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terça-feira, 19 de julho de 2011

O Célebre Edito de Constantino


Ninguém nega que no dia 7 de março de 321, o imperador Constantino promulgou uma lei que assim reza:
“Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atentam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer a miúdo que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo Céu.” – Codex Justinianus, lib. 13 it. 12, par. 2 (3).
Este acontecimento influiu decisivamente para transformar o “festival da ressurreição” num autêntico “dia de guarda” no império romano.
Muitos, visando fazer confusão, procuram dar sentido tendencioso ao histórico decreto, ao mesmo tempo que propalam ser ensino nosso que a instituição dominical fora criada pelo imperador. Nada mais falso. Equivocam-se grandemente os que afirmam ser ensino adventista que o domingo foi instituído por Constantino e por um determinado papa. Jamais ensinamos que Constantino fosse o autor do domingo, mas sim que, na esfera civil, deu o passo para que se tornasse dia de guarda, promulgando a primeira lei nesse sentido, coroando assim a gradual implantação do domingo na igreja e no mundo.
 Contudo, dizer que muito antes de Constantino os cristãos guardavam o domingo é afirmação temerária, destituída de veracidade histórica. Os testemunhos que citam nada provam em favor da observância já estabelecida do primeiro dia da semana como dia de culto cristão. Não merecem inteira fé, por serem duvidosos, falíveis e incongruentes. Não invocam sequer um testemunho bíblico ou histórico exato, incontraditável, irrecorrível. Não podem fazê-lo. O máximo que se poderia afirmar é que, antes de Constantino, boa parte dos cristãos, já em plena fermentação da apostasia gradual, reuniam-se de manhã no primeiro dia da semana, para o “festival da ressurreição”, e depois voltavam aos trabalhos costumeiros. Nada de guarda, observância ou santificação do dia. Isso ninguém jamais provará.
Por isso citam o edito dominical de Constantino. Citam-no para dar-lhe uma interpretação distorcida, às avessas. Inventam que o edito destinava-se a favorecer os cristãos. Não se dirigiam aos pagãos. Concordamos que o imperador tinha em mira agradar aos cristãos de seus dias, porém para conciliá-los com a observância do dia do Sol, que os pagãos observavam. Mero jogo político.

Confusões e Contradições

Afirmam: “Era um edito para favorecer particularmente os cristãos…” – Vamos analisar esta afirmativa. Notemos o seguinte: se a observância dominical, pelos cristãos, já era fato líquido e certo, não careciam eles de leis seculares para os favorecer. E prossegue: “[o edito] não foi feito para agradar os pagãos”. – Não foi mesmo porquanto os pagãos não precisam de leis que lhes ordenassem guardar o “dia do Sol”, considerando que o mitraísmo era religião dominante no Império, sendo o próprio Constantino mitraísta. Diz a história que ele era adorador do Sol que se “converteu” ao cristianismo. Isso lança luz nas verdadeiras intenções do edito.
Mas agora surge a confissão interessante: “O edito era dirigido aos pagãos e por isso empregou-se a expressão dia do Sol em vez de dia do Senhor.” (Digamos, entre parênteses, que há aqui um equívoco, pois o edito era dirigido a todos, moradores das cidades e dos campos indiscriminadamente. Os pagãos sem dúvida, constituíam a imensa maioria). Voltaríamos a insistir:
Por que empregou Constantino a expressão “dia do Sol”?
A resposta será dada pelos nossos acusadores: Dizem: “Está provado, por homens abalizados, que esses [os pagãos] jamais guardaram esse dia [o primeiro dia da semana].” Os oponentes afirmam candidamente que os pagãos jamais em tempo algum observaram o primeiro dia da semana. Prestaram os leitores atenção? Pois bem. Leiam agora esta outra declaração na mesma página e no mesmo parágrafo, a respeito do edito de Constantino: “Era dirigido aos pagãos” por isso Constantino “usou a expressão dia do Sol para que pudessem [eles, os pagãos] compreendê-lo bem.” Aí esta a confirmação. E insistimos:
Por que os pagãos compreenderiam bem a expressão “dia do Sol” em vez de “dia do Senhor”? Por quê? Insistimos, por quê? A resposta é uma só:
Porque guardavam o dia do Sol. Era o dia de guarda do mitraísmo, religião professada pelo próprio Constantino. Por essa contradição se pode ver a insegurança dos que sustentam a guarda do primeiro dia da semana.
¤ A. T. Jones, assevera que “a primeira lei feita sobre o domingo, foi feita a pedido da igreja.” E cremos que o foi realmente, mas a pedido… de qual igreja? A pedido da igreja semi-apostatada, igreja que já levava inovações do paganismo, igreja conluiada com o Estado, igreja já desfigurada, que então usava velas, altares, praticava o monasticismo, borrifava água benta, impunha penitência, o sinal da cruz, e até ordens sacerdotais. Esta a igreja que solicitou o edito de Constantino. Esta a igreja que algumas décadas a seguir, num concílio, decretou a abstenção do trabalho no domingo e quis impedir a observância do sábado, no concílio de Laodicéia. Se A. T. Jones e os demais aceitam essa igreja como expressão do verdadeiro cristianismo, contentem-se. É direito dos senhores. Nós não aceitamos. Não nos conformamos, e continuamos a insistir na tese da origem pagã da observância dominical. Temos a História a nosso favor. Temos os fatos que depõem em abono de nossa mensagem. A verdade não precisa de notas forçadas para sobreviver. Impõe-se por si.
E agora, a nuvem de testemunhas. O nosso ponto de vista vai ser confirmado exuberantemente, por depoimentos da mais alta idoneidade. Vejamos o que dizem os eruditos, os enciclopedistas e os historiadores: Ei-los:
 ”O mais antigo reconhecimento da observância do domingo, como um dever legal, é uma constituição de Constantino em 321 d.C., decretando que todos os tribunais de justiça, habitantes das cidades e oficiais deviam repousar no domingo (venerabili die Solis), com uma exceção em favor dos que se ocupam do trabalho agrícola.” – Enciclopédia Britânica, art. “Sunday.”
Note-se a expressão “mais antigo reconhecimento”, que prova não ser então líquida e certa a observância dominical. Antes disso não o era certamente.
 ”Constantino, o Grande, baixou uma lei para todo o império (321 d.C.) para que o domingo fosse guardado como dia de repouso em todas as cidades e vilas; mas permitia que o povo do campo seguisse seu trabalho.” – Enciclopédia Americana, art. “Sabbath.”
Esse primeiro dia era o “dia solar” dos pagãos, que já o guardavam. Pelo decreto, o dia devia ser por todos (inclusive os cristãos) “guardado como dia de repouso” em todas as cidades e vilas. Muito claro.
 ”Inquestionavelmente, a primeira lei, tanto eclesiástica como civil, pela qual a observância sabática daquele dia se sabe ter sido ordenada, é o edito de Constantino em 321 d. C.” – Chamber, Enciclopédia, art. “Sabbath.”
Notemos que Chamber diz ser a lei também eclesiástica. Por quê? Devido à fusão com o cristianismo, à influência religiosa, e à habilidade de estadista que quer agradar a gregos e troianos. Dessa forma o incipiente “festival da ressurreição” das manhãs do primeiro dia da semana se fundiria com o dia solar do pagão do mitraísmo, e não haveria descontentes. Constantino atingiu seus objetivos.
 A influência da igreja semi-apostatada na elaboração do decreto é evidente. Eusébio, contemporâneo, amigo e apologista de Constantino escreveu: “Todas as coisas que era dever fazer no sábado, estas nós as transferimos para o dia do Senhor.” – Eusébio, Commentary on the Psalms.
Essa expressão “nós transferimos…” é sintomática, e prova que esse dia de guarda é invenção humana, puramente humana, de procedência pagã, de um paganismo já unida com o cristianismo desfigurado da época.
 ”Os cristãos trocaram o sábado pelo domingo. Constantino, em 321, determinou a observância rigorosa do descanso dominical, exceto para os trabalhos agrícolas… Em 425 proibiram-se as representações teatrais [nesse dia] e no século VIII aplicaram-se ao domingo todas as proibições do sábado judaico.” – Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, art. “Domingo.”
 O grande historiador Cardeal Gibbon, com sua incontestada autoridade assevera o seguinte: “O Sol era festejado universalmente como o invencível guia e protetor de Constantino. … Constantino averbou de Dies Solis (dia do Sol) o ‘dia do Senhor’ – um nome que não podia ofender os ouvidos de seus súditos pagãos.” – The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, cap. 20 §§ 2.º, 3.º (Vol. 2, págs. 429 e 430).
 Ainda sobre o significado do célebre edito diz-nos o insuspeito Pastor Ellicott: “Para se entender plenamente as provisões deste edito, deve-se tomar em consideração a atitude peculiar de Constantino. Ele não se achava livre de todo o vestígio da superstição pagã. É fora de dúvida que, antes de sua conversão, se havia devotado especialmente ao culto de Apolo, o deus-Sol… O problema que surgiu diante dele era legislar em favor da nova fé, de tal modo a não parecer totalmente incoerente com suas práticas antigas, e não entrar em conflito com o preconceito de seus súditos pagãos. Estes fatos explicam as particularidades deste decreto. Ele denomina o dia santo, não de dia do Senhor, mas de “dia do Sol” – a designação pagã, e assim já o identifica com o seu antigo culto a Apolo.” – Pastor George Ellicott, The Abiding Sabbath, pág. 1884.
Se isto não basta, temos ainda o insuspeito Dr. Talbot. Só citamos autores não adventistas. Ei-lo:
“O imperador Constantino, antes de sua conversão, reverenciava todos os deuses (pagãos) como tendo poderes misteriosos, especialmente Apolo, o deus do Sol, ao qual, no ano 308, ele [Constantino] conferiu dádivas riquíssimas; e quando se tornou monoteísta, o deus a qual adorava era – segundo nos informa Uhlhorn – antes o “Sol inconquistável” e não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E na verdade quando ele impôs a observância do dia do Senhor (domingo) não o fez sob o nome de sabbatum ou dies domini, mas sob o título antigo, astrológico e pagão de Dies Solis, de modo que a lei era aplicável tanto aos adoradores de Apolo e Mitra como aos cristãos.” – Dr. Talbot W. Chamber, Old Testament Student, Janeiro de 1886.
 Isto é confirmado por Stanley, que diz: “A conservação do antigo nome pagão de “Dies Solis” ou “Sunday” (dia do Sol) para a festa semanal cristã é, em grande parte, devida à união dos sentimentos pagão e cristão, pelo qual foi o primeiro dia da semana imposto por Constantino aos seus súditos – tanto pagãos como cristãos – como o “venerável dia do Sol”… Foi com esta maneira habilidosa que conseguiu harmonizar as religiões discordantes do império, unindo-as sob uma constituição comum.” – Deão Stanley, Lectures on The History on the Eastern Church, conferência n.º 6, pág. 184.
→ Comentada a chamada “conversão” de Constantino, escreve o erudito Bispo Arthur Cleveland Coxe: “Foi uma conversão política, e como tal foi aceita, e Constantino foi pagão até quase morrer. E quanto ao seu arrependimento final, abstenho-me de julgar.” – Elucidation 2, of “Tertullian Against Marcion,” book 4.
 Comentando as cerimônias pagãs relacionadas com a dedicação de Constantinopla (cidade de Constantino), diz o autorizado Milman: “Numa parte da cidade se colocou a estátua de Pitian, noutra a divindade Smintia. Em outra parte, na trípode de Delfos, as três serpentes representando Piton. E sobre um alto triângulo, o famoso pilar de pórfiro, uma imagem na qual Constantino teve o atrevimento de misturar os atributos do Sol, com os de Cristo e de si mesmo… Seria o paganismo aproximando-se do cristianismo, ou o cristianismo degerando-se em paganismo? – History of Christianity, book 3, chap. 3.
 Outro testemunho interessante é o de Eusébio: “Ele [Constantino] impôs a todos os súditos do império romano a observância do dia do Senhor como um dia de repouso, e também para que fosse honrado o dia que se segue ao sábado.” – Life of Constantine, book 4, chap. 18.
 Uma fonte evangélica: “Quando os antigos pais da igreja falam do dia do Senhor, às vezes, talvez por comparação, eles o ligam ao sábado; porém jamais encontramos, anterior à conversão de Constantino, uma citação proibitória de qualquer trabalho ou ocupação no mencionado dia, e se houve alguma, em grande medida se tratava de coisas sem importância. … Depois de Constantino as coisas modificaram-se repentinamente. Entre os “cristãos, o “dia do Senhor” – o primeiro dia da semana – gradualmente tomou o lugar do sábado judaico.” – Smith’s Dictionary of the Bible, pág. 593.
Lemos na North British Review, vol. 18, pág. 409, a seguinte declaração: “O dia era o mesmo de seus vizinhos pagãos e compatriotas; e o patriotismo de boa vontade uniu-se à conveniência de fazer desse dia, de uma vez, o dia do Senhor deles e seu dia de repouso…
Se a autoridade da igreja deve ser passada por alto pelos protestantes, não vem ao caso; porque a oportunidade e a conveniência de ambos os lados constituem seguramente um argumento bastante forte para mudança cerimonial, como do simples dia da semana para observância do repouso e santa convocação do sábado judaico.”
 Um livro idôneo é Mysteries of Mithra, de Cumont. Nas páginas 167, 168 e 191 há valiosas informações confirmadas pela História e pela Arqueologia a respeito do mitraísmo. Poderíamos acrescentar dezenas de outros depoimentos, porém o espaço não o permite. Os citados, no entanto, provam à saciedade a tremenda influência do edito constantiniano em implantar definitivamente a guarda do primeiro dia da semana.
A. B. Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed., 1981, pág. 234.
Fonte: Artigo extraído do Livro O Selo de Deus na Lei, no capítulo 29

