Introdução
Outro educado ateu com quem estou trocando ideias questionou a veracidade histórica da Bíblia, especialmente do capítulo 29 do livro de Ezequiel.
Ele alegou que os eventos históricos preditos pelo profeta não se cumpriram, entre eles: a invasão ao Egito liderada por Nabucodonosor e o restabelecimento do Egito ao final de 40 anos, período mencionado em Ezequiel 29:13.
Logo abaixo, lhe disponibilizo uma breve resposta que dei a ele, com o objetivo de lhe auxiliar na defesa da confiabilidade da Bíblia. Fiz pequenas adaptações e acrescentei duas citações de Ellen White, importantes para reflexão de todo ateu e dos estudantes sinceros das Escrituras.
Considerações sobre Ezequiel 29
1º: Reconhecemos que na Bíblia há certas dificuldades que só podem ser explicadas por um estudo mais detalhado, enquanto que outras serão resolvidas durante o progresso nos estudos na área da teologia, arqueologia e crítica textual.
Ellen White foi muito feliz ao comentar: “Ao mesmo tempo em que Deus deu prova ampla para a fé, nunca removeu toda desculpa para a descrença. Todos os que buscam ganchos em que pendurar suas dúvidas, encontrá-los-ão. E todos os que se recusam a aceitar a Palavra de Deus e lhe obedecer antes que toda objeção tenha sido removida, e não mais haja lugar para a dúvida, jamais virão à luz.” (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 672).
Ela continua, ao falar sobre a descrença humana:
“A desconfiança em Deus é produto natural do coração não renovado, que está em inimizade com Ele. A fé, porém, é inspirada pelo Espírito Santo, e unicamente florescerá à medida que for acalentada. Ninguém se pode tornar forte na fé sem esforço decidido. A incredulidade é fortalecida ao ser incentivada; e, se os homens, em vez de se ocuparem com as provas que Deus deu a fim de sustentar sua fé, se permitirem discutir e especular, verão que suas dúvidas se tornam constantemente mais acentuadas” (Ibidem)
2º: O evento de Ezequiel 29 é inquestionável para muitos estudiosos e não há erro histórico algum. De acordo com Norman Geilser (ex-ateu) e Thomas Howe:
“Um pequeno fragmento de uma crônica babilônica de cerca de 567 a.C. confirma tanto o registro de Josefo [historiador judeu que relata a invasão do Egito] como o relato bíblico referente à invasão do Egito por Nabucodonosor. Há ainda uma confirmação provinda da inscrição na estátua de Neshor, governador do Edito meridional sob Hofra. Nabucodonosor realmente invadiu e devastou o Egito [...]” (Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 288).
3º: Realmente, não há nenhum registro fora da Bíblia de um exílio de 40 anos do povo egípcio (Ez 29:13). Porém, isso não é improvável. Há muitas coisas que a ciência não pôde explicar e comprovar e, nem por isso, diremos que os cientistas são “falsos” ou “imprecisos”.
Um erro muito comum entre os críticos da Bíblia é afirmar que o que não foi explicado, é inexplicável. O fato de alguma afirmação bíblica não poder ser explicada historicamente, não significa que um dia não o possa ser.
Um cientista tem na dificuldade uma motivação para continuar pesquisando e esse é o mesmo comportamento do teólogo e arqueólogo que procuram compreender as dificuldades bíblicas. O tempo tem mostrado que essa fé e perseverança têm sido recompensadas.
Por exemplo: os críticos acreditavam que a Bíblia estava errada em mencionar o povo heteu cerca de 20 vezes (ver, por exemplo, Gn 15:20; Ex 3:8), porém, com a descoberta, na Turquia, de uma biblioteca hitita, os descrentes tiveram que se calar novamente (Geisler e Howe, p. 18).
Segundo a Andrews Study Bible (Andrews University Press, 2010), p. 1079:
“O número 40 [mencionado em Ezequiel 29:13] é uma recordação da punição daquela geração do povo de Israel que morreu no deserto, por causa sua rebelião contra Deus. O Egito caiu diante dos babilônios em 568 a.C; Nabucodonosor atacou o palácio do faraó em Tafnes, queimou os templos dos deuses egípcios, e destruiu os obeliscos de Heliópolis (Jr. 43-44).”
4º: Em Ezequiel 29:1 a 32:32 há 7 oráculos (sentenças) contra o Egito e Faraó e apenas um não é datado (cap. 30:1 em diante). O primeiro, do verso 1, é datado de 7 de janeiro de 587 a.C, de modo que não há necessidade de duvidar do texto. Além disso, os estudiosos podem confirmar os nomes de lugares e cidades citados no capítulo, o que mostra mais uma vez a veracidade histórica da Bíblia.
Considerações finais
Apenas para o período de 40 anos de exílio não temos registro extra bíblico. Esse detalhe não deveria tirar nossa confiança na historicidade das Escrituras, que tem sido evidenciada (ou comprovada, como preferem alguns) cada vez mais pela arqueologia. Para que possa comprovar isso através de dados concretos, recomendo ao leitor o livro Escavando a Verdade, do arqueólogo Rodrigo P. Silva, publicado pela Casa Publicadora Brasileira (www.cpb.com.br).
Jesus Cristo, o personagem que dividiu a história, confiava na Bíblia (Lc 24:27, 44), inclusive em detalhes históricos (Mt 19:4-6; 24:38; Lc 10:12, etc). Sendo que é muito improvável uma pessoa com uma inteligência emocional tão avançada (algo comprovado pelo cientista e psicanalista Augusto Cury, em sua série “Análise da Inteligência de Cristo”) errar tão abertamente, não vemos motivos para, com base (também) em nossa confiança em Jesus, rejeitar a historicidade da Palavra de Deus.
[www.leandroquadros.com.br]
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