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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Salmo 33 – A Soberania de Deus


Este é um cântico de adoração. Este salmo traduz a experiência pessoal em um hino nacional de ação de graças. Este poema é uma expressão conjunta de louvor e adoração marcada por um equilíbrio de pensamento e simetria de estrutura.
O Salmo 33 é um dos mais belos e impressionantes salmos. É composto de muita beleza e contém muito ensinamento teológico. Através dele podemos conhecer mais acerca de algumas das doutrinas da Bíblia. Neste salmo, podemos aprender mais de Deus e de Seus atributos. É muito proveitoso e gratificante conhecê-lO mais em um tempo de tanta insegurança e temor. A estrutura do salmo pode ser vista da seguinte forma:
A. Apelo dos Justos [1-3]
     B. O Caráter de Jeová [4-5]
          C. Jeová é Criador [6-9]
          D. Jeová é Governador [10-17]
     E. A Vigilância de Jeová [18-19]
F. Confiança dos Justos [20-22]

Introdução
Notemos as palavras iniciais do salmo: v. 1-3: “1 Exultai, ó justos, no Senhor! Aos retos fica bem louvá-lo. 2 Celebrai o Senhor com harpa, louvai-o com cânticos no saltério de dez cordas. 3 Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo.”
O salmo começa com um apelo, diferentemente do esperado, porque os apelos ficam para o final. Este é um forte apelo para adoração com alegria. Os justos são convidados a adorar ao Senhor com júbilo. Porque adorar sem alegria é uma incongruência. Não podemos imaginar um grupo de crentes que vão adorar a Deus em Seu templo com o coração cheio de ressentimento, mágoas e dissabores. Aos retos fica bem louvá-lO com alegria. Já estamos fartos de legalismo que é uma tentativa de adorar sem alegria. Portanto, vamos usar também os instrumentos musicais que dão um sabor de júbilo e entusiasmo ao louvor.
Inicialmente, este salmo nos convida a louvarmos a Deus, e logo nos dá as razões por que Ele Se demonstra Soberano, Altíssimo, Excelso através de todo o Salmo. Este Salmo apresenta 4 Razões por que Deus é Soberano e, portanto, tem o direito de ser louvado, exaltado e engrandecido. 
I – Deus é Soberano Porque Tem Caráter Excelente (4-5)
Por que temos de louvar a Deus com alegria? “Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel.” (v. 4)
O caráter de uma pessoa tem que ver com sua palavra. Para conhecermos o caráter de alguém, basta deixá-la falar por algum tempo. Aqui temos o caráter divino que se manifesta em Sua Palavra. Temos que louvar a Deus, porque a Sua Palavra é reta, correta, sem erro, verdadeira e por isso perfeita. E se a Sua palavra é perfeita, Ele tem caráter perfeito. Disse o apóstolo Tiago: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito.” (Tg 3:2). Deus é soberano por Seu caráter excelente, que se revela em Sua palavra que é reta.
Todos os conceitos divinos são retos, corretos; não são tortos, tortuosos, não nos iludem com promessas falsas, mas nos indicam um caminho proveitoso e, portanto, ao nós descobrirmos essa retidão da Palavra de Deus por experiência, a nossa alma encontra a alegria e louvor.
Retidão e alegria sempre vão de mãos dadas, e estão intimamente relacionadas. Temos que provar a retidão da Palavra em nós mesmos, ao termos um contato diário com os Escritos Inspirados, através dos quais ouvimos a voz de Deus. Então, saberemos por experiência própria o que significa a retidão da Palavra de Deus. O coração que encontrou a retidão da Palavra encontra verdadeira satisfação e regozijo para louvar e engrandecer ao Senhor por Seu caráter soberano. 
 O salmista continua descrevendo o caráter divino, no v. 4: “... e todo o Seu proceder é fiel.” O caráter tem que ver com as palavras e as ações. O caráter tem que ver com a coerência entre as palavras e os atos. As palavras não serão retas se o proceder não for fiel. A palavra tem que estar em harmonia com o proceder. A fala tem que ser coerente com o fazer.
Muitas vezes as pessoas demonstram um caráter fraco e defeituoso quando as palavras não são coerentes com o que dizem. Eles falam, mas não fazem, e isso se chama de hipocrisia. Muitos pretensos cristãos têm semelhante caráter: as suas palavras não estão em consonância com as suas obras. Há muitos que são considerados “tratantes”, porque tratam uma coisa e fazem outra. Pode ser alguém que desfaz um negócio por falta de palavra. Pode ser outro que marca um encontro, mas não aprece na hora marcada. Ou pode ser uma pessoa que não cumpre os seus compromissos pontualmente. 
Mas Deus, que tem um caráter perfeito, pelo contrário, tem uma palavra reta e um procedimento fiel. Todos os seus atos estão baseados naquilo que Ele já falou e estão ambos, a palavra e o proceder, em harmonia. As Suas obras são fiéis, porque estão de conformidade com o que Ele disse. O Seu proceder é fiel, porque Ele cumpre todas as Suas promessas feitas através de Sua Palavra.
O caráter tem que ver com a coerência e a excelência. Mas, Qual é a excelência do caráter divino? Quais são as máximas virtudes do caráter divino? “Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do Senhor.” (V. 5). Justiça e amor são duas palavras que revelam toda a excelência do caráter de Deus. Aqui temos as duas palavras que representam em essência a perfeição do caráter divino: justiça e amor. E estas duas palavras estão sintetizadas na palavra santidade. É por isto que Ele é chamado em Isaías como “o Santo de Israel”: porque somente Deus é santo (Ap 15:4).
(1) “Ele ama a justiça e o direito.” Ele é justo, porque todos os Seus atos estão adornados pela justiça, e é impossível que Ele pratique qualquer injustiça. “Ele ama a justiça e o direito.” Isto significa ser justo, a tal ponto que Deus pratica a justiça não por seguir uma série de regras, mas porque Ele faz tudo por amor. Disse o salmista acerca do Filho de Deus: “Amas a justiça e odeias a iniquidade.” (Sl 45:7). É impossível amar a justiça e a iniquidade ao mesmo tempo. Ele ama tanto a justiça ao ponto de odiar a iniquidade. O seu trato com pessoas é justo. Não importa se as pessoas são justas ou ímpias, Ele permanece justo e imparcial em todas as circunstâncias. E isto indica a Sua perfeição de caráter, em um aspecto. Mas há um outro aspecto:
(2) “A terra está cheia da bondade (amor) do Senhor.” O outro aspecto do caráter divino é o amor. Não seria perfeito o caráter divino [dizemos isso com reverência e gratidão], se Deus fosse apenas justo, sem amor. João descreve esse aspecto de tal modo intenso que chega a identificar o Seu Possuidor com a virtude dEle, dizendo que “Deus é amor” (1Jo 4:8).
Esta é a perfeição da santidade. O amor de Deus é uma expressão da Sua santidade. Assim como a Sua justiça, o Seu amor é dirigido para maus e bons, justos e injustos. E Jesus Cristo completa dizendo que assim é que Deus é perfeito (Mt 5:43-48). E é por isso que “a terra está cheia da bondade do Senhor”, que é apenas um reflexo do Seu exorbitado amor. 
Quando você ouve o canto dos pássaros, quando você sente o perfume das flores, quando contempla os céus e o mar em sua beleza e imensidão, você pode vislumbrar a bondade do Senhor em toda a terra. Quando vemos a perfeita adaptação de toda a natureza para a felicidade e subsistência do homem, quando vemos as bênçãos de prosperidade, crescimento e riqueza das nações, as novas descobertas tecnológicas deste século, vemos a Sua bondade em toda a terra.  
Justiça e amor são a base do trono de Deus (Sl 89:14). Ao lado da justiça estão todas as outras virtudes correlatas, como equidade, correção, retidão, direito, fidelidade etc. Ao lado do amor estão todas as outras virtudes que lhe são correlatas, como bondade, benevolência, misericórdia, piedade, longanimidade etc. Portanto, o Seu trono tem a base sólida de duas virtudes excelentes: justiça e amor, que representam todas as virtudes do caráter santo e perfeito de Deus.  
II – Deus é Soberano Porque Tem Poder Excelente (v. 6-9)
Lemos esta impressionante declaração: “6 Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles. 7 Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes vagas. 8 Tema ao Senhor toda a terra, temam-nO todos os habitantes do mundo. 9 Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Por que Deus é soberano? Ele é soberano por Sua Criação que revela as maravilhas da onipotência do Seu excelente poder. Esse poder maravilhoso é digno de adoração e louvor: é pelo poder de Deus que existimos e podemos ver tudo o que existe como manifestação do Seu poder onipotente.
Os céus com seus bilhões de galáxias, com o seu exército inumerável de estrelas, planetas, satélites, cometas e outros corpos celestes – tudo testifica do poder onipotente de Deus. E tudo isso foi criado com os seus trilhões de seres habitando esse universo infinito, seres de mundos desconhecidos – todos eles prontos para louvar e engrandecer o seu amorável, justo e soberano Criador Todo-poderoso, que “falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.”
Qual é o nosso privilégio? Temos o privilégio de erguer os nossos olhos para o alto e contemplar os céus das estrelas que podemos ver e reconhecer e louvar a grandiosidade dAquele cuja palavra trouxe todas essas maravilhas à existência. Não precisamos de nenhum cientista incrédulo que nos diga qual é a origem de tanta grandiosidade celeste, pois é “pela fé, [que] entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hb 11:3).
