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domingo, 4 de dezembro de 2011

O Homem Que Era Inocente, Mas Foi Condenado

Exposição de Rom. 3:21-31


“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus… ” (Rom. 3:21).


Lembro de um irmão que disse ao seu pastor no final de um sermão sobre Justificação: “No passado os pregadores adventistas estavam enfatizando muito as obras!” E eu me lembro daquele homem que se dirigiu a um cristão e lhe perguntou: “Meu amigo, o que é que você crê?” “Bem, eu creio naquilo que a igreja ensina.”  “E o que é que a sua igreja ensina?” “A igreja ensina aquilo que eu creio”, respondeu. “Ah, sim, entendi. Mas o que é que você e a sua igreja crêem?”  “Bem, nós cremos na mesma coisa.”


Eu sonho com o momento em que todos os membros de minha igreja pensem a mesma coisa, creiam na mesma coisa e “falem todos a mesma coisa” (1Cor. 1:10), especialmente no que tange à justificação e à salvação.


Chegamos à grande tese do apóstolo Paulo: o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os homens. E, de acordo com o seu método, para provar essa tese, ele apresenta algumas proposições. Primeira proposição: ”a ira de Deus se revela contra o pecado” Rom. 1:18. E agora, vamos tratar da segunda proposição: “a justiça de Deus se revela” para salvar o pecador. Rom. 3:21. Novamente, ele nos lembra que esta não é a sua doutrina, ele não a originou, porque já fora “testemunhada pela Lei e pelos profetas”, ou seja ela consta no Antigo Testamento (v.21).


“Mas agora” (V. 21) – ele inicia uma nova seção e apresenta uma nova proposição, um novo assunto. “Mas agora se manifestou a justiça de Deus” – e ele começa a desenvolver o que é esta justiça, como pode ser adquirida, e a quem é oferecida. Até o verso 31, esta é a seção mais importante a respeito da salvação, o texto da Bíblia mais profundo, a expressão bíblica mais impressionante no que se refere à salvação.


O que é que realmente significa esta justiça salvadora? Significa que Aquele a quem Deus enviou – Jesus Cristo – produziu uma justiça que nós nunca poderíamos produzir. Significa que Jesus foi completamente justo aqui nesta Terra, que Ele guardou os Dez Mandamentos e nunca falhou em nada. Significa que Ele produziu uma obediência perfeita para ser creditada a nosso favor. Significa que Jesus era a Inocência do Céu, o Sol da justiça.


I – A JUSTIÇA QUE SALVA É DE GRAÇA


Nos versículos 21-23, nós temos os característicos da justiça que salva: a justiça é de Deus, é da fé, e é de todos. Mas agora dos versos 24 a 26 ele apresenta os MEIOS através dos quais esta justiça poderia ser realizada. Como é que esta justiça pode surgir? Como é que foi possível para Deus produzir em Cristo Jesus esta justiça?


Então ele responde no: Versículo 24: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” Cada uma destas palavras é importante. O que é que significa salvação? Esta pergunta é respondida nestas palavras: “Sendo justificados”. Salvação se consegue “sendo justificados”. Portanto, justificação e salvação são a mesma coisa. Mas como esta justificação é adquirida, por que meio? Ele diz: “gratuitamente por sua graça, mediante a redenção”.


Nesta seção encontramos 8 diferentes maneiras pelas quais ele prova que nós não podemos ser salvos por nossa atuação: Ele diz que a justificação é: 1) sem lei (v.21), 2) mediante a fé (v.22), 3) gratuitamente (v.24),4) por Sua graça (v.24), 5) mediante a redenção (v.24), 6) não pela lei das obras (v. 27), 7) pela lei da fé (v. 27), 8) independentemente das obras da lei (v. 28). As palavras do v. 20 (“ninguém será justificado diante dele por obras da lei”) são uma antecipação do que ele estava para dizer nesta segunda seção. Este é o seu método. Estas são as expressões que ele usa para provar que a nossa salvação é completa, única e exclusivamente um ato de Deus.


Por que Paulo parece tão repetitivo? Porque ele não queria ser mal compreendido; ele é um verdadeiro pastor e não deseja que seus leitores fiquem com alguma dúvida, e porque é muito difícil a um ser humano compreender que a salvação é inteiramente de graça; ele sempre quer mostrar a Deus que ele pode fazer alguma coisa para se salvar.


Paulo disse que somos justificados “gratuitamente”. Esta palavra é importante. Isso significa que nós haveremos de alcançar a salvação por um mérito que não é nosso. Se eu disser aqui diante do auditório que eu estou dando R$ 500,00 gratuitamente, a compreensão será imediata: “Olha só; ele vai dar todo esse dinheiro, sem pedir nada em troca!” Esta palavra é muito clara para ser mal entendida.


Mas isso é muito difícil de entrar isso em nossa vida, e em nossa mente, em nossa compreensão espiritual; porque há uma tendência humana de sempre estar produzindo alguma coisa para dizer a Deus que nós temos merecimento. Mas a salvação é dada gratuitamente.


Paulo disse que somos justificados por Sua “graça”. Esta palavra é muito importante, aparece muitas vezes na Bíblia. Ela quer dizer que é sem mérito nosso, é inteiramente pelo mérito dAquele que dá, significa que é um dom imerecido de nossa parte, mas completamente providenciado pela outra parte.


II – A JUSTIÇA QUE SALVA CUSTOU MUITO CARO


Paulo disse que somos justificados mediante a “redenção” que há em Cristo Jesus. Esta palavra também é uma muito importante na Bíblia. O que é que significa redenção? Conta-se que há muitos anos, um viajante inglês que estava visitando o Cairo no Egito, passou pelo Mercado de Escravos, e viu um jovem inteligente que estava sendo exposto à venda. E aquele jovem cheio de músculos, um jovem de boa aparência ali estava sendo oferecido em leilão. E alguém lançou uma oferta; e outro, outra. E ele, movido de compaixão, ofereceu maior quantia que todos, e comprou aquele jovem. O escravo olhou-o com ódio e disse consigo mesmo: “Este homem vem de uma terra de liberdade, mas aqui ele nega os seus princípios para fazer dinheiro no tráfego de escravos. Se eu tiver oportunidade, vou lhe cravar um punhal no coração.”


Seu novo dono conduziu aquele jovem para fora da vista da multidão e disse: “Jovem, eu vi você lá sendo vendido, e eu me compadeci de você. Eu gastei tudo o que tinha para comprar a sua liberdade. Paguei o preço da sua libertação. Agora você está livre, você não é mais escravo. Você é tão livre quanto eu. Pode ir.” Quando o escravo ouviu estas palavras, e compreendeu quanto havia julgado mal o seu benfeitor, disse: “Ó meu senhor, me permite acompanhá-lo e servi-lo para sempre.”


