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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os Três Convites da Salvação



Jesus Cristo é o autor da salvação (Hebreus 5:9), e Ele veio a este mundo para “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10). Sua vida e obra tinham por objetivo chamar os pecadores ao arrependimento e estender-lhes Sua graça salvadora.

Durante o Seu ministério terrestre, Cristo convidou homens e mulheres a se tornarem súditos do Seu reino. Porém, dentre todos os convites que Ele fez aos pecadores seres humanos, talvez não haja outros tão significativos como os que o evangelista Mateus registrou no seu evangelho, e que representam o chamado ao ingresso nas três fases do processo de salvação.

“Vinde após Mim” (Mateus 4:19).

Pedro e André, seu irmão, seguiam seus labores quotidianos, como pescadores no mar da Galiléia, quando Cristo deles se aproximou e os convidou para serem Seus seguidores. “Vinde após Mim…” – eis o Seu misericordioso convite! “Então eles deixaram imediatamente as redes, e O seguiram” (Mateus 4:20).

De igual forma, o pecador que segue sua própria vontade é convidado a deixar essa direção centralizada no “eu”, para tornar-se um seguidor de Cristo. (ver Mateus 16:24, 10:38).

Quando, contritos e arrependidos, submetemos nossa vontade ao divino Mestre, nossos pecados são perdoados, somos salvos da culpa do pecado, e Deus nos justifica através de Cristo; porque “perdão e justificação são uma e a mesma coisa” [1].

Somos então promovidos do império das trevas para sermos cidadãos do reino de Cristo (Colossenses 1:13-14). Isto não envolve apenas uma troca de cidadania, mas também de filiação. Sendo “por natureza filhos da ira” (Efésios 2:3), tornamo-nos agora filhos do celeste Pai, por adoção (Gálatas 4:4-7), o que resulta em profunda e genuína paz interior (Romanos 5:1).

Esta experiência, a Justificação, ocorre num instante apenas, quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador e somos colocados num correto relacionamento com Deus, no caminho da salvação.

“Vinde a Mim…e aprendei de Mim” (Mateus 11:28-29)

Cristo, porém, não nos chama para um mero contato esporádico, mas para uma vida de discipulado e de constante comunhão com Ele. “Vinde a Mim…e aprendei de Mim” eis o Seu gracioso convite ! E o apóstolo Paulo acrescenta: “Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle” (Colossenses 2:6).

É exatamente neste aspecto da salvação que milhares de cristãos têm falhado – aceitaram a Cristo com sinceridade de coração, mas não mais permanecem nEle. Sua experiência cristã é resumida apenas ao primeiro e único encontro com Cristo; entretanto, a Santificação “não é obra de um momento, de uma hora, de um dia, mas da vida toda. Não se alcança com um feliz vôo dos sentimentos, mas é o resultado de morrer constantemente para o pecado, e viver constantemento para Cristo” [2]. Na verdade, “santificação é a obra de uma existência, seja ela longa ou curta” [3]. Para o ladrão na cruz foram apenas algumas horas; para Enoque, mais de três séculos. Não importa qual seja o período de duração, uma coisa é certa: sem a santificação “ninguém verá a Deus” (Hebreus 12:14).

Santificação é comunhão com Deus. “Temos apenas uma fotografia perfeita de Deus, e esta é Jesus Cristo” [4]. Em constante comunhão com Cristo, somos salvos do poder do pecado. Contemplando o Seu amorável semblante e ouvindo Sua terna voz “de fé em fé” (Romanos 1:17), recebemos “graça sobre graça” (João 1:16) e vamos sendo transformados “de glória em glória na Sua própria imagem” (2 Coríntios 3:18), “até que a graça se perca na glória” e sejamos tais quais o nosso Mestre.

Não ! A vida cristã não é uma vida de incerteza e insegurança. “Aquele que tem o Filho tem a vida”, vida eterna ! (1 João 5:12).

“Vinde Benditos de Meu Pai” (Mateus 25:34).

Dentro em breve Jesus Cristo se manifestará nas nuvens do céu com poder e glória para a salvação dos Seus filhos. “Vinde benditos de meu Pai ! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – eis então o Seu glorioso convite ! E “transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar dos olhos” (1 Coríntios 15:51-52), para sermos salvos da presença do pecado.

Esta experiência, a Glorificação, ocorrerá “num momento”, mas suas consequências serão tão vastas como a própria eternidade. Será uma gloriosa cena ! Um glorioso reino, com gloriosos súditos – os vencedores eternos amigos de Cristo ! “A rebelião não se levantará segunda vez. Jamais poderá entrar o pecado no Universo. Todos estarão por todos os séculos garantidos contra a apostasia” [5].

Porém os convites de Cristo para a salvação são sequenciais – a Glorificação será a consequência da Santificação, e esta, por sua vez, é precedida pela Justificação. Portanto, só ouvirão o convite final da salvação aqueles que aceitaram os dois primeiros que o antecedem. Mas para aqueles que hoje abrirem a porta do seu coração para Cristo, aceitando-O como Salvador e Senhor de sua vida, vivendo em constante comunhão com Ele, dentro em breve os portais de pérola da Nova Jerusalém se abrirão de par em par, e ouvirão então as inefáveis palavras do Salvador, convidando-os para o Lar Eterno: “Vinde Benditos de Meu Pai…”.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1 João 3:2-3).

Referências

1. Comentários de Ellen G.White, SDA Bible Commentary, vol 06, pág 1070.
2. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, pág 560.
3. Leola Rosenvold, Ministry, Junho de 1976, pág 42.
4. Comentários de Ellen G.White, SDA Bible Commentary, vol 07, pág 906.
5. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, (Ed. pOpular, pág 22).

Texto de autoria de Alberto Ronald Timm, publicado na Revista Adventista brasileira de Maio de 1983.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Os Homossexuais Serão Salvos?



Veja que situação complicada dessa jovem que nos escreveu:

“Sou recém-convertida e estou amando um rapaz que segue a Deus na minha religião. Ele aceitou a Jesus tem pouco tempo. Infelizmente, ele me confessou que não pode ter um relacionamento comigo porque ainda tem desejos homossexuais. Acredito que ele poderá ser um vencedor, mas, não me quer do mesmo jeito. O que faço?”
Resposta (adaptada, para não identificá-la):

“Mas ele respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.” Lucas 18:27.

Li com carinho sua carta e tive uma mistura de sentimentos: alegria por seu batismo e pena de você e desse rapaz, que luta contra os desejos homossexuais. Realmente, Deus pode libertar alguém do “vício” do homossexualismo. Não tenho dúvidas disso. Porém, tenho visto que para alguns esse processo de mudança é bem mais complexo. Creio que Deus permite que isso seja assim (isto é apenas um dos motivos, claro) para que a pessoa exercite o seu poder de escolha e cresça. Para isso, aquele (a) que tem tendências homossexuais terá que entregar o desejo sexual a Jesus e decidir ser puro (a) TODOS OS DIAS.

Durante os anos em que trabalho aqui, aconselhei por carta, e-mail e telefone aproximadamente 500 homossexuais. Classifico-os em pelo menos 3 grupos:

1) Aqueles que vencem a prática homossexual e inclusive os desejos (minoria);

2) Aqueles que vencem a prática homossexual, mas continuam com os desejos (grande maioria. Alguns ficam com o desejo por anos; outros, pela vida toda);

3) Aqueles que foram derrotados porque desistiram.

Seu amigo precisa entender que o jeito é continuar lutando e não fechar o coração para o amor de uma mulher. É claro que isso não será a solução para os problemas dele, mas, ajudará muito a direcionar a mente para o sexo oposto, a reeducar-se a fim de apreciar, na medida de suas possibilidades, o amor feminino.

Há uma diferença entre ser homossexual e ter as tendências homossexuais. Em minha opinião, a pessoa que não pratica o ato não é homossexual mesmo que sinta desejos. Tem as tendências (é um pecador), mas, não tem relações íntimas com aqueles (as) do mesmo sexo (não é um “pecadeiro”). Seu amigo precisa crer que, se Jesus voltar hoje e ele estiver lutando contra as tendências SEM SER UM HOMOSSEXUAL, (que pratica o ato), a graça do Senhor irá cobrir o que faltar nele!

Filipenses 1:6 se cumprirá na vida daqueles que não são “pecadeiros” e que seguram na mão de Deus durante a sua caminhada neste mundo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”

Crendo nisto, ele poderá virar a página. Continuar se relacionando com Jesus e cortando os pensamentos homossexuais, 50, 70, 100 vezes no dia, se for preciso. Ele não pode evitar que o pensamento homossexual venha à mente dele, mas, pode impedir que permaneça.

