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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Uma Melhor Tradução de Romanos 1:17b

A tradução de Almeida – Edição Revista e Corrigida – apresenta: “Mas o justo viverá da fé”; enquanto na Revista e Atualizada no Brasil aparece “O justo viverá por fé”.
Estudos recentes, feitos por ilustres exegetas, baseados na Teologia Paulina e em considerações específicas sobre a epístola aos Romanos têm sugerido que uma melhor tradução seria: O justificado pela fé, viverá.
Em grego encontramos: o dé díkaios ek pisteos dzésetai.
O problema com o texto grego é o seguinte: ele pode ser lido de duas maneiras:
1ª) O justo / viverá pela fé.
2ª) O justo pela fé / viverá, ou o que for justificado pela fé, viverá,
Em outras palavras: a expressão – ek pisteos (pela fé) pode ligar-se ao verbo dzesetai (viverá) ou com o dikaios (o justo) apresentando em cada caso um sentido diferente.
É bastante conhecido o fato de que os primitivos manuscritos não possuíam pontuação alguma, e ao ser esta colocada a passagem poderia ser lida com sentido bem diferente ao ser alterada a sua pontuação. Esta afirmação pode ser comprovada com estes exemplos e com muitos outros que poderiam ser alistados.
Ressuscitou, não está aqui.
Ressuscitou? não, está aqui.
A voz daquele que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor.
A voz daquele que clama: no deserto preparai o caminho do Senhor.
Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso.
Em última análise, o problema de Rom. 1:17 segunda parte, é também um problema de pontuação como é facilmente deduzível.
Sabemos que a citação de Rom. 1:17 é tirada de Habacuque 2:4, mas que aparece na Septuaginta da seguinte maneira:
o dé díkaios ek pisteos mou dzésetai – O justo pela minha fé viverá.
A teologia de Paulo nos afiança de que o homem justificado pela fé é o único que possui vida. Ele insiste na tecla de que a lei não pode dar vida, porque esta vem unicamente de Cristo, recebida através da fé, O grande tema da epístola aos Romanos pode ser sintetizado nesta frase: O pecado conduz à morte; a justificação conduz à vida (Rom. 5:17, 21; 8:10).
Os escritores do Velho Testamento criam que a justificação vinha através da observância da lei: Lev. 18:5; Hab. 2:4, mas Paulo nos ensinou que a justificação vem através da fé em Cristo. A lei só poderia doar vida se o homem pudesse por si mesmo cumprir todos os seus requisitos, porém, isto não é possível.
O estudioso Anders Nygren em seu Commentary on Romans, página 86, afirma que a ênfase na primeira parte da epístola aos Romanos está na palavra fé, através da qual vem a justificação. Nos primeiros 4 capítulos – pistis ou o verbo pisteuo aparecem pelo menos 25 vezes, enquanto vida – dzoê, é usada 2 vezes. Em oposição nos 4 capítulos seguintes pistis (fé) é usada 2 vezes e dzoê – 25. Assim sendo nos primeiros quatro capítulos predomina a justificação pela fé, mas nos capítulos cinco a oito Paulo enfatiza a vida vitoriosa em Cristo ou a santificação.
Estudiosos sustentam que Paulo ao citar Habacuque, ele não queria dizer “viver pela fé”, mas “ser justificado pela fé” ou sendo “justificação pela fé” é a condição necessária para alcançar vida.
Rudolf Bultmann, Theology of the New Testament, pág. 270 diz:
“Se o homem, antes da fé, é um homem caído no poder da morte, o homem sob a fé é o homem que recebe vida. A passagem paralela de Rom. 5:1 – dikaiwyentev ek pistewvdikaiothentes ek písteos – justificados pela fé, nos confirma que esta será uma melhor tradução em Rom. 1:17.
Estudiosos profundos dos problemas exegéticos e de tradução, como Lange, Beza, Meyer e Dr. Benedito de Paula Bittencourt ligam “pisteos” com “dikaios” dando-lhe a seguinte tradução: “O homem que é justificado pela fé – viverá.”
A prova de que estas afirmações são procedentes se encontra nas abalizadas traduções: Nygren, Beza, RSV, NEB, O Novo Testamento na Linguagem de Hoje.
Texto extraído da Apostila de Pedro Apolinário em Explicação de Textos Difíceis da Bíblia

domingo, 23 de outubro de 2011

Sinopses sobre Justificação e Santificação pela Fé

JUSTIFICAÇÃO
Lutero, antes de conhecer a justificação pela fé, não entendia como Deus poderia salvá-lo em Sua Justiça, sendo que entendia que justiça é dar a pessoa o que ela merece.
Justificação forense é ser declarado legalmente justo.
Imaginem que vocês tenham uma conta bancária em que está negativa em R$200.000,00, e não tendo como pagar.
Então imaginem que um milionário liga para seu banco e diz que quer unir a conta dele com a sua, ou seja, abrir uma conta conjunta.
O que pertence a ele passa a pertencer também a você. É creditado, transferido para sua conta. E então a sua dívida é coberta pela imensa fortuna deste milionário. Como o gerente trataria agora você? Trataria como um milionário. Isto é imputação.
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. (II Coríntios 5:21).


Na cruz Cristo tomou nosso lugar, ele foi declarado, atribuído, imputado, de forma forense os nossos pecados. Pecado sobre Ele, mas não nEle.


Da mesma forma nós somos com Sua justiça declarados justos. Você passa a ter justiça sobre você, mas não em você.


Somos declarados justos da mesma forma que Cristo foi declarado pecado. E isso é a Graça de Deus, um favor imerecido.


O fundamento da justificação é a graça de Deus, e não a fé: a fé em si, é apenas o instrumento, o meio, pelo qual nos apropriamos da (recebemos a) graça.


Corremos o risco muitas vezes de fazer da fé, outro tipo de obras. Esta questão fica clara quando é lido o texto “Porque pela graça sois salvos, mediante [através] a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Efésios 2:8).


“Mediante a fé, recebemos a graça de Deus; mas a fé não é nosso Salvador. Ela não obtém nada. É a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus méritos, o remédio contra o pecado. E nem sequer nos podemos arrepender sem o auxílio do Espírito de Deus. Diz a Escritura de Cristo: "Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados." Atos 5:31. O arrependimento vem de Cristo, tão seguramente como vem o perdão” (Desejado de Todas as Nações, pág. 175).


A fé não é auto-gerada, você não a produz; ter fé é como se apaixonar; você se apaixona não devido a sua habilidade de produzir amor, mas devido à habilidade da outra pessoa de despertar amor em você. Da mesma forma a fé é baseada na habilidade de Cristo despertar fé em você.


A fé não é contra as obras, no ensino dos apóstolos, ela é somente contra quando obras se tornam um método de salvação, criando uma forma de competição com Cristo.


Quando nós estamos doentes, esperamos melhorar quanto para ir ao médico? Acaso não vamos até ele doentes? E os doentes (físicos e espirituais) que encontraram Jesus, eles continuaram doentes?


Santificação
Santificação é o resultado da justificação. Justificação não depende da santificação, mas a santificação depende da justificação. Logo elas não devem ser confundidas, mas também não devem ser separadas.
Justificação é aceitação da obra de Cristo por mim; santificação, em mim.
Uma é a raiz, a outra o fruto.
Uma é fundamento de nossa paz, a outra é base da nossa pureza
Uma é remoção da culpa do pecado, a outra é a remoção do poder do pecado
Uma é a justiça imputada, a outra é a justiça comunicada.
Uma é o nosso título para o céu, a outra nossa adequação para o Céu.
Uma tem haver com Cristo como Nosso Substituto, a outra como Nosso Exemplo, Modelo. 
Uma árvore não produz frutos para provar que está viva, ela produz frutos por que está viva.
O significado de santificação é separar para uso particular, especial. Separação do pecado.
Nós não vencemos como Cristo venceu, mas vencemos porque Ele venceu.
Nossa luta, nossa dedicação, fervor, surgem da gratidão, da vontade de agradá-Lo, cumprindo a vontade de Deus em nós.
A forma que os perfeccionistas consideram a Cristo, apenas como um modelo, e não um substituto também, simplesmente se torna algo frustrante, pois quando está se alcançando o ideal, ele se reprojeta para mais longe.
Nunca chegaremos a um estágio aqui nesta terra, que não nos seja necessário dizer: Pai Nosso, perdoa as nossas dívidas...
Na santificação, obra de uma vida toda, não estamos avançando para a santidade, como fosse um alvo a ser atingido, na verdade estamos avançamos em santidade.
Em busca da perfeição, não nos tornamos cada vez mais independentes de Cristo, por termos nos tornados (pretensamente) mais fortes espiritualmente, mas a santificação verdadeira é você tomar consciência crescente de que você depende de Cristo.
Um menino estava visitando um monumento em Washington, um enorme obelisco branco de granito e mármore de 170 metros de altura, o menino impressionado, tira uma moeda de um quarto de dólar, 25 centavos, e diz: - pai eu gostaria de comprar esse monumento.
O pai em solidariedade diz: - vá conversar com o guarda do parque e fale de seu plano.
O garoto vai ao guarda e diz, tirando novamente do bolso sua moeda brilhante de 25 centavos:
- Eu gostaria de comprar!
O guarda passa a mão sobre a cabeça do garoto e diz:
- filho, primeiro, não está à venda, em segundo lugar, o seu dinheiro não é o suficiente para comprá-lo, e em terceiro lugar, como americano, já é seu.
A salvação é assim, não está à venda, não poderíamos comprá-la, mas se você está em Cristo ela já pertence a você. Pela graça de Deus a salvação é sua.
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Via Arauto do Advento

domingo, 2 de outubro de 2011

Que Fazer com o Sentimento de Culpa?

