quarta-feira, 15 de junho de 2011

A teologia da prosperidade não traz felicidade – Parte 1

 Até mesmo minha sobrinha com quase quatro anos consegue perceber que a “guerra” entre as TVs Globo e Record é pela audiência e por objetivos puramente comerciais. Cada canal conta com colegas jornalistas – bem capacitados – para assessorar as partes envolvidas a fim de que os efeitos ruins sobre a “empresa” sejam amenizados. Os jornalistas dos dois maiores canais de TV do País são “habilidosos” também na coleta de “dados” que desmereçam o rival diante do público. Com tal atitude todos perdem. Sendo a função do jornalismo especializado democratizar o saber, como os comunicadores esperam contribuir (degladiando-se) para formar uma sociedade científica, inclusive capaz de escolher melhor os representantes nas diversas áreas do governo?
Neste breve estudo não irei atacar pessoa alguma e muito menos os canais de TV envolvidos na “luta” antiética pela audiência (e não em educar a população); pretendo sim abordar a heresia ensinada pelos teólogos da prosperidade. Primeiro porque acredito no amor de Deus por todos a ponto de perdoá-los e os ajudar a abandonar o erro. Basta querer (nesse caso, os teólogos da prosperidade). Segundo: o erro precisa ser combatido para que milhões de pessoas não sejam enganadas OU parem de se deixar enganar com um ensinamento totalmente errado a respeito do dízimo.
Farinha do mesmo pote
A Teologia da Prosperidade promete especialmente o sucesso financeiro (e em todos os aspectos da vida) aos que são seguidores de Jesus Cristo. Essa espécie de “religião capitalista” faz com que muitos líderes religiosos arrecadem significativas somas de dinheiro sem se preocupar em seguir a teologia bíblica do dízimo. Um desses pregadores garante aos seus telespectadores que, se eles forem “fiéis” em “dar o seu dinheiro a Deus”, poderão inclusive escolher as bênçãos que querem receber: um carro importado, uma casa na praia, um bom saldo na conta bancária…
Não é errado ter um carro, uma casa na praia e dinheiro. O problema surge quando tudo isso é colocado “em primeiro lugar” e não “o reino de Deus e sua justiça” (Mateus 6:33). Devemos viver bem neste mundo, mas, nossos pensamentos devem estar voltamos para “as coisas do alto” (Colossenses 3:1, 2), as celestiais.
Por causa do ensino da “prosperidade” – como é apresentado pelos pastores que seguem essa linha teológica – muitas pessoas desinformadas (ou maliciosas) e a mídia acabam julgando mal todas as igrejas protestantes sérias. Já ouvi dizerem: “todos os religiosos são farinha do mesmo saco”. Já que os teólogos da prosperidade distorcem o conceito do dízimo – pensam os menos esclarecidos – que “os pastores são todos iguais”.
Isso não deveria ser assim, ainda mais nessa era pós-moderna em que temos acesso com facilidade à boa (e má, infelizmente) informação. Antes de um agnóstico, ateu ou outra pessoa que não seja simpatizante da religião julgue o sistema de dízimos como “exploração do povo”, deveria conhecer o posicionamento bíblico e protestante sobre o assunto – que nada tem a ver com o que é ensinado pela igreja do bispo Macedo.
Uma compreensão errada de Malaquias 3:10
A ideia de que o salvo em Cristo deve obrigatoriamente “ter bastante dinheiro” é baseada no entendimento equivocado do verso a seguir: “trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”. O princípio ensinado pela teologia da prosperidade é o seguinte: quando o cristão dizima ou dá ofertas, Deus fica – diríamos assim – na obrigação de abençoar o dizimista e ofertante.
Vamos entender corretamente o verso supracitado.
O conteúdo do livro de Malaquias nos mostra que maldições vinham sobre o povo de Israel não apenas por eles roubarem a Deus nos dízimos e nas ofertas, mas também porque eles se desviaram de outros mandamentos de Deus. Isso é claro em Malaquias 3:7: “desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: em que havemos de tornar?”. Confira também Malaquias 1:6 até 3:5.
Sendo que o problema espiritual do povo era bem maior (envolvia outras áreas da vida e não só a financeira), é lógico que apenas restituir os dízimos e as ofertas não resolveria as coisas. Era preciso haver uma reforma total na vida e na conduta de todos os que diziam seguir a Deus. Deveriam abandonar o pecado e ser fiéis ao Senhor na observância de todos os demais mandamentos (inclusive do quarto, que ordena a santificação do Sábado – Êxodo 20:8-11).
Esse contexto de Malaquias 3:10 não é ensinado pelos teólogos da prosperidade. Eles não mostram às pessoas que, além de dizimar e ofertar, é preciso haver uma reforma na vida do crente.
Uma conversão verdadeira, que faz com que tenhamos prazer em seguir a Cristo independente do que temos ou deixamos de ter, não ocorre nos cultos de prosperidade (na grande maioria das vezes, pois, há pessoas sinceras em tais reuniões que buscam a Jesus de coração). A mente das pessoas é direcionada para o materialismo e não para o maior de todos os milagres: um coração transformado pela graça (João 3).

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