Pode também cortar relações com rapazes homossexuais que despertem os desejos nele. É uma questão de escolha: “… Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?” Jeremias 4:14.

Conheci uma pessoa (que não me autorizou a identificá-la) que abandonou o homossexualismo e que hoje, apesar dos conflitos dele, está feliz na sua igreja, com a esposa. Por isso, tenho convicção da salvação dele, mesmo que tenha os desejos homossexuais (pois não pratica o ato e luta contra eles, ao lado do Salvador!)

Você não poderá decidir pelo rapaz. Ele precisa fazer isso depois de orar a Deus e ver se será o melhor para ele, nessas circunstâncias, namorar uma moça. Somente ele e Deus poderão decidir juntos.

Enquanto isso continue orando e separe um tempo para ler alguns livros cristãos sobre relacionamento. Viva a sua vida sem pensar muito nele, pelo menos no momento. Ele está se reencontrando consigo e precisa do espaço dele.

Sempre que quiser escrever, sinta-se à vontade.
Deus lhe abençoe,

Leandro Quadros.

Fonte: Na Mira da Verdade

sábado, 25 de agosto de 2012

Fé e Obras – de Mãos Dadas


Jesus morreu para salvar o Seu povo dos pecados deles, e redenção em Cristo significa cessar a transgressão da lei de Deus e estar livre de todo pecado; nenhum coração que é incitado pela inimizade contra a lei de Deus está em harmonia com Cristo, o qual sofreu no Calvário para vindicar e exaltar a lei diante do Universo.

Os que fazem ousadas pretensões de santidade demonstram com isso que eles não vêem a si mesmos à luz da lei; não são iluminados espiritualmente e não sentem aversão a toda espécie de egoísmo e orgulho. De seus lábios manchados pelo pecado saem as expressões contraditórias: “Sou santo, sou sem pecado. Jesus me ensina que se eu guardar a lei, cairei da graça. A lei é um jugo de servidão.” Diz o Senhor: “Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” Devemos estudar diligentemente a Palavra de Deus para que cheguemos a decisões corretas e procedamos de acordo com elas; pois então obedeceremos à Palavra e estaremos em harmonia com a santa lei de Deus.

Não Somos Salvos Pela Lei, nem na Desobediência


Conquanto tenhamos de estar em harmonia com a lei de Deus, não somos salvos pelas obras da lei; contudo, não podemos ser salvos sem obediência. A lei é a norma pela qual é avaliada o caráter. Mas não podemos absolutamente guardar os mandamentos de Deus sem a graça regeneradora de Cristo. Só Jesus pode purificar-nos de todo pecado. Ele não nos salva pela lei, nem nos salvará na desobediência à lei.

Nosso amor a Cristo será proporcional à profundeza de nossa convicção do pecado. No entanto, ao vermos a nós mesmos, desviemos o olhar para Jesus, que a Si mesmo Se deu por nós para que pudesse remir-nos de toda iniqüidade. Pela fé apoderai-vos dos méritos de Cristo, e será aplicado o sangue que purifica a alma. Quão mais claramente discernirmos os males e os perigos a que temos estado expostos, tanto mais gratos seremos pela libertação por meio de Cristo. O evangelho de Cristo não dá licença aos homens para transgredirem a lei, pois foi pela transgressão que se abriram sobre o nosso mundo as comportas da aflição.

Hoje o pecado é a mesma coisa maligna que era no tempo de Adão. O evangelho não promete o favor de Deus para alguém que, com impenitência, viola Sua lei. A depravação do coração humano, a culpa da transgressão, a ruína do pecado, são todas manifestadas pela cruz em que Cristo proveu um meio de escape para nós.


Uma Doutrina Cheia de Engano


Justiça própria é o perigo desta época; ela separa a alma de Cristo. Os que confiam em sua própria justiça não podem compreender como a salvação advém por meio de Cristo. Chamam o pecado de justiça, e a justiça de pecado. Não têm noção do mal da transgressão, nem compreensão do terror da lei; pois não respeitam o padrão moral de Deus. A razão de haver tantas conversões não genuínas nestes dias é que há tão pouco apreço da lei de Deus. Em lugar do padrão de justiça de Deus, os homens criaram um padrão de sua própria escolha para avaliar o caráter. Eles vêem como em espelho, obscuramente, e apresentam falsas idéias de santificação ao povo, incentivando assim o egoísmo, o orgulho e a justiça própria. A doutrina da santificação defendida por muitos está cheia de engano, pois é lisonjeira ao coração natural; mas a coisa mais afável que pode ser pregada ao pecador é a verdade da lei de Deus. A fé e as obras precisam andar de mãos dadas; pois a fé sem as obras, por si só está morta.

A Prova da Doutrina


O profeta declara uma verdade pela qual podemos provar toda doutrina. Diz ele: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” Isa. 8:20. Embora haja abundante erro no mundo, não há razão para que os homens permaneçam no engano. A verdade é clara, e quando ela é contrastada com o erro, seu caráter pode ser discernido. Todos os súditos da graça de Deus podem compreender o que é requerido deles. Pela fé podemos submeter nossa vida à norma da justiça, porque podemos apropriar-nos da justiça de Cristo.

Na Palavra de Deus o sincero pesquisador da verdade encontrará a regra da genuína santificação. Diz o apóstolo: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.” Rom. 8:1, 3-9.


Artigo de Ellen G. White publicado na Revista Signs Of The Times de 21 de Julho de 1890, intitulado: “Que Farei Para herdar a Vida Eterna?”

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Suicídio: tem salvação pra quem se mata?


A mulher ameaçou se suicidar após matar o sobrinho em uma briga de família. Equipe de resgate e parentes conseguiram impedi-la de cometer suicídio no topo de um prédio em Zhanjiang, na província chinesa de Guangdong.  Diante desse fato, podemos refletir: existe salvação para o suicida?

Queria se matar
Nova chance: familiares salvam chinesa da morte.

Até na Bíblia, há um caso de um suicida (Jz 16:30) que foi salvo (Hb 11:32). Deve-se ressaltar, também, que ninguém será condenado por um ato isolado. De algo tenho absoluta certeza: tudo o que poderia ter sido feito para a salvação, o Espírito Santo o fez, e: Jesus irá julgá-lo (Jo 5:22) da maneira mais justa que existe: “Deus é justo juiz…” Salmo 7:11, primeira parte. “Os rios batam palmas, e juntos cantem de júbilo os montes, na presença do SENHOR, porque ele vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com equidade” (Sl 98:8-9). Aliado a isto está o fato de a base de Seu trono e justiça ser a misericórdia:

“Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso” (Sl 116:5).

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:16).

“Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR“ (Jr 9:24).

“Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos” (Sl 25:10).

 Sua compaixão é infinita: “Pois a tua misericórdia se eleva até aos céus, e a tua fidelidade, até às nuvens” (Sl 57:10).

Ainda que não tenha muita esperança no futuro, lembre-se de que Deus nunca o abandonará. A Bíblia diz em 2 Coríntios 4:8-9 “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”. Para Deus, você vale muito. A Bíblia diz em Lucas 12:6-7 “Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos”.

Deus lhe ama e sempre está pensando em você. A Bíblia diz em Salmos 139:17-18 “E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles! Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a areia; quando acordo ainda estou contigo”. Deus promete-lhe um futuro maravilhoso. A Bíblia diz em Jeremias 29:11 “Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança”.

Acreditamos que nenhum ser humano possa responder plenamente a pergunta inicial, pois este tipo de julgamento pertence a Deus (ver Ez 18:30, 34:20, Mt 16:27, Ap 14:7, 22:12), o ÚNICO que é capaz de sondar o íntimo de cada criatura (cf. Sl 7:9, 17:3 e 139:1). Não temos como avaliar plenamente até que ponto uma pessoa depressiva tem responsabilidades por seus atos na visão do Senhor. Sabemos, sim, que Ele dá a todos nós forças para que cortemos maus pensamentos, de modo que estes não venham a criar maus frutos (cf. Fp 4:8 e 13). Entretanto, é bom atentarmos para o fato de que há diferentes fases na depressão, uma na qual a pessoa está sem forças mentais para resistir ao desejo de se matar. Em Sua misericórdia, Deus levará isso em conta, com certeza.

Creia nisto. Seja feliz!

J.Washington
Leandro Quadros

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Salmo 6 - Salvação Pela Graça


Há muitas coisas que podem acontecer com um homem de Deus. Davi era um homem singular: ele era um rei, era um profeta, e, portanto, era um líder espiritual e o povo esperava muito dele. Sua responsabilidade era grande, e ele sabia disso. No entanto, as coisas não estavam indo muito bem com ele, pelo que se pode ver nos seus próprios escritos. Mas, as coisas podiam mudar; assim cria o grande poeta e cantor de Israel.