Isto é o que significa redenção e esta é a atitude da pessoa redimida. A palavra redenção foi retirada daterminologia da compra e venda de escravos. Redenção significa a compra da libertação de alguém através de um preço, através de um resgate. Jesus Cristo pagou o preço infinito de Seu sangue pela nossa redenção. De fato, a justiça que nos salva custou muito caro para o Filho de Deus, o Homem que era inocente, mas foi condenado. Na cruz do Calvário, Ele pagou o preço de nossa libertação. Nós éramos escravos, mas agora somos livres. Isso é algo que deve despertar o nosso louvor; e não só o louvor, a gratidão, e adoração, mas também o nosso serviço.


Mas eu quero responder a uma outra pergunta: Em que realmente consiste esta redenção? O que é que realmente aconteceu na cruz do Calvário? Esta pergunta é respondida no v. 25: “a quem Deus propôs, no Seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na Sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. A redenção consiste na propiciação.


O que significa a propiciação (gr. “hilasterion”)? A propiciação é algo que envolve a 4 elementos: 1) uma ofensa; 2) uma pessoa ofendida; 3) uma pessoa ofensora. E em 4º lugar: uma oferta. Evidentemente, a ofensa é o pecado, “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (v. 23) – esta é a ofensa. A Pessoa ofendida é Deus. A pessoa ofensora é o pecador, são os homens, somos nós. E a propiciação é a oferta que deveria ser dada para expiar ou para tirar a culpa da pessoa ofensora. Deus foi ofendido pelo pecado do homem, e por isso está irado e, para que nós possamos ser salvos, Ele deve ser apaziguado.


Mas esta palavra “propiciação” tem sido negada em alguns círculos teológicos, e este texto (v. 25) é um verso que tem se tornado motivo para muitas controvérsias através da história da Igreja. Não deveríamos nos admirar que um assunto tão importante como a propiciação fosse levado à controvérsia, porque nós sabemos que Satanás não está muito interessado em que nós compreendamos certas coisas na Bíblia.


Muitos teólogos desorientam as pessoas com certas coisas que a Bíblia realmente não está dizendo. Então, há certos teólogos que negam a propiciação e substituem essa palavra por reconciliação. Agora, reconciliação é o resultado da propiciação; reconciliação é a restauração da paz e da harmonia entre o pecador e Deus.


Outros teólogos sugerem a palavra expiação para traduzir a palavra grega original. Mas “hilasterion” só se traduz corretamente como propiciação. Mas eles traduziram em algumas Bíblias mais modernas como expiação que significa retirada da culpa e é também um resultado da propiciação.


Mas o que é que realmente Paulo está dizendo aqui? Ele está afirmando exatamente que através do sangue da cruz de Cristo lá no Calvário foi feita uma propiciação para aplacar a ira de Deus, porque Deus estava irado, Deus estava contrário ao pecado e ao pecador, e estava pronto para destruí-lo, se não fosse apaziguado.


Agora, este ensino está de acordo com o contexto. Vimos como “a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade”. (1:18). Também lemos no cap. 2:5: “Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento.” Em 2:8: “mas ira e indignação aos… que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.”      


Portanto, a palavra propiciação é a tradução correta. E este é o grande ensino que está espalhado em toda a Bíblia, desde o início. Por exemplo, o próprio Moisés quando viu a ira de Deus se revelando entre o povo e abrindo a terra, e tragando elementos rebeldes, escreveu então o Salmo 90, onde ele diz: v. 7: “Somos consumidos pela Tua ira, e pelo Teu furor conturbados”; v. 9: “Pois todos os nossos dias se passam na Tua ira”;v. 12: “Quem, Senhor, conhece o poder da Tua ira?” E então no v. 13, ele diz: “Volta-Te para nós, Senhor; até quando? E aplaca-Te para com os Teus servos”. (Almeida antiga). Este é o ensino da Bíblia: Deus deve ser aplacado; Ele está irado, e então deve ser aplacado em relação ao pecado.


Mas por que alguns teólogos negam esta doutrina? Por 2 razões:    


1) Em 1º lugar porque julgam que isso é paganismo. Por que paganismo? Pelo seguinte: Quando os pagãos tinham algum problema com os seus deuses, assim imaginavam eles, quando havia um terremoto, um furacão, uma inundação, quando eles faziam alguma coisa errada e alguma coisa não dava certo com eles, assim diziam: “Ah, os deuses estão irados. Então, o que vamos fazer? Ah, nós vamos dar uma oferta para que os nossos deuses sejam aplacados.”


Então eles faziam sacrifícios. E quando eles não conseguiam aplacar os seus deuses, na sua maneira de pensar, eles chegavam até ao homicídio, até ao ridículo, até à falta de misericórdia de entregar os seus próprios filhos, os seus primogênitos, para aplacar a ira dos seus deuses. Então os teólogos dizem que quando nós reivindicamos esta interpretação nós estamos simplesmente dizendo a mesma coisa que os pagãos faziam. Assim, eles nos acusam de paganismo. 


Mas qual é a diferença entre a doutrina bíblica e a doutrina dos pagãos? Os teólogos julgam que nós queremos dizer com esta propiciação que Cristo mudou a mente de Deus; na cruz do Calvário, Jesus Cristo conseguiu apaziguar a Deus que está  irado contra nós. É isto verdade? É isso o que a Bíblia ensina? Seguramente não, porque basta ler com mais atenção o v. 25 (Rom. 3:25) para entendermos a falácia deste argumento. Notemos que Paulo disse: “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação”.


Perceberam onde é que está a diferença? Cristo não precisou mudar a mente de Deus. Deus é quem propôs. A iniciativa não é do pecador. É Deus quem dá a oferta. E isso foi declarado por Deus a Moisés em Lev. 17:11: “Eu vos tenho dado o sangue”. É Deus quem toma a iniciativa de ser apaziguado pelo sangue que Ele mesmo oferece, através de Jesus Cristo, o nosso Salvador. Deus é quem propôs a Jesus Cristo.


Impressionante que Ele está irado contra o pecado e contra o pecador identificado com o pecado; mas como vimos que Ele precisa ser aplacado, Ele não exige uma  oferta do pecador, Ele mesmo dá a oferta, Ele dá o meio, e Ele dá aquele recurso através do qual Ele mesmo será aplacado. E assim, a Sua justiça será completamente satisfeita.


