A invenção da imprensa tem sido motivo de grandes controvérsias. Alguns autores  afirmam categoricamente que Gutenberg não foi, como freqüentemente se diz, o  inventor da imprensa, pois ela já era conhecida antes do seu nascimento,  aperfeiçoou-a simplesmente, e, adotando o sistema das letras móveis, contribuiu  para que a arte tipográfica tomasse um desenvolvimento considerável.
A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira,  discutindo este assunto no verbete “Tipografia” afirma:
“O livro impresso mais antigo que a história da  tipografia registra, foi encontrado em 1900, na China, na província de Kansu.  Foi impresso em 11 de maio do ano 868. Tinha sido impresso com o uso de blocos,  provando-se assim que muitos séculos antes de Gutenberg, já os chineses tinham  inventado a imprensa.”
“A impressão com tipo  móvel foi pela primeira vez feita também por um chinês Pi Sheng, que de 1041 a  1049 usou desse processo para publicar vários livros, sendo notável, que ambas  estas descobertas estão inteiramente autenticadas. Verifica-se, porém, que  devido ao grande número de caracteres usados na língua chinesa, o novo processo  de publicação não foi na generalidade adotado e em breve esse método caiu em  desuso.”
“Como a Holanda, a França, a Alemanha, e a  Itália, reclamam para si tal glória, um investigador colocou do seguinte modo o  problema: A Holanda tem livros, mas não tem documentos. A França tem documentos  mas não tem livros. A Itália não tem documentos nem livros. A Alemanha tem  documentos e livros”.
A história desta descoberta é bastante longa e  sendo nosso interesse o seu papel na divulgação da Bíblia, limitar-nos-emos a  este assunto, partindo da premissa de que este invento foi obra de  Gutenberg.
A invenção de João Gutenberg, de imprimir usando  tipos móveis, teve conseqüências momentosas na cultura ocidental. Agora,  exemplares de livros poderiam ser reproduzidos mais rapidamente, a preço mais  acessível e com grau de precisão bem maior do que antes era possível. A ciência  e a cultura, jamais poderiam ter alcançado o extraordinário desenvolvimento de  nossos dias, sem a contribuição de Gutenberg, que com seu invento possibilitou  que não apenas as classes ricas tivessem o privilégio do estudo, mas mesmo a  classe média e até os pobres.
A Bíblia era, nesse tempo, o livro mais caro,  porque sua transcrição manual ocupava o trabalho de muitas pessoas. Muito  apropriadamente, o primeiro grande produto da imprensa de Gutenberg foi uma  edição magnificente da Bíblia. O texto foi a Vulgata Latina de São Jerônimo  sendo publicado em Mogúncia entre 1450 e 1456. Era uma grande Bíblia de 1282  páginas – também conhecida como a Bíblia de 42 linhas, porque em cada página  havia duas colunas com este número de linhas. Outros ainda a denominam Bíblia de  Mazarino (nome do cardeal, em cuja biblioteca foi descoberto, em 1760 um volume  da obra).
A tarefa da impressão da Bíblia foi extenuante e  quase além das limitadas possibilidades humanas do século XV, mas graças ao  idealismo do homem de Mogúncia todos os óbices foram superados.
Ao Gutenberg expor seu plano de imprimir toda a  Bíblia, seus sócios e auxiliares pensaram que ele estivesse perdendo o juízo,  porque pelo moroso processo da incipiente impressão eles poderiam apenas  imprimir duas páginas por mês. Se pensarmos em 1000 páginas para a Bíblia é  fácil deduzir que talvez morressem antes de ver a empreitada terminada.
A princípio, as letras eram gravadas em madeira e  estas arrumadas em tabuinhas, mas sendo a madeira de pouca resistência, não  suportava a impressão. Depois de muito meditar ele idealizou gravar os tipos  separados não em madeira, mas em metal. Persistentemente Gutenberg trabalhou  durante oito dedicados anos, entalhando letras e as arrumando em caixinhas. A  primeira frase que ele imprimiu em tipos móveis foi: “Pai nosso que estás no  Céu”.
Impressos os primeiros exemplares da Bíblia,  põe-se logo João Fust o rico ourives e sócio de Gutenberg a disseminar o Livro  Santo. O primeiro exemplar foi vendido ao rei Carlos II por 825 dólares. Outro  foi vendido ao arcebispo de Paris pelo mesmo preço. Passados alguns dias o rei e  o arcebispo se encontram e trocam idéias a respeito do maravilhoso livro que  haviam comprado. Os exemplares são trazidos e ao examinarem ficam estupefatos ao  perceberem que eram exatamente iguais. A grande descoberta os desorienta e  atônitos exclamam: “Esta obra é do diabo”. Incontinenti prendem a Fust, e este  para obter a liberdade, teve que esclarecer todo o mistério.