De todos os conflitos emocionais que atribulam o coração, um dos mais generalizados e mais difíceis de superar é o sentimento de culpa. Este nasce da consciência e convicção que tem o homem de sua própria pecaminosidade.
O sentimento de culpa é uma convicção natural que surge como consequência de nossas próprias faltas. É uma consequência do pecado; desse mesmo pecado que nos separa de Deus, nos entristece, e é capaz de conduzir-nos ao desespero e à ruína, se não for aplicado o grande remédio. Por outro lado, há uma forma – e uma só – de terminar com o sentimento de culpa: é a que veremos a seguir neste estudo.
O rei Davi depois de haver caído numa grave falta moral, expressou a angústia e abatimento que o dominavam, nestas significativas palavras: “Envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a Tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (Salmo 32:3-4). E logo acrescentou, numa sentida oração que dirigiu a Deus: “Não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da Tua salvação” (Salmo 51:11-12).
Por que perdera a alegria? Por que estava angustiado? Era o pecado que o desesperava. Era o sentimento de culpa, consequente da violação da lei de Deus, que o submergia nessa profunda tristeza. E rogava ao Senhor que não o privasse de Sua presença e que, graças ao maravilhoso remédio provido por Seu amor, lhe devolvesse a alegria dasalvação que dele fugira.
A condição de Davi é típica da experiência de milhares de homens e mulheres que em nossos dias vivem perplexos, oprimidos por um tremendo drama interior, angustiados por um problema para o qual não encontram solução satisfatória.
Que fazer, pois, com o sentimento de culpa?
A única esperança de reconquistar a paz e a felicidade é o retorno da alma a Deus, fonte única e suprema de toda felicidade. Porém, como o pecado abriu um abismo entre nós e nosso Criador, Cristo, com Sua vida de perfeita justiça e Sua morte expiatória, estendeu a ponte que nos permite o acesso a nosso Pai celestial.
Por meio de Jesus, e mercê de nossa fé nEle, conseguimos a reconciliação com Deus. Aceitando-O como nosso Salvador pessoal, como nosso Substituto que paga o preço de nossa redenção, e voltando-nos para Ele, entregando-Lhe nossa vida, recebemos como dom gratuito, outorgado pela graça do Senhor, a justificação.
Desejamos investigar agora na Palavra de Deus como se processa nosso encontro com Cristo; o que significa recorrer a Ele; o que nos induz a nEle depositar nossa fé.
Porque a fé é um princípio ativo que se traduz em ação. E nossa fé em Jesus, nossa aceitação do Seu sacrifício, nos leva a dar dois passos, que especificamente, tornam possível nossa justificação, eliminam o sentimento de culpa, e nos convertem em beneficiários do perdão de Deus e da paz que só Ele nos pode dar. Referimo-nos ao arrependimento e confissão.

O Arrependimento

O arrependimento é uma atitude da mente, um estado da alma, que constitui a primeira condição indispensável para que Cristo aplique em nossa vida Sua virtude curadora.
Quando São João Batista pregava a mensagem de reforma às margens do rio Jordão dizia: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus” (Mateus 3:2).
Na memorável ocasião em que São Pedro pregou de Cristo a uma vasta multidão, o dia de Pentecostes, os circunstantes, tomados de uma profunda convicção de sua pecaminosidade, exclamaram suplicantes: “Que faremos, irmãos?” O apóstolo respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados” (Atos 2:37-38).
Mais tarde, falando em Jerusalém, deu a mesma instrução fundamental: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (Atos 3:19).
No arrependimento verdadeiro que, juntamente com a confissão, cura a alma de sua culpabilidade e lhe devolve a paz, há três elementos básicos:
1) Reconhecimento do pecado, falta ou imperfeição do caráter.
2) Tristeza pelo pecado.
3) Repúdio, isto é, desejo de abandoná-lo.
Não é mero temor ao castigo ou terror em face das consequências do mal praticado, mas uma tristeza pelo pecado em si, mágoa por haver ofendido a nosso amante Pai celestial. O mero temor pelos possíveis resultados não proporciona alívio nem atrai o perdão e a salvação. Ao contrário, submerge a pessoa na angústia. Tal é o caso de Judas, cujo medo o levou ao desespero e ao suicídio. Tal também o caso de Esaú, que só quis livrar-se das consequências da profanação em que incorreu ao vender os benefícios espirituais da primogenitura por um prato de lentilhas. Porém seu falso arrependimento não o fez odiar o pecado e abandoná-lo, mas persistiu numa vida depravada.
O arrependimento salvador que, permite ao Senhor proporcionar à alma Sua graça redentora, é, por outro lado, resultado da obra do Espírito de Deus no coração. Uma das funções do Espírito Santo é, conforme explica São João, convencer o homem do seu pecado (João 16:8).
Cada vez que o ser humano sente uma leve insinuação que no íntimo de sua consciência o faz experimentar pesar por haver agido mal, ou pelos defeitos de seu caráter, pode estar seguro de que se trata da obra benéfica e poderosa do Espírito divino que o está guiando ao arrependimento. Portanto, ao indivíduo compete responder-Lhe, pois de outra sorte, desprezando-O com indiferença, contrista o Espírito Santo e endurece seu coração, tornando-o menos sensível a essa voz celestial que o chama (Efésios 4:30).
Em compensação, quando o coração não se endurece, mas reconhece sua necessidade de Deus, quando cede à suave influência do Espírito Santo, o pecador começa a compreender a santidade da lei divina, e sente o terror de aparecer tal como é, com sua impureza, à vista de Deus. Anela ser purificado e restituído à glória do Céu, e coloca-se em situação de permitir ao Senhor favorecê-lo com Sua graça perdoadora e purificadora.
Um coração orgulhoso, cheio de presunção, não vê suas debilidades nem percebe seus pecados, fecha as portas para a graça de Deus. Por outro lado, o arrependimento sincero, a convicção e reconhecimento da própria pecaminosidade, ensejam a benção e favor divinos.
Para ensinar esta grande verdade Jesus relatou a seguinte parábola: “Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê, propício a mim, pecador ! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado” (Lucas 18:10-14).
De fato, o reconhecimento de nossa premente necessidade, e a contrição do coração, constituem o maior argumento ante o trono do Altíssimo, para conseguir a justificação por meio de Cristo, e por conseguinte, o perdão e a paz.