Qual deve ser a nossa atitude diante de tanto poder? O salmista responde de modo claro e sucinto: “Tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo. Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir.” (Vs. 8-9). O temor de Deus é o respeito que devemos prestar à onipotência do Seu maravilhoso poder. De fato, quando nos defrontamos com esse aspecto de Deus e compreendemos parcialmente os Seus atributos como um Criador Todo-poderoso, não temos outra atitude senão manifestar o nosso amor, respeito e reverência diante de tanta glória. E seguramente, louvamos a Deus pelo que Ele é e faz. E reconhecemos, humildes, a Sua soberania.
III– Deus é Soberano Porque Tem Governo Excelente (10-12)
Deus governa o universo e todas as nações deste mundo são obrigadas a fazer o que Ele quer. “10 O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. 11 O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.”
Ele é o Grande Comandante, que governa a terra e todo o universo.  O próprio nome de Deus é Senhor dos Exércitos. Como Deus governa as nações? Pelos Seus propósitos, planos e desígnios.
Os propósitos de Deus são soberanos, porque Ele faz o que quer e não permite que os Seus planos sejam frustrados. Ninguém pode impedi-los. Ele cumpre toda a Sua vontade. Se Deus determina que uma nação deve dominar o mundo todo, assim acontecerá de fato, não importa o que dirão ou o que farão as outras nações, assim será de fato.
Temos visto muitos exemplos disso nos anais da história universal. Deus escolhia uma nação e aquela dominava o mundo. Mas quando Ele escolhia outra nação, ninguém podia impedi-lO. Assim aconteceu com Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma, no passado, e continua acontecendo hoje, com os povos.
Os propósitos de Deus são justos e portanto, Ele frustra os desígnios maus das nações ímpias que não se conformam com a vontade divina. Ele muitas vezes “anula os intentos (malévolos) dos povos”. Muitas vezes se encontram anjos poderosos em meio às assembleias dos políticos que não podem explicar por que os seus planos vão à bancarrota.
Assim aconteceu com Napoleão Bonaparte, Hitler, Mussolini, Carlos V, Carlos Magno – todos eles queriam unir as nações da terra e se tornarem reis do mundo inteiro, mas Deus não permitiu que isso acontecesse, porque Ele já havia determinado por meio do profeta Daniel que as nações da Europa jamais se uniriam (Dn 2:43).
Como é o Conselho de Deus? O Seu conselho é eterno, dura para sempre, porque é o conselho de Jeová cujo nome indica esse fato por ser igualmente eterno. Tudo o que o Senhor faz é realizado propositalmente, e isto permanece firme. Deus ignora todos os intentos humanos, e faz com que estes sirvam aos seus propósitos; ninguém é capaz de impedir que os planos eternos de Deus se cumpram, fato que para nós é dos mais surpreendentes.
Qual é o estado de quem procura o conselho de Deus? O salmista também descreve a felicidade do povo escolhido. V. 12: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para Sua herança.” Nesta seção, Davi está falando dos povos e nações e não seria justo esquecer a nação que tem a Deus como o seu Senhor e é feliz por isso. Dentre todas as nações da terra, este é o povo que Deus escolheu para ser o Seu povo e nação. Dentre todos os povos da terra, esse é o povo mais feliz. De fato, a felicidade está em escolher a Deus e ser escolhido por Ele. E Deus manifesta a Sua soberania por escolher a nação que Ele deseja como o povo que dissemina a Sua verdade para a salvação dos outros povos.
Como se processa a Eleição divina? Esta é outra realidade no Plano da salvação. O apóstolo Paulo escreveu: “3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade.”  (Ef 1:3-5). Aqui notamos que a eleição divina acontece quando estamos “nEle” (em Cristo). Ou seja: Deus escolhe e predestina a todos os que escolhem a Cristo como o seu Senhor e Salvador pessoal. Esses são predestinados para a salvação. Esta é a única Eleição verdadeira.
IV – Deus é Soberano Porque Tem Visão Excelente (13-19)
A visão do Senhor é excelente porque se revela por Sua onisciência. Note as palavras: “13 O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; 14 do lugar de Sua morada, observa todos os moradores da terra, 15 Ele, que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (Vs.13-15).
Qual é o alcance da visão de Deus? Ele vê a todos os habitantes da Terra, independente da distância, do lugar de morada e esconderijo. Ele vê a todos, independente do caráter, da posição ou raça. Sua visão é ampla e nada refoge ao Seu olhar penetrante, perscrutador e onisciente. O Senhor olha dos céus e vê os moradores da terra em suas mais distantes habitações. Aquele que forma o coração dos homens contempla todas as sua obras. Ele vê o seu interior, os motivos do coração: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.” (Jr 17: 10).
Alguém poderia perguntar: Como pode Deus ser um Deus pessoal e ainda assim ser onipresente e estar em todos os lugares ao mesmo tempo? Os panteístas dizem que Deus está em toda a matéria, diluindo-Se nos átomos da natureza. Mas isto é despersonalizar a Deus que sabemos que é um Ser pessoal. Deus está além da matéria, e a Sua visão penetra além do que é visível.
Mas, se Deus tem uma forma (Jo 5:37), como pode ser onipresente? A resposta está aqui nos versos 13-14: “O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua morada, observa todos os moradores da terra.” Isso Ele consegue pela Sua onisciência. A onipresença divina se revela através da Sua onisciência. Ele está lá no Seu trono, Ele está lá na sua morada, nos Céus dos céus, Ele não precisa sair de lá, e, no entanto, Ele está presente em todos os lugares mais longínquos através de Sua onisciência, que é a capacidade de saber de todas as coisas do universo, no exato momento em que acontecem. Ele vê a tudo e a todos.    
Mas ao contemplar a todos os homens, Qual é a visão de Deus? Aquele Deus que está muito interessado nos seres humanos, vê a nossa urgente necessidade de salvação porque sabe que “Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por sua muita força se livra o valente. O cavalo não garante vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar.” (Vs.16-17).
Deus vê as limitações do homem para se salvar. Não há rei que se salve com o poder do seu exército. Não há rico que se salve com a sua riqueza. Não há valente que se salve com a sua coragem. Não há sábio que se salve com sua sabedoria. Não há ninguém que se salve por si mesmo. Você não pode se salvar por suas boas obras; não pode se salvar por seus sacrifícios, ou por seus méritos. Você não pode se salvar por seu batismo, por suas observâncias ou pelo dízimo que você devolve a Deus. Essas boas obras são obras de Deus na pessoa que se salvou (Ef 2:10), mas não são o meio de salvação para o pecador.
Então, Como é que podemos nos salvar? Note ainda a visão de Deus agora sobre uma outra classe de pessoas: V. 18: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que O temem, sobre os que esperam na Sua misericórdia.” Você só pode se salvar temendo a Deus e confiando na Sua misericórdia, através de Jesus Cristo. Os olhos de Deus estão “sobre os que O temem”: Temer ao Senhor significa respeitar tanto a Deus que vamos temer praticar o mal, e como vemos a nossa total incapacidade de guardar os Seus mandamentos, então, só podemos confiar na Sua misericórdia. Somente a misericórdia divina pode nos salvar. Ou como disse o apóstolo Paulo, somente a graça de Deus pode nos salvar, porque a graça é a fonte de Sua misericórdia, que por sua vez está baseada em Seu amor (Ef 2:1-10).
Mas em que consiste a misericórdia de Deus? Com que objetivo Deus “derrama” (Rm 5:5) o Seu amor sobre os que esperam na Sua misericórdia? V. 19: “Para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida.”  
Qual é a grande lição sobre a nossa alma? A misericórdia de Deus se manifesta em livrar a nossa alma da morte. Muitos cristãos evangélicos e católicos crêem sinceramente na doutrina da imortalidade da alma, porque foram desde cedo ensinados assim. Eles crêem que a sua alma é indestrutível e imortal. Mas aqui o texto fala da morte da alma dos justos, que confiam em Deus e na Sua misericórdia. A alma é perecível e está sujeita à morte. É por isso que necessitamos que Deus por Sua misericórdia livre da morte a nossa alma. Ele não precisaria fazer isso se nós fôssemos imortais e indestrutíveis. Mas a alma pode ser destruída e morta (Ez 22:27; 13:18-19; 18:4,20).
Qual é a nossa esperança? Tanto a alma dos ímpios como a alma dos justos é mortal, perecível. Mas pela misericórdia divina, todos podem salvar a sua alma da morte, tanto literalmente como espiritualmente. E é por isso que louvamos a Deus pela Sua visão maravilhosa e cheia de amor que paira por sobre todos quantos O buscam em sinceridade para serem salvos. E quando Jesus Cristo voltar, Ele nos salvará a alma da morte eterna, a fim de que possamos viver com Ele para sempre no Céu (Rm 5:9; Jo 14:1-3).
Deus vê o fim desde o princípio; Sua visão é excelente, e ninguém mais pode prever o que virá. Somente Deus pode ser exaltado como o Excelso e Soberano. Ele sabe de todas as coisas e pode ver todas as necessidades do ser humano. Ele sabe de suas aflições e pode socorrê-lo em tempo de carência e angústia. Você pode confiar nesse Deus porque Ele é Todo-poderoso e, portanto, soberano.
Conclusão (v. 20-22)
Portanto, temos o dever e o privilégio de louvar a Deus porque Ele é Soberano, por 4 razões apresentadas neste Salmo:
1) Porque Ele tem Caráter Excelente
2) Porque Ele tem Poder Excelente
3) Porque Ele tem Governo Excelente
4) Porque Ele tem Visão Excelente