(2) Outra razão por que alguns teólogos negam esta doutrina é que eles não apreciam a expressão “ira de Deus”. Eles dizem que esta expressão apresenta a Deus como se fosse alguém apaixonado, caprichoso, pronto para destruir e pronto para se vingar, e cheio de vingança, e ardendo em ira. Mas realmente este não é o significado da “ira” divina. O próprio apóstolo Paulo disse que a ira de Deus significa a execução do justo juízo de Deus; significa que Ele tem retribuição (Rom. 2:5). Significa a Sua reação e o Seu ódio contra o pecado. A ira de Deus significa a Sua completa indignação e desaprovação ao pecado.


O que aconteceu na cruz? Na cruz do Calvário ocorreu uma propiciação. Algumas pessoas começam asentimentalizar a cruz, e dizem: “Ah, mas como o mundo foi tão mau, Jesus Cristo foi tão bom; e os homens maus, intolerantes e perversos, eles tomaram a Jesus Cristo e O crucificaram.”  E alguns teólogos dizem que Jesus morreu para dar-nos um exemplo, um exemplo do amor de Deus, um exemplo de quão fácil é Deus perdoar, o exemplo de que Ele no Seu grande amor é capaz de ser levado ao sacrifício e ainda dizer: “Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.”


É esta a interpretação correta? Será que é fácil para Deus – e dizemos com reverência – é tão fácil assim para Deus perdoar? A Bíblia ensina que para Deus é fácil perdoar, porque Deus é amor, mas é difícil porque Deus também é justiça. Ele tem que punir o pecado, isso faz parte da Sua justiça. Por isso, perdoar e salvar custou muito caro para Deus que teve de entregar o Seu Filho único em sacrifício.


Então, como Ele pode conciliar o Seu amor e a Sua justiça? Com quem Deus negociou a redenção dos homens? Como é que Ele negociou este pagamento de sangue? Algumas pessoas dizem: “Bem, Ele negociou com o diabo.”  Isso é uma inverdade muito grande, porque o diabo foi pego de surpresa. Satanás era incapaz de compreender: Como é que Deus poderá ser justo e ao mesmo tempo perdoar o pecador? É impossível, ele dizia. O inimigo não podia conciliar estas duas coisas.


Mas agora Deus manifesta a Sua justiça. É exatamente a parte central do versículo 25. Vamos ler o verso (Rom. 3:25): “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé para” agora “manifestar a sua justiça.”


A justiça de Deus é algo muito mais importante do que a nossa salvação, por mais importante que ela seja; mas é muito mais importante para Deus, porque o próprio caráter de Deus estava em jogo. Ele prometeu punir o pecado. Ele sempre Se manifestou com reação contrária ao pecado e Ele sempre prometeu punir o pecado.


Mas agora se manifesta a justiça de Deus, “por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos.” O que significa isso? Vamos pensar nestas palavras: “deixado impunes os pecados anteriormente cometidos.” A versão antiga (ARC) diz “remissão” ao invés de “deixado impunes”. Acontece que estas palavras “deixado impunes” são traduzidas de uma palavra grega (paressin) que não significa remissão, mas pretermissão.  Pretermissão é uma palavra que foi tirada da lei dos romanos. Há uma diferença entre pretermissão e remissão.


Observem que na lei dentre os romanos havia uma referência aqui a esta palavra paressin ao indivíduo que fazia um testamento e incluía todos os seus parentes menos um. Imagine um homem rico que está fazendo um testamento e dá em herança as suas riquezas para todos os seus parentes, mas evita um parente. Isso significa que ele passa por alto de determinada pessoa. Esta palavra, portanto, foi traduzida corretamente nesta Versão Atualizada (VARA), dizendo “deixado impunes” – quer dizer, passado por alto.


O que é que foi passado por alto? “Os pecados anteriormente cometidos”. Mas como pode Deus ser Deus e ao mesmo tempo passar por alto os pecados cometidos anteriormente? Esta era a acusação de Satanás: “Deus não é justo porque Deus não está punindo o pecado.”


É certo que a ira de Deus se revelava aqui, ali e acolá, mas muito raramente, porque a Sua ira estava misturada com a misericórdia, e os pecados realmente não estavam sendo punidos como deveriam ser punidos. E o tempo passava, e passaram 1.000 anos, 2.000 anos, 4.000 anos se passaram. E Satanás estava sempre lançando no rosto dos anjos, no rosto de Deus, dizendo que Deus é injusto, que Deus não pune o pecado, e que Deus não pode perdoar o pecado e ao mesmo tempo ser justo.


Então, agora chegou o momento da Cruz. Na Cruz a Sua justiça punitiva será manifestada. Na Cruz do Calvário, Jesus Cristo recebeu a punição de Deus por todos os pecados passados, cometidos pelos homens. Os sacrifícios de animais era o método de Deus passar por alto os pecados anteriormente cometidos, pois aqueles sacrifícios não podiam apaziguar a ira de Deus (Heb. 10:4).


Mas agora, os nossos pecados foram punidos em Cristo. Quando Cristo estava na cruz suspenso entre o céu e a terra, Ele, na Sua Pessoa, no Seu corpo recebeu a ira de Deus impendente sobre Ele para nos salvar, para que nós não tivéssemos a ira de Deus contra nós, para que Deus estivesse apaziguado conosco e para que Deus não nos punisse mais pelos nossos pecados. Portanto, os nossos pecados já foram castigados na cruz, no corpo do Salvador Jesus Cristo.


Mas se os pecados do passado foram resolvidos, antes da cruz, como ficam os pecados depois da cruz? O apóstolo Paulo responde a isto  quando ele diz no v. 26: “tendo em vista a manifestação da Sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o Justificador daquele que tem fé em Jesus.” O “tempo presente” é depois da cruz. Isso significa que todos os pecados estão resolvidos no presente e todos os pecados estão resolvidos no futuro. Porque o sacrifício de Cristo foi eficaz “uma vez por todas” (Heb. 10:10). Todos os pecados passados, presentes e futuros foram todos resolvidos lá na Cruz do Calvário.


Na cruz estão todos os nossos pecados. Aqueles pecados futuros que você ainda não cometeu, tudo isso já está resolvido e solucionado lá na cruz do Calvário. E assim a grande questão é respondida, é resolvida porque Deus pode “ser justo e o Justificador daquele que tem fé em Jesus.” (v. 25). Na cruz, Deus reivindicou o Seu caráter, e isso foi a coisa mais importante diante de todo o universo. Portanto, ninguém pode acusar a Deus de injustiça, porque Ele cumpriu plenamente aquilo que a justiça da Lei requer. 


