Provavelmente não exista assunto mais fortemente emocional na Igreja Adventista hoje do que a música. A capacidade que ela tem de acirrar os ânimos e elevar a pressão sanguínea é inquestionável, e estas tensões não estão necessariamente divididas ao longo das linhas de idade, gênero ou raça. O assunto é tão profundo que algumas igrejas têm se divido sobre este assunto e deixado de adorar em comunhão. Embora os protagonistas neste argumento afirmem que suas diferenças sejam sobre a expectativa de adoração, quando a cortina é descerrada, invariavelmente ela é sobre a música. Especificamente, a questão é: usar ou não usar a música rock!
Na última década e meia uma nova onda de música, conhecida de forma genérica como “rock cristão”, chegou à porta de entrada da Igreja Adventista. Esta música tem uma batida insolente, alta e arrojada, e não hesita em anunciar sua presença à igreja. O impacto desta música tem sido profundo e, talvez, duradouro. Enquanto alguns consideram que o rock cristão seja um flagelo para a igreja e mesmo mais um sinal do fim dos tempos, outros louvam a Deus porque pelo menos foi encontrado um recurso para comunicar a mensagem de Jesus a uma geração moderna.
Uma Definição de Música Rock
Talvez o problema comece quando tentamos definir o que é “rock cristão”. Isto é, provavelmente, tão difícil quanto tentarmos encontrar uma definição adequada para a própria música rock. “Ninguém tem uma definição satisfatória para a música rock”.1 A música rock é um termo genérico, que abrange uma gama diferente de estilos musicais. Isto inclui heavy metal, acid, techno, reggae, punk, rap, jungle, soft rock e hard rock, só para mencionar uns poucos exemplos daquilo que a sociedade considera como música rock.
No entanto, devemos tentar encontrar uma definição, a fim de dar ao leitor alguma indicação da música que está sendo discutida. Neste artigo, o que é chamado de música “Rock Cristã” terá algumas e normalmente todas das seguintes características:
Repetição – Música que se caracteriza pela repetição de acordes padronizados, palavras, batida, ritmo e é escrita usando uma quantidade restrita de notas.
Batida Condutora – A música é conduzida por uma batida pesada e repetitiva.
Decibéis – Uma música que é dominada pelo elemento de volume.
Impacto – O impacto desta música é principalmente seu som e ritmo, e não suas palavras.2
Cada uma dessas características está presente na maioria da música rock secular.
O que distingue o “rock cristão” do rock secular não é a música, mas sim as palavras. Os outros elementos devem estar presentes ou a música de ambos os gêneros simplesmente não poderia ser música rock.
Os defensores do “rock cristão” citam seu uso freqüente e aceitação pela igreja como evidência de sua qualidade. Porém, a música rock “não é boa porque está sendo apresentada num contexto ‘religioso’, da mesma forma que a música rock não é ruim porque está sendo executada dentro de um contexto ‘secular’. A música rock deve ser julgada não pelo seu contexto, mas sim pelo seu conteúdo. Lindas flores podem ser encontradas num deserto poeirento e plantas venenosas num adorável jardim”.3 Portanto, para solucionarmos corretamente a questão do “rock cristão” na Igreja Adventista, devemos que julgá-lo pelo que ele é, ao invés de onde ele está sendo tocado, ou seja, numa igreja ou numa boate.
Observando o Rock Secular
As Raízes do Rock Secular
Para chegarmos a uma conclusão equilibrada sobre este assunto é necessário entendermos as raízes do “rock cristão”. Geralmente se reconhece que a música rock traça o início de seu desenvolvimento até a cultura dos escravos da África Ocidental do século XV. Da África, ela foi transportada às Índias Ocidentais em navios negreiros. Os instrumentos primitivos dos escravos foram substituídos por trompetes, pianos e baterias. Juntos com a influência ocidental das baladas, quadrilhas, danças espanholas e música country, o rock desenvolveu-se como uma nova forma própria de música. Depois da Segunda Guerra Mundial, veio Bill Haley com “Rock Around the Clock” seguido por Elvis Presley com “Love Me Tender“.4 O rock saltou sobre o Atlântico e voltou à América na forma dos Beatles. A revolução começou.
