sábado, 15 de dezembro de 2012

Entretenimento Cristão



O lazer é um aspecto importante da vida de toda pessoa, inclusive do cristão. Do ponto de vista social, ele tem a função de relaxar as tensões diárias e renovar as energias para uma nova temporada de atividades rotineiras. O filósofo grego Aristóteles falava da necessidade de pausas nas atividades laborais cotidianas. Para um bom leitor da Bíblia, em tempo algum isso foi novidade, já que nosso Criador estabeleceu, desde o início, um dia de descanso após seis dias de trabalho.

Na Revolução Industrial, com a supervalorização do trabalho, os momentos de lazer passaram a ser vistos sob um ângulo capitalista. Ou seja, desprezava-se o tempo para a recuperação das forças e da energia. Anos depois, ficou compreendido que o trabalhador carece de férias para voltar revigorado a suas atividades. A descoberta valia também para períodos mais curtos, como o prazo de uma semana, por exemplo. Essa foi uma vitória importante para o trabalhador. O sociólogo italiano Domênico De Masi (autor do livro O Ócio Criativo) afirma que, na era pós-industrial, teremos cada vez menos trabalho e mais tempo livre; a escola e a família nos preparam para o trabalho, mas ninguém nos tem preparado para o tempo livre. Isso é especialmente verdade para nós, cristãos, que não queremos preencher nosso tempo disponível com qualquer tipo de atividade.

Deus não nos criou para sermos tristes, solitários nem para vivermos constantemente sob tensão. Ele imaginou inúmeras formas de nos dar alegria por meio de nossos sentidos. Essa é a razão por que as flores têm aroma, as frutas têm sabor, há cores e texturas, os sons exercem efeito sobre nós. Nossos sentidos nos ajudam a desfrutar a vida e percebê-la como um presente do Senhor. O lazer sempre esteve nos planos de Deus para o homem.

O rei Salomão nos fala que recreação é uma ordem do Céu: Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração" (Ec 11:9). E diz mais: há um "tempo de chorar" mas em seguida lembra que também há um "tempo de rir" e até de "saltar de alegria" (Ec 3:4). O ser humano, naturalmente, busca a própria felicidade. Esse sentimento não foi "plantado" em nós pelo inimigo; é um dom divino. Fomos feitos para ser felizes. Aptos para o lazer e estando em busca da felicidade, cabe-nos agora uma decisão: que fazer durante o tempo vago? E é bem nesse ponto que o inimigo tenta nos atrair com formas equivocadas de alcançar nosso objetivo.

Amigos

O ser humano é sociável. Estar em sociedade implica compartilhar idéias. Assim, é fácil enredar-se em um comportamento inadequado quando é precisamente isso o que "todos estão fazendo" É inevitável que uma pessoa influencie outra. No início do século passado, o sociólogo francês Aléxis Carrel dizia em seus discursos que "todos sofrem fatalmente a influência daqueles com quem convivem" Essa realidade perdura e você já deve ter sido influenciado e exercido influência sobre outras pessoas. Assim, em um momento de fraqueza ou "distração" até mesmo o mais fiel cristão está sujeito a ser levado pela correnteza.

Não é muito próprio da natureza humana gostar de ser "diferente" Isso pode deixar algumas pessoas acuadas, e elas acabam participando de atividades impróprias a um genuíno cristão. Esse fato isolado já é ruim, mas se torna ainda pior quando o cristão, jovem ou não, vai se acostumando aos hábitos seculares e faz calar a voz da consciência. Pela influência do meio em que está, acaba pactuando com o mal. É por meio de íntima associação com não-cristãos que muitos cristãos entram em contato com entretenimento impróprio e colocam em risco sua vida espiritual.

No entanto, nenhuma experiência precisa ter esse desfecho. Com forças vindas de Deus, é possível remar em sentido inverso e vencer a "correnteza" "Não sois do mundo" disse-nos Jesus, "pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (Jo 15:19). Poderemos ser odiados pelo mundo; mas verdadeiros filhos de Deus suportam isso com valentia.

O ambiente
Por que as pessoas vão a lugares imorais em busca de lazer? Sinceramente, o que elas irão encontrar lá? Pode haver algum riso, mas não será genuíno, e sim provocado por músicas excitantes, bebidas alcoólicas, entorpecentes, incentivos lascivos ou outros artifícios. O motivo pelo qual as pessoas procuram lugares com esses elementos é precisamente a razão pela qual não deveriam fazer isso. Ali , não haverá descanso para a mente nem para o corpo. Não haverá "recriar" que é o propósito da recreação saudável.

É estarrecedor, mas meses atrás circulou na internet a descrição de uma típica festa à fantasia. A prima de um dos convidados voltava do toalete avisando que a "Branca de Neve" estava passando mal depois de ter tomado suas cervejas. "Branca de Neve" no caso, era uma garota de 15 anos. Como ser fiel a Deus e não fazer estas perguntas: Isso é ambiente para um cristão? O que um jovem cristão pretende encontrar quando aceita participar de uma festa dessas?