III – A JUSTIÇA QUE SALVA É EXCLUSIVA   


Apresentamos os característicos, os meios e agora temos as conclusões: Paulo diz o seguinte: Qual a conclusão da Justificação pela Fé? É interessante que no verso 26, Paulo chegara a um grande clímax. Mas ele apresenta agora 3 conclusões em forma de anti-clímax. De fato, ele tem mais amor aos seus leitores do que à forma literária de sua exposição.


1- O legalismo é excluído: (versos 27-28): “Onde pois a jactância? Foi de todo excluída… Concluímos pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.” Portanto, não pode haver jactância, porque o homem é justificado sem as obras da lei. O legalista jactancioso não pode sobreviver diante da justiça exclusiva de Deus. Ou seremos salvos pela graça, ou não seremos salvos.


Dois homens entraram no templo para adorar. Um deles era fariseu e outro era um publicano. O publicano se humilhava e batia no peito, dizendo: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador.” Aqui está a doutrina, aqui está a propiciação; aqui está o momento em que ele diz: “Ó Deus, aplaca-Te para comigo; torna-Te favorável em relação a mim; perdoa o meu pecado, eu sou indigno, eu sou um pecador perdido, mas Senhor, tem misericórdia de mim.”


Enquanto isso, o fariseu se jactava: “Ah, Senhor, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano” (Luc. 19:11). E este saiu vazio enquanto que o outro foi justificado; assim disse Jesus Cristo. Ele nos deu aqui uma grande lição de justificação pela fé, sem jactância. Nenhuma jactância de alguma obra que o homem pudesse apresentar a Deus, porque não temos. É impossível se salvar pelas obras da lei; é impossível ser salvo como legalista jactancioso que apresenta as suas obras como méritos para a salvação.


2- O exclusivismo é excluído. Paulo prossegue: vs. 29 e 30: “É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios?” Agora chega a outra conclusão. A justificação exclui o exclusivismo.


Não há mais separação de classes. Vivemos num mundo separado por tantas divisões; mas através da justiça de Deus toda a humanidade pode ser unida, todos podem se salvar, todos podem ser irmãos, filhos de um mesmo Pai que revelou a Sua justiça e o Seu amor ao mesmo tempo quando Cristo morreu na cruz do Calvário. Agora, Ele pode ser justo e ao mesmo tempo Justificador de qualquer pessoa indistintamente.


3) O antinomismo é excluído. V. 31: ”Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” Há alguém contrário à Lei divina, que está contente? Não há lugar para ser contra a Lei. Ela está confirmada. Este é um outro anti-clímax. Mas ele está interessado agora em responder a uma questão: os judeus estavam dizendo: “Ah, Paulo, com esta doutrina da Justificação pela Fé você está anulando a lei. Você está extirpando completamente a lei”. Mas o apóstolo diz: “Não, é justamente o contrário; eu estou estabelecendo e ratificando a lei.”


A doutrina da justificação pela fé confirma a Lei. Por que Paulo podia dizer isso? Porque o Evangelho exalta a Cruz como sendo a revelação da justiça punitiva de Deus, que se manifestou por causa da Lei. Sem a Lei, não haveria pecado, nem pecador; sem Lei, não seria despertada a santa ira de Deus; e portanto, não haveria necessidade de salvação da ira; sem a Lei não haveria punição, nem propiciação. A redenção seria desnecessária. Mas tudo isso se faz presente com a Lei. Portanto, a doutrina da justiça pela fé estabelece a Lei.


CONCLUSÃO


Mas quem é o Homem inocente que foi condenado? Jesus Cristo foi esse Homem. O apóstolo Paulo O apresenta como Aquele que pelo Seu sangue nos garantiu a redenção através da Sua propiciação. Disse mais o profeta Isaías: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isa. 53:5)


Certa vez um capitão de navio estava enfermo e mandou chamar o médico. O médico examinou e disse: “– Meu querido capitão, muitos anos temos trabalhado juntos, mas eu preciso ser sincero com você. Você tem poucos dias de vida.”  E o capitão se desesperou. Chamou o imediato e disse: “– Guilherme, o médico me disse que eu tenho poucos dias de vida. E eu não estou preparado para morrer. Por favor, venha orar comigo, venha ler alguma coisa da Bíblia.” Este homem passara toda a sua vida sem o temor de Deus, e ele não se achava preparado para a morte.


O imediato indicou ao cozinheiro, a quem ele sempre vira com uma Bíblia na mão. Ele foi chamar o cozinheiro; e lhe disse: “– William, pegue a sua Bíblia e venha comigo. O capitão está precisando de você, quer que  você ore e leia a Bíblia com ele, porque ele tem poucos dias de vida.” E então aquele jovem se achegou perto do capitão. E então começou a ler.


No início não sabia o que ler, mas depois selecionou este texto. E começou a ler aqui em Isaías 53:1, até que chegou ao versículo 5. E ele disse: “– Capitão, o senhor gostaria que eu lesse este versículo exatamente como a minha mãe me ensinou a ler?”  “Sim, sim, tenha a bondade, leia como a sua mãe ensinou a ler o texto.”


Então ele leu e colocou aqui o seu nome, então disse: “Mas ele foi traspassado pelas transgressões de William Platt e moído pelas iniqüidades de William Platt; o castigo que traz a paz a William Platt estava sobre ele, e pelas suas pisaduras William Platt foi sarado.”


E neste momento o capitão já estava sentado, erguido do leito e disse: “– Meu jovem, ponha o nome do capitão nesse texto.”  E ele leu: “Mas ele foi traspassado pelas transgressões de João Clout e moído pelas iniqüidades de João Clout; o castigo que traz a paz a João Clout estava sobre ele, e pelas suas pisaduras João Clout foi sarado.”


Neste momento o homem experimentou uma paz, uma tranqüilidade interior. Poucos dias mais tarde ele morria; mas antes de morrer testificou que ele estava em paz, que ele estava pronto para morrer.


Você também gostaria de colocar o seu nome nesse texto de Isaías (53:5)? Você está dando valor ao que Cristo fez por você? Pela Sua redenção através da propiciação? Pelo Seu sangue derramado na cruz em seu lugar? Se você realmente quer se salvar, então tem que dar valor a estas coisas. Aplique isso a sua vida. Apegue-se a Jesus Cristo completamente pela sua fé, exerça fé em Jesus. Comece a glorificar o nome de Deus, a louvá-Lo, a adorá-Lo com toda a sinceridade. E então a sua vida será mudada e transformada completamente, em forma radical.


