Mostrando postagens com marcador Revista Adventista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Revista Adventista. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Reflexo de Cristo


Apóstolo João, o Teólogo, na Ilha de Patmos: quadro pintado pelo russo Andrey Mironov, em 2012. João foi o discípulo mais próximo de Jesus. Imagem: Wikimedia
Apóstolo João, o Teólogo, na Ilha de Patmos: quadro pintado pelo russo Andrey Mironov, em 2012. João foi o discípulo mais próximo de Jesus. Imagem: Wikimedia

O maior livro profético da Bíblia, o Apocalipse, é declarado ser uma “revelação de Jesus Cristo” dada por Deus para benefício da igreja (Ap 1:1). Essas palavras comportam dois sentidos fundamentais: um subjetivo, que aponta Jesus como o autor da revelação, e outro objetivo, que faz dele o tema da revelação. Isso significa que a revelação é feita por Jesus e é acerca dele. O mesmo texto faz referência ao instrumento humano usado por Jesus para que a revelação se efetivasse: “seu servo João”. Quem foi ele?

Bem, o Novo Testamento se refere a pelo menos quatro pessoas que tiveram esse nome: (1) João Batista, que morreu antes da crucifixão de Jesus; (2) um parente do sumo sacerdote Anás e inimigo do evangelho (At 4:6); (3) João Marcos (At 12:12), autor do segundo evangelho; e (4) o apóstolo João, o discípulo amado e autor do quarto evangelho. As evidências apontam para o apóstolo João como o escritor do Apocalipse. A tradição primitiva assim o reconhece, e todos os escritores cristãos até o 3º século confirmam esse fato. Também acredita-se que João tenha passado seus últimos anos em Éfeso.

domingo, 5 de abril de 2015

Conheça as Terras Bíblicas

Clique para ampliar a imagem


terça-feira, 24 de março de 2015

Resistência na Ucrânia


Entrevista-Resistencia-na-ucrania
Psicóloga conta como seus pais e avós enfrentaram perseguição e pregaram o evangelho atrás da cortina de ferro

Quando Svitlana Samoylenko nasceu, quatro anos antes da queda do Muro de Berlim, o comunismo dava seus últimos suspiros. Do fim daquele regime ela lembra pouca coisa, detalhes como a cor do uniforme escolar e a disciplina rígida ensinada às crianças. Natural de Kirovograd, Ucrânia, ela morou no leste do país, na cidade de Lugansk, até terminar os estudos primários.

Se por décadas os adventistas daquela região sofreram perseguição atrás da “cortina de ferro”, hoje a igreja é prejudicada pela crise política que divide o país entre os separatistas pró-Rússia e os mais alinhados com a União Europeia.

No fim de 2014, por exemplo, um pastor adventista foi sequestrado e solto semanas depois com vários problemas de saúde, pois foi deixado apenas com a roupa do corpo em uma cela, no meio do inverno e sem comida suficiente. Nenhuma razão foi dada para essa prisão.

Apesar de viver no Brasil com o esposo, Daniel Meder, que é pastor em Curitiba, e de estar geograficamente distante da Ucrânia, Svitlana carrega consigo a inspiração que recebeu das histórias contadas por seus pais e avós. Nesta entrevista, ela fala um pouco sobre sua família e a fé adventista, revelando como sobreviveram sob o regime comunista.

Como foi sua infância na Ucrânia?

A Ucrânia é um dos maiores países da Europa e foi chamada de “cesta de alimentos” da ­ex-União Soviética. O país tem uma história interessante, pois fez parte de diferentes impérios em diferentes épocas, sem perder sua identidade e língua. Onde nasci, no leste, falávamos russo. Mas aprendi também o ucraniano, por influência dos meus avós.

Minha infância foi bem normal. O ensino na escola tinha alto nível de cobrança, principalmente nas disciplinas de ciências e matemática. As aulas só eram canceladas quando a temperatura caía para 20 graus negativos. Como uma típica criança adventista, eu estudei violino em uma escola de música. Tínhamos aulas quase a semana toda.

O maior evento da minha infância foi a chegada dos pastores norte-americanos à Ucrânia, logo depois da queda da União Soviética. Os adultos estavam empolgadíssimos. Meu pai foi o motorista dos evangelistas, pois era o único que tinha carro na vila. Eles levaram brinquedos de pelúcia, que não existiam na época, além de adesivos e lápis de cor, com cores e formas que nunca havíamos visto.

Seu avô foi pastor na época da União Soviética. Foi difícil para ele?

Como os outros pastores, ele tinha seu emprego normal durante o dia e exercia o ministério à noite, sem receber salário por isso. Antes de a minha mãe se casar, ela mudou de casa onze vezes, pois, quando alguém na cidade em que moravam descobria que eram cristãos, meu avô era ameaçado. Algumas vezes, no mesmo dia em que chegava a uma cidade, ele já recebia um recado: tinha que deixar o lugar em 24 horas.

Meus avós paternos também eram muito ativos na “igreja”. Eles organizavam cultos camuflados para que os adventistas pudessem ter um momento de adoração aos sábados. Tudo feito em segredo. Enquanto o culto era realizado no porão de uma casa, uma criança era incumbida de “brincar” no quintal. Caso a polícia chegasse, ela deveria gritar alguma frase-código para que os adultos, no porão, se preparassem. Então as Bíblias eram escondidas dentro de massas de pão e colocadas para assar. Cada um começava uma atividade diferente, como se estivessem preparando uma festinha de aniversário.

As reuniões de planejamento eram realizadas na casa do meu avô, pois era a última residência da vila. Assim, os pastores pegavam o último ônibus para a vila e se escondiam na floresta até que anoitecesse e então pudessem entrar na casa dele. Faziam a reunião durante a noite toda e, antes de raiar o dia, eles saíam e se escondiam novamente na floresta, até o horário do primeiro ônibus, para que voltassem ao trabalho.

O que vocês faziam para ter os livros da igreja?

Como não havia livros de Ellen White disponíveis, cópias eram feitas a mão e a partir de raríssimos originais. Em 1965, meu avô paterno copiou o livro Primeiros Escritos. Todos os livros eram encadernados com uma máquina que ele havia construído.

Quando se conseguiu dinheiro na floresta suficiente para comprar uma máquina de datilografia, as coisas ficaram muito mais fáceis. Usando papel carbono, dez folhas podiam ser copiadas de uma vez. O trabalho era feito à noite para evitar suspeita. Minha avó estendia cobertores nas janelas para abafar o som, e ela datilografava com a máquina sobre um travesseiro e cobertores por cima de sua cabeça.

Depois as páginas eram distribuídas sobre uma mesa para que os livros fossem montados. Posteriormente, meu pai aprendeu a tirar e revelar fotos por si mesmo e começou a fotografar as páginas dos livros originais. Dessa forma, o evangelho poderia ser pregado mais rapidamente.

Os adventistas, especificamente, sofreram muito no regime comunista?

Sim. Quando meu pai era criança, havia o constante perigo de as famílias adventistas perderem seus filhos, pois os pais que não enviavam as crianças para a escola no sábado eram considerados inaptos e corriam o risco de perder a guarda delas. Por isso, meus pais foram à escola, mesmo no sábado, até completarem o ensino médio; caso contrário, seriam enviados a um orfanato. Mas meus avós ensinaram valores aos filhos, o que fez com que eles continuassem firmes.

Meu pai foi proibido de frequentar a faculdade, assim como seus irmãos, pois, mesmo tendo passado em todos os exames, “crentes” não deveriam ter nenhum direito. O mesmo acontecia com os melhores empregos. Meu avô chorou na primeira vez que viu uma van cheia de Bíblias, quando os evangelistas americanos chegaram na década de 1990. Para ele, durante muito tempo isso parecia impossível.

Hoje os adventistas podem distribuir livros livremente por lá?

