O ufanismo do povo brasileiro cria termos interessantes, como: Mineirão, Morenão, Pelezão,
etc. Diríamos que muitos de nossos compatriotas são embalados pela síndrome do ão. E
agora, para aumentar a lista, as autoridades inventam o apagão, uma espécie de espada de
Dâmocles sobre a cabeça de todos os que vivem numa terra superdotada de rios e quedas d’água...
Quem gastar energia além do limite estabelecido, estará sujeito a multa. Caso não haja
uma forte cooperação do povo, a única saída, dizem, será o temido “apagão”. E mesmo sem ele, já estamos vivendo na penumbra em nossos lares, no trabalho e nas ruas.
Queremos, contudo, falar de outro “apagão”: o do diabo. Quando ainda nas cortes celestiais, Lúcifer “começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os seres celestiais, dando a entender que, conquanto pudessem as leis ser necessárias para os habitantes dos mundos, não necessitavam de tais restrições os anjos, mais elevados por natureza, pois que sua sabedoria era um guia suficiente.” – Patriarcas e Profetas, pág. 37.
Grande número de anjos acreditou nessa “nova luz”. Muitos, felizmente, reacenderam as lâmpadas, mas a terça parte das hostes angélicas foi vítima do “apagão” espiritual.
Expulso do Céu, Satanás passou a promover “apagões” em nosso planeta. O primeiro ocorreu na cabeça de Eva. Ela achou que a posse do conhecimento do bem e do mal seria, de fato, a verdadeira luz. Já fora do Éden, ela e o esposo viram que haviam mergulhado em densas trevas.
Através dos séculos, o inimigo tem produzido escuridão em todas as esferas das atividades humanas. Falando sobre a situação das nações no tempo do profeta Isaías, a Bíblia declara:
“Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos” (Isa. 60:2). Nos dias de Jesus, a situação era pior ainda: “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (João 3:19).
Mais do que em qualquer outra época, o mundo está hoje tateando nas trevas do pecado.
E essas trevas podem ser descritas assim: obras más, falta de conhecimento da verdade, falsas doutrinas, ensinamentos humanos, evolucionismo, magia, crendices populares, adivinhações, espiritismo, misticismo, ciência sem Deus, etc.
O século passado ficou conhecido como “século das luzes”. Era uma referência ao estrondoso desenvolvimento da ciência. E no início do terceiro milênio, não podemos negar os avanços científicos. Há, contudo, profundas trevas no coração humano. E até mesmo a condição
laodiceana da igreja atual fala de trevas. Os evolucionistas estão em trevas por não crerem no
relato bíblico; já os laodiceanos, por não praticarem o que conhecem.
Jesus foi bem explícito: “Quem Me segue não andará nas trevas” (João 8:12). Podemos estar
na igreja e ainda vivermos na escuridão. Mas o conselho divino é: “Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Rom. 13:12).
Do ponto de vista do conhecimento, a igreja tem muita luz. Mas é lamentável quando aceitamos o “apagão” do diabo. Por que vivermos na escuridão, ou mesmo na penumbra, se Deus “nos libertou do império das trevas” (Col. 1:13). Escrevendo aos cristãos de Éfeso, o apóstolo Paulo fala sobre as obras das trevas, praticadas pelos “filhos da desobediência”, e faz um apelo também válido para nós: “Portanto, não sejais participantes com eles. Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Efé. 5:8).
Ninguém precisa viver nas trevas e nem mesmo na penumbra. Por quê? Porque não há racionamento do poder do Espírito Santo. Se, de fato, quisermos evitar o “apagão”, basta estarmos continuamente ligados a Cristo. Ele é a nossa luz, e Sua Palavra, a lâmpada para nossos pés cansados.
Texto de Rubens Lessa extraído da Revista Adventista de Julho de 2001
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