Embora um exemplar impresso da Bíblia fosse oito  vezes mais barato do que um autêntico manuscrito, seu preço ainda era elevado  para poder ser adquirido por tantos compradores quantos os que seriam  necessários para que Gutenberg pagasse as suas dívidas e Fust satisfizesse a sua  ânsia de dinheiro, Infelizmente, lides intelectuais precisam estar sujeitos a  problemas materiais.
Dessa primeira edição foram feitos apenas 41  exemplares. Destes ainda existem três, impressos em pergaminho. Um se acha na  Biblioteca do Congresso nos Estados Unidos, outro no Museu Britânico e o  terceiro na Biblioteca Nacional de Paris.
A que se encontra na Biblioteca do Congresso, foi  comprada, em 1939, por um milhão e meio de dólares. São três volumes.
Na revista da Sociedade Bíblica lemos:
“Durante quase três anos – de 1452 até 1455 –  Gutenberg trabalhou na impressão da Bíblia. Para imprimir o Livro dos livros foi  necessário o trabalho de uma grande equipe: Além de Gutenberg, 6 impressores, 12  tipógrafos e mais 20 auxiliares. O primeiro livro impresso, já então era muito  caro e, para adquirir naquela época, precisar-se-ia de quatro vezes o ordenado  anual de um escrivão de livros manuscritos.
“O material empregado para Bíblia impressa por  Gutenberg foi o pergaminho, e para as suas 30 primeiras Bíblias ele precisou da  pele de 5.000 cabras. Ao todo foram impressas cerca de 180 Bíblias por  Gutenberg.” (A Bíblia no Brasil, Nov. e Dez. de 1980, p. 13).
Davi d’Angers ao fazer a estátua de Gutenberg,  que se encontra em Estrasburgo, ele o apresenta no momento de retirar da prensa  uma folha, em que estão impressas estas palavras: “E a luz se fez”.
Do vale do Reno a imprensa expandiu-se pela  Europa com grande velocidade. Esta difusão contribuiu para que a Bíblia (a luz  que vem de Deus) se tornasse conhecida rapidamente em muitos países da Europa.  Antes de 1500, Bíblias tinham sido impressas em várias das principais línguas  vernáculas da Europa Ocidental, como a francesa, a alemã e a italiana.
Não deve ser olvidado que a disseminação da  Palavra de Deus levantou oposição: em conseqüência edições inteiras da Bíblia  foram queimadas em praça pública e seus pregadores ameaçados, coagidos e, às  vezes, levados à fogueira. A Igreja de Roma durante muito tempo resistiu à  divulgação da Bíblia, mas com o passar dos anos teve que mudar de orientação e  em 1757 o Papa Bento XIV deu permissão para que a Bíblia fosse publicada em  italiano, espanhol e português.
Em 1477, vinte e sete anos depois da invenção da  imprensa, apareceu a primeira porção impressa da Bíblia Hebraica, ou seja, o  livro dos Salmos.
Onze anos depois, isto é, em 1488, a primeira  edição do Velho Testamento hebraico, apareceu publicada pela imprensa Soncino,  perto de Milão, na Itália.
O Novo Testamento grego somente foi impresso em  1514. Por que tanta demora?
Duas razões são apresentadas para esta longa  espera desde a invenção de Gutenberg até o primeiro testamento grego  impresso.
1) A produção de tipos gregos  necessários para a publicação de um livro de tamanho considerável era difícil e  cara. Havia formas diferentes da mesma letra e numerosos sinais, fazendo com que  os impressores preparassem cerca de 200 caracteres diferentes para a primeira  impressão. Posteriormente, houve uma simplificação, tanto de sinais como do  alfabeto e tudo se tornou mais fácil.
2) A segunda razão apresentada  para este retardamento estava no prestígio que gozava a Bíblia latina, a Vulgata  de São Jerônimo.
Bíblia Poliglota Complutense
O primeiro Novo Testamento Grego foi impresso em  1514 como parte de uma Bíblia Poliglota. Esta Bíblia, planejada em 1502 pelo  Cardeal da Espanha, Francisco Ximenes, chama-se Poliglota por trazer os textos  hebraico, aramaico, grego e latino. Pelo fato de ter sido impressa na  Universidade de Alcalá (nome árabe para o lugar onde estava a Universidade, em  latim o nome era Complutum) esta Bíblia recebeu também o nome de Poliglota de  Alcalá.
