A Bíblia é clara em afirmar que Jesus é Deus. Eis alguns textos bíblicos sobre essa verdade: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1); “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus Unigénito, que está no seio do Pai, é quem O revelou” (Jo 1:18); “Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu” (Jo 20:28); “… mas acerca do Filho: o Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hb 1:8); “… na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1:1); “Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2:13); “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mt 1:23). À luz do conteúdo desses versos, não há motivo para se pensar que Jesus tenha sido criado pelo Pai. Se isso tivesse acontecido, Jesus teria sido o primeiro a nascer, o que contradiria os textos anteriormente mencionados, que declaram ser Ele Deus e, portanto, eterno.
Colossenses 1:15 diz que Jesus “é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a Criação”. A palavra ”primogênito” vem do grego “protótokos” (protos = “o primeiro a nascer”, “o principal”, “o mais importante”, e tokos = “dado à luz”, “nascido”, “descendência”, “prole” - do verbo tikto = “nascer”, “dar à luz”1). A Septuaginta emprega protótokos para traduzir o vocábulo hebraico o bekôr -”primogênito”.2 Assim, protótokos significa tanto “primeiro/primogênito”, como também “mais importante/preeminente”.
“Primogênito” é empregado na Bíblia com duas ideias: (1) em sentido literal: o primeiro a nascer (cf. Lc 2:7: “E ela [Maria] deu à luz o seu filho primogênito”; Hb 11:28: ”… para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas”), e (2) em sentido figurado: o mais importante, o mais preeminente (cf. Êx 4:22: “Israel [2º filho de Isaque] é meu filho, meu primogênito”; Sl 89:27: ”Fá-lo-ei [a Davi, filho mais novo de Jessé], por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da Terra”; Jr 31:9: “Efraim [2º filho de José] é meu primogênito”).
Então, sendo Jesus Deus, e como tal eterno, a palavra “primogênito” é empregada, em Colossenses 1:15, para mostrar que Ele é ”o mais importante” de toda a Criação, pois foi seu Criador, o Autor da própria Criação. Veja que Colossenses 1:16 explica o verso 15: ”… pois nEle, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a Terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dEle e para Ele.”
Em Colossenses 1:15, Paulo destaca a posição de Cristo em relação à Criação. Ele é apresentado como estando acima de todas as coisas criadas. A razão disso é que Ele é a causa primária da Criação, Seu Originador. Ele é o que tem todo o poder, “no Céu e na Terra” ( Mt 28:18), “porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9), e “NEle, tudo subsiste” (Cl 1:17).
Apocalipse 3:14 diz que Jesus é “o princípio da Criação de Deus”. A palavra “princípio”, na língua original grega, é archê, e significa “início”, “origem”, “princípio”, mas também “líder” e “primeira causa”.3 A ideia de que Jesus foi o início da Criação de Deus, no sentido de ter sido a primeira coisa criada, novamente contraria os textos mencionados anteriormente, os quais afirmam que Jesus é Deus, e como tal eterno, e quem é eterno não pode ter sido criado. A palavra “princípio”, em Apocalipse 3:14, quer dizer que Jesus é o “originador”, a “causa primária”, o “líder” da Criação de Deus.
Em conclusão, dizemos que os textos de Colossenses 1:15 e Apocalipse 3:14, longe de sugerirem que o Filho foi criado, afirmam Sua eternidade e Seu poder criador.
Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira.
Referências
1. DAVIDSON, B. The Analytical Greek Lexicon. Nova York: Harper & Brothers Publishers, s/d, p. 404.
2. BARTELS, K. H , in: COENEN, L. & BROWN, C Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 2. São Paulo: Vida Nova, 2000, p 1851.
3. GINGRICH, F. W. & DANKER, F. W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português: São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 35.
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