Alguns pensam que a marca da besta é algo do presente. Não cremos que ela exista presentemente, nem existirá até que os eventos de Apocalipse 13 se concretizem. A marca da besta inclui muito mais que a guarda do domingo e está restrita a um curto período de tempo imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. Para nós, a guarda do domingo é apenas uma tradição humana, que se tornará parte da marca, mas não antes que todos os eventos de Apocalipse 13 sejam materializados.
Análise racional
Temos desenvolvido muitas explicações para nossa crença. Elas têm se mostrado valiosas, mas ultimamente a compreensão tem se ampliado. Sempre temos explicado que o selo de Deus e a marca da besta são opostos. Portanto, se podemos conhecer o selo, encontramos a identidade da marca. Isso está claro. Explicamos que um selo tem três componentes: o nome, o título e o território de abrangência. Então, demonstramos que o sábado cumpre esse critério, ao mencionar o nome do Senhor (nome), como Criador (título) dos céus e da Terra (território). Essa é uma linha razoável de evidência, embora externa a Apocalipse 13.
Uma linha de evidência mais forte nota que a imagem da marca posta na fronte é tirada de textos que falam dos mandamentos gravados na fronte e testa (Dt 6:8-8; Hb 10:16; Pv 7:2, 3). Isso sugere que a marca da besta é o oposto aos mandamentos de Deus (incluindo o mandamento do sábado). Tudo isso é bom; mas, é tudo?
Perspectiva ampla
Acaso, existem evidências, em Apocalipse 13, que apoiem a posição adventista sobre a identidade da marca da besta? Sim.
Em um de seus artigos, Jon Paulien diz que a resposta de Deus às bestas é chamar o povo para adorá-Lo como Criador (Journal of Adventist Theological Society, v. 9, 1988, p. 179-186). Adoração é um tema central no Apocalipse, e o chamado de Deus à adoração alude ao mandamento do sábado (Ap 14:7). Adoração a Deus fundamentada no sábado é oposta à adoração da besta. Isso complementa outro ponto importante, ou seja, a identificação do povo de Deus como os que “guardam os mandamentos” (Ap 12:17: 14:12). Quais são esses mandamentos? Os dez mandamentos, com focalização especial nos quatro primeiros, que tratam de adoração e obediência a Deus.
Na tentativa da besta para forçar o mundo a adorar a imagem dela (Ap 13:15), há clara violação do segundo mandamento. Alguns estudiosos têm notado que mais de um dos primeiros quatro mandamentos é atingido pelo dragão e pelas bestas. A consistência dos ataques aos mandamentos sugere que é impossível compreender a marca da besta, a menos que seja compreendida à luz de suas ações contrárias à lei. Podemos esperar que ela se oponha, substitua, quebre ou falsifique um dos mandamentos.
Quando examinamos mais detalhadamente a marca da besta, percebemos que ela realmente é uma paródia do sábado. A marca e o sábado expressam realidades totalmente diferentes. Enquanto o sábado focaliza o verdadeiro Deus Criador, a marca leva a obedecer a falsos deuses. O sábado provê liberdade econômica e repouso; a marca é reforçada por sanções econômicas e opressão. Em sua extensão, os dois mandamentos são universais. Diferentemente do sábado, que nos convida a lembrar e honrar nosso Criador e Redentor, a marca exalta a autoridade da criatura. O sábado e a marca da besta são diferentes sinais que revelam o verdadeiro caráter de seus autores.
O número 666
Nosso estudo também pode nos ajudar a compreender a íntima ligação entre a marca, o nome e o misterioso número da besta: 666. Diz o texto: “para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13:17, 18). O chamado para calcular nos anima a olhar o número seis, escriturística e teologicamente, em vez de matemática ou numericamente.
O número da besta é definido como número humano. Não é divino. Qual é o número de Deus e, por extensão, Sua marca ou selo? Nosso estudo sugere que o sábado é a marca de Deus, levando Seu nome (Senhor, Deus) e seu número (sétimo dia). As raízes simbólicas dos números da besta e do sábado partilham o mesmo antecedente bíblico. Em Gênesis 1, a humanidade foi criada no sexto dia. Na criação, “seis” é o número da humanidade. Mas, a criação não estava completa até o sétimo dia, quando Deus nele repousou, o abençoou e o santificou. Na criação, sete é o número de Deus e Seu sábado.
Qual é o significado disso? O número 666 parece apontar uma rejeição final da humanidade em adorar o Criador e reconhecer Seu memorial – o sábado. O livro de Gênesis nos mostra que somos completos apenas em nosso Criador. O alvo da criação é Deus conosco e nós com Deus. Assim é o sábado. Ele mostra nossa inteireza somente em Deus, nosso Criador. A crise final não é algo relacionado apenas à obediência, mas à revelação do caráter de Deus, comparado ao dragão e à besta.
Assim sendo, a marca da besta não tem que ver com biochips, mas com relacionamento, fé, amor e obediência. Qualquer pessoa pode receber literalmente, através de um biochip, o número 666 na fronte ou na mão. Porém, isso não significa que tem a marca da besta. O assunto não é tecnologia, nem marcas literais em nosso corpo. A questão real é adoração; entrega de mente, coração e tudo o mais a Deus. É sobre quem Ele é e como Ele é.
Texto de autoria de Anthony MacPherson Pastor adventista em Melbourne, Austrália. Publicado na Revista Ministério de Out-Nov/2010.Via Sétimo Dia
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