Muitas vezes não podemos senão ver sombras em nossa vida; as trevas se avizinham, e não temos nenhuma perspectiva de como ver uma luz no final do túnel. Muitas vezes sentimos que as coisas podem piorar, e entramos em pânico. Mas, aqui neste Salmo 6, vemos 4 coisas que aconteceram com Davi, e 4 coisas que podem acontecer com você, 4 coisas que podem acontecer com um cristão sincero.

I – MEDO (v. 1-3)

Davi tinha medo da ira divina. Ele orou: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor.” No salmo 3:6, ele dissera: “Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados!” Mas agora, ele tinha medo da ira de Deus. E isso pode acontecer com qualquer cristão, que tenha um pouco de sensibilidade espiritual.

De onde vem o medo da ira de Deus? O medo vem por causa do pecado. Adão e Eva estavam felizes no Jardim do Éden. Então, eles cometeram o pecado. Mas Deus não tinha abandonado os Seus filhos e foi procurá-los pela viração do dia, como de costume, mas eles estavam escondidos. E Deus chamou ao homem e lhe perguntou: “Adão, onde estás?” A resposta veio com muitos receios: “Ouvi a Tua voz no Jardim e tive medo e me escondi!” (Gn 3:10).

E agora vemos a Davi, um homem “segundo o coração de Deus”, que estava com medo de Deus! Não é incrível? Um homem que possuía muita luz do conhecimento do seu Benfeitor, agora estava temendo ser repreendido e castigado pela ira de um Deus vingador! Mas como podia acontecer isso com Davi? A razão era a mesma de Adão. Ele havia pecado contra Deus e sabia da gravidade do seu pecado. Ele sentia uma profunda convicção de pecado e temia que Deus o castigasse. Ele sabia que a ira de Deus é despertada pelo pecado. Ele sabia que a ira de Deus era a manifestação da Sua justiça contra o seu pecado.

Ele sentia o peso da culpa, e ele temia a repreensão e o castigo de Deus. Ele foi repreendido por Natã, ele foi repreendido por sua esposa Mical, ele foi repreendido por Joabe, o comandante do seu exército. A repreensão humana, ele podia suportar. Mas tinha medo e grande pavor de ser repreendido e castigado por um Deus irado por causa dos seus pecados. Portanto, ele tinha muitos motivos para orar desse modo: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor”.

A grande pergunta é esta: Será que Deus castiga? Ele nos pune por causa de nossos pecados? Há muitas pessoas nesse mundo que tem medo de Deus. Elas foram ensinadas desde a infância a temer um Deus que fica muito irado quando erramos. E muitos pregadores, para contrapor-se a este sentimento, para consolar os que são assim atribulados, adquirem a fama de populares pregando que Deus não castiga a ninguém, porque é um Deus de amor e um pai de amor não castiga os seus filhos pelos erros que cometem.

Mas qual é a verdade? O que a Bíblia diz sobre esse assunto? A Bíblia diz que Adão foi punido pelo seu pecado, e a ira de Deus se manifestou, quando eles foram expulsos do Paraíso. Deus castigou o mundo antediluviano, e destruiu a todos os pecadores. Deus castigou a Sodoma e Gomorra, e Sua ira se manifestou com fogo e enxofre. Deus castigou ao povo de Israel, mandando-os para o exílio assírio e babilônico por causa de seus muitos pecados e transgressões.

E isso não se limita ao Antigo Testamento, porque logo na Igreja primitiva, vemos Ananias e Safira sendo mortos por causa de sua hipocrisia, mentira e roubo. Vemos Herodes sendo morto, por causa de sua blasfêmia e orgulho. E podemos ainda adicionar a ira de Deus se manifestando nas 7 últimas pragas contra o mundo inteiro por causa de seus pecados.

Davi conhecia a Deus e teve de ser castigado algumas vezes por seus erros, porque ele era um rei teocrático, e tinha de ser exemplo de justiça para o povo, além de ter uma grande luz acerca do caráter divino. E a Bíblia ensina que, quanto mais luz tivermos, maior será a repreensão e o castigo (Lc 12: 47-48). E agora, vamos pregar que Deus não castiga, enganando o povo com falsas insinuações? A resposta não é esta. O consolo é outro. A esperança se encontra na Cruz de Cristo, porque lá “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas feridas fomos sarados” (Is 53:5). Jesus Cristo foi castigado por causa dos nossos pecados, e, portanto, não precisamos mais ser castigados.

Entretanto, Paulo ainda nos adverte: “Se vivermos deliberadamente [voluntariamente]em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários... Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10: 26-27,31). Se continuarmos em pecado conhecido, estaremos calcando aos pés o Filho de Deus e ultrajando o Espírito Santo da graça e só podemos esperar um castigo severo (v. 29).

Entretanto, a grande resposta para as nossas almas aflitas é o próprio exemplo de Davi. Ele sabia de tudo: ele reconhecia o seu pecado, sabia do castigo que merecia, conhecia o caráter justo de Deus, sabia que Ele não faz acepção de pessoas.  Mas ele também sabia como Deus age diante de alguém que lhe suplica a misericórdia, e se humilha, reconhecendo o seu pecado e se arrependendo sinceramente. Sabia por experiência que Deus Se inclina para ouvir e atender aos que tem fé suficiente para crer no Seu amor extraordinário, e que está sempre nos dizendo: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” (Jr 31:3). Davi é um exemplo de um pecador tremente diante da ira de Deus, mas que vence o seu temor por uma fé inquebrantável na misericórdia de Deus.

Muitas vezes, por causa de nossos erros, o Senhor nos repreende em Sua justiça, mas mistura Sua repreensão com a misericórdia e nos fala por Seus agentes. Pode ser através da esposa, dos amigos, do pregador, ou até por nossos filhos, ou pela simples leitura da Bíblia. Ninguém gosta de ser repreendido. Mas muitas vezes a repreensão de humanos é uma obra de Deus, misturada com Sua compaixão, a fim de velar a Sua ira e nos fazer voltar aos caminhos da justiça.

O que faz o medo da ira divina? Temos que nos livrar desse temor que conspira contra a nossa alma.

1- O medo da ira de Deus enfraquece todo o sistemaV. 2: “Tem compaixão de mim, Senhor, porque eu me sinto debilitado.” Davi suplica pela compaixão divina, porque se sentia enfraquecido, abatido. A compaixão de Deus pode desviar a Sua ira, de tal modo que nos sentimos fortalecidos. O medo da Sua ira pode abater a nossa força física, como um resultado geral de todas as coisas ruins que podem advir desse temor.

2- O medo da ira de Deus debilita a saúde dos ossos. V. 2: “Sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão abalados.” O medo infligido pelo pecado causa a doença do corpo e chega a atingir os ossos. Davi estava com esse grande problema, doente e com dor nos ossos.

Certa vez enquanto um pastor adventista estava fazendo uma conferência numa grande cidade, um homem coxo, de meia idade, e que sofria intensamente, foi levado à plataforma após a conferência. Disse ele para o pregador adventista que todo aquele dia estivera pensando seriamente no suicídio como fim para as suas misérias. Mas, agora, um de seus filhos lhe levara um convite para a conferência que estava sendo pronunciada naquela noite.

Disse ele: “O título de sua conferência me atraiu, e decidi ouvi-lo antes de meter uma bala na cabeça. Talvez o senhor tenha uma feliz solução para a minha vida angustiosa. Nos últimos catorze anos venho sofrendo de reumatismo agudo. Às vezes fico na cama três meses seguidos. Não há remédio que possa curar-me ou aliviar-me.”

Marcaram um encontro para o dia seguinte, e ele contou ao conferencista a sua triste história. Vinte anos antes estivera no caminho da prosperidade. Casara com uma linda jovem e possuía sua casa própria. Então seu pai, um rico homem de negócios, confiou ao filho alguns encargos comerciais. Este tirou vantagem da situação e, mediante processo estritamente legal, privou o pai de grande quantidade de títulos, apropriando-se deles.

Desesperado, afinal, o pai levou o próprio filho diante dos tribunais, sem nenhum resultado. Oprimido pela dor, o pai morreu alguns meses depois. O filho sentiu que havia sido a causa da morte do pai. Depois disto, graças à má administração, e como uma condenação a suas más obras, perdeu tudo, até mesmo o que havia ganho licitamente antes de arruinar o pai. Assim privara a mãe e as irmãs de uma boa herança.

