quinta-feira, 20 de julho de 2017

O que “Game of Thrones” tem a ver com pornografia?



A pornografia é um assunto tabu no mundo cristão. Poucas pessoas se arriscam a falar do tema. Porém, isso não significa que o assunto não seja importante. É muito importante!

Vou abrir meu coração para vocês: Eu fico muito preocupado com cristãos achando que o conteúdo de esta e outras series e filmes “não afetam” as pessoas. Não se iluda, afeta sim! Tudo o que colocamos na nossa mente, que é parte do Templo do Espírito Santo, afeta nossa vida. Não é à toa que Salomão diz: Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” Outra versão: “Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.” O principal é guardar a nossa mente e cuidar as coisas que colocamos lá! Não há dúvidas sobre este assunto!


Muitos especialistas concordam que já é um assunto de saúde pública, pois afeta a saúde, a família e a sociedade como um todo. A pornografia destrói muitos aspectos fundamentais da vida como os relacionamentos, o conceito bíblico do sexo, deturpa a imagem do ser humano (por exemplo, a mulher passa a ser vista como um objeto de prazer e não alguém com sentimentos).

O vício pode afetar os relacionamentos presentes (casados) e futuros (solteiros). Por isso, o artigo a seguir, e Noah Filipiak, será muito relevante para tratar desse tema de forma direta e aberta.

Porém, esse importante artigo não tem o propósito de abordar a dinâmica do vício da pornografia, que é algo complexo e que precisa de ajuda profissional para um tratamento. Clique na imagem abaixo e veja o que falei a respeito noutro post:

Se você for viciado em pornografia, não tenha vergonha de admitir isso conversando com Deus a respeito. Busque também ajuda profissional e não se esqueça de que ao longo do processo você terá a graça de Cristo lhe amparando durante as quedas (1Jo 1.9; 2.1-2). Siga adiante porque o amor de Deus por você não diminui por gostar de pornografia! Porém, não deixe de lutar contra ela.

Agora vamos ao artigo de Noah Filipiak.

Se você assiste Games of Thrones, está assistindo pornografia

O seriado de sucesso Game of Thrones, da HBO, recebeu 26 estatuetas do Emmy, incluindo o prêmio de “melhor série dramática” em 2015, e tem 18,6 milhões de pessoas assistindo a cada episódio da série — um recorde para o canal HBO —, praticamente a mesma população de Nova Iorque, o terceiro estado mais populoso dos Estados Unidos. Esse é um número muito grande, que abrange muitas pessoas e indica uma forte influência cultural.

O que faz as pessoas assistirem a Game of Thrones? Certamente, a atuação artística, o enredo, as personagens, a trama, as batalhas, os dragões e, é claro, as cenas exageradas e gratuitas de nudez e de sexo (incluindo uma cena longa e explícita de estupro que virou notícia ano passado).


Assim como o fenômeno de “Cinquenta Tons de Cinza”, tudo isso traz à tona o problema do sexo como entretenimento de massa. O que faz um filme pornô ser “pornografia” e Game of Thrones ser um ícone premiado e bem-sucedido da cultura popular?

Ambos têm uma história e ambos são eróticos. Eu suponho que a diferença esteja em Game of Thrones ter mais enredo do que sexo, razão pela qual ele é considerado um drama e não um “pornô”, já que pornografia tem mais sexo do que enredo. Alguém também poderá dizer que o propósito de Game of Thrones é artístico, enquanto o propósito de um filme pornô é o prazer sexual. Ainda que essa seja uma afirmação bem subjetiva, que muitos na indústria pornográfica poderiam facilmente refutar, o propósito de ambas as coisas, no fim das contas, é o dinheiro, mas essa é uma outra história.

Será que a população de todo o estado de Nova Iorque admitiria abertamente assistir a pornografia, “adorar” assistir, discutir o assunto com os amigos e até comentar as histórias de seus “pornôs” na linha do tempo do Facebook?

É óbvio que não.

Mas o que é pornografia, afinal? Você simplesmente sabe o que é antes de assistir? Então, por que ainda assiste, mesmo sabendo do que se trata?

Muitas pessoas diriam que folhear uma revista adulta é ver pornografia. Mais pessoas ainda, se descobrissem que os seus filhos estão na Internet procurando vídeos (com nudez ou sexo explícitos) ou fotos eróticas (em que a mente dos seus filhos estaria simplesmente fazendo o resto do serviço), certamente chamariam isso de “pornô”.