Das 600 coleções que foram impressas, são  conhecidas e localizadas hoje 97 delas, estando uma na Biblioteca Nacional do  Rio de Janeiro.
Esta Bíblia é constituída de seis volumes, sendo  que os quatro que contêm o Velho Testamento apresentam o texto hebraico  massorético, o latim da Vulgata e o grego da Septuaginta. Na parte inferior vem  o texto do Targum aramaico de Onkelos, acompanhado de uma tradução latina. O  Novo Testamento está no quinto volume, havendo no final deste um índice de nomes  próprios, uma gramática da língua grega e um dicionário grego-latino. No sexto  volume há um extenso dicionário hebraico-latino e outro pequeno latino hebraico,  além de uma gramática hebraica.
Embora fosse o primeiro Novo Testamento impresso,  não foi o primeiro a ser vendido, porque para a sua divulgação era necessária  uma autorização papal e esta só foi obtida em 1520. Por alguma razão, até hoje  não explicada, a Bíblia Poliglota Complutense não circulou antes de 1522.
Não sabemos que manuscritos foram usados pelo  Cardeal Ximenes na elaboração desta grande obra. Em sua dedicação ao Papa Leão  X, depois de mencionar as dificuldades enfrentadas para obter manuscritos  latinos, hebraicos e gregos, Ximenes afirma:
“Pelas cópias gregas somos reconhecidos a Sua  Santidade, que muito bondosamente, nos enviou da Biblioteca Apostólica códices  mui antigos, tanto do Velho como do Novo Testamento, que nos ajudaram muito  nesta empreitada.”
Houve outras poliglotas famosas publicadas em  Antuérpia (1569 – 1572) e Paris (1629-1645); porém, a mais notável de todas foi  a Poliglota de Londres (1657-1669), publicada por Briam Walton em oito volumes,  contendo cada página o texto do Velho Testamento em hebraico, latim da Vulgata,  Targum, grego da Septuaginta, siríaco, árabe e Pentateuco Samaritano.
Novo Testamento de Erasmo
Embora o texto complutense seja o primeiro Novo  Testamento a ser impresso, o primeiro Novo Testamento Grego a ser impresso e  colocado no mercado foi a edição preparada pelo famoso erudito Erasmo de  Roterdam (1469-1536).
Ao Erasmo visitar Basiléia em 1514 recebeu uma  proposta de Froben para que preparasse uma edição do Novo Testamento Grego,  prontificando-se a pagar-lhe uma importância vantajosa para um trabalho de tal  envergadura.
Em Basiléia, Erasmo não encontrou manuscritos  gregos suficientemente bons e nenhum que contivesse o Novo Testamento inteiro.  Para a maioria do texto ele confiou em dois manuscritos inferiores da Biblioteca  de um mosteiro em Basiléia, sendo um dos Evangelhos e outro dos Atos e  Epístolas, ambos mais ou menos do século XII. Para o livro de Apocalipse ele  possuía apenas um manuscrito também do século XII, que tomara emprestado do seu  amigo Reuchlin. Faltava a este manuscrito a última folha com os seis últimos  versos da Bíblia. Para suprir a falta dos inexistentes, bem como alguns outros  ilegíveis no manuscrito, Erasmo traduziu-os da Vulgata Latina para o grego. Como  poderíamos esperar, o texto grego traduzido por Erasmo é diferente do que se  encontra em qualquer manuscrito grego conhecido.
A impressão, terminada em 1516, por ter sido  apressada e descuidada estava repleta de erros tipográficos. Embora muitos  destes erros fossem corrigidos pelo próprio Erasmo nas quatro edições seguintes  (1519, 1522, 1527 e 1535) o texto não foi aperfeiçoado.
A aceitação da primeira edição foi relativamente  boa, pois muitos compradores foram encontrados através da Europa. Dentro de três  anos uma segunda edição foi publicada e o número total de exemplares das edições  de 1516 e 1519 alcançou 3.300. A segunda edição tornou-se a base da tradução  alemã de Lutero.
Se em certos círculos a obra foi bem aceita, em  outros ela foi recebida com preconceito e mesmo com aberta hostilidade, para  isto contribuindo, especialmente, os seguintes fatores:
a) Descuido na sua apresentação  gráfica;
b) Anotações cansativas de Erasmo, procurando  justificar sua tradução;
c) Inclusão entre as notas  filológicas de diversos comentários cáusticos, sobre a vida desregrada e  corrupta de muitos sacerdotes.