Então, o Salmo 33 finaliza com 3 coisas:
1. Esperança: V. 20: “Nossa alma espera no Senhor, nosso Auxílio e Escudo.” Esperamos em Deus porque confiamos nEle como o “nosso Auxílio e Escudo”. Ele é a nossa proteção e segurança. De nada nos aproveitaria confiarmos em nossas aquisições, em nosso intelecto, em nosso salário, em nossas riquezas. A nossa única segurança para esta vida e para a vida eterna é o nosso Deus. 
2. Alegria. “NEle, o nosso coração se alegra, pois confiamos no Seu santo nome.” Quando você encontra uma pessoa justa e correta, você confia e se alegra com ela. Deus é a Fonte de nossa alegria, porque confiamos em Seu nome. Não há outro nome igual ao Seu, porque é santo. E desse modo o salmo termina como iniciou: com alegria. Se no princípio temos um apelo para louvar com alegria (vs. 1-3), no final (v. 21), temos uma declaração de que “o nosso coração se alegra” porque confiamos em Deus, cujo nome é santo.
E aqui vemos mais um estímulo à santidade, que será a razão de nossa alegria e júbilo, porque ninguém pode ter alegria verdadeira se continuar a viver no pecado. Confiamos no “santo nome” de Deus, buscamos a santidade e oramos: “santificado seja o Teu nome”, como Jesus nos ensinou em Sua Oração Modelo.
2. Misericórdia: V. 22: “Seja sobre nós, Senhor, a Tua misericórdia, como de Ti esperamos.” Esta deve ser a nossa oração: Como esperamos, assim oramos: que a misericórdia de Deus seja sobre nós como igreja e indivíduos. Nossa esperança está em Deus que nos confere a Sua misericórdia a cada dia. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm 3:22-23).

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

sábado, 15 de dezembro de 2012

Salmo 32 - A Bem-Aventurança do Perdão


Vou começar com uma pergunta: Existe Felicidade? Há várias teorias: alguns dizem que felicidade é apenas um sonho, um ideal inatingível e que, portanto, ela não existe. Outros dizem que felicidade é formada por momentos felizes, e que felicidade é a soma desses momentos agradáveis.
Entretanto, a Bíblia afirma que embora existam momentos e tempos de tribulação para todos, podemos ser felizes, e que a felicidade existe.
Vamos estudar hoje a base e o fundamento da verdadeira felicidade, em 4 Partes do Salmo 32:
1-    O Homem Feliz (v. 1-2)
2-    O Homem Infeliz (v. 3-4)
3-    Como ser Feliz (v. 5-7)
4-    A Vida Feliz (v. 8-11)