A Substituição do Dia de Deus por um Dia Pagão


“O quebrantamento da Lei de Deus no início foi a porta de entrada para o pecado, ainda hoje, milhões continuam pisando os preceitos divinos.” – Carlos A. Trezza, A Suprema Esperança do Homem, 1.ª ed., 1970, pág. 48.
¤ A substituição do sábado pelo domingo não é um assunto que a Igreja Católica negue ou procure esconder. Ao contrário, ela admite francamente e aponta na verdade com orgulho, como evidência de seu poder de mudar até um dos mandamentos de Deus. Leiamos alguns trechos do catecismo Católico.
 A obra do Rev. Peter Geiermann, C.S.R., The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine, recebeu em 25 de janeiro de 1919 a “bênção apostólica” do Papa Pio X. Com referência ao assunto da mudança do sábado, diz o citado catecismo:
Pergunta: Qual é o dia de repouso?
Resposta: O dia de repouso é o sábado.
Pergunta: Por que observamos o domingo em lugar do sábado?
Resposta: Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica, no Concílio de Laodicéia (336 d.C.), transferiu a solenidade do sábado para o domingo.” – Segunda edição, pág.50.
→ Foi, pelo Rev. Stephen Keenan, Arcebispo de Nova Iorque, aprovada uma obra intitulada: A Doctrinal Catechism. Faz ela estas observações quanto à questão da mudança do sábado:
Pergunta: Tendes qualquer outra maneira de provar que a igreja tem poder para instituir dias de guarda?
Resposta: Não tivesse ela tal poder, não teria feito aquilo em que todas as modernas religiões com ela concordam – a substituição da observância do sábado, o sétimo dia, pela observância do domingo, o primeiro dia da semana, mudança para a qual não há nenhuma mudança escriturística.” – pág. 174.
→ An Abridgment of the Christian Doctrine, de autoria do Rev. Henry Tuberville, D.D., de Douay College, França, contém estas perguntas e respostas:
Pergunta: Como podeis provar que a igreja tem poder para ordenar festas e dias santos?
Resposta: Pelo próprio fato de mudar o sábado para o domingo, com que os protestantes concordam; e dessa forma eles ingenuamente se contradizem, ao guardarem estritamente o domingo e transgredirem outros dias de festa maiores e ordenados pela mesma igreja.
Pergunta: Como podeis provar isto?
Resposta: Porque ao guardarem o domingo, eles reconhecem o poder que a igreja tem para ordenar dias de festa, e ordená-los sob a ameaça de pecado; e, ao não observarem o repouso [dos dias de festas] por ela ordenados, eles de novo reconhecem, com efeito, o mesmo poder.” – pág. 58.

Nem uma linha bíblica em favor da observância do domingo

O Cardeal Gibbons, em The Faith of Our Fathers, diz o seguinte: “Podeis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse, e não encontrareis uma linha autorizando a santificação do domingo. As Escrituras exalta a observância religiosa do sábado, dia que nós nunca santificamos.” – Edição de 1893, pág. 111.

“A Igreja Católica… Mudou o Dia”

O The Catholic Press of Sydney, Austrália, é claro em afirmar que a observância do domingo é de origem exclusivamente católica.
“O domingo é uma instituição católica e a reivindicação à sua observância só pode ser defendida nos princípios católicos… Do princípio ao fim das Escrituras não há uma única passagem que autorize a transferência do culto público semanal do último dia da semana para o primeiro.” – 25 de agosto de 1900.
Em seu livro Plain Talk About the Protestantism of Today, Monsenhor Segur afirma: “Foi a Igreja Católica que, por autorização de Jesus Cristo, transferiu este repouso para o domingo em memória da ressurreição de nosso Senhor. Dessa forma, a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que eles prestam, contradizendo-se a si próprios, à autoridade da igreja [católica].” – Edição de 1868, parte 3, sec. 4, pág. 225.
No ano 1893, o Catholic Mirror, de Baltimore, Maryland, foi o órgão do Cardeal Gibbons. Em seu número de 23 de setembro daquele ano publicou ele está notável declaração: “A Igreja Católica, mais de cem anos antes da existência de um único protestante, em virtude de sua divina missão, mudou o dia de sábado para o domingo.” “O descanso cristão é, por conseguinte, neste dia, o conseqüente reconhecimento da Igreja Católica como esposa do Espírito Santo, sem uma palavra de protesto do mundo protestante.” – Reimpresso pelo Catholic Mirror como um folheto, The Christian Sabbath, págs. 29 e 31.

A Observância do domingo sem autorização Divina

Burns e Oates, de Londres, são publicadores de livros católicos romanos, um dos quais eles se comprazem em chamar The Library of Christian Doctrine. Uma parte deste é intitulada: “Por que não guardais o sábado?” E apresenta o seguinte argumento de um católico para um protestante:
“Vós me dizeis que o sábado era repouso judaico, mas que o repouso cristão foi mudado para o domingo. Mudado! Mas por quem? Quem tem autoridade para mudar um mandamento expresso do Deus Onipotente? Quando Deus disse: ‘Lembra-te do dia do sábado para o santificar’, quem ousaria dizer: ‘Não, podeis trabalhar e fazer qualquer tipo de negócio secular no sétimo dia; mas santificareis o primeiro dia em seu lugar?’ Esta é a pergunta mais importante, à qual não sei como podeis responder.
Sois protestante, e afirmais seguir a Bíblia e a Bíblia apenas: e mesmo neste importante assunto, qual seja o da observância de um dia em sete como dia santificado, ides contra a clara letra da Bíblia e pondes outro dia no lugar daquele em que a Bíblia ordenou. O mandamento que ordena santificar o sétimo dia é um dos Dez Mandamentos; vós credes que os outros nove sejam ainda obrigatórios; quem vos deu autoridade para violar o quarto? Se quiserdes ser coerentes com os vossos princípios, se realmente seguis a Bíblia e ela unicamente, deveis ser capazes de apresentar alguma porção do Novo Testamento na qual o quarto mandamento seja expressamente alterado.” – págs. 3 e 4.
 Após cuidadoso exame da Bíblia, da História tanto civil como eclesiástica, dos escritos teológicos, comentários, manuais de igrejas, somos levados a concluir que não há nenhuma autorização nas Sagradas Escrituras para a observância do domingo, nenhuma autoridade concedida ao homem para fazer tal mudança do sétimo para o primeiro dia, nenhuma sanção foi dada à essa mudança.
Esta substituição do verdadeiro Sábado do Senhor por um falso sábado foi a obra de um movimento inteiramente anticristão, o qual adotou a observância de um dia puramente pagão e presunçosamente o implantou na igreja cristã.
Está observância não representa obrigação alguma para os cristãos, mas deve ser imediatamente abandonada como preceito, e o verdadeiro sábado do Senhor seja restaurado ao seu justo lugar, tanto no coração do Seu povo como na prática de Sua igreja.
Carlyle B. Haynes, Do Sábado Para o Domingo, 8.ª ed., 1999, págs. 47-52.
Fonte:Artigo extraído do Livro O Selo de Deus na Lei, no capítulo 28

domingo, 17 de julho de 2011

A Mais Antiga Lei Dominical Conhecida Pela História


“A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra. Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela serão desolados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão.” (Isaías 24:4 a 6)

A mais antiga lei dominical conhecida pela História é a de Constantino, promulgada em 321 d.C. Assim reza ela:

“Devem os magistrados e as pessoas residentes nas cidades repousar, e todas as oficinas ser fechadas no venerável dia do Sol. No campo, entretanto, as pessoas ocupadas na agricultura podem livre e licitamente continuar suas ocupações; porque acontece muitas vezes que nenhum outro dia se lhe assemelha para a semeadura de sementes ou para a plantação de vinhas; tememos que, pela negligência do momento apropriado para tais operações, as bênçãos celestiais sejam perdidas.” (Promulgada aos 7 dias de março, sendo Crispo e Constantino cônsules pela segunda vez cada um). – Codex Justinianus, liv. 3, tit. 12 e 13; traduzido em PHILIP SCHAFF, D.D., History of the Christian Church (volume sete da edição, 1902), vol. III, pág.380.
Constantino foi imperador de Roma de 306 a 337 d.C. Foi ele adorador do Sol durante os primeiros anos do império. Mais tarde afirmou haver-se convertido ao cristianismo; mas, de coração, continuou venerador do Sol. Com respeito a sua religião, diz Edward Gibbon, em sua obra Decline and Fall of the Roman Empire:
“A devoção de Constantino foi mais particularmente dirigida ao deus Sol, o Apolo da mitologia grega e romana; e lhe era agradável ser representado com os símbolos do deus da luz e da poesia. Os infalíveis dardos daquela divindade, o brilho de seus olhos, sua coroa de louro, a imortal beleza e os dotes graciosos pareciam apresentá-lo como o patrono de um jovem semideus. Os altares de Apolo eram adornados com as ofertas votivas de Constantino; e a crédula multidão era levada a crer que foi permitido ao imperador contemplar com olhos imortais a majestade visível de sua divindade tutelar; e que seja acordado ou em visão, foi ele abençoado com esperançosas predições do futuro de um longo e vitorioso reinado. O Sol foi universalmente festejado como o invencível guia e protetor de Constantino.” Capítulo 20, par. 3.

O Domingo e a Adoração do Sol.