Como era de se esperar, clérigos protestaram  através dos púlpitos e seu clamor ressoou por toda a parte. As conseqüências da  atitude desassombrada de Erasmo logo se fizeram sentir, sendo proibida a leitura  de seus livros nas Universidades de Cambridge e Oxford, estendendo-se ainda a  proibição aos livreiros para que não vendessem os seus livros.
COMMA JOANINA
Entre as críticas levantadas contra Erasmo, uma  das mais sérias, foi a acusação de que no seu texto, em I João 5:7-8, não  apareciam as palavras: “no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, e estes  três são um; e há três que testemunham na terra”. Erasmo replicou que não  encontrara estas palavras em nenhum manuscrito antigo e descuidadamente fez a  afirmação que inseriria a “Comma Joanina”, do latim Comma Johanneum, como é  chamada nas edições futuras, se um único manuscrito grego fosse encontrado,  anterior ao século XII, que contivesse a passagem. Este manuscrito lhe foi  mostrado, e Erasmo, cumprindo a promessa, colocou a passagem na terceira edição  de 1522, porém, em longa nota marginal indica suas suspeitas de que o manuscrito  fora preparado para confundi-lo. Segundo Bruce em “The Text of the New  Testament”, página 101, este manuscrito foi falsamente preparado lá por 1520 por  um monge franciscano, que tomara estas palavras da Vulgata Latina.
A Crítica Textual esclarece que dos milhares de  manuscritos gregos, somente três contêm esta passagem espúria, sendo eles  posteriores ao século XII. A Comma Joanina, provavelmente teve a sua origem num  comentário exegético, escrito na margem e transcrito para o texto de manuscritos  da Vulgata Latina antes do ano 800 A.D. Em vista de sua inclusão na Vulgata  Clementina de 1592, o Santo Ofício em Roma (1897) fez um pronunciamento,  aprovado pelo Papa Leão XIII, dizendo que não é seguro negar que estas palavras  não sejam de João.
A Bíblia católica, tradução do Padre Antônio  Pereira de Figueiredo, com comentários e anotações traz a seguinte nota sobre  esta interpolação:
“Este versículo (1 João 5:7) tem dado lugar a  séria controvérsia, afirmando uns e contradizendo outros a sua autenticidade. Um  decreto do Concílio de Trento, confirmado no Concílio do Vaticano, fulmina com  anátemas todo aquele que recusar aceitar como canônicas, em todas as suas  partes, os livros sagrados contidos na versão Vulgata . . . Ora, não resta  dúvida que este versículo faz parte integrante dum livro reputado como canônico,  pois está inserto na edição de Sisto V e Clemente VIII, que proibiram mutilar  qualquer parte, fosse qual fosse. . . Os testemunhos mais graves e os monumentos  mais respeitáveis da tradição eclesiástica consideram canônico este versículo,  podendo citar-se S. Cipriano, S. Fulgêncio, S. Eugênio, bispo de Cartago, o  herege Prisciliano, Cassiodoro, no seu comentário às epístolas apostólicas, etc.  Além destes testemunhos valiosos extrínsecos, temos os intrínsecos, que não são  de menor valia. Truncando-se este versículo fica uma lacuna inexplicável, não  haveria relação entre os antecedentes e conseqüentes. Considerar este versículo  como uma interpolação é acusar de fraude todos os bispos de África, o que seria  imputação temerária. Que vantagem lhes adviria daí, se o seu caráter não  excluísse a hipótese do logro? Refutar os Arianos? De que lhes servia a invenção  dum texto novo, falso, desconhecido pela antiguidade, tendo de discutir como  homens que conheciam a Sagrada Escritura? É certo que este versículo se não  encontra em muitos manuscritos gregos, mas a explicação é fácil, é um erro de  cópia trivialíssimo, visto que as palavras do versículo seguinte: são exatamente  as mesmas. Foi uma inadvertência, um saldo natural de quem copiava. Modernamente  pois não tem faltado críticos ortodoxos que consideram o versículo 7 como uma  glosa explicativa do versículo seguinte, e entre estes citaremos Rude, Shortz,  Kauben, Guntner, Bispina, Shauz, Comely e outros, apresentando razões de valor,  entre as quais não se ter a Igreja pronunciado sobre o assunto, não ser decisivo  o testemunho e tradição, e restabelecer-se o sentido, considerado o versículo em  questão como uma nota.”