I – O HOMEM FELIZ
Versos 1-2: “1 Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. 2  Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo.”
Aqui temos uma bem-aventurança. Isso significa felicidade. “Bem-aventurado” é o homem feliz. O salmista começa com um glorioso clímax, como era o método do pensamento hebreu. Ele começa com a melhor parte.  
Quem é bem-aventurado? Quem é o homem feliz? O homem feliz é o homem que foi perdoado.
Mas De que é que esse homem foi perdoado?
O salmista apresenta 4 palavras que descrevem o caráter desse homem: no v. 1, a palavra é transgressão, (heb. pesha) que significa rebelião contra as leis de Deus; a outra palavra pecado (chatâ-âh = katáh), que significa uma ofensa a Deus; a 3ª palavra é iniqüidade (‘âvôn), que quer dizer perversidade, injustiça, ou o contrário de eqüidade. E temos a 4ª palavra que é dolo, ou engano (remiyâh) que significa traição. Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado da sua transgressão, do seu pecado, da sua iniqüidade e da sua traição.
Se eu perguntasse, O que é Pecado? Que resposta você daria?
O apóstolo Paulo faz uma lista dos pecados da carne, que “são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as discórdias, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as glutonarias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais eu vos declaro, como já antes vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gál 5:19-21).
Você tem uma outra lista? O que é pecado para você?
Irreverência é pecado; tomar o nome de Deus em vão é pecado;
Trabalhar ou falar palavras profanas no sábado é pecado;
Reter os dízimos e ofertas é pecado de roubo a Deus;
Comer demais, tomar cerveja ou vinho é o pecado da intemperança;
Ociosidade, gastar tempo em coisas inúteis, desperdício das horas;
Pornografia, imoralidade, fornicação e adultério é pecado;
Assassinato, homicídio é pecado; mas odiar também dá no mesmo.
Mentira, mexerico, fofoca, falar mal dos outros é pecado;
Orgulho, vaidade, avareza, ciúme, cobiça e inveja – é tudo pecado.
Mas a base de todo o pecado está no egoísmo, no egocentrismo, na egolatria – a adoração do próprio “eu”, em oposição à adoração do verdadeiro Deus.
Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado de qualquer desses pecados ou de todos eles ao mesmo tempo, sem distinção de qualquer um.
Mas Qual é o pecado que Deus não perdoa? Não existe um pecado que Deus não possa perdoar. Alguém poderia contradizer isso  afirmando que a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado que Deus não perdoa. Mas eu respondo que o pecado contra o Espírito Santo é justamente a recusa para obter o perdão. Se alguém não quer o perdão de Deus, então, o problema está com ele, não com o Salvador.
Deus perdoa a qualquer pessoa de qualquer pecado. Você pode imaginar um grande criminoso, culpado das maiores atrocidades, das maiores perversidades e blasfêmias. Imagina a um bandido que entra numa casa de noite e para roubar uma família mata primeiro os filhos na presença dos pais e depois mata a estes também. Pode Deus perdoar a um homem assim? Pode. E ele ainda pode ser feliz pelo perdão divino, enquanto o povo fica admirado ou revoltado diante de tão grande amor.
E, no entanto, Quantos são pecadores? Quantos precisam de perdão? Todos, sem distinção. Imagine uma grande multidão, e você olha para muitas pessoas: vê aquele homem, alto ou baixo; magro ou gordo; bonito ou feio; branco ou negro; rico ou pobre. Você jamais falou com uma pessoa que não fosse um pecador. Você jamais se encontrou com um homem ou uma mulher que não fosse um pecador. Você jamais olhou para um ser humano que não fosse um pecador.
Mas apesar disso, Quem é o homem feliz? É o homem que foi perdoado. A transgressão foi perdoada (a rebelião foi esquecida). O pecado foi coberto (a ofensa foi aplacada pelo sangue expiatório de Cristo). A iniqüidade não lhe é atribuída, porque Deus que é o grande Juiz justificou o pecador. Os registros do livro do Céu foram apagados e nada mais existe para condenar. Esse homem é considerado como se nunca houvesse pecado.
Ora, se não há mais transgressão, pecado, iniqüidade e engano, o homem está liberto e será realmente feliz. Esta é a verdadeira felicidade de que nos fala a Bíblia, desde as primeiras páginas.

II – O HOMEM INFELIZ (vs. 3-4)
Versos 3-4: “3 Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. 4 Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.”
Agora, o salmista descreve o homem infeliz. Davi foi esse homem e aqui ele conta a sua própria experiência. Era um tempo de guerra e os exércitos de Israel estavam em campo aberto enfrentando o inimigo. Mas Davi se encontrava ocioso em uma bela tarde, passeando pelo palácio, quando avistou uma mulher no quintal de sua casa tomando banho e se expondo sensualmente. A seguir ele mandou que os seus servos trouxessem aquela mulher para o palácio a fim de ele conversar com ela. Então, ele a levou para a sua cama, e adulterou com ela. Daí, achou que tudo estava certo, e que nada haveria de acontecer; afinal, ele era o rei de Israel e tinha certos privilégios!
Mas Bate-Seba mandou lhe dizer que estava grávida, e isso o deixou aturdido; a princípio, não sabia o que fazer. Ele havia cometido um pecado grave e agora precisava esconder o seu pecado. Como ele fez isso? Escondeu o pecado com outro pecado mais grave ainda. Ele planejou a morte do esposo da mulher com quem ele havia adulterado com o propósito de esconder isso dele.
Urias estava no campo de batalha e foi chamado para conversar com o rei no palácio, e Davi o tratou muito bem, com muita gentileza e amabilidade, recebendo-o com um rico presente (já era de se desconfiar que alguma coisa estivesse mal!) e sugeriu que ele fosse à sua casa descansar um pouco e ver a sua esposa. Mas o homem era de caráter nobre e não quis descansar nem se alegrar com a sua esposa, enquanto o seu exército estava lutando na batalha. Davi ficou sem palavra, porque Urias demonstrou muita nobreza de caráter e ele ficou sem poder responder a tais argumentos. Falhou o primeiro plano de Davi.
Entretanto, o medo de ser descoberto levou Davi a arquitetar o plano B, cometendo outra perversidade, procurando encobrir um pecado com outro pecado: escreveu uma carta e pediu que Urias a entregasse para Joabe, o comandante do seu exército. A carta dizia o seguinte: “Põe a Urias na linha de frente na maior força da peleja, e deixa-o sozinho, para que seja ferido e morra.” (2Sam. 11:15). Urias conduziu em suas próprias mãos a sua sentença de morte, e morreu como valoroso soldado de guerra.
Davi calou os seus pecados, e calar é esconder, é ocultar o pecado, e isso gera o remorso, e o remorso cria um problema de consciência que vai atacar o seu corpo e atingir até os ossos. A Medicina explica e a Bíblia já afirmava isso muito antes: Há uma íntima relação entre o corpo e a mente; há uma influência da mente sobre o corpo, de tal modo que se a mente sofre, fatalmente o corpo vai padecer.
Um especialista em artritismo e reumatismo fez a seguinte afirmação: "51% dos casos de artritismo, reumatismo e colites em pacientes que tenho examinado no hospital, tiveram sua origem no remorso que lhes estava atormentando a consciência." Davi ficou por um ano inteiro nessa situação. Sua vida foi um desastre, depois desse pecado. Ele sentiu uma angústia muito profunda que carcomia a sua alma e o seu corpo. Até os seus ossos enfraqueceram, e se encheram de dores. Ele gemia de dia e de noite.
Davi entrou em pânico e desespero com receio de ter sido abandonado por Deus. E falando da angústia de sua alma, disse: “Senhor, a tua mão pesava fortemente sobre mim”. Era a lembrança da culpa que tanto o atormentava, mas que lhe parecia ser a mão de Deus, porque era Deus mesmo que conservava essa memória diante dele. E como um resultado, perdeu as forças vitais, e se sentiu em sequidão.
O filósofo francês Jean Jacques Rousseau (1712-1778), quando jovem viveu na cidade de Turin, na casa de uma mulher de Verecelli. Em suas confissões ele escreveu: "Desta casa levo comigo um terrível fardo de culpa que depois de 40 anos ainda está indelével em minha consciência, e quanto mais velho fico, mais pesado é o fardo de minha alma.''
Ele havia roubado um objeto de valor da dona da casa. Posteriormente, quando a perda foi descoberta, lançou a culpa sobre a servente da casa, que como resultado perdeu o emprego e a dignidade.       Ele continua: "Acusei-a como ladra, lançando assim uma jovem honesta e nobre na vergonha e na miséria. Ela me disse então: 'O senhor lançou a desgraça sobre mim, mas eu não desejo estar no seu lugar.' A lembrança frequente disto dá-me noites de insônia, como se fosse ontem que tal fato aconteceu. É certo que algumas vezes minha consciência esteve adormecida, mas agora ela me atormenta como nunca dantes. Este fardo está mais pesado agora sobre o meu coração; sua lembrança não morre. Tenho que fazer uma confissão."
Este era um homem infeliz. E assim se encontrava Davi.