Agora tinha uma grande família. Nos últimos catorze anos, vinha sofrendo de reumatismo que lhe inutilizara os dedos e causava tanta dor que muitas vezes ficava meses sem poder sair da cama. Sua culpa o perseguia e atormentava cada minuto de sua vida.

Acrescentou ele que sua mãe e uma irmã casada estavam vivendo na mesma cidade, de maneira que o conferencista mandou chamá-las no dia seguinte. Depois de haver-lhes falado sobre o assunto, conseguiu que o pobre enfermo fosse recebido. Ali, humildemente pediu perdão à sua mãe e a Deus. Depois de ouvir as palavras de perdão da mãe, um sorriso aflorou-lhe nos lábios, e ele disse: "Este é o meu primeiro momento feliz em vinte anos”.

Como resultado, dois dias mais tarde ele pôde andar com o auxílio de uma bengala e, pouco depois, se locomovia como um jovem! Nunca mais sofreu de reumatismo. Normalizando a situação de sua consciência, ele conseguiu ver melhorada sua saúde e começou a encontrar alegria na vida. O que os médicos e os remédios não puderam fazer, a confissão da culpa logrou alcançar. Agora, ele leva uma vida contente e próspera. Não tem mais ansiedade ou medo de si mesmo, dos outros e de Deus.

3- O medo da ira de Deus aflige a alma: V. 3: “Também a minha alma está profundamente perturbada.” Davi tinha um problema psicológico, que afetava o seu ser completo. A sua alma estava “profundamente perturbada”, com remorso, angústia e dor. E, como nós somos unidades indivisíveis, há uma estreita relação entre a mente e o corpo: “A relação existente entre a mente e o corpo é muito íntima. Quando um é afetado, o outro se ressente”. (E.G.White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. I, pág. 60). Quando a alma está em profunda angústia, o corpo sofre e adoece. Assim se encontrava Davi. A culpa do seu pecado trouxe a doença, o remorso, e o medo de Deus.

Então, ele suplica angustiado: “Tem compaixão de mim, Senhor!” (v. 2). Precisamos de restauração do corpo, da alma e do espírito. Precisamos de mais saúde e isso depende da compaixão divina. Muitas vezes, nós perdemos a saúde por causa de nossos erros e extravagâncias. Necessitamos da compaixão divina, a fim de sermos sarados de nossas loucuras. Mas, também, não devemos abusar da Sua misericórdia.

Ellen White, certa vez foi convidada a orar por um homem casado que apesar das relações conjugais com a esposa, ainda vivia se masturbando, e danificando o seu sistema nervoso e debilitando a sua energia vital. Agora que se encontrava fraco e doente, alguns membros da sua igreja pediram que ela orasse por esse homem vítima de suas paixões baixas, embora ninguém soubesse do que estava acontecendo. Ela, no entanto, foi avisada por Deus que não orasse por esse homem, porque não seria atendida; porque se ele fosse curado, apenas continuaria no pecado, e usaria a saúde para continuar no vício. Seguramente, não devemos abusar da graciosa misericórdia divina que nos mantém vivos para sermos reflexos da Sua glória.

O desespero de Davi estava esmagando a sua alma, e ele faz uma pergunta inquietante: “Senhor, até quando?” (v. 3), diz o salmista. “Até quando?” é o indicador de que as forças do justo estão se exaurindo, se esgotando. “Até quando?” significa o desespero da alma que não agüenta esperar mais. “Até quando?” é o clamor do justo que já suplicou muitas vezes, mas não encontrou a resposta para as suas angústias.

II – SALVAÇÃO (v. 4-5)

A outra coisa que pode acontecer a um cristão em angústia por seu pecado e pelo seu medo é salvação.

1- Davi queria salvação da ira de Deus. Ele sabia por experiência própria o que significava ser castigado por Deus, e ele agora pedia salvação da ira e do furor de Deus contra ele por causa de seu pecado. Então, Davi faz um veemente apelo: v. 4: “Volta-Te, Senhor”. Ele estava com receio e medo da ira de Deus e agora pede que Ele volte da ira para a misericórdia. Que Ele faça o caminho de volta, desviando-Se do Seu furor para a compaixão de que tanto ele precisava.

De fato, salvação é da ira divina. Deus nos salva de Sua própria ira. O apóstolo Paulo disse: “Sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira!” (Rm 5:9). Quando chegar o grande Dia do Juízo, quando a ira divina se manifestar nas 7 últimas pragas sobre esse mundo ímpio, nós seremos salvos dessa ira. Mas esta é uma promessa que se aplica também para o tempo presente (Rm 3:26). Somos salvos de Sua ira agora mesmo, porque Deus pode contemplar a Cruz de Jesus Cristo e ver o Seu sangue derramado, fazendo propiciação por nós, que clamamos pela Sua salvação.

2- Davi queria livramento do pecado. Davi disse, no v. 4: “Livra a minha alma”. O pecado aprisiona a alma, o medo encerra o pecador em remorsos. O pecado escraviza o homem e daí ele se encontra sem poder, fraco, abatido, “sem ar, sem luz, sem razão”. “Todo o que comete pecado é escravo do pecado”, disse Cristo. Mas Ele também disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8:34,36). Podemos crer na libertação do pecado pelo Filho de Deus. Ele nos liberta do pecado completamente, e agora Se encontra no Céu e intercede por nós.

3- Davi queria salvação de graça. As suas palavras textuais são estas: V. 4: “Salva-me por tua graça.” Davi ora por salvação pela graça. Davi conhecia o Evangelho. Não é admirável? Muitos teólogos populares poderiam se surpreender com uma oração rogando salvação pela graça registrada no Antigo Testamento. Dizem muitos teólogos modernos que há duas dispensações, a Dispensação da Lei, que era a dispensação do Antigo Testamento, quando todos os homens se salvaram pela observância dos mandamentos de Deus; e a Dispensação da Graça, que é a nossa dispensação, do Novo Testamento, quando todos os cristãos podem se salvar pela livre graça de Deus.

Mas isso é uma falsa doutrina. Essa teoria cria a necessidade da existência de duas classes de pessoas redimidas. A 1ª classe formada de pessoas que se jactam de suas realizações; a outra, seria formada de pessoas humildes. Entretanto, jamais teremos no Céu duas classes de salvos, uns que se salvaram pelas obras, e poderiam dizer: “Nós fomos salvos graças aos nossos esforços, porque praticamos as obras da Lei”, e outra classe de cristãos humildes que teriam de confessar: “Nós, pelo contrário, nada temos de mérito em nossa salvação, porque estamos aqui por causa da graça de Deus através de Jesus Cristo, que morreu para nos salvar!”
De fato, tanto o Novo quanto o Antigo Testamento testificam que todos os homens serão salvos pela graça. O apóstolo Paulo disse: “A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2:11). Portanto, não pode haver duas dispensações, não pode haver divisões no que se refere ao meio de salvação; todos se salvarão do mesmo jeito como está planejado por Deus, “porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3: 22-24).

O salmista temia a ira de Deus e agora, ele pede que Deus o salve pela Sua graça. Assim é o Evangelho. A salvação nos é dada gratuitamente. “Pela graça sois salvos, mediante a fé.” (Ef 2:8), disse o apóstolo Paulo. Como você se sente quando eu falo da graça? Será que as cordas de sua alma vibram de emoção pela graça maravilhosa de Deus? Você sente o coração cheio de esperança?

Então, Davi argumenta com DeusV. 5: Ele dá uma razão por que deveria ser salvo: “Pois, na morte, não há recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor?” Davi dirige uma pergunta poderosa para Deus: “Senhor, se eu morrer, como poderei continuar a Te louvar, como poderei me lembrar dos Teus poderosos feitos?” Aqui temos um dos segredos da oração eficaz. Quando você orar e pedir salvação, argumente com Deus nos Seus termos e diga: “Senhor, salva-me por Tua graça, porque se eu morrer, não poderei continuar Te louvando!”, e Deus atenderá à sua oração, pois esse é um argumento muito forte, que fere a sensibilidade do próprio Deus. Se quiser ser atendido, use os argumentos que Deus inspirou.

“Na morte não há recordação de Ti”. Muitos hoje ensinam a consciência após a morte, dizendo que a morte é o momento em que a alma sai de sua prisão corpórea, a fim de estar sempre se lembrando de Deus no Céu, para nunca mais esquecê-lO. Mas se isso fosse verdade, a morte seria uma bênção, procurada pelos filhos de Deus como um meio de recordar a Deus por toda a eternidade. Mas o salmista diz exatamente o contrário: “Na morte, não há recordação de Ti!” Na morte não há consciência de Deus. Portanto, ele quer ser livrado da morte!