Pr. Roberto Biagini.Via Sétimo Dia

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Poder da Graça de Deus

1- Quero falar, hoje, sobre o maior poder do Universo.


2- Não é sobre a bomba de Hidrogênio.


3- Sabe qual é o maior poder que existe em todo o Universo?


Vamos ler sobre esse poder em Tito 2:11-14: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”


I – A GRAÇA DE DEUS É UM PODER SALVADOR


A graça “se manifestou”. Foi revelada.


Antes, ela estava oculta: nem os anjos do Céu conheciam essa graça. Isso era um mistério desconhecido, sem ser necessitada.


Agora, ela se manifestou na plenitude dos tempos, exatamente como foi previsto por Deus.


De que modo ela se manifestou? Note a próxima expressão:


A graça se manifestou “salvadora”.


A graça nos salva do pecado: Pecado é violação da Lei de Deus.


A graça nos salva da iniqüidade: Falta de justiça, de eqüidade.


A graça nos salva da transgressão: Desobediência.


A graça nos salva de toda sorte de pecado: maldade, vício, perversidade, rebelião, concupiscência, lascívia, impiedade e incredulidade. Não existe pecado do qual a graça não nos salve.


A graça se manifestou salvadora “a todos os homens”.


[1] Como pode ser isso? Será que todos os homens já estão salvos? Não é Universalismo? Universalismo é a doutrina que ensina que Deus é tão bom que no final Ele salvará a toda a humanidade, e que ninguém precisa se preocupar com tudo isto.


[2] Paulo não é universalista. Ele diz que todos os homens já estão salvos pelo que Cristo fez na Cruz do Calvário. Na Cruz, Ele salvou a toda a humanidade, Ele garantiu a libertação para todos. Na cruz, “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”. Todos os homens foram considerados livres naquele momento. Mas como?


[3] Judicialmente. No passado, Deus em Cristo salvou a toda a humanidade na Cruz. Era uma libertação judicial, um decreto.


[4] Isto significa que todos estão livres do pecado, mas apenas judicialmente. JC pagou o preço e libertou a todos. Mas embora houvesse uma declaração judicial de libertação na Cruz, nem todos estão salvos.


[5] Por ex.: A 13 maio de 1888, o governo baixou um decreto, abolindo a Escravatura, libertando a todos os escravos no Brasil. Todos eram livres a partir de então, mas muitos não se sentiam livres e continuaram ligados aos seus donos, e continuaram escravos, embora já fossem livres.


[6] Não é maravilhoso isto? A graça de Deus fez isto!


[7] Portanto, “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” E isso explica a predestinação: – Todos os que aceitarem a graça, são predestinados para a salvação.


Portanto, você já está salvo.


[1] Como posso dizer isso? É a verdade do texto.


[2] “Todos os homens” – Todos já foram salvos. Toda a humanidade. Salvos pela Cruz.


[3] Inclusive você.


Se você ainda não se sente salvo:


[1] Aqui está a maior notícia: a graça de Deus é um poder salvador.


[2] As obras humanas não salvam: – por mais que nos esforcemos em guardar leis e regulamentos, não poderemos nos salvar através de nossas obras humanas.


[3] Não temos méritos em nós para a salvação: – dentro de nós não existe nada que nos possa ajudar. Estamos completamente desamparados neste sentido. Os livros espíritas de auto-ajuda querem nos convencer de que dentro de nós temos poderes infinitos. Não acredite; é mentira.


[4] Unicamente a graça pode salvar:


Certa vez, um pastor dirigiu uma reunião em determinado local nos Estados Unidos, e se aproximou um jovem e lhe fez a seguinte pergunta:


“- Pastor, o que eu devo fazer para me salvar?” “- Tarde demais!’, disse o ministro. “- Mas como? Deve haver ainda alguma esperança para mim!” “- Tarde demais!”, respondeu o ministro. “- Pastor, eu sei que eu fui um grande pecador. Mas será que eu estou perdido mesmo? Eu só queria saber o que eu devo fazer para me salvar!” “- Tarde demais! Você não pode fazer mais nada, porque tudo o que era preciso para você se salvar, Jesus Cristo já fez na Cruz do Calvário!”, disse o pastor com toda a sabedoria. “- Você só tem que aceitar o que Cristo fez”.


II – A GRAÇA DE DEUS É UM PODER EDUCADOR


Há aqui 3 verbos importantes:


1- Renegar (Renunciar)


[1] Temos que Renegar a Impiedade. O que significa isto?


Impiedade é falta de religião e de relacionamento com Deus.


Impiedade é a base de todo os pecados.


A humanidade está perdida por causa da impiedade.


Impiedade é desprezo de Deus. É ignorar ao Senhor.


É completa indiferença para com o Criador.


É o maior pecado de omissão e negligência que pode ser cometido para a própria perdição humana.


Os cristãos renegam, renunciam a impiedade.


[2] Temos que Renegar as Paixões. O que são Paixões? Paixão é um desejo forte.


Todos temos paixões, impulsos, porque fomos criados assim. Mas aqui são mencionadas ‘paixões mundanas”, ou seja as paixões pecaminosas que são praticadas pelo mundo de ímpios.


Estas são todas as obras da carne que começam nos pensamentos da natureza pecaminosa do homem.


Este é o resultado da impiedade. Quando homens e mulheres praticam a impiedade, fatalmente caem nos seus desejos pecaminosos das paixões mundanas.


Os cristãos sinceros renegam, renunciam as paixões mundanas. A graça nos educa a renunciar as paixões.


2- Viver – é o outro verbo


De que modo? Há aqui 3 características do nosso modo de viver:


[1] sensatamente. Precisamos de sensatez, sabedoria. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Se precisamos de sabedoria para viver, então, devemos possuir o temor de Deus diante dos nossos olhos.


[2] justamente. A nossa vida deve ser justa, devemos praticar a justiça. Não basta fazermos profissão; temos que ser justos.


[3] piedosamente. A 3º característica de nossa vida, como salvos pela graça de Deus, é a piedade; vivemos piedosamente. Agora, se impiedade significa viver sem religião, piedade significa o contrário: vamos viver à luz da presença de Deus, vamos estar sempre em comunhão com Deus, vamos ser verdadeiros e sinceros com o nosso Deus.


3- Aguardar – é o 3º verbo do poder educador da graça


Como podemos viver esta vida sensata, justa e piedosamente? Aguardando a Vinda de Jesus. Quando fazemos isto, não temos razões para nos desviar.