A Confissão

Jesus disse uma vez aos fariseus: “Os sãos não precisam de médico” (Lucas 5:31). Na realidade, a Bíblia nos ensina que “não há justo, nem seque rum…pois todos pecaram” (Rom 3:10 e 23). Porém lamentavelmente há pessoas que pensam estar sãs, e assim impossibilitam a maravilhosa ação terapêutica de Cristo, o grande Médico do Céu. O melhor remédio nada fará pelo enfermo que não reconheça sua condição e esteja disposto a tomar o medicamento.
A confissão é o segundo passo que o homem dá para alcançar a justificação pela fé. O pecador, arrependido, humilhado e contrito, consciente de seu pecado, apresenta-se diante do Senhor, e exercendo fé no sacrifício de Cristo, confessa suas faltas e perde perdão.
A confissão é o complemento indispensável ao arrependimento, para obter a justificação pela fé. “O que encobre as suas transgressões” – dizem as Escrituras – “jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13).
Sendo assim, como se deve fazer a confissão? Infelizmente, nesta matéria, assim como em várias outras, o cristianismo popular, apartando-se do claro ensinamento da Bíblia e do único método propiciado pelas Escrituras e reconhecido por Deus, incorreu num grave equívoco.
Conforme as Escrituras, o grande Livro de Deus, base única de nossa fé, a confissão auricular é de todo ineficaz e inoperante, e ademais, a experiência dá testemunho de seus graves prejuízos e más consequências.
A Bíblia ensina que a confissão deve ser feita a deus, não a um homem. Lemos: “Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (Salmo 32:5). Note-se aqui que a confissão é feita “ao Senhor” e não a um ministro.
Como demonstração categórica de que nenhum ministro tem a faculdade de receber confissões e pronunciar a absolvição, e que estas funções pertencem exclusivamente a Deus, vemos o claro ensino do próprio apóstolo São Pedro, que, ao condenar uma vez o delito de simonia, disse ao culpado: “Arrepende-te, pois, da tua maldade, e roga ao Senhor; talvez que te seja perdoado o intento do coração” (Atos 8:22). São Pedro não se arrogava atribuições de perdoar ou absolver a este pecador, e o instruiu para que se arrependesse e elevasse sua confissão diretamente a Deus.
Graças a Deus não necessitamos ir com as intimidades de nossa vida a um ser humano, tão falível quanto nós, mas podemos recorrer diretamente a Cristo, que é nosso Sumo Sacerdote e nosso melhor amigo. O homem perverteu o plano de Deus para obter sua libertação do sentimento de culpa. A confissão auricular e a psicanálise são deformações, substitutos pobres e inoperantes do método bíblico, autorizado pelo Céu, e único sistema eficaz.
À base de todo problema emocional há, em geral, um problema moral. À base de todo conflito há, de ordinário, a transgressão de um princípio moral. E o pecado é eliminado pelo arrependimento e confissão. A psicanálise não cura: só pode aclarar, na melhor das hipóteses, a confusão mental. A confissão auricular não cura a alma. Unicamente o arrependimento e a confissão, nos podem livrar do sentimento de culpa, se praticados conforme indica a Bíblia.

Método para Falar com Deus

O cristão tem o privilégio de falar com Deus como a um amigo e abrir-Lhe plenamente seu coração por meio da oração. A oração é a prece elevada ao Senhor de forma espontânea, e neste sentido diferencia-se fundamentalmente da reza, que é a repetição de uma fórmula escrita por outrem. É o diálogo livre da alma com seu Deus.
Pela oração expressamos louvores e gratidão a nosso pai Celestial, que nos cumula de graça, todos os dias. Em oração levamos a Deus nossas angústias, fardos e aflições, e Lhe apresentamos todos os problemas, pedindo-Lhe Sua graça, direção e ajuda, pois Ele tem uma solução para cada um deles. Pela oração colocamos, todos os dias, nossos planos aos pés de Cristo, para pedir-Lhe que nos guie pelas Suas providências.
Por meio desta conversação íntima com deus confessamo-Lhe de forma específica e detida todos nossos pecados, nossos erros, faltas, imperfeições, e Lhe pedimos perdão conforme a sua promessa. Pois a confissão não deve ser feita de modo ligeiro ou de forma descuidada, mas ser sincera, profunda, específica e mencionar pecados particulares.
É também por meio da oração que pedimos a Deus Seu poder e graça para vencer o pecado e sobrepormo-nos ao mal, para viver uma vida triunfante e feliz sobre a qual a tentação deixe de ter império.

A Benção do Perdão

São João escreveu: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). De sorte que, se nossa contrição é sincera, nosso arrependimento profundo e nossa confissão franca e completa, teremos fé em Cristo como nosso Salvador e abrigaremos a absoluta segurança de que Deus cumprirá Sua promessa; e antes de levantarmos os joelhos, agradeceremos a deus pela benção do perdão.
Saíremos de nossa audiência com deus, realizada na intimidade de nossa câmara secreta, totalmente aliviados, reconfortados e felizes, porque o peso da culpa terá desaparecido para sempre.
“Quanto dista o Oriente do Ocidente” – nos diz a Palavra inspirada – “assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmo 103:12). “Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miquéias 7:19). Graças a Deus por estas categóricas promessas. É realmente admirável o resultado do arrependimento e confissão: como põe em ação o amor e a misericórdia de Deus, e enchem a alma de paz.
Mahatma Gandhi, grande líder da índia, não era cristão, porém cria na paternidade de Deus. Certo dia, quando criança, furtou dinheiro de seu pai e comprou carne. Ao deitar-se naquela noite não tinha paz no coração. Depois de horas de agonia, saltou da cama e , não se animando a falar diretamente com o progenitor, escreveu a confissão.
Foi então à habitação onde este jazia enfermo, e lhe entregou a nota. À medida que este lia a confissão do filho, corriam-lhe profusamente as lágrimas pelas faces. O rosto triste, porém perdoador e cheio de amor daquele pai, nos dá uma imagem exata de nosso Pai celestial, que está desejoso de perdoar nossos pecados, porque nos ama entranhavelmente.
Com razão diz o salmista: “Bendize, ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de Seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida, e te coroa de graça e misericórdia” (Salmo 103:2-4).
Quão desesperadora é a agonia do que não confessa seus pecados, e quão maravilhosos a paz e gôzo do homem que foi perdoado. Na experiência do rei Davi achamos um contraste notável e exemplificador. Vejamos seu estado antes de haver confessado seu pecado: “Enquanto calei” – disse ele “os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus gemidos todo o dia. … E o meu vigor se tornou em sequidão de estio” Achava-se enfermo, com os ossos envelhecidos, gemendo pelo tormento e angústia.
Porém logo se produz uma mudança admirável. Resolve confessar suas culpas. “Confessei-Te o meu pecado” – expressa ao relatar sua história – “e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a iniquidade do meu pecado”.
Quando isto ocorreu, quando, contrito ante Deus, abriu-Lhe o coração e confessou sua maldade, foi alcançado pelas ondas do amor divino, cumpriu-se a promessa do Céu, e se sentiu amplamente perdoado e reabilitado, restituído à harmonia com o Pai celestial.
Depois desta experiência tão reconfortante, expressou Davi a felicidade e paz que o inundavam com estas palavras: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é encoberto.Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade” (Salmo 103:2-4, 32:3-5, 1 e 2).
Naturalmente para que possa ser exercido o perdão misericordioso de Deus em nosso favor, requer-se que, quando tivermos ofendido ao nosso próximo, além da confissão à Deus, confessemos também a nosso semelhante a falta, peçamos perdão e façamos, no possível, a reparação necessária. O apóstolo São Tiago nos instrui neste sentido: “Confessai, pois, os vossos pecados unas aos outros” (Tiago 5:16).
Além disso, é condição básica que nós mesmos estejamos dispostos a perdoar aos que tenham faltado conosco. Na oração magistral do pai Nosso, Cristo nos ensinou a orar desta maneira: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas” – continua dizendo Jesus – “Também vosso pai celeste vos perdoará; se , porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:12, 14 e 15).
Ninguém se desanime pensando que por natureza é rancoroso e portanto não pode perdoara seus semelhantes. Quando Cristo toma posse do coração, transforma sua natureza, e implanta no homem uma nova modalidade de vida, e o que de outra maneira é impossível, se torna perfeitamente natural. O fato é que não podemos receber o perdão de Deus e a paz se abrigarmos ódio e rancor. Muitas das angústias humanas tem sua raíz num espírito degenerado, que não se enterneceu pelo amor de Deus, que conserva sua velha natureza, e , portanto não perdoa nem esquece. Na experiência de tal pessoa não podem existir o gôzo e a felicidade que Cristo lhe quer dar.
Em resumo, pois, uma vez cumpridos estes dois requisitos, o arrependimento e a confissão, e mercê da fé que a pessoa exerce em Cristo, fica perdoada, reconciliada com Deus, justificada, e com direito à vida eterna pelos méritos da vida perfeita e morte expiatória de Jesus. E o coração se enche de paz e contentamento. Realiza-se plenamente, então, a experiência que é mencionada na Epístola aos Romanos: “Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom 5:1).

