A morte do vinil e o surgimento dos HDs pessoais multiplicaram a quantidade de informação gravada no mundo, mas tudo que já foi produzido pela humanidade ainda apanha feio de uma única célula humana. Bem feio: há cerca de cem vezes mais informação codificada no DNA humano do que em todos os livros, CDs, computadores, negativos de fotos e todo tipo de lugar onde se armazenam dados, digitais ou analógicos. A reportagem é de Giuliana Miranda, Ricardo Mioto e Luiz Gustavo Cristino, e foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no dia 11 de fevereiro deste ano.
Isso não significa que não exista muita coisa arquivada por aí. Em números absolutos, podíamos armazenar, em 2007, ano analisado agora pelos cientistas, 295 exabytes. Isso equivale a cerca de 295 bilhões de gigabytes (um HD doméstico tem uns 300 gigabytes). É o suficiente para encher 404 bilhões de CDs comuns que, empilhados, cobririam um pouco mais do que a distância da Terra à Lua.
Os números são de uma pesquisa americana publicada na revista Science, que analisou os dados produzidos e armazenados pela humanidade entre 1986 e 2007. Ela mostra que os meios analógicos dominaram a lista até 2002, quando foram superados pelos digitais. Em 2007, essa já era a forma de armazenamento de 97% da informação.
Os dados guardados em papel, que em 1986 já representavam apenas 0,33% do total, em 2007 passaram a representar 0,007% – qualquer vídeo de dez minutos no YouTube tem mais informação (“é mais pesado”, como se diz na internet) do que uma enciclopédia inteira. “É o primeiro trabalho a quantificar como os seres humanos lidam com a informação”, diz Martin Hilbert, da Universidade da Carolina do Sul, que liderou o estudo.
Em 1986, a quantidade de informação por pessoa poderia ser guardada em um CD-ROM de 730 MB, e ainda sobraria espaço. Em 1993, o número aumentou para quatro desses CDs. No ano 2000, eram 12 por pessoa. A mudança mais perceptível foi em 2007: 61 CDs por pessoa.
Os pesquisadores chegaram a esses números utilizando informações de várias origens. No que se refere aos dados armazenados digitalmente, usaram as informações industriais relativas à produção global histórica de dispositivos de memória. Dados analógicos foram obtidos a partir de relatórios sobre a quantidade de livros, revistas e jornais existentes no mundo, utilizando pesquisas anteriores sobre o tema como referência.
Nesse ritmo, a quantidade de informação armazenada pela humanidade só ultrapassará a que está “gravada” no DNA humano por volta do ano de 2039. [...]
(Darwinismo)
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