Davi não cria na imortalidade da alma. Se ele cresse na teoria de que os mortos justos vão para o Céu após a morte, a fim de louvar a Deus, ele jamais teria dito: “No sepulcro, quem te dará louvor?” Estas palavras não fortalecem o ensino da imortalidade incondicional. Se ele cresse assim, ele teria dito: “No sepulcro, teremos o início de um louvor eterno. Senhor, se eu morrer, haverei de me lembrar de Ti todos os dias da eternidade; se eu descer ao sepulcro, não haverá nenhum problema, porque eu tenho uma alma imortal, e O louvarei para todo o sempre!”

Mas Davi não escreveu isso. Ele declarou que na morte não há consciência, não há sabedoria, não há nenhum conhecimento, nem do que se passa na terra, como também do que se passa no Céu. Ele falou que ao morrer, o homem perde a sua capacidade espiritual de louvar a Deus.

Se aquela teoria popular fosse verdade, a morte seria muito bem-vinda. Mas a morte não é a libertação da alma que se desprende do corpo para festejar a sua liberdade, a fim de subir ao Céu, e dar ao crente a oportunidade de louvar a Deus no Paraíso eternamente. A morte é uma maldição que o pecado trouxe da qual somos salvos por graça de Deus.

Davi não ensina a imortalidade da alma. A única coisa neste salmo que ele ensina sobre a natureza do homem é que a sua alma está “profundamente perturbada”, que o seu espírito está debilitado e que os seus ossos estão abalados fisicamente. Ele sentia a aproximação da morte, mas não pôde dizer que logo iria louvar a Deus no Céu, eternamente, porque não cria nisso, e nem podia crer, por não ser verdade. Portanto, ele ensina muito mais a fragilidade da alma do que a sua imortalidade.

III – O CANSAÇO (6-7)

1- Davi estava cansado de tanto gemer. Davi sentia a sua alma cansada dos resultados fatais do pecado, que incluem o gemido da alma. Isso também pode acontecer com você. O cristão também está cansado de tanto gemer. Disse o apóstolo Paulo: “Também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8:23).

Os cristãos sentem os impulsos da natureza pecaminosa, as insinuações da carne e, muitas vezes, cometem pecado e gemem; isso, mesmo possuindo as “primícias do Espírito Santo”, os Seus primeiros frutos da salvação. Portanto, aguardamos o dia em que teremos o nosso corpo redimido, transformado. Estamos cansados de tanto gemer pelos nossos pecados e pelos de outros irmãos e pelos do mundo? Mas logo virá o Dia de Cristo.  

2- Davi estava cansado das noites indormidasV. 6: “Todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago.” Ele tinha insônia, e muitas vezes era surpreendido com muitas lágrimas. Davi usa uma figura de linguagem, chamada hipérbole, que ocorre no texto quando o autor fala com exagero, figuradamente. Como disse Olavo Bilac, certa vez: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!"  

“Todas as noites”, disse o salmista. Um famoso artista grego, artista do balé, festejado em todo o mundo como um dos maiores artistas do balé internacional, em palavras dramáticas traduziu a angústia de seu espírito, quando ele disse o seguinte: "Todas as noites me inquieto e não durmo! Jamais tenho me encontrado sozinho sem que as minhas mãos tremam, sem que os meus olhos se encham de lágrimas, sem que o meu coração se angustie." E completava: "Não tenho paz."

3- Davi estava cansado de tantas mágoas. Os relacionamentos de Davi eram muito complicados, porque ele era rei, profeta, pai e esposo. Ele era um líder espiritual do povo de Deus. Ele certamente, ocupando essa posição, ele tinha muitos adversários e inimigos. Ele transparecia em seus olhos as mágoas produzidas por tantos adversários. Ele se sentia amortecido e velho, desprezado e infeliz, vitimado pela mágoa da ingratidão.

Davi continua a sua queixa, e desabafa, no v. 7: “Meus olhos, de mágoa, se acham amortecidos, envelhecem por causa de todos os meus adversários.” Os olhos são um reflexo do corpo inteiro; se o corpo está abatido e fraco, certamente, isso será visto nos olhos. Davi estava envelhecendo prematuramente, mais rápido do que ele esperava. Seus olhos não enxergavam mais com a lucidez da juventude; sua cabeça se enchia de cabelos brancos; seus braços não tinham mais a força digna de heróis. Ele se sentia fraco, abatido e velho.

Por que isso? “Por causa dos meus adversários”, diz ele. As suas ameaças, suas perseguições, as suas calúnias, as suas traições – tudo isso conspirava contra a saúde de Davi. Mas quantos eram os seus adversários? Ele fala de “todos”. No Salmo 3:1, ele faz essa declaração: “Senhor, como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se levantam contra mim.” Como não envelheceria Davi com tantos inimigos?

Nós também temos uma multidão de inimigos. Lutero enfrentou milhares de demônios em sua grande obra de Reforma, conspirando contra ele e seu trabalho. E ele sentiu a presença desses demônios, que procuravam matá-lo. A 6 de março de 1521, Lutero foi intimado a comparecer perante a Dieta Imperial em Worms, sendo-lhe assegurado salvo-conduto. Então, quando ele ia chegando àquela cidade, ele disse: “Ainda que houvesse em Worms tantos demônios como há telhas sobre as casas, contudo lá entrarei.” Nós sabemos que muitos deles estão prontos para nos desanimar e nos derrotar e até nos fazer envelhecer prematuramente.

IV – CERTEZA (8-10)

A 4ª coisa que aconteceu a Davi e pode acontecer com você foi a certeza.

1- Certeza de boas companhias. Davi sabe o que são boas companhias e toma providências para que as más companhias não se acheguem a ele. Davi queria ter certeza de que os seus amigos eram sinceros primeiramente com Deus. Então, se dirige aos seus adversários em tons de reprovação, como se estivesse diante deles. V. 8: “Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniqüidade.”

Este é o segredo para você ter boas companhias: Escolher os que são amigos de Deus e “quando os pecadores quiserem seduzir-te” pode dizer para eles com determinação, sem nenhum receio: “Apartai-vos de mim os que praticais a iniquidade!” Estas palavras servem para que saibamos escolher as nossas amizades. O perigo das más companhias é sempre muito grande especialmente para a juventude, mas também para todos. 

2- Certeza do Juízo divino. Davi profeticamente antecipou as palavras que serão pronunciadas no futuro. Cristo as usou no Seu famoso sermão do monte, ao se referir aos perdidos no Dia do Juízo, que pretensamente faziam a obra de Deus, mas a realizavam hipocritamente. Disse Cristo que muitos naquele dia hão de procurar se justificar. “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7:22-23). De fato, os ímpios dentre o povo de Deus não prevalecerão no Juízo. Não podemos pertencer ao mundo e ao reino de Cristo. Todos quantos não querem abandonar o pecado, todos que se apegam ao pecado ouvirão um dia as palavras da eterna reprovação divina: “Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade!”

Estas palavras foram muito próprias para os inimigos de Davi, em seu tempo. Muitos deles reconheceram que estavam em um caminho perigoso, ao se colocarem contra o rei de Israel, e se arrependeram de suas rebeliões. Outros continuaram em sua teimosia e foram mortos, no início do reino de Salomão.

Estas palavras tem uma força muito grande para produzir um verdadeiro arrependimento. Quando uma pessoa está vivendo em pecado, quando um cristão está acariciando um pecado predileto e ouve estas palavras, e pensa na triste possibilidade de ficar fora da companhia de Cristo eternamente, ele ainda tem a oportunidade de voltar atrás e se arrepender para deixar o pecado e praticar a justiça. “Apartai-vos de Mim todos os que praticais a iniquidade”, serão as palavras de Cristo, o grande Juiz naquele dia memorável.

3- Certeza de salvação. O salmista termina o salmo com esta certeza: “O Senhor ouviu a voz do meu lamento; o Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração.” (v. 8-9). Davi tinha orado: “Senhor, salva-me por Tua graça!” Agora, ele declara a certeza de sua salvação: “O Senhor me ouviu.” No início do salmo 5 (5:1), o salmista pede por 3 vezes que a sua oração seja atendida. No final do salmo 6, ele afirma que Deus atendeu a sua oração e isso ele repetiu num paralelismo tríplice.

Davi poderia dizer com certeza que Deus atendia as suas orações. Ana podia dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e eu tive o meu filho Samuel; Daniel podia dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e nos revelou o sonho de Nabucodonozor e nos livrou da morte; Pedro podia dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e me salvou da fúria da tempestade.