Um Caminho Sempre Livre

Ocorre sem dúvida às vezes que a pessoa que está atribulada pela convicção de sua culpabilidade, sente-se indigna de ira Deus e de buscar a Cristo para apresentar seu arrependimento na presença do pai e fazer a confissão de suas faltas. A fé nas seguras promessas de Deus deveria vencer este obstáculo, de vez que o Senhor está ansioso por receber-nos tais como somos, perdoando-nos, reabilitando-nos com Sua graça, e desejando recolher-nos nos braços de Seu amor e misericórdia. Por meio de nosso Salvador, o caminho a Deus está sempre livre.
Cristo conhece nossa condição e nos compreende, porque passou por todas as tentações. Portanto está em situação de nos ajudar. “Porque não temos Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas, antes foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:15-16).
Em um dos livros cuja leitura tem feito maior bem neste mundo, depois da Bíblia, Caminho a Cristo, achamos estas palavras, escritas com toda devoção por sua autora, Ellen G.White, pessoa de vida piedosa e de profunda experiência cristã: “Quando virdes vossa pecaminosidade, não espereis até que vos tenhais melhorado. Quantos há que julgam não ser suficientemente bons para ir a Cristo! Tendes esperança de tornar-vos melhor mediante vossos próprios esforços? “Pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal”(Jer 13:23). Só em Deus é que há socorro para nós. Não devemos esperar persuasões mais fortes, melhores oportunidades ou um temperamento mais santo. De nós mesmos nada podemos fazer. Temos de ir a Cristo exatamente como nos achamos” (Caminho a Cristo pág.28).
“Jesus estima que a Ele nos cheguemos tais como somos, pecaminosos, desamparados, dependentes. Podemos ir a Ele com todas as nossas fraquezas, leviandade e pecaminosidade, e rojar-nos arrependidos a Seus pés. É Seu prazer estreitar-nos em Seus braços de amor, atar nossas feridas, purificar-nos de toda a impureza” (Caminho a Cristo, pág 50).
O maravilhoso amor perdoador de Deus nunca desiludirá ao penitente contrito. Pelo contrário, há grande gôzo no Céu por um pecador que se arrepende (Lucas 15:7). Isto é o que se depreende da maravilhosa parábola do filho pródigo, relatada pelo Mestre, cuja primeira parte transcrevemos a seguir:
“Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte que me cabe dos meus bens. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente…Então caindo em si, disse: quantos trabalhadores de meu pai tem pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o Céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado seu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (Lucas 15:11-24).
Quando aquele filho mau compreendeu a condição lastimável na qual se encontrava, arrependeu-se e decidiu levantar-se e ira seu pai para confessar-lhe seus erros e faltas. Porém é maravilhoso o amor daquele pai que corre ao seu encontro, e nem sequer permite que termine seu discurso, mas com abundantes lágrimas de alegria, o estreita carinhosamente ao peito, ordena que lhe troquem os andrajos por um vestido novo, e ordena a preparação de um banquete para festejar o regresso do filho amado. O pai carinhoso é o amante Pai celestial.
Cristo quer aliviar-nos da pesada carga de nossas culpas; anela devolver-nos a paz, gôzo e felicidade. Quer reconciliar-nos plenamente com o Pai. Porém, espera nosso regresso. Como o homem da parábola, todos os dias espreita o horizonte para vislumbrar nossa silhueta. Prometeu perdoar-nos com Sua misericórdia infinita, e encher-nos da doce paz do Céu. Hoje mesmo podemos experimentara benção, a paz do perdão e libertação de todo sentimento de culpa, se nos prostarmos em oração secreta aos pés de Jesus. É maravilhoso aprendera dialogar com Ele, abrir-Lhe nosso coração, contar-lhe nossas lutas, confiar-Lhe nossos problemas, confessar-Lhe nossas faltas e perdir-Lhe perdão, e solicitaro poder do Céu para viver a vida cristã vitoriosa.
A Jesus se conhece, na verdade, de joelhos. Um ministro religioso que estava em visita a Copenhage, Dinamarca, enquanto transitava pelas ruas, chegou à catedral onde está a célebre estátua de Cristo, esculpida por Thordwaldsen. Deteve-se ali para examinar a excelsa beleza daquela peça extraordinária. Sua excelência artística sobrepujava toda descrição.
Porém notou que não podia ver bem o rosto de Cristo, pois Ele se achava inclinado para a terra. Acercou-se mais, e nem assim ainda podia observá-lo. Por fim notou um pequeno genuflexório aos pés daquele Cristo de pedra. Ajoelhou-se com reverência e viu o rosto, e tão só ali pode vê-lo e admirá-lo perfeitamente.
Só de joelhos, no maravilhoso diálogo da oração, se pode conhecera Jesus, nosso melhor amigo. Somente ali se chega a compreender Sua misericórdia e Seu amor perdoador. Só quando o coração está contrito e humilhado aos pés de Jesus, a alma se enche da doce paz do Céu. De Seu amável rosto irradia amor e bondade. Aprenda cada um de nós a manter esta íntima comunhão com Ele, e saia refrigerado com o gôzo e felicidade que este diálogo nos proporciona.
Extraído do Livro “Paz na Angústia”, de Fernando Chaij, CPB-1967.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Justificação, Santificação e Glorificação

 Este tema tem que ver com a salvação, e nada é tão essencial na Bíblia quanto a nossa redenção. Justificação, santificação e glorificação são três processos na salvação do ser humano.
"A mensagem presente, a justificação pela fé é a mensagem de Deus... Não há um em cem, que compreenda a verdade bíblica sobre este tema, tão necessário para o nosso bem-estar presente e eterno."1
"Isso, porém, eu sei que nossas igrejas estão perecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo e verdades semelhantes."2
"A mensagem da justificação pela fé: a mensagem de Deus, a mensagem da verdade, a mensagem que Deus ordenou fosse dada ao mundo, a mensagem que leva as credenciais do céu é a mensagem do terceiro anjo em linhas distintas e claras."3
"Muitos que professam crer na mensagem do terceiro anjo, perderam de vista a justificação pela fé."4
"O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram todos os outros no Livro, é o plano da redenção, a restauração da imagem de Deus, na alma humana, o empenho de cada livro e passagem da Bíblia é o desdobramento deste maravilhoso tema."5
"A justificação pela fé, em seu mais amplo sentido, abrange todas as verdades vitais, fundamentais do evangelho, a começar pela situação moral do homem ao ser criado e implicações: seguem-se vinte e duas verdades embutidas na justificação pela fé."6

A doutrina da justificação pela fé em Cristo, de capital importância para a nossa salvação tem sido neutralizada por Satanás. Ela foi escondida durante séculos pelas tradições romanas, mas graças aos reformadores, destacando-se entre eles a figura ímpar de Lutero, ela foi revelada novamente.



A Igreja Adventista e a Justificação pela Fé

Nossa igreja, nos seus primórdios, correu o risco de entrar por sendas legalistas, mas damos graças a Deus, porque Ele nos mostrou o caminho seguro neste assunto. Este importante tema, estudado com interesse e entusiasmo pelos pastores Jones e Waggoner, foi apresentado em 1888, na Assembléia da Associação Geral de Mineápolis. Ele foi bem recebido pelo Presidente da Associação Geral e por Ellen G, White. Uma intensa e constante campanha foi encetada para que este ensino merecesse um lugar de destaque em nossos arraiais; contribuindo muito para a divulgação destas idéias pregações e artigos da mensageira deste movimento.
Alguns leigos e mesmo obreiros como Uriah Smith, a princípio rejeitaram a doutrina da justificação pela fé, temendo que estava havendo uma volta ao espírito das igrejas protestantes de onde havíamos saído.
Muitos adventistas, naqueles idos, e ainda hoje, apegados ao insidioso legalismo que ainda viceja em nossos arraiais, não podem ou não querem compreender esta maravilhosa verdade, crendo que é uma doutrina antibíblica, logo espúria, característica do protestantismo.
Diante destas afirmativas a única conclusão segura é esta: como igreja precisamos compreender melhor este assunto, pregando mais sermões para que nosso povo o compreenda com clareza e objetividade.

O que é Justificação?

