O salmista escreveu:“Irai-vos
e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai” (Salmos 4:4).
Paulo reforça esse ensinamento dizendo: “Irai-vos e não pequeis; não se
ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26). Podemos tirar algumas lições a
partir desses versículos.
(1) É possível irar-se e não pecar. Contudo, devido à
nossa natureza, creio que seja muito mais fácil irar e pecar. Então vamos
entender um pouco sobre a ira.
O termo “ira” denota um sentimento de inconformidade,
indignação por alguma injustiça ou coisa semelhante. Essa ira não é pecaminosa,
pois a atitude seguinte é a de tentar fazer justiça, acertar as contas, no
sentido de buscar um entendimento, um acordo ou uma reconciliação, mas de forma
cristã. Isso envolve diálogo, brandura, perdão, etc. Quando o termo “ira” se
relaciona mais com o sentimento de raiva, ódio, que também pode ser oriundo de
uma injustiça, ou desentendimento, e tem por consequência uma atitude hostil
que busca fazer justiça com as “próprias mãos” (algum tipo de vingança),
entendo que esse tipo de reação caracteriza-se como uma reação pecaminosa: “não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;
porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o
Senhor” (Romanos 12:19).
Somos todos
tão imperfeitos, pecadores e destituídos da glória de Deus (Romanos 3:23). Mas
Cristo nos admoesta com as seguintes palavras: “Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus. 5:48). Perfeição não é sinônimo
de impecabilidade ou infabilidade. O termo em grego teleios poderia ser traduzido como “maduro” ao invés de “perfeito”.
Na caminhada cristã, Deus deseja que o indivíduo se torne maduro. Ao aceitar a
Cristo e permanecer nEle, o Espírito Santo se manifesta na vida do cristão e
este produz o fruto do Espírito que é “amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas
5:22-23).
(2) O segundo ponto que gostaria de destacar é o que
o salmista diz: “consultai no travesseiro o coração e
sossegai”. Isso significa fazer uma leitura dos fatos, refletir, e buscar o
sossego e a paz! É por isso que Paulo complementa aconselhando que o cristão
não deve “deixar o sol se pôr” sem que haja uma reconciliação. Portanto, posso
dizer com franqueza que Deus deseja que seus filhos vivam em harmonia e em paz. Gosto muito do
texto de Ellen White que diz: “O poder do amor possui força maravilhosa,
porquanto é divino. A resposta branda 'desvia o furor', o amor 'é sofredor é
benigno', o amor 'cobre uma multidão de pecados' - sim se aprendêssemos estas
lições, quão grande seria o poder para curar de que seríamos dotados!"
(Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 195).
O perdão proveniente de um amor sincero tem grande
poder para curar traumas emocionais e trazer a harmonia do Céu.
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o
amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a
lei” (Romanos 13:8). Que Deus lhe abençoe e lhe ajude a resolver esses
problemas.
Um forte abraço,
Pr. Frederico Branco
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