Hoje a música rock está em todo lugar. Seu som pode ser ouvido nas rádios, televisão, em shopping centers e bares, nas partidas de futebol, cinemas, clubes e, claro, na igreja. Nenhum deles torna a música rock boa ou má. Lembrem-se, devemos julgar a música rock pelo seu impacto sobre a vida de seus compositores, intérpretes e ouvintes.
O Impacto da Música Rock
“Não pode haver nenhuma dúvida de que desde o megastar Jimi Hendrix (que proclamava ter dormido com umas 1000 mulheres) em diante, muitos de seus principais artistas cometeram adultério, fornicação, lesbianismo, homossexualismo ou alguma outra forma de perversão sexual em seu modo de vida.” 5 Elton John, que cantou no funeral da princesa Diana, disse uma vez: “Não há nada de errado em ir para cama com alguém de seu próprio sexo. Eu acho que as pessoas deveriam ser muito livres com relação ao sexo”. 6
Os artistas de rock não são os únicos músicos conhecidos por seu comportamento questionável. “Tchaikovsky não era nenhum modelo de virtuosa perfeição, Chopin tinha a reputação de mulherengo, Mahler dificilmente seria irrepreensível e Mozart não era exatamente um porto de santidade. Quanto a Wagner, é descrito como grosseiramente imoral, egoísta, adúltero, arrogante, freneticamente hedonista, violentamente racista e … um ladrão!” 7 Estes exemplos ilustram como necessitamos ser cuidadosos em condenar a música somente por causa do estilo de vida e comportamento de seus criadores e artistas.
As influências satânicas do ocultismo certamente estão presentes na música rock a partir do início de seu desenvolvimento. Do AC/DC a Michael Jackson e em bandas como Rolling Stones, Oasis, Prodigy, Nirvana, e Marilyn Manson, a tônica do ocultismo está evidente para quem quiser ver. Capas de álbuns, letras e música declaram, de forma ousada, a associação de muitos músicos de rock com as trevas do submundo.
Juntamente com o ocultismo, as drogas têm assumido um papel importante nas vidas dos músicos de rock e no desenvolvimento de sua música. Um empresário de um dos principais grupos de rock declara: “Não importa o que lhe digam, as drogas sempre serão uma parte do cenário do rock.”.8 A trágica lista daqueles que morreram como resultado ao uso de drogas na indústria do rock é impressionante – Jimi Hendrix, Jim Morrison, Keith Moon e Sid Viscous, Kurt Cobain do Nirvana, para citar apenas alguns. Isto é mais do que suficiente para correlacionar o enorme crescimento no uso de drogas por jovens com a emergência da música rock como fenômeno cultural.
A violência também é proeminente nas vidas e na música de muitos roqueiros. Os gangsta rappers, que vieram das ruas de algumas grandes cidades americanas, estão se tornando cada vez mais populares. Suas canções defendem a morte, o estupro e a violência. A pessoa só tem que pegar um álbum do cantor de rap Snoop Dog para ver que o que estes músicos proclamam é violência chocante de uma natureza gráfica que quase não se ouvia falar até o advento de sua forma de música. Coolio, Tupac e Will Smith são poucos exemplos da crescente emergência desta forma de música violenta.
Allan Lanier admite que a música rock carrega emoções violentas. “Existe uma porção de violência, uma porção de agressividade na música.” 9 Talvez este fator tenha algo a ver com um número extremamente elevado de roqueiros que foram recentemente assassinados de forma brutal – por tiros. Tupac, um cantor de rap, foi morto a tiros, em 1996, quando dirigia pelo subúrbio de sua residência. Ele morreu cravejado de balas – um cenário sobre o qual ele próprio havia cantado muitas vezes.
A violência freqüentemente acompanha os concertos de rock. Os comportamentos violentos inspirados pelos concertos de rock normalmente tornam seus participantes em máquinas, capazes de destruir milhões de dólares de recursos em poucos momentos, como se fossem tornados. Estes eventos destrutivos recebem ampla cobertura nacional na mídia. Se pelos seus frutos os conhecereis, então a destruição e desolação causada por muitos concertos de rock falam por si.
