Este é um cântico de adoração. Este salmo traduz a experiência pessoal em um hino nacional de ação de graças. Este poema é uma expressão conjunta de louvor e adoração marcada por um equilíbrio de pensamento e simetria de estrutura.
O Salmo 33 é um dos mais belos e impressionantes salmos. É composto de muita beleza e contém muito ensinamento teológico. Através dele podemos conhecer mais acerca de algumas das doutrinas da Bíblia. Neste salmo, podemos aprender mais de Deus e de Seus atributos. É muito proveitoso e gratificante conhecê-lO mais em um tempo de tanta insegurança e temor. A estrutura do salmo pode ser vista da seguinte forma:
A. Apelo dos Justos [1-3]
B. O Caráter de Jeová [4-5]
C. Jeová é Criador [6-9]
D. Jeová é Governador [10-17]
E. A Vigilância de Jeová [18-19]
F. Confiança dos Justos [20-22]
Introdução
Notemos as palavras iniciais do salmo: v. 1-3: “1 Exultai, ó justos, no Senhor! Aos retos fica bem louvá-lo. 2 Celebrai o Senhor com harpa, louvai-o com cânticos no saltério de dez cordas. 3 Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo.”
O salmo começa com um apelo, diferentemente do esperado, porque os apelos ficam para o final. Este é um forte apelo para adoração com alegria. Os justos são convidados a adorar ao Senhor com júbilo. Porque adorar sem alegria é uma incongruência. Não podemos imaginar um grupo de crentes que vão adorar a Deus em Seu templo com o coração cheio de ressentimento, mágoas e dissabores. Aos retos fica bem louvá-lO com alegria. Já estamos fartos de legalismo que é uma tentativa de adorar sem alegria. Portanto, vamos usar também os instrumentos musicais que dão um sabor de júbilo e entusiasmo ao louvor.
Inicialmente, este salmo nos convida a louvarmos a Deus, e logo nos dá as razões por que Ele Se demonstra Soberano, Altíssimo, Excelso através de todo o Salmo. Este Salmo apresenta 4 Razões por que Deus é Soberano e, portanto, tem o direito de ser louvado, exaltado e engrandecido.
I – Deus é Soberano Porque Tem Caráter Excelente (4-5)
Por que temos de louvar a Deus com alegria? “Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel.” (v. 4)
O caráter de uma pessoa tem que ver com sua palavra. Para conhecermos o caráter de alguém, basta deixá-la falar por algum tempo. Aqui temos o caráter divino que se manifesta em Sua Palavra. Temos que louvar a Deus, porque a Sua Palavra é reta, correta, sem erro, verdadeira e por isso perfeita. E se a Sua palavra é perfeita, Ele tem caráter perfeito. Disse o apóstolo Tiago: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito.” (Tg 3:2). Deus é soberano por Seu caráter excelente, que se revela em Sua palavra que é reta.
Todos os conceitos divinos são retos, corretos; não são tortos, tortuosos, não nos iludem com promessas falsas, mas nos indicam um caminho proveitoso e, portanto, ao nós descobrirmos essa retidão da Palavra de Deus por experiência, a nossa alma encontra a alegria e louvor.
Retidão e alegria sempre vão de mãos dadas, e estão intimamente relacionadas. Temos que provar a retidão da Palavra em nós mesmos, ao termos um contato diário com os Escritos Inspirados, através dos quais ouvimos a voz de Deus. Então, saberemos por experiência própria o que significa a retidão da Palavra de Deus. O coração que encontrou a retidão da Palavra encontra verdadeira satisfação e regozijo para louvar e engrandecer ao Senhor por Seu caráter soberano.
O salmista continua descrevendo o caráter divino, no v. 4: “... e todo o Seu proceder é fiel.” O caráter tem que ver com as palavras e as ações. O caráter tem que ver com a coerência entre as palavras e os atos. As palavras não serão retas se o proceder não for fiel. A palavra tem que estar em harmonia com o proceder. A fala tem que ser coerente com o fazer.
