Nos últimos meses uma polêmica se instaurou na mídia, principalmente naqueles canais de divulgação parciais dominados pelo partidarismo evolucionista e ateu que, de maneira alguma, aceitam ter sua fé na teoria naturalista confrontada. Trata-se de um artigo publicado em uma revista científica estrangeira intitulada Academia Journal of Scientific Research.
O periódico está avaliado, indexado e classificado na lista do Qualis Periódicos da Capes, sistema oficial de classificação da produção científica brasileira dos programas de pós-graduação, nas áreas de Biotecnologia, Ciências Biológicas II e Medicina I e II, o que por si só justifica a atenção dada ao artigo publicado. Vale lembrar que o estudo, até ser publicado, passou por várias etapas, tais como levantamento e sistematização de referenciais atuais sobre o tema, escrita e reescrita, inúmeras vezes, revisão de orientadores, especialistas, editores, enfim, toda uma rede de pessoas que tornou isso possível.
O artigo, cujo título é “Speciationin real time and historical-archaeological and its absence in geological time”, causou euforia e pânico geral devido ao fato de os autores serem proponentes da comunidade do design inteligente e do criacionismo. Inclusive eu, que escrevo este artigo, sou um dos autores dessa pesquisa. Mas do que se trata esse artigo? Por que ele foi tão polêmico assim?
Antes de responder, vale lembrar que ao longo de décadas tem havido uma confusão geral sobre o significado de espécies, comparações impróprias e erros de classificação dos seres vivos. Em artigo publicado na revista Science, por exemplo, Schwartz e Tattersall afirmam que esse milagre da multiplicação da nomenclatura das espécies foi longe demais. Diante disso, o artigo publicado por criacionistas e tedeístas vem apresentando evidências reais e atuais sobre uma revolucionária metodologia de estudo de classificação de espécies associada ao dilúvio bíblico, chamada de Baraminologia, ou, como mostra a própria raiz da palavra “baramin”, que deriva do verbo hebraico bara (criado) e min (tipo) – referindo-se a tipos básicos criados.
Segundo Reinhard Junker e Siegfried Scherer, “tipos básicos é uma unidade de classificação, um taxon, resultado do trabalho da descontinuidade sistemática como é observado na natureza”. Dito de forma simples, tipos básicos criados variabilizaram ao longo do tempo, desde o dilúvio, até chegarem ao que conhecemos hoje como subespécies. Os baraminologistas usam uma série de critérios metodológicos de adesão para determinar os limites dos grupos baramins, isto é, quais organismos compartilham um ancestral comum. De modo geral, os métodos mostram espacialmente graus de similaridade e de dissimilaridade entre grupos (descontinuidade morfogenética), e podem revelar informações taxonômicas úteis, distinguindo cada vez mais os fatores que dão probabilidade ou não de parentesco, aumentando assim sua contribuição em biologia aplicada a técnicas de melhoramento genético e estudo do comportamento evolutivo das populações.
Subespécies derivam limitadamente (descontinuidade morfo-genética) de um único tipo básico ancestral.
No entanto, como honestos intelectuais que são os autores do estudo, eles fazem questão de lembrar ao leitor, ao final da seção em que abordam o assunto, que, embora a Baraminologia tenha alcançado resultados promissores, suas conclusões não são definitivas. Por ser um campo recente, mais pesquisas são necessárias e seus métodos e técnicas recém-elaborados devem ser mais bem examinados a fim de legitimar ou não sua função e utilidade na caixa de ferramentas da nova geração de cientistas.
Além desse tema, outro ponto interessante abordado no estudo é o fato de cada vez mais artigos científicos demonstrarem a possibilidade de formações de novas espécies (especiação) de forma extremamente rápida, processo este denominado no artigo de “especiação em tempo real” associada a catástrofes. Aliás, ao contrário do pensamento tradicional, a especiação é um fenômeno que não necessita de milhões de anos para acontecer e no artigo são apresentados diversos exemplos de novas “espécies” – se é que podemos chamá-las assim – que surgiram em poucos anos devido a condições e fatores ideais para que isso ocorresse.
