. 22). A instrução de Jesus contém dois imperativos: “vender” e “distribuir”. Vender tudo o que tinha, não seria um problema para ele, mas distribuir aos pobres seria, no entanto, um caso diferente. Sobre este rico, Jesus disse: “Como é difícil para quem é rico entrar no reino de Deus!” (V. 24). Se era difícil para o rico, podia ser também difícil para Zaqueu.

Zaqueu queria ver Jesus, mas não era possível “por causa da multidão, pois era de baixa estatura” (Lc 19:03). Essa situação é semelhante à dos meninos que foram trazidos para Jesus (Lc 18:15-17 ) e a do cego chorando pela cura (Lc 18:35-43). Os discípulos repreendiam os que trouxeram os seus pequeninos para Jesus. Lucas usa epetimōn “repreendiam” nesta passagem, e ele também usa epetimōn para descrever a multidão que repreendeu o cego clamando pela misericórdia de Jesus (Lc 18:39). Havia também um obstáculo para Zaqueu ver Jesus: “por causa da multidão” (Lc 19:3). Baseado no contexto, podia ser a mesma multidão que repreendeu o homem cego. O desejo de Zaqueu de ver Jesus – “ele estava procurando ver Jesus”, ecoa ao do mendigo cego.

Todas as dificuldades (ou obstáculos) – chefe de cobradores de impostos, chefe de pecadores, e estatura - que impedia que estes indivíduos tivessem acesso a Jesus são encontradas em uma pessoa, Zaqueu.

Existia esperança para Zaqueu?

Zaqueu no contexto da viagem de Jesus a Jerusalém

Em sua viagem para Jerusalém, Jesus encontrou Zaqueu, a última pessoa chamada antes de entrar Jerusalem. Quando Jesus expressou sua intenção de ficar na casa de Zaqueu, a multidão murmurava dizendo: “Este homem foi se hospedar na casa de um pecador!”(Lc 19:7). A denúncia foi dirigida a Jesus, mas a resposta veio de Zaqueu. Isso é incomum. No capítulo 5, versículos 30 e 31, quando os fariseus e doutores da lei protestaram por Jesus comer com publicanos e pecadores, a resposta veio diretamente de Jesus (cf. Mt 9:10, 11;. Marcos 2:15, 16 ). Mas agora era Zaqueu que respondera. No entanto, sua resposta não era para a multidão, mas para Jesus: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais” (Lucas 19:8 NVI).

AJ Kerr sugere que a idéia da restituição quádrupla não vem da lei judaica, mas do direito romano. Se Êxodo 22, versículo 1, é considerado como prática do Antigo Testamento, Zaqueu deve ter se comprometido a restituir cinco vezes, e não apenas quatro vezes, pois o que ele tinha roubado poderia ter sido muito mais do que o valor de um Boi. No entanto, Bruce W. Grindlay comenta: “Se Davi fez uma restituição quádrupla, não poderia um [Zaqueu] que também tinha “enganado”, como Davi, fazer uma restituição quádrupla na presença do Filho de Davi?” Este estudo apoia a observação de Grindlay. Se Zaqueu estava familiarizado com a história da confissão de Davi (2 Sam. 12:16), então ele estaria provavelmente familiarizado com a oração de confissão de Davi no Salmo 51.

A resposta de Jesus a Zaqueu pode ser vista no contexto de suas respostas em passagens anteriores. Jesus diz sobre o coletor de impostos, “Este homem desceu justificado para sua casa ao invés do outro “(Lucas 18:14, grifo do autor). Sobre os meninos, Jesus afirma: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança pequena, de modo algum entrará nele” (v. 17, NVI). Em resposta à admiração de seus discípulos sobre a dificuldade de um homem rico ser salvo, Jesus responde: “As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” (v. 27). Para o mendigo cego, que pede para enxergar novamente, Jesus diz: “Recupere a visão! A sua fé o curou” (Luc 18:42). A resposta de Jesus a Zaqueu confirma também sua salvação: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão” (Lc 19:9).

A história de Zaqueu termina com a famosa frase de Jesus: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10). O uso do verbo apollumi, que ocorre na expressão para apolōlos “que estava perdido” no capítulo 19, versículo 10, aparece seis vezes em Lucas 15: na parábola da ovelha perdida (Lc 15:4-7), na parábola da dracma perdida (versos 8-10) e na parábola do filho pródigo (versos 11-32). A definição da situação que introduz as três parábolas era a mesma que aconteceu quando Jesus foi à casa de Zaqueu. As pessoas queixaram-se: “Este homem recebe pecadores e come com eles” (v. 15:1; cf 19:07). Embora todas as três parábolas terminem com uma festa alegre celebrando o encontro / retorno dos perdidos, não está explicitamente claro quem é representado pelo pastor (15:4), a mulher (v. 7), e o pai (v. 20). Jesus dá a identidade de quem procura o perdido: o Filho do Homem, Jesus (Lc 19:10). Nesse sentido, Zaqueu tinha estado perdido, mas foi encontrado pelo buscador dos perdidos.

As características do publicano Zaqueu, um rico que era baixinho e não podia ver Jesus, refletem as descrições do cobrador de impostos, do ricos administrador, da criancinha e do mendigo cego. Se era difícil para esses quatro personagens serem salvos ou terem acesso a Jesus, então, teria sido muito mais difícil para o próprio Zaqueu, que personificava a todos.

Existe Esperança para os Zaqueus?

Como evangelistas, pastores, missionários podemos encontrar algumas pessoas com múltiplos problemas ou obstáculos como Zaqueu. Não devemos perder a esperança de alcançá-las. Jesus encontrou Zaqueu e se tornou sua salvação. Deus nos guiará em chegar às pessoas como Zaqueu.

Com a Cruz como o nosso foco e fonte de motivação, podemos superar qualquer obstáculo para chegar até as pessoas mais difíceis. Esse espírito do ministério é demonstrado por Jesus. Ele mostra que chegar às pessoas problemáticas não é impossível. O fato de Zaqueu ter sido o último indivíduo chamado que Jesus encontrou antes de entrar em Jerusalém destaca a verdade de que, através da Cruz, a salvação é possível para todos, mesmo para Zaqueu e aqueles dentre nós que são como ele.

Texto de autoria de Richard A. Sabuin, publicado no site da revista Ministry Magazine. Crédito da tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/

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