A legislação iniciada por Constantino para o estabelecimento da guarda do dia do Sol é assim comentada por duas enciclopédias:
¤ ”O mais antigo reconhecimento da observância do domingo como uma obrigação legal é uma constituição de Constantino, de 321 d.C., decretando que todas as cortes de justiça, habitantes de cidades e oficinas repousassem no dia do Sol (venerabili die Solis), exceção feita apenas àqueles que estivesses ocupados em trabalho de agricultura.” – Enciclopédia Britânica (11.ª ed.) art. “Domingo”.
¤ ”Inquestionavelmente, a primeira lei, seja eclesiástica ou civil, pela qual a observância sabática daquele dia é conhecida como havendo sido ordenada, é o edito de Constantino, de 321 d.C.” – Chamber’s Encyclopaedia (ed. de 1882), vol. VIII, pág. 401, art. “O Sábado”.
 Que essa legislação dominical não tinha ligação com o cristianismo; nota-se claramente ao serem considerados os fatos contidos na seguinte citação: “Esta legislação de Constantino não tem certamente nenhuma relação com o cristianismo; parece ao contrário, que o imperador, na qualidade de Pontífice Máximo, estava apenas acrescentando o dia do Sol, a adoração daquilo que estava então firmemente estabelecido no Império Romano, aos outros dias festivos do calendário sagrado.” – H. Webster, Rest Days, págs. 122 e 123.

Reforçada a Observância do Domingo por Lei

Em seqüência a esse decreto inicial, imperadores e papas em sucessivos séculos acrescentaram outras leis ao fortalecimento da observância do domingo.
“Aquilo que começou, entretanto, como ordenança pagã, terminou como regulamentação cristã; e uma longa série de decretos imperiais, durante o quarto, quinto e sexto séculos, impôs com crescente rigor a abstinência do trabalho no domingo.” – Idem, pág. 270.
Que estes passos foram dados tanto pela igreja como pelo Estado para tornar decisivo que o domingo substituísse o sábado, foi escrito por um notável advogado de Baltimore, Maryland – James T. Ringgold:
¤ ”Em 386, durante o tempo de Graciano, Valentiniano e Teodósio, foi decretado que todos os litígios e negócios cessassem [no domingo]… Entre as doutrinas estabelecidas em uma carta do papa Inocêncio I, escrita no último ano de seu pontificado (416), encontra-se aquela segundo a qual o domingo deveria ser observado como dia de jejum… Em 425, no tempo de Teodósio, o mais moço, foi imposta a abstinência de espetáculos teatrais e de circo [no domingo]… Em 538, no concílio de Orleans… foi ordenado que todas as coisas anteriormente permitidas no domingo continuassem em vigor; mas que se abstivessem do trabalho com arado, ou em vinhas, sega, ceifa, debulha, cultivo, cercagem a fim de que as pessoas pudessem freqüentar a igreja convenientemente… Por volta de 590 o papa Gregório, em carta dirigida ao povo romano, qualificou como profetas do anticristo aqueles que ensinassem que o trabalho não devesse ser feito no sétimo dia.” – The Law of Sunday, págs. 265-267.
 A citação acima indica que ainda havia na igreja, mesmo em 590 d.C., aqueles que, não só observavam o sábado bíblico, como ensinavam sua observância. De fato, tal observância por parte de poucos fiéis, foi sempre posta em prática através de todos os séculos cristãos. Entre os chamados valdenses havia observadores do sétimo dia.
As próprias leis civis e eclesiásticas que fazem referência ao desenvolvimento da legislação dominical tornam claro que Eusébio, notável bispo da Igreja Católica, considerado o pai da história eclesiástica e biógrafo de Constantino, foi justificado ao afirmar:
“Todas as coisas, sejam quais forem, que houvessem sido obrigatórias fazer no sábado, estas nós a transferimos para o dia do Senhor.” – Citado em Robert Cox, Literature of the Sabbath Question, vol. I, pág. 361.
Carlyle B. Haynes, Do Sábado Para o Domingo, 8.ª ed., 1999, pág. 43.
Fonte: Artigo extraído do Livro O Selo de Deus na Lei, no capítulo 27

Os 1260 dias e o Remanescente Fiel

Centenas de pessoas assistiam à cruzada evangelística naquela noite quando, subitamente, uma mulher foi possuída pelo demônio. Os gritos que ela dava eram horríveis. A multidão aterrorizada olhava para mim como se perguntasse: “O que faremos?” Algumas pessoas tentavam segurar a mulher, mas não conseguiam. Sua força era descomunal. Jogou todos que a seguravam para um lado e, levantando um enorme banco, atirou-o na minha direção. Tive que sair de lado para não ser atingido. Depois, ela começou a aproximar-se de mim, rastejando, soltando espuma pela boca, com os olhos vermelhos como sangue e gritando: “Vou te matar! Eu não faço nada contra você e você vive me perseguindo.”

Ameaça? Medo? Perseguição? Não sei. Ao longo da vida tenho visto muitas vezes pessoas serem possuídas pelo demônio. É um quadro deprimente. Dói ver seres humanos completamente dominados pelas forças do mal. Mas estamos em guerra, já vimos. A guerra começou lá no Céu e transferiu-se para a Terra. E, ao longo da história humana, as tentativas e os métodos que o inimigo tem usado para arruinar o ser humano e desvirtuar a adoração e a obediência devidas a Deus, foram os mais variados.

A mulher e o dragão

No capítulo 12 de Apocalipse encontramos profetizada mais uma etapa dessa guerra. “Viu-se grande sinal no céu” – começa relatando o escritor bíblico – “a saber, uma mulher vestida do Sol com a Lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.
Viu-se outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.” (Apocalipse 12:1 a 3). Quem é essa mulher? O que ela simboliza? E o dragão? De onde vem e o que quer? O relato bíblico continua dizendo que “o dragão se deteve em frente à mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o Filho quando nascesse… mas o Filho foi arrebatado para Deus até ao Seu trono.” (Apocalipse 12:4 e 5)
Para entender essa profecia, precisamos retornar ao Jardim do Éden. Ao momento triste do confronto do ser humano caído com Deus. Naquela ocasião, estavam presentes o casal de seres humanos e a serpente que os enganara. Note o que Deus disse a serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e o seu descendente. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15)
Essa é a primeira profecia bíblica. Ao mencionar nesse verso a “mulher”, Deus não estava se referindo unicamente à mulher ser humano, Ele estava falando de Sua Igreja neste planeta. Na Bíblia, a Igreja de Deus é simbolizada de várias maneiras. Algumas vezes, ela é comparada ao corpo humano (Efésios 4:12). Noutras, a uma mulher pura que espera pelo noivo (II Coríntios 11:12). Esse simbolismo é confirmado no Apocalipse. Uma mulher pura, vestida do sol, é símbolo da Igreja de Deus (Apocalipse 12:1) e uma mulher prostituta, vestida de vermelho, simboliza a igreja que pertence ao inimigo de Deus (Apocalipse 17:1 a 5). Dois comandantes com seus respectivos exércitos.
Assim, quando em Gênesis capítulo 3, verso 15, Deus falou da luta entre a serpente e a mulher, estava profetizando a luta dos séculos entre o diabo e a Igreja de Deus. “Esta” – diz a profecia referindo-se à Igreja – “te ferirá a cabeça e tu [a serpente] lhe ferirás o calcanhar.” Quando Satanás provocou a morte de Cristo no Calvário, feriu a Igreja no calcanhar. Mas Jesus, através da fidelidade de Seu povo, ferirá a diabo na cabeça.

O dragão ataca a criança

No capítulo 12 de Apocalipse vemos outro aspecto da luta entre o diabo e a Igreja de Deus. A mulher está grávida, a ponto de dar à luz um “Varão que regerá as nações”. Este sem dúvida alguma, é Jesus, o Salvador do mundo. O profeta Isaías já o profetizara muitos anos atrás da seguinte maneira: “Porque um menino nos nasceu, um Filho se nos deu; o governo está sobre Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6). O salmista Davi O identifica melhor, quando ele diz que Ele regerá as nações com vara de ferro (Salmo 2:7 a 9); do jeito que é revelado em Apocalipse.
A profecia afirma ainda que “a serpente antiga, que se chama diabo e Satanás” tentaria destruir a Criança logo que Ela nascesse. Não é preciso entender muito de História para saber que Herodes decretou a morte de todas as crianças judias quando Jesus nasceu. A profecia diz que o dragão estava a fim de “devorar o Filho”, e a História registra que Herodes decretou a morte das crianças.
Quem estava por trás de Herodes? Você percebe mais uma vez a astúcia e o método do inimigo? Ele não se mostra como é. Usa as pessoas, esconde-se atrás delas. Controla-as, domina-as e as leva a cumprir seus propósitos escusos.

Marionetes do inimigo

Evidentemente a mulher que foi possuída pelo inimigo, na noite em que eu pregava, e Herodes, ambos não passavam de marionetes nas mãos do antigo enganador. Ele tentou destruir “o Filho da mulher” e tentará, hoje também, destruir os nossos filhos.
Porventura, está você, como pai, sofrendo por causa de algum filho que se encaminha rumo à destruição? Quem você acha que está por trás das sensações alucinantes das drogas? Quem está por trás das idéias de liberdade, que não passa de libertinagem, mas que leva a juventude de hoje a viver sem princípios éticos nem morais? “Tudo é permitido”, dizem. Mas se machucam, ferem-se a si mesmos e destroem seu futuro.
Outro dia, eu falava com um jovem que fugira da casa dos pais para viver uma vida dissoluta. “Você é o sonho de seus pais”, disse para ele, colocando a mão em seu ombro. “Ah, pastor” – respondeu-me – “eu não estou a fim de realizar os sonhos dos meus pai; quero é realizar meus próprios sonhos.” Mas, que tipo de realização é essa que leva o jovem a perambular pelas ruas madrugada adentro, sentindo-se um lixo? Que tipo de sonho é esse que só cria nele vazio, o desespero e a loucura, depois que o efeito da droga passa? Existe uma força oculta por trás de tudo isso. Lares dividido. Filhos desobedientes. Pais ditadores. Ideais desfeitos. Sonhos estraçalhados. Tudo tem um autor: o dragão que tentou devorar o “Filho da mulher”; e que tentará, hoje, devorar os nossos filhos.

Fugindo para o deserto

Apocalipse 12 continua apresentando a luta entre a Igreja de Deus e o dragão: “A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.” (Apocalipse 12:6). Essa profecia fala de perseguição. “O dragão perseguiu a mulher que dera à luz o Filho varão”(Apocalipse 12:13).
 Foi a Igreja perseguida em alguma época da História?
Os relatos da História provam que sim. A História registra um período escuro da humanidade. Uma época em que se tentou dominar a consciência das pessoas. Perseguiu-se por causa da fé. A Igreja e o Estado se uniram e, conseqüentemente, começaram a entrar no seio da Igreja costumes pagãos que a Palavra de Deus condenava.
A profecia, porém, indicava que a verdadeira Igreja de Deus não perseguiria, mas seria perseguida e, por isso, fugiria ao deserto por um período de 1260 dias. Já vimos que, profeticamente, um dia equivale a um ano (Ezequiel 4:6 e 7; Números 14:34). O que quer dizer que a Igreja verdadeira de Deus se esconderia no deserto por um período de 1260 anos. Durante esse período, as pessoas que “teimavam” em obedecer à Bíblia, e somente a Bíblia, foram cruelmente perseguidas. Muitos, como os Valdenses, tiveram que se esconder nas cavernas das montanhas para poder sobreviver. Quase literalmente, a terra abriu a boca para esconder a “mulher”.
O que provocava tão furiosa perseguição era a obediência que a verdadeira Igreja prestava à Palavra de Deus. Afinal, aquela mulher é apresentada no capítulo 12 de Apocalipse como “vestida do Sol”. O que significa o Sol? Veja como Davi responde: “Porque o Senhor Deus é Sol e escudo.” (Salmo 84:11) Essa é a Igreja de Deus sem dúvida alguma. E por que tem a Lua sob os pés? Se o Sol é símbolo da justiça de Deus, onde estão refletidos os Seus ensinos e princípios? Outra vez Davi responde: “Lâmpadas para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para os meus caminhos.” (Salmo 119:105)
 A conclusão é clara: a Igreja de Deus fundamenta seus ensinos não em tradições humanas, mas na Bíblia, que é a Palavra de Deus. Esse foi o motivo da grande perseguição religiosa. O poder perseguidor não podia aceitar que seus ensinamentos fossem confrontados com a Bíblia. Esse período de tempo, em que a verdadeira Igreja de Deus foi perseguida por sua fidelidade à Palavra de Deus, encontra-se registrada na Bíblia de várias maneiras:
1. Em Apocalipse 11:3 e 12:6, faz-se menção de 1260 dias.
2. Em Apocalipse 11:2 e 13:5, são mencionados 42 meses, que, multiplicados por 30 dias do mês, resultam também em 1260 dias.
3. Em Daniel 7:25; 12:7 e Apocalipse 12:14, mensiona-se “tempo e tempos e metade de um tempo”, ou seja, três tempos e meio, que na verdade, equivalem a três anos e meio. Três anos e meio, multiplicados pelos 12 meses do ano, dão 42 meses, que, multiplicados por 30 dias de cada mês, resultam outra vez em 1260 dias.
Todos esses versos apresentam o mesmo período de tempo no qual se levantou um poder que, usando o nome de Deus e atribuindo-se a prerrogativa de ser a Igreja de Deus, perseguiu a verdadeira Igreja de Deus. E tudo pelo simples motivo de que esta “teimava” em manter a doutrina bíblica, pura, do jeito que Jesus a ensinara quando esteve na Terra.

