O batismo de Cristo
Anjos celestiais olhavam com interesse para as cenas do batismo do Salvador. Pudessem ser abertos os olhos dos que assistiam o evento, teriam eles visto o exército celestial circundando o Filho de Deus quando Este desceu as barrancas do Jordão. — The Youth’s Instructor, 23 de Junho de 1892.
O olhar do Salvador parece penetrar o Céu, ao derramar a alma em oração. Bem sabe como o pecado endureceu o coração dos homens, e como lhes será difícil discernir Sua missão, e aceitar o dom da salvação eterna. Suplica ao Pai poder para vencer a incredulidade deles, quebrar as cadeias com que Satanás os escravizou, a derrotar, em seu benefício, o destruidor. Pede o testemunho de que Deus aceite a humanidade na pessoa de Seu Filho.
Nunca antes haviam os anjos ouvido tal oração. Anseiam trazer a Seu amado Capitão uma mensagem de certeza e conforto. Mas não; o próprio Pai responderá à petição do Filho. Diretamente do trono são enviados os raios de Sua glória. Abrem-se os céus, e sobre a cabeça do Salvador desce a forma de uma pomba da mais pura luz — fiel emblema dEle, o Manso e Humilde. …
O povo ficou silencioso, a contemplar a Cristo. Seu vulto achava-se banhado pela luz que circunda sem cessar o trono de Deus. Seu rosto erguido estava glorificado como nunca antes tinham visto um rosto de homem. Dos céus abertos, ouviu-se uma voz, dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo.” Mateus 3:17. — O Desejado de Todas as Nações, 111, 112.
O Senhor havia prometido conceder a João um sinal através do qual ele saberia da chegada do Messias, e agora, ao Jesus subir das águas, foi-lhe concedido o prometido sinal. Ele viu os Céus se abrirem e o Espírito de Deus, na semelhança de uma pomba de ouro polido, sobrevoar a cabeça de Cristo, enquanto uma voz provinha do Céu, dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo.” Mateus 3:17. — The Youth’s Instructor, 23 de Junho de 1892.
Dentre a multidão à beira do Jordão, poucos, além de João, divisaram essa visão celeste. — O Desejado de Todas as Nações, 112.
Quando do batismo de Cristo, Satanás achava-se entre os espectadores. Viu a glória do Pai cobrir o Filho. Ouviu a voz de Jeová testificando da divindade de Jesus. Desde o pecado de Adão, estivera a raça humana cortada da direta comunhão com Deus; a comunicação entre o Céu e a Terra fizera-se por meio de Cristo; mas agora, que Jesus viera “em semelhança da carne do pecado” (Romanos 8:3), o próprio Pai falou. Antes, comunicara-Se com a humanidade por intermédio de Cristo; fazia-o agora em Cristo. Satanás esperara que, devido ao aborrecimento de Deus pelo pecado, se daria eterna separação entre o Céu e a Terra. Era, no entanto, agora manifesto que a ligação entre Deus e o homem fora restaurada. — O Desejado de Todas as Nações, 116.
Satanás conseguia discernir, por detrás da humanidade [de Cristo] a glória e pureza dAquele com quem estivera associado nas cortes celestiais. Isto fez surgir diante do tentador um quadro daquilo que ele próprio fora, um querubim cobridor cheio de beleza e santidade. — Bible Echo and Signs of the Times, 23 de Julho de 1900.
A tríplice tentação de Jesus no deserto
Satanás havia declarado aos seus anjos que haveria de vencer a Cristo na questão do apetite. Esperava obter a vitória sobre Ele em Sua fraqueza. — The Signs of the Times, 4 de Abril de 1900.
Satanás viu que, ou venceria, ou seria vencido. Os resultados do conflito envolviam demasiado para ser ele confiado aos anjos confederados. Ele próprio devia dirigir em pessoa o conflito. — O Desejado de Todas as Nações, 116.
Enquanto no deserto, Cristo jejuou, mas não sentiu fome. … Gastou o tempo em oração fervorosa, estando em plena comunhão com Deus. Era como se estivesse na presença do Pai. … O pensamento da batalha que tinha diante de Si, fazia-O esquecer-Se de tudo o mais, e Sua alma era alimentada pelo Pão da Vida. … Contemplou o quebrar-se do poder de Satanás sobre a vida de caídos e tentados. Viu a Si próprio curando os enfermos, confortando os desesperados, animando os angustiados e pregando o evangelho aos pobres — fazendo, enfim, a obra que Deus esboçara para Ele. E assim não percebeu qualquer sensação de fome até o final dos quarenta dias de jejum.