Nós também podemos dizer: “O Senhor ouviu a minha súplica” e agora estamos salvos do pecado e da morte, e temos a esperança da salvação e a certeza da vida eterna. Porque a oração que Deus atende mais prontamente é a súplica por salvação pela graça e misericórdia. Você também possui esta certeza? Deus ouve as suas orações? Se isso não acontece, você pode saber por quê? Há alguma coisa que você pode mudar, a fim de conseguir as respostas para as suas orações?

Você tem esta certeza? Você já passou pelo medo, pela salvação, pelo cansaço, e pela certeza? Você está baseado na graça de Jesus Cristo para a sua salvação? Tem o sangue de Cristo para libertá-lo? Se não, por que não dizer: “Senhor, tem compaixão de mim!”, e “Salva-me por Tua graça!”? 

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pessoas que nunca ouviram falar de Jesus serão salvas?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Salvação no Velho Testamento

Todos nós sabemos que “não há salvação em nenhum outro nome” a não ser em Jesus Cristo (Atos 4:12).
Mas, como eram salvos aqueles que viveram antes de Jesus, nos tempos do Velho Testamento? Podiam receber a salvação em Jesus se Ele ainda não havia morrido? Como poderiam saber algo sobre o calvário e o que faria Jesus?
Desde que o homem pecou, deveria demonstrar fé no Redentor. Adão e Eva tiveram conhecimento do plano da Salvação (Gênesis 3:15). Abel creu no sacrifício do redentor vindouro ao levar um cordeiro para o sacrifício (Gênesis 8:20). Assim aconteceu com Abraão e os demais patriarcas.
O povo de Israel recebeu ordem de construir um santuário para que Deus pudesse habitar no meio do povo (Êxodo 25:8). Esse lugar seria para a manifestação da presença divina e também para adoração a Deus. E ainda mais do que isso: seria para revelar, mediante símbolos, o grande plano da salvação.
O santuário era uma tenda portátil, de aproximadamente 15 metros de comprimento por 5 de largura e 5 de altura. Era dividido em dois compartimentos: Santo e Santo dos Santos ou Santíssimo. Uma cortina, ou véu, separava as duas dependências.
No primeiro compartimento, que era duas vezes maior que o segundo, havia uma mesa com pães, chamados da proposição, representando a Cristo, no Pão da vida; havia também um castiçal de ouro com sete lâmpadas continuamente acesas – simbolizava a Cristo, a Luz do mundo; e um altar de incenso sobre o qual o incenso era queimado por ocasião do culto matutino e vespertino, representando a intercessão de Cristo.
No segundo compartimento – o Santíssimo, estava a arca, uma caixa de madeira revestida de ouro, que tinha por tampa uma peça de ouro maciço, chamada propiciatório; nas suas extremidades havia a figura de dois anjos, feitos de ouro puro, cujos rostos se voltavam para o propiciatório. Nesse lugar brilhava uma gloriosa luz, símbolo da presença de Deus. E o Senhor Deus ordenou que os 10 mandamentos – escritos com Seu próprio dedo, fossem postos dentro da arca.
A congregação não se reunia propriamente no tabernáculo, mas no grande pátio (ou átrio) que o cercava, que tinha 52 metros de comprimento por 2 metros de largura, fechado por cortinas. Nesse pátio, logo na entrada, estava a pia ou bacia, contendo água para os sacerdotes se lavarem, pois deviam estar limpos antes de entrarem no tabernáculo. Isto é um símbolo da pureza que devemos possuir – pois só os puros de coração entrarão no reino de Deus. Havia também o altar dos holocaustos (Êxodo capítulos 25 a 37 e 36 a 38).
Os serviços no primeiro compartimento, o lugar santo, eram diários: cada pecado naqueles dias era cobrado com sangue inocente. Quando alguém pecava, devia trazer à porta do santuário, um animal sem defeito (representava Jesus) e pondo as mãos sobre a cabeça do mesmo, devia confessar sua culpa. Desta maneira, a culpa era transferida do pecador para a vítima substituinte. Então o pecador degolava o animal, pois “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Por essa maneira era mostrado ao arrependido que seus pecados haveriam um dia de tirar a vida do inocente Filho de Deus – “visto que sem derramamento de sangue não há remissão”. Simbolicamente o pecado era transferido do pecador para o cordeiro que morria em seu lugar.
Os pecados do povo eram confessados, dia após dia e mês após mês, eram figurativamente transferidos para o santuário, pois algum sangue era aspergido no altar. Uma vez por ano era feita uma cerimônia especial para os extirpar, – uma purificação do santuário. Para este fim foi escolhido por Deus o dia 10 do sétimo mês, chamado o DIA DA EXPIAÇÃO ou dia do juízo. Para isso, o sacerdote tomava dois bodes, degolava um deles e penetrava com o sangue do animal no segundo compartimento, o Santo dos Santos ou Santíssimo. Então, enquanto estava defronte da arca que continha os 10 mandamentos, o sumo sacerdote aspergia o sangue sobre o propiciatório, para mostrar que o sangue de Jesus, o Redentor prometido, pagaria a pena da transgressão da lei. Por essa cerimônia era feita a remoção dos pecados acumulados no santuário.
Após completar a purificação, o sacerdote punha, sempre simbolicamente, todos os pecados removidos do santuário sobre a cabeça do outro bode – o bode emissário – e enviava esse animal ao deserto, onde morria.
Era plano de Deus que nesse dia do ano – o dia da expiação – povo e santuário ficassem limpos do pecado. Esse dia era para o povo de Israel um dia de juízo. Quem não se arrependia do seu pecado e dele não se livrava, devia ser eliminado do povo de Deus (Levítico 23:27-29). Havia grande alegria quando terminava o dia do juízo – estavam livres dos pecados cometidos durante o ano e purificados diante de Deus.
O tabernáculo ou santuário terrestre foi feito conforme o modelo do tabernáculo celeste e era uma cópia fiel dele (Êxodo 25:40; Hebreus 8:5). O autor do livro de Hebreus menciona o “verdadeiro tabernáculo que o Senhor ergueu, não o homem” (Hebreus 8:2). No Apocalipse, João viu, em visão, esse tabernáculo e peças da sua mobília (Apocalipse 11:19).
Os serviços do tabernáculo terrestre eram símbolos da obra de Jesus em favor do homem. Essa obra redentora Ele iniciou na Terra e prossegue no santuário celeste. O serviço do santuário era como um “telescópio da fé” pelo qual os fiéis podiam penetrar no grande espaço do tempo até a primeira vinda de Jesus e a cruz do calvário, indo além, ao segundo advento e ao juízo final!
Por ser símbolo da obra de Cristo, o Santuário do antigo Israel chegou ao seu fim, ao consumar-se o sacrifício de Jesus (Mateus 27:50 e 51).
Quando o Salvador expirou na cruz, o véu do santuário rasgou-se em dois, dando o Senhor a atender por isso que aqueles serviços não tinham mais valor. A sombra encontrava o corpo, o tipo encontrava o antítipo. Daquele momento em diante entrava em função o santuário que está no Céu (Hebreus 9:24).
Assim como o sacerdote no santuário terrestre representava a Deus em benefício dos pecadores, dons e sacrifícios, Jesus, nosso Sumo Sacerdote, apresenta ao Pai, em favor do homem, os méritos do Seu próprio perfeito sacrifício – Sua morte na cruz. Contrariamente aos sacrifícios de animais, o sacrifício de Jesus foi feito “uma vez para sempre” (Hebreus 7:27). A virtude desse único sacrifício é suficiente para apagar os pecados de todos os homens em todos os tempos (1 João 2.2).
Mas, não esqueça, amigo, essa perfeita e completa expiação não pode salvar os descrentes. É somente quando cremos em Cristo como nosso Salvador pessoal e cremos na expiação efetuada na cruz para remissão dos nossos pecados, que o divino Mediador pode aplicá-la em nosso benefício. Por isso, aceite a Jesus como teu Salvador pessoal agora e receba as bênçãos do perdão e da salvação.
Pr. Montano de Barros
Fonte: Sétimo Dia