Eles podem e o fazem. Na vila em que meus pais moram, eles distribuem livros regularmente. Mesmo com 77 anos e recursos escassos, meu avô compra vários livros, CDs, DVDs e outros materiais da igreja para estudar e distribuir.

Há alguns anos, um amigo do meu avô declarou sentir que, durante a perseguição, os cristãos são mais dedicados. Ele lembrou que, quando tudo era proibido, os adventistas arriscavam a vida para adorar a Deus. Mas o conforto trouxe certo marasmo à vida da maioria, fazendo com que muitos desanimassem ou mesmo desistissem diante de qualquer problema.
De que forma essas experiências moldaram você?

Elas me fortaleceram para vencer muitas tentações. Até hoje não consigo colocar a Bíblia no chão nem embaixo de outro livro. O sábado também sempre foi tão sagrado para mim que nem passa pela minha cabeça deixar de guardá-lo por causa de um emprego. Sobre os dízimos e as ofertas, aprendi que, mesmo com a crise, tudo o que recebo deve ser consagrado a Deus.

De que maneira a Igreja Adventista está enfrentando a atual crise na Ucrânia?

No leste da Ucrânia, onde vivi, a igreja é relativamente forte. Infelizmente, com a crise, os adventistas também estão divididos entre Rússia e União Europeia. Meus pais estão cuidando de quatro famílias que fugiram do leste do país, e essas pessoas, assim como milhões de outras, não têm nenhuma perspectiva de quando poderão voltar para casa. Conheço muitos que perderam filhos, pois bombas estão sendo jogadas sobre a população.
Eu não imaginava que uma barbaridade dessas poderia acontecer de forma tão súbita. Isso nos mostra que, mesmo em nossa época, a qualquer momento, nossa liberdade pode ser tirada. Sabemos que nosso tempo aqui na Terra está acabando. É hora de acordar da sonolência espiritual e viver o privilégio da liberdade em Cristo.


A psicóloga
Lana, como é chamada pelos amigos brasileiros, fez intercâmbio organizado pelo governo dos Estados Unidos, em 2001, e depois foi estudar no Newbold College, na Inglaterra. Graduou-se em Psicologia e concluiu a pós-graduação em Psicologia do Trauma e o mestrado em Terapia Cognitivo-Comportamental. Atuou durante oito anos na Inglaterra, numa clínica particular, e também numa prisão de segurança máxima, com criminosos perigosos. Além disso, trabalhou com terapia assistida por golfinhos, com crianças e adultos autistas e com paralisia cerebral. Foi também na terra da rainha que Lana conheceu Daniel Meder, na época estudante de Teologia. Casados desde agosto de 2013, o casal pastoral trabalha em Curitiba (PR).

Publicado Originalmente na Revista Adventista de março de 2015

Aprenda a Ler a Bíblia

Clique e amplie o infográfico


Via Revista Adventista Março de 2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

O batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

Boa-pergunta-a-formula-trinitaria-Codex_fmtO batismo dos cristãos primitivos era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? O texto de Mateus 28:19, que menciona esse tipo de batismo, faz parte do original em grego? 


Essas são perguntas recorrentes. Vamos começar pela segunda. Em relação à fórmula batismal trinitariana de Mateus 28:19, a situação é a seguinte: (1) A fórmula está presente em todos os manuscritos gregos que contêm Mateus 28:19, pois nem todos os manuscritos sobreviveram de forma completa. Na verdade, alguns chegaram até nós em estado bastante fragmentário, mas todos os que contêm o versículo em questão registram a fórmula trinitariana, sem exceção, e isso acontece com vários manuscritos cujo texto remonta ao 2º século. (2) A fórmula também está presente em todas as antigas versões, cujo texto também data do 2º século. (3) Toda a literatura patrística anterior ao 4º século que cita Mateus 28:19 inclui a fórmula trinitariana. Exemplos: a Didaquê (c. 130-150), uma espécie de manual da igreja síria; Justino Mártir (c. 150); Clemente de Alexandria (150-215); e Cipriano (3º século). Levando-se em conta o registro textual, portanto, é praticamente impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 não seja original.

E quanto ao batismo cristão primitivo, era ele feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? De acordo com o livro de Atos, a resposta é não, pois todos os batismos ali mencionados são em nome de Jesus apenas (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; 22:16; cf. 1 Coríntios 6:11). Como entender isso? Não é fácil, como não é fácil entender que, mesmo após a ressurreição de Jesus, os apóstolos ainda achavam que ele tivesse vindo para restaurar a independência política de Israel (Atos 1:6, 7), ou que eles, de alguma forma, ainda continuavam envolvidos nas atividades cerimoniais do templo (Atos 2:46; 3:1; 21:23, 24), ou que o próprio Paulo, ao final de sua terceira viagem missionária, ainda tivesse ido ao templo oferecer sacrifício (Atos 21:26).

Seja como for, isso significa que não devemos olhar para o livro de Atos como se fosse um manual de igreja, muito menos como um manual evangelístico, como muitos o fazem. O livro de Atos apenas descreve como foram os primeiros 30 anos da igreja apostólica, seus erros e acertos, e como Deus atuou por meio deles para a consolidação e expansão da igreja. O período histórico abrangido por Atos foi de transição, em que muitos temas e práticas ainda careciam de desenvolvimento ou de uma compreensão mais clara. Foi assim com a questão da volta de Jesus, a pregação aos gentios e a própria organização da igreja.
Já a fórmula batismal em Mateus 28:19 se apresenta como uma clara ordenança de Jesus, e, portanto, é ela que deve pautar as atividades da igreja hoje. No fim do 1º século, a igreja já batizava em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Evidência disso é a própria Didaquê acima citada, que faz referência clara ao batismo trinitariano. Embora sendo do início do 2º século, há suficientes razões para crermos que tal prática retrocede ao período apostólico, na segunda metade do 1º século.

Devemos nos lembrar de que a revelação, mesmo aos apóstolos, foi progressiva (João 16:12; cf. Hebreus 1:1, 2; 2 Coríntios 1:13), e de que esse princípio se aplica também à compreensão dela (cf. João 12:16; 14:29; Lucas 24:8). É por isso que nosso credo é a Bíblia em sua totalidade (tota scriptura), e não apenas o livro de Atos. E é no evangelho de João, por exemplo, que encontramos as revelações mais claras acerca da personalidade do Espírito Santo e sua atuação, juntamente com Cristo e o Pai, no plano da redenção (cf. João 14:16, 17, 26; 16:7-15), e esse evangelho foi um dos últimos livros do Novo Testamento a ser escrito, se não o último, já bem no fim do 1º século.

Seja como for, a crença na personalidade do Espírito Santo e a utilização da fórmula batismal trinitariana são bem anteriores ao Concílio de Niceia, no 4º século, que teria sido, segundo alegam alguns desinformados, quando tal crença foi introduzida na igreja cristã. Um melhor conhecimento da história da igreja e o uso de fontes e evidências documentais, como os manuscritos gregos, as antigas versões e as citações patrísticas, tornam quase impossível afirmar que a fórmula trinitariana de Mateus 28:19 constitua um acréscimo posterior. [Imagem: Wikimedia]

Wilson Paroschi, doutor em Teologia, com especialização em Novo Testamento, é professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

Os Principais grupos religiosos da época de Jesus

Clique e amplie o Infográfico

Via Revista Adventista Março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

A Atualidade do Apocalipse

Imagem: Fotolia

Todos os dias, os acontecimentos indicam que o mundo caminha para o fim. E, nesse contexto, um dos livros bíblicos mais relevantes é o que encerra o cânon: o Apocalipse. Foi num cenário semelhante ao das descrições bíblicas dos eventos finais que Jesus apareceu a João em Patmos, dando-lhe a mais completa profecia bíblica, a chave para entender todas as promessas ainda não cumpridas do Antigo Testamento, todas as enigmáticas palavras de Cristo e todas as explanações escatológicas dos apóstolos.

