Aqueles que trabalham com aconselhamento para jovens e adolescentes já perceberam que existem algumas temáticas que estão ficando cada vez mais frequentes: estilos de música, depressão, masturbação, bebidas alcoólicas, divertimentos, sexo antes do casamento, entre outros.
Um desses “outros” temas muito discutido e, infelizmente, presente em grande parte de nossas congregações é o JUGO DESIGUAL, ou seja, o namoro, noivado ou casamento de um Adventista com um não-Adventista, apesar dos frequentes apelos e orientações enviadas às igrejas, através dos livros, revistas, lições e demais publicações voltadas ao público jovem. Parece que, em matéria de “coração”, não damos muita atenção ao “Assim diz o Senhor”. A água se mistura com o óleo? As leis naturais dizem que não!
É comum ouvirmos expressões do tipo:
“Na igreja não há bons rapazes para se namorar”.
“As meninas são muito inconstantes”.
“Meu(minha) namorado(a) não é Adventista, mas é mais cristão(ã) do que muitos Adventistas que conheço”.
“Já procurei mas não encontrei ninguém que me atraia na igreja”.
“Ele(a) é super compreensivo, e não me impede de viver a minha fé”.
“Eu tenho certeza que ele(a) se converterá futuramente”.
“Eu conheço um casal que casou em jugo desigual, mas depois ele(a) se converteu e hoje vivem felizes na igreja”.
E por ai vai…
Este tema é muito importante, pois é uma das maiores causas de apostasia entre os jovens Adventistas da atualidade. Portanto, é necessário que ele seja amplamente debatido e os jovens recebam o devido aconselhamento para que tenham relacionamentos saudáveis, duradouros e fundamentados na Palavra de Deus – nossa FONTE de fé e prática. Não basta apenas “disciplinar”, mas é importante que os jovens sejam constantemente orientados sobre o assunto, inclusive com a apresentação de testemunhos.
Em 2003, quando realizei um trabalho evangelístico na cidade de Maceió-AL, conheci uma jovem senhora que, na época, já fazia 22 anos que estava casada, e me falou que NUNCA havia sido feliz em seu casamento. O motivo? Jugo desigual…
Ela era uma jovem atuante na igreja, nascida em lar Adventista, mas que se deixou influenciar por uma “paixão” da adolescência, que transformou-se em namoro, noivado e… casamento. Seu esposo, desde o início, demonstrou que não era um “bom partido”, mas ela me disse que parecia estar “cega” aos sinais que Deus lhe enviava constantemente. O resultado? Uma vida inteira de infelicidade, traições (por parte dele) e declínio na fé, e agora com os filhos…
Devido ao fato de o número de mulheres ser bem superior ao de homens em nossas congregações, parece que as jovens estão mais sujeitas a enveredarem pelos caminhos tortuosos e perigosos do jugo desigual. Por isso, os líderes (pastores, anciãos, diretores de jovens, etc.) precisam atentar para uma “lacuna” que existe em alguns lugares, no sentido de que não são promovidos encontros, seminários, eventos, etc., que permitam aos jovens Adventistas conhecerem outros solteiros dentro dos nossos “arraiais”. A Internet tem ajudado para encurtar distâncias, mas, como eu disse recentemente a uma jovem que me procurou para aconselhamentos neste sentido, todo homem na Internet é rico, bonito, inteligente, romântico, respeitador, etc… Portanto, queridas jovens, cuidado! rsrs
1. O Jugo Desigual
A Bíblia contém amplos conselhos que orientam a uma boa escolha do parceiro para a vida. Em 2Co 6:14 encontra-se um excelente e clássico exemplo: “não vos prendais ao jugo desigual com os incrédulos”.
Já na época de Abraão, havia preocupação por parte dos pais religiosos sobre este assunto (Gên. 24:3). O Comentário Adventista (CBASD) diz que “a demora em fazer planos para o casamento de Isaque, provavelmente se devia ao desejo de Abraão, em evitar que seu filho tomasse por esposa uma Cananéia”. Semelhantemente, Isaque pediu a Jacó para não tomar “esposa de entre as filhas de Canaã” (Gên. 28:1) pois, “ele não as via com bons olhos” (Gên. 28:8). Posteriormente, após o êxodo, Deus proíbe Seus filhos de contraírem matrimônio com as filhas das outras nações (Deut. 7:3), porque, “não pode haver felicidade nem segurança nas alianças feitas com os que não amam nem servem a Deus. As trágicas experiências de Esaú (Gên. 26:34, 35) e Sansão (Jz 14:1) são testemunho eloquente em favor da admoestação divina de manter-se separados dos incrédulos” (CBASD).
Avançando ao Novo Testamento, observar-se-á que Paulo também coloca a impossibilidade de ligação entre o santuário de Deus e os ídolos, por isso, um acordo, casamento ou uma aliança entre crentes e incrédulos é igualmente inconcebível. Pois, “quando se trata de uma relação tão estreita como o matrimonio, o cristão que verdadeiramente ama ao Senhor, em nenhuma circunstância se unirá com um incrédulo, mesmo que tenha a nobre esperança de ganhá-lo para Cristo, o que emoutras circunstancias seria digno de elogio” (CBASD) – grifos meus.
É bom lembrar que “jugo desigual” significa uma “diferença de padrão” entre o casal, ou seja, também entre dois Adventistas ele pode ocorrer: idades muito diferentes, nível social muito diferente, escolaridade muito diferente, ideais de vida muito diferentes, etc.