A genética de populações há muito tempo conhece (embora não o coloque em evidência) o processo de entropia genética humana associada a situações de catástrofes mundiais que tendem a empobrecer o pool gênico dos seres vivos e dar aos sobreviventes, em virtude da migração e do isolamento geográfico, o legado de efeito fundador – situação frequente na “especiação peripátrica” − em um planeta com um ecossistema totalmente reconfigurado onde o motor epigenético atuaria para corresponder às necessidades do novo ambiente.
A especiação peripátrica é um mecanismo pelo qual podemos explicar o enorme aumento da diversificação pós-catástrofes. É um tipo de especiação pelo qual as espécies novas são formadas em populações periféricas isoladas. Na especiação peripátrica, populações drasticamente reduzidas fazem com que a especiação completa seja o resultado mais provável do isolamento geográfico e stressendogâmico (cruzamentos consanguíneos), e da atuação da deriva genética agindo mais rapidamente em populações pequenas. Deriva genética somada a fortes pressões seletivas causariam uma rápida mudança genética na pequena população descendente após os animais terem desembarcado da arca de Noé, por exemplo.
Observações atuais podem servir de exemplo para compreendermos melhor os casos de especiação peripátrica. Estudo publicado em 2017 na revista Nature, intitulado “Evolution: Catastrophe triggers diversification”, surpreendentemente afirmou que
“uma análise de mais de 2.000 espécies de pássaros fornece uma visão sobre como evoluíram as diversas formas de bico dos animais e aponta para um único evento raro como um gatilho para a rápida divergência inicial das linhagens aviárias.”
Como mencionado no artigo brasileiro polêmico,
“o curioso é que as pesquisas ligadas a especiação em tempo real tanto confirmam as observações de Darwin no âmbito da biologia funcional (equilíbrio pontuado) quanto destroem por completo os postulados evolutivos em termos de períodos geológicos (gradualismo filético), e é perfeitamente comunicável ao modelo catastrofista bíblico que aposta numa especiação rápida impulsionada pelo efeito das biomodificações limitadas ao tipo básico”.
Ademais, o artigo vem trazendo explicação e inserção de novo conceito ligado a “subtipos de especiação rápida” e evidências problemáticas para a comunidade evolucionista e gradualista quanto às características encontradas no registro fóssil: (1) estase morfológica, ou seja, permanência com alto número de espécies em ambiente estável (repetição fóssil sem pressões ambientais evolutivas). Quanto a isso, o Dr. Tom Kemp, curador das coleções zoológicas do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, fez a seguinte admissão:
“como é agora bem conhecido, a maioria das espécies fósseis aparecem instantaneamente no registro fóssil, persistem por alguns milhões de anos praticamente inalterados, e apenas desaparecem abruptamente”.
Além disso, o artigo traz outras evidências embaraçosas para a comunidade evolucionista relacionadas a (2) desastre soterrador de população viva mostrada pelas repetições de mesmas espécies fósseis (o que descaracteriza a teoria pontualista), (3) presença de diversas espécies diferentes unidas no registro fóssil, fósseis de imensos vertebrados completos (o que caracteriza desastre de grande magnitude e altas taxas de sedimentação), e (4) mudança drástica no ambiente gerando a radiação das espécies nas camadas recentes de forma amostral e nas milhões de espécies na biodiversidade atual.
Em face de tantas evidências atuais e embaraços é de se compreender a grande polêmica e ira geradas nos leitores adeptos do evolucionismo que agora terão de confrontar suas crenças e antigos conceitos devido ao grito e ao poder avassalador do acúmulo de dados, ano após ano, que os levam a completar o quebra-cabeça da verdadeira história das origens que não será contada nem admitida, mesmo assim, pelos meios de comunicação populares. É lamentável o pacto que existe entre mídia popular e establishment “científico”.
Como citar o artigo:
Neto SG, Alves EF, Almeida MC. Speciation in real time and historical-archaeological and its absence in geological time. Acad. J. Sci. Res. 2017;5(7):188-196. doi: 10.15413/ajsr.2017.0413
Texto originalmente publicado em 03/11/2017 no site Criacionismo.
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