III – COMO SER FELIZ? (vs. 5-7)
O que fez Davi? Ele disse a mesma coisa que o filósofo francês Rouseau disse, muito tempo antes de ele nascer. Disse Davi: “Tenho que fazer uma confissão!” A diferença entre esses dois homens foi que Rousseau fez uma confissão para homens, enquanto que Davi fez uma confissão para Deus. Disse ele no verso 5.: “Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado.”
Como foi a sua confissão? Deus sabia que ele estava sofrendo e enviou o profeta Natã para falar com ele. Natã era um verdadeiro pastor da alma em pecado. Ele contou a Davi a história de um homem rico que roubou uma ovelha de um homem pobre. A ovelha que era um animal de estimação do pobre homem, ele a roubou para dar um banquete em sua casa. Davi que era um homem muito sensível respondeu prontamente: “Tão certo como vive o Senhor, esse homem deve morrer!” Davi proferiu a sua própria sentença de morte. E Natã respondeu: “Tu és este homem!” E, profundamente emocionado, Davi reconheceu de imediato: “Pequei contra o Senhor!” Mal ele proferia estas palavras, o profeta lhe dá as boas novas: “Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás!”
Qual é a conclusão de Davi, ao contar a sua dramática experiência para todo o povo de Israel neste salmo e para todo o mundo?
Versos 6-7: “6 Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. 7 Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.”
“Sendo assim”, ou “portanto”, se Deus me perdoou tão grande pecado, a mim que devido a minha posição como rei, eu sou o mais culpado, “todo homem piedoso te fará súplicas”. Ele será perdoado; ele estará seguro contra as convulsões da natureza; ele poderá se refugiar em Deus como o seu esconderijo e será preservado da tribulação e cercado de alegres cantos de livramento.
Mas note as palavras: “em tempo de poder encontrar-Te”. Sabe quando é o tempo oportuno de encontrar a Deus e ser perdoado? É Hoje. Amanhã poderá ser tarde demais, porque haverá um tempo em que os homens terão fome e sede, não de pão eu sede de água, mas de ouvir a
Palavra de Deus, e não a acharão! O tempo da graça vai terminar e muitos que hoje estão deixando de confessar os seus pecados vão correr de uma parte a outra para alcançar uma palavra de alívio e consolação, mas não acharão nenhum consolo. Como são oportunas as palavras de Isaías: “Buscai ao Senhor, enquanto se pode achar; invocai-O enquanto está perto.” (Isa. 55:6).

IV – A VIDA DO HOMEM FELIZ (vs. 8-11)
Versos 8-11: “8  Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. 9 Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. 10 Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá. 11 Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.”.
A seguir o salmista Davi apresenta a vida feliz do homem perdoado.
1- A vida feliz é uma vida de instrução. Deus nos diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir!”
Os filhos de Deus recebem instrução completa. Deus nos dá abundância de luz espiritual pela Bíblia. Além disso, o Espírito Santo nos orienta dizendo: “Este é o caminho; andai nele”. Ou nos adverte dos perigos do caminho errado, após indicar o caminho certo para a felicidade e o sucesso em nossa vida cristã. O cristão não anda no conselho dos ímpios.
2- A vida feliz é uma vida de obediência. “Não sejais como o cavalo ou a mula”. A palavra chave é "obedecem". Os animais obedecem apenas quando são dominados por freios e cabrestos. Mas uma pessoa perdoada e feliz obedece voluntariamente, sem constrangimento, sem obrigação. Os cristãos sabem que a Lei de Deus foi dada para ser obedecida e não para ser discutida e negada. Eles obedecem aos mandamentos de Deus.
3- A vida feliz é uma vida de confiança. “O que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá”. Nossa confiança será depositada no Senhor que é cheio de misericórdia. Essa será a rotina da pessoa que foi perdoada e é feliz: ela viverá sempre confiando em Deus, não importam as circunstâncias. Na alegria, na provação, na dor, na provação, você sempre pode confiar que Deus o ajudará e nunca será desamparado. A vida do ímpio será de sofrimento sem escape; a vida do justo será de confiança, misericórdia e consequentemente gratidão.
4- A vida feliz é cheia de alegria. “Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos”. Há 3 verbos, que fecham o salmo com chave de ouro: Alegrai-vos, regozijai-vos e exultai. Este é o convite, é o imperativo que nos indica como será a vida feliz da pessoa que foi perdoada. Como disse o apóstolo Paulo, repetindo estas palavras: "Alegrai-vos no Senhor, outra vez vos digo: alegrai-vos".
Depois de tudo o que se passou na vida de um cristão, de como ele foi perdoado e transformado, só pode ser esta a sua vida: alegria, regozijo e felicidade.
De fato, ele está cercado de "alegres cantos de livramento" (v. 7):

CONCLUSÃO
Um pregador conferencista recebeu um belo cartão postal de um respeitado advogado e juiz. Ele escreveu:
"Desde que o senhor me ajudou a endireitar minha vida, sinto-me outro. Minha mente é clara e de novo amo minha profissão e meu trabalho. Até meus passeios freqüentes no parque pela margem do rio, parece realizarem-se numa atmosfera mudada. Agora encontro prazer em apreciar as belezas naturais. O cântico dos pássaros nas árvores é como confortante música aos meus ouvidos. Antes, eu não tinha prazer em observar as flores e as plantas, nem em ouvir os pássaros cantarem nas árvores. Oh! Muito obrigado. Agora vale a pena viver!"
Você tem um cântico de alegria e gratidão? Ou você ainda não foi perdoado? Está ainda sofrendo com um pecado acariciado?
Busque a Deus e confesse ao Senhor Jesus Cristo. Faça como Davi! E seja feliz!
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Salmo 31 - O que Fazer Diante de Inimigos