Há Lugar para o “Rock Cristão” na Igreja Adventista?
O assunto que estamos enfocando não são as personalidades do mundo do rock, mas sim se o tão chamado “rock cristão” tem ou não lugar na adoração adventista. A razão para colocarmos a expressão “rock cristão” entre aspas é a convicção de que o termo “cristão” não deveria ser usado em conjunção com algo acerca do qual existem provas científicas indicando que causa desordens mentais, físicas e morais.
Vivemos realmente nos últimos dias da história da terra, quando a pressão da conformidade cultural está se intensificando. O assunto que estamos enfocando tem conseqüências eternas para nossos jovens e para nós como líderes. O Departamento de Jovens de nossa igreja quer garantir que tudo, inclusive nossa música, glorifique a Cristo e atraia os jovens para a beleza e maravilha de servir a Jesus.
O que você está para ler reflete o compromisso que o nosso Departamento de Jovens assumiu em apoiar o padrão da música cristã. Não tentaremos impor nosso padrão a você, como se fôssemos o líder de jovens responsável pela igreja local. No final apenas você e os jovens da tua igreja local poderão decidir o que acontecerá nos programas de jovens da tua igreja. Porém, vamos nos esforçar para manter este padrão em todos os programas de jovens das igrejas da Conferencia Norte da Nova Zelândia.
“Conta-se a história de um homem que, durante uma campanha eleitoral, leu em um adesivo de pára-choque o seguinte: ‘Já tomei minha decisão. Por favor, não me confundam com os fatos'”.10 O assunto do rock cristão é extensamente amplo e complicado, contudo muitos não hesitam em dar sua opinião, baseando-se em como se sentem e pensam, em vez de olhar aberta, séria e honestamente os fatos, a fim de considerarem o assunto.
Antes que alguém possa ponderar sobre as vantagens ou desvantagens do assim chamado “rock cristão” na igreja adventista, é necessário ter uma vibrante comunhão diária pessoal com Jesus Cristo, (estudo bíblico diário e oração). É somente dentro do contexto de uma experiência cristã saudável que um juízo maduro pode ser expresso sobre o rock cristão na igreja.
Revisemos os fatos básicos sobre a Música Rock:
O rock cristão tem suas raízes no rock secular.
O rock secular tem as seguintes qualidades:
Arraigado na cultura de escravos da África Ocidental.
Influenciado e modernizado por vários fatores ocidentais.
Muitos de seus artistas e compositores vivem um estilo de vida pervertido que é evidenciado em muitas de suas músicas.
Está profundamente imerso no ocultismo.
Está arraigado nas drogas e estimula seu uso.
Promove e encoraja a violência.
É difícil para o “rock cristão” se separar de suas raízes. Você não pode simplesmente batizar a música rock e torná-la cristã. A diferença predominante entre música rock cristã e música rock secular são as letras. O uso de letras diferentes dificilmente dá ao “rock cristão” o direito de reivindicar validade na igreja de Deus.
Vamos observar mais de perto algumas das características da música conhecida como “rock cristão”.
1. O “Rock Cristão” Imita o Rock Secular:
As Escrituras nos ordenam a não “amarmos o mundo e as coisas que há no mundo”. (I João 2:15), mas o “rock cristão” imita sua contraparte secular. “Os artistas de rock cristão imitam as roupas, gestos, movimentos e vozes dos artistas de rock secular; todo seu estilo é determinado pelo mundo.” 11
Petra, um dos pioneiros no cenário do “rock cristão”, é um bom exemplo deste ponto. Exceto pelas letras de suas canções, o estilo de vida e aparência do Petra é o mesmo de qualquer banda de rock. As mesmas roupas. O mesmo cabelo. Os mesmos olhos selvagens. A mesma batida impulsionadora e pesada. A mesma síncope. O mesmo ritmo. Os mesmos níveis excessivos de ruído. As mesmas vozes irritantes. Os mesmos giros, requebros de quadris, as mesmas atitudes iradas no palco. Os mesmos fãs, dançando enlouquecidos. É tudo igual. A mesma música, da mesma fonte.
