terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Severa Reprovação pela Ignorância Espiritual



Nosso texto encontra-se em Hebreus 5:11-14:

"A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” 

O apóstolo tendo usado a expressão “segundo a ordem de Melquisedeque”(Heb 5:10,up), agora passa a fazer um interlúdio, uma parada, uma pausa, a fim de lembrar que os seus leitores não entenderiam este assunto sem cuidadosa explanação. Sua interrupção tem o objetivo de repreendê-los por sua lentidão e atraso em conhecimento religioso.

I. AS VERDADES DE DEUS SÃO PROFUNDAS

A história do amor de Deus na redenção pode, sem dúvida, ser chamada com propriedade, de “o simples evangelho”; mas, enquanto o Evangelho é simples, ele exibe ao mesmo tempo “a multiforme sabedoria de Deus.” A Bíblia não é meramente um livro simples, mas um livro complexo, uma literatura de profundo alcance. Ela não contém apenas uma mensagem de misericórdia. A Bíblia contém o registro de um longo e gradual processo de desenvolvimento da graça redentora.

A Bíblia pode ser estudada profundamente de muitos diferentes pontos de vista. Por exemplo: Podemos estudar História, Teologia, Moral, Ciência, Eclesiologia, etc. A Bíblia trata, também, com todos os mais profundos e maravilhosos temas tais como a alma humana, o problema do pecado, Deus, a eternidade e imortalidade.

Assim, há alimento espiritual na Escritura Sagrada, para as mentes superficiais e as mais profundas. A Revelação supre não somente “leite” para “crianças em Cristo”, isto é, o alfabeto e os rudimentos do conhecimento religioso, mas “alimento sólido” para “homens maduros”, isto é, material para o mais recôndito estudo do Cristianismo, como um grande e harmonioso sistema da verdade divina.

II. OS CRISTÃOS DIFEREM NO SEU CONHECIMENTO

Vários são os graus e níveis de conhecimento espiritual que encontramos entre os cristãos:

1. Alguns são “bebês”. Há entre nós pessoas que estão passando pelo processo de crescimento inicial, após o Novo Nascimento, que são ainda “crianças em Cristo”. Estes crentes dependem de um leite espiritual, ou os mais simples elementos de instrução religiosa.

2. Outros são “maduros”, e já podem apreciar e digerir alimento sólido da Palavra de Deus. Um cristão desenvolvido que é um diligente estudante da Bíblia alcançará tão firme compreensão da verdade que se tornará qualificado a ser professor, “ensinador” na Igreja (V. 12). Sua eficácia em conhecimento estimulará suas percepções espirituais de tal modo que será capaz de distinguir “entre o bem e o mal” (v. 14), o certo e o errado em doutrina. Não se abalam quando surgem outras alternativas de doutrinas falsas. Não abandonam a igreja por motivo de conhecimento espiritual; pelo contrário, é mesmo por isso que permanecem firmes.

3. Há muitos que são doentes. Espiritualmente, estão doentes. Não possuem saúde espiritual. Não está havendo crescimento. O apóstolo Paulo repreende aos seus leitores hebreus por terem se tornado tais, como um resultado de sua desconsideração às leis de saúde espiritual. Haviam se passado muitos anos desde que eles tinham aceito o Cristianismo e, por esse tempo, eles deveriam ter se tornado adultos em conhecimento cristão – rápidos de compreensão em relação aos mais altos píncaros da verdade. Entretanto, de sua capacidade de assimilar o “alimento sólido” da Palavra, eles tinham degenerado à fraqueza e invalidez espiritual. Eles ouviam o Evangelho indolentemente. O “alimento sólido” que eles tinham uma vez apreciado agora os levava às misérias da dispepsia. Eles não poderiam digerir nada senão “leite” evangélico. Em nosso próprio tempo, também, há muitos cristãos doentes. Quantas multidões freqüentam a igreja por muitos anos, e contudo nunca vão além do que se ensina na lição da Escola Sabatina! E quantos ainda nem mesmo chegam a esse conhecimento! Quantos, embora sejam pessoas inteligentes, são completamente ignorantes da estrutura orgânica da Bíblia! Quantos há que demonstram completa falta de vivo interesse nas doutrinas e verdades do Novo Testamento.