Como é chamada a Volta de Jesus?


[1] bendita esperança – Temos muitas esperanças como cristãos. Mas esta é a suprema esperança, a esperança das esperanças, a bem-aventurada esperança, a esperança que consuma todas as outras.


[2] manifestação da glória – a graça nos indica a glória.


Nós estamos aguardando aquele dia de glória quando veremos a glória de Jesus Cristo.


Será o maior acontecimento da História.


Ele não somente manifestou a sua graça, mas ainda manifestará a Sua glória.


A glória será dada a todos os que aceitaram a graça.


Como é chamado Aquele que está vindo em glória?


[3] grande Deus e Salvador – esta é uma das mais importantes declarações do apóstolo Paulo, porque afirma plenamente a Divindade de Jesus Cristo, a Sua grandeza e majestade.


Precisamos nos firmar nesta doutrina, porque justamente nestes últimos dias muitos estão negando que Jesus é Deus em seu sentido absoluto e pleno. Anote este verso.


Mas o apóstolo não deixa margem para dúvidas: Jesus Cristo é o grande Deus que nos tem dado a Sua graça maravilhosa.


Ele é o grande Deus e Salvador que virá para nos buscar em sua 2ª vinda.


Aqui temos 2 tremendas afirmações: (1)- Ele é Deus no mais pleno sentido, e (2)- Seu retorno a este planeta será o grande clímax da História.


III – A GRAÇA DE DEUS É UM PODER REDENTOR


1- A graça indica o tipo do Sacrifício de Jesus.


[1] Ele Se deu a Si mesmo por nós. O sacrifício de Cristo não foi um ato arbitrário do Pai. Cristo deu-se a Si mesmo por nós, como um sacrifício voluntário para ser o nosso Salvador. Ele Se entregou voluntariamente para morrer por nós.


[2] Ele fez um Sacrifício Vicário. A morte de Cristo foi vicária ou substitutiva, ou seja, Ele nos substituiu na morte: nós deveríamos morrer, mas Ele morreu em nosso lugar.


2- A graça indica o Propósito do Sacrifício:


[1] Remir-nos de toda a iniqüidade.


Isto significa libertar-nos de toda a iniqüidade ou pecado.


Você ainda se acha preso ou escravizado por algum pecado? O sacrifício de Jesus tem o objetivo de libertar-nos. O sangue de Cristo nos liberta de todo o pecado.


Ademais, o Espírito Santo completa a obra de Cristo, purificando a nossa natureza pecaminosa, quando nós consentimos nisso. Você consente em que o Espírito Santo faça isso? Ou você resiste aos Seus apelos?


[2] Purificar um povo especial (pelo Sangue de Jesus)


Exclusivamente Seu. Somos de Deus. Pertencemos a Deus. Ele nos criou, Ele nos redimiu, Ele nos purificou, Ele nos sustenta. Portanto, somos Seus, de modo exclusivo. Satanás não tem nada mais a dizer.


Zeloso de boas obras. Aqui está o equilíbrio exato da mensagem de Paulo: Embora as obras não tem poder de nos salvar, somos purificados a fim de produzir boas obras como o fruto da salvação pela graça.


APELO


[1] Um pastor caminhava pelas avenidas de um grande cemitério contemplando os formosos jardins e tumbas com seus epitáfios e esculturas, quando de repente se encontrou com um homem de joelhos diante duma tumba e chorando emocionadamente.


Querendo consolar o homem que ali se encontrava, aproximou-se e lhe perguntou:


É sua esposa que jaz aqui? – Não senhor – respondeu.


Sua filha? – Não senhor.


Por acaso será um de seus filhos? – Não senhor, foi ainda a resposta.


De quem então são os restos que aqui descansam? – insistiu o ministro. O homem se levantou e respondeu:


Aqui jazem os restos do homem que morreu por mim.


Como sucedeu isso?


– Quando a guerra civil estava em seu auge, fui chamado às fileiras. Na noite anterior à minha partida, estava assentado com minha esposa que chorava e meus 4 filhos pequenos ao redor da mesa. Aconselhava-lhes como deviam viver se eu caísse morto nos campos de batalha. Suplicava aos meus filhos que fossem respeitosos com sua mãe, portando-se como filhos dignos do nome de seu pai.


Assim, enquanto todos chorávamos de emoção, entristecidos pela partida que se aproximava, alguém chamou à porta. Era meu vizinho, que ao entrar nos disse o seguinte:


– Amigo, soube que amanhã você deve se alistar no exército para participar da guerra civil. Pensando nisto cheguei à conclusão de que sua esposa e seus filhos necessitam de você.


Eu não fui chamado, porém sou solteiro; a única pessoa que depende de mim, é minha mãe idosa. Irei em seu lugar e sob o seu nome. Somente lhe peço que você cuide de minha mãe como se fora a sua própria, e que se eu cair para sempre nos campos de luta, você cuide dela até o fim de seus dias.


– Eu aceitei a proposta. No dia seguinte este meu vizinho se apresentou no exército como meu substituto, e duas semanas depois caiu mortalmente ferido num combate. Aqui está sepultado o homem que morreu em meu lugar, e por isto estou chorando agradecido em sua tumba. Ele morreu em meu lugar.


Você também gostaria de ser mais agradecido pelo sacrifício de Jesus Cristo e por Sua graça?


[2] Não deixe a sua salvação para amanhã.


[3] Busque a graça de Deus, através de Jesus Cristo.


[4] Prepare-se para a Volta do nosso Senhor Jesus.


Pr. Roberto Biagini.Via Sétimo Dia

domingo, 6 de novembro de 2011

A superioridade da promessa

Os oponentes de Paulo acreditavam que a lei fosse “uma espécie de programa para ‘conseguir’ a salvação” (Lição de Adultos, terça-feira). Ao obedecer à lei de Deus, a pessoa seria justificada – isto é, teria o perdão dos pecados, seria aceita por Deus e passaria a fazer parte de Seu povo.

Em Gálatas 3, Paulo argumenta que o único meio de se alcançar a justificação é pela fé em Cristo. Abraão foi justificado por meio da fé, e não da obediência à lei (v. 6), e o mesmo acontece conosco (v. 7-9). A condição para se tornar “filho de Abraão” (v. 7) e receber a bênção de salvação prometida a ele (v. 14) é ter a mesma fé que Abraão teve.
 