domingo, 24 de junho de 2012

Só Existe um Nome



 "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4:12).
Sempre que eu saía de minha casa nos subúrbios de Bombaim para dirigir-me à cidade, eu o via ali, pobre e santo hindu, usando apenas uma espécie de tanga em torno do corpo. Seu corpo estava coberto com cinza de esterco de gado. Ele se assentava complacentemente numa espécie de cama de pregos, fumando o seu cachimbo. Os pregos eram agudos, e eu decidi um dia investigar.
Quando lhe perguntei por que vivia assim por 11 longos anos, sua resposta não me surpreendeu. Mediante o auto-flagelamento, ele procurava de algum modo "expiar" os seus erros, equilibrando o balanço de sua conta e assim obter a salvação.
Em terras não cristãs milhões de almas sobrecarregadas procuram libertação por "vias laterais". Eu os tenho visto viajar por dias e dias, dormindo pelas estradas poentas, até alcançar um determinado lugar, supostamente santo. Vi-os aos milhares superlotarem os trens em peregrinação a algum "santuário" ou rio "santo". Eles se cortam e se mutilam na esperança de en­contrar libertação. Estão procurando, procurando, procurando, estão lutando, lutando, lutando. Estão sofrendo, sofrendo, so­frendo. Mas o alvo de seus esforços está sempre além deles.  
Mas não é somente em terras pagãs que isto ocorre. Milhões de professos cristãos fazem a mesma coisa, não tão conscienciosamente, mas inutilmente da mesma forma.
Talvez alguns dentre nós, adventistas do sétimo dia, estejamos tentando "obter" a salvação por suas obras. A estes a serva do Senhor diz: "A educação, a cultura, o exercício da vontade, o esforço humano, todos têm sua devida esfera de ação, mas neste caso são impotentes. Poderão levar a um procedimento exteriormente correto, mas não podem mudar o coração; são incapazes de purificar os mananciais da vida. É preciso um poder que opere interiormente, uma nova vida que proceda do alto antes que os homens possam substituir o pecado pela santidade. Esse poder é Cristo. Sua graça, unicamente, é que pode avivar as amortecidas faculdades da alma, e atraí-la a Deus, à santidade". - CC, p. 18.
Jesus é a nossa esperança! – R. Pierson

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quem Entregou Jesus para Morrer?



Os Soldados Romanos – Lucas 23:33


Os soldados romanos foram os responsáveis imediatos pela morte de Jesus. Eles zombaram de Jesus, O vestiram com um manto de púrpura, colocaram uma coroa de espinhos na Sua cabeça, vendaram-Lhe os olhos, cuspiram nEle e bateram em Sua face, enquanto O desafiavam a identificar quem o havia ferido. Depois, O crucificaram. Mas a verdade é que os soldados estavam apenas obedecendo a uma ordem. Fizeram o que tinham que fazer. Tudo ocorria enquanto Jesus orava em voz alta: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Luc. 23:34). A questão é: quem entregou Jesus aos soldados para ser morto?


Pilatos – O Governador Romano


Pilatos entregou Jesus para ser crucificado (João 19:16). Os dirigentes judaicos levaram Jesus a Pilatos, dizendo: “Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, Rei” (Lucas 23:2). No entanto, após tomar conhecimento da acusação, Pilatos estava convicto da inocência de Jesus. Ele chegou a declarar três vezes não achar culpa alguma em Jesus. A primeira vez foi logo no amanhecer da sexta-feira. Pilatos ouviu as reclamações do Sinédrio, fez algumas perguntas a Jesus, e depois de uma audiência preliminar sentenciou: “Não vejo neste homem crime algum” (João 18:38).


A segunda ocasião foi quando Jesus voltou, depois de ter sido inquirido por Herodes. Pilatos disse aos sacerdotes e ao povo: “Apresentastes-me este homem como agitador do povo; mas, tendo-o interrogado na vossa presença, nada verifiquei contra ele dos crimes que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. É, pois, claro que nada contra ele se verificou digno de morte.” (Luc. 23:13-15) A esta altura a multidão gritou: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Mas Pilatos respondeu, pela terceira vez: “Que mal fez ele? De fato nada achei contra ele para condena-lo à morte” (Mat. 27:23, João 19:6). Além disso, a sua convicção foi confirmada pela mensagem enviada por sua mulher: “Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonhos, muito sofri por seu respeito” (Mat. 27:19).


A convicção de Pilatos sobre a inocência de Jesus era tanta que ele tentou por todos os meios se esquivar da responsabilidade de tomar uma decisão. Pilatos não queria condenar a Jesus, porque sabia que Ele era inocente e, ao mesmo tempo, não queria desagradar os líderes judaicos que queriam a todo custo a condenação de Jesus. Como Pilatos poderia conciliar esses dois interesses antagônicos?


Por isso, por quatro vezes, Pilatos tentou isentar sua responsabilidade sobre o caso. A primeira, ao ouvir que Jesus era da Galiléia, e, portanto, estar sob a jurisdição de Herodes, enviou-O ao rei para julgamento, esperando transferir para ele a responsabilidade da decisão. Herodes, porem, devolveu Jesus sem sentença (Luc. 23:5-12).


A segunda, ele tentou contemporizar: “Portanto, depois de o castigar, soltá-lo-ei” (Luc. 23:16 e 22). Ele esperava que a multidão se satisfizesse com algo menos que a penalidade máxima. Chegou a propor uma sentença absurda, pois, se Jesus era inocente, devia ter sido imediatamente solto, não primeiramente castigado.


A terceira, ele tentou fazer a coisa certa (soltar a Jesus) com o motivo errado (pela escolha da multidão). Lembrando-se do costume de que o governador poderia dar anistia de páscoa a um prisioneiro, ele esperava que o povo escolhesse Jesus para esse favor. Então ele podia soltá-lo como um ato de clemência em vez de um ato de justiça. Era uma idéia astuta, mas vergonhosa, e o povo a frustrou exigindo que o perdão fosse dado a um notório criminoso e assassino, chamado Barrabás.


A quarta, Pilatos tentou protestar por sua inocência. Tomando água, lavou as mãos na presença do povo, dizendo: “Estou inocente do sangue deste justo” (Mat. 27:24). E então, antes que suas mãos se secassem, entregou Jesus para ser crucificado. Como pôde Pilatos entregar Jesus para ser morto depois de ter proclamado publicamente Sua inocência?


É fácil condenar a Pilatos, esquecendo-nos, contudo, de que muitas vezes nós também procuramos subterfúgios para nos esquivar da responsabilidade diante de Deus, ou também procuramos honrar a Jesus pelo motivo errado, ou também tentamos agradar a Deus sem abandonar as práticas recriminadas pelo Céu, ou também “lavamos as mãos” para manter uma pretensa neutralidade em matéria espiritual.


Vale observar o comportamento de Pilatos: “o seu clamor prevaleceu”, “Pilatos decidiu atender-lhes o pedido”, e “quanto a Jesus, entrou à vontade deles” (Luc. 23:23-25). O clamor deles, pedido deles, vontade deles: a estes, em sua fraqueza, Pilatos se curvou. Ele desejava soltar a Jesus (Luc. 23:20), mas também desejava “contentar a multidão” (Mar. 15:15). A multidão venceu. Por que? Porque lhe disseram: “Se soltas a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é como César” (João 19:12). A escolha era entre a honra e a ambição, entre o princípio e a conveniência.


Claro, Jesus era inocente. A prática da justiça exigia a Sua imediata libertação. Mas Pilatos decidiu fazer a vontade do povo, e não contrariar o abominável desejo dos líderes judeus. Enfim, Pilatos entregou Jesus para ser morto por covardia.


E quem entregou Jesus nas mãos de Pilatos?


Os Líderes Judeus e Seus Sacerdotes


Embora não possamos desculpar a conduta de Pilatos, é possível reconhecer que ele se encontrava em um dilema, e que foram os líderes judaicos que o colocaram nessa situação. Foram eles quem entregaram Jesus a Pilatos para ser julgado, foram eles que O acusaram de conduta subversiva, foram eles que atiçaram a multidão levando-a a exigir a crucificação. Portanto, como o próprio Jesus disse a Pilatos: “Quem me entregou a ti, maior pecado tem” (João 19:11).


Desde o inicio, Jesus criticava os fariseus por exaltarem a tradição, colocando-a acima da Escritura, por se importarem mais com os regulamentos do que com as pessoas, mais com a purificação cerimonial do que com a pureza moral, mais com as leis do que com o amor. Ele até mesmo os havia denunciado como “hipócritas”, chamando-os de “guias de cegos” e comparando-os a “sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mat. 23:27). Estas foram consideradas acusações intoleráveis. Pior ainda, Jesus estava minando a autoridade deles. Dizia ser senhor do sábado, conhecer a Deus como Seu Pai, até mesmo ser igual a Deus. Isso era considerado blasfêmia.


