Cristo como o “anjo do Senhor”
Nos tempos antigos, quando Deus enviou Seus anjos para ministrarem a indivíduos ou com eles se comunicarem, ao estes tomarem consciência de que haviam visto um anjo e com ele conversado, enchiam-se de temor reverente e pensavam que morreriam. Tinham um conceito tão exaltado da terrível majestade e poder de Deus, que ao entrar em contato com aqueles que provinham diretamente de Sua santa presença, julgavam que seriam destruídos. … Juízes 6:22, 23; Juízes 13:21, 22; Josué 5, 13-15. — Spiritual Gifts 4b:152.
Depois da morte de seu líder [Josué] e dos anciãos que a ele se haviam associado, o povo gradualmente reincidiu em idolatria. …
O Senhor não permitiu que os pecados do povo ficassem sem reprovação. Havia ainda adoradores fiéis em Israel; e muitos outros, por hábito ou pela anterior tradição, freqüentavam o culto a Deus no tabernáculo. Uma grande multidão reunira-se para certa festividade religiosa, quando um anjo de Deus, que antes se apresentara em Gilgal, agora apareceu à congregação em Siló. …
Este anjo, o mesmo que aparecera a Josué quando da tomada de Jericó, era ninguém menos que o Filho de Deus. … Mostrou ao povo que Ele não quebrara Suas promessas a eles, mas que da parte deles ocorrera violação do solene concerto.
“Sucedeu que, falando o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou. … Sacrificaram ali ao Senhor.” Juízes 2:4, 5. Todavia, este arrependimento não produziu resultados duradouros. — The Signs of the Times, 2 de Junho de 1881.
Gideão
Gideão era filho de Joás, da tribo de Manassés. A divisão a que esta família pertencia não mantinha posição de destaque, mas a casa de Joás distinguia-se pela coragem e integridade. … A Gideão veio o chamado divino para libertar seu povo. Estava ocupado na ocasião a malhar o trigo. … Enquanto Gideão trabalhava em segredo e silêncio, meditava com tristeza na condição de Israel, e considerava como o jugo do opressor poderia ser quebrado de seu povo.
Subitamente o “Anjo do Senhor” apareceu, e a ele Se dirigiu com estas palavras: “O Senhor é contigo, varão valoroso.” Juízes 6:12. — Patriarcas e Profetas, 546.
O Anjo cobrira a divina glória de Sua presença, mas Ele não era outro senão Cristo, o Filho de Deus. Quando um profeta ou anjo apresentava uma divina mensagem, suas palavras eram: “Assim diz o Senhor: Eu farei isto”, mas no tocante à Pessoa que esteve com Gideão, entretanto, é dito que “o Senhor lhe disse: … Eu hei de ser contigo.” Juízes 6:16.
Desejando mostrar honra especial a seu ilustre visitante, e havendo obtido a promessa de que o Anjo esperaria seu regresso, Gideão correu à sua tenda e, de suas escassas reservas, preparou um cabrito e pães sem fermento, os quais apresentou diante dEle. …
Quando o presente foi colocado diante do Anjo, Este ordenou: “Toma a carne e os bolos asmos, e põe-nos sobre esta penha, e verte o caldo.” Juízes 6:20. Gideão obedeceu, e então o Senhor concedeu-lhe o sinal que ele almejava. Com o cajado que trazia na mão, o Anjo tocou a carne e os pães asmos. Fogo subiu da rocha e consumiu toda a oferenda como sacrifício, e não como refeição hospitaleira, pois ali Se encontrava Deus, e não um homem. Após esta prova de Seu divino caráter, o Anjo desapareceu.
Convencido de que estivera vendo o Filho de Deus, Gideão encheu-se de temor, exclamando: “Ah! Senhor Jeová, que eu vi o Anjo do Senhor face a face.” Juízes 6:22.
Graciosamente o Senhor apareceu pela segunda vez a Gideão e lhe disse: “Paz seja contigo; não temas, não morrerás.” Juízes 6:23. Estas preciosas palavras foram proferidas pelo mesmo compassivo Salvador que afirmou aos assustados discípulos enquanto no mar agitado: “Tende bom ânimo, sou Eu.” Mateus 14:27. Foi também Ele quem apareceu aos que, pesarosos, se haviam reunido no cenáculo superior, proferindo as mesmas palavras antes apresentadas a Gideão: “Paz seja convosco.” Lucas 24:36. — The Signs of the Times, 23 de Junho de 1881.
