O primeiro encontro que o homem tem na vida, é com sua mãe. Nesse encontro o pequenino ser saúda o seu mundo, no qual passará a viver. Aquela criatura, que se chama mãe, conhece-lhe todos os desejos. Todas as suas necessidades, são por ela atendidas. Provê-lhe o berço confortável. Sacia-lhe a fome com o leite precioso. Choramos apenas, e já nos aparece aquele rosto querido, com expressões de carinho, e inclina-se por sobre a caminha. Um dia lhe agradecemos os cuidados com o primeiro sorriso. Vêm logo os primeiros gorgorejos de alegria e satisfação. É que nos sentimos seguros junto dela, de nossa mãe.
Mãe — quanto não encerra este nome! Que rosário de impressões e reminiscências, ao ouvir-mos ou pronunciarmos essa palavra! Sobe-nos à alma a recordação de uma infância risonha. E reflete-se-nos no coração a imagem de nossa mãe. Ela aí está junto de nós — aquela que nos dias de nossa infância nos protegeu e embalou.
Tudo faz pelo filho de seu amor. Nenhum sacrifício lhe é pesado demais. A Sagrada Escritura afirma-nos, numa história, que uma mãe amorosa é até capaz de desistir do filho a fim de lhe salvar a vida. No primeiro livro dos Reis (3:17-24) nos relata o caso de duas mães que se apresentaram ante o rei Salomão, para dele ouvir a justa sentença. ”Disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos numa casa; . . . e de noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre ele . E levantou-se à meia-noite, e me tirou a meu filho do meu lado, dormindo a tua serva , e o deitou no seu seio, e a seu filho morto deitou no meu seio. E , levantando-me eu pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto; mas atentando pela manhã para êle eis que não era o filho que havia tido. Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho o morto. Porém esta disse: Não, por certo; o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Assim falaram perante o rei. Então disse o rei : . . . Trazei-me uma espada. E . . . dividi em duas partes o menino vivo, e dai metade a uma, e metade a outra. Mas a mulher, cujo filho era o vivo, falou ao rei (porque as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho) , e disse: Ah! senhor meu, dai-lhe o menino vivo, e por modo nenhum o mateis. Porém a outra dizia : Nem teu nem meu seja; dividi-o antes. Então respondeu o rei, e disse: Dai a esta o menino vivo, e de maneira nenhuma o mateis, porque esta é sua mãe. “
Nosso Pai celestial assim o dispôs, que toda pessoa tenha sua mãe. A ela todos se acharam ligados por algum tempo. Enquanto neste mundo respirar um homem, viverá nele, por assim dizer, a essência de sua mãe. Não fosse ela, nós aqui não estaríamos. Por isso nos sentimos gratos e satisfeitos por sua existência. Também nosso pai se achou presente, pois a vida de ambos é que se confunde no novo ser. Sempre se renova a velha pergunta, ao crescer um pequenino ser: “Com quem se parece: com a mãe, ou com o pai?” e então começam as opiniões e confrontos.
Ao contemplarmos a fotografia de alguns homens célebres, se lhes pusermos ao lado a de seus pais, veremos muitas vezes reproduzidos no filho os traços da fisionomia materna. É o caso com Lutero, por exemplo.
E quando Lutero escreve: “Minha mãe carregou nas costas toda a sua lenha, para que nos pudesse educar. Ela se impôs sempre uma vida muito penosa”, então diz ele alguma coisa do sacrifício de uma mãe. Filho algum pode pagar esse sacrifício. Ela o faz de graça, mas não debalde. Quando então os homenzinhos se tornam criaturas responsáveis, aprende ainda a mãe o sacrifício da renúncia. Com dores deu ao mundo filhos, e com dor reconhece que eles não são propriedade sua. Foram-lhe confiados por breves anos. “Deves criá-los para Mim “, diz-lhe Deus. E agora está cumprida sua missão. Como por ocasião do nascimento, tem de ela pela segunda vez de livrar-se do filho. Mas essa dor coloca-a em nova relação com o filho adulto. Ela testemunha a independência do filho e da filha, e os compreende. A muita mãe é dado ver a filha tornar-se amorosa esposa de um homem estranho, e vê-l a, talvez, ser mãe um dia. Então há novo encontro entre mãe e filha, ambas como mães. Muita mãe verá o filho tomar-se de amores por uma menina, e essa outrora estranha talvez um dia se torne mãe de seus netos. Então de novo se encontrarão duas mães, e sogra e nora se sentirão unidas pelos laços do filho e esposo.
Infinita sabedoria de Deus, que fêz a mulher tornar-se mãe! Inescrutável decreto divino, que permitiu Seu Filho tornar-Se homem, escolhendo a Maria para Sua mãe! Indescritível o amor de Jesus por Sua mãe dando-lhe a ela que sentia a alma traspassada por uma espada, uma nova tarefa, dizendo-lhe a ela e a João: ”Mulher, eis aí o teu filho”. — ”Eis aí tua mãe”! (S. João 19:26 e 27).
Em adoração, unicamente, é que podemos comparecer perante o trono de Deus. O canto de Seus anjos nos leva a prostrar-nos em Sua presença: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos: toda a Terra está cheia da Sua glória.” (Isa 6:3). Nas mães temos uns vislumbres de quanto Deus ama Suas criaturas terrestres. “Pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho do seu ventre? mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia Me não esquecerei de ti.” (Isa 49:15).
Jesus nos revelou em Sua plenitude a natureza desse amor divino. Mostrou-nos Ele que Deus de fato é amor. “Nisto se manifestou a caridade de Deus para conosco: que Deus enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos. Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Êle nos amou a nós, e enviou Seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (I João 4: 9 e 10). Seu próprio amor, compara-o Deus com o amor materno. Esta é a mais alta distinção que poderia conceder à mãe. Diz Ele aos filhos dos homens: “Ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão. Como alguém a quem consola sua mãe, assim Eu vos consolarei.” (Isa 66:12 e 13). — Das Wort zur Zeit.
Texto de autoria de Horst Schroeder publicado na Revista Adventista de Maio de 1955.
Sétimo Dia
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