Acendem-se as fogueiras

Por incrível que pareça, existe na História um período de exatamente 1260 anos de perseguição religiosa, que começa no ano 538, com o edito de Justiniano. Foi Justiniano quem, depois de derrotar os ostrogodos, decretou que o bispo de Roma teria a preeminência sobre os bispos das outras cidades, pelo fato de que Roma era a capital do império e dominava o mundo político daqueles dias.
Esse período abrange os anos em que a Igreja perseguiu aqueles que se negavam a obedecer-lhe cegamente. Como já vimos, nessa época a igreja utilizou um instrumento chamado “Santa” Inquisição e tentou impedir que qualquer pessoa estudasse a Bíblia. Isso para que ninguém percebesse os erros que foram transferidos do paganismo para o cristianismo daqueles dias.
Ler e defender verdades bíblicas era considerado heresia, e a pena para os hereges era a fogueira. Previa ainda a confissão de “delitos” sob torturas terríveis. Instrumentos de torturas usados pela igreja medieval podem ser vistos em vários museus, como o Museu da Inquisição, em Lima, Peru. Esse período de perseguição terminou em 1798, quando o General Berthier levou preso o líder religioso da igreja, Chamado Pio VI. Veja o seguinte diagrama:
Perceba mais uma vez, o método do inimigo. Ele persegue a Igreja de Deus, mas não se identifica. Pelo contrário, o poder que persegue denomina-se a si mesmo Igreja de Deus, enquanto reclama adoração e obediência para si e não para Deus e Sua palavra. Com certeza, muitas pessoas que faziam parte da pretensa igreja de Deus achavam que estavam fazendo um favor a Deus, ao perseguir um “bando hereges” que teimavam em obedecer à Bíblia e não à Igreja. Só que essas pessoas, por sinceras que fossem, não percebiam que estavam sendo usadas pelo inimigo de Deus, na tentativa de destruir a verdadeira Igreja.
Alejandro Bullón, O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, 1.ª ed., 1998, pág. 47.
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O Remanescente Fiel

A Profecia de Apocalipse 12 afirma que a verdadeira Igreja de Deus, embora perseguida, sobreviveria e teria um remanescente em nossos dias. Esse é um remanescente que o demônio odeia e continua perseguindo. É um remanescente que se caracteriza por duas particularidades expressas em Apocalipse: “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar contra os restantes de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” (Apocalipse 12:17). Essas características se repetem em Apocalipse 14:12, ao citar a perseverança dos santos. Veja o que diz: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”
Deus declara sem meias tintas, que Ele tem uma Igreja e que esta tem duas características distintas: tem a fé em Jesus e, ao mesmo tempo, acredita na validade dos Seus mandamentos, tal como a Bíblia os registra. Essas foram as características da Igreja de Deus desde o Éden. Lá no jardim, Adão e Eva constituíam a Igreja de Deus. Eles eram Seus filhos, Seu povo. Mas o inimigo estava ali para destruir o povo de Deus e apresentou-se disfarçado de serpente tentando desvirtuar dois pontos básicos do relacionamento com o Criador: adoração e obediência. “Se comerdes da árvore” – disse a serpente – “sereis como Deus. Você não precisa de Deus, pode ser seu próprio Deus. Não tem porque obedecer.”
Adão e Eva caíram. Mais depois se arrependeram e tornaram a constituir o povo de Deus. Então vieram os filhos: Caim e Abel. Naquela época, Deus pediu o sacrifício de um cordeiro como símbolo de Jesus, o Cordeiro de Deus, que um dia tiraria o pecado do mundo. Abel obedeceu. Levou um cordeiro expressando sua fé no Salvador. Caim desobedeceu. Levou fruto da terra, direcionando a adoração para o fruto de seu trabalho. Ali, naquele momento, originou-se a igreja do inimigo de Deus neste planeta.

Filhos de Deus e filhos dos homens

Os dias passaram e a Bíblia registra a divisão clara destes dois grupos de pessoas: “Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas…” (Gênesis 6:2). Percebe? Filhos de Deus e filhos dos homens. Aí estão as duas únicas igrejas do mundo, porque só existe dois comandantes.
Antes do Dilúvio, Noé, sua família e muitas pessoas que começaram a construir a arca, faziam parte da Igreja de Deus. Infelizmente, muitos abandonaram as fileiras dos fiéis. Quando o Dilúvio chegou, somente Noé e sua família constituíam o povo de Deus, que Ele salvou. Somente eles adoraram ao verdadeiro Deus e obedeceram à ordem de construir a arca. Depois veio o tempo de Abrão (posteriormente chamado de Abraão), que vivia adorando e obedecendo ao Senhor numa terra cheia de incrédulos. Um dia, Deus o chamou dizendo: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome.” (Gênesis 12:1 e 2)
 Abraão e seus descendentes são claramente identificados na Bíblia como a Igreja de Deus. As duas características daquele povo eram a adoração ao verdadeiro Deus, Criador dos céus e da terra, e a obediência fiel à Sua Palavra, que incluía os mandamentos que Deus escreveu posteriormente em tábuas de pedra, no Sinai. Quando Jesus veio, Israel, que era Seu povo, não O aceitou. Rejeitou-O. Eles disseram que não aceitariam outro, senão César. Mas houve doze israelitas que O aceitaram. Os doze discípulos que Jesus usou para estabelecer a Igreja cristã. Por isso, podemos dizer que o povo de Deus sempre existiu ao longo da História. E sempre teve as duas características.
 Israel pensava que era o povo de Deus por herança, mas esqueceu que somente seria o povo de Deus se O adorasse como o verdadeiro Deus – o Deus que Se fez carne na pessoa de Jesus – e obedecesse aos Seus mandamentos. A igreja cristã corre o mesmo perigo. Ela não será a Igreja de Deus só porque Jesus estabeleceu no início de sua história. Mas continuará sendo à medida em que adore unicamente ao Deus verdadeiro, na pessoa de Jesus Cristo, e obedeça à Sua palavra, que inclui os mandamentos. Afinal, essas sempre foram as características do povo de Deus ao longo da História.

Qual Igreja?

Características são importantes para identificar pessoas. Em certa ocasião fui ao encontro de alguém que não conhecia. “Ele é alto.” – disseram-me – “Usa barba e tem uma pinta grande na fronte.” Com essas características não dava para se confundir. Quando os passageiros começaram a sair, fui conferindo as características. Havia algumas pessoas altas, mas não usavam barba. Outras usavam barba mas não eram altas. Até que, finalmente, saiu o homem alto, de barba e com a pinta na testa. Foi fácil reconhecê-lo.
Deus sabia que hoje o ser humano andaria confuso diante de tantas igrejas e religiões. Todas pretendem ser a Igreja de Deus e algumas, mais benevolentes ainda, defendem a idéia de que todas as igrejas conduzem a Deus. É muito fácil tomar posições radicais em diferentes aspectos da vida – embora seja pouco prudente fazê-lo – mas quando se trata de vida ou morte e, como já vimos, existe um inimigo que usará qualquer método para enganar o ser humano, vale a pena dar uma olhada no que o apóstolo São Pedro escreveu: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fareis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso.” (II Pedro 1:19). E, se prestarmos atenção ao que diz a Bíblia, percebemos que ela afirma contundentemente que Deus tem uma Igreja que conserva duas características: (1) crê em Jesus e (2) guarda os mandamentos de Deus. O dever de toda pessoa sincera é, através do estudo consciencioso da Palavra de Deus, achar essa Igreja e preparar-se, sem medo do futuro.
Alejandro Bullón, O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, 1.ª ed., 1998, pág. 53.
Fonte: Artigo extraído do Livro o Selo de Deus na Lei, no capítulo 25 e 26