Sansão
Em meio da ampla apostasia, os fiéis adoradores de Deus continuaram a pleitear com Ele o livramento de Israel. … À beira do território montanhoso, sobranceiro à planície da Filístia, achava-se a cidadezinha de Zorá. Ali morava a família de Manoá, da tribo de Dã, uma das poucas casas que em meio da deserção geral permaneceram fiéis a Jeová. À mulher de Manoá, a qual não tinha filhos, o “Anjo do Senhor” apareceu, com a mensagem de que ela teria um filho, por meio de quem Deus começaria a livrar Israel. Em vista disto o Anjo lhe deu instruções com relação aos seus próprios hábitos, e também quanto ao tratamento do filho. …
A mulher procurou o marido, e depois de descrever o Anjo, repetiu Sua mensagem. Então, receosos de que cometessem algum erro na importante obra a eles confiada, orou o esposo: “Rogo-Te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer.” Juízes 13:8.
Quando o Anjo de novo apareceu, a ansiosa indagação de Manoá foi: “Qual será o modo de viver e serviço do menino?” Juízes 13:12. A instrução prévia foi repetida: “De tudo quanto Eu disse à mulher se guardará ela. De tudo quanto procede da vide não comerá, nem vinho, nem bebida forte beberá, nem coisa imunda comerá; tudo quanto lhe tenho ordenado guardará.” Juízes 13:13, 14. — Patriarcas e Profetas, 560, 561.
Manoá e sua esposa não sabiam que Aquele que a eles Se dirigia era Jesus Cristo. Imaginaram-nO como um mensageiro do Senhor, não conseguindo, contudo, determinar se era um profeta ou um anjo. Desejando manifestar hospitalidade para com o visitante, convidaram-nO a permanecer enquanto Lhe preparavam um cabrito. Desconhecendo, porém, a natureza do hóspede, não sabiam se deveriam colocar a oferta diante dEle como alimento ou como oferta queimada.
O Anjo respondeu: “Ainda que Me detenhas, não comerei de teu pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao Senhor.” Juízes 13:16. Sentindo-se agora seguro de que o visitante era um profeta, Manoá perguntou: “Qual é o teu nome? Para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos?” Juízes 13:17.
A resposta foi: “Por que perguntas assim pelo Meu nome, visto que é maravilhoso?” Juízes 13:18. Percebendo o caráter divino do hóspede, Manoá “tomou um cabrito e uma oferta de manjares e os ofereceu sobre uma penha ao Senhor; e agiu o Anjo maravilhosamente, vendo-o Manoá e sua mulher”. Juízes 13:19. Fogo proveio da rocha e consumiu o sacrifício, e enquanto a chama subia em direção ao Céu, “o Anjo do Senhor subiu na chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram em terra sobre seu rosto”. Juízes 13:20. Já não existiam mais dúvidas quanto à natureza do visitante. Sabiam que seus olhos haviam contemplado o Santíssimo que, encobrindo Sua glória na coluna de fogo, houvera sido o Guia e Ajudador de Israel no deserto.
Surpresa, reverente temor e mesmo terror encheram o coração de Manoá, que apenas conseguiu exclamar: “Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus.” Juízes 13:22. Sua companheira, contudo, possuiu mais fé que ele nessa hora solene. Lembrou-lhe de que o Senhor aceitara seu sacrifício, e ainda lhes prometera que teriam um filho, o qual iria libertar Israel. Isso constituía evidência de favor, não de ira. — The Signs of the Times, 15 de Setembro de 1881.
No devido tempo cumpriu-se a promessa feita a Manoá, através do nascimento de um filho, a quem foi dado o nome de Sansão. Por ordem do anjo, a cabeça do menino não deveria ser raspada, pois ele fora consagrado a Deus, desde o nascimento, para ser nazireu. — The Signs of the Times, 6 de Outubro de 1881.