 A proclamação da lei no Sinai não anulou a promessa que Deus fez a Abraão. O objetivo da lei não era acrescentar condições para que a promessa fosse cumprida. A condição continuou a ser apenas a fé. A lei foi dada de forma escrita e em meio à terrível solenidade do Sinai por causa da apostasia dos israelitas no Egito. Os oponentes de Paulo acreditavam que o propósito da lei era justificar, ou seja, trazer o livramento da condenação pelo pecado. Paulo explicou que o propósito da lei era mostrar com suficiente clareza a gravidade do estado pecaminoso dos israelitas e fazê-los ansiar pela vinda do Salvador prometido.
 
A promessa é superior à lei
Em Gálatas 3:15-18, Paulo mostrou que a aliança feita por Deus com Abraão não pôde ser alterada (v. 15, 17). Para provar isso, ele argumentou que mesmo as alianças entre seres humanos não podem ser quebradas (cf. Gn 31:44, 45; 1Sm 20:8; 2Sm 3:12). Quanto mais uma aliança feita pelo próprio Deus! Se Deus prometeu que, por meio de Abraão, as pessoas seriam justificadas pela fé (v. 8, 9), essa condição nunca poderia ser mudada. A “herança” da salvação eterna (cf. Rm 4:13) foi concedida a Abraão “gratuitamente” (Gl 3:18), e não por algo que ele tivesse feito.

O argumento de Paulo é que a promessa feita a Abraão é superior à lei por três razões:

1. A promessa foi feita muito tempo (430 anos) antes que a lei fosse proclamada no Sinai (Gl 3 v. 17). Essa promessa é uma aliança, e, portanto, não pode ser alterada. Nada que viesse depois dela poderia mudar ou acrescentar algo nas condições para a sua realização (v. 15).

2. A lei não foi dada no Sinai com o objetivo de ser um meio de justificação, mas “por causa das transgressões” dos israelitas (v. 19). 

3. Ao fazer a promessa, Deus falou diretamente a Abraão. Mas, ao dar a lei, Deus o fez por intermediários (v. 19, 20): Moisés (Dt 5:5) e os anjos (At 7:38; Hb 2:2).
 
“Por que, então, a lei?”
A questão é óbvia: “Por que, então, a lei?” (Gl 3:19, Bíblia de Jerusalém). Se a lei não era uma condição adicional para que as pessoas alcançassem a promessa de salvação feita a Abraão, por que a lei foi proclamada no Sinai? 
Paulo responde que a lei “foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o Descendente [Cristo] a quem se referia a promessa.” À primeira vista, Paulo está dizendo que a lei surgiu no tempo de Moisés (“foi acrescentada”) e existiu somente até a primeira vinda de Cristo (“até que”). Seria esse o sentido do texto?

Estudiosos dizem que “Gálatas 3:19-25 é o ponto central da resposta de Paulo aos problemas na Galácia”.1 Portanto, em certo sentido, é o texto mais importante para entender a carta aos gálatas. Estudaremos esses versículos nesta e na próxima semana.
 
1. A lei foi “acrescentada” no Sinai
Paulo diz que a lei veio 430 anos após a promessa feita por Deus a Abraão (v. 17) e que ela foi “acrescentada” no tempo de Moisés (v. 19). O que ele quis dizer com isso? A lei já não existia antes de ser proclamada no Sinai?

Como adventistas, enfatizamos que a lei é eterna como Deus, porque é a transcrição de Seu caráter. Isso está correto, de outra forma o pecado não teria existido antes de Moisés (Rm 5:12; 2Pe 2:4), porque “pecado é a transgressão da lei” (1Jo 3:4; veja Rm 4:15). Abraão, por exemplo, já guardava a lei de Deus (Gn 17:1, 9; 18:19; 25:6). O livro de Gênesis mostra que os mandamentos que se tornariam parte do Decálogo, inclusive o sábado (Gn 2:2, 3; cf. Êx 16:22-30), já eram obedecidos pelo povo de Deus.2

Antes de ser proclamada no Sinai, a lei de Deus existia de forma oral e assim era passada de geração a geração. Ellen G. White afirma: “O conhecimento da lei de Deus e do plano da salvação foi transmitido a Adão e Eva pelo próprio Cristo. Eles guardaram cuidadosamente o importante conteúdo, transmitindo-o verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim foi preservado o conhecimento da lei de Deus.”3 Portanto, somente no tempo de Moisés a lei passou a existir de forma escrita. Logo abaixo entenderemos por que ocorreu essa mudança no formato da lei.

A lei, portanto, já existia como revelação da vontade de Deus. Então, em que sentido a lei foi “acrescentada” no Sinai? Vejamos o que o apóstolo diz a seguir:
 
2. A lei foi “acrescentada por causa das transgressões”
Os israelitas haviam passado algum tempo no Egito. Lá, tiveram contato com o paganismo grosseiro e generalizado, além de experimentarem uma escravidão bárbara e cruel. Tudo isso eliminou quase que completamente a sensibilidade espiritual do povo, levando-o a uma apostasia profunda e indescritível.

A tradição judaica destaca uma grande ironia ocorrida no Monte Sinai: imediatamente depois que a lei foi proclamada (Êx 20) e enquanto Moisés esteve no Sinai (Êx 21-31), os israelitas já estavam transgredindo os primeiros mandamentos da lei (Êx 32). Eles construíram um bezerro de ouro, entregando-se à idolatria, imoralidade e orgia. Os israelitas ainda não estavam totalmente livres da apostasia que haviam experimentado no Egito.

O capítulo “A lei e os concertos”, do livro Patriarcas e Profetas, apresenta de forma clara e profunda várias ideias centrais da carta aos gálatas. O seguinte trecho discute exatamente o versículo que estamos estudando:

“Se a aliança com Abraão continha a promessa da redenção, por que outra aliança foi formada no Sinai? Em seu cativeiro, os israelitas em grande parte perderam o conhecimento de Deus e os princípios da aliança feita com Abraão. Libertando-os do Egito, Deus queria revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a fim de que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. [...]

“Havia, porém, uma verdade ainda maior a ser gravada na mente deles. Vivendo em meio de idolatria e corrupção, não tinham uma compreensão verdadeira da santidade de Deus, da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, de sua completa incapacidade para, por si mesmos, obedecer à lei de Deus, e de sua necessidade de um Salvador. Tudo isso deveria ser-lhes ensinado. [...]

“Se os descendentes de Abraão tivessem guardado a aliança [feita com esse patriarca], da qual a circuncisão era um sinal, nunca teriam sido induzidos à idolatria; tampouco lhes teria sido necessário sofrer a vida de cativeiro no Egito. Teriam mantido na mente a lei de Deus, e não teria havido necessidade de que ela fosse proclamada no Sinai, nem gravada em tábuas de pedra. [...]

