domingo, 24 de junho de 2012

Perdoar “setenta vezes sete” ou “setenta e sete”?


Quantas vezes Jesus nos pediu que perdoássemos. Algumas Bíblias apresentam a expressão “setenta vezes sete”, ao passo que outras “setenta e sete”. Qual número está correto?


Em Mateus 18:21 está a pergunta de Pedro: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” E no verso seguinte (22) Jesus lhe respondeu: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Acontece que em algumas versões bíblicas, como a NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje), aparece o número ‘setenta e sete’! Algumas versões trazem “setenta vezes sete” mas, no rodapé, apresentam “setenta e sete” como outra possibilidade de tradução (por exemplo, a NVI – Nova Versão Internacional, e a TLH – Tradução na Linguagem de Hoje).


“Setenta vezes sete” é tradução da expressão grega hebdomekontákis heptá, que tanto pode ser traduzida por ”setenta vezes sete” quanto “setenta e sete”.


A seguir, vejamos a opinião de dois comentaristas bíblicos:


“Setenta vezes sete.” A sintaxe dessa frase é ambígua no grego e, por tanto, alguns têm entendido que Jesus disse que se deve perdoar setenta vezes sete [...] Evidentemente, o número em si não é importante, pois é meramente simbólico. Qualquer das cifras [490 ou 77] se harmoniza com a verdade aqui ensinada, ou seja, que o perdão não é assunto de matemática, nem de regras ou leis, mas de atitude. [...] Se o espírito de perdão move o coração, uma pessoa estará tão disposta a perdoar alguém arrependido pela oitava vez como esteve na primeira vez, ou na vez 491 como esteve na oitava. O verdadeiro perdão não está limitado por números. Além disso, não é o ato que vale, mas o espírito que o motiva. Nada pode justificar um espírito não perdoador” (Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, v. 5. Boise: Pacific Press Publishing Association, 1987, p.438).


“Segundo os ensinos da literatura judaica, a regra observada entre os judeus era três vezes; e, quando Pedro falou em ‘sete vezes’ como padrão possível, sem dúvida pensou que sua regra fosse extraordinariamente generosa. As citações [a seguir] ilustram a atitude dos judeus: ’Se um homem pecar, a primeira vez eles o perdoam; a segunda vez eles o perdoam; a terceira vez eles o perdoam; mas da quarta vez não perdoam, de acordo com Amós 2:6 e Jó 33:29′ (T. Bab. Yoma, foi. 86:2. Mainon. Hilch. Teshuba, c. 3, sect. 5). E também: ‘Quem diz que cometeu pecado e se arrepende, eles o perdoam até três vezes, e não mais que isso’ (Aboth R. Nathan, c. 40, foi. 8).


“Com respeito à questão do número que se acha no V . 22 [...] setenta e sete ou então setenta vezes sete, o fato de haver bons intérpretes como advogados de ambas as idéias ilustra que esse problema não tem solução certa. [...] A maioria das autoridades ensina setenta vezes sete,
mas nomes importantes como Meyer e Goodspeed, defendem ‘setenta e sete! Apesar dessas dúvidas sobre o número certo, o ensino é bem claro. A vingança ilimitada do homem [sem Cristo] cede lugar ao perdão ilimitado dos cristãos. O perdão é qualitativo, e não quantitativo” (R. N . Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 1.
São Paulo: Candeia, 1995, p. 472,473).


Sobre este assunto, importante é a lição ensinada por Jesus Cristo: O perdão não é questão de número, mas de atitude. Devemos perdoar quantas vezes forem necessárias (como Deus faz conosco).


Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. 

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