Para Vincent, Word Studies in the New Testament, vol. III, pág. XI: "Justificação pela fé envolve união pessoal com Cristo e conseqüente morte para o pecado e ressurreição moral para novidade de vida."
"É a obra de Deus ao lançar a glória do homem por terra, e fazer pelo homem o que não lhe é possível fazer em seu próprio poder."7
"A justificação é um ato da livre graça de Deus, mediante a qual Ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos, baseado somente na retidão de Cristo, a nós imputada, e recebida exclusivamente pela fé."8
"Ser justificado independentemente das obras é ser justificado sem contar com qualquer coisa que mereça tal justificação." Hodge.
"É a imputação divina da justiça de Cristo ao nosso nome individual."9
Justificação é uma parte do processo completo da salvação.
"A justificação é um ato declarativo de Deus. Este ato de declarar o homem justificado não é como o ato de Deus regenerando o homem. Na regeneração efetua Deus uma mudança radical no homem, mas na justificação Ele declara, apenas, que não pode mais condená-lo e o restaura à Sua graça. Deus não faz o homem justo por declará-lo justificado. Uma das maiores glórias do evangelho é esta doutrina, que Deus, o justíssimo entre todos, pode justificar o injusto sem praticar injustiça."10
Caminho a Cristo explica o que é justificação da seguinte maneira:
"Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis, por pecaminosa que tenha sido a vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado."
Em outras palavras, assim poderia ser explicada: aceitando a Cristo como nosso Salvador pessoal, Deus nos liberta de toda a culpa, cobre-nos com o manto da justiça de Cristo, em lugar dos farrapos da nossa justiça, vendo Deus em nós a perfeita e imaculada justiça de Seu Filho.
Justificar, segundo o pensamento da Reforma do século XVI, significa considerar justo e nunca tornar justo como defendia o catolicismo. A igreja católica não considera a justificação como uma imputação legal da parte de Deus, mas sim tornar-nos ou fazer-nos justos.
Da leitura de Romanos 8:33 e 34 se conclui que justificar e condenar apresentam significação contrária. Se condenar é declarar alguém culpado, justificar é declarar justo e não tornar ou fazer justo.
O livro Fé e Obras, pág. 94, de Ellen G. White confirma este conceito ao declarar: "Justificação é o contrário de condenação."
De modo geral, os comentaristas defendem que justificação é um ato exclusivamente judicial. Josué de Oliveira no livro O Aspecto Jurídico da Justificação insiste muito nesta tecla: "Justificação não é um ato de graça, mas sim de justiça.  Na página 16 escreveu: "Justificação à luz da Bíblia é um vocábulo judiciário, por mostrar nossa relação para com as sagradas leis do código divino á luz das quais os crentes são julgados."
O conhecido professor Hans K. LaRondelle esposa a mesma idéia ao declarar sobre a justificação:
"Justificação é a divina atribuição ou imputação da justiça de Cristo, a crédito, perante Deus, do crente arrependido (Rom. 4:4-8). Trata-se de uma transação judicial de Cristo como mediador celeste, pela qual somos feitos retos para com Deus e temos acesso ao coração do Pai (Rom. 5:1-2) sendo, como resultado imediato que o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado (Rom. 5:51. Desse modo, sem qualquer mérito de nossa parte recebemos o Espírito Santo pela fé em Cristo (Gál. 3:2, 5), e pode apropriadamente ser dito que somos justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (1 Cor. 6:11)"11
Hans Joachim Iwand declara: "Assim a justificação do homem diante de Deus tem sempre caráter 'forense', isto é, desenrola-se diante do fórum de Deus que julga justamente."12
Mário Veloso diverge deste conceito ao afirmar:
"A justificação pela fé, conseqüentemente não é um simples ato forense ou justificação objetiva. Em verdade a justificação pela fé é um ato pelo qual Deus declara justo o homem injusto e pecador (II Cor. 5:21), porém, a reconciliação implica necessariamente uma transformação das relações existentes entre o homem inimigo e Deus. Esta transformação subjetiva é descrita pela paz que o homem inimigo recebe para tornar-se amigo de Deus no ato da justificação. Em sua atitude inimiga o homem perdeu sua verdadeira relação com Deus e dirige-se para a morte. Não há nada que ele possa fazer para sair desta situação. Somente a justiça de Cristo pode transformá-lo porque esta 'é um princípio que transforma o caráter e rege a conduta'. Mediante a justificação Deus perdoa ao homem. O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o trasbordamento de amor redentor que transforma o coração."13

Processa-se a justificação no momento em que o homem aceita a Cristo como seu Salvador pessoa1.

Paulo e a Justificação Pela Fé

O nascimento de Cristo foi o fato mais significativo que já aconteceu neste mundo. O Criador dos céus e da Terra, que habita na luz inacessível, torna-se um membro da família humana. Este ser ilimitado e onipotente nasceu de uma mulher, cresceu em humildade lar campesino, viajou como um pregador itinerante, morreu em ignomínia e vergonha, ressurgiu da sepultura e ascendeu ao céu. Os doze apóstolos foram escolhidos como testemunhas oculares destas coisas.
Depois da ascensão, Cristo escolheu um outro homem através de quem o Espírito Santo mostraria a real significação daqueles históricos eventos que os doze apóstolos testemunharam.
É em Paulo que o Evangelho, dado aos filhos de Israel em tipos, sombras e promessas é totalmente revelado (Col. 1:26; Efés. 3:5; Rom. 16: 25-26; 1 Pe. 1:10-12; Heb. 1:2).
O tema do evangelho de Paulo era Cristo e Ele crucificado para a justificação de pecadores (I Cor. 2:2; Gál. 1:4). Naturalmente os outros apóstolos também enfatizaram a salvação de pecadores através de Jesus, mas Paulo mostra como o evangelho é uma revelação da justiça de Deus ( Rom. 1:16-17).
Uma das grandes questões que perturbaram os comentaristas bíblicos foi esta: Como poderia um Deus justo justificar pecadores sem cometer injustiça? Como ser misericordioso com os transgressores da lei de Deus e consistente com os reclamos da justiça divina?
Dentre as acusações feitas por Satanás, esta parecia ser a mais destacada: Deus não poderia ser ao mesmo tempo justo e misericordioso para com o pecador. O pecado aparentemente colocara a Deus diante do seguinte dilema:
1º) Se usasse apenas a Sua justiça, o homem deveria morrer, pois o salário do pecado é a morte. Mas o amor de Deus havia provido um meio pelo qual o Filho de Deus, tornar-se-ia o substituto do homem.
2º) Sendo Deus misericordioso, podia perdoar aos pecadores sem levar em conta Suas leis e Sua justiça, mas esta não é a justificação que Deus nos proporciona.

Como podia Deus aplicar o castigo sendo misericordioso e perdoar ao pecador sendo justo? Se Deus matasse o homem, Satanás o acusaria de tirano.
Se lhe perdoasse, Deus seria mentiroso.
A solução para este impasse Deus apresentou na cruz, sendo ao mesmo tempo justo e misericordioso. Desde que o pecador devia morrer para que se cumprisse a justiça, Cristo morreu em seu lugar, e pela sua morte oferece ao transgressor da lei também a Sua misericórdia. A justiça e a misericórdia de Deus foram harmonizadas na cruz como declara Paulo em Rom. 3:25 e 26, ao declarar que Ele é ao mesmo tempo justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
No Apêndice da Bíblia Vida Nova, pág. 341, lemos: 
"Uma vez que do ponto de vista de Deus, não há nem sequer um justo (Rom. 3:10), como pode um Deus justo justificar o injusto? Rom. 8:33. Que o perdoe, compreende-se; mas atribuir-lhe justiça (que esse injusto não tem), declará-lo justo e ainda manter Deus Sua própria justiça, como o poderá?
Paulo nos ensina que graças à obra de Cristo, o veredito final pode ser reconhecido por antecipação; que os homens reconciliados com Deus podem ter desde já a certeza do pronunciamento final de justos. Mas sobre que base? Pelo fato de ter Cristo morrido por nós. . . justificados pelo seu sangue (Rom. 5: 9). À base do sacrifício de Cristo, de Sua vida entregue, Deus pode atribuir justiça a quem não a possui em si. Mas de que maneira? Graciosamente por Sua graça, responde Paulo. (Rom. 3:24). Esta dádiva preciosa é oferecida a todos, porém recebida somente pelos que depositam confiança em Cristo. (Rom. 3:22; 4:16; Col. 2: 16)."
O que Deus pede, de nós para sermos justificados? De acordo com Paulo, em Gál. 2:16, é preciso que tenhamos fé. Desta declaração jamais se deve concluir que a fé é a nossa salvadora.
Ellen G. White diz claramente: "A fé não é nossa salvadora. Cristo é o nosso Salvador."
Fé é a mão que se estende e se apega às promessas de Deus. Nenhum mérito existe na fé.

