Por: Wellington Silva – Biólogo, Mestre em Genética e Evolução da UFSCAR, Doutor em Genética Molecular Humana.
A microevolução e a macroevolução podem ser concebidas como termos vagos, assim como “pequeno” e “grande”, e como os extremos de um contínuo de evolução, da menor escala à escala máxima. Entretanto, alguns biólogos argumentam que a micro e a macroevolução seguem processos distintos. Nesse caso, os termos não são arbitrários: microevolução se referiria aos fenômenos evolutivos dirigidos por um conjunto de processos e macroevolução aos fenômenos evolutivos dirigidos por um conjunto diferente de processos.
Um exemplo de microevolução seriam as mudanças nas frequências gênicas que ocorrem dentro das populações que estão sob influência da seleção natural e da deriva genética. Se tomarmos como exemplo as frequências dos grupos sanguíneos para o sistema ABO, veremos que elas diferem de um grupo étnico para outro.
A microevolução também pode ser definida como sendo a evolução no âmbito de características de organizações já existentes; modificação quantitativa de órgãos, estruturas ou planos de construção já existentes. Um exemplo que se enquadra neste tipo de definição seria o surgimento das diferentes raças de cães a partir de uma forma primitiva, provavelmente o lobo, enquanto que o surgimento dos mamíferos a partir de répteis e de seres vivos de organização mais simples seria considerado macroevolução. O famoso exemplo dos tentilhões de Darwin, das Ilhas Galápagos, também faz parte do âmbito da microevolução.
Sabemos atualmente, através dos mecanismos genéticos, que os organismos sofrem mudanças. Mas a questão é: até que ponto? Na cosmovisão criacionista as variações podem ocorrer, mas dentro dos limites estabelecidos por Deus ao criar os tipos básicos. Portanto, a diferença entre a microevolução e a macroevolução, rejeitada pelos criacionistas, não é o aspecto gradual, mas sim qualitativo. É muito frequente o uso dos termos microevolução e macroevolução sem o devido cuidado em diferenciá-los. Muitas vezes, nem sequer se discute a diferença entre microevolução e macroevolução e assim até se afirma não haver limites definidos entre os dois processos. Com essa definição de “evolução” simplesmente se sugere que a prova de alteração nas frequências gênicas coincide com a prova de uma verdadeira macroevolução, o que absolutamente não acontece.
Referências:
Evolução. Mark Ridley, 3ª edição. Editora Artmed, 2006.
Evolução: um livro texto crítico. Reinhard Junker e Siegfried Scherer. Sociedade Criacionista Brasileira, 2002.
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