Muitas vezes as pessoas demonstram um caráter fraco e defeituoso quando as palavras não são coerentes com o que dizem. Eles falam, mas não fazem, e isso se chama de hipocrisia. Muitos pretensos cristãos têm semelhante caráter: as suas palavras não estão em consonância com as suas obras. Há muitos que são considerados “tratantes”, porque tratam uma coisa e fazem outra. Pode ser alguém que desfaz um negócio por falta de palavra. Pode ser outro que marca um encontro, mas não aprece na hora marcada. Ou pode ser uma pessoa que não cumpre os seus compromissos pontualmente.
Mas Deus, que tem um caráter perfeito, pelo contrário, tem uma palavra reta e um procedimento fiel. Todos os seus atos estão baseados naquilo que Ele já falou e estão ambos, a palavra e o proceder, em harmonia. As Suas obras são fiéis, porque estão de conformidade com o que Ele disse. O Seu proceder é fiel, porque Ele cumpre todas as Suas promessas feitas através de Sua Palavra.
O caráter tem que ver com a coerência e a excelência. Mas, Qual é a excelência do caráter divino? Quais são as máximas virtudes do caráter divino? “Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do Senhor.” (V. 5). Justiça e amor são duas palavras que revelam toda a excelência do caráter de Deus. Aqui temos as duas palavras que representam em essência a perfeição do caráter divino: justiça e amor. E estas duas palavras estão sintetizadas na palavra santidade. É por isto que Ele é chamado em Isaías como “o Santo de Israel”: porque somente Deus é santo (Ap 15:4).
(1) “Ele ama a justiça e o direito.” Ele é justo, porque todos os Seus atos estão adornados pela justiça, e é impossível que Ele pratique qualquer injustiça. “Ele ama a justiça e o direito.” Isto significa ser justo, a tal ponto que Deus pratica a justiça não por seguir uma série de regras, mas porque Ele faz tudo por amor. Disse o salmista acerca do Filho de Deus: “Amas a justiça e odeias a iniquidade.” (Sl 45:7). É impossível amar a justiça e a iniquidade ao mesmo tempo. Ele ama tanto a justiça ao ponto de odiar a iniquidade. O seu trato com pessoas é justo. Não importa se as pessoas são justas ou ímpias, Ele permanece justo e imparcial em todas as circunstâncias. E isto indica a Sua perfeição de caráter, em um aspecto. Mas há um outro aspecto:
(2) “A terra está cheia da bondade (amor) do Senhor.” O outro aspecto do caráter divino é o amor. Não seria perfeito o caráter divino [dizemos isso com reverência e gratidão], se Deus fosse apenas justo, sem amor. João descreve esse aspecto de tal modo intenso que chega a identificar o Seu Possuidor com a virtude dEle, dizendo que “Deus é amor” (1Jo 4:8).
Esta é a perfeição da santidade. O amor de Deus é uma expressão da Sua santidade. Assim como a Sua justiça, o Seu amor é dirigido para maus e bons, justos e injustos. E Jesus Cristo completa dizendo que assim é que Deus é perfeito (Mt 5:43-48). E é por isso que “a terra está cheia da bondade do Senhor”, que é apenas um reflexo do Seu exorbitado amor.
Quando você ouve o canto dos pássaros, quando você sente o perfume das flores, quando contempla os céus e o mar em sua beleza e imensidão, você pode vislumbrar a bondade do Senhor em toda a terra. Quando vemos a perfeita adaptação de toda a natureza para a felicidade e subsistência do homem, quando vemos as bênçãos de prosperidade, crescimento e riqueza das nações, as novas descobertas tecnológicas deste século, vemos a Sua bondade em toda a terra.
Justiça e amor são a base do trono de Deus (Sl 89:14). Ao lado da justiça estão todas as outras virtudes correlatas, como equidade, correção, retidão, direito, fidelidade etc. Ao lado do amor estão todas as outras virtudes que lhe são correlatas, como bondade, benevolência, misericórdia, piedade, longanimidade etc. Portanto, o Seu trono tem a base sólida de duas virtudes excelentes: justiça e amor, que representam todas as virtudes do caráter santo e perfeito de Deus.