“Mesmo então [Deus] não confiou Seus preceitos à memória de um povo tão propenso a esquecer Seus mandamentos, mas os escreveu em tábuas de pedra. Queria remover de Israel toda a possibilidade de misturar tradições pagãs com Seus santos preceitos, ou de confundir Seus mandamentos com ordenanças e costumes humanos.”4

Os oponentes de Paulo acreditavam que o propósito da lei era justificar, ou seja, trazer o livramento da condenação pelo pecado. Mas, em Gálatas 3:19, Paulo explicou que a lei não tinha o objetivo de mudar nada do que Deus havia dito a Abraão. Ela foi “acrescentada por causa das transgressões” dos israelitas. Ou seja, a lei foi dada de forma escrita (em tábuas de pedra) e em meio à terrível solenidade do Sinai por causa da apostasia do povo no Egito. O propósito da lei era mostrar com suficiente clareza a gravidade do estado pecaminoso dos israelitas e fazê-los ansiar pela vinda do Salvador prometido.
 
3. A lei foi “acrescentada... até que viesse o Descendente”
Os cristãos em geral dizem que a lei foi abolida na cruz. Nós, adventistas, dizemos que a lei não pode ser abolida, e temos razões bíblicas para pensar assim. De acordo com Paulo, porém, alguma coisa aconteceu com a lei quando Cristo veio. Isso é o que veremos na próxima semana. Essa parte de Gálatas 3:19 pode ser mais bem entendida quando estudada com os versículos 21-25.
 
Aplicações práticas

1. As promessas de Deus são totalmente confiáveis – Todos nós já quebramos promessas. É difícil confiar numa pessoa que não cumpre o que promete, porque a confiança é a base de todo relacionamento. Felizmente, Deus sempre cumpre tudo que promete. Ele não é instável, dizendo algo, e depois mudando de ideia (Hb 6:17, 18). Por isso, o Senhor é digno de plena confiança. Um grande exemplo disso é a promessa que fez a Abraão e a todos os salvos (Gl 3:18).
 
2. Precisamos meditar constantemente nas promessas de Deus – A promessa feita por Deus a Abraão é um dos temas centrais de Gálatas (Gl 3:14, 17-19, 22, 29; 4:23, 28). Isso nos mostra como as promessas de Deus são importantes. Ellen G. White dá um conselho precioso: “A estrada real construída para que os redimidos andem nela não se constitui de trevas desanimadoras. Na verdade, nossa caminhada seria solitária e difícil se não fosse Jesus. ‘Não vos deixarei órfãos’, Ele disse (Jo 14:18). Portanto, juntemos todas as promessas registradas [na Bíblia]. Repitamo-las dia a dia e nelas meditemos no silêncio da noite, e sejamos felizes.”5
 
3. Não precisamos nos desesperar por causa de nossas promessas quebradas – “As promessas e resoluções feitas por você são como palavras escritas na areia. [...] O conhecimento de suas promessas violadas e dos votos não cumpridos enfraquece a confiança em sua própria sinceridade, levando-o a imaginar que Deus não pode aceitá-lo. Mas você não precisa se desesperar. O que você deve compreender é o verdadeiro poder da vontade. [...] Você não pode mudar seu coração, não pode por si mesmo entregar a Deus as suas afeições; mas pode escolher servi-Lo. Pode dar-Lhe sua vontade; então Ele realizará em você o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade.”6
 
4. É fundamental perceber a gravidade do pecado – Muitos cristãos imaginam que precisamos apenas falar sobre o amor de Deus e Sua vontade, mas evitar mencionar a gravidade do pecado. Porém, só podemos dar valor suficiente ao remédio quando percebemos a seriedade da doença. Quando uma pessoa está com uma doença grave, como o câncer, fará todo o possível para ser curada. 
Antes de apresentar as boas-novas da salvação em Jesus, Paulo sempre enfatizava o quanto é terrível o pecado (Rm 1-3; Gl 3:10-14, 19-25). De acordo com a Bíblia, o pecado não se limita a meros atos ou pensamentos. Ele é um poder que faz parte da natureza humana e todos nascemos com ele (Sl 51:5; Rm 7:14-25; 8:3; Ef 2:3). Todos são escravizados por esse poder, e não podem se livrar dele por si mesmos.

Ao comentar Gálatas 3:19 (que estudamos acima), o teólogo adventista Wilson Paroschi afirma: “Uma vaga percepção do fato de que nem tudo vai bem com o homem não o impelirá ao Salvador. Somente quando compreende que seus pecados são transgressões da lei dAquele que também é o seu Juiz (Jr 11:20) e cuja santidade não pode tolerar um único pecado sequer (Hc 1:13), é que ele, ao ser esse conhecimento aplicado ao seu coração pelo Espírito Santo (Jo 16:8), clamará por livramento. E era exatamente isso o que Deus esperava que acontecesse” com os israelitas no Monte Sinai.7
Fontes:
1. Richard N. Longenecker, Galatians, Word Biblical Commentary, v. 41 (Dallas, TX: Thomas Nelson, 1990), p. 137.
2. Veja Jo Ann Davidson, “The Decalogue Predates Mount Sinai: Indicators from the Book of Genesis”, Journal of the Adventist Theological Society, ano 19, nº 1-2 (2008), p 61-81, disponível em http://www.atsjats.org/publication_file.php?pub_id=337&journal=1&type=doc
3. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 230.
4. Idem, Patriarcas e Profetas, p. 371, 364 (ênfase acrescentada).
5. Idem, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 244.
6. Idem, Caminho a Cristo, p. 47.
7. Wilson Paroschi, Só Jesus: Porque em nenhum outro há salvação (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 75.
“A chave de Gálatas”
Esse quadro resume o que Paulo escreveu a respeito da lei de Deus, principalmente em Gálatas.
O sacrifício de Jesus forneceu poder adicional para que a lei de Deus fosse obedecida. Não ocorreu mudança alguma no conteúdo da lei.
·    O cristão cumpre toda a lei (Gl 5:13, 14; Rm 13:8-10).
·    Vive em harmonia com a lei (Gl 5:22, 23).
·    Cumpre a lei de Cristo (Gl 6:2).
·    A fé não anula, mas confirma a lei (Rm 3:31).
·    Cristo morreu para tornar possível a obediência à lei (Rm 8:4).
·    Deus escreve em nosso coração Sua lei (Hb 8:10; 10:16).
·    A lei revela a vontade de Deus (Rm 13:9; 1Co 10:14; Ef 6:1-3).

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