"O verdadeiro cristão não desejará entrar em nenhum lugar de diversão, nem envolver-se em nenhum entretenimento sobre o qual não possa pedir a bênção de Deus" (Ellen G. White, Mensagem aos Jovens, p. 398).

Ainda assim, alguns se sentem tentados a ir a esses lugares. Chegam a dizer que têm o incrível propósito de resgatar pessoas. É uma causa nobre, sem dúvida, mas não é uma boa estratégia pôr-se em terreno perigoso.

Como cristãos, somos envolvidos por uma redoma que nos protege do mundo exterior. Isso é bom, mas às vezes temos a ilusão de que, do lado externo, é tudo cor-de-rosa e perfumado. "Certamente não morrerás" repete o inimigo. Infelizmente, muitos ainda acreditam nessa mentira e se arriscam. No entanto, toda felicidade oferecida pelo inimigo é temporária. Ainda que haja uma euforia inicial, ela será substituída pelo vazio existencial.

"O contínuo anseio por diversões agradáveis revela os profundos desejos de alguém. Mas os que bebem dessa fonte de prazer mundano acharão que continua ainda insatisfeita a sede de sua alma. Estão enganados; confundem alegria com felicidade; e, quando cessa a agitação, muitos caem nas profundezas do desânimo e desespero" (Eilen G. White, Fundamentos Educação Cristã, p. 422).

As telas
Um dos pontos mais polêmicos a respeito da recreação é o cinema. Em relação a esse assunto, há defesas, ataques e abstenções entre os membros da igreja.

De fato, a indústria cinematográfica é uma máquina de idéias. Por meio dela, você recebe sugestões de como agir no dia-a-dia. Várias vezes, terá controle sobre aquilo a que assistiu e não se sentirá influenciado a respeito do enredo que acompanhou. No entanto, outras muitas vezes a trama o seduzirá e você a transportará para sua própria vida, permitindo que ela o influencie em suas decisões pessoais. Muitas infrações da conduta ou da moral já foram estimuladas por filmes que não levam em conta princípios cristãos. Até mesmo o noticiário nacional já nos pôs a par disso. Tais filmes privilegiam a delinqüência, o crime, a violência, o vício, o roubo, a obscenidade, a blasfêmia. São aulas de toda sorte de maldade. Como menciona João de Deus Pinho, em sua obra Caminhos da Juventude, é lamentável que pessoas cristãs, entre elas, muitos jovens, sentem-se numa poltrona de cinema para assistir a essas aulas. Assim, reduzem a sensibilidade ao que acontece ao redor de si. Isso também pode ser o resultado de freqüências ao teatro, horas indiscriminadas e passivas diante da televisão ou do computador, na internet.

As atividades
De que tipo de recreação, então, o homem precisa? As atividades devem renovar suas faculdades intelectuais, físicas, emocionais e espirituais. Tendo isso como princípio básico, ele estará pronto a fazer escolhas corretas e seguras sobre formas cristãs de entretenimento.

A recreação é necessária aos que estão empenhados em trabalho físico e mais necessária ainda àqueles cuja atividade é principalmente mental. Não é essencial para a nossa salvação, nem para a glória de Deus, conservar a mente em atividade constante e excessiva, mesmo que seja sobre assuntos religiosos" (Eilen G. White, O Lar Adventista, p. 494).

Quem tem ocupações rotineiras intelectuais deve procurar um entretenimento que esteja ligado a atividades físicas ou habilidades manuais. Nesse caso, pode praticar esportes, fazer caminhadas ou passeios ciclísticos, nadar, andar a cavalo, fazer artesanato e participar de passeios ao ar livre (nesta época do ano, por exemplo, enquanto o Brasil gira em torno do carnaval, ir a retiros espirituais é uma excelente idéia).

Quem desenvolve uma rotina que trabalhe seu físico deve se entreter com atividades que lidem com suas faculdades intelectuais, como tocar um instrumento musical, assistir a um bom filme, ler um livro, praticar colecionismo ou participar de jogos que estimulem sua agilidade mental, raciocínio lógico e matemático. Visitas a ambientes que propiciem tais atividades também podem ser idéias interessantes: bibliotecas, museus, galerias e exposições culturais.

"A mente não deve estar continuamente submetida a uma intensa atividade, pois o delicado maquinismo mental vem a gastar-se. O corpo, da mesma maneira que a mente, precisa de exercício. Mas é necessário haver grande temperança nas diversões, bem como em qualquer outra ocupação. E o caráter desses entretenimentos deve ser cuidadosa e cabalmente considerado" (Eilen G. White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p. 333).

Atitude
Na procura pelo entretenimento adequado, é importante que a presença de Deus em nossa vida faça a diferença. Se ser cristão não muda a vida de alguém, de que vale ser cristão? Nesse aspecto, erramos quando tentamos igualar nossas atividades ao que é apresentado em ambientes alheios à igreja. Algumas reuniões sociais se limitam a brincadeiras "dançantes". Em entrevista concedida à Revista Adventista anos atrás, o pastor Homero Reis, professor no Unasp, mencionou achar tais brincadeiras "aquém daquilo que se espera de uma reunião social adventista, a partir das músicas escolhidas. Elas não edificam, são de mau gosto e têm conotações maldosas". Deus não tem que Se adaptar a nós, a um costume regional ou a um tempo na história. Ele é imutável, como igualmente são Suas leis para nós; não se alteram. Além disso, há o exemplo. O que as pessoas em geral vêem quando nos contemplam? Temos sido uma inspiração para essas pessoas ou elas não conseguem perceber a atuação de Deus em nossa vida? Podemos dar importante testemunho, mesmo em momentos de lazer, ao respeitar o próximo, trabalhar em equipe e ter espírito esportivo.