Em seu artigo “Where the Lyrics Fall Short”, Lee Roy Homes, bem conhecido pastor e evangelista, declara explicitamente: “A indústria de música popular religiosa compara-se em todos os aspectos mais importantes à da música pop secular, tendo, assim, seu próprio culto de personalidade, sua lista das 10 mais, e sua comercialização para as massas”. 12
Imitando tão de perto o rock secular, o “rock cristão” estimula os jovens a aceitarem a visão mundial do rock secular, com sua violência e perversão sexual. No final das contas, isto leva nossos jovens a perder seu senso cristão de identidade.
2. O Rock Cristão Distorce e Macula a Mensagem do Evangelho
“Deus nos deu o evangelho em palavras, e nada deveria distorcer, macular ou repelir a palavra clara que Deus está se empenhando em compartilhar conosco”. 13 “Logo, a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Romanos 10:17). Muitas músicas “rock cristãs”, contudo, abafam as palavras, de forma que a mensagem se torna incompreensível.
Em um artigo sobre a cantora de rock cristão Sheila Walshe, David Hotton escreve: “Sheila relaciona-se facilmente com a platéia, fala de forma prestimosa sobre sua fé… Porém, a comunicação terminou quando ela começou a cantar… a banda era alta demais para que pudéssemos entender as palavras”. 14 Um outro escritor cristão coloca desta forma, “Se o volume ou dissonância da música é tal que as palavras não possam ser ouvidas claramente, então a performance completa é um exercício do absurdo”. 15
3. O “Rock Cristão” não é Neutro, Porque Pode Controlar a Mente
Defensores do rock cristão argumentam que a “música é essencialmente neutra e é colorida apenas pelas palavras.” 16 Porém, este argumento tem muitas falhas. Em seu livro “A Psicologia da Música“, o Dr. Max Schoen nota que, a “música é o mais poderoso estímulo conhecido entre os sensos perceptivos. As evidências médicas, psiquiátricas e outras para a não neutralidade da música é tão decisiva que francamente me espanta que alguém diga o contrário”. 17 A música em shopping centers, aeroportos, em concertos, e na igreja é escolhida para fazer alguma coisa. O fato de que ela faz alguma coisa é a prova de que a música não é neutra.
Jimi Hendrix, um dos grandes ícones do rock, reconhece o poder e não neutralidade da música rock. Ele declara que a “atmosfera vem através da música rock, porque a música é uma coisa espiritual em si mesma”. 18 Ele vai além, dizendo, “Você pode hipnotizar as pessoas com a música e quando elas chegarem ao seu ponto mais fraco você pode pregar para o seu subconsciente o que você quiser dizer”. 19
Jimi Hendrix não vê a música rock como sendo neutra. De fato, ele acreditava exatamente no oposto. A música é tão carregada de significados que ela lhe permite que ele pregue sua mensagem no subconsciente de seus ouvintes. É a música rock – não as palavras, que leva os ouvintes de Jimi Hendrix a tal estado no qual fariam qualquer coisa para o seu messias tocador de guitarra e cantor de rock. (De acordo com o próprio Jimi Hendrix, mais de 1000 mulheres [que dormiram com ele,] podem testificar a verdade do que ele afirma). Se a música rock de qualquer tipo fosse neutra, seria impossível para Hendrix fazer o que ele fez.
O rock cristão, tal como seu primo secular, não é neutro. Ele tem uma enorme capacidade de controlar a mente das pessoas. Alguns pregadores pentecostais estão bem cientes disso e fazem uso da música rock para manipular ao máximo a mente e a emoção de suas congregações.