O Apocalipse é o livro da revelação. Seu título vem do grego apokalypsis, derivado do verbo apokalypto, palavra formada por apo (“de”) e kalypto (“esconder”, “ocultar”). A ideia é a de desvendar algo anteriormente oculto. O Apocalipse poderia ser chamado de O Evangelho de Jesus Cristo no Céu, pois há nele a apresentação do ministério de Cristo após sua ascensão e até sua prometida volta.

O termo apokalypsis e a forma verbal apokalypto são frequentes no Novo Testamento grego em relação ao retorno de Cristo e aos acontecimentos simultâneos, como a glorificação dos salvos e o castigo dos ímpios.

REVELAÇÃO ANTECIPADA

Um fato curioso a respeito do Apocalipse é que, bem antes de Deus revelar as visões escritas nesse livro, ele deu profecias antecipando que haveria de enviar as profecias do Apocalipse. Em Amós 3:7, o verbo usado para “revelar” na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento usada pela igreja primitiva, é apocalypto. Ou seja, Deus já havia dito ao profeta Amós que, no futuro, haveria uma revelação ou um “apocalipse”.

Mais clara que a profecia de Amós é a que Paulo registrou em Romanos 16:25: “conforme a revelação ­[apocalypsis] do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos”. O livro do Apocalipse refere-se a si mesmo como a revelação do mistério de Deus (Ap 1:20; 10:7). Assim, tanto o apóstolo Paulo quanto o profeta Amós tiveram conhecimento de que uma revelação especial do mistério de Deus viria a ser dada à igreja por meio de profecia.

Para o apóstolo Paulo, a revelação (ou apocalipse) de Jesus Cristo era a maneira pela qual ele pôde receber e aprender o evangelho: “o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação [apokalypsis] de Jesus Cristo”, pois “aprouve [a Deus] revelar [apokalypsai, aoristo do indicativo ativo do verbo apokalypto] seu Filho em mim” (Gl 1:11, 12, 15, 16).

Parece que Paulo recebeu diretamente de Cristo revelações que mais tarde foram repetidas e ampliadas no Apocalipse de João. Em 2 Coríntios 12:1-6, ele descreve “revelações” (apokalypseis, plural de apokalypsis) do Senhor. Ele recebeu seu “apocalipse” 14 anos antes de escrever essa carta. Sendo que 2 Coríntios data do verão de 57, essas visões e revelações do Céu devem ter ocorrido em 43.

As descrições nas suas cartas de detalhes inéditos dos eventos relacionados à vinda de Cristo evidenciam que ele tinha um conhecimento prévio de revelações que o restante da igreja só teria com a publicação do Apocalipse de João. Ele chegou a afirmar que tomou conhecimento dos detalhes da ressurreição dos justos descritos em 1 Tessalonicenses 4:15-18 “por palavra do Senhor”. Duas vezes Paulo associou a ressurreição dos salvos e a vinda do Senhor com o “ressoar da última trombeta” (1Co 15:52; 1Ts 4:16). O detalhe de ser a última trombeta só faria sentido se ele soubesse que haveria outras trombetas proféticas anteriores, e só o Apocalipse dá essa informação.

Usando a mesma expressão com que João introduziria seu livro, o apóstolo Paulo exortou a igreja a aguardar a revelação (apocalipse) de Jesus Cristo, o dom do testemunho de Jesus (Espírito de Profecia) que faltava para que a igreja estivesse enriquecida (1Co 1:4-9). O Apocalipse deveria ser aguardado pelos crentes porque essa revelação iria prepará-los para a volta de Jesus.

DÁDIVA DE ESPERANÇA

Jesus não revelou toda a sua mensagem, mas deixou que o Espírito da verdade revelasse as coisas que haveriam de vir (Jo 16:12, 13). No Apocalipse, o Espírito é diversas vezes mencionado como o autor da mensagem do livro, o testemunho de Jesus (Ap 1:1, 9; 12:17; 19:10; 20:4). O mais interessante é que o Apocalipse é o livro que anuncia as coisas que haveriam de vir (Ap 1:1, 19).

Um dos mais importantes papéis do Espírito Santo seria revelar o que hoje está escrito no Apocalipse. Mas isso não exclui a possibilidade de outros apóstolos que morreram antes da composição do livro terem recebido de Cristo suas próprias revelações das coisas vindouras. Se Paulo recebeu essas revelações, Pedro e Judas também registram em suas cartas revelações escatológicas semelhantes ao conteúdo do Apocalipse.

“Cada promessa do Apocalipse é destinada ao vencedor, aquele que perseverar até o fim e conservar pura sua fé”

Em sua primeira epístola, o apóstolo Pedro usou duas vezes a expressão grega apokalypsis Iesou Christou (revelação de Jesus Cristo [1Pe 1:7, 13]), a mesma frase inicial do Apocalipse de João, e uma vez a expressão en te apokalypsei tes doxes autou (na revelação de sua [de Cristo] glória [4:13]). Ele também falou da plenitude da salvação “preparada para revelar-se [apokalyphthenai, infinitivo aoristo passivo do verbo apokalypto] no último tempo” (1:5). Também se referiu à glória da qual os presbíteros fiéis participarão: “há de ser revelada [apokalyptesthai, presente do indicativo médio do verbo apokalypto]”.

Entretanto, foi em sua segunda epístola que Pedro expôs mais à vontade seu conhecimento dos temas apocalípticos. Aliás, o próprio objetivo que o apóstolo mencionou para escrever sua segunda carta foi a necessidade de deixar para a igreja uma compreensão correta da vinda do Senhor Jesus Cristo (2Pe 1:12-16).

Apesar de não usar o termo grego apokalypsis nem o verbo apokalypto, 2 Pedro, assim como a carta de Judas, traz grande número de semelhanças com o texto de Apocalipse. Nas epístolas de Pedro e Judas são antecipados muitos temas do Apocalipse, inclusive usando as mesmas imagens.

A igreja primitiva viveu uma ardente expectativa do segundo advento de Cristo para seus dias. Seria muito desmotivador para a florescente comunidade cristã tomar conhecimento de que um longo período de apostasia precederia a vinda de Cristo (2Ts 2:1-3; Ap 11:2, 3; 12:14). Parece que Deus, em sua sabedoria, anunciou a vinda de uma revelação maior sobre o segundo advento que seria outorgada ao apóstolo João (Jo 21:22). Essa revelação, o livro do Apocalipse, veio em um momento de perseguição da igreja, quando haviam se esgotado todas as expectativas a respeito dos sinais da segunda vinda de Jesus, do ponto de vista dos cristãos do 1º século.

O Apocalipse foi uma dádiva de esperança para uma igreja que atravessaria séculos de perseguição e de apostasia e ainda teria que ter fôlego para cumprir a missão de pregar a salvação em Cristo a todo o mundo.

Artigo de FERNANDO DIAS DE SOUZA,pastor em Nova Serrana (MG). Publicado Originalmente na Revista Adventista de Março de 2015

terça-feira, 3 de março de 2015

Você deve orar a Jesus ou ao Pai?


boa-pergunta-RA-Fotolia_55436373
Já ouvi pessoas orando a Jesus e concluindo a oração “em nome de Jesus”. Teologicamente falando, isso é correto? C. A.

A verdade é que toda a Trindade está interessada em nossas orações. O Pai deseja dar “boas coisas aos que Lhe pedirem” (Mt 7:11); o Filho promete que, se pedirmos alguma coisa em Seu nome, isso Ele fará (Jo 14:14); e o Espírito Santo “intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis […], porque não sabemos orar como convém” (Rm 8:26).