Samuel e Eli
Samuel era uma criança rodeada das influências mais corruptoras. Via e ouvia coisas que lhe ofendiam a alma. Os filhos de Eli, que ministravam nas cerimônias sagradas, eram regidos por Satanás. Esses homens contaminavam toda a atmosfera que os cercava. Dia a dia homens e mulheres eram fascinados pelo pecado e a injustiça; no entanto Samuel vivia incontaminado. Imaculadas eram suas vestes de caráter. Não tomava parte nem sentia o menor prazer nos pecados que enchiam todo o Israel com terríveis rumores. Samuel amava a Deus; mantinha a alma em tão íntima comunhão com o Céu, que um anjo foi enviado para falar com ele relativamente aos pecados dos filhos de Eli, os quais estavam corrompendo a Israel. — Testemunhos Selectos 1:398.
As transgressões dos filhos de Eli eram tão terríveis… que nenhum sacrifício podia expiar seus pecados intencionais. … Esses pecadores conduziram a arca ao acampamento de Israel. …
Deus permitiu que Sua arca fosse tomada pelos inimigos para mostrar a Israel quanto era vão confiar na arca, o símbolo de Sua presença, enquanto profanavam os mandamentos contidos na mesma. …
Os filisteus criam que ao conquistar a arca, também estavam conquistando o famoso deus dos israelitas, o qual desempenhara tantas maravilhas por eles e os tornara um terror para seus inimigos. Levaram a arca para Asdode e a depositaram num esplêndido templo, construído em honra do mais popular de seus deuses, Dagom, colocando-a ao lado deste. Pela manhã os sacerdotes daqueles deuses entraram no templo e se aterrorizaram ao verem Dagom caído, com a face em terra, diante da arca do Senhor. … Os anjos de Deus, que sempre acompanhavam a arca, prostraram esse ídolo inconsciente e o mutilaram, para mostrar que Deus, o Deus vivente, Se encontrava acima de todos os deuses, e diante dEle qualquer deus pagão é como nada. — Spiritual Gifts 4a:106, 107.
Os homens de Bete-Semes rapidamente espalharam a notícia de que a arca estava em seu poder, e o povo do território circunvizinho reuniu-se para festejar a sua volta. A arca fora posta sobre a pedra que a princípio servira de altar, e diante dela sacrifícios adicionais foram oferecidos ao Senhor. … Em vez de prepararem um local conveniente para sua recepção, permitiram que ela ficasse no campo da ceifa. Como continuassem a olhar para o receptáculo sagrado, e falar acerca da maneira maravilhosa por que havia sido recuperado, começaram a conjeturar sobre onde jazia o seu poder peculiar. Finalmente, vencidos pela curiosidade, removeram a cobertura, e arriscaram-se a abri-la. …
Mesmo os filisteus gentios não haviam ousado remover a sua cobertura. Anjos do Céu, invisíveis, sempre a acompanhavam em todas as suas viagens. A irreverente ousadia do povo de Bete-Semes foi prontamente punida. Muitos foram feridos de morte instantânea. — Patriarcas e Profetas, 589.
Saul e Jônatas
Deus havia elegido Samuel para julgar a Israel. Era ele honrado por todo o povo. Deus devia ser reconhecido como o grande Líder, mas ainda assim designou-lhes dirigentes e os imbuiu com Seu Espírito, comunicando aos mesmos Sua vontade por intermédio dos anjos. — Spiritual Gifts 4a:67.
Por causa do pecado de Saul em sua oferta presunçosa, o Senhor não lhe daria a honra de vencer aos filisteus. Jônatas, o filho do rei, homem que temia o Senhor, foi escolhido como instrumento para libertar Israel. …
Anjos celestiais protegiam a Jônatas e seu auxiliar, anjos combatiam ao seu lado, e os filisteus caíam diante deles. — Patriarcas e Profetas, 623.
Anjos de Deus lutaram ao lado de Jônatas, de modo que os filisteus caíram à sua volta. Grande temor invadiu os exércitos dos filisteus, tanto no campo de batalha quanto na retaguarda. … A terra tremeu debaixo de seus pés, como se uma grande multidão de cavaleiros e carruagens viessem se deslocando para a batalha. Jônatas e seu pajem, e mesmo o exército filisteu, souberam que o Senhor estava operando a libertação dos hebreus. — Spiritual Gifts 4a:70.