Outra atitude que deve ser observada pelos cristãos é o equilíbrio nas atividades sociais lícitas. Beber água, por exemplo, é bom; mas pode até matar uma pessoa, se ela engolir água além do limite. Em princípio, praticar um esporte é bom; mas se isso tomar o tempo de lazer de maneira integral, não haverá espaço para o relacionamento com Deus, e esse entretenimento deixará de ser adequado para o cristão. De igual forma, se os jogadores em campo não puderem se conter e derem lugar à excessiva competitividade, isso poderá abrir as portas para algum grau de violência, algo inaceitável para um autêntico filho de Deus.

Recrear-se é "recriar-se"; é zerar o placar e dar-se novas energias, ter forças renovadas. Se a atividade recreativa escolhida deixar seu corpo mais sadio, em vez de debilitá-lo; sua mente ficar mais ativa, em vez de embotada; a alma ficar revigorada, em vez de enfraquecida; seus pensamentos ficarem nobres, em vez de impuros; e você se sentir mais próximo de Deus, em vez de mais e mais distante dEle - então, essa atividade recreativa poderá ser considerada cristã. Jamais se esqueça de uma das máximas expostas pelo apóstolo Paulo: "Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (ICo 10:31).

Recreação x Diversão
Segundo Eilen White, "a recreação, na verdadeira acepção do termo - recriação - tende a fortalecer e construir. Afastando-nos de nossos cuidados e ocupações usuais, proporciona descanso ao espírito e ao corpo"(Ellen G.White, Educação, p. 207). O divertimento, por sua vez, tem objetivos menos nobres: "É procurado com o fim de proporcionar prazer, e é mui -tas vezes levado ao excesso; absorve as energias necessárias para o trabalho útil, e desta maneira se revela um estorvo ao verdadeiro êxito da vida" {Ibidem).

Talvez, hoje, os termos tenham se misturado um pouco e seja comum ouvir de cristãos sinceros a palavra "diversão" em um contexto positivo. Porém, os princípios nunca mudam. Dessa forma, ao procurar qualquer tipo de entretenimento, tenha em mente o conceito de recreação.

07 Coisas para o Adventista Fazer
Listas no imperativo são o que há de mais comum. Todas elas mandam o leitor fazer isto ou aquilo. Entre os adventistas, também há várias listas do que não é lícito fazer. A razão disso é que, em geral, nos focamos na retórica da negação. Isso tem grande valor, mas esta lista é de coisas que os adventistas podem fazer em seus momentos de lazer.

1) Aprenda a tocar um instrumento
Esta é uma atividade desafiadora, mas que traz muito prazer e relaxamento quando cumprida. E, ao contrário do que dizem, não há idade para começar.

2) Pratique um esporte radical
A lista é grande: rafting, rapel , mountain-bike, mergulho, montanhismo, surfe. Certifique-se da segurança de cada um deles. Se nada disso funcionar para você, que tal um bom trekking (caminhada entre trilhas)?

3) Cozinhe algo diferente
Para as donas-de-casa, essa idéia pode soar mal , mas existe um abismo entre gastronomia e o arroz-com-feijão de todo dia. Procure ingredientes exóticos, faça combinações diferentes e incremente o visual. Preparar uma comida simples mas refinada, com um toque pessoal , é uma arte - e uma terapia.

4) Viaje
Poucas coisas na vida são mais instrutivas que as viagens. É por meio delas que você extrai do mundo o que há de bom, conhecendo culturas diferentes e interessantes, tornando-se, assim, mais compreensivo com as pessoas e até mais amadurecido. E não perca as excursões de sua igreja.

5) Namore
O relacionamento entre homem e muIher foi um dos melhores presentes que Deus nos deu na Terra. Então,aproveite! Se você é solteiro, namore bastante; se é casado, namore mais ainda. Tudo, claro, dentro dos princípios divinos e da conduta cristã. Valorize o compromisso, a pureza, o respeito, a responsabilidade e, acima de tudo, o amor.

6) Monte um clube de amigos afins
A proposta é interagir com pessoas que tenham preferências e expectativas parecidas com as suas.Vale reunir os amigos para ouvir música, comer alguma coisa, assistir a um bom filme ou simplesmente botar o papo em dia.

7) Comece uma coleção
Podem ser postais, selos, moedas, cartões telefônicos, miniaturas ou qualquer outro objeto colecionável. Mas não fique apenas no ajuntamento. Organize e classifique sua coleção por tamanho, período ou modelo.

Texto de autoria de Sueli Ferreira de Oliveira e Fernando Torres editores associados da Revista Adventista Publicado na RevistaAdventista de Fevereiro/2008.

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