Para início de conversa, gostaria de fazer uma afirmação contundente: nosso fundamento precisa estar em Deus! Ele nos ajuda revelando informações preciosas de diversas maneiras.
Em primeiro lugar, a mais urgente e fundamental fonte de informações que precisamos aprender a usar corretamente é a Bíblia. E, em segundo lugar, temos a natureza. O livro da natureza tem sido extremamente negligenciado entre a maioria dos que se dizem cristão, apesar das inúmeras advertências bíblicas para que se estude o livro da natureza. Onde a Bíblia fala sobre isso? Você pode encontrar em Jó 38 em diante (intervenção de Deus depois de um debate teológico; Deus direciona a atenção deles à natureza); Romanos 1 (tudo o que se pode saber sobre Deus está escrito na natureza); Salmo 19; Provérbios 8:22 em diante.
E onde entra a Ciência nessa história? Ciência não é fonte de informação, é metodologia de estudo. Quanto mais científicas forem sua exegese e sua hermenêutica (exemplos de bons métodos da Ciência), tanto mais próximo você poderá chegar de entender corretamente a Bíblia. O mesmo se aplica à natureza. Não deveríamos precisar defender nem a confiabilidade da Bíblia e nem a confiabilidade da natureza por meio da ciência. Mas vivemos em um mundo de pecado e precisamos partir de onde as pessoas estão e tentar ajudá-las a chegar ao que falta. Não se trata de considerar o que é mais fundamental, mas de onde se deve partir para completar a mensagem. Não faz sentido algum tentar usar a Bíblia para justificar ideias quando conversamos com quem não acredita nela. Primeiro é preciso mostrar porque confiamos nela.
Ciência não responde perguntas. Ela fornece métodos para tirarmos o melhor proveito possível das informações disponíveis. Um bom exemplo é que ninguém pode afirmar com certeza o que seja o “haja luz”. (Gênesis 1:3) E realmente, até onde sei, não temos informações sobre a origem daquela luz. O que temos à nossa disposição não é a informação histórica detalhada de tudo o que aconteceu no Universo desde a criação (embora várias coisas sobre isso estejam acessíveis), mas temos acesso a estudar como as coisas funcionam na natureza e como essas coisas se relacionam com Deus. Há tanta informação revelada nesse âmbito que é difícil dar conta de assimilar o que está à mão. Muitos frutos pendurados em galhos baixos esperando para serem apanhados e comidos.
Ciência, por exemplo, permite estudar qualquer assunto, mas precisamos ter dados para isso. Como disse antes, Ciência não é fonte de informações. Você precisa de duas coisas para estudar: fonte de informação e método. O papel da Ciência é fornecer os melhores métodos, não os dados. Os dados você coleta de observações (natureza, Bíblia, ou qualquer outra fonte que você deseje conferir).
É claro que muitas coisas são completamente inacessíveis à “ciência humana”, mas plenamente acessíveis à verdadeira Ciência.
Naturalismo metodológico versus ciência verdadeira
Muitos cristãos não enxergam problemas no naturalismo metodológico. Acham que sem ele, ainda estaríamos acomodados com o Deus das lacunas. No entanto, comparando o que a Bíblia ensina sobre Deus e a criação com o que se observa no mundo natural, inclusive quanto à confiabilidade de métodos de raciocínio e pesquisa, os pioneiros ou “pais da ciência” – tais como Newton, Galileu, Roger Bacon, Da Vince, Huygems, Lagrange, Euler e outros – concluíram que, ao contrário da filosofia humana, a Matemática é transcendental, sobrenatural, e foi usada por Deus para criar tudo. Por esta razão, deveríamos aprender mais sobre ela no estudo da natureza e usar esses mesmos elementos matemáticos para estudar a natureza e aprender mais sobre Deus. Esses instrumentos matemáticos disponibilizados por Deus é que representariam a “verdadeira Ciência”. Em outras palavras, na visão dos pioneiros que realmente fizeram a maior diferença na revolução científica, a Ciência verdadeira tem um caráter intrinsecamente sobrenatural e não é compatível nem com o naturalismo filosófico e nem como o metodológico.
No naturalismo metodológico só usamos coisas ditas “naturais”, nunca transcendentais. O protocolo aristotélico, que a maioria das pessoas confunde com o método científico, funciona bem no contexto naturalista. Não há nada de errado em fazer pesquisas limitadas pelo naturalismo metodológico. Elas só não se encaixam no conceito de Ciência dos pioneiros. Se você começar a ligar os pontos do que encontramos quando nos aprofundamos nas leis físicas, notará (se não tiver um viés fortíssimo contrário) que as regras matemáticas que lhes dão sustentação transcendem este universo. A Matemática é intrinsecamente infinita e transcendente. Não pode ser contida pelo minúsculo cercado do naturalismo metodológico. Isso geraria inconsistências.
Conclusão: como a Ciência definida pelos pioneiros depende da Matemática e a Matemática transcende ao mundo natural, o naturalismo em qualquer das suas formas é incompatível com a Ciência.
por Eduardo Lütz
Eduardo Lütz reside no Rio Grande do Sul, é cristão protestante e tem atuado na área de Astrofísica, desenvolvendo métodos para lidar com Teoria Quântica de Campos em presença de campos gravitacionais intensos, desenvolvendo modelos matemáticos nessa e em muitas outras áreas. Efetuou Pesquisas em Física Hipernuclear (com híperons) na Universidade Friedrich-Alexander (Alemanha). Ele tem discutido com formadores de opinião, escrito e revisado artigos, participado em livros, fornecido entrevistas e feito muitas palestras sobre diversos temas de interesse nessa área por todo o Brasil. Também é engenheiro de software para a Hewlett-Packard (HP), desenvolvendo tecnologias em Informática há décadas. Principais qualificações: 1. Mestre em Astrofísica Nuclear pela UFRGS 2. Bacharel em Física pela UFRGS
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