4. A Diferença Entre o Rock Secular e “Cristão” é Nominal
Os que apóiam o rock cristão freqüentemente afirmam que as diferenças entre o rock secular e cristão são amplas e reconhecíveis. A verdade é que a diferença entre os dois tipos de música é quase indistinguível. As duas formas de música usam o mesmo ritmo, batida e síncope. Chuck Girard, um músico de rock cristão, reconhece que “se você toma as letras e as muda para uma mensagem secular, pode ser difícil de distinguir uma música da outra”. 20
Steve Turner relatou, na revista de música BUZZ, que “a diferença entre um concerto de rock e muitas reuniões com Jesus (reuniões de jovens) são desprezíveis”. 21 O professor Verna Wright afirma que, quando o rock cristão e o rock secular eram tocados num clube na Bélgica, os ouvintes não conseguiam distinguir a diferença. 22
As palavras de Richard Taylor resumem a imperfeição fatal no argumento de que o rock religioso é, de alguma maneira, diferente. “Não podemos mudar o efeito básico de certos tipos de ritmos e batidas, simplesmente anexando a eles umas poucas palavras religiosas ou semi-religiosas. A batida entra no sangue de seus ouvintes. As palavras são coisas tímidas. Os decibéis e as batidas são coisas ousadas, que podem facilmente enterrar as palavras sob uma avalanche de som.” 23
Isto confirma a conclusão do Dr. William Shafer que diz, “rock é comunicação sem palavras, sem levar em consideração qual ideologia está inserida nas palavras.” 24 O professor Frank Garlock concorda com estas descobertas; “As palavras só deixam você saber o que a música já diz…A música é sua própria mensagem e pode mudar completamente a mensagem das palavras.” 25 “O rock cristão”, tal como sua contraparte secular, influencia os ouvintes mais através de sua “música” do que através de suas “palavras”.
Estes fatos convincentes deveriam levar os líderes de jovens adventistas a se preocupar acerca do uso do “rock cristão” na igreja. Embora seja verdade que muitas das palavras desta música são de alguma maneira centradas em Deus, permanece o fato de que a música, que claramente tem o maior impacto sobre seus ouvintes, é e continua sendo música rock. É a mesma “música” que Marilyn Manson, Tupac e Snoop Dog usam. É a mesma música que Elton John, Coolio, e o Nirvana tocam e cantam. É a mesma música que causa violência. É a mesma música que tem suas raízes no ocultismo. É a mesma música que gera rebelião. O assim chamado “rock cristão”, como seu primo secular é, duro, frio, grosseiro, alto, e anti-cristão. Jesus é manso suave, falando a nós em tons bondosamente suaves. A maneira gentil de Jesus está muito distante do caminho para onde somos levados em muitas das músicas de nosso assim chamado “rock cristão” de hoje.
Pierre e Gisela Winandy, respectivamente professores de teologia e de música, que trabalharam em sete Colégios da IASD nos quatro continentes, declaram: “Notamos na África que os conversos do paganismo ficavam realmente apavorados pelo rock evangélico. Ele os fazia lembrar da música demoníaca que estavam acostumados anteriormente. Com profunda preocupação, eles descreviam como ingênuo o uso de tal música em congregações cristãs. O uso de tal música para apoiar o nome de Jesus, eles consideravam blasfemo.” 26
Tribos africanas tementes a Deus, estão chamando os cristãos ocidentais do século 21, bem-educados e tecnologicamente avançados, de ingênuos. E eles estão certos, porque entendem a fonte demoníaca e a raiz da música que freqüentemente usamos em nossa adoração. O assim chamado “rock cristão” é um híbrido de uma coisa real – o rock secular. É apenas outra ferramenta usada por Satanás para entrar na igreja e enfraquecer, e em muitos casos, destruir os jovens. É o momento para que nós, como líderes de jovens e como igreja, acordemos deste engano. Nunca devemos nos esquecer que as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 nos chamam para a verdadeira adoração a Deus e nos advertem contra o engano da falsa adoração. Poderia ser que Satanás está tendo sucesso hoje ao promover a falsa adoração, não apenas através do dia errado de adoração, mas através da música errada na adoração?
Nossa crença na certeza e iminência volta de Cristo e nosso compromisso em preparar nossos jovens para o breve retorno do Salvador, deveriam nos levar a questionar o uso do tão chamado “rock cristão” em nossa adoração. É nossa a enorme e séria responsabilidade de cuidar e guiar os jovens aos pés de Jesus. Não podemos eficazmente cumprir esta responsabilidade enquanto usarmos as ferramentas maléficas de Satanás.