De modo que os líderes judaicos estavam cheios de indignação para com Jesus. Consideravam Seus ensinos heresia, Seu comportamento uma ofensa à lei. Entendiam que Jesus estava desviando o povo. Espalhavam rumores de que Jesus estava incentivando a deslealdade a César. Assim, o Seu ministério devia ser detido antes que causasse maior dano. Eles achavam ter bons motivos políticos, teológicos e éticos para exigir que Jesus fosse preso, julgado e condenado.


Deixando de lado a veracidade das afirmações de Jesus, havia a questão do motivo. Qual era o motivo fundamental da hostilidade que os sacerdotes sentiam para com Jesus? Era o interesse deles a estabilidade política, a verdade doutrinária e a pureza moral? Pilatos não achou que fosse. Ele não se deixou enganar pelas racionalizações dos líderes do povo, especialmente por sua fingida lealdade ao imperador. Nas palavras de Mateus: “Porque sabia que por inveja o haviam entregado” (Mat. 27:18).


Inveja! Inveja é o lado inverso da moeda chamada vaidade. Ninguém que não tenha orgulho de si mesmo jamais terá inveja de outros. E os dirigentes judaicos eram orgulhosos; racial, nacional, religiosa e moralmente orgulhosos. Tinham orgulho da longa história do relacionamento especial da sua nação com Deus, tinham orgulho de seu próprio papel de líderes da nação, e, acima de tudo, tinham orgulho da sua autoridade. A competição deles com Jesus foi essencialmente uma luta pela autoridade. Jesus havia desafiado a autoridade deles, pois possuía um tipo de autoridade que manifestamente lhes faltava.


Quando os líderes judaicos foram a Jesus com suas perguntas capciosas: “Com que autoridade fazes estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para as fazeres?” (Mar. 11:28), pensavam que O tinham apanhado. Mas, em vez disso, encontraram-se amarrados pela contra-pergunta do Senhor: “O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me” (v.30). Estavam encurralados. Não tinham como responder, porque se dissessem “do céu”, ele queria saber por que não creram nele, e se dissessem “dos homens”, temiam o povo que acreditava que João era um profeta verdadeiro. De modo que não deram resposta. O silêncio da resposta deles era um sintoma da sua insinceridade. Se não conseguiam enfrentar o desafio da autoridade de João, certamente não poderiam enfrentar o desafio da autoridade de Cristo. Ele dizia ter autoridade para ensinar a respeito de Deus, para expelir demônios, para perdoar pecados, para julgar o mundo. Em tudo isto ele era completamente diferente deles, pois a única autoridade que eles conheciam era o apelo a outras autoridades. Alem disso, havia algo acerca da autoridade de Jesus que eles não podiam explicar. Era real, sincera, transparente, divina.


Como os líderes judeus daquela época, ainda hoje, muitos pensam que Jesus Se intromete em suas vidas privadas com Seus conselhos irritantes. E perguntam de forma petulante: “Por que é que Ele não cuida de seus próprios negócios e nos deixa em paz?” A essa pergunta Ele responde que nós somos o Seu negócio e que jamais nos deixará sozinhos. Os que pensam que Jesus perturba nossa paz, mina nossa autoridade, também querem eliminá-Lo de suas vidas.


Enfim, os líderes judeus entregaram Jesus a Pilatos para ser morto por inveja. E quem entregou Jesus aos líderes judeus?


Judas Iscariotes, o Traidor


Tendo visto como os sacerdotes entregaram Jesus a Pilatos, e como Pilatos O entregou aos soldados, agora precisamos examinar como, para começar, Judas O entregou aos sacerdotes.


Não é incomum alguns expressarem simpatia para com Judas. “Afinal”, dizem, “se Jesus havia de morrer, alguém tinha de traí-Lo. Assim, porque culpar a Judas? Ele não passou de instrumento da providência, uma vítima da predestinação”. Bem, a narrativa bíblica certamente indica que Jesus conhecia de antemão a identidade do seu traidor e referiu-se a ele como destinado à destruição para que a Escritura se cumprisse. É também verdade que Judas fez o que fez somente depois que Satanás o instigou e entrou nele.


Entretanto, nada disso exonera a Judas. Ele deve arcar com a responsabilidade pelo que fez, tendo, sem dúvida, deliberadamente, tramado suas ações. O fato de sua traição ter sido predita nas Escrituras não significa que ele não fosse um agente livre.


Parece que Jesus claramente o considerou como responsável por suas ações, pois até mesmo no último instante, no cenáculo, fez-lhe um apelo final, mergulhando um pedaço de pão e dando-o a ele (João 13:25-30). O cinismo último de Judas foi escolher trair o seu Mestre com um beijo, usando esse símbolo da amizade a fim de destruí-la. De modo que Jesus afirmou a culpa de Judas, dizendo: “Ai daquele por intermédio de quem o Filho do homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido” (Mar. 14:21). Assim, Jesus não apenas o condenou, mas o próprio Judas, no final, condenou-se a si mesmo. Ele reconheceu o seu crime, trair o sangue inocente, devolveu o dinheiro pelo qual tinha vendido a Jesus, e se suicidou. Sem dúvida, ele estava mais preso pelo remorso do que pelo arrependimento, mas, finalmente, confessou sua culpa.


Judas entregou Jesus aos líderes judeus para ser morto por ganância (dinheiro).


Os Pecados Deles e os Nossos


Examinamos os três indivíduos – Pilatos, Caifás e Judas – a quem os evangelistas atribuem culpa maior pela crucificação de Jesus, e seus associados: os sacerdotes, o povo e os soldados. Jesus havia predito que seria entregue nas mãos dos homens, ou “entregue para ser crucificado”. E os Evangelistas ao contarem sua história, demonstram que a predição de Jesus foi verdadeira. Primeiro, Judas o entregou aos sacerdotes (por ganância). A seguir, os sacerdotes o entregaram a Pilatos (por inveja). Então Pilatos o entregou aos soldados (por covardia), e eles O crucificaram.


Nossa reação instintiva a esse mal acumulado é dar eco à pergunta espantada de Pilatos, quando a multidão gritou pedindo o sangue de Jesus: “Que mal fez ele?” (Mat. 27:23). Pilatos, porém, não recebeu uma resposta lógica. A multidão histérica clamava cada vez mais alto: “Crucifica-o! “Crucifica-o!” Mas por que?


A resposta que até agora demos à pergunta: “Quem entregou Jesus para ser morto?” procurou refletir o modo pelo qual os escritores do evangelho contam a Sua história. Eles indicam a corrente de responsabilidade (de Judas aos sacerdotes, dos sacerdotes a Pilatos, de Pilatos aos soldados), e, pelo menos, sugerem que a ganância, a inveja e a covardia, que instigaram o comportamento dos envolvidos, também instigam o nosso.


Contudo, embora Jesus tivesse sido levado à morte pelos pecados humanos, Ele não morreu como mártir. Pelo contrário, Ele foi à cruz espontaneamente, até mesmo deliberadamente. Desde o começo do Seu ministério público, Ele Se consagrou a esse destino. Ele predisse muitas vezes os Seus sofrimentos e morte. O uso constante que Ele fez da palavra “deve” em relação à sua morte expressa não uma compulsão exterior, mas Sua resolução interior de cumprir o que a Seu respeito havia sido escrito. “O Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas, eu dou a minha vida… Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10:11, 17-18).


Mas Paulo responde à pergunta: “Quem entregou Jesus para ser morto?” com a seguinte declaração: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rom. 8:32). Quem entregou Jesus para morrer? Não foi Judas, por ganância; não foi Pilatos, por covardia; não foram os judeus, por inveja – mas o Pai, por amor!


É essencial que conservemos juntos estes dois modos complementares de olhar para a cruz. No nível humano, Judas O entregou aos sacerdotes, os quais O entregaram a Pilatos, que O entregou aos soldados, os quais O crucificaram. Mas, no nível divino, o Pai O entregou, e Ele Se entregou a Si mesmo para morrer por nós.


O apóstolo Pedro uniu as duas verdades em sua admirável afirmativa do dia de Pentecoste: “Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mão de iníquos.” (Atos 2:23). Assim, Pedro atribuiu a morte de Jesus simultaneamente ao plano de Deus e à maldade dos homens. Pois a cruz, que é uma exposição da maldade humana, é ao mesmo tempo a revelação do propósito divino de vencer a maldade humana assim expressa.


Porque Jesus Cristo morreu? A primeira resposta é que Ele não morreu; Ele foi morto. Devemos, porém, equilibrar essa resposta com o seu oposto. Ele não foi morto, Ele morreu, entregando-Se voluntariamente para fazer a vontade do Pai.


Estudo extraído do livro A Cruz de Cristo, de John Stott. IASD Brooklin.

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