No entanto, esse interesse de todos os membros da Trindade em nossas orações não significa que devamos passar por cima das orientações bíblicas. O correto não é, por exemplo, orar ao Espírito Santo “em nome de Jesus” ou a Jesus “em nome de Jesus”. Não negamos que tais orações possam ser atendidas, mas seria bom atentarmos para o que a Bíblia diz sobre a oração:

1.Toda oração deve ser dirigida a Deus, o Pai. Eis alguns textos: “[…] A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai […] Ele vo-lo conceda” (Jo 15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-lo concederá” (Jo 16:23). O próprio Jesus deixou-nos a oração-modelo, que assim começa: “Pai nosso, que estás nos Céus” (Mt 6:9). Em Suas orações, Jesus Se dirigia ao Pai. “Pai nosso, que estás nos Céus” (Mt 6:9), Ele disse ao ensinar os discípulos a orar; “Pai, graças Te dou porque Me ouviste” (Jo 11:41), orou antes de ressuscitar Lázaro; “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador” (Jo 14:16), afirmou ao prometer o envio do Espírito Santo; “Pai, é chegada a hora” (Jo 17:1), disse no início de Sua oração sacerdotal; “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice” (Mt 26:39), suplicou na noite de agonia no Getsêmani; “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34), pediu ao estar suspenso numa cruz romana.

2. Toda oração deve ser concluída com a expressão “em nome de Jesus”, com “nome” indicando a “pessoa” de Jesus. Ou seja, pedimos confiados nos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual deu Sua vida como resgate pelos nossos pecados (Mt 20:28). Isso significa que pedimos para que tudo o que Jesus merece seja creditado para nós, pois, naturalmente, o que merecemos é a morte, como “salário do pecado” (Rm 6:23). Eis alguns textos sobre pedir em nome de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei” (Jo 14:13); “A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em Meu nome, Ele vo-lo conceda” (15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em Meu nome” (16:23).

3. Mesmo que em nossas orações não necessitemos pedir ao Espírito Santo que o faça, Ele atua como nosso intercessor junto ao Pai: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).
Mais uma palavra sobre a oração: não devemos orar sempre para pedir coisas a Deus. Pedidos são apenas parte de uma oração. A oração, como registra a Bíblia do Obreiro, deve incluir “confissão (Sl 51), adoração (Sl 95:6-9; Ap 11:17), gratidão (1Tm 2:1), petição pessoal (2Co 12:8) e intercessão pelos outros (Rm 10:1). Para ser atendida, a oração requer purificação (Sl 66:18), fé (Hb 11:6), vida em união com Cristo (Jo 15:7), submissão à vontade de Deus (1Jo 5:14-15; Mc 14:32-36), direção do Espírito Santo (Jd 20), espírito de perdão (Mt 6:12) e relacionamento correto com as pessoas (1Pe 3:7)”.

Como está sua vida de oração? Você tem se valido desse meio tão poderoso para falar com o Altíssimo?

Ozeas C. Moura, doutor em Teologia, é professor na Faculdade de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP

Via Revista Adventista

domingo, 1 de março de 2015

Como podemos encaixar os dinossauros no relato bíblico da criação?



A Bíblia é clara em afirmar que Deus é o originador da vida. Ou seja, todos os seres vivos do Universo, incluindo os que vivem no planeta Terra, são obra do Criador. Paulo, em seu discurso aos sábios de Atenas, afirmou que “Deus fez o mundo e tudo o que nele existe” (Atos 17:24), e isso inclui os dinossauros.

Pelo relato da criação, percebe-se que os dinossauros aquáticos (também conhecidos como plesiossauros) foram criados no quinto dia (Gênesis 1:21) e os dinossauros terrestres no sexto dia da criação (Gênesis 1:24).

Mas por que foram criados animais tão grandes e qual teria sido a utilidade deles para o ser humano? Embora não tenhamos todas as respostas, devemos atentar para o que a Bíblia nos informa sobre os seres criados. Entre as informações sobre o mundo antediluviano está a de que “havia gigantes na terra” (Gênesis 6:4). Pelo contexto imediato, vê-se que o termo “gigantes” (nephilim) foi empregado para se referir a seres humanos de elevada estatura. Assim, para esses gigantes humanos, os dinossauros talvez não parecessem tão grandes. Digamos, a título de comparação, que um elefante e uma girafa não parecem tão grandes assim para pessoas de estatura mediana de 1,70 m. Dessa maneira, podemos imaginar que os antediluvianos olhavam para os dinossauros como hoje olhamos para elefantes e girafas.


Podemos apenas conjecturar sobre a utilidade dos dinossauros para os seres humanos antes da entrada do pecado em nosso planeta. Talvez eles fossem empregados como animais de carga, como os elefantes de hoje, em alguns países. Acontece que, com a entrada do pecado, muitos animais se tornaram carnívoros, entre os quais algumas espécies de dinossauros. Nesse caso, em vez de servir ao ser humano, eles se tornaram uma ameaça. Talvez essa ameaça à vida humana tenha sido a causa da não entrada deles na arca e sua consequente extinção por ocasião do dilúvio (Gênesis 7:21-23).

Comentando sobre a destruição causada pelo dilúvio aos seres humanos e também aos animais (alguns deles chamados de “animais poderosos”, o que deve incluir os dinossauros), disse Ellen G. White: “Os animais, expostos à tempestade, corriam para perto dos homens, buscando unir-se com os seres humanos, como a esperar deles auxílio. Alguns do povo amarraram seus filhos e a si mesmos em cima de animais poderosos, sabendo que estes se apegariam à vida, e subiriam aos pontos mais altos para escapar das águas que se elevavam. A tempestade não abrandou sua fúria – as águas aumentaram mais rapidamente do que no começo. Alguns ataram-se a altas árvores sobre os elevados pontos da terra, mas essas árvores foram desarraigadas e lançadas com violência através do ar, como que arremessadas furiosamente, com pedras e terra, nas elevadas e encapeladas ondas. Sobre os mais elevados pontos, seres humanos e animais lutavam para manter sua posição, até que todos foram arremessados às águas enfurecidas, que quase alcançavam os locais mais altos da Terra. Os pontos mais elevados foram afinal alcançados, e homens e animais igualmente pereceram pelas águas do dilúvio (História da Redenção, p. 69).

A extinção dos dinossauros foi permitida por Deus, pois os seres humanos haveriam de decrescer em estatura e força e poderiam ser presa desses grandes animais. Assim, para o bem da humanidade eles foram extintos.

Somos informados de que, na nova Terra, os animais serão mansos. O “leão comerá palha como o boi” (Isaías 65:25). Dessa maneira, os animais não mais precisarão matar para se alimentar. E, se lá houver dinossauros, eles serão mansos e herbívoros, como eram alguns deles, mesmo depois da entrada do pecado no mundo.
Com certeza, será maravilhoso viver na Terra renovada, onde seres humanos e animais existirão em perfeita união. Façamos planos de lá estar!

Ozeas C. Moura, doutor em Teologia, é professor na Faculdade de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP
Via Revista Adventista

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Alimentos proibidos


por Helnio J. Nogueira
Esta é uma pergunta bastante freqüente. Por que Deus, em Levítico 11, proibiu o uso de carnes como a do coelho, do porco, dos peixes de couro e de todos os animais que hoje chamamos de “frutos do mar” (incluindo camarão, lagosta, ostras), e também da avestruz, do cisne, da tartaruga, da rã, da lesma e tantos mais? 
Existem várias evidências contra essas carnes, consideradas imundas, mas não podemos dizer que foi por esta ou aquela razão que elas foram proibidas. Deus não deu uma explicação aos israelitas; não disse, por exemplo, que causavam câncer, ou aumentavam o colesterol, ou que transmitiam vermes, bactérias ou outras doenças. Falou apenas que esses animais eram “imundos”, “abominação” ou “abomináveis”.
“Da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadáver... qualquer que tocar os seus cadáveres será imundo até à tarde. ... Não façais as vossas almas abomináveis por nenhum réptil que se arrasta, nem neles vos contamineis... porque Eu sou o Senhor vosso Deus, para que sejais santos, porque Eu sou santo” (Lev. 11: 7 e 8, 10, 24 e 43).