sábado, 16 de julho de 2011

A Imutável Lei de Deus


“Abriu-se no Céu o templo de Deus e a arca do Seu concerto foi vista no Seu templo.” (Apocalipse 11:19). A arca do concerto de Deus está no santo dos santos, ou lugar santíssimo, que é o segundo compartimento do santuário. No ministério do tabernáculo terrestre, que servia como “exemplar e sombra das coisas celestiais”, este compartimento se abria somente no grande dia da expiação, para a purificação do santuário.
Portanto, o anúncio de que o templo de Deus se abrira no Céu, e de que fora vista a arca de Seu concerto, indica a abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em l844, ao entrar Cristo ali para efetuar a obra finalizadora da expiação. Os que pela fé seguiram seu Sumo Sacerdote, ao iniciar Ele o ministério no lugar santíssimo, contemplaram a arca de Seu concerto.
Como houvessem estudado o assunto do santuário, chegaram a compreender a mudança operada no ministério do Salvador, e viram que Ele agora oficiava diante da arca de Deus, pleiteando com Seu sangue em favor dos pecadores.
A arca do tabernáculo terrestre continha as duas tábuas de pedra, sobre as quais se achavam inscritos os preceitos da Lei de Deus. A arca era mero receptáculo das tábuas da Lei, e a presença desses preceitos divinos é que lhe dava valor e santidade. Quando se abriu o templo de Deus no Céu, foi vista a arca do Seu testemunho. Dentro do santo dos santos, no santuário celestial, acha-se guardada sagradamente a lei divina – a lei que foi pronunciada pelo próprio Deus em meio dos trovões do Sinai, e escrita por Seu próprio dedo nas tábuas de pedra.
A lei de Deus no santuário celeste é o grande original, de que os preceitos inscritos nas tábuas de pedra, registrados por Moisés no Pentateuco, eram uma transcrição exata. Os que chegaram à compreensão deste ponto importante, foram assim levados a ver o caráter sagrado e imutável da lei divina. Viram, como nunca dantes, a força das palavras do Salvador: “Até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei.” (Mateus 5:17 a 19). A Lei de Deus, sendo a revelação de Sua vontade, a transcrição de Seu caráter, deve permanecer para sempre, “como uma fiel testemunha no Céu”. Nenhum mandamento foi anulado; nenhum jota ou til se mudou. Diz o salmista: “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no Céu.” São “fiéis todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre”. (Salmo 119:89; Salmo111:7 e 8).
No próprio centro do decálogo está o quarto mandamento, conforme foi a princípio proclamado: “Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” (Êxodo 20:8 a 11).
O Espírito de Deus tocou o coração dos que estudavam a Sua Palavra. Impressionava-os a convicção de que haviam ignorantemente transgredido este preceito, deixando de tomar em consideração o dia de repouso do Criador. Começaram a examinar as razões para a observância do primeiro dia da semana em lugar do dia que Deus havia santificado. Não puderam achar nas Escrituras prova alguma de que o quarto mandamento tivesse sido abolido, ou de que o sábado fora mudado; a bênção que a princípio destacava o sétimo dia nunca fora removida. Sinceramente tinham estado a procurar conhecer e fazer a vontade de Deus; agora, como se vissem transgressores de Sua lei, encheu-se-lhes o coração de tristeza, e manifestaram lealdade para com Deus, santificando Seu sábado.
Muitos e tenazes foram os esforços feitos para subverter-lhes a fé. Ninguém poderia deixar de ver que, se o santuário terrestre era uma figura ou modelo do celestial, a lei depositada na arca, na Terra, era uma transcrição exata da lei na arca, que está no Céu; e que a aceitação da verdade concernente ao santuário celeste envolvia o reconhecimento dos requisitos da lei de Deus, e da obrigatoriedade do sábado do quarto mandamento.
Aí estava o segredo da oposição atroz e decidida à exposição harmoniosa das Escrituras, que revelavam o ministério de Cristo no santuário celestial.
Os homens procuravam fechar a porta que Deus havia aberto, e abrir a que Ele fechara. Mas “O que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”, tinha declarado: “Eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar.” (Apocalipse 3:7 e 8). Cristo abrira a porta, ou o ministério, do lugar santíssimo; resplandecia a luz por aquela porta aberta do santuário celestial, e demonstrou-se estar o quarto mandamento incluído na lei que ali se acha encerrada; o que Deus estabeleceu ninguém pode derribar.
Os que aceitaram a luz relativa à mediação de Cristo e à perpetuidade da lei de Deus, acharam que estas eram as verdades apresentadas no capítulo 14 de Apocalipse. As mensagens deste capítulo constituem uma tríplice advertência, que deve preparar os habitantes da Terra para a segunda vinda do Senhor. O anúncio: “Vinda é a hora do Seu juízo” – aponta para a obra finalizadora do ministério de Cristo para a salvação dos homens. Anuncia uma verdade que deve ser proclamada até que cesse a intercessão do Salvador, e Ele volte à Terra para receber o Seu povo. A obra do juízo que começou em 1844, deve continuar até que os casos de todos estejam decididos, tanto dos vivos como dos mortos; disso se conclui que ela se estenderá até ao final do tempo de graça para a humanidade.
A fim de que os homens possam preparar-se para estar em pé no juízo, a mensagem lhes ordena temer a Deus e dar-Lhe glória, “e adorar Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e as fontes das águas“. O resultado da aceitação destas mensagens é dado nestas palavras: “Aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus.” A fim de se prepararem para o juízo, é necessário que os homens guardem a lei de Deus. Esta lei será a norma de caráter no juízo. Declara o apóstolo Paulo: “Todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. … No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens por Jesus Cristo.” E ele diz que “os que praticam a lei hão de ser justificados”. (Romanos 2:12 a 16). A fé é essencial a fim de guardar-se a lei de Deus; pois “sem fé é impossível agradar-Lhe”. “E tudo que não é de fé, é pecado.” (Hebreus 11:6; Romanos 14:23).
Pelo primeiro anjo os homens são chamados a temer a Deus e dar-Lhe glória, e adorá-Lo como o Criador do céu e da terra. A fim de fazer isto devem obedecer à Sua lei. Diz Salomão: “Teme a Deus, e guarda os Seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem.” (Eclesiastes 12:13 e 14). Sem a obediência a Seus mandamentos nenhum culto pode ser agradável a Deus. “Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos.” “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” (I João 5:2 a 4; Provérbio 28:9).
O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador, e que a Ele todos os outros seres devem a existência. E, onde quer que se apresente, na Bíblia, Seu direito à reverência e adoração, acima dos deuses dos pagãos, enumeram-se as provas de Seu poder criador. “Todos os deuses dos povos são coisas vãs; mas o Senhor fez os céus.” (Salmo 96:5).
“A quem pois Me fareis semelhante, para que lhe seja semelhante? diz o Santo. Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas.” “Assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a Terra, e a fez; … Eu sou o Senhor, e não há outro.” (Isaías. 40:25 e 26; 45:18). Diz o salmista: “Sabei que o Senhor é Deus: foi Ele, e não nós que nos fez povo Seu.” “Ó, vinde, adoremos, e prostremo-nos; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou.” (Salmo 100:3; 95:6). E os seres santos que adoram a Deus nos Céus, declaram porque Lhe é devida sua homenagem: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas.” (Apocalipse 4:11).
No capítulo 14 de Apocalipse, os homens são convidados a adorar o Criador; e a profecia revela uma classe de pessoas que, como resultado da tríplice mensagem, observam os mandamentos de Deus. Um desses mandamentos aponta diretamente para Deus como sendo o Criador. O quarto preceito declara: “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus… porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” (Êxodo 20:10 e 11). Acerca do sábado, diz mais o Senhor ser ele “um sinal, … para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus”. (Ezequiel 20:20). E a razão apresentada é: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou e restaurou-Se.” (Êxodo 31:17). “A importância do sábado como memória da criação consiste em conservar sempre presente o verdadeiro motivo de se render culto a Deus” – porque Ele é o Criador, e nós as Suas criaturas.
“O sábado, portanto, está no fundamento mesmo do culto divino, pois ensina esta grande verdade da maneira mais impressionante, e nenhuma outra instituição faz isso. O verdadeiro fundamento para o culto divino, não meramente o daquele que se realiza no sétimo dia, mas de todo o culto, encontra-se na distinção entre o Criador e Suas criaturas. Este fato capital jamais poderá tornar-se obsoleto, e jamais deverá ser esquecido.” – História do Sábado, J. N. Andrews. Foi para conservar esta verdade sempre perante o espírito dos homens que Deus instituiu o sábado no Éden; e, enquanto o fato de que Ele é o nosso Criador continuar a ser razão por que O devamos adorar, permanecerá o sábado como sinal e memória disto.
Tivesse sido o sábado universalmente guardado, os pensamentos e afeições dos homens teriam sido dirigidos ao Criador como objeto de reverência e culto, jamais tendo havido idólatra, ateu, ou incrédulo. A guarda do sábado é um sinal de lealdade para com o verdadeiro Deus, “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”.
Segue-se que a mensagem que ordena aos homens adorar a Deus e guardar Seus mandamentos, apelará especialmente para que observemos o quarto mandamento.
Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 433.
Fonte: Artigo extraído do Livro O Selo de Deus na Lei, no capítulo 24

O Ministério de Cristo no Santuário Celestial



É chegada a hora do sacrifício da tarde. O sacerdote está em pé no pátio do templo de Jerusalém, pronto para oferecer um cordeiro como sacrifício. Ergue o cutelo para imolar a vítima, mas nesse momento a Terra sofre uma convulsão. Aterrorizado ele solta o cutelo e o cordeiro escapa. Por sobre o estrondo do terremoto, ele houve um alto ruído de algo que se rasga, enquanto mãos invisíveis partem o véu do templo de alto a baixo.
Fora da cidade, nuvens negras envolvem uma cruz. Quando Jesus, o Cordeiro Pascal de Deus, exclama: “Está Consumado!”, Ele morre pelos pecados do mundo. O tipo encontrava o antítipo. O próprio evento ao qual os serviços do templo haviam apontado durante séculos, acabara de ocorrer. O Salvador completara Seu sacrifício expiatório, e pelo fato do símbolo haver encontrado a realidade, os rituais que antecipavam esse sacrifício haviam sido ultrapassados. Por essa razão, o véu rasgou-se, o cutelo caiu das mãos do sacerdote e o cordeiro escapou.
Há mais, porém, em relação à história da salvação. A questão vai além da cruz. A ressurreição e a ascensão de Jesus dirigem nossa atenção para o santuário celestial onde, não mais como Cordeiro, mas como sacerdote Ele ministra. O sacrifício foi oferecido uma vez por todas (Hebreus 9:28); agora Ele torna disponíveis a todos os benefícios de Seu sacrifício expiatório.

O Santuário Celestial

Deus instruiu Moisés quanto à construção do lugar em que, na Terra, Ele iria habitar (Êxodo 25:8); tratava-se do santuário, o qual funcionou sob o primeiro (velho) concerto (Hebreus 9:1). Esse era o lugar no qual se ensinava ao povo o caminho da salvação. Cerca de 400 anos mais tarde, o templo permaneceu em Jerusalém, construído pelo rei Salomão, ocupou o lugar do tabernáculo transportável de Moisés.
Depois que Nabucodonosor destruiu o templo, os exilados que retornaram de Babilônia construíram o segundo templo, que foi mais tarde embelezado grandemente por Herodes, o Grande; este último templo foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C.
 O Novo Testamento revela que o novo concerto também possui seu templo, e este se encontra no Céu. Nele Cristo trabalha como sumo sacerdote “à direita do trono da Majestade”. Esse santuário é o “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hebreus 8:1 e 2).1 No monte Sinai, foi mostrado a Moisés um “modelo”, cópia ou miniatura do santuário celestial (Êxodo 25:9 e 40).2 As Escrituras identificam o santuário mosaico como “figura das coisas que se acham nos Céus” e “figura do verdadeiro” santuário (Hebreus 9:23 e 24). O santuário terrestre e seus serviços nos provêem, portanto, vislumbres especiais no tocante ao papel do santuário celestial.
Em toda a sua extensão, a Escritura revela a existência de um templo ou santuário no Céu (por exemplo, Salmo 11:4; Salmo 102:19; Miquéias 1:2 e 3).3 Em visão, o apóstolo João contemplou o santuário de Deus, que se acha no Céu (Apocalipse 11:19). Ele chegou a contemplar os itens que constituíram o modelo para mobília que ocupava o espaço do lugar santo do santuário terrestre, tais como (Apocalipse 8:3). Viu também a arca da aliança, que no santuário terrestre ocupava o Santo dos Santos (Apocalipse 11:19).
 O altar do incenso do santuário celestial acha-se situado diante do trono de Deus (Apocalipse 8:3; Apocalipse 9:13), que se localiza no templo celestial de Deus (Apocalipse 4:2; Apocalipse 7:15; Apocalipse 16:17). Portanto, a cena do trono celestial de Deus (Daniel 7:9 e 10) ocorre no templo ou santuário celestial. É por essa razão que os juízos finais de Deus partem de Seu templo (Apocalipse 15:5 a 8).
Torna-se claro, portanto, que as Escrituras apresentam o santuário celestial como um lugar efetivamente existente (Hebreus 8:2), não como uma metáfora ou abstração.4 O santuário celestial é o lugar primário de habitação de Deus.