Quem não possui inimigos? Parece que todos os têm. Mas se há alguém que tem mais inimigos do qualquer pessoa, se há alguém que possui muito mais adversários, esse é o cristão. O cristão tem inimigos na escola, no trabalho, na vizinhança, dentro de casa, dentro da família, e muitas vezes até dentro da sua própria igreja. O cristão tem inimigos até dentro de si mesmo. Ele tem os próprios demônios que o perseguem tentando controlar a sua mente. O cristão tem a sua própria natureza lutando contra ele mesmo!
Por isso, os Salmos são sempre muito atuais, cheios de conforto e ânimo para os cristãos que vivem em nosso tempo, em que há perigo por todos os lados. Neste salmo, podemos ver como agiram os inimigos de Davi em seu tempo, e como ele reagiu diante dos seus adversários, e como é correto agirmos nós diante de situações semelhantes.
O tom do salmo oscila entre lamento e ações de graças. Mas o salmista está procurando a proteção divina (1-8) porque chegou até a ficar doente (9-12) por causa das acusações que o pressionavam e de sua consciência de pecado (13-18). Mas finalmente, ele louva a Deus por Sua bondade pela qual ele é salvo e liberto (19-24). Portanto, o esboço natural é este: Oração (lamento) e Ações de graças, e ambos mostram um extensivo uso de repetições como um recurso literário:
        I. Oração (vs. 1-18)
            A. Oração pela Justiça de Jeová (vs. 1-5)
                B. Expressão de Confiança (vs. 6-8)
            A'. Oração pelo Favor de Jeová (vs. 9-13)
                B'. Expressão de Confiança (vs. 14-18)
        II. Ações de Graças (vs. 19-24)
  A. Grandeza da Bondade de Deus (v. 19)
                B. Razão: proteção dos fiéis (v. 19-20)
            A'. Grandeza da Misericórdia de Deus (vs. 21)
                B'. Razão: proteção do rei Davi (v. 21-22)
         III. Apelo (v. 23-24)
           A. Amai a Jeová (v. 23)
           B. Sede Fortes (v. 24)
Mas, se você quiser um esboço mais didático, mais fácil de seguir para compreender e/ou pregar, então, me acompanhe nessas próximas divisões, seguidas do comentário correspondente, nos textos indicados.
I – Os Atos dos Inimigos
1. Os Inimigos Praticavam a Traição: Os ímpios armaram ciladas às ocultas contra Davi (v. 4), de tal modo que ele horrorizado pôde dizer: “Tenho ouvido a murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida.” (v. 13). Pelo contexto, parece que esta era a traição de Absalão, o próprio filho de Davi que às ocultas conspirava contra o seu pai, a fim de lhe usurpar o trono. “10 Enviou Absalão emissários secretos por todas as tribos de Israel, dizendo: ‘Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão é rei em Hebrom!’ 11 De Jerusalém foram com Absalão duzentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam daquele negócio. 12 Também Absalão mandou vir Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, da sua cidade de Gilo; enquanto ele oferecia os seus sacrifícios, tornou-se poderosa a conspirata, e crescia em número o povo que tomava o partido de Absalão.” (2Sm 15:10-12).
Geralmente, a vítima é a última a saber do que se passa. Os homens maus estavam conspirando e tramando contra o servo de Deus, buscando tirar-lhe a vida, mas ninguém lhe dizia nada diretamente, apontando os nomes principais da conspiração. Nesse momento, ninguém queria se envolver; ninguém sabia de nada; havia apenas boatos. Mas havia muita murmuração, e atrás de todo boato há um fundo de verdade. Isso tirou a paz, o sossego e a tranquilidade de Davi.
Hoje acontece o mesmo contra os filhos de Deus. Muitas vezes estamos sendo traídos, sem mesmo desconfiar do perigo que nos cerca, por causa de certas pessoas em quem confiamos. Há muita traição da parte de inimigos desconhecidos, ou de pretensos amigos. Mas nós podemos repetir confiantes as palavras do salmista, dirigindo-nos ao Protetor dos perseguidos: “Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram, pois Tu és a minha Fortaleza” (v. 4).
2. Os Inimigos Praticavam a Idolatria. Eles eram idólatras: “adoram ídolos vãos”, disse o salmista (v. 6); eles não adoravam a Deus como Davi e todos os justos. Eles adoravam aos ídolos de pedra, madeira e ouro. Em nosso tempo, eles são mais sutis e adoram ao sexo, à tecnologia, aos artistas da televisão e do cinema, à filosofia e ao dinheiro. Eles adoram a si mesmos e a Satanás.
Mas, embora ainda exista muita sutileza na adoração de falsos ídolos, há muitos que ainda orientados pelo romanismo, adoram diretamente a ídolos em suas procissões, e exaltam à virgem Maria como sendo a “mãe de Deus”, conduzindo os seus ídolos que nada podem fazer. Multidões estão sendo enganados por falsos líderes que estimulam essa idolatria de imagens de escultura que têm boca, mas não falam; têm braços, mas estão inertes; têm ouvidos, mas nãos os ouvem, e é o nosso dever adverti-los, a fim de que sejam salvos os que temem a Deus, e O servem na ignorância.
Outros adoram os ídolos do paganismo, do budismo e do xintoísmo, talhados em pau e pedra. Eles se esquecem do Deus que os criou, e ignoram as evidências que demonstram que há um Deus de majestade e excelência, que não pode ser adorado por imagens de escultura. Eles desatendem os apelos do Espírito Santo convidando-os para a salvação. 
3. Os Inimigos Praticavam a Ameaça. De acordo com o verso 21, no contexto do Salmo 31, eles sitiaram a cidade de Jerusalém, a cidade de Davi, e ele se encontrava em um grande perigo. Quando uma cidade antiga era sitiada, faltava água e alimento, que se encontravam fora da cidade. E como consequência, havia fome, crimes internos, como a morte de filhos para satisfazer aos pais que os matavam para se alimentar. Havia revoltas, e muito sofrimento, enquanto os inimigos sitiando a cidade zombavam deles e destruíam as suas cearas e tapavam os seus poços, e ameaçavam entrar, destruir a cidade e matar a todos. Mas Deus libertou a Davi e o seu reino desta situação aflitiva.
Ainda teremos de enfrentar a ameaça dos nossos inimigos antes da volta de Cristo e após o milênio. Nesse tempo, os justos estarão dentro da cidade querida, a nova Jerusalém, enquanto todos os ímpios do lado de fora estarão nos ameaçando juntamente com Satanás, sitiando “a cidade querida” com todos os preparativos de guerra para invadir a cidade de ouro e cristal. Mas então, desce fogo do céu e consome a todos. Será a mais esmagadora derrota e destruição de todos os ímpios de todos os tempos, para nunca mais se levantar a angústia por duas vezes (Ap 20:7-10).
4. Os Inimigos Praticavam a Mentira. No v. 18,  o salmista revela o caráter desses homens: “Emudeçam os lábios mentirosos”; eles são mentirosos, e devem ser calados: “que se cale toda boca, e todo o mundo [de ímpios] seja culpável perante Deus.” (Rm 3:19).
Há muitos mentirosos em nosso tempo, mas você pode ter certeza de que nenhum deles é cristão. Alguém pode se dizer cristão e ainda praticar a mentira; mas isto é outra história. Pode haver um cristão professo e ser mentiroso, mas não pode haver um cristão verdadeiro e ser mentiroso, porque os mentirosos são filhos de Satanás. Disse Jesus Cristo, a uma classe  de mentirosos e hipócritas: “Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8:44). Mas a parte que cabe aos mentirosos é “o lago que arde com fogo e enxofre, a saber a segunda morte.” (Ap 21:8).
5. Os Inimigos Praticavam o Orgulho. No v. 18, o salmista continua ainda pintando o quadro do caráter dos inimigos: “Falam insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém.”  Como  se não bastasse a mentira para serem punidos os ímpios, eles ainda adicionam à mentira o pecado do orgulho, da arrogância e o desprezo dos filhos de Deus. Mas, o salmista lembra que “o Senhor preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao soberbo” (v. 23).