A juventude de Davi
Samuel não tornou a dar instruções divinas a Saul. O Senhor não podia empregar o rei para executar Seus propósitos. Entretanto, enviou Samuel à casa de Jessé para ungir Davi, a quem escolhera para ser dirigente em lugar de Saul, a quem já rejeitara.
Quando os filhos de Jessé desfilaram diante de Samuel, este haveria escolhido a Eliabe, de elevada estatura e digna aparência, mas o anjo de Deus estava ao lado do profeta para orientá-lo na importante decisão, instruindo-o a não julgar de acordo com a aparência. Eliabe não temia ao Senhor. Seu coração não era reto para com Deus. Haveria sido um dirigente orgulhoso e exigente. Nenhum foi encontrado entre os filhos de Jessé, exceto Davi, o mais jovem, cuja humilde ocupação era a guarda de ovelhas. — Spiritual Gifts 4a:77, 78.
Davi não se destacava pela estatura; sua face, contudo, era bela, expressando humildade, honestidade e verdadeira coragem. O anjo de Deus indicou a Samuel que este deveria ser ungido, por ser o escolhido do Senhor. A partir desse momento Ele concedeu a Davi um coração prudente e entendido. — The Spirit of Prophecy 1:368.
Eliabe, o irmão mais velho de Davi, … tinha ciúmes do irmão, pois este fora honrado à frente dele. Desprezava-o e o tratava como alguém inferior a si mesmo. Acusou-o diante de outras pessoas, de haver escapado, às escondidas do pai, para presenciar a batalha. … Davi repeliu a injusta acusação, dizendo: “Que fiz eu agora? Fiz somente uma pergunta.” 1 Samuel 17:29. Davi não explicou detalhadamente ao irmão que viera para auxiliar Israel, que Deus o enviara para matar Golias. Deus o elegera para governar Israel; enquanto os exércitos do Deus vivo se encontravam em perigo, ele fora dirigido por um anjo para salvar a Israel. — The Spirit of Prophecy 1:371.
Saul encontra-se com um anjo
[Saul] permitiu que os impulsos controlassem seu julgamento, até que ele imergisse numa furiosa paixão. Apresentava acessos de ira e loucura, momentos em que estava pronto a tirar a vida de quem quer que se opusesse à sua vontade. … Foi o caráter imaculado e a nobre fidelidade de Davi que despertaram a ira do rei. Percebia a vida e o caráter deste como sendo uma censura a si próprio. …
Saul chegou a Ramá e se deteve junto ao grande poço de Seco. O povo chegava ali para tirar água, e Saul perguntou-lhes onde estavam Samuel e Davi. Quando lhe foi dito que eles se achavam em Naiote, apressou-se em chegar lá. Mas o anjo do Senhor encontrou-o no caminho e passou a controlá-lo. O Espírito de Deus o manteve em Seu poder, de modo que prosseguiu pelo caminho proferindo orações, intercaladas com predições e melodias sagradas. Profetizou a vinda do Messias como Redentor do mundo. Chegando em Naiote de Ramá, despojou-se das vestes reais e passou um dia e uma noite junto a Samuel e seus discípulos, sob a influência do divino Espírito. — The Signs of the Times, 24 de Agosto de 1888.
Encontro de Saul em En-dor e sua morte
De novo foi declarada guerra entre Israel e os filisteus. … Saul soubera que Davi e sua força estavam com os filisteus, e esperava que o filho de Jessé aproveitasse esta oportunidade para vingar-se dos males que tinha sofrido. O rei estava em grande angústia. … No dia seguinte, Saul deveria empenhar-se em batalha com os filisteus. As sombras de iminente condenação juntavam-se negras em redor dele; almejava auxílio e guia. Mas em vão procurou conselho da parte de Deus. “O Senhor lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.” 1 Samuel 28:6. …
Então disse Saul aos seus servos: “Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte.” 1 Samuel 28:7. … Foi dito ao rei que uma mulher que possuía espírito de feitiçaria estava morando em um esconderijo, em En-Dor. Esta mulher entrara em concerto com Satanás, para entregar-se ao seu domínio, e cumprir seus propósitos; e, em troca, o príncipe do mal operava prodígios para ela, e revelava-lhe coisas secretas.