O Ministério no Santuário Celestial

A mensagem do santuário era uma mensagem de salvação. Deus utilizou os seus serviços para proclamar o evangelho (Hebreus 4:2). Os serviços do santuário terrestre eram “uma parábola para a época presente” até o tempo da primeira vinda de Cristo (Hebreus 9:9 e 10). “Através dos símbolos e rituais Deus propôs, por meio desse evangelho-parábola, focalizar a fé de Israel no sacrifício e ministério sacerdotal do Redentor do mundo, o ‘Cordeiro de Deus’ que haveria de remover todo o pecado do mundo (Gálatas 3:23; João 1:29).” 5
O santuário ilustra três fases do ministério de Cristo: (1) sacrifício substitutivo, (2) mediação sacerdotal e (3) julgamento final.
◊ O sacrifício substitutivo. Todos os sacrifícios do santuário simbolizava a morte de Jesus para o perdão dos pecados, revelando a verdade de que “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9:22). Esses sacrifícios ilustravam as seguintes verdades:
1. Deus julga o mundo - Pelo fato do pecado constituir uma profunda rebelião contra tudo o que é bom, puro e verdadeiro, ele não pode ser ignorado. “O salário do pecado é a morte…” (Romanos 6:23).
2. A morte substitutiva de Cristo - “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas… mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós” (Isaías 53:6). “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (I Coríntios 15:3).
3. Deus provê o sacrifício expiatório - Esse sacrifício é “Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no Seu sangue, como propiciação, mediante a fé” (Romanos 3:24 e 25). “Àquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios 5:21). Cristo, o Redentor, assumiu sobre Si o julgamento do pecado. Portanto, Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia. ‘… pela Suas pisaduras fomos sarados’ (Isaías 53:5).” 6
Os sacrifícios do santuário terrestre eram repetitivos. Tal qual uma história, esse ritual – parábola da redenção – era contado e recontado ano após ano. Em contraste, o Antítipo – o verdadeiro sacrifício expiatório, a morte do Senhor – ocorreu no calvário uma vez por todas (Hebreus 9:26 a 28; Hebreus 10:10 a 14). Na cruz, a penalidade pelo pecado humano foi plenamente paga. A justiça divina foi satisfeita. Sob a perspectiva legal, o mundo havia sido restaurado ao favor divino (Romanos 5:18). A expiação, ou reconciliação, foi completada na cruz, conforme antecipada pelos sacrifícios, e o pecador penitente pode confiar plenamente nessa obra do Senhor, concluída.7

O Mediador Sacerdotal

Se o sacrifício expiou os pecados, por que era necessário um sacerdote?
 O papel do sacerdote chamava atenção para a necessidade de mediação entre os pecadores e um Deus santo.
A mediação sacerdotal revela a gravidade do pecado e a alienação que ele ocasionou entre um Deus sem pecado e a criatura pecaminosa. “Assim como cada sacrifício antecipava a morte de Cristo, assim cada sacerdote antecipava o ministério mediatório de Cristo como sumo sacerdote no santuário celestial. ‘Portanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem’ (I Timóteo 2:5).” 8
1. Mediador e expiação - A aplicação do sangue expiatório durante o ministério mediatório dos sacerdotes era também vista como uma forma de expiação (Levítico 4:35). Em inglês, o termo atonement (expiação) implica reconciliação entre duas partes que se achavam rompidas. Assim como a morte expiatória de Cristo reconciliou o mundo com Deus, assim a Sua mediação, ou aplicação dos méritos de Sua vida sem pecado e morte substitutiva, faz da reconciliação ou expiação com Deus uma realidade pessoal para o crente.
O sacerdócio levítico ilustra o ministério redentor que Cristo tem desempenhado desde a Sua morte. Nosso Sumo Sacerdote, que serve “à destra do trono da Majestade nos Céus”, trabalha como “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hebreus 8:1 e 2). O santuário celestial é o grande centro de comando, de onde Cristo conduz Seu ministério sacerdotal em favor de nossa salvação. Ele é capaz de “salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25). Portanto, somos estimulados a nos aproximar “confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em, ocasião oportuna” (Hebreus 4:16).
No santuário terrestre, os sacerdotes desempenhavam dois ministérios distintos – o ministério diário no lugar santo, ou primeiro compartimento, e o ministério anual no lugar santíssimo, ou segundo compartimento. Esses serviços ilustravam o ministério sacerdotal de Cristo.9
2. O ministério no lugar santo - O ministério sacerdotal no lugar santo do santuário poderia ser caracterizado como um ministério de intercessão, perdão, reconciliação e restauração. Sendo contínuo provia contínuo acesso a Deus, através do sacerdote. Simbolizava a verdade de que o pecador arrependido dispõe de imediato e contínuo acesso a Deus através do ministério sacerdotal de Cristo como intercessor e mediador (Efésios 2:18; Hebreus 4:14 a 16; Hebreus 6:20; Hebreus 9:24; Hebreus 10:19 a 22).
Quando o pecador penitente vinha ao santuário com um sacrifício, depunha as mãos sobre a cabeça do inocente animal e confessava seus pecados. Esse ato transferia simbolicamente seus pecados e penalidade para a vítima. Como resultado, ele obtinha perdão de suas transgressões.10 Assim estabelece The Jewish Encyclopedia:
“A deposição de mãos sobre a cabeça da vítima é um rito comum, pelo qual são efetuados a substituição e a transferência de pecados.” “Em cada sacrifício acha-se presente a idéia de substituição; a vítima assume o lugar do pecador humano.” 11
O sangue da oferta pelo pecado era aplicado de duas formas:
a. Se ele fosse levado para o lugar santo, era aspergido diante do véu interno e colocado nos cantos do altar de incenso (Levítico 4:5 a 7; Levítico 4:17 e 18).
b. Se não era conduzido para o lugar santo, sua colocação era feita nos cantos do altar de holocausto, no pátio (Levítico 4:25 e 30). Nesse caso, o sacerdote comia parte da carne do sacrifício (Levítico 6:25, 26 e 30). Em ambos os casos, os participantes entendiam que seus pecados e responsabilidades eram transferidos ao santuário e seu sacerdócio.12
“Nesta parábola ritual o santuário assumia a culpa e a responsabilidade do penitente – pelo menos durante certo tempo – quando o penitente oferecia a oferta pelo pecado, confessando seus erros. Ele saía dali perdoado, certo da aceitação divina. Assim, no serviço antítipo, quando um pecador é levado pelo Espírito Santo a aceitar a Cristo como seu Salvador e Senhor, Cristo assume seus pecados e responsabilidade. Ele é perdoado graciosamente. Cristo é o Fiador do crente, bem como o seu Substituto.” 13
Tanto no tipo quanto no antítipo, o ministério do lugar santo centraliza-se primariamente no indivíduo. O ministério sacerdotal de Cristo providencia o perdão do pecador e sua reconciliação com Deus (Hebreus 7:25). “Em consideração a Cristo, Deus perdoa o pecador arrependido, imputa-lhe o reto caráter e a obediência de Seu Filho, perdoa seus pecados, e registra seu nome no Livro da Vida, como um dos Seus filhos (Efésios 4:32; I S. João 1:9; II Coríntios 5:21; Romanos 3:24; Lucas 10:20). E a medida que o crente permanece em Cristo, a graça espiritual lhe é mediada através de nosso Senhor, por meio do Espírito Santo, de modo que ele alcança maturidade espiritual e desenvolve as virtudes e graças que refletem o divino caráter (II Pedro 3:18; Gálatas 5:22 e 23)”.14 O ministério no lugar santo efetua a justificação e santificação do crente.

O Julgamento Final

Os eventos do Dia da Expiação ilustram as três fases do divino julgamento final. São elas:
1. O “julgamento pré-milenial” ou “juízo investigativo”, que também é conhecido como julgamento pré-Advento”;
2. O “julgamento milenial” e
3. O “julgamento executivo”, que ocorre ao final do milênio.

O Ministério no Lugar Santíssimo

A segunda divisão do ministério sacerdotal acha-se centralizada primariamente no santuário, tendo a ver com a purificação do santuário e do povo de Deus. Essa forma de ministério, que focalizava o lugar santíssimo do santuário e que podia ser desempenhada tão-somente pelo sumo sacerdote, limitava-se a um único dia do calendário religioso.
A purificação do santuário requeria dois bodes – o bode do Senhor e o bode emissário (Azazel, em hebraico). Ao sacrificar o bode do Senhor, o sumo sacerdote efetuava a expiação pelo “santuário [na verdade, 'santuário' em todo este capítulo refere-se ao lugar santíssimo], pela tenda da congregação [o lugar santo], e pelo altar [o pátio]” (Levítico 16:15 a 21).
Tomando o sangue do bode do Senhor, o qual representava o sangue de Cristo, e levando-o para o interior do lugar santíssimo, o sumo sacerdote aplicava-o diretamente, na própria presença de Deus, ao propiciatório – a cobertura da arca, dentro da qual estavam contidos os Dez Mandamentos – a fim de satisfazer as exigências da santa Lei de Deus.
→ Sua ação simbolizava o imensurável preço que Cristo teria de pagar pelos nossos pecados, revelando quão ansioso Deus Se sente por efetuar a reconciliação de Seu povo consigo mesmo (II Coríntios 5:19). Então, o sumo sacerdote aplicava esse sangue ao altar do incenso e ao altar dos holocaustos, os quais haviam sido diariamente aspergidos com o sangue que representava os pecados confessados. Dessa forma, o sumo sacerdote efetuava a expiação pelo santuário, bem como pelo povo, efetuando assim a purificação de ambos (Levítico 16:15 a 21; Levítico 16:30 a 33).
Passo seguinte, representando a Cristo como mediador, o sumo sacerdote assumia sobre si próprio os pecados que haviam poluído o santuário e os transferia para o bode vivo, Azazel, o qual era então conduzido para fora do acampamento do povo de Deus. Este ato removia os pecados do povo, os quais a esta altura haviam sido simbolicamente transferidos dos crentes arrependidos para o santuário através do sangue ou da carne dos sacrifícios do ministério diário de perdão. Desde modo o santuário era purificado e preparado para mais um ano de atividade ministerial (Levítico 16:15 a 21; Levítico 30:37).15 E assim todas as coisas eram colocados em ordem entre Deus e Seu povo.16
 Vemos assim que o dia da expiação ilustra o processo de julgamento que lida com a erradicação do pecado. A expiação levada a efeito nesse dia “prefigurava a aplicação final dos méritos de Cristo a fim de banir a presença do pecado por toda a eternidade, e para empreender plena reconciliação do Universo, sob o governo harmonioso de Deus”.17

Azazel, o Bode Emissário.

“A tradução ‘bode emissário’, do hebraico azazel, provém da Vulgata, com a expressão ‘caper emissarius’, ‘ bode a ser mandado embora’ (Levítico 16:8).18 O exame cuidadoso de Levítico 16 revela que azazel representa Satanás, e não Cristo, conforme alguns têm imaginado. Os argumentos que apóiam esta interpretação, são:
(1) O bode emissário não era morto como sacrifício, e assim não poderia ser usado como um meio para trazer o perdão, uma vez que ‘sem derramamento de sangue não há remissão’ (Hebreus 9:22);
(2) O santuário era inteiramente purificado pelo sangue do bode do Senhor antes que o bode emissário fosse introduzido no ritual (Levítico 16:20).
Estudando com atenção, nota-se que a passagem trata o bode emissário como um ser pessoal que é o oposto, e se opõe, a Deus.
Levítico 16:8 diz literalmente:
‘Um para o Senhor, o outro para Azazel’. – Portanto, na compreensão da parábola do santuário, é mais coerente ver o bode do Senhor como símbolo de Cristo e o bode emissário – Azazel – como símbolo de Satanás.” 19
Nisto Cremos, CPB, 4.ª ed.,1997, pág.408.
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As Diferentes Fases do Julgamento

O ritual do bode emissário no dia da expiação apontava para além do Calvário, ao fim do último problema do pecado – o banimento deste e de Satanás. A “plena responsabilidade pelo pecado será devolvida a Satanás, o seu originador e instigador. Satanás e seus seguidores, bem como todos os efeitos do pecado, serão banidos do Universo por meio da destruição.
A expiação através do julgamento, portanto, fará brotar um Universo plenamente reconciliado e harmonioso (Efésios 1:10). Este é o objetivo que a segunda e última fase do ministério de Cristo como sacerdote do santuário celestial irá atingir”.1 Esse julgamento testemunhará a vindicação final de Deus diante do Universo.2 O Dia da Expiação retratava as três fases do julgamento final:
a. A remoção dos pecados do santuário relaciona-se com a primeira fase – investigativa, ou fase pré-Advento – do julgamento. Ela “focaliza os nomes anotados no Livro da Vida, assim como Dia da Expiação focalizava a remoção dos pecados confessados do penitente, do santuário, falsos crentes serão eliminados; a fé dos genuínos crentes e sua união com Cristo serão reafirmados perante o Universo leal, e os registros de seus pecados serão apagados”.3
b. O banimento do bode emissário para o deserto simbolizava a prisão de Satanás durante o milênio, na desolada Terra; este milênio começa por ocasião do Segunda Advento e coincide com a segunda fase do julgamento final, a qual ocorre no Céu (Apocalipse 20:4; I Coríntios 6:1 a 3). Este julgamento milenial envolve a revisão do julgamento dos maus e será empreendido em benefício dos remidos, ao conceder-lhes o vislumbre do trato de Deus com o pecado e com aqueles pecadores que não se salvarão. Será respondida assim qualquer pergunta que os salvos possam ter a respeito da justiça e da misericórdia de Deus.
c. O acampamento purificado simboliza os resultados da terceira fase do julgamento, a fase executiva, quando o fogo destruirá os maus e purificará a Terra (Apocalipse 20:11 a 15; Mateus 25:31 a 46; II Pedro 3:7 a 13).