Não ficarão sem castigo aqueles que menosprezam os fiéis, falando insolentemente contra eles e se  levantando em tribunais para condená-los, desprezando aqueles que são preciosos à vista de Deus. Esta é a promessa divina para o cristão: “Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor e o seu direito que de Mim procede, diz o Senhor.” (Is 54:17).
II – Os Atos de Davi
O que deveria fazer Davi diante de tantos atos detestáveis dos seus inimigos?
1. Davi confiava em Deus“Em ti, Senhor, me refugio”. “Confio no Senhor.” “Quanto a mim, confio emTi, Senhor. Eu disse: Tu és o meu Deus.” (v. 1, 6, 14)
Para Davi, Deus é SENHOR, Jeová (Yahweh, v. 1), que significa “o Eterno”. Para Davi, Deus é o seu Refúgio (v. 1). Ele é o seu Castelo forte (v. 2), uma Cidadela fortíssima (v. 2), uma Rocha inquebrantável (v. 3), a “minha Fortaleza” (v. 3, 4). Deus é o Pastor que conduz o justo pelo caminho da justiça (v. 3). Ele é o Redentor (v. 5) que me redimiu. Ele é o “Deus da verdade” (v. 5), em quem habita a plenitude do conhecimento. Ele é Onisciente, e sabe de tudo o que se passa comigo, conhece a aflição de minha alma, as angústias que me são tão próprias (v. 7). Sua presença é o esconderijo dos justos (v. 20). Ele é a nossa única Esperança (v. 24)
Se nosso Deus possui tantas e infinitas qualidades, não é de se admirar que Davi confie tanto nEle. O que é mais de admirar é que sendo Deus como Ele é de fato e de verdade, haja tantos milhões que não podem confiar nEle, porque confiam mais em si mesmos, fracos pecadores sem noção das realidades da vida espiritual. Entretano, Deus é plenamente confiável; é Alguém que não pode falhar, fiel em todas as Suas múltiplas promessas da esperança, poderoso para cumprir tudo o que disse para o nosso bem eterno. Assim como o salmista, sempre podemos confiar em Deus.
2. Davi clamou por libertação. Ele disse: “Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram”. “Pois tenho ouvido a murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida.” (v. 4, 13). Ele era vítima de traição de seus próprios súditos e oficiais, além de ter sido traído por seu próprio filho Absalão, que procurou matá-lo para lhe usurpar o trono. Então, ele clama desse modo: “Livra-me por tua justiça. Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa!” “Livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.” (vs. 1-2, 15úp).
“Livra-me depressa!” Davi se sentiu acossado, pressionado de todos os lados, e pediu que fosse liberto “depressa”. A pressa do pedido indica o aperto e a intensidade da aflição. Quanto maior é a dor, maior é a pressa por alívio, mais pressa por socorro. Davi pediu um “pronto socorro” numa libertação imediata e eficaz.
Entretanto, “a pressa é inimiga da perfeição”. Deus estava testando o seu servo a fim de que ele percebesse que a sua confiança ainda era fraca, e devia esperar e suportar um pouco mais a aflição, a fim de que pudesse se fortalecer. Disse Davi, reconhecendo isso mesmo: “Eu disse na minha pressa: estou excluído da Tua presença!” (v. 22). Mas mesmo quando nossos amigos, vizinhos e conhecidos nos esquecem e nos desprezam e nos alienam de sua presença (11-12), Deus nunca nos abandona. Davi vacilou em sua angústia. “Não obstante,”reconheceu ele, imediatamente: “ouviste a minha súplice voz!” (v. 22).
Quão precipitados somos muitas vezes, para julgar a Deus que é tão compassivo para conosco. Agar tinha sido despedida do seu lar, onde habitava como serva de Sara e de Abraão, com quem tivera um filho que atendia pelo nome de Ismael. Mas foram ambos, mãe e filho mandados embora pelo deserto de Berseba, porque a convivência deles não era mais suportável, visto que Ismael zombava de Isaque, o filho da promessa.
Lá estavam agora num deserto, sem água e sem alimento. Então, chegou o momento crítico, em que Agar colocou o menino Ismael, seu filho, a uma distância razoável, para que não visse morrer o menino. E chorou. “Mas Deus ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está. Ergue-te, levanta o rapaz, segura-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo.” (Gn 21:17-18).
Agar chegara a um ponto em que não podia fazer nada mais, senão chorar. Não havia recursos naquele deserto, não havia possibilidade de sobrevivência. Somente um milagre poderia salvar o seu filho. E ela, em profunda angústia, desesperando até da vida, chorou, sem se lembrar de que no Céu há um Deus de amor que cuida dos Seus filhos. Quão apressados somos muitas vezes para nos considerar alienados dos planos de Deus.
3. Davi orou a Deus. Davi era um homem de oração. Ele orava muitas vezes, clamando, invocando, suplicando, adorando, externando suas aflições, derramando a sua alma diante de Deus, em Quem ele tanto confiava e esperava respostas para as sua preces, dizendo: “Inclina para mim os Teus ouvidos (v. 2). Ele tinha a certeza de que Deus ouvia as sua preces: “Ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro” (v. 22).”
(1) Davi orou pela vitória. Esta parecia ser a situação mais embaraçosa que poderia ter vindo a Davi. Ele estava sendo humilhado por seu próprio filho Absalão (2Sm 15:10-12). Quando dois exércitos se enfrentam, a vergonha virá certamente ou para um ou para outro. Mas Davi se apega a Deus e Lhe diz, iniciando o salmo com estas palavras: “Não seja eu jamais envergonhado” “Não seja eu envergonhado, Senhor, pois te invoquei” (v. 1,17).
É uma situação muito embaraçosa ser envergonhado ou confundido, mas ele argumenta com Deus e Lhe diz por que Ele devia atender à sua prece: “pois Te invoquei!” Esta é a maior razão, este é o maior argumento que temos a nosso favor para dizer a Deus que nos atenda – porque O invocamos, a Ele o Soberano dos reis da terra, o Salvador dos aflitos, Aquele que morreu por nós na Cruz do Calvário, e está disposto a socorrer a todos os que O invocam. Disse Ele: “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Sl 50:15).  “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.” (Jr 33:3). “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10:13).
Davi coloca a vergonha nos ombros merecidos dos ímpios: “Envergonhados sejam os perversos, emudecidos na morte. Emudeçam os lábios mentirosos, que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém” (v. 17-18). Vergonha era o vexame dos derrotados. Davi ora contra aqueles que eram não só os seus inimigos, mas eram também adversários de Deus, porque eram idólatras (v. 6) e perseguidores dos Seus filhos (v. 15). E Davi faz uma prece clamando pela vitória esmagadora contra os inimigos de Deus, a fim de que a vergonha seja o seu manto e o opróbrio o seu vestido.
(2) Davi orou por compaixão, e dá as razões: “Compadece-te de mim, Senhor, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a minha alma e o meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniqüidade, e os meus ossos se consomem.   Tornei-me opróbrio para todos os meus adversários, espanto para os meus vizinhos e horror para os meus conhecidos; os que me vêem na rua fogem de mim. Estou esquecido no coração deles, como morto; sou como vaso quebrado.” (v. 9-12).
Davi se sentia atribulado e triste; passava por um momento de profunda melancolia, sentida no mais íntimo de sua alma, perdendo suas forças físicas. Sua vida se consumia em gemidos e na fraqueza de seus ossos, sofria as dores mais lancinates. Ele estava doente. Era um momento de intensa depressão. E para aumentar os seus sofrimentos, os seus conhecidos, amigos e vizinhos o alienaram, o abandonaram, além de ser ridicularizado e considerado como opróbrio perante os seus adversários.