Disfarçando-se, Saul saiu de noite apenas com dois auxiliares, a fim de buscar o retiro da feiticeira. … Sob o manto das trevas, Saul e seus auxiliares se encaminharam através da planície, e, passando com segurança pelos exércitos filisteus, atravessaram o cume das montanhas, em direção à morada solitária da feiticeira de En-Dor. …
Depois de praticar seus encantamentos, ela disse: “Vejo deuses que sobem da terra. … Vem subindo um homem ancião e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel.” 1 Samuel 28:13, 14.
Não foi o santo profeta de Deus que veio com o poder dos encantamentos de uma feiticeira. Samuel não estava presente naquele antro de espíritos maus. A aparência sobrenatural apenas foi produzida pelo poder de Satanás. — Patriarcas e Profetas, 675, 676, 679.
As primeiras palavras da mulher sob o poder de seu encantamento foram dirigidas ao rei: “Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul.” 1 Samuel 28:12. Assim, o primeiro ato do espírito mau que personificou o profeta, foi comunicar-se secretamente com aquela ímpia mulher, para avisá-la do engano que fora praticado para com ela. A mensagem a Saul do pretenso profeta foi: “Por que me desinquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus Se tem desviado de mim e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.” 1 Samuel 28:15.
Quando Samuel vivia, Saul desprezara seu conselho, e ressentira-se de suas reprovações. Agora, porém, na hora de sua angústia e calamidade, sentia que a guia do profeta era sua única esperança; e, a fim de comunicar-se com o embaixador do Céu, recorreu em vão ao mensageiro do inferno! Saul se colocara inteiramente no poder de Satanás; e agora aquele cujo único deleite consiste em ocasionar miséria e destruição, prevaleceu-se da oportunidade para efetuar a ruína do infeliz rei. Em resposta ao agoniado rogo de Saul veio a terrível mensagem, que, pretendia-se, provinha dos lábios de Samuel:
“Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo? Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor, … por isso… o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus.” 1 Samuel 28:16, 18, 19. — Patriarcas e Profetas, 680.
Quando Saul interrogou Samuel, o Senhor não fez que este aparecesse ao rei. Samuel nada viu. Não foi permitido a Satanás perturbar o repouso do profeta na sepultura, trazendo-o realmente de volta na caverna de En-Dor. Deus não outorga a Satanás o poder para a ressurreição de mortos. Entretanto, anjos malignos assumem a forma de amigos mortos, falando e agindo como estes, e através destes supostos amigos mortos Satanás opera mais poderosamente sua obra de engano. Ele conhecia bem a Samuel; sabia como representá-lo diante da feiticeira de En-Dor, e igualmente pôde prever com acerto a sorte de Saul e seus filhos. — The Spirit of Prophecy 1:376.
O relato escriturístico da visita de Saul à mulher de En-Dor, tem sido uma fonte de perplexidade a muitos estudiosos da Bíblia. Há alguns que assumem a posição de que Samuel estava efetivamente presente na entrevista com Saul; mas a própria Bíblia oferece base suficiente para uma conclusão contrária. Se, como alguns pretendem, Samuel estava no Céu, ele deveria ter sido chamado dali, ou pelo poder de Deus, ou pelo de Satanás. Ninguém poderá crer por um momento sequer que Satanás tivesse poder para chamar do Céu o santo profeta de Deus para honrar os enganos de uma mulher perdida. Tampouco podemos concluir que Deus o chamasse à caverna da feiticeira; pois o Senhor já Se havia recusado a comunicar-Se com Saul, por meio de sonhos, por Urim, ou por profetas. 1 Samuel 28:6. Tais eram os meios indicados por Deus para a comunicação, e Ele os não preteriria para transmitir a mensagem pela operação de Satanás.
A própria mensagem traz prova suficiente de sua origem. Seu objetivo não foi levar Saul ao arrependimento, mas impeli-lo à ruína; e isto não é a obra de Deus, mas a de Satanás. Ademais, o ato de Saul ao consultar uma feiticeira é citado nas Escrituras como um motivo por que ele foi rejeitado por Deus e abandonado à destruição: “Morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar e não buscou o Senhor, pelo que o matou e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé.” 1 Crônicas 10:13, 14. — Patriarcas e Profetas, 683.
Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, capítulo 10. Via Sétimo Dia
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