2. Vitimas do Jugo Desigual
Ellen White também afirma que “o corpo deve ser o servo da mente, não a mente a serva do corpo” (Patriarcas e Profetas, pág. 562). Esse principio é fundamental na escolha de um(a) namorado(a), pois “houvesse Sansão obedecido às ordens divinas tão fielmente como fizeram seus pais, e seu destino teria sido mais nobre e mais feliz” , no entanto “uma jovem que habitava na cidade filistéia de Timna, conquistou as afeições de Sansão e ele decidiu fazer dela sua esposa. A seus pais tementes a Deus, que se esforçavam por dissuadi-lo de seu propósito, sua única resposta era: ela agrada os meus olhos. os pais finalmente aderiram aos seus desejos, e realizou-se o casamento” (Idem).
“Em sua festa nupcial foi levado sansão à associação familiar com os que odiavam a Deus. Quem quer que voluntariamente entre para uma relação tal, sentirá a necessidade de se conformar até certo ponto com os hábitos e costumes de seus companheiros… Quantas vezes se efetuam casamentos entre os que são tementes a Deus e os ímpios, porque a inclinação governa a escolha de marido e mulher!” (Idem, pág. 563).
Se o namoro em jugo desigual evolui para um casamento, como os filhos serão criados? Tomarão café ou cevada? Irão à escola dominical, sabatina, centro espírita ou à catequese? Comerão feijoada (mistura de “feijão” com “porcaiada”)? Acreditarão em fantasmas ou no sono da morte? No por-do-sol da sexta estarão no culto da família ou assistindo Malhação? No sábado à tarde estarão na classe bíblica do juvenis ou na “pelada” com o papai? Etc… Etc… Etc…
3. O que diz o Espírito de Profecia?
De acordo com Ellen White, “seja todo passo em direção da aliança matrimonial caracterizado pela modéstia, simplicidade, e sincero propósito de agradar e honrar a Deus. O casamento afeta a vida futura tanto neste mundo como no vindouro. O cristão sincero não fará planos que Deus não possa aprovar” (Ciência do Bom Viver, pág. 359).
É indispensável observar esses pontos, pois “é da hora de seu enlace matrimonial que muitos homens e mulheres datam seu êxito ou fracasso nessa vida, e suas esperanças de existência futura” (O Lar Adventista, pág. 43). Lembra-se do exemplo da irmã lá de Maceió?!
“Procure para lhe ficar ao lado, aquela [jovem] que esteja habilitada a assumir a devida parte dos encargos da vida, cuja influencia o enobreça e refine, fazendo-o feliz com seu amor” (Idem, pág. 45-46).
“Trará aquela a quem desposais, felicidade ao vosso lar? É econômica, ou há de quando casada, gastar não somente todos os rendimentos dela, mas todos os vossos, para satisfazer a vaidade, o amor da aparência? São seus princípios corretos nesse sentido?” (Idem, pág. 46).
“Receba a jovem como companheiro vitalício tão-somente ao que possua traços de caráter puros e varonis, que seja diligente, honesto e tenha aspirações, que ame e tema a Deus” (CBV, pág. 359).
“Evitai aquele que ama a ociosidade; evitai o que for zombador das coisa sagradas”, [pois] “Deus não dá Sua sanção a uniões que Ele proibiu expressamente” (cf. Lar Adventista, pág. 47 e 61).
4. O Namoro que Deus Aprova
O namoro é um passo importante na escolha, desde que seja seguido corretamente, pois “o modo secreto pelos quais se fazem namoros e casamentos é a causa de grande quantidade de miséria, da qual só Deus conhece a completa extensão” (Fund. Educação Cristã, pág. 103) .
“O jovem que anda em companhia de uma jovem e capta a sua amizade sem o conhecimento dos pais dela, não desempenha um nobre papel cristão para com a moça e seus pais… casamentos contratados sob tais influências não estão de acordo com a palavra de Deus” (Mens. Jovens, pág. 57-58).
“Os namoros e casamentos imprudentes, profanos não podem deixar de dar em resultado disputas, contendas, condescendência com irrefreadas paixões, na infidelidade de maridos e esposas, na indisposição para refrear os desejos voluntários desordenados, e na indiferença para com as coisas de interesse eterno” (Lar Adventista, pág. 53).
“[No namoro] os filhos de Deus não devem nunca se aventurar a pisar terreno proibido. O casamento entre crentes e incrédulos é proibido por Deus. Mas muitas das vezes o coração não convertido segue seus próprios desejos, e formam-se casamentos não sancionados por Deus. Por causa disso muitos homens e mulheres estão sem esperança e sem Deus no mundo” (Fund. Ed. Cristã, pág. 500).
Adaptado de materiais de autoria desconhecida
Conclusão
Se você já casou em jugo desigual, então “carregue sua cruz” e ore para que o Espírito Santo abrande o coração não-convertido do seu cônjuge.
Se ainda não casou, não endureça os ouvidos à voz do Espírito, e não trilhe caminhos que outros já trilharam e FRACASSARAM. Não se iluda! O(a) namorado(a) compreensivo(a) e tolerante acabará se tornando um(a) marido(esposa) incompreensivo(a) e intolerante, que já não permitirá que você viva sua fé com alegria e liberdade.
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? (2Cor. 6:14-15).
Lembre-se que “incrédulos” não são, apenas, aqueles que não crêem em Deus, mas também aqueles que crêem de uma forma deturpada, que acreditam em doutrinas fundamentadas em tradições humanas (por exemplo: santidade do domingo e imortalidade da alma), e que desprezam as advertências que o Senhor concedeu ao Seu povo nestes últimos dias.
Gilson Medeiros
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