II – Deus é Soberano Porque Tem Poder Excelente (v. 6-9)
Lemos esta impressionante declaração: “6 Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles. 7 Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes vagas. 8 Tema ao Senhor toda a terra, temam-nO todos os habitantes do mundo. 9 Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Por que Deus é soberano? Ele é soberano por Sua Criação que revela as maravilhas da onipotência do Seu excelente poder. Esse poder maravilhoso é digno de adoração e louvor: é pelo poder de Deus que existimos e podemos ver tudo o que existe como manifestação do Seu poder onipotente.
Os céus com seus bilhões de galáxias, com o seu exército inumerável de estrelas, planetas, satélites, cometas e outros corpos celestes – tudo testifica do poder onipotente de Deus. E tudo isso foi criado com os seus trilhões de seres habitando esse universo infinito, seres de mundos desconhecidos – todos eles prontos para louvar e engrandecer o seu amorável, justo e soberano Criador Todo-poderoso, que “falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Qual é o nosso privilégio? Temos o privilégio de erguer os nossos olhos para o alto e contemplar os céus das estrelas que podemos ver e reconhecer e louvar a grandiosidade dAquele cuja palavra trouxe todas essas maravilhas à existência. Não precisamos de nenhum cientista incrédulo que nos diga qual é a origem de tanta grandiosidade celeste, pois é “pela fé, [que] entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hb 11:3).
Qual deve ser a nossa atitude diante de tanto poder? O salmista responde de modo claro e sucinto: “Tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo. Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.” (Vs. 8-9). O temor de Deus é o respeito que devemos prestar à onipotência do Seu maravilhoso poder. De fato, quando nos defrontamos com esse aspecto de Deus e compreendemos parcialmente os Seus atributos como um Criador Todo-poderoso, não temos outra atitude senão manifestar o nosso amor, respeito e reverência diante de tanta glória. E seguramente, louvamos a Deus pelo que Ele é e faz. E reconhecemos, humildes, a Sua soberania.
III– Deus é Soberano Porque Tem Governo Excelente (10-12)
Deus governa o universo e todas as nações deste mundo são obrigadas a fazer o que Ele quer. “10 O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. 11 O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.”
Ele é o Grande Comandante, que governa a terra e todo o universo. O próprio nome de Deus é Senhor dos Exércitos. Como Deus governa as nações? Pelos Seus propósitos, planos e desígnios.
Os propósitos de Deus são soberanos, porque Ele faz o que quer e não permite que os Seus planos sejam frustrados. Ninguém pode impedi-los. Ele cumpre toda a Sua vontade. Se Deus determina que uma nação deve dominar o mundo todo, assim acontecerá de fato, não importa o que dirão ou o que farão as outras nações, assim será de fato.
Temos visto muitos exemplos disso nos anais da história universal. Deus escolhia uma nação e aquela dominava o mundo. Mas quando Ele escolhia outra nação, ninguém podia impedi-lO. Assim aconteceu com Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma, no passado, e continua acontecendo hoje, com os povos.
Os propósitos de Deus são justos e portanto, Ele frustra os desígnios maus das nações ímpias que não se conformam com a vontade divina. Ele muitas vezes “anula os intentos (malévolos) dos povos”. Muitas vezes se encontram anjos poderosos em meio às assembleias dos políticos que não podem explicar por que os seus planos vão à bancarrota.
Assim aconteceu com Napoleão Bonaparte, Hitler, Mussolini, Carlos V, Carlos Magno – todos eles queriam unir as nações da terra e se tornarem reis do mundo inteiro, mas Deus não permitiu que isso acontecesse, porque Ele já havia determinado por meio do profeta Daniel que as nações da Europa jamais se uniriam (Dn 2:43).
Como é o Conselho de Deus? O Seu conselho é eterno, dura para sempre, porque é o conselho de Jeová cujo nome indica esse fato por ser igualmente eterno. Tudo o que o Senhor faz é realizado propositalmente, e isto permanece firme. Deus ignora todos os intentos humanos, e faz com que estes sirvam aos seus propósitos; ninguém é capaz de impedir que os planos eternos de Deus se cumpram, fato que para nós é dos mais surpreendentes.