É muito interessante ver que, mesmo sem saber os motivos científicos, os israelitas obedeceram. Hoje, no entanto, todos precisamos saber as razões. Será que eu tenho mesmo que obedecer a essa parte da Bíblia? Por que Deus foi tão severo a respeito da carne desses animais?
Se olhássemos mais demoradamente a lista dos animais imundos, veríamos que ela é bem mais extensa e inclui também o rato, o lagarto, a lagartixa, a águia, o urubu, corujas, gaviões e morcegos. Talvez em relação a esses animais ninguém queira discutir porque são considerados impuros ou imundos. Mesmo assim, muita gente poderia pensar que essas classificações de animais impuros eram:
1. Proibições cerimoniais ou religiosas. “Não façais as vossas almas abomináveis.”
2. Talvez nem fossem orientações de saúde e sim apenas um teste de fé. Se você confia em Deus e O ama, você obedece, sem discutir, mesmo que não entenda o porquê.
3. Poderia ser uma questão de saúde restrita aos israelitas do deserto. Hoje, com melhores condições de higiene, todos os imundos já teriam passado para a categoria dos “limpos”.
O fato é que, independente do motivo, Deus classificou esses alimentos como imundos, e disse que eles contaminavam as coisas e as pessoas com que entravam em contato.
A Bíblia  também os  chama de “abomináveis”, ou como diz outra tradução, “nojentos”.

Razões científicas – 1. Doenças transmissíveis. Não há nenhuma dúvida de que as carnes “proibidas” não são “saudáveis”. Aliás, carne nenhuma o é! (Mas essas não eram simplesmente “não saudáveis”, eram “imundas e abomináveis”). Qualquer bom livro de saúde ou medicina vai dizer, por exemplo, que muitas dessas carnes podem transmitir
vários tipos de vermes, bactérias e outras doenças.
Embora o problema da transmissão de doenças seja real, é pouco provável que a razão seja só esta. Hoje já existem criadores que desenvolvem seus animais em ambientes praticamente estéreis. E sinceramente não acredito que Levítico 11 devesse ser reescrito dizendo: “do coelho, do porco, dos peixes de couro, do rato, da lesma, etc, só comereis os que forem criados em ambiente estéril...”
2. Colesterol. Também é bastante conhecido o fato de que carne de porco, banha, “bacon”, torresmo e outros derivados, aumentam o colesterol. Frutos do mar (camarão, mexilhão, ostras), também. No entanto, não é crível que o problema seja apenas o colesterol, pois o leite integral, a manteiga, gema de ovos, pele de frango também fazem subir o nosso colesterol e nem por isso são considerados imundos ou abominação. E mais, a carne de alguns animais imundos, como a avestruz, é relativamente pobre em colesterol.
3. As crises de gota úrica. Peixes de couro e rãs, além de bebidas alcoólicas, sardinha, carne vermelha, miúdos, galeto e animais de caça, podem deflagrar crises de gota úrica,
em determinados pacientes. Mas, igualmente, se o problema fosse só o ácido úrico, por que apenas os peixes de couro e a rã teriam sido discriminados como imundos e abomináveis? E os outros?
Infelizmente, o conhecimento atual da medicina sobre este assunto ainda é pequeno e não nos ajuda muito. A ciência ainda não tem razões suficientes para dizer que algumas dessas carnes são piores do que as outras.
Por outro lado, não dá para considerar o silêncio da ciência como permissão. É uma ilusão tola pensar que a ciência dos nossos dias sabe tudo. Na realidade, a medicina
científica tem pouco mais de cem anos. Em matéria de conhecimento estamos engatinhando, apenas arranhando a superfície. Não temos a menor idéia da causa de um número enorme de doenças graves. Mas é muito provável que no futuro se descubra que algumas ou muitas dessas doenças sejam causadas pela carne de animais imundos.
Enquanto isso não acontece, o que devemos fazer? Posso garantir uma coisa: três mil e quinhentos anos atrás, quando Deus deu essas orientações, certamente sabia muito mais medicina do que todos nós juntos sabemos hoje.

Extraído da Revista Adventista de Dezembro de 2001

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Grávidas e fuga no sábado



Gostaria de saber o significado da frase : “Ai das que estiverem grávidas...” e “orai para que vossa fuga não se dê no inverno nem no sábado”
(Mat. 24:19 e 20). 
Jesus está falando do que sobreviria à cidade de Jerusalém, em 70 a.C.: a cidade seria cercada, invadida e destruí-da pelos romanos, o que realmente aconteceu. Obviamente, mulheres grávidas que desejassem fugir ao cerco teriam tremendas dificuldades para fazê-lo; ou então, pelas circunstâncias, sofreriam ainda mais em todo o contexto do cerco e invasão da cidade. Fugir no inverno traria a dificuldade do rigor do tempo frio.
Orar para que a fuga não acontecesse no sábado foi uma orientação dada por Cristo a Seus discípulos que haveriam de fugir da cidade (como realmente aconteceu, pois entendo que nenhum cristão pereceu na invasão), em consideração à natureza do dia que Deus mandou guardar: os discípulos escapariam da cidade condenada, e o sábado, por ser santo, não seria inteiramente próprio para uma fuga apressada, pois a santidade do dia estaria assim comprometida; para o guardarem devidamente, não deveriam se preocupar com fugas e coisas afins. Jesus aqui reconhece que a guarda do sábado estaria em pleno vigor entre Seus discípulos 40 anos depois de Sua crucifixão, o que derruba a teoria de que o sábado foi abolido na cruz.

Texto de José Carlos Ramos extraído da Revista Adventista de  Janeiro de 2002

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Os cinco olhares que agradam a Deus



Para onde costumamos fixar o nosso olhar, preferencialmente? Sabe que disso depende, em
grande parte, nosso bem-estar, nossa felicidade, nossa vida cristã?
Há cinco olhares fundamentais que podem enriquecer grandemente sua espiritualidade, e, conseqüentemente, sua comunhão com Deus. Ei-los:

Olhar para trás com gratidão – Como faz bem ao coração do crente o ser agradecido! Se aprendêssemos a olhar para as incontáveis bênçãos que Deus nos tem outorgado, enfrentaríamos com muito mais coragem os problemas e as tristezas que nos sobrevêm no dia-a-dia.

Olhar para cima com louvor – O louvor é um dos meios da graça que Deus nos proporciona para alegrar nossa jornada terrena. Quando as sombras do desânimo,
do infortúnio nos envolvem, elevemos a Deus um hino de louvor, e o sol voltará a brilhar em nossa frente.

Olhar para dentro com contrição – Há pessoas que não sabem mais perscrutar seu interior, em busca de arrependimento e renovação. O exame de consciência é
prática indispensável para os que desejam crescer na graça e no aprimoramento do caráter. O conselho de Paulo é:
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo...” (1 Cor. 11:28).
Peçamos a Deus que nos capacite a sondar o nosso coração, e a colocá-lo em ordem, conforme os ensinamentos divinos.

Olhar ao redor com amor – Quanta necessidade encontra-se perto de nós cada dia! Há um hino, em nosso hinário, que diz: “Ao redor, oh, quantas almas vivem a sofrer, em angústia, em densa escuridão, à espera de alguém que venha lhes valer, e que lhes queira dar a mão!” Que oportunidades temos de demonstrar o amor de Deus que habita em nós, através de atos de bondade e de misericórdia! E que alegria isso nos proporciona!