III. RAZÕES DO CONHECIMENTO DEFEITUOSO

Há algumas razões por que o conhecimento religioso de muitos cristãos é tão defeituoso. Os hebreus eram “tardios em ouvir” porque eles estavam divididos no coração entre Cristianismo e Judaísmo, e porque eles estavam cercados com tentações para apostatar de uma fé que os tinha envolvido em tal tribulação.

Agora, nossas tentações são substancialmente semelhantes. Nossos corações são propensos a tentar servir a Deus e às riquezas, e somos tentados a evitar muito íntima familiaridade com uma religião fiel e exata que demanda de nós sérios sacrifícios.

Em adição a estas razões fundamentais, há outras razões que podem ser indicadas, como seguem:

1. A Falta de estudo dedicado da Bíblia. A pressa de nossa geração age ao lado da ignorância espiritual. Outros estudos e interesses estão no topo de nossas prioridades: nossos negócios, políticas, literaturas, filosofia, ciência, artes, etc. Assim, muitos cristãos não leem a Bíblia sistematicamente, ou com suficiente esforço intelectual. O Antigo Testamento é para suas mentes como o deserto do Saara. Talvez o interesse deles esteja apenas em alguns textos isolados, a parte do escopo da passagem em que eles ocorrem.

2. Negligência de instrução dos pais. Os pais estão convocados por Deus a lançar as sementes da verdade nas mentes e corações de seus filhos. Onde quer que este dever seja geralmente negligenciado, as gerações seguintes só podem continuar como infantes espirituais. Mas, desde Moisés, sabemos que Deus nos orientou para que, como pais, venhamos a incutir a palavra do amor de Deus no coração de nossos filhos (Dt 6: 6-7): “6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.”

3. Irregularidade na freqüência à igreja. (Hb 10:25). Ir à igreja não é tudo na religião, mas, como isto é uma ordenança divinamente apontada, o homem não pode esperar crescer em graça e no conhecimento cristão sem isso. Portanto, “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”

4. Pregações sem edificação. A exposição consecutiva da Escritura do púlpito, quando sábia e habilmente feita, treina o povo à “experiência da Palavra da justiça” (v. 13). No entanto, a congregação que não recebe a instrução adequada se ajusta a ser “tardios de ouvir”. Não são alimentados. Não são treinados a levar a sério a Palavra da vida. Julgam que esses momentos da pregação são apenas mais uma formalidade que pode ser passada por alto. Esta responsabilidade repousa sobre os pregadores. Jeremias 48:10: “Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR relaxadamente!”. Muitas almas estão com sede da verdade cristalina, do “alimento sólido” para fortalecer a vida espiritual, e, no entanto, muitas vezes saem vazios das igrejas, decepcionados com pregações fracas que só contém o leite espiritual para crianças espirituais.

5. Má concepção do conhecimento espiritual. Muitos não podem avaliar quão adequado é o conhecimento religioso. Muitas pessoas boas julgam que, tendo aprendido e abraçado o “simples Evangelho”, elas concluíram a sua educação espiritual. Elas amam uns poucos textos favoritos que expressam “os princípios elementares” (v. 12), e ficam contentes em deixar o resto da Bíblia intocável. Consideram uma virtude apreciar somente a “pregação evangelística”, e parecem mesmo orgulhosos de ocupar sempre somente a primeira série na Escola de Cristo.

Mas o fruto de sua negligência da verdade em seus mais altos e mais profundos e mais amplos aspectos torna-se evidente na imperfeição de seu caráter espiritual, e em sua falta de progresso em direção à perfeição cristã.

IV. A IMPORTÂNCIA DE ÍNTIMO CONHECIMENTO

Há uma grande importância de um íntimo conhecimento da verdade cristã.