O Santuário Celestial na Profecia

Na discussão anterior, focalizamos o santuário a partir da perspectiva de tipo e antítipo. Queremos agora examiná-lo a partir da perspectiva profética.

A Unção do Santuário Celestial.

A profecia das 70 semanas de Daniel 9 apontava para a inauguração do ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial. Um dos últimos eventos, que deveria ocorrer durante os 490 anos, era a unção do “santo dos Santos” (Daniel 9:24). A expressão hebraica godesh godeshim, que foi traduzida como “santíssimo”, significa literalmente “Santos dos Santos”. A frase seria melhor traduzida, portanto, como “ungir o Santo dos Santos” (como, convém observar, ela realmente aparece na Versão Almeida Revista e Atualizada).
Assim como em sua inauguração o santuário terrestre foi ungido com óleo sagrado a fim de que tal ato o consagrasse para os seus serviços, assim, em sua inauguração, o santuário celeste também deveria ser consagrado para o ministério intercessório de Cristo. Com Sua ascensão pouco tempo depois de Sua morte (Daniel 9:27), Cristo iniciou Seu ministério como Sumo Sacerdote e intercessor.

A Purificação do Santuário Celestial.

Falando do santuário celestial, o livro de Hebreus afirma: “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue: e sem derramamento de sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos Céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios a eles superiores” – o precioso sangue de Cristo (Hebreus 9:22 e 23). Vários comentaristas bíblicos têm observado este ensinamento bíblico:
• Henry Alford assinalou que “o próprio Céu necessitava, e obteve purificação através do sangue expiatório de Cristo”.4
• B. F. Westcott comentou: “Pode-se dizer que mesmo as ‘coisas celestiais’, na extensão em que personificam as condições da futura vida do homem, adquiriram pela Queda alguma coisa que necessitava ser purificada.” Foi o sangue de Cristo, disse Westcott, que se achava disponível “para a purificação do celestial arquétipo do santuário terrestre.” 5
 Assim como os pecados do povo de Deus eram pela fé transferidos para a oferta pelo pecado e então simbolicamente transportados para o santuário terrestre, assim, sob o novo concerto, os pecados confessados pelo penitente são pela fé colocados sobre Cristo.6
De modo como durante o Dia da Expiação típico a purificação do santuário removia os pecados que já se haviam acumulado, assim o santuário celestial é purificado pela remoção final de todos os pecados registrados nos livros celestiais. Mas antes que os registros sejam finalmente limpos, serão eles examinados a fim de ser determinar quem, através de arrependimento e fé em Cristo, está apto a entrar em Seu reino eterno. Portanto, a purificação do santuário celestial envolve uma obra de juízo investigativo7 que reflete plenamente a natureza do Dia da Expiação como dia de julgamento.8
Este julgamento, ratifica as decisões quanto a quem deverá estar entre os salvos e quem estará entre os perdidos. Deve ocorrer antes da Segunda Vinda, pois por ocasião do Segundo Advento, Cristo deverá retribuir “a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 22:12). Naquela oportunidade também serão respondidas as acusações de Satanás (Apocalipse 12:10).
Todos aqueles que verdadeiramente se arrependeram e pela fé reclamaram o sangue do sacrifício expiatório de Cristo, terão assegurado o perdão. Quando seus nomes forem chamados a julgamento e se constatar que eles estão revestidos pelo manto da justiça de Cristo, seus pecados serão apagados e eles serão considerados dignos da vida eterna. (Lucas 20:35).
“Aquele que vencer”, disse Jesus, “será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos” (Apocalipse 3:5).
O profeta Daniel revela a natureza desse julgamento investigativo. Enquanto o poder apóstata simbolizado pelo chifre pequeno leva avante suas blasfêmias e sua obra de perseguição contra Deus e Seu povo na Terra (Daniel 7:8, 20, 21 e 25), tronos são colocados no Céu e Deus preside a sessão do tribunal nesse julgamento final. Ele ocorre na sala do trono do santuário celestial e é assistido por milhões de testemunhas celestiais. Quando o tribunal entra em funcionamento, os livros são abertos, assinalando o início do processo de investigação (Daniel 7:9 e 10). Somente depois desse julgamento é que o poder apóstata é destruído (Daniel 7:11).9

A Ocasião do Julgamento

Tanto o Pai quanto Cristo acham-Se envolvidos no juízo investigativo. Antes de Seu retorno à Terra nas “nuvens do Céu”, Cristo, na qualidade de “Filho do homem” vem “com as nuvens do Céu” até o “Ancião de Dias”, Deus Pai, e posta-Se diante dEle (Daniel 7:13). Desde o momento de Sua ascensão, tem Jesus Cristo trabalhado como Sumo Sacerdote, nosso intercessor diante de Deus (Hebreus 7:25). Mas nessa oportunidade, Ele vem para receber o reino (Daniel 7:14).

O eclipse do ministério sacerdotal de Cristo.

Daniel 8 fala-nos a respeito da controvérsia entre o bem e o mal e do triunfo final de Deus. Esse capítulo revela que no espaço decorrido entre a inauguração do ministério sumo-sacerdotal de Cristo e a purificação do santuário celestial, um poder terrestre haveria de obscurecer o ministério de Cristo.
O carneiro da visão representava o império Medo-Persa (Daniel 8:2) – sendo que dois chifres, o mais alto apareceu por último, retratando claramente as duas fases do império, em que os persas dominantes entraram em cena por último. Conforme Daniel predissera, esse reino oriental exaltava o seu poder “para o ocidente, e para o norte, e para o sul”, e assim se engrandeceria (Daniel 8:4).
O bode macho que vinha do ocidente simbolizava a Grécia, com o seu grande chifre, o “rei primeiro” representando Alexandre, o Grande (Daniel 8:21). Provindo “do ocidente”, Alexandre rapidamente derrotou os persas. Depois, dentro de poucos anos após a sua morte, o império foi dividido em “quatro reinos” (Daniel 8:8 e 22) – os reinos de Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu.
“No fim de seu reinado” (Daniel 8:23), ou, em outras palavras, próximo ao fim do dividido império grego, erguer-se-ia um “chifre pequeno” (Daniel 8:9). Alguns consideram Antíoco Epifânio, um rei sírio que governou sobre a Palestina durante curto período no segundo século a.C., como sendo o cumprimento desta porção da profecia.
Outros, incluindo a maioria dos reformadores, têm identificado este chifre pequeno como Roma, tanto na fase pagã quanto na fase papal. Esta última interpretação corresponde exatamente às especificações dadas por Daniel, ao passo que a outra não o faz.10 Observe os seguintes pontos:
a. O poder do chifre pequeno estende-se desde a queda do império grego até o “tempo do fim” (Daniel 8:17). Somente Roma pagã e papal, preenche essas especificações quanto ao tempo.
b. As profecias de Daniel 2, 7 e 8 correm paralelamente. Os quatro metais da imagem de Daniel 2, assim como as quatro bestas de Daniel 7 representam os mesmos impérios mundiais: Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma. Tanto os pés de ferro e barro como os dez chifres do quarto animal representam as divisões do império romano; esses estados divididos deveriam continuar até o Segundo Advento. Observe que ambas as profecias indicam que Roma sucederia a Grécia, e que ela seria o último império antes da Segunda Vinda de Cristo e do julgamento final. O chifre pequeno de Daniel 8 encaixa-se na mesma moldura; sucede a Grécia e é destruído de modo sobrenatural, ou “sem mão humana” (Daniel 8:25, Daniel 2:34).11
c. A Medo-Persa é identificada como “grande”, a Grécia é apresentada como “muito grande” e o chifre pequeno como “excessivamente grande” (Daniel 8:4, 8 e 9). Roma, um dos maiores impérios mundiais, preenche bem esta especificação.
d. Somente Roma expandiu o seu império para o sul (Egito), para o leste (Macedônia e Ásia Menor) e para a “terra gloriosa” (Palestina), exatamente como predissera a profecia (Daniel 8:9).
e. Roma ergueu-se contra o “Príncipe do exército”, o “Príncipe dos príncipes” (Daniel 8:11 e 25), que é ninguém menos que Jesus Cristo. “Contra Ele e Seu povo, assim como contra o Seu santuário, o poder de Roma desenvolveu a mais extraordinária guerra. Esta descrição cobre tanto a fase pagã quanto a fase papal de Roma. Enquanto Roma pagã atingiu a Cristo e até mesmo destruiu o templo de Jerusalém, Roma papal efetivamente obscureceu o ministério mediatório, sacerdotal de Cristo em favor dos pecadores no santuário celestial (Hebreus 8:1 e 2), ao instituir um sacerdócio que pretende oferecer perdão através da mediação humana.” 12 Esse poder apóstata alcançaria bastante êxito, pois “deitou por terra a verdade; fez isto e prosperou” (Daniel 8:12).
Nisto Cremos, CPB, 4.ª ed.,1997, pág.408.
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O Tempo de Restauração, Purificação e Julgamento