A Bíblia de Jerusalém, tradução católica, traz a  seguinte nota, bem mais consentânea como a Crítica Textual:
“O texto dos Vv. 7-8 está acrescido na Vulgata de  um inciso (aqui abaixo entre parênteses) ausente nos antigos mss. gregos, nas  antigas versões e nos melhores mss. da Vulg., e que parece ser uma glosa  marginal introduzida posteriormente no texto: ‘Porque há três que testemunham  (no Céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três  que testemunham na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um  só’.”
Traduções modernas, baseadas no texto original, a  tem omitido com muita razão.
Em virtude dos fatos aqui apresentados e seguindo  orientação superiora, como do Comentário Bíblico Adventista, este texto nunca  deverá ser usado para provar a existência da trindade.
Edições do Novo Testamento Depois de Erasmo
Mais de trinta edições do Novo Testamento  apareceram rapidamente depois das edições de Erasmo.
A primeira edição completa da Bíblia em Grego foi  impressa pela famosa Editora Aldine em 1518, na cidade de Veneza.
Quando o surgimento da imprensa, as Escrituras ou  parte delas, tinham sido traduzidas em menos de 20 línguas. Desde então o  progresso na tradução e divulgação da Bíblia tornou-se notável. A tradução de  Lutero, em 1534, fez com que a Bíblia se tornasse o livro mais popular da  Alemanha. Dentro de pouco tempo a Palavra de Deus estava traduzida para o  espanhol, eslavo, árabe, polonês, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês  e finlandês.
Depois de 1800 as versões da Bíblia se  multiplicaram nas línguas e dialetos mais importantes do mundo.
Dentre os tradutores da Bíblia destacam-se:
a) John Eliot, que na América do  Norte a traduziu para a língua dos índios;
b) Guilherme  Carey, um dos tradutores mais notáveis do mundo, pois fez e ajudou a  fazer a tradução para 35 1ínguas e dialetos da Índia.
Muito contribuíram para a disseminação da Palavra  de Deus através do mundo a organização de várias sociedades bíblicas.
A Apostila Fuentes Bíblicas página 80-91  fornece-nos úteis informações sobre estas sociedades, que aqui tomamos a  liberdade de sintetizá-las.
FUNÇÕES DAS SOCIEDADES  BÍBLICAS
Estas funções são múltiplas, pois não consistem  apenas na publicação da Bíblia, sem visar lucro; mas, angariar os fundos para a  prossecução do trabalho; selecionar pessoas capazes para a preparação de novas  versões; escolher elementos que incentivem a disseminação da Bíblia em  diferentes países, etc.
As mais destacadas sociedades bíblicas são as  seguintes:
1. SOCIEDADE BÍBLICA DE  CANSTEIN
Nome derivado do título de seu promotor – Karl  Hildebrand – Barão de Canstein, Foi organizada na. cidade alemã de Halle em 1710  (segundo outros em 1712).
Sua importância se baseia nestas duas  proposições:
a) Distribuiu 6.000.000 de  exemplares da Palavra de Deus;
b) Foi a precursora de uma  linha notável de idênticas beneméritas sociedades.
2. SOCIEDADE BÍBLICA BRITÂNICA E  ESTRANGEIRA
Em 1802 o Reverendo Thomas Charles, sentindo a  escassez de Bíblias, lançou a idéia de uma entidade que promovesse a sua  publicação. Em resposta ao seu anelo, no dia 7 de março de 1804, mais de 300  pessoas de distintas denominações se reuniram em Londres para a Organização da  Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
Durante os primeiros anos de sua história  publicou edições francesas e castelhanas da Bíblia, que se destinaram ao uso de  30.000 prisioneiros de guerra dessas nacionalidades. Atualmente publica as  Escrituras completas ou parcialmente em quase 400 1ínguas distintas.
3. SOCIEDADE BÍBLICA  AMERICANA
Por influência das agradáveis notícias da  Sociedade Britânica, várias sociedades locais foram organizadas nos Estados  Unidos. A primeira delas foi em Filadélfia em 1808. Após 8 anos seu número  chegou a 128, Percebendo as vantagens de unir todas estas sociedades o Sr. Elias  Boudinot, Presidente da Sociedade Bíblica de Nova Jersey fez um apelo neste  sentido. Atendendo ao seu apelo representantes de 28 sociedades locais se  reuniram em Nova Iorque em maio de 1816, organizando a Sociedade Bíblica  Americana.
