terça-feira, 10 de maio de 2011

Micróbios podem se reproduzir em condições de “hipergravidade”

As bactérias continuam proliferando em ambientes com gravidade 400.000 vezes mais forte que a da Terra; isso significa que a vida alienígena pode existir em mundos com condições mais extremas do que os cientistas imaginam.Segundo um novo estudo, enormes forças gravitacionais não parecem representar perigo para os micróbios. Mais do que isso – eles continuam se reproduzindo mesmo em condições extremas.

A pesquisa descobriu que várias espécies de bactérias podem sobreviver e se reproduzir em ambientes “hipergravitacionais”, com gravidade mais de 400.000 vezes mais forte que a da Terra.
O estudo chegou a essa conclusão por acaso. Os cientistas não queriam estabelecer os limites de tolerância gravitacional de micróbios. Em vez disso, eles simplesmente queriam medir a densidade de bactérias Escherichia coli usando uma centrífuga.
Quando eles giraram a E. coli até o equivalente a 7.500 Gs (7.500 vezes a força da gravidade da Terra), no entanto, descobriram que o micróbio continuou crescendo e reproduzindo muito bem. A descoberta foi uma surpresa. Eles aumentaram a gravidade a 400.000 (o máximo que o instrumento permitia) e verificaram que a E. coli continuava se proliferando.


Em contrapartida, qualquer coisa acima de cerca de 50 Gs causa ferimentos graves ou morte em seres humanos, mesmo que a exposição seja de apenas alguns centésimos de segundo. Os astronautas a bordo de ônibus espaciais da NASA passam por cerca de 3 Gs na decolagem e reentrada na Terra.
Os pesquisadores ampliaram a experiência, expondo quatro espécies de micróbios a hipergravidade por até 140 horas. Eles descobriram que uma outra bactéria, Paracoccus denitrificans, também pode se reproduzir a cerca de 400.000 Gs, apesar de sua proliferação – como a da E. coli – ser atrofiada em tais condições extremas.
P. denitrificans e E. coli foram as campeãs da tolerância a hipergravidade, mas todas as cinco espécies analisadas podiam reproduzir a certa medida até cerca de 20.000 Gs.
Estudos anteriores já haviam afirmado que alguns microorganismos podem sobreviver a gravidades superiores a 15.000 Gs, mas a nova pesquisa é uma das primeiras a demonstrar que uma variedade de micróbios pode realmente proliferar em hipergravidade.
A descoberta sugere que a vida alienígena pode existir em uma ampla gama de condições, bem como sobreviver a altas forças gravitacionais. O número e os tipos de ambientes habitáveis no universo acabam de se expandir.
Os resultados alargam a possibilidade de vida além dos planetas, até as estranhas “estrelas falhadas”, conhecidas como anãs marrons. Afinal, se as bactérias podem se reproduzir na Terra a 400.000 Gs, os 10 a 100 Gs possivelmente encontrados em uma anã marrom não devem ser muito de um impedimento. E algumas anãs marrons podem ser frias o suficiente para suportar a vida como nós a conhecemos.
Segundo os pesquisadores, os resultados também sugerem que o transporte de formas de vida entre dois mundos é uma possibilidade real. Ao longo dos séculos, talvez um bilhão de toneladas de rochas viajou de Marte a Terra através de meteoritos. Tais intercâmbios interplanetários, em nosso sistema solar ou outros, poderiam, teoricamente, transferir micróbios.
Os cientistas acreditam que os meteoritos podem gerar até 300.000 Gs, que o novo estudo indica ser possível para a vida microbiana sobreviver e manter reprodução. Se a vida existe em outros lugares do universo, a pesquisa fornece novas evidências de que poderia se espalhar dentro de sistemas solares pelo transporte de impacto de meteoritos. [LiveScience]

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