Olhar para a frente com esperança – O melhor ainda está para vir. Lembremo-nos constantemente das coisas que Deus está preparando para Seus filhos. Lutemos, trabalhemos, cumpramos nossa missão, tendo os olhos postos no futuro. Nesse luminoso futuro que nos espera, pois, “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1 Cor. 2:9).
Nosso desejo é que Deus dirija seu olhar, caro leitor, fixando-o nas coisas que o fortaleçam na fé e na bendita esperança do glorioso porvir.

Texto de Tercio Sarli extraído da Revista Adventista de Novembro de 2001

O “apagão” do diabo


ufanismo do povo brasileiro cria termos interessantes, como: Mineirão, Morenão, Pelezão,
etc. Diríamos que muitos de nossos compatriotas são embalados pela síndrome do ão. E
agora, para aumentar a lista, as autoridades inventam o apagão, uma espécie de espada de
Dâmocles sobre a cabeça de todos os que vivem numa terra superdotada de rios e quedas d’água...
Quem gastar energia além do limite estabelecido, estará sujeito a multa. Caso não haja
uma forte cooperação do povo, a única saída, dizem, será o temido “apagão”. E mesmo sem ele, já estamos vivendo na penumbra em nossos lares, no trabalho e nas ruas.
Queremos, contudo, falar de outro “apagão”: o do diabo. Quando ainda nas cortes celestiais, Lúcifer “começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os seres celestiais, dando a entender que, conquanto pudessem as leis ser necessárias para os habitantes dos mundos, não necessitavam de tais restrições os anjos, mais elevados por natureza, pois que sua sabedoria era um guia suficiente.” – Patriarcas e Profetas, pág. 37. 

Grande número de anjos acreditou nessa “nova luz”. Muitos, felizmente, reacenderam as lâmpadas, mas a terça parte das hostes angélicas foi vítima do “apagão” espiritual.
Expulso do Céu, Satanás passou a promover “apagões” em nosso planeta. O primeiro ocorreu na cabeça de Eva. Ela achou que a posse do conhecimento do bem e do mal seria, de fato, a verdadeira luz. Já fora do Éden, ela e o esposo viram que haviam mergulhado em densas trevas.

Através dos séculos, o inimigo tem produzido escuridão em todas as esferas das atividades humanas. Falando sobre a situação das nações no tempo do profeta Isaías, a Bíblia declara:
“Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos” (Isa. 60:2). Nos dias de Jesus, a situação era pior ainda: “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (João 3:19).
Mais do que em qualquer outra época, o mundo está hoje tateando nas trevas do pecado.
E essas trevas podem ser descritas assim: obras más, falta de conhecimento da verdade, falsas doutrinas, ensinamentos humanos, evolucionismo, magia, crendices populares, adivinhações, espiritismo, misticismo, ciência sem Deus, etc.

O século passado ficou conhecido como “século das luzes”. Era uma referência ao estrondoso desenvolvimento da ciência. E no início do terceiro milênio, não podemos negar os avanços científicos. Há, contudo, profundas trevas no coração humano. E até mesmo a condição
laodiceana da igreja atual fala de trevas. Os evolucionistas estão em trevas por não crerem no
relato bíblico; já os laodiceanos, por não praticarem o que conhecem.
Jesus foi bem explícito: “Quem Me segue não andará nas trevas” (João 8:12). Podemos estar
na igreja e ainda vivermos na escuridão. Mas o conselho divino é: “Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Rom. 13:12).

Do ponto de vista do conhecimento, a igreja tem muita luz. Mas é lamentável quando aceitamos o “apagão” do diabo. Por que vivermos na escuridão, ou mesmo na penumbra, se Deus “nos libertou do império das trevas” (Col. 1:13). Escrevendo aos cristãos de Éfeso, o apóstolo Paulo fala sobre as obras das trevas, praticadas pelos “filhos da desobediência”, e faz um apelo também válido para nós: “Portanto, não sejais participantes com eles. Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Efé. 5:8).
Ninguém precisa viver nas trevas e nem mesmo na penumbra. Por quê? Porque não há racionamento do poder do Espírito Santo. Se, de fato, quisermos evitar o “apagão”, basta estarmos continuamente ligados a Cristo. Ele é a nossa luz, e Sua Palavra, a lâmpada para nossos pés cansados.

Texto de Rubens Lessa extraído da Revista Adventista de Julho de 2001

Deleitoso e digno de honra


sábado é um período sagrado no tempo. E esse espaço de tempo, que se repete a cada
sete dias, é descrito na Bíblia como “deleitoso” e “digno de honra” (Isa. 58:13). Algumas
pessoas, porém, trocam o adjetivo “deleitoso” pelo termo “deitoso”.
As preferências variam: uns elegem as horas da Escola Sabatina como o período mais adequado para dormir, ao passo que outros escolhem o período da tarde. E há os que, cansados das lutas da semana, dormem nos dois períodos. Eclesiastes 5:12 é seu verso favorito: “Doce é o sono do trabalhador.” E, para alicerçar suas preferências, acham que o texto do quarto mandamento ficaria melhor assim: “Seis dias trabalharás e no sábado dormirás.”
Ellen White, já em seus dias, preocupava-se com essa tendência. Escrevendo sobre a observância do sábado, afirmou: “Não deveis perder as preciosas horas do sábado, levantando-vos tarde. No sábado a família deve levantar-se cedo. Despertando tarde, é fácil atrapalhar-se com a refeição matinal e a preparação para a Escola Sabatina.” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 23.

“Ninguém se deve sentir na liberdade de gastar tempo santo inutilmente. Desagrada a Deus
que os observadores do sábado durmam muito tempo no sábado.” – Idem, vol. 1, pág. 291.

A esta altura, os legalistas estão vibrando: “Finalmente, surgiu alguém com coragem suficiente para denunciar os napeiros sabáticos!” Mas tanto os legalistas quanto os amigos do travesseiro desconhecem o significado do adjetivo “deleitoso”. E, muito menos, a expressão “digno de honra”.
O legalista acha que, abstendo-se de trabalhos seculares no sábado, está guardando o mandamento. Ao invés de comer a polpa da fruta, contenta-se com a casca. A casca é a formalidade. Diz Ellen White: “Não devemos observá-lo [o sábado] simplesmente como objeto de lei.”– Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 20. 

O legalista, que se ufana de muitas coisas (inclusive de não dormir nas horas sabáticas), é transgressor por achar que sua “estrita obediência” o recomenda diante de Deus. Que presunção! É também transgressor por se relacionar apenas com formalidades, e não com o Senhor do sábado.
Se o tipo “boa-vida” transforma o sábado em um dia “deitoso”, o legalista o transforma
em um dia “tedioso”. Mas ambos fecham os olhos para as maravilhas da natureza e para um
saudável relacionamento com Deus e com o próximo.
Como proceder para que o sábado seja, de fato, um dia deleitoso e digno de honra? Isaías
58:13 responde: “não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs”. Muitas coisas, durante os seis dias de trabalho, são lícitas e louváveis. Já no sábado, traduzem apenas os nossos interesses.
O sábado, além de memorial da Criação, é um dia reservado para o desenvolvimento de
um companheirismo mais íntimo com o Criador de todas as coisas. Durante a semana, andamos de mãos dadas com Jesus; no sábado, sentamo-nos a Seus pés. É um dia para aprofundarmos nosso relacionamento com os membros da igreja e de nossa família. É dia de louvor e gratidão nos átrios do Senhor. Além disso, cumpre-nos ministrar aos necessitados, seguindo o exemplo do Mestre, que disse: “É lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mat. 12:12).
Certo sábado, quando minhas filhas eram pequenas, estávamos no topo de uma elevação, perto da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo a Santos. O céu estava pintado de nuvens brancas.
A relva e as flores enfeitavam a colina. A certa altura, enquanto minha esposa falava sobre o poder criador de Deus, uma de nossas filhas sugeriu: “Vamos fazer uma oração neste lindo lugar?” O sábado aproxima a criatura dAquele que fez todas as coisas. Fala também do poder recriador de Cristo.
Como povo de Deus, precisamos restaurar a observância do sábado, tornando-o um dia
deleitoso. Não nos contentemos com a casca; deliciemo-nos com a polpa.