A visão dissipou-se, e então, com forte intensidade, a natureza humana de Cristo desejou alimento. Apresentara-se agora a oportunidade para o assalto de Satanás. Resolveu ele apresentar-se como se fosse um dos anjos de luz que havia aparecido a Cristo em visão. — Manuscript Releases 21:8, 9.
Repentinamente aparece um anjo diante de Cristo — aparentemente um dos anjos que Ele vira havia pouco. … As palavras celestiais: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mateus 3:17), soavam ainda nos ouvidos de Satanás. Ele determinou-se a fazer Cristo descrer desse testemunho. — Manuscript Releases 21:9.
Satanás apareceu a Cristo… como um formoso anjo do Céu, pretendendo haver sido comissionado por Deus para declarar que o jejum chegara ao fim. — The Review and Herald, 14 de Janeiro de 1909.
[Satanás] disse ao Redentor que não mais Lhe era necessário jejuar, que Sua longa abstinência fora aceita pelo Pai, que Ele já fora suficientemente longe, e que agora estava em liberdade para realizar um milagre em Seu próprio favor. — The Signs of the Times, 29 de Julho de 1889.
Crendo que o caráter angélico que assumira não havia sido detectado, Satanás preparou-se para levar Cristo a duvidar de Sua divindade. — The Spirit of Prophecy 2:91.
A primeira tentação
Satanás raciocinou com Cristo da seguinte maneira: Se as palavras proferidas após Seu batismo eram verdadeiramente as palavras de Deus, se Ele era o Filho de Deus, não precisava Ele suportar a sensação de fome; poderia dar provas de Sua divindade demonstrando Seu poder em transformar as pedras do desnudo deserto em pães. — Redemption or the First Advent of Christ With His Life and Ministry, 48.
Satanás disse a Cristo que Ele apenas precisava colocar os pés na trilha manchada de sangue, mas não necessitava transitar por ela. Assim como ocorrera com Abraão, Ele fora provado para demonstrar Sua fiel obediência. Declarou também que um anjo detivera a mão de Abraão quando já prestes a desferir o cutelo e matar Isaque, e que agora ele fora enviado para salvar a vida [de Cristo]; que não Lhe era necessário suportar a dolorosa fome e mesmo a morte por inanição; ele havia vindo para ajudar Cristo, desempenhando uma parte no plano da salvação. — The Review and Herald, 4 de Agosto de 1874.
[Satanás] chamou a atenção de Cristo para a sua própria aparência atraente, vestido de luz e forte em poder. Pretendeu ser um mensageiro vindo diretamente do trono do Céu, e afirmou que tinha o direito de exigir de Cristo evidências de ser Ele o Filho de Deus. — The Review and Herald, 4 de Agosto de 1874.
Foi pelas palavras… [de Satanás], e não por sua aparência, que Cristo reconheceu ser ele o inimigo. — The Review and Herald, 22 de Julho de 1909.
Ao assumir a natureza do homem, Cristo não manteve aparência semelhante à dos anjos do Céu, mas esta era uma das humilhações pelas quais necessitava passar quando voluntariamente aceitou tornar-Se o Redentor do homem. Satanás insistiu em que Ele, se realmente era o Filho de Deus, deveria prover alguma evidência de Seu exaltado caráter. Sugeriu que Deus não permitiria a Seu Filho cair em tão deplorável situação. Declarou que um dos anjos fora expulso do Céu e enviado à Terra, e que a aparência de Cristo indicava que Ele era o tal anjo caído, e não o Rei dos Céus. Chamou a atenção para a sua própria fulgurante aparência, vestido de luz e poder, e insultuosamente contrastou o deplorável estado de Cristo com a sua própria glória. — The Spirit of Prophecy 2:91.
A segunda tentação
“Então o diabo O transportou à cidade santa, e colocou-O sobre o pináculo do templo, e disse-Lhe: Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo; porque está escrito: Aos Seus anjos dará ordens a Teu respeito, e tomar-Te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.” Mateus 4:5, 6. — O Desejado de Todas as Nações, 124.