E se alguém cortasse uma das cenas de sexo explícito de Game of Thrones e pusesse só aquela cena online, separada em si mesma de toda a trama e enredo, e o seu filho baixasse esse vídeo, você chamaria isso de pornografia?

Sim, você chamaria.

Por que, então, quando se cobrem essas cenas com o glitz e o glamour da HBO, tudo de repente se torna socialmente aceitável? Será que é porque, na verdade, as pessoas adoram pornografia, mas não querem admitir publicamente? Elas não querem surfar nos sites obscenos da Internet, mas se conseguirem o seu “pornô” via HBO (ou via Netflix), tudo bem, o que elas querem é um jeito de guardar o bolo e comê-lo ao mesmo tempo. Querem ter “pornô” sem o estigma social; “pornô” que a sua esposa deixe você assistir; “pornô” que seja possível racionalizar.

Nós somos realmente muito bons em enganar-nos a nós mesmos e geralmente aproveitamos a primeira oportunidade que temos para fazê-lo. O que é triste e irônico a respeito de Game of Thrones é que, ainda que as atrizes recebam muito mais salário, prêmios e fama que as atrizes pornográficas, elas continuam sendo seres humanos e o efeito emocional que tudo isso tem nelas é o mesmo. A maioria delas jamais admitirá o fato, mas a verdade permanece.

Triste e irônico é que, vez ou outra, algumas dessas atrizes de renome admitam sentir nojo por estarem presentes nessas cenas de sexo, mas o insaciável vício da nossa cultura por pornografia é sempre demais para que pensemos em mudar a nossa forma de retratar o sexo.

Há pouco tempo, a atriz Emilia Clarke virou notícia ao revelar a um jornal britânico que “não suportava” as cenas de sexo das quais ela participou em Game of Thrones. O artigo conta que “Emilia, que interpreta a princesa exilada Daenerys Targaryen, se recusou a aparecer seminua de novo dois anos atrás”. Ela “teria dito aos diretores do programa que ‘queria ficar conhecida por sua atuação, e não por seus seios’.”

Há, evidentemente, muita hipocrisia nessas falas da atriz. Digo isso não como um julgamento pessoal, mas como prova do fato de que a nossa cultura quer “o melhor dos dois mundos” quando o assunto é sexo. Ficar nua nas telas foi o que fez a fama da atriz e o que explica em grande parte a popularidade desse seriado. É muita incoerência.

Se você quer descobrir a verdade e saber como as coisas realmente são vistas pelo público, basta entrar no “mundo mágico” dos comentários da Internet. Uma das respostas ao artigo sobre Emilia Clarke diz o seguinte: “Nós não assistimos a você por sua atuação, querida”.

Isso é o que realmente acontece quando essas atrizes de Hollywood pensam estarem fazendo “nu artístico” com seus corpos: na verdade, o que elas estão fazendo é criando um vínculo sexual com milhões de homens, assim como as Escrituras nos dizem que acontece durante o sexo: “Os dois serão uma só carne” ( Gn 2, 24; 1 Cor 6, 16). Nos Evangelhos, Jesus nos diz que pensar em ter sexo com outra mulher que não a sua esposa é o mesmo que cometer adultério no coração (cf. Mt 5, 28). Por isso, nós não deveríamos ficar surpresos com respostas desse tipo.

Assim como acontece com sexo casual, há milhões de homens por aí interessados em Clarke apenas pelo seu corpo. O anúncio feito pela atriz, de que não irá mais expor-se, equivale ao término de uma relação casual. Você pode cobrir esses episódios com o quanto de “arte” quiser, mas eles não passarão de um “corpo despido” para a maior parte dos homens que assistirem.

E se você acha que pode de alguma forma filtrar a pornografia e ter apenas a “arte”, você é tão iludido e incoerente quanto. Pornografia sempre faz o mesmo com as pessoas: assim que entra em cena, joga fora toda a sua humanidade e dignidade. Tudo o que resta são pedaços de carne sendo consumidos por outros seres humanos.

Você não pode ao mesmo tempo manter a dignidade de alguém enquanto a usa para o seu próprio prazer. Ou assiste a pornografia ou trata as pessoas dignamente.

Escolha com sabedoria.

Por Noah Filipiak | Tradução: Equipe CNP

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