Texto de Rubens Lessa extraído da Revista Adventista de Junho de 2001

sábado, 15 de dezembro de 2012

Entretenimento Cristão



O lazer é um aspecto importante da vida de toda pessoa, inclusive do cristão. Do ponto de vista social, ele tem a função de relaxar as tensões diárias e renovar as energias para uma nova temporada de atividades rotineiras. O filósofo grego Aristóteles falava da necessidade de pausas nas atividades laborais cotidianas. Para um bom leitor da Bíblia, em tempo algum isso foi novidade, já que nosso Criador estabeleceu, desde o início, um dia de descanso após seis dias de trabalho.

Na Revolução Industrial, com a supervalorização do trabalho, os momentos de lazer passaram a ser vistos sob um ângulo capitalista. Ou seja, desprezava-se o tempo para a recuperação das forças e da energia. Anos depois, ficou compreendido que o trabalhador carece de férias para voltar revigorado a suas atividades. A descoberta valia também para períodos mais curtos, como o prazo de uma semana, por exemplo. Essa foi uma vitória importante para o trabalhador. O sociólogo italiano Domênico De Masi (autor do livro O Ócio Criativo) afirma que, na era pós-industrial, teremos cada vez menos trabalho e mais tempo livre; a escola e a família nos preparam para o trabalho, mas ninguém nos tem preparado para o tempo livre. Isso é especialmente verdade para nós, cristãos, que não queremos preencher nosso tempo disponível com qualquer tipo de atividade.

Deus não nos criou para sermos tristes, solitários nem para vivermos constantemente sob tensão. Ele imaginou inúmeras formas de nos dar alegria por meio de nossos sentidos. Essa é a razão por que as flores têm aroma, as frutas têm sabor, há cores e texturas, os sons exercem efeito sobre nós. Nossos sentidos nos ajudam a desfrutar a vida e percebê-la como um presente do Senhor. O lazer sempre esteve nos planos de Deus para o homem.

O rei Salomão nos fala que recreação é uma ordem do Céu: Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração" (Ec 11:9). E diz mais: há um "tempo de chorar" mas em seguida lembra que também há um "tempo de rir" e até de "saltar de alegria" (Ec 3:4). O ser humano, naturalmente, busca a própria felicidade. Esse sentimento não foi "plantado" em nós pelo inimigo; é um dom divino. Fomos feitos para ser felizes. Aptos para o lazer e estando em busca da felicidade, cabe-nos agora uma decisão: que fazer durante o tempo vago? E é bem nesse ponto que o inimigo tenta nos atrair com formas equivocadas de alcançar nosso objetivo.

Amigos

O ser humano é sociável. Estar em sociedade implica compartilhar idéias. Assim, é fácil enredar-se em um comportamento inadequado quando é precisamente isso o que "todos estão fazendo" É inevitável que uma pessoa influencie outra. No início do século passado, o sociólogo francês Aléxis Carrel dizia em seus discursos que "todos sofrem fatalmente a influência daqueles com quem convivem" Essa realidade perdura e você já deve ter sido influenciado e exercido influência sobre outras pessoas. Assim, em um momento de fraqueza ou "distração" até mesmo o mais fiel cristão está sujeito a ser levado pela correnteza.

Não é muito próprio da natureza humana gostar de ser "diferente" Isso pode deixar algumas pessoas acuadas, e elas acabam participando de atividades impróprias a um genuíno cristão. Esse fato isolado já é ruim, mas se torna ainda pior quando o cristão, jovem ou não, vai se acostumando aos hábitos seculares e faz calar a voz da consciência. Pela influência do meio em que está, acaba pactuando com o mal. É por meio de íntima associação com não-cristãos que muitos cristãos entram em contato com entretenimento impróprio e colocam em risco sua vida espiritual.

No entanto, nenhuma experiência precisa ter esse desfecho. Com forças vindas de Deus, é possível remar em sentido inverso e vencer a "correnteza" "Não sois do mundo" disse-nos Jesus, "pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (Jo 15:19). Poderemos ser odiados pelo mundo; mas verdadeiros filhos de Deus suportam isso com valentia.

O ambiente
Por que as pessoas vão a lugares imorais em busca de lazer? Sinceramente, o que elas irão encontrar lá? Pode haver algum riso, mas não será genuíno, e sim provocado por músicas excitantes, bebidas alcoólicas, entorpecentes, incentivos lascivos ou outros artifícios. O motivo pelo qual as pessoas procuram lugares com esses elementos é precisamente a razão pela qual não deveriam fazer isso. Ali , não haverá descanso para a mente nem para o corpo. Não haverá "recriar" que é o propósito da recreação saudável.

É estarrecedor, mas meses atrás circulou na internet a descrição de uma típica festa à fantasia. A prima de um dos convidados voltava do toalete avisando que a "Branca de Neve" estava passando mal depois de ter tomado suas cervejas. "Branca de Neve" no caso, era uma garota de 15 anos. Como ser fiel a Deus e não fazer estas perguntas: Isso é ambiente para um cristão? O que um jovem cristão pretende encontrar quando aceita participar de uma festa dessas?

"O verdadeiro cristão não desejará entrar em nenhum lugar de diversão, nem envolver-se em nenhum entretenimento sobre o qual não possa pedir a bênção de Deus" (Ellen G. White, Mensagem aos Jovens, p. 398).

Ainda assim, alguns se sentem tentados a ir a esses lugares. Chegam a dizer que têm o incrível propósito de resgatar pessoas. É uma causa nobre, sem dúvida, mas não é uma boa estratégia pôr-se em terreno perigoso.

Como cristãos, somos envolvidos por uma redoma que nos protege do mundo exterior. Isso é bom, mas às vezes temos a ilusão de que, do lado externo, é tudo cor-de-rosa e perfumado. "Certamente não morrerás" repete o inimigo. Infelizmente, muitos ainda acreditam nessa mentira e se arriscam. No entanto, toda felicidade oferecida pelo inimigo é temporária. Ainda que haja uma euforia inicial, ela será substituída pelo vazio existencial.

"O contínuo anseio por diversões agradáveis revela os profundos desejos de alguém. Mas os que bebem dessa fonte de prazer mundano acharão que continua ainda insatisfeita a sede de sua alma. Estão enganados; confundem alegria com felicidade; e, quando cessa a agitação, muitos caem nas profundezas do desânimo e desespero" (Eilen G. White, Fundamentos Educação Cristã, p. 422).

As telas
Um dos pontos mais polêmicos a respeito da recreação é o cinema. Em relação a esse assunto, há defesas, ataques e abstenções entre os membros da igreja.

De fato, a indústria cinematográfica é uma máquina de idéias. Por meio dela, você recebe sugestões de como agir no dia-a-dia. Várias vezes, terá controle sobre aquilo a que assistiu e não se sentirá influenciado a respeito do enredo que acompanhou. No entanto, outras muitas vezes a trama o seduzirá e você a transportará para sua própria vida, permitindo que ela o influencie em suas decisões pessoais. Muitas infrações da conduta ou da moral já foram estimuladas por filmes que não levam em conta princípios cristãos. Até mesmo o noticiário nacional já nos pôs a par disso. Tais filmes privilegiam a delinqüência, o crime, a violência, o vício, o roubo, a obscenidade, a blasfêmia. São aulas de toda sorte de maldade. Como menciona João de Deus Pinho, em sua obra Caminhos da Juventude, é lamentável que pessoas cristãs, entre elas, muitos jovens, sentem-se numa poltrona de cinema para assistir a essas aulas. Assim, reduzem a sensibilidade ao que acontece ao redor de si. Isso também pode ser o resultado de freqüências ao teatro, horas indiscriminadas e passivas diante da televisão ou do computador, na internet.