Para demonstrar sua força, Satanás levou Jesus a Jerusalém e O colocou no pináculo do templo. — Spiritual Gifts 1:32.
[Satanás] exigiu novamente de Cristo, como prova de ser o Filho de Deus, que o demonstrasse lançando-Se da impressionante altura em que O havia colocado. Insistiu em que Cristo revelasse Sua confiança no preservador cuidado do Pai ao lançar-Se do templo. Na primeira tentação, envolvendo a questão do apetite, Satanás tentara insinuar dúvidas quanto ao amor e cuidado de Deus por Seu Filho. Apresentou o ambiente ao redor e a fome de Cristo como evidências de que não Se achava sob o favor divino. Não foi bem-sucedido naquela tentativa. Agora tentou obter vantagem da perfeita fé e confiança que Jesus demonstrara em relação ao Pai, levando-O a apelar à presunção: “Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo; porque está escrito: Aos Seus anjos dará ordens a Teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.” Mateus 4:6. — The Review and Herald, 18 de Agosto de 1874.
O próprio astuto inimigo apresenta palavras procedentes da boca de Deus. Parece ainda um anjo de luz, e mostra claramente estar familiarizado com as Escrituras, entendendo a significação do que está escrito. Como Jesus usara anteriormente a Palavra de Deus para apoiar Sua fé, o tentador agora a emprega para dar força a seu engano. Pretende ter estado apenas provando a fidelidade de Jesus, louvando-Lhe agora a firmeza. Como o Salvador manifestou confiança em Deus, Satanás insiste com Ele para que dê outro testemunho de Sua fé.
Mas novamente a tentação é introduzida com a insinuação de desconfiança: “Se Tu és o Filho de Deus.” Mateus 4:6. Cristo foi tentado a responder ao “se”; absteve-Se, porém, da mais leve aceitação da dúvida. Não poria em risco Sua vida para dar a Satanás uma prova. — O Desejado de Todas as Nações, 124.
Quando Satanás citou a promessa: “Aos Seus anjos dará ordens a Teu respeito” (Mateus 4:6), omitiu as palavras: “Para Te guardarem em todos os Teus caminhos” (Salmos 91:11), isto é, os caminhos escolhidos por Deus. Jesus recusou afastar-Se do caminho da obediência. Embora manifestando perfeita confiança no Pai, não Se colocaria numa posição em que o Pai fosse obrigado a interpor-Se para salvá-Lo da morte. Não forçaria a Providência a vir em Seu resgate, pois fracassaria assim em oferecer ao homem um perfeito exemplo de confiança e submissão. — The Signs of the Times, 10 de Dezembro de 1902.
Houvesse Cristo Se atirado do pináculo do templo, não teria glorificado o Pai; ninguém haveria presenciado Sua ação, exceto Satanás e os anjos de Deus. Haveria levado o Senhor a revelar Seu poder diante do mais acérrimo inimigo. Haveria sido uma condescendência para com aquele a quem Jesus viera derrotar. — Spiritual Gifts 1:33.
A terceira tentação
Jesus saiu vitorioso da segunda tentação, e então Satanás se manifesta em seu verdadeiro caráter. Não se apresenta, todavia, como aquele horrível monstro de pés de cabra e asas de morcego. Embora decaído, é um poderoso anjo. Declara-se o líder da rebelião, e o deus deste mundo.
Colocando Jesus sobre uma alta montanha, fez com que todos os reinos do mundo, em toda a sua glória, passassem, em vista panorâmica, diante dEle. — O Desejado de Todas as Nações, 129.
Nas duas primeiras tentações, Satanás havia encoberto seu verdadeiro caráter e propósito, declarando ser um exaltado mensageiro enviado pelas cortes celestiais. Agora, porém, lança fora todo disfarce e se apresenta como o Príncipe das Trevas, requerendo a Terra como seu domínio. — The Spirit of Prophecy 2:95.
O grande enganador tentou cegar os olhos de Cristo com o brilho e resplendor do mundo, apresentando diante dEle os reinos deste mundo e sua glória. Aquele que caíra do Céu retratou este mundo como possuindo o resplendor do reino celestial, de modo a induzir Cristo a aceitar o suborno, prostrar-Se diante dele e o adorar. — The Signs of the Times, 28 de Março de 1895.