A Bíblia de Jerusalém traz o seguinte comentário a Rom. 1:16:
"A fé é um ato pelo qual o homem se entrega a Deus, que é ao mesmo tempo verdade e bondade, como a fonte única da salvação."
Para Paulo fé significa confiança em Cristo. "Fé é um dom divino que nos permite crer naquilo que não vemos. l Cor. 12:9; Heb. 11:1 e 3."
A doutrina da justificação pela fé, é resumidamente explicada em Fil. 3:9 e amplamente expressa nas Epístolas aos Gálatas e aos Romanos.
O livro de Gálatas apresenta rigorosamente a salvação pela graça mediante a fé em Cristo, com ênfase na justificação pela fé.
Os estudiosos têm encontrado na carta aos Romanos os três aspectos da salvação :
a)     Justificação - Rom. 3: 21 a 5: 21.
b)    Santificação - Rom. - capitulo 6, 7 e 8.
c)     Glorificação - Rom. 12 a 16.
No curso de Doutrina da Salvação do Dr. Hans K. LaRondelle, janeiro de 1983, ele salientou que a expressão "pela fé", aparece 25 vezes nos primeiros 4 capítulos de Romanos e apenas 2 vezes "viverá". Em Romanos 5 a 8 as expressões se invertem, pois "pela fé" aparece 2 vezes, e "viverá", 25 vezes. Em Romanos 1 a 4 existe uma concentração no aspecto da fé - justificação; enquanto nos capítulos 5 a 8, a ênfase está na maneira de viver, isto é, a santificação.
O estudioso Matthew Arnold condensou a doutrina paulina da justificação pela fé em Romanos da seguinte maneira:
"O primeiro capítulo se refere aos gentios, e seu comentário é: Vós não tendes justiça. O segundo capítulo se refere aos judeus, e seu conteúdo é: Vós não tendes mais justiça do que eles, embora assim penseis. O terceiro capitulo apresenta a fé em Cristo como a única fonte de justiça para todos os seres humanos. O quarto capítulo dá à idéia da justificação pela fé o respaldo do Velho Testamento e da história de Abraão. O capítulo quinto insiste nas causas pelas quais devemos estar agradecidos e gozosos pelo dom da justificação mediante a fé em Cristo; ademais, um a história de Adão como uma ilustração. O capítulo seis coloca esta importantíssima pergunta: 'Em que consiste esta fé em Cristo, à qual eu, Paulo me refiro?' E responde a esta pergunta. O capítulo sete ilustra e explica sua resposta. Mas o capítulo oito, até o verso 28, amplia e completa a pergunta. O restante do capítulo oito expressa o sentido de segurança e gratidão que a solução do assunto colocado pode proporcionar. Os capítulos nove, dez e onze apoiam a tese do capítulo dois – tão difícil para um judeu, tão fácil para nós – segundo a qual a justiça não se obtém por meio da lei judaica; finalmente fala com esperança e gozo de um resultado final das coisas que hão de ser favoráveis para Israel."

A Justificação e a Lei

As Epístolas aos Gálatas e Romanos provam que o crente é salvo pela fé, naquilo que Cristo fez por ele, e não por sua dedicação na prática de boas obras, ou por sua diligência na observância aos preceitos da lei (Gál. 2:16, Rom. 3:28).
Se confrontarmos Romanos 3:28, onde diz que o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei, com Fil. 2:12 onde Paulo afirma: desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor, parece haver contradição entre estas duas passagens. Como é possível dizer em Romanos que o homem é justificado independentemente das obras da lei e em Filipenses afirmar que temos de operar a nossa salvação? Nenhuma contradição pode haver nestas duas declarações do mesmo apóstolo.
Paulo diz taxativamente que ninguém pode tornar-se justo diante de Deus por seu próprio esforço. Ninguém pode apresentar-se perante Deus pensando ser aceito por ter praticado obras meritórias. A razão para isto é apresentada em muitas passagens bíblicas, como exemplo Ecles. 7:20 e Rom. 3:23.
A pessoa que aceitou a Cristo como seu Salvador revelará sua conversão no viver e no agir. Depois de crer, deve seguir um viver correto praticando as obras. Esta declaração de Lutero jamais deve ser esquecida: "Não nos tornamos justos praticando coisas justas, mas praticamos coisas justas sendo justos." Com esta frase ele cortou o nó górdio da filosofia aristotélica, também aceita pela igreja católica que assim poderia ser expressa: praticando as virtudes o homem se torna justo diante de Deus.
A crença adventista quanto à observância da lei e da prática de obras está bem consubstanciada no seguinte parágrafo:
"As obras da lei não podem expiar pecados passados. A justificação não pode ser adquirida. Ela só pode ser recebida pela fé no sacrifício expiatório de Cristo. Logo, neste sentido, as obras da lei nada têm a ver com a justificação. Ser justificado sem obras significa ser justificado sem que haja qualquer mérito de nossa parte na justificação."14
Na melhor biografia que já foi escrita sobre Cristo lemos:
"Uma religião legal nunca poderá conduzir almas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo. . . . Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação."15

Lutero e a Justificação Pela Fé

"Lutero buscou alívio para o coração opresso, na renúncia e no afastamento do mundo, como monge, mas não o encontrou. Em 1500 encetou viagem a Roma, como delegado, esperando lá encontrar alívio do peso que o esmagava. Ao enxergar de longe a cidade, exclamou: 'Santa Roma, eu te saúdo!' Ficou, porém, decepcionado e chocado com a impiedade que lá encontrou. Pôs-se afinal a subir de joelhos a escada de Pilatos, apinhada de gente supersticiosa. Arrastou-se de degrau em degrau, repetindo a cada degrau suas orações até que uma voz de trovão lhe pareceu bradar dentro de si: 'O justo vive pela fé!' Ergueu-se imediatamente, viu a loucura de sua esperança de alívio mediante obras de merecimento. Uma nova vida seguiu-se a essa nova luz. Sete anos depois pregou ele suas teses na porta da igreja de Wittenberg e iniciou a Reforma."16
Começou a ler intensamente a Bíblia e na carta aos Gálatas encontrou o ensino da justificação pela fé. Esta epístola de Paulo causou profunda impressão em sua vida, escrevendo o notável Comentário aos Gálatas, onde apresenta o pensamento central do cristianismo, a justificação do pecador exclusivamente por causa dos méritos de Cristo.
Outros estudiosos afirmam que ele descobriu a doutrina da justificação pela fé na epístola aos Romanos. Este pormenor não tem muita importância quando sabemos que Romanos foi uma expando de Gálatas, pois as duas cartas são bastante semelhantes quanto ao seu tema e conteúdo.  Lutero em seu prefácio à Epístola aos Romanos escreveu:
"Esta epístola é a verdadeira obra prima do Novo Testamento, contém o mais puro evangelho, e é digna e credora não somente que o cristão a aprenda de cor, palavra por palavra, senão que a trate como o pão cotidiano da alma, porque é impossível que seja lida ou estudada demasiadamente, pois quanto mais alguém a maneja, mais preciosa chega a ser, e mais doce o seu sabor."
Todas as confissões de fé protestantes são unânimes em mostrar o que é justificação, como ilustra o Artigo IV da Confissão de Ausburgo:

Sobre a Justificação

"Isto ensinamos: que não somos justificados diante de Deus em virtude de nossos méritos e obras, senão que somos justificados gratuitamente, na virtude de Cristo, pela fé, crendo que Cristo morreu para expiar nossos pecados e por Seu intermédio recebemos o perdão dos pecados."
O Concílio de Trento teve como escopo principal combater a reforma, mas o debate número um do concílio, foi justamente a questão da justificação pela fé.

Diferença Entre Perdão e Justificação

"Justificação, por exemplo, é mais do que perdão. Ambas são doutrinas referentes à salvação e intimamente relacionadas entre si. Entretanto, não são a mesma coisa.
"À luz da Bíblia, o pecador é perdoado por Deus, sem, todavia, ser considerado justo. Remitir as penas de uma lei a favor de um réu é uma coisa. Declarar que esse réu é inocente e justo, em face da lei, é coisa diferente.
"O perdão cancela a culpa, e as penalidades do pecado. A Justificação declara que as exigências da lei estão plenamente satisfeitas, e que o acusado é Justo.
"Perdão é ato soberano da livre graça de Deus. Justificação é ato judicial, resultante do acórdão de um Tribunal infalível, no qual os crentes são julgados e são encontrados sem culpa. Por isto, Deus os proclama Justos.
"Perdão, à luz da Bíblia e da razão, é ato negativo. Justificação é ato essencialmente positivo. Enquanto o perdão põe de lado a culpa, a Justificação declara a justiça.
"Pelo perdão, o pecador se despe dos andrajos vis dos seus pecados e das suas imundícies. Enquanto que a Justificação o adorna com as vestes talares da justiça de Cristo a ele imputada."17
O comentarista Lange afirma:
"Os versos 7 e 8 de Rom. 4 provam claramente que o perdão dos pecados faz parte da justificação; mas isso apenas como seu lado negativo, o que está inseparavelmente vinculado ao seu lado positivo, a saber, a imputação e a aplicação da justiça de Cristo, o que contém o gérmen e o poder da santificação."