Os Frutos da Música “Rock Cristã”
Talvez a melhor maneira de avaliar o assim chamado “rock cristão” é através de seus frutos (Mateus 7:16-20). Quais são os frutos do rock cristão?
1. O “Rock Cristão” Obscurece a Distinção entre Valores Cristãos e Mundanos
Quando usamos a música rock em programas de nossa igreja estamos oferecendo aos jovens a mesma música que eles encontram no mundo. É quase impossível para eles distinguir entre a música do mundo e a música da igreja, quando a única diferença são as palavras – palavras que, em muitos casos, não podem ser ouvidas. Isto pode explicar porque depois de freqüentar uma série de encontros em 1998, uma jovem me disse de forma emocionada: “Vocês me dizem para não ir a clubes e além disso eu não bebo, não fumo, não uso drogas. Vocês estão sempre dizendo que eu não deveria sair para dançar e, contudo, tocaram no programa desta noite a mesma música que eu escutei outro sábado à noite em um clube”! Deixe-me garantir a você que a música que ela tinha escutado na danceteria no centro da cidade, com certeza, não era a mesma e, mesmo assim, permanece o fato de que ela fora incapaz de distinguir a diferença.
Na última década e meia houve um êxodo maciço, nos países ocidentais, de jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Seria muito simplista responsabilizar este abandono da fé, apenas por causa do advento da música rock cristã. Existem outros fatores que têm contribuído para este êxodo – entre eles, a comunhão espiritual dos próprios jovens. No entanto, não podemos ignorar o fato de que o “rock cristão” tem sido o gênero predominante de música usado durante este período por muitos líderes de jovens para atrair a juventude aos programas de igreja. Tais músicas podem ter contribuído para obscurecer a diferença entre a visão cristã e a visão mundana de vida nas mentes de nossa juventude, que já vive num ambiente confuso.
2. O “Rock Cristão” Causa a Perda da Identidade Cristã
Por causa do obscurecimento entre a visão cristã de vida e a visão mundana, o “rock cristão”, no final das contas, leva nossos jovens a perderem sua identidade cristã. A identidade brota da capacidade de diferenciar claramente as nossas crenças e práticas das crenças e práticas dos demais. Isto se torna difícil, se não impossível, quando os jovens são expostos ao mesmo gênero de música na igreja e no mundo. Quando a pessoa perde o senso de identidade religiosa, ela perde a razão de pertencer a uma igreja. Isto pode explicar por que tantos jovens não entendem a significância do Adventismo nos anos iniciais do século XXI.
A música assume uma parte importante em nossa cultura de adoração. A Bíblia claramente retrata isto como sendo bom e saudável (ver Salmos). Porém, quando uma grande parte de nossa adoração consiste em música rock, estamos pisando em terreno muito perigoso. Nossa adoração se torna um solo fértil para Satanás trabalhar porque estamos usando as ferramentas dele – não as de Deus.
Os jovens adventistas estão encontrando crescente dificuldade em ver a distinção entre o que a sua igreja e o que as outras igrejas cristãs e não cristãs têm a oferecer. O perigo é que passem a ir àquela igreja que ofereça a “melhor música rock” em vez de irem à igreja que ofereça a verdade. Eu, pessoalmente, tenho amigos que trocaram o adventismo por igrejas pentecostais, usando como base de sua decisão o argumento de um suposto melhor estilo de adoração da igreja carismática – um estilo de adoração que está amplamente arraigado na música “rock cristã”, uma música que cria uma excitação profana. A verdade se torna secundária na sua procura por uma melhor experiência – uma experiência gerada pela música “rock cristã”.
