quarta-feira, 13 de julho de 2016

Por que os reis de Israel tinham tantas mulheres?



Penso que sua pergunta, na verdade, é como Deus lida com essa prática, e o que motivava os reis a ter tantas esposas. Além dos desejos corruptos das paixões humanas havia outras razões sociais e políticas para tal prática. Vou resumir a vontade de Deus sobre esta questão, examinar o propósito pelo qual os homens se casavam com tantas mulheres israelitas, e, finalmente, explorar a razão pela qual as esposas do rei não eram israelitas.

1. A Vontade de Deus: Parece ter sido a intenção de Deus que, em algum momento na história do Seu povo, fosse nomeado um rei sobre a nação. Com esse propósito, Deus providenciou uma legislação definindo o compromisso e o papel do rei (Deuteronômio 17:14-20). Até certo ponto, o rei devia ser um modelo para a nação, no estudo da lei, em confiar no poder de Deus e no propósito de Deus para o casamento. A lei estabelecia claramente: “Ele não deverá tomar para si muitas mulheres” (verso 17). Em outras palavras, ele não deveria ter um harém real. Deus esperava do rei o que também esperava de cada homem israelita: ter uma só esposa. Nesse aspecto, a realeza israelita falhou com o Senhor.

2. As muitas esposas de Davi: Foi principalmente por Davi que a prática real de ter muitas esposas foi introduzida em Israel. Ele tinha no mínimo nove esposas e não menos de dez concubinas. A função dessas concubinas não é clara. Elas estavam a serviço do rei para lhe dar filhos (2Samuel 20:3), e também podiam ser responsáveis pela manutenção do palácio (2Samuel 15:16). No antigo Oriente Próximo, as proezas sexuais do rei eram parte da sua imagem como monarca, e as muitas esposas transmitiam essa ideia para as pessoas. Davi estava simplesmente seguindo uma prática cultural da época. Ele também tomou várias mulheres israelitas como esposas. Elas deviam ser filhas de israelitas influentes e poderosos cujo apoio poderia ser útil para a consolidação do reinado de Davi. Esses eram casamentos com motivação política. Embora a maioria de suas esposas fosse israelita, parece que ele teve uma esposa estrangeira: “Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur”(2Samuel 3:3), uma princesa. Esse foi um casamento político e serviu para fortalecer a influência de Davi como rei entre as nações cananitas.

3. Esposas estrangeiras e a idolatria: O que Davi iniciou foi praticamente institucionalizado por Salomão: “Casou com setecentas princesas e trezentas concubinas” (1Reis 11:3). Muitas de suas concubinas, se não todas elas, podem ter sido israelitas, mas as esposas provavelmente fossem mulheres estrangeiras, filhas de reis com os quais Salomão fez aliança de relacionamento. Esse era um acordo comum em casamentos reais no antigo Oriente Próximo. Tais casamentos consolidaram o reinado de Salomão e contribuíram com as relações pacíficas entre ele e as nações ao redor (Sidom, Moabe, Ammom). Qualquer casamento político poderia ter danificado seriamente a integridade do rei, e, no caso de mulheres estrangeiras, teria levado o rei à idolatria (Deuteronômio 17:17; 1Reis 11:2). Quando esse tipo de casamento era arranjado, o acordo marital incluía a decisão de que a princesa continuaria a adorar seu deus no palácio de seu marido, nesse caso, Salomão. Possivelmente, algumas delas tenham se tornado israelitas. Cada uma dessas esposas vinha acompanhada por suas servas e, às vezes, por um líder religioso para assisti-la no culto ao seu deus. O marido devia oferecer um local de adoração para ela e sua comitiva. Seguindo essa prática pagã, “Salomão construiu um altar para Camos, […] e para Moloque […] Também fez altares para os deuses de todas as suas outras mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e ofereciam sacrifícios a eles” (1Reis 11:7, 8). Essas práticas políticas e religiosas são típicas do antigo Oriente Próximo. Elas contribuíram diretamente para a queda do povo de Deus no Antigo Testamento.

É sempre bom ouvir a Palavra de Deus, pois as Escrituras nos alertam e nos previnem contra práticas culturais que tendem a nos desviar do Senhor.
Angel Manuel Rodríguez, Revista “Adventist World” – Janeiro 2015

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