Qual é o estado de quem procura o conselho de Deus? O salmista também descreve a felicidade do povo escolhido. V. 12: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para Sua herança.” Nesta seção, Davi está falando dos povos e nações e não seria justo esquecer a nação que tem a Deus como o seu Senhor e é feliz por isso. Dentre todas as nações da terra, este é o povo que Deus escolheu para ser o Seu povo e nação. Dentre todos os povos da terra, esse é o povo mais feliz. De fato, a felicidade está em escolher a Deus e ser escolhido por Ele. E Deus manifesta a Sua soberania por escolher a nação que Ele deseja como o povo que dissemina a Sua verdade para a salvação dos outros povos.
Como se processa a Eleição divina? Esta é outra realidade no Plano da salvação. O apóstolo Paulo escreveu: “3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade.” (Ef 1:3-5). Aqui notamos que a eleição divina acontece quando estamos “nEle” (em Cristo). Ou seja: Deus escolhe e predestina a todos os que escolhem a Cristo como o seu Senhor e Salvador pessoal. Esses são predestinados para a salvação. Esta é a única Eleição verdadeira.
IV – Deus é Soberano Porque Tem Visão Excelente (13-19)
A visão do Senhor é excelente porque se revela por Sua onisciência. Note as palavras: “13 O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; 14 do lugar de Sua morada, observa todos os moradores da terra, 15 Ele, que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (Vs.13-15).
Qual é o alcance da visão de Deus? Ele vê a todos os habitantes da Terra, independente da distância, do lugar de morada e esconderijo. Ele vê a todos, independente do caráter, da posição ou raça. Sua visão é ampla e nada refoge ao Seu olhar penetrante, perscrutador e onisciente. O Senhor olha dos céus e vê os moradores da terra em suas mais distantes habitações. Aquele que forma o coração dos homens contempla todas as sua obras. Ele vê o seu interior, os motivos do coração: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.” (Jr 17: 10).
Alguém poderia perguntar: Como pode Deus ser um Deus pessoal e ainda assim ser onipresente e estar em todos os lugares ao mesmo tempo? Os panteístas dizem que Deus está em toda a matéria, diluindo-Se nos átomos da natureza. Mas isto é despersonalizar a Deus que sabemos que é um Ser pessoal. Deus está além da matéria, e a Sua visão penetra além do que é visível.
Mas, se Deus tem uma forma (Jo 5:37), como pode ser onipresente? A resposta está aqui nos versos 13-14: “O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua morada, observa todos os moradores da terra.” Isso Ele consegue pela Sua onisciência. A onipresença divina se revela através da Sua onisciência. Ele está lá no Seu trono, Ele está lá na sua morada, nos Céus dos céus, Ele não precisa sair de lá, e, no entanto, Ele está presente em todos os lugares mais longínquos através de Sua onisciência, que é a capacidade de saber de todas as coisas do universo, no exato momento em que acontecem. Ele vê a tudo e a todos.
Mas ao contemplar a todos os homens, Qual é a visão de Deus? Aquele Deus que está muito interessado nos seres humanos, vê a nossa urgente necessidade de salvação porque sabe que “Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por sua muita força se livra o valente. O cavalo não garante vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar.” (Vs.16-17).
Deus vê as limitações do homem para se salvar. Não há rei que se salve com o poder do seu exército. Não há rico que se salve com a sua riqueza. Não há valente que se salve com a sua coragem. Não há sábio que se salve com sua sabedoria. Não há ninguém que se salve por si mesmo. Você não pode se salvar por suas boas obras; não pode se salvar por seus sacrifícios, ou por seus méritos. Você não pode se salvar por seu batismo, por suas observâncias ou pelo dízimo que você devolve a Deus. Essas boas obras são obras de Deus na pessoa que se salvou (Ef 2:10), mas não são o meio de salvação para o pecador.
Então, Como é que podemos nos salvar? Note ainda a visão de Deus agora sobre uma outra classe de pessoas: V. 18: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que O temem, sobre os que esperam na Sua misericórdia.” Você só pode se salvar temendo a Deus e confiando na Sua misericórdia, através de Jesus Cristo. Os olhos de Deus estão “sobre os que O temem”: Temer ao Senhor significa respeitar tanto a Deus que vamos temer praticar o mal, e como vemos a nossa total incapacidade de guardar os Seus mandamentos, então, só podemos confiar na Sua misericórdia. Somente a misericórdia divina pode nos salvar. Ou como disse o apóstolo Paulo, somente a graça de Deus pode nos salvar, porque a graça é a fonte de Sua misericórdia, que por sua vez está baseada em Seu amor (Ef 2:1-10).
