Os indivíduos não eram salvos por graça nos dias de Abraão, e pela lei nos dias de Moisés. Também não foram salvos pela graça nos dias de Paulo e pela lei nos dias de Moisés, como alguns afirmam. Que os tempos de Moisés também eram tempos de graça, está claro a partir dos seguintes fatos:
1. Deus não escolheu Israel como Sua propriedade exclusiva por causa de algum mérito que a nação tivesse. Ele a escolheu porque a amou e pelo juramento feito aos seus antepassados. Moisés refere-se ao concerto sinaítico como uma aliança fundamentada no amor (Deut. 7:7-9; 4:32-39).
2. O prólogo dos Dez Mandamentos lembra os israelitas de que o único doador da lei é o Deus que os redimiu pelo significado da Páscoa (Êxo. 20). Israel foi salvo pela graça antes que tivesse recebido a lei (Gál. 3:15-18). Até mesmo as condições do concerto eram para Israel uma graciosa lembrança de sua redenção (Deut. 6:20-25).
3. A relação entre a lei e a graça estava representada pelo significado da arca do concerto. Ali, as tábuas da lei estavam colocadas sob a cobertura dourada do propiciatório (Êxo. 31:7).
4. É nada menos que a ceia pascal que Jesus transforma no símbolo do novo concerto (Mat. 26:17-30). A graça expande-se cada vez mais plenamente, enquanto o concerto vai adquirindo maturidade.
5. De acordo com o livro aos hebreus, Israel não entrou no repouso de Deus porque optou pelas obras e recusou viver pela fé (Heb. 4:1-11). Os israelitas eram salvos pela fé, como nós o somos; viveriam pela fé, tal como acontece conosco (Heb. 11; Rom.9:31 e 32; Isa. 45:25).
6. Moisés não é a antítese de Jesus Cristo. As Escrituras dizem que ele foi fiel como um servo “em toda a casa de Deus” e testemunhou “das coisas que haviam de ser anunciadas” (Heb. 3:1-6). O próprio Cristo disse: “Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em Mim; porquanto ele escreveu a Meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como creríeis nas Minhas palavras?” (João 5:46 e 47).
7. Paulo exaltou a experiência de concerto vivida por Israel como essencial à história da salvação. Foi através de Israel, ele disse, que a encarnação de Jesus ocorreu. O apóstolo encontrou esplendor na história israelita sob o velho concerto. “Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência: que tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne. São israelitas. Pertence-lhes a adoção, e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém” (Rom. 9:1-5). A salvação é dos judeus. Eles não apenas nos levam a Cristo (Gál. 3:24), mas nô-Lo deram.
8. A aliança do Sinai não foi de salvação pela lei, ou seja, de legalismo. Deus jamais estabeleceria um concerto fundamentado em salvação pelas obras. O legalismo é sempre como trapos de imundícia. Mas Paulo classifica o antigo concerto como glorioso. Quando Moisés recebeu a lei, sua face brilhou com a glória de Deus (II Cor. 3:7-11; Êxo. 34:29-35). Apenas em comparação à glória de Cristo a glória de Moisés foi menos impressionante; mas ainda assim permanecia impressionante.
9. A vida vitoriosa dos heróis do Antigo Testamento testifica da salvação unicamente pela graça. Podemos nos lembrar de Jacó, Davi, Mefibosete e Gômer, para citar apenas uns poucos. É interessante ler a procissão de fiéis que desfila em Hebreus 11.
10. Igualmente, a vida vitoriosa dos cristãos hoje testifica da salvação unicamente em Cristo, pela graça. Contudo, os que são salvos pela graça ainda têm que obedecer a Deus naquilo que importa. Paulo mostra que havia aspectos da lei, sob o Antigo Concerto, que não mais têm aplicação aos cristãos-as leis cerimoniais judaicas, e mandamentos que “importa” serem obedecidos (ver 1 Cor. 7:19).
Este estudo foi preparado pelo Prof. Azenilto G. Brito, tendo por base um trecho do artigo do Dr. Smuts van Rooyen, “O Concerto Eterno”.
0 comentários:
Postar um comentário