E ele dá a razão para todo esse estado de coisas: “por causa da minha iniquidade” (v. 10). Compaixão é para quem peca. Porque o pecado nos leva à miséria, e precisamos de compaixão para sermos restaurados e perdoados. Se Deus nos dá a compaixão, nos perdoa e nos restaura, então teremos muita força contra os inimigos. Então, Davi pediu a compaixão amorosa de Deus, o perdão completo dos seus pecados e foi atendido (v. 22), porque Deus nunca desampara os Seus filhos que Lhe pedem a compaixão e o perdão. Se nos aproximarmos dEle com nosso humilde pedido de compaixão, Ele Se aproximará de nós com o Seu grande e exorbitado amor.
(3) Davi orou por salvação. Deus era para Davi “cidadela fortíssima que me salve” (v. 2). “Salva-me por Tua misericórdia.” (v. 16). Há os que pregam hoje que a salvação no Antigo Testamento era pelas obras, e que a salvação no Novo Testamento é pela graça. Mas o salmista diz: “Salva-me por Tua misericórdia.” Misericórdia é compaixão despertada pela miséria alheia. Misericórdia é a graça de Deus se manifestando pela miséria do homem. Mas o mesmo salmista já dizia no Salmo 6:4: “Salva-me por Tua graça.” Davi conhecia o plano de Deus e não confiava em suas obras para obter a salvação. De fato, “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8-9).
A doutrina da salvação pelas obras é uma doutrina estranha que não é ensinada pela Bíblia. Desde que o pecado entrou no mundo, a salvação foi oferecida pela graça de Deus que desdobrou o plano da salvação logo aos nossos primeiros pais. Falando no Jardim do Éden, onde aconteceu para primeiro e principal pecado, porque decisivo, disse Deus: “Porei inimizade entre ti [Satanás] e a mulher [a igreja], entre a tua descendência [os filhos do Diabo (Jo 8:44)] e o seu descendente [Jesus Cristo, Filho da igreja (Gl 3:16)]. Este [Jesus] te ferirá a cabeça [após o milênio], e tu lhe ferirás o calcanhar [na Cruz].” (Gn 3:15). Estas palavras dirigidas à serpente, contém o princípio do concerto da graça, pela qual todos os homens poderiam obter a salvação.
4. Davi se entregou a Deus. “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito.” “Não me entregaste nas mãos do inimigo.” “Nas tuas mãos, estão os meus dias.” (v. 5, 8, 15pp). Davi se entregou nas nas mãos de Deus, inteiramente. Ele temia as mãos assassinas dos ímpios e perversos. Ele reconhece a libertação das mãos dos inimigos do passado, e confia presentemente que Deus o livrará das mãos dos inimigos no futuro.
Cristo mesmo usou as palavras proféticas de Davi. Quando o Salvador do mundo pendia na Cruz do Calvário, quando havia trevas espessas, relâmpagos e trovões, quando Jesus Cristo sentiu a angústia suportada pelos nossos pecados, quando fora abandonado por todos, sentindo a ira divina sobre Si mesmo, e sentindo que a morte estava chegando, Ele ainda pôde Se entregar a Deus: “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.” (Lc 23:46).
Tal exemplo de renúncia, desprendimento e abnegação deve ser seguido por todos. Davi, quando foi ameaçado por seus inimigos, ele entregou o seu espírito a Deus, entregou todos os seus dias, e estava pronto a morrer se isso fosse a vontade de Deus. Mesmo Cristo, o Filho amado de Deus Se entregava diariamente a Deus para que se cumprisse a Sua vontade nEle.  Mas ao chegar a hora da morte, mesmo sofrendo a ira divina sobre Si mesmo, Ele foi pronto a Se entregar a Deus, e confiar em Sua eterna justiça. E quanto a nós? Estamos dispostos a nos entregar inteiramente ao nosso amorável Criador e Redentor? Já fizemos uma entrega sem reservas ao nosso Deus?
5. Davi se regozijava. “Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de minha alma e não me entregaste nas mãos do inimigo; firmaste os meus pés em lugar espaçoso.” (v. 7-8). Davi se alegra na bondade de Deus porque tinha visto a sua aflição frente aos seus inimigos e o livrou deles. A vida dos cristãos é cheia de alegria, não por algum divertimento banal, não por causa das ilusões do mundo, mas porque Deus está sempre nos livrando de nossos inimigos espirituais. Ele firma os nossos pés em terreno seguro, de tal modo que podemos andar confiantes.
6. Davi louvava a Deus. “Bendito seja o Senhor, que engrandeceu a Sua misericórdia para comigo” (v. 21). Ele não só se alegrou na bondade, mas louvou a misericórdia de Deus, porque esta se engrandecera sobremaneira. Mas em que circunstâncias Davi pôde contemplar a misericórdia de Deus engrandecida? “Numa cidade sitiada!” Quando Jerusalém foi sitiada e cercada, quando Davi estava sendo ameaçado por seus inimigos, ele viu a misericórdia divina, salvando a si mesmo e a todo o povo da aliança divina.
Quando Jerusalém mais tarde foi sitiada pelo exército romano, no ano 70 DC, os cristãos puderam ver a misericórdia de  engrandecida sobremaneira, porque todos eles foram preservados e salvos. E quando a cidade da nova Jerusalém for novamente sitiada pelo mais numeroso exército de todos os tempos, sitiada por um número de inmigos tão numeroso como a areia do mar, então, os justos novamente poderão louvar a misericórdia de Deus que será infinitamente engrandecida numa vitória esmagadora contra Satanás, seus demônios e todos os ímpios.
7. Davi apelou aos justos. No verso 23, Davi faz um apelo veemente a todos os que temem a Deus: “Amai o Senhor, vós todos os seus santos.” Este é o maior apelo encontrado na Bíblia: Temos que amar Aquele que nos amou antes da fundação do mundo, porque nos amou primeiro. E amor desperta amor. Se Deus nos amou, Ele espera que nós O amemos também, embora não exija isso. Mas para o nosso bem eterno, Ele nos aconselha que O amemos também.
Como devemos amar a Deus? João nos deixou claro esse ponto, quando disse: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos.” (1Jo 5:3). Cristo repetiu as palavras que Ele mesmo havia dito no passado a Moisés: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” (Mt 22:37). Mas, para não nos deixar nenhuma dúvida, Deus relacionou o amor à adoração em forma de mandamentos. Os Dez Mandamentos foram dados para que soubéssemos como amar e adorar a Deus.
Mas apesar de termos muitas razões para amar a Deus, o salmista enfatiza também a nossa esperança: “Amai o Senhor...”, e logo dá a razão: O Senhor preserva os fiéis, mas retribui com largueza ao soberbo.” (v. 23). Estas palavras podem ser entendidas num contexto imediato para quem está sofrendo a perseguição de algum inimigo. Mas também podem ser entendidas de modo mais amplo, ou seja: Deus nos preserva para o seu Reino eterno, e fará isso de modo especial na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, quando virá para levar os fiéis ao Céu, e para retribuir aos injustos toda a injustiça feita por eles contra os justos, e então, serão destruídos todos os ímpios.
8. Davi encorajou aos cristãos, no v. 24: “Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.” Estamos vivendo nos últimos dias da história deste mundo agitado. Nunca a igreja se viu tão ansiosa pelo retorno de Cristo; jamais esteve tão empenhada em trabalho missionário para proclamar a volta do Senhor Jesus Cristo. Jamais se falou tanto de esperança como agora, quando até os tímidos estão pregando que a nossa esperança está por se concretizar, em breve. Mas também enfrentamos muita oposição da parte de muitos falsos cristãos que dizem estudar a Bíblia, mas negam os seus ensinos. Sabemos que a ira de Satanás contra a igreja remanescente há de se intensificar.
Portanto, as palavras de encorajamento escritas 1.000 anos AC nos chegam como um bálsamo: “Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.” (v. 24). Você espera no Senhor? Então, deve ser forte, confiando na força do Seu poder. Você espera mesmo no Senhor? Então, deve revigorar o seu coração num grande reavivamento da alma. Como? Basta confiar e buscar a Jesus Cristo que derramou o Seu precioso sangue em seu lugar, e enviou o Seu Espírito para produzir esse reavivamento.

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em teologia

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