3. O “Rock Cristão” Distorce a Visão Bíblica de Deus.
Vivemos num mundo que distorce a visão de Deus e o rock cristão tem assumido um papel importante em distorcer o real caráter e natureza de Deus. Os artistas e compositores de “rock cristão” têm “redefinido o Senhor Jesus Cristo como ‘politicamente correto’, ‘tolerante’, ‘paz e amor’, não crítico, ‘festeiro’, ‘hip-hop’, ‘rapping-rocker’, que apela para o mundo”. 26
Álbuns como, “Jesus Freak”, do dc Talk, “Master of the Metal”, da banda Messiah Prophet, entre outros, todos eles estimulam esta distorção de Deus. Carmen, uma das artistas mais populares de rock cristão, descreve o Senhor, em uma de suas músicas, como “hippie de rua”, crucificado numa briga de gangue de rua e que foi depois lançado num monte de entulho”. 27
Existem muitos exemplos de “rock cristão” deturpando e freqüentemente modificando de forma grosseira a verdade sobre Deus e sobre a Bíblia. Estes “rock cristãos” descrevem um Deus que é estranho à revelação bíblica. Fazer isto de forma tão aberta no contexto do cristianismo é blasfêmia.
4. O “Rock Cristão” Representa Erroneamente a Obra do Espírito Santo.
A obra do Espírito Santo é um ministério importante e vital de Deus para a sua igreja. O “Rock cristão” reivindica ser do Espírito Santo. Porém, os fatos desmentem esta noção. O Espírito Santo somente vem e ministra num ambiente de adoração onde haja ordem e disciplina e não em confusão e excitação.
Ellen White, há mais ou menos um século, advertiu a Igreja Adventista com respeito ao uso de música imprópria na adoração no tempo do fim. Surpreendentemente, o contexto da advertência foi uma reunião campal em Muncie, Indiana, em setembro de 1900. Depois de receber o relatório de S. N. Haskell sobre o tipo de música tocada e cantada na reunião campal em Muncie, Ellen White escreveu:
“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho.Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo”.28
“Essas coisas que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro. Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida. Deus convida Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos Testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói largamente a influência dos que seriam uma força para o bem.” 29
A Experiência de Muncie Hoje
As manifestações físicas que a Sr.a White condenou como conseqüência da reunião campal de Muncie são mais uma vez uma parte importante da cena religiosa contemporânea. Os pastores das igrejas protestantes populares estão usando música barulhenta e excitante em seus cultos. A música é tão central para os seus cultos que é como se tudo o mais fosse excluído. A repetição, a batida e o som altamente amplificado da música controla as mentes e a emoção das pessoas de tal forma que com freqüência vemos até na TV os “adoradores” caindo ao chão, rolando, debatendo-se e gritando.
Por contraste, Ellen White nos diz, “O Senhor deseja manter em Seu serviço ordem e disciplina, não agitação e confusão. (…) Satanás está arregimentando suas forças. Necessitamos ser refletidos e guardar silêncio, e contemplar as verdades da revelação. A agitação não é favorável ao crescimento na graça, à genuína pureza e santificação do espírito. (…) Quando os crentes falam a verdade tal como é em Jesus, revelam uma calma santa e judiciosa, não uma tempestade de confusão.” 30
É significativo notar que Ellen White predisse que a excitação causada pela música não apropriada na reunião campal de Muncie seria repetida antes do final da graça. Não é ilógico ver o cumprimento desta previsão hoje em alguns cultos de adoração adventistas. Se Ellen White não está descrevendo o “rock cristão” na igreja no final dos tempos, então seria muito interessante sabermos o que ela está descrevendo. Não conheço qualquer outra apostasia na igreja que se encaixe, mesmo que remotamente, nesta descrição.
“Uma Balbúrdia de Ruído”.
Ellen White claramente afirma que “O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isso é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais. A verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo. (…) Nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto.” 31
Note que Ellen White atribui a origem desta música ruidosa às “agências satânicas”. É solene pensar que Satanás, o decaído regente do coro celestial, seja o autor da balbúrdia de ruído que caracteriza a música rock de hoje. O reconhecimento deste fato deveria advertir nossa juventude e seus líderes contra os perigos do “rock cristão”.
