terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Deleitoso e digno de honra


sábado é um período sagrado no tempo. E esse espaço de tempo, que se repete a cada
sete dias, é descrito na Bíblia como “deleitoso” e “digno de honra” (Isa. 58:13). Algumas
pessoas, porém, trocam o adjetivo “deleitoso” pelo termo “deitoso”.
As preferências variam: uns elegem as horas da Escola Sabatina como o período mais adequado para dormir, ao passo que outros escolhem o período da tarde. E há os que, cansados das lutas da semana, dormem nos dois períodos. Eclesiastes 5:12 é seu verso favorito: “Doce é o sono do trabalhador.” E, para alicerçar suas preferências, acham que o texto do quarto mandamento ficaria melhor assim: “Seis dias trabalharás e no sábado dormirás.”
Ellen White, já em seus dias, preocupava-se com essa tendência. Escrevendo sobre a observância do sábado, afirmou: “Não deveis perder as preciosas horas do sábado, levantando-vos tarde. No sábado a família deve levantar-se cedo. Despertando tarde, é fácil atrapalhar-se com a refeição matinal e a preparação para a Escola Sabatina.” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 23.

“Ninguém se deve sentir na liberdade de gastar tempo santo inutilmente. Desagrada a Deus
que os observadores do sábado durmam muito tempo no sábado.” – Idem, vol. 1, pág. 291.

A esta altura, os legalistas estão vibrando: “Finalmente, surgiu alguém com coragem suficiente para denunciar os napeiros sabáticos!” Mas tanto os legalistas quanto os amigos do travesseiro desconhecem o significado do adjetivo “deleitoso”. E, muito menos, a expressão “digno de honra”.
O legalista acha que, abstendo-se de trabalhos seculares no sábado, está guardando o mandamento. Ao invés de comer a polpa da fruta, contenta-se com a casca. A casca é a formalidade. Diz Ellen White: “Não devemos observá-lo [o sábado] simplesmente como objeto de lei.”– Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 20. 

O legalista, que se ufana de muitas coisas (inclusive de não dormir nas horas sabáticas), é transgressor por achar que sua “estrita obediência” o recomenda diante de Deus. Que presunção! É também transgressor por se relacionar apenas com formalidades, e não com o Senhor do sábado.
Se o tipo “boa-vida” transforma o sábado em um dia “deitoso”, o legalista o transforma
em um dia “tedioso”. Mas ambos fecham os olhos para as maravilhas da natureza e para um
saudável relacionamento com Deus e com o próximo.
Como proceder para que o sábado seja, de fato, um dia deleitoso e digno de honra? Isaías
58:13 responde: “não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs”. Muitas coisas, durante os seis dias de trabalho, são lícitas e louváveis. Já no sábado, traduzem apenas os nossos interesses.
O sábado, além de memorial da Criação, é um dia reservado para o desenvolvimento de
um companheirismo mais íntimo com o Criador de todas as coisas. Durante a semana, andamos de mãos dadas com Jesus; no sábado, sentamo-nos a Seus pés. É um dia para aprofundarmos nosso relacionamento com os membros da igreja e de nossa família. É dia de louvor e gratidão nos átrios do Senhor. Além disso, cumpre-nos ministrar aos necessitados, seguindo o exemplo do Mestre, que disse: “É lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mat. 12:12).
Certo sábado, quando minhas filhas eram pequenas, estávamos no topo de uma elevação, perto da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo a Santos. O céu estava pintado de nuvens brancas.
A relva e as flores enfeitavam a colina. A certa altura, enquanto minha esposa falava sobre o poder criador de Deus, uma de nossas filhas sugeriu: “Vamos fazer uma oração neste lindo lugar?” O sábado aproxima a criatura dAquele que fez todas as coisas. Fala também do poder recriador de Cristo.
Como povo de Deus, precisamos restaurar a observância do sábado, tornando-o um dia
deleitoso. Não nos contentemos com a casca; deliciemo-nos com a polpa.

Texto de Rubens Lessa extraído da Revista Adventista de Junho de 2001

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