A luz do Sol projeta-se sobre cidades cheias de templos, palácios de mármore, campos férteis e vinhas carregadas de frutos. Os vestígios do mal estavam ocultos. Os olhos de Jesus, cercados ultimamente de tanta tristeza e desolação, contemplam agora uma cena de inexcedível beleza e prosperidade. Ouve então a voz do tentador: “Dar-Te-ei a Ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se Tu me adorares, tudo será Teu.” Lucas 4:6, 7. …
Ora, o tentador oferecia entregar-Lhe o poder que usurpara. Cristo poderia livrar-Se do terrível futuro mediante o reconhecimento da supremacia de Satanás. Fazer isso, porém, era renunciar à vitória no grande conflito. — O Desejado de Todas as Nações, 129.
Chamando-o por seu verdadeiro nome, Jesus repreendeu o tentador. A divindade irradiou através da humanidade sofredora, e por Sua palavra Ele manifestou a autoridade do Céu. Revelou ao enganador que, embora este se houvesse revestido da luz de um anjo, seu verdadeiro caráter não podia ser oculto ao Salvador do mundo. Chamou-o Satanás, o anjo das trevas, aquele que deixara seu primeiro estado e se recusara a manter-se fiel a Deus. — The Signs of the Times, 28 de Março de 1895.
Satanás deixou o campo de batalha como inimigo vencido, terminantemente mandado embora. Às palavras de Cristo, “Vai-te, Satanás” (Lucas 4:8), o poderoso anjo caído não teve escolha, senão obedecer. Anjos excelentes em poder achavam-se no campo de batalha para proteger a alma tentada, prontos para resistir ao inimigo. — The Review and Herald, 24 de Abril de 1894.
Anjos do céu presenciaram as tentações de Cristo
Aparentemente Cristo Se achava sozinho com Satanás no deserto da tentação. Contudo não era assim, pois os anjos estavam à Sua volta exatamente do modo como são comissionados por Deus para ministrar em favor dos que se encontram sob os temíveis assaltos do inimigo. — Manuscript Releases 16:180.
Todo o Céu presenciou o conflito entre o Príncipe da luz e o príncipe das trevas. Anjos estavam prontos a interpor-se em favor de Cristo, caso Satanás houvesse transposto os limites estabelecidos. — Bible Echo and Signs of the Times, 3 de Setembro de 1900.
Essas foram tentações reais, não aparentes. Cristo “sendo tentado, padeceu”. Hebreus 2:18. Anjos do Céu se achavam na cena naquela ocasião, e mantiveram erguido o estandarte, para que Satanás não ultrapassasse seus limites e sobrepujasse a natureza humana de Cristo. — Mensagens Escolhidas 1:94, 95.
O tremendo esforço deixara Cristo como morto. “Eis que chegaram os anjos e O serviram.” Mateus 4:11. Seus braços O ampararam. Sobre o peito do mais exaltado anjo do Céu repousou Ele a cabeça. … O inimigo fora vencido. — Bible Echo and Signs of the Times, 3 de Setembro de 1900.
Depois que Satanás terminara suas tentações, afastara-se de Jesus por algum tempo, e os anjos Lhe prepararam alimento no deserto. — Primeiros Escritos, 158.
Após a terceira tentação
Depois de haver fracassado em seu desígnio de vencer a Cristo no deserto, arregimentara Satanás suas forças para se Lhe opor ao ministério, obstando, se possível Sua obra. Aquilo que não conseguira realizar por esforço pessoal, direto, decidira efetuar por meio de estratégia. Tão depressa se retirara do conflito no deserto, em concílio com os anjos seus confederados amadureceu os planos para cegar ainda mais o espírito do povo judeu, a fim de não reconhecerem seu Redentor. Planejou operar por meio de seus agentes humanos do mundo religioso, imbuindo-os de sua própria inimizade contra o Campeão da verdade. Levá-los-ia a rejeitar a Cristo e a tornar-Lhe a vida o mais amarga possível, esperando desanimá-Lo em Sua missão. — O Desejado de Todas as Nações, 205, 206.
Ellen G. White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 14. Via Sétimo Dia
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