As atividades
De que tipo de recreação, então, o homem precisa? As atividades devem renovar suas faculdades intelectuais, físicas, emocionais e espirituais. Tendo isso como princípio básico, ele estará pronto a fazer escolhas corretas e seguras sobre formas cristãs de entretenimento.

A recreação é necessária aos que estão empenhados em trabalho físico e mais necessária ainda àqueles cuja atividade é principalmente mental. Não é essencial para a nossa salvação, nem para a glória de Deus, conservar a mente em atividade constante e excessiva, mesmo que seja sobre assuntos religiosos" (Eilen G. White, O Lar Adventista, p. 494).

Quem tem ocupações rotineiras intelectuais deve procurar um entretenimento que esteja ligado a atividades físicas ou habilidades manuais. Nesse caso, pode praticar esportes, fazer caminhadas ou passeios ciclísticos, nadar, andar a cavalo, fazer artesanato e participar de passeios ao ar livre (nesta época do ano, por exemplo, enquanto o Brasil gira em torno do carnaval, ir a retiros espirituais é uma excelente idéia).

Quem desenvolve uma rotina que trabalhe seu físico deve se entreter com atividades que lidem com suas faculdades intelectuais, como tocar um instrumento musical, assistir a um bom filme, ler um livro, praticar colecionismo ou participar de jogos que estimulem sua agilidade mental, raciocínio lógico e matemático. Visitas a ambientes que propiciem tais atividades também podem ser idéias interessantes: bibliotecas, museus, galerias e exposições culturais.

"A mente não deve estar continuamente submetida a uma intensa atividade, pois o delicado maquinismo mental vem a gastar-se. O corpo, da mesma maneira que a mente, precisa de exercício. Mas é necessário haver grande temperança nas diversões, bem como em qualquer outra ocupação. E o caráter desses entretenimentos deve ser cuidadosa e cabalmente considerado" (Eilen G. White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p. 333).

Atitude
Na procura pelo entretenimento adequado, é importante que a presença de Deus em nossa vida faça a diferença. Se ser cristão não muda a vida de alguém, de que vale ser cristão? Nesse aspecto, erramos quando tentamos igualar nossas atividades ao que é apresentado em ambientes alheios à igreja. Algumas reuniões sociais se limitam a brincadeiras "dançantes". Em entrevista concedida à Revista Adventista anos atrás, o pastor Homero Reis, professor no Unasp, mencionou achar tais brincadeiras "aquém daquilo que se espera de uma reunião social adventista, a partir das músicas escolhidas. Elas não edificam, são de mau gosto e têm conotações maldosas". Deus não tem que Se adaptar a nós, a um costume regional ou a um tempo na história. Ele é imutável, como igualmente são Suas leis para nós; não se alteram. Além disso, há o exemplo. O que as pessoas em geral vêem quando nos contemplam? Temos sido uma inspiração para essas pessoas ou elas não conseguem perceber a atuação de Deus em nossa vida? Podemos dar importante testemunho, mesmo em momentos de lazer, ao respeitar o próximo, trabalhar em equipe e ter espírito esportivo.

Outra atitude que deve ser observada pelos cristãos é o equilíbrio nas atividades sociais lícitas. Beber água, por exemplo, é bom; mas pode até matar uma pessoa, se ela engolir água além do limite. Em princípio, praticar um esporte é bom; mas se isso tomar o tempo de lazer de maneira integral, não haverá espaço para o relacionamento com Deus, e esse entretenimento deixará de ser adequado para o cristão. De igual forma, se os jogadores em campo não puderem se conter e derem lugar à excessiva competitividade, isso poderá abrir as portas para algum grau de violência, algo inaceitável para um autêntico filho de Deus.

Recrear-se é "recriar-se"; é zerar o placar e dar-se novas energias, ter forças renovadas. Se a atividade recreativa escolhida deixar seu corpo mais sadio, em vez de debilitá-lo; sua mente ficar mais ativa, em vez de embotada; a alma ficar revigorada, em vez de enfraquecida; seus pensamentos ficarem nobres, em vez de impuros; e você se sentir mais próximo de Deus, em vez de mais e mais distante dEle - então, essa atividade recreativa poderá ser considerada cristã. Jamais se esqueça de uma das máximas expostas pelo apóstolo Paulo: "Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (ICo 10:31).

Recreação x Diversão
Segundo Eilen White, "a recreação, na verdadeira acepção do termo - recriação - tende a fortalecer e construir. Afastando-nos de nossos cuidados e ocupações usuais, proporciona descanso ao espírito e ao corpo"(Ellen G.White, Educação, p. 207). O divertimento, por sua vez, tem objetivos menos nobres: "É procurado com o fim de proporcionar prazer, e é mui -tas vezes levado ao excesso; absorve as energias necessárias para o trabalho útil, e desta maneira se revela um estorvo ao verdadeiro êxito da vida" {Ibidem).

Talvez, hoje, os termos tenham se misturado um pouco e seja comum ouvir de cristãos sinceros a palavra "diversão" em um contexto positivo. Porém, os princípios nunca mudam. Dessa forma, ao procurar qualquer tipo de entretenimento, tenha em mente o conceito de recreação.

07 Coisas para o Adventista Fazer
Listas no imperativo são o que há de mais comum. Todas elas mandam o leitor fazer isto ou aquilo. Entre os adventistas, também há várias listas do que não é lícito fazer. A razão disso é que, em geral, nos focamos na retórica da negação. Isso tem grande valor, mas esta lista é de coisas que os adventistas podem fazer em seus momentos de lazer.

1) Aprenda a tocar um instrumento
Esta é uma atividade desafiadora, mas que traz muito prazer e relaxamento quando cumprida. E, ao contrário do que dizem, não há idade para começar.

2) Pratique um esporte radical
A lista é grande: rafting, rapel , mountain-bike, mergulho, montanhismo, surfe. Certifique-se da segurança de cada um deles. Se nada disso funcionar para você, que tal um bom trekking (caminhada entre trilhas)?

3) Cozinhe algo diferente
Para as donas-de-casa, essa idéia pode soar mal , mas existe um abismo entre gastronomia e o arroz-com-feijão de todo dia. Procure ingredientes exóticos, faça combinações diferentes e incremente o visual. Preparar uma comida simples mas refinada, com um toque pessoal , é uma arte - e uma terapia.

4) Viaje
Poucas coisas na vida são mais instrutivas que as viagens. É por meio delas que você extrai do mundo o que há de bom, conhecendo culturas diferentes e interessantes, tornando-se, assim, mais compreensivo com as pessoas e até mais amadurecido. E não perca as excursões de sua igreja.

5) Namore
O relacionamento entre homem e muIher foi um dos melhores presentes que Deus nos deu na Terra. Então,aproveite! Se você é solteiro, namore bastante; se é casado, namore mais ainda. Tudo, claro, dentro dos princípios divinos e da conduta cristã. Valorize o compromisso, a pureza, o respeito, a responsabilidade e, acima de tudo, o amor.

6) Monte um clube de amigos afins
A proposta é interagir com pessoas que tenham preferências e expectativas parecidas com as suas.Vale reunir os amigos para ouvir música, comer alguma coisa, assistir a um bom filme ou simplesmente botar o papo em dia.

7) Comece uma coleção
Podem ser postais, selos, moedas, cartões telefônicos, miniaturas ou qualquer outro objeto colecionável. Mas não fique apenas no ajuntamento. Organize e classifique sua coleção por tamanho, período ou modelo.

Texto de autoria de Sueli Ferreira de Oliveira e Fernando Torres editores associados da Revista Adventista Publicado na RevistaAdventista de Fevereiro/2008.

▲ TOPO DA PÁGINA