Justificação pela Fé no Velho Testamento

Muitos erram ao pensar que a justificação pela fé seja ensinada apenas depois de Cristo, quando na realidade ela é ensinada com o mesmo vigor nos dois testamentos.
A lembrança das seguintes passagens confirma nossa assertiva:
1º) Deut. 32:4: Tudo o que Deus faz e é, só é justiça.
2º) Isa. 11:4: Ele julgará com justiça.
3º) Sal. 72: 2: Livra-me por tua justiça.
4º) Jer. 23: 6: O Senhor será chamado: Justiça Nossa.
5º) Em Isa. 53 se encontra a justificação do ímpio através do sofrimento do Messias.

Os personagens do Velho Testamento não foram salvos por obedecerem ou praticarem boas obras, mas através de Cristo, como nos diz Paulo, citando o exemplo de Abraão em Romanos 4:2-3.
Não apenas em Romanos esta verdade é apresentada, pois em Gálatas 3:8, 11, 24 ele trata do fundo histórica da justificação no Antigo Testamento. Paulo faz bem claro em seus escritos que a justificação pela fé não é uma novidade excêntrica por ele inventada. Ela foi apresentada a Abraão quando Deus predisse que em sua semente todas as nações da terra seriam abençoadas. Gên. 12:1-3.
O exemplo mais significativo de justificação pela fé do Velho Testamento é o de Abraão, como nos indica Gên. 15:6: "Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça."
Abraão é citado por Paulo (Rom. 4:3; Gál. 3:6) como contestação ao falso ensinamento da justificado pelas obras. Será de bom alvitre também frisar que este mesmo personagem bíblico é apresentado por Tiago em oposição àqueles que negam o lugar das obras na vida do cristão.

Benefícios da Justificação

Paulo apresenta alguns destes benefícios:
a)     Rom. 5:1 – Temos paz com Deus.
b)    Rom. 5: 2 – Abre-se o caminho para nosso acesso a Deus.
c)     Rom. 5: 3 e 4 – Dá-nos a esperança de uma vida melhor.
d)    Efés. 2:10 – A justificação nos leva a produzir boas obras.
e)     Temos alegria e felicidade na vida.
f)      Proporciona-nos a esperança de uma vida futura.

Qual a Minha Parte na Justificação?

Parcialmente a resposta a esta pergunta já foi apresentada, mas podemos acrescentar:
Preciso crer em Cristo. Crer é confiar em tudo o que Ele faz e está fazendo por nós.
"O que significa crer em Cristo? Significa sentir necessidade dEle; crer que Ele pode e quer salvá-lo agora mesmo; e lançar-se sem reservas sobre Sua misericórdia, confiando unicamente nEle para a salvação."18
Pastor Morris Venden, autor do livro Righteousness by Faith and the Three Angels Messages, escreveu:
"Se gostaríeis de ter toda a mensagem da salvação unicamente pela fé em Cristo, podeis sintetizá-la em dois versículos: S. João 15:5, que declara: 'Sem mim nada podeis fazer.' Quanto? 'Nada!' É isso mesmo e nada mais!' A outra passagem é Fil. 4:13: "Tudo posso naquele que me fortalece.' Quanto? 'Tudo'. É tão simples assim. O menor menino ou menina pode compreendê-lo. Sem Cristo, nada posso fazer. Com Ele, tudo possa fazer. Portanto a única coisa que posso realizar é ir ter com Cristo. Isso é tudo que posso fazer para ser salvo.''19
Consciente de que nada posso fazer vou a Cristo, e a promessa bíblica é esta : ". . . e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora." S. João 6:37.
Paulo, em suas epístolas emprega 154 vezes a expressão "estar em Cristo".

Santificação

O que é santificação? Após sermos justificados, o Senhor trabalhará em nós e por nós, na obra de preparar-nos para o Céu, isto é santificação.
A santificação pode ser comparada a uma escada com muitos degraus que levam da terra ao Céu. Mas só existe uma escada assim, e precisamos descobrir onde ela começa antes de tentar subir. Os caminhos que a ela conduzem são: O chamado de Deus, o arrependimento, a conversão, a justificação, a regeneração ou novo nascimento. Cumpre a nós trilharmos estes caminhos.
A palavra santificação apresenta uma gama muito variada de significados. Relacionada com os pertences do culto do santuário "pôr à parte para uso santo", "tornado livre do pecado", "purificado". Em nosso contexto, a palavra é empregada no processo pelo qual, depois da justificação, o cristão deve desenvolver um caráter que o qualifique para o céu.
"A santificação começa por ocasião da conversão, e continua através de toda a vida do crente. É o gradual desenvolvimento de um caráter semelhante a Cristo, produzido pela submissão do crente à graça de Deus. Abrange todo o momento da vida, e é de importância progressiva. Significa perfeito amor, obediência e perfeita conformidade à vontade de Deus."20
Os que se convertem a Cristo são por Ele santificados, isto é, separados para Deus, e por isso denominados santos. Atos 9:32; Rom. 1:7.
A santificação é um processo de desenvolvimento espiritual, auxiliado pelo Espírito Santo, para que o homem possa prestar verdadeiro culto (serviço) ao Pai. Rom. 12:1.
Segundo a Bíblia, o propósito da santificação é que o velho homem deixe de viver e Cristo viva nele.
Justificados pela fé, declarados justos perante Deus, ou libertos da culpa de nossos pecados no passado, estamos preparados para a santificação ou para vencer o pecado em Cristo. Justificação é a obra de Cristo por nós, enquanto santificação é a obra de Cristo em nós. Disse alguém que: "Conversão é dar o primeiro lugar para Deus em nossa vida, enquanto santificação é permitir que Ele continue sendo o primeiro em nossa vida."
A justificação deve trazer como conseqüência a santificação, tendo a Cristo como o orientador em nossa vida. Gál. 2: 20; Efés. 3:14-19.
A aceitação de Cristo significa pautar a nossa vida pela Sua Palavra. Heb. 12:14.
A Sua Santa lei deve ser o nosso padrão de procedimento e de justiça.
Um caráter formado à semelhança de Cristo é o alvo a ser atingido. Efés. 4:13.
"Santidade é constante acordo com Deus. Não seremos nós aquilo que Cristo tão grandemente deseja que sejamos – cristãos em atos e em verdade – para que o mundo possa ver em nossa vida uma revelação do poder salvador da verdade? Este mundo é nossa escola preparatória e enquanto aqui estivermos enfrentaremos provas e dificuldades. Mas estamos seguros enquanto nos apegarmos Àquele que deu Sua vida como uma oferta por nós..."21
Paulo em suas epístolas deu muita ênfase à santificação como atestam os seguintes passos:
a)   Rom. 8:1-11. Estes versos revelam que a justificação pela fé e a operação do Espírito resultam em uma vida de santidade.
b)  II Cor. 5:17. "E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."
c)  I Cor. 1:30. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção."
d)  Col. 2:6. "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele."
e)   I Tess. 4:3. "Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação."

Pedro faz apelo idêntico: "Porque escrito está: Sede santos, porque eu sou Santo." I Ped.1:16.

Diferença Entre Justificação e Santificação

Na própria igreja adventista não tem havido uniformidade na distinção entre justificação e santificação, pois um de nossos líderes, na Austrália, crê que justificação não inclui santificação; do outro lado, os americanos defendem que justificação pela fé inclui santificação.
Ellen G. White advertiu-nos para que não tentássemos "definir minuciosamente os delicados pontos de distinções entre justificação e santificação" onde a inspiração silencia."22
Barclay explica a diferença entre justificação e santificação nos seguintes termos:
"Por meio de Jesus mudou-se nosso 'status quo' em relação a Deus. Pecadores que éramos fomos postos na devida relação para com Deus. Mas isto não basta. Não só tinha que ser mudada nossa relação, mas também nosso estado. O pecador salvo não pode continuar pecador; tem de tornar-se homem reto. . . Aquele que mudou nossa relação para com Deus pode também mudar nossa estado. Começa Ele pondo os pecadores na devida relação com Deus, mesmo quando ainda são pecadores; prossegue Ele, por Sua graça, a habilitar esses pecadores a cessar seu pecado e tornarem-se homens bons. Existem nomes técnicos para esses fatos. A mudança do nosso 'status quo' é justificação; aqui é onde começa todo o processa da salvação. A mudança de nossa estado é santificação; aqui é onde continua o processa de salvação e jamais termina, até que O vejamos face a face e sejamos semelhantes a Ele."23
A seguinte frase de Ellen G. White é oportuna para diferençar justificação e santificação:
"É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados, é comunicada."24
Hans K. LaRondelle afirma:
"Existem dois erros que ameaçam nossa compreensão da relação bíblica entre a justificação e a santificação. Um deles é a separação das duas, o qual ilegitimamente vai além da distinção que Paulo fez das mesmas. O outro é a identificação total das duas de tal maneira que uma delas é absorvida pela outra."25
Paulo em Col. 2:6 nos apresenta a diferença entre estes dois processos de salvação: "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele." Receber o Senhor Jesus Cristo é justificação. Andar nele (permanecer nele) é santificado.
Morris Venden afirma:
"A justificação pela fé constitui o fundamento da salvação, e a santificação pela fé representa as paredes erguidas sobre esse fundamento."26
Poderíamos acrescentar ser a glorificação o privilégio de habitar nesse edifício para sempre.
O pensamento seguinte é digno de nota:
"Se algum escritor quisesse interpretar as passagens da Escritura que se referem à justificação pela fé como se elas nos desobrigassem com respeito à santidade, tal interpretação deveria ser rejeitada, porque é contrária ao espírito do evangelho."27
Seis meios usados para a Santificação dos Crentes:
a)       Deus. I Tes. 5:23. "O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo."
b)      Jesus Cristo. l Cor. 1:30. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte da Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção."
c)       O Espírito Santo. l Ped. 1:2. "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas."
d)      A Palavra. S. João 17:17. "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade."
e)       Provas. Tiago 1:2-4.
f)        A Igreja. Efés. 4:11-13.