1. Reverência a Deus requer isso. O Senhor não deu qualquer porção de Sua Palavra para ficar em vão. Cristãos inteligentes desonram a Deus quando eles não buscam a Palavra que nos faz habilitados para a perfeição do caráter. Cristãos que se levantam na hora da pregação para ir embora, estão negando a sua fé, e dando as costas para Deus e Sua Palavra. É irreverência misturada com arrogância.

2. O dever à nossa própria alma requer isso. Se nós não devemos nos tornar anões, mas, sim, gigantes espirituais, homens plenamente amadurecidos; então, devemos pesquisar as Escrituras. Se nós queremos ser verdadeiramente felizes e prósperos, devemos “meditar na Lei de Deus de dia e de noite”.

3. Utilidade para os outros requer isto. Cristãos que tem se tornado estabelecidos, firmados em conhecimento e graça, servirão ao Senhor Jesus como ensinadores, professores, (v. 12), a fim de ensinar aos outros o caminho da verdade. Os cristãos devem estar “sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há” em nós (1Pe 3:15). Eles não vão chamar o pastor para fazer isso. Eles mesmos vão ensinar o que é a verdade e a esperança. Eles vão saber pegar a Bíblia e dar um estudo sobre os fundamentos cristãos. São maduros para isso e para isso se prepararam.

CONCLUSÃO

A BÍBLIA DE MARY JONES - Bíblias eram escassas no País de Gales em 1794. As poucas disponíveis para venda eram tão caras que somente pessoas muito abastadas podiam adquirir uma. Embora a família Jones fosse pobre, eles não impediram Mary de pesquisar as Escrituras.

Um dia ela caminhou mais de três quilômetros até a casa de uma família conhecida e timidamente pediu: "Por favor, pos­so ler sua Bíblia só por um pouquinho de tempo?"

"Certamente, minha filha", a esposa do fazendeiro respondeu. "Entre".

A mulher conduziu Mary para o melhor aposento da casa onde a Bíblia ocupava lugar de honra. Então quietamente saiu en­quanto Mary ficou só com uma Bíblia, pela primeira vez em sua vida.

Com a respiração suspensa tão grande era o seu excitamento, Mary ergueu a toalha que cobria a Bíblia e colocou-a a seu la­do. Com mãos trêmulas ela abriu o grande livro. Por acaso abriu-o em João 5, e leu as palavras de Jesus: "Examinai as Escrituras."

Sim, eu o farei!" Ela exclamou em prantos. "Oh, se tão somente eu tivesse uma Bíblia só minha!"

Seis anos mais tarde Mary caminhou descalça cerca de 44 qui­lômetros até à cidade de Bala onde se vendiam Bíblias. Em seu bolso ela levava o dinheiro que havia economizado. Mary foi direto à casa do Pastor Thomas Charles que possuía os únicos exemplares de Bíblia galeses para venda.

"Sinto muito", o pastor explicou, "mas todas as Bíblias que tenho já estão reservadas."

Mary não conseguia crer no que ouvia! Ela começou a chorar como se seu coração estivesse partido. Lágrimas encheram os olhos do pastor Charles, também.

"Você terá a sua Bíblia", ele disse, entregando-lhe um de seus exemplares reservados. 
Dois anos mais tarde o pastor Charles contou a história de Mary em Londres e pediu que uma sociedade para distribuição de Bíblias fosse criada para que as Escrituras circulassem entre o povo galês.

"Por que somente o País de Gales?" alguém indagou. "Por que não para o mundo todo?" 
Foi assim, em virtude do grande desejo de Mary de possuir uma Bíblia, que se criou a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira no dia 7 de março de 1804.

Hoje muitas pessoas po­dem ler a Bíblia em sua própria língua. Certamente você possui uma. Não gostaria de tomar a decisão de ler a sua Bíblia com mais frequência e fidelidade?

Pr Roberto Biagini 
Mestrado em Teologia
prbiagini@gmail.com

0 comentários:

Postar um comentário

▲ TOPO DA PÁGINA