Em uma visão Ellen White viu como a música errada pode afugentar os anjos das reuniões de jovens. Ela escreveu: “Jovens estão ali reunidos; ouvem-se sons de música em canto e instrumentos. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas que é que ouvis? Um cântico, uma frívola canção, própria para o salão de baile. Vede, os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela habitação são envolvidos pelas trevas. Os anjos afastam-se da cena. Têm a tristeza no semblante. Vede como choram! Isso vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado”. 32
Esta declaração encarna um princípio importante. Música tocada em salões de baile não serve para a adoração a Deus. Há uma distinção clara entre música sacra e secular. Mas cremos que esta distinção é vastamente obscurecida quando o “rock cristão” é tocado na igreja, porque tal música compartilha a mesma batida repetitiva, ritmo e volume do rock secular.
Conclusão
Uma experiência australiana de Louis Torres, o ex-baixista do Bill Haley and His Comets, provê uma conclusão adequada a este estudo. Torres escreve: “Não faz muito tempo fui convidado a falar sobre música para grupos de jovens da IASD na Austrália. Depois de minhas reuniões, ouvi muitas vezes tristes confissões de jovens que tinham sido excluídos da igreja (em vez de terem sido mantidos dentro dela) por causa do uso de música contemporânea nos momentos de culto. Um jovem, que estava tentando voltar para a igreja, disse-me – evidentemente, falando também por outros jovens – ‘Minha queda na igreja se iniciou quando começaram a tocar rock evangélico na igreja. O rock evangélico forneceu uma ponte natural para o rock secular, e logo perdi todo o prazer de cantar hinos. Perdi todo o amor pela igreja e estava fora antes mesmo que percebesse. Posso traçar a fonte de todos os meus problemas à música.'” 33
Ao longo dos séculos o desafio do Cristianismo tem sido confrontar o mundo com as verdades dos Evangelhos, em vez de se conformar com as tendências e práticas do mundo. Infelizmente, muito da história da igreja é uma história de conformismo ideológico e existencial às tendências da sociedade. Assim, o que está acontecendo hoje com a adoção do “rock cristão”, em muitas igrejas, não é nada incomum. Apenas reflete o fracasso histórico de muitos cristãos em viver numa sociedade secular sem participar de seus valores e costumes.
Tal qual no passado, hoje Deus chama Seu povo a não se conformar com o mundo, mas sim transformar o mundo por Sua salvadora graça (Romanos 12:2). Deus conclama Seu povo, dizendo, “Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:2-4). Que Deus possa nos ajudar a responder ao Seu tempo do fim chamando para nos separarmos das crenças e práticas pervertidas da babilônia espiritual que inclui o encantamento de ritmos degradantes da música rock de Babilônia.
Notas
1. D.Jewel, The Popular Voice.
2. W.Shafer, Rock Music.
3. John Blanchard, Pop Goes the Gospel, p.28.
4. Ibid., p.13.
5. Ibid., pág. 33
6. Rolling Stone, 7 de outubro de 1976,
7. S. Lawhead, Rock Considered,
8. Circus, 17 de abril de 1979,
9. Super Rock, junho de 1997,
10. Daily Express, 24 de março de 1988,
11. Youth Aflame, outubro de 1982
12. Adventist Affirm, Music, Where the Lyrics Fall Short.
13. Citada por Wine Magazine, 1985,
14. Buzz, maio de 1981,
15. B.Larsen, The Day Music Died
16. M.Schoen, The Psychology of Music.
17. Ibid
18. Life, 3 de outubro de 1969,
19. Ibid.
20. Buzz, 1984
21. Ibid
22. Ibid
23. KE Parker, “Music the Cultural Frontier of the Church”, em Windstorm Christian Music.
24. B. Larson, Rock,
25. Ibid
26. Adventist Affirm, “Music, Not All Youth Want to Rock”
27. Internet, www.rock, Por que eu não Posso?
28. Mensagens Escolhidas, vol. 2, veja as páginas de 31-39
29. Ibid., pp 37-38, ênfase minha.
30. Ibid., pp.35-36.
31. Ibid., pág. 36-37.
32. Mensagens aos Jovens, pág 295.
33. Louis Torres, “Rock cristão”, adventista Affirm (Spring 1998), pág. 19.
Lloyd Grolimund é Diretor de Jovens da Conferencia Norte da Nova Zelândia. Publicado com alterações editoriais por Samuele Bacchiocchi
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Via Música e Adoração