Ellen G. White e a Santificação

No livro A Santificação ela nos apresenta preciosas gemas sobre este assunto, de onde quero destacar apenas dois excertos:
"A santificação bíblica não consiste em forte emoção. Eis onde muitos são levados ao erro. Fazem dos sentimentos o seu critério, Quando se sentem elevados ou felizes, julgam-se santificados. Sentimentos de felicidade ou ausência de gozo não é evidência de que a pessoa esteja ou não santificada. Não existe tal coisa como seja santificação instantânea. A verdadeira santificação é obra diária, continuando por tanto tempo quanto dure a vida." – Pág. 10.
"A santificação é uma obra diária. Que ninguém se engane a si mesmo com a crença de que Deus lhe perdoará e o abençoará, enquanto está pisando um de Seus mandamentos. A prática voluntária de um pecado conhecido silencia a testemunhadora voz do Espírito e separa de Deus a alma. Quaisquer que sejam os êxtases do sentimento religioso, Jesus não pode habitar no coração que desrespeita a lei divina. Deus apenas honrará àqueles que O honram." – Págs. 102-103.
"A santificação é um processo pelo qual o crente se torna realmente santo e justo." A. B. Langston.
Deus espera que seus filhos, pelo processo da santificação, alcancem o alvo que Ele tinha em vista quando lhe ofereceu o perdão e o regenerou.

Glorificação

É o ato final no processo da salvação. Paulo nos ensinou que ela viria em último lugar. Rom. 8:30.
É a recompensa dos que foram justificados e santificados por Cristo. Rom. 8:19-23; 1 Tes. 4:16-17; II Ped. 3:13.
A glorificação será após a segunda vinda de Cristo.

As promessas relativas a este evento são muitas nas Escrituras, como nos revelam as seguintes passagens:

a) Isa. 62:11.
". . . Eis que vem o teu Salvador; vem com Ele a Sua recompensa, e diante dele o seu galardão." 
b) I Tes. 4:17 última parte:
". . . e assim estaremos para sempre com o Senhor"
d) II Tim. 4:8.
"Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda."
d) Apoc. 22:14.
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras, para que lhes assista o direito á árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas."

Os teólogos falam da salvação em três tempos como indicam os verbos no original grego:
PassadoJustificação. Fui salvo. É o que Cristo fez por nós. Tito 3:5.
Presente – Santificação. Sou salvo. É o que Cristo está fazendo por nós. I Cor. 1:18.
Futuro – Glorificação. Serei salvo. É o que Cristo fará por nós. Rom. 5:9.
O seguinte quadro apresenta uma síntese e cotejo das três facetas da salvação:
Justificação – salvação de nossos pecados passados.
Santificação – salvação de nossos pecados presentes.
Glorificação – seremos salvos de um mundo de pecado,
Justificação – limpa os registros de nossa vida.
Santificação – conserva os registros limpos.
Glorificação – não há mais lembrança desses registros,

Justificação – liberta-nos da penalidade ou culpa do pecado.
Santificação – liberta-nos do poder do pecado.
Glorificação – liberta-nos da presença do pecado.

Justificação – entregamo-nos a Cristo.
Santificação – seguimos o caminho com Cristo.
Glorificação – estaremos com Cristo.

Justificação – nosso título para o céu.
Santificação – nossa idoneidade para o céu.
Glorificação – o privilégio de estar no céu.

Justificação – é um ato de graça.
Santificação – é o crescimento na graça.
Glorificação – é o desfrute da graça.

Justificação – é momentânea.
Santificação – prolonga-se por toda a vida.
Glorificação – estende-se por toda a eternidade.

Justificação – é um processo pontilhar.
Santificação – é um processo linear.
Glorificação – é um processo imensurável.

A composição seguinte intitulada: Lugar da santificação, apesar de repetitiva em alguns de seus conceitos é útil para diferençar Justificação, Santificação e Glorificação.

A Justificação é o ponto de partida.
A Santificação é o caminho a percorrer.
A Glorificação é a meta a que se tem de chegar.

A Justificação é a lavagem das vestes.
A Santificação é andar com as vestes brancas.
A Glorificação é entrar nas bodas do palácio real.

A Justificação nos faz sair do poço do pecado.
A Santificação nos guarda de cair novamente nele.
A Glorificação fará desaparecer o poço.

A Justificação é a justiça divina imputada ao pecador.
A Santificação é a santidade divina comunicada ao crente.
A Glorificação é a glória divina partilhada com o santo.

A Justificação é o ladrão na cruz.
A Santificação é Enoque andando com Deus.
A Glorificação é assentar-se á mesa com Abraão, Isaque e Jacó.

A Justificação é Cristo na cruz do Calvário.
A Santificação é Cristo no trono da graça.
A Glorificação é Cristo em Sua 2ª vinda em glória e majestade.

A Justificação ocorreu quando estávamos no mundo (passado).
A Santificação ocorre enquanto andamos pelo caminho que conduz ao céu (Presente).
A Glorificação ocorrerá quando chegarmos ao céu (futuro).

A Justificação é: "Eis que já estás são".
A Santificação é: "Vai-te e não peques mais".
A Glorificação é: "Não haverá lembrança das coisas passadas".

A Justificação é obra de um momento.
A Santificação é obra de toda a vida terrestre.
A Glorificação é obra da eternidade.

A Justificação é fazer o barco afundado flutuar.
A Santificação é a viagem de barco até o porto desejado.
A Glorificação é a chegada ao porto da salvação.

"Por isso que Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação pela santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13.

Referências:
1.   Ellen G. White, Review and Herald, 3-9-1889.
2.   ____________, Obreiros Evangélicos, pág. 301.
3.   ____________, Review and Herald, 28.5-1954.
4.   ____________, Testemunhos Seletos, vol. II, pág. 366. 
5.   ____________, Educação, págs. 125-126.
6.   ____________, Christ Our Righteousness, pág. 607. A.G. Daniels. Ver Revista Adventista, março de 1966, pág. 6.
7.   Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, pág. 456.
8.   Catecismo de Westminster.
9.   Justificação, Santificação e Glorificação, p. 27, Hans K. LaRondelle.
10.   Esboço de Teologia Sistemática de A.B. Langston, pág. 285. 
11.   Doutrina da Salvação, pág. 56, Hans K. LaRondelle.
12.   A Justiça da Fé, pág. 69.
13.   O Homem – Uma Pessoa Vivente, pág. 188.
14.   SDABC, vol. 6, pág. 509.
15.   O Desejado de Todas as Nações, pág. 280.
16.   6.000 Illustrations, pág. 400.
17.   O Aspecto Jurídico da Justificação, págs. 17 e 18 – Josué A. de Oliveira.
18.   Teologia Sistemática de Strong, pág. 840.
19.   Meditações Matinais, 11-2-1981.
20.   Introdução da Lição da Escola Sabatina de 8 de agosto de 1959.
21.   Manuscrito 61, 2-7-1903. Citado em Meditações Matinais de 2-7-1983.
22.   Comentário sobre Romanos 3:24-28 do SDABC.
23.   The Letter to the Romans, págs. 75 e 76.
24.   Mensagens aos Jovens, pág. 35.
25.   Doutrina da Salvação, pág. 20.
26.   Meditações Matinais – 11-2-1981.

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