Mas em que consiste a misericórdia de Deus? Com que objetivo Deus “derrama” (Rm 5:5) o Seu amor sobre os que esperam na Sua misericórdia? V. 19: “Para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.”
Qual é a grande lição sobre a nossa alma? A misericórdia de Deus se manifesta em livrar a nossa alma da morte. Muitos cristãos evangélicos e católicos crêem sinceramente na doutrina da imortalidade da alma, porque foram desde cedo ensinados assim. Eles crêem que a sua alma é indestrutível e imortal. Mas aqui o texto fala da morte da alma dos justos, que confiam em Deus e na Sua misericórdia. A alma é perecível e está sujeita à morte. É por isso que necessitamos que Deus por Sua misericórdia livre da morte a nossa alma. Ele não precisaria fazer isso se nós fôssemos imortais e indestrutíveis. Mas a alma pode ser destruída e morta (Ez 22:27; 13:18-19; 18:4,20).
Qual é a nossa esperança? Tanto a alma dos ímpios como a alma dos justos é mortal, perecível. Mas pela misericórdia divina, todos podem salvar a sua alma da morte, tanto literalmente como espiritualmente. E é por isso que louvamos a Deus pela Sua visão maravilhosa e cheia de amor que paira por sobre todos quantos O buscam em sinceridade para serem salvos. E quando Jesus Cristo voltar, Ele nos salvará a alma da morte eterna, a fim de que possamos viver com Ele para sempre no Céu (Rm 5:9; Jo 14:1-3).
Deus vê o fim desde o princípio; Sua visão é excelente, e ninguém mais pode prever o que virá. Somente Deus pode ser exaltado como o Excelso e Soberano. Ele sabe de todas as coisas e pode ver todas as necessidades do ser humano. Ele sabe de suas aflições e pode socorrê-lo em tempo de carência e angústia. Você pode confiar nesse Deus porque Ele é Todo-poderoso e, portanto, soberano.
Conclusão (v. 20-22)
Portanto, temos o dever e o privilégio de louvar a Deus porque Ele é Soberano, por 4 razões apresentadas neste Salmo:
1) Porque Ele tem Caráter Excelente
2) Porque Ele tem Poder Excelente
3) Porque Ele tem Governo Excelente
4) Porque Ele tem Visão Excelente
Então, o Salmo 33 finaliza com 3 coisas:
1. Esperança: V. 20: “Nossa alma espera no Senhor, nosso Auxílio e Escudo.” Esperamos em Deus porque confiamos nEle como o “nosso Auxílio e Escudo”. Ele é a nossa proteção e segurança. De nada nos aproveitaria confiarmos em nossas aquisições, em nosso intelecto, em nosso salário, em nossas riquezas. A nossa única segurança para esta vida e para a vida eterna é o nosso Deus.
2. Alegria. “NEle, o nosso coração se alegra, pois confiamos no Seu santo nome.” Quando você encontra uma pessoa justa e correta, você confia e se alegra com ela. Deus é a Fonte de nossa alegria, porque confiamos em Seu nome. Não há outro nome igual ao Seu, porque é santo. E desse modo o salmo termina como iniciou: com alegria. Se no princípio temos um apelo para louvar com alegria (vs. 1-3), no final (v. 21), temos uma declaração de que “o nosso coração se alegra” porque confiamos em Deus, cujo nome é santo.
E aqui vemos mais um estímulo à santidade, que será a razão de nossa alegria e júbilo, porque ninguém pode ter alegria verdadeira se continuar a viver no pecado. Confiamos no “santo nome” de Deus, buscamos a santidade e oramos: “santificado seja o Teu nome”, como Jesus nos ensinou em Sua Oração Modelo.
2. Misericórdia: V. 22: “Seja sobre nós, Senhor, a Tua misericórdia, como de Ti esperamos.” Esta deve ser a nossa oração: Como esperamos, assim oramos: que a misericórdia de Deus seja sobre nós como igreja e indivíduos. Nossa esperança está em Deus que nos confere a Sua misericórdia a cada dia. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm 3:22-23).
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
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