Deus não permitiria que o eclipsamento da verdade relativa ao ministério sumo-sacerdotal de Cristo prosseguisse indefinidamente. Através de homens e mulheres fiéis e tementes a Deus, Ele reavivaria Sua causa. A reforma redescobriu parcialmente o papel de Cristo como nosso Mediador, o que ocasionou grande reavivamento no seio do mundo cristão. Contudo, havia ainda outras verdades a serem reveladas acerca do ministério celestial de Cristo.
A visão de Daniel indicara que o papel de Cristo como nosso sumo sacerdote tornar-se-ia especialmente notável no “tempo do fim” (Daniel 8:17), quando Ele começasse Sua obra especial de purificação e julgamento, em adição ao Seu contínuo ministério intercessório (Hebreus 7:25).1 A visão especifica o momento em que Jesus deveria começar seu antitípico ministério do dia da expiação – a tarefa de juízo investigativo (Daniel 7) e purificação do santuário – “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (Daniel 8:14).2 Uma vez que a visão se refere ao tempo do fim, o santuário aqui mencionado não pode ser o santuário terrestre – pois este já havia sido destruído em 70 d.C. Portanto, a profecia se refere ao santuário do novo concerto no Céu – o lugar em que Jesus ministra em favor de nossa salvação.
O que são os 2300 dias ou “2300 tardes e manhãs”, segundo o original hebraico? 3
De acordo com Gênesis 1, “tarde e manhã” equivale a um dia. Um período de tempo em profecia simbólica também é simbólico: um dia profético representa um ano. Assim, de acordo com o que muitos cristãos ao longo dos anos têm acreditado, os 2300 dias de Daniel 8 significam 2300 anos literais.4
a. Daniel 9: a chave para desvendar Daniel 8.
Deus comissionou o anjo Gabriel a fazer o profeta Daniel “entender a visão” (Daniel 8:16). Mas o impacto das informações foi tão grande, que Daniel adoeceu e Gabriel teve de descontinuar a explicação. Encerrando o capítulo 8, Daniel observou: “Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse” (Daniel 8:27).
Em virtude dessa interrupção, Gabriel teve de retardar a explicação relativa ao período de tempo envolvido – o único aspecto da visão que ainda não havia sido explicado. Daniel 9 descreve o seu retorno com o objetivo de completar a tarefa. Portanto, Daniel 8 e 9 acham-se conectados, sendo o segundo a chave para com a qual desvendamos o mistério dos 2300 dias.5 Quando Gabriel apareceu, disse a Daniel: “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim para to declarar… considera, pois, a coisa, e entende a visão.” (Daniel 9:22 e 23).
Ele está se referindo retroativamente à visão dos 2300 dias. Seu desejo de explicar os elementos de tempo da visão de Daniel 8 torna claro por que ele começa sua explicação referindo-se a profecia das setenta semanas.
As setenta semanas, ou 490 anos, estavam “determinada” ou “decretadas” para os judeus e Jerusalém (Daniel 9:24). O verbo hebraico subjacente é chathak. Embora esse verbo seja usado somente uma vez nas Escrituras, seu significado pode ser compreendido a partir de outras fontes hebraicas.6 O conhecido dicionário hebraico-inglês de Genesius estabelece que o significado apropriado do termo é “cortar”, ou “dividir”.7
A partir desta retrospectiva, os comentários de Gabriel são muito reveladores. Ele diz a Daniel que os 490 anos devem ser cortados – ou separados – do período maior de 2300 anos. Como ponto inicial dos 490 anos, Gabriel refere-se à ordem “para restaurar e para edificar Jerusalém” (Daniel 9:25), o que ocorreu em 457 a.C., o sétimo ano do reinado de Artaxerxes.8
Os 490 anos finalizaram em 34 d.C.. Ao separarmos 490 anos dos 2300 anos, restam ainda 1810 anos. Uma vez que os 2300 anos deveriam estender-se 1810 anos para além do ano 34 d.C., concluímos que devam alcançar o ano de 1844.9
b. Procurando uma compreensão mais plena do ministério de Cristo.
Durante a porção inicial do décimo nono século, muitos cristãos – incluindo batistas, presbiterianos, medotistas, luteranos, anglicanos, episcopais, congregacionalistas e discípulos de Cristo – dedicaram estudo intensivo às profecias de Daniel 8.10 Todos esses estudiosos da Bíblia aguardavam que algum acontecimento muito significativo ocorresse ao final dos 2300 anos. Dependendo de sua compreensão do poder do chifre pequeno e do santuário, eles esperavam que esse período profético terminasse com a purificação da Igreja, com a libertação da Palestina e de Jerusalém, com o retorno dos judeus, com a queda do poder turco ou muçulmano, com a destruição do papado, com a restauração do verdadeiro culto, com o início do milênio terrestre, com o dia do juízo, com a purificação da Terra pelo fogo, ou com o Segundo Advento.11
 Nenhuma dessas predições se materializou, e todos os que nelas criam se desapontaram. A profundidade de seu desapontamento ocorreu na proporção da natureza do evento predito. Obviamente o desapontamento daqueles que aguardavam o retorno de Cristo em 1844 foi mais traumático do que o daqueles que aguardavam o retorno dos judeus para a Palestina.12
 Como resultado de seu desapontamento, muitos desistiram de estudar as profecias ou abandonaram o método historicista de interpretação das profecias, o qual os havia conduzido àquelas conclusões.13 Alguns, entretanto, prosseguiram no estudo das profecias e do assunto do santuário com muita oração e dedicação, focalizando o ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial, em seu favor. Novos e preciosos vislumbres desse ministério recompensaram seus esforços. Descobriram que a histórica fé profética da igreja primitiva e da Reforma ainda era válida. O cálculo do período profético estava correto. Os 2300 anos haviam findado em 1844. Seu equívoco – e de todos os intérpretes daquela oportunidade – foi quanto a sua compreensão de qual evento haveria de ocorrer ao final daquele período profético. Nova luz no tocante ao ministério de Cristo no santuário converteu o desapontamento daquelas pessoas em esperança e alegria.14
Seus estudos dos ensinamentos bíblicos no tocante ao santuário revelaram que em 1844 Cristo veio ao Ancião de Dias e começou a fase final de sumo-sacerdócio no santuário celestial. Esse ministério representava o antítipo do Dia da Expiação com sua purificação do santuário, que Daniel 7 retrata como juízo investigativo do período pré-advento.
Essa nova visão do ministério celestial de Cristo “não representava um afastamento da fé cristã histórica. Ela é, na verdade, o complemento lógico e a consumação inevitável dessa fé. É simplesmente o aparecimento e o cumprimento, nos últimos dias, da ênfase profetizada que caracterizaria o evangelho eterno… no segmento final de seu testemunho ao mundo.” 15

A relação com o Grande Conflito

As profecias de Daniel 7 e 8 expõem as perspectivas mais amplas do resultado final da grande controvérsia entre Cristo e Satanás.
¤ A Vindicação do Caráter de Deus.
Através das atividades do chifre pequeno, Satanás tem tentado desafiar a autoridade de Deus. Os atos desse poder têm lançado opróbrio e pisoteado o santuário celestial, o centro do governo de Deus. As visões de Daniel indicam um julgamento pré-advento no qual Deus emitirá o veredicto de condenação sobre o chifre pequeno, e dessa forma sobre o próprio Satanás. À luz do Calvário, todos os desafios de Satanás serão refutados. Todos chegarão a entender e a concordar que Deus é justo; que Ele não tem responsabilidade pelo problema do pecado. Seu caráter emergirá inatacável e Seu governo de amor será reafirmado.
¤ A Vindicação do Povo de Deus.
Ao mesmo tempo que o julgamento trará condenação ao poder apóstata do chifre pequeno, ele também é empreendido para fazer “justiça aos santos do Altíssimo” (Daniel 7:22). Efetivamente, esse julgamento não apenas vindicará a Deus perante o Universo, mas também o Seu povo. Embora os santos possam ter sido desprezados e perseguidos em virtude da fé em Cristo, conforme o foram ao longo dos séculos, o julgamento recoloca as coisas nos devidos lugares.
O povo de Deus concretizará a promessa de Cristo: “Portanto, todo aquele que Me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante de Meu Pai que está nos Céus.” (Mateus 10:32; Lucas 12:8 e 9; Apocalipse 3:5).

¤ Julgamento e Salvação.

Porventura o juízo investigativo ameaça a salvação daqueles que crêem em Cristo Jesus?
De modo nenhum. Crentes genuínos vivem em união com Cristo, confiando nEle como intercessor (Romanos 8:34). Sua segurança é a promessa de que “temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I João 2:1).
Por que, então, o julgamento investigativo antes do Advento?
Ele não ocorre para benefício da divindade. Destina-se, antes, primeiramente ao benefício do Universo, servindo para responder às acusações de Satanás e para garantir aos seres não caídos que Deus permitirá a entrada em Seu reino tão-somente daqueles que verdadeiramente se converteram. Dessa forma Deus abre os livros de registro a fim de permitir uma inspeção imparcial (Daniel 7:9 e 10).
 Os seres humanos pertencem a uma das três classes: (1) os ímpios, que rejeitam a autoridade de Deus; (2) crentes genuínos que, mediante a confiança nos méritos de Cristo pela fé, vivem em obediência à Lei de Deus; e (3) aqueles que parecem ser cristãos genuínos mas não o são. Os seres caídos conseguem discernir facilmente a primeira categoria. Mas… quem é crente genuíno e quem não é? Ambos os grupos têm seus nomes escritos no Livro da Vida, o qual contém os nomes de todos os que alguma vez entraram no serviço de Deus (Lucas 10:20; Filipenses 4:3; Daniel 12:2; Apocalipse 21:27). A própria Igreja tem em suas fileiras crentes genuínos e crentes falsos, o trigo junto com o joio (Mateus 13:28 a 30).
As criaturas não caídas de Deus não são seres oniscientes; não conseguem ler os corações. “Assim se faz necessário um julgamento – antes da segunda vinda de Cristo – a fim de separar o verdadeiro do falso e para demonstrar ao Universo expectante a justiça de Deus em salvar o crente sincero. A questão tem a ver com Deus e o Universo, não com Deus e o Seu filho verdadeiro. É necessária a abertura dos livros de registro, a exposição daqueles que professam fé e cujos nomes foram anotados no Livro da Vida.16
Cristo retratou esse julgamento através da parábola dos convidados à ceia de casamento que respondem ao generoso convite do evangelho. Pelo fato de nem todos que decidem ser cristão serem efetivamente genuínos discípulos, o Rei reconhece a necessidade de inspecionar os convidados e ver quem possui os trajes nupciais. “Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro e imaculado, que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão. Foi dado à Igreja ‘que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante’ (Apocalipse 19:8; Efésios 5:27). O linho fino, diz a Escritura, ‘é a justiça dos santos’ (Apocalipse 19:8). A justiça de Cristo, Seu próprio caráter imaculado, é, pela fé, comunicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.” 17
 Quando o Rei inspecionar os convidados, somente aqueles que estiverem vestidos das vestimentas da justiça de Cristo, tão graciosamente oferecidas no convite evangélico, serão aceitos como genuínos crentes. Aqueles que professam ser seguidores de Deus mas vivem em desobediência e não estão cobertos pela justiça de Cristo, serão apagados do Livro da Vida (Êxodo 32:33).
O conceito de um juízo investigativo de todos aqueles que professam fé em Cristo não contradiz o ensino bíblico da Salvação unicamente pela fé através da graça. Paulo sabia que um dia ele próprio enfrentaria o juízo. Diante desse fato, expressou o desejo de “ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Filipenses 3:9). Todos os que estão unidos a Cristo possuem a certeza da salvação. Na fase pré-advento do último julgamento, os crentes genuínos, aqueles que possuem uma relação salvadora com Cristo, recebem afirmação perante o universo não caído.
Contudo, Cristo não pode assegurar a salvação àqueles que apenas professam ser cristãos com base nas boas obras que praticam (Mateus 7:21 a 23). Os registros celestiais, portanto, são mais do que apenas um ferramenta que serve para separara os genuínos dos falsos. Também representam o alicerce para confirmação dos crentes genuínos diante dos anjos.
 ”Longe de roubar ao crente de sua certeza em Cristo, a doutrina do santuário a sustenta. Ela ilustra e esclarece à mente do seguidor de Cristo, sobre o plano da salvação. Seu coração penitente regozija-se ao perceber a realidade da morte substitutiva de Cristo em favor de seus pecados, conforme prefigurada nos sacrifícios. Adicionalmente, sua fé alcança as alturas a fim de encontrar significado num Cristo vivo, que é o seu Advogado sacerdotal na própria presença santa de Deus.” 18

Tempo de Estarmos Prontos

Deus deseja que as boas novas desse último ministério salvador de Cristo seja levada a todo o mundo antes do retorno de Jesus. Nessa mensagem, o ponto central é o evangelho eterno, o qual deve ser pregado num sentido de urgência, pois “É CHEGADA A HORA DO SEU JUÍZO” (Apocalipse 14:7). Esse chamado adverte o mundo de que o julgamento de Deus está ocorrendo exatamente agora.
Estamos vivendo hoje no grande dia antitípico da expiação. Tal como os israelitas eram convocados para afligir a alma naquele dia (Levítico 23:27), assim Deus chama a todo o Seu povo para experimentar arrependimento de todo o coração. Todos os que desejarem conservar seu nome no Livro da Vida devem ajustar suas contas com Deus e com seus semelhantes durante este tempo do julgamento de Deus (Apocalipse 14:7).
O trabalho de Cristo como sumo sacerdote aproxima-se do fim. Os anos da provação humana estão se escoando.19 Ninguém sabe em que momento a voz de Deus proclamará: “Está Feito!” “Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo.” (Marcos 13:33).
Embora vivamos no soleníssimo tempo do dia antitípico da expiação, não necessitamos temer. Jesus Cristo, em Sua dupla capacitação de sacrifício e sacerdote, ministra em nosso favor no santuário celestial. Uma vez que temos “a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os Céus, conservemos firmes a nossa confissão.
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-Se das nossa fraquezas, antes foi Ele tentando em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemos-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, afim de recebemos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hebreus 4:14 a 16).
Nisto Cremos, CPB, 4.ª ed.,1997, pág.408.
Fonte: Artigo extraído do Livro O Selo de Deus na Lei, nos capítulos 21, 22 e 23

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