Embora não tenha tido as mesmas proporções da  Britânica, publica a Bíblia em mais de 80 idiomas.
4. OUTRAS SOCIEDADES  CONHECIDAS
a) A Sociedade Bíblica  Prussiana, fundada em 1814;
b) A Sociedade Bíblica dos  Países Baixos, iniciada em 1815;
c) A Sociedade Bíblica da  Escócia, cooperando para divulgação da Palavra de Deus desde  1861;
d) A Sociedade Bíblica da Irlanda e outras.
Além das sociedades acima mencionadas há ainda um  número considerável de sociedades menores, sendo o seu número superior a 80.
Existem também casas editoriais particulares que  publicam a Bíblia.
a) A da Universidade de  Oxford;
b) A da Universidade de  Cambridge;
c) Waterlow & Sons Limited, de  Londres;
d) Samuel Bagster e Filhos.
O vulto do trabalho realizado por estas  sociedades é realmente impressionante. Apenas algumas cifras elucidativas.
Segundo uma estatística de 1912, o número de  Bíblias ou partes da Bíblia distribuídas em 1911 foi de 16 milhões de  exemplares. A sociedade Bíblica Americana no primeiro século de sua existência  distribuiu 109.926.214 Bíblias ou algumas de suas partes, destas 23.456.549  foram completas.
Aproximadamente já foram editadas, até 1955,  pelas Sociedades Bíblicas, nada menos do que 1.000.000.000 (um bilhão) de  exemplares ou porções das Sagradas Escrituras.
Exemplares completos alcançam o número de  190.000.000 desde 1804. Durante o ano de 1955 somente a Sociedade Bíblica  Britânica e Estrangeira distribuiu 7.830.000 exemplares.
De acordo com o relatório de dezembro de 1949 da  Sociedade Bíblica Americana, a Bíblia completa tinha sido publicada em 190  línguas, o Novo Testamento completo em 245, um Evangelho ou outro livro da  Bíblia em 581; porções selecionadas em 92 línguas, um total de 1.118 línguas em  que pelo menos, parte da Bíblia foi publicada.
Em nossos dias a Bíblia pode ser lida em quase  todas as línguas do mundo. Não podemos fixar o número exato de traduções, porque  os algarismos variam conforme os autores. As Sagradas Escrituras estão  traduzidas para línguas das quais talvez nunca ouvimos falar, como o malgaxe e o  ouolof.
A Sra. Ellen G. White escreveu em O Grande  Conflito páginas 287 e 288 o seguinte:
“Quando se formou a Sociedade Britânica, a Bíblia  havia sido impressa e circulara em cinqüenta línguas. Desde então foi traduzida  em mais de duas mil línguas e dialetos. …
“Os aperfeiçoamentos da imprensa deram impulso à  obra da circulação da Escritura Sagrada. As ampliadas facilidades de comunicação  entre os diferentes países, a ruína de antigas barreiras de preconceitos e  exclusivismo nacional, e a perda do poder secular pelo pontífice de Roma, têm  aberto o caminho para a entrada da Palavra de Deus. Há anos a Bíblia tem sido  vendida sem restrições nas ruas de Roma, e atualmente está sendo levada a cada  parte habitável do globo.
“O incrédulo Voltaire jactanciosamente disse  certa vez: ‘Estou cansado de ouvir dizer que doze homens estabeleceram a  religião cristã. Eu provarei que basta um homem para suprimi-la.’ Faz mais de um  século que morreu. Milhões têm aderido à guerra contra a Escritura Sagrada. Mas  tão longe está de ser destruída que, onde havia cem no tempo de Voltaire, há  hoje dez mil, ou antes, cem mil exemplares do Livro de Deus. Nas palavras de um  primitivo reformador, relativas à igreja cristã, a ‘Bíblia é uma bigorna que tem  gasto muitos martelos’. Disse o Senhor: ‘Toda a ferramenta preparada contra ti,  não prosperará; e toda a língua que se levantar contra ti em juízo, tu a  condenarás.’ Isa. 54:17.
” ‘A Palavra de nosso Deus subsiste eternamente.’  ‘Fiéis [são] todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre;  são feitos em verdade e retidão.’ Sal. 111:7 e 8. O que quer que seja edificado  sobre a autoridade do homem será destruído; mas subsistirá eternamente o que se  acha fundado sobre a rocha da imutável Palavra de Deus.”
Texto de Pedro Apolinário, História do Texto  Bíblico, Capítulo 13.