sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A esquecida Hatshepsut: Evidências de uma conversão?




Por mais de 20 anos, o governante da maior potência da Terra construiu obras faraônicas (literalmente falando) e manipulou a cúpula astuciosamente, com a finalidade de se manter no poder. E esse governante era... uma mulher! Hatshepsut governou o Egito de 1479 e 1458 a.C. Apesar disso, foi alvo de uma incrível campanha anti-iconoclástica – a rainha não possuía caixão, nem estatuetas, nada de roupas, toucas reais, joias, sandálias nem anéis. Suas estátuas e inscrições foram demolidas; além dos monumentos sagrados, que foram alvo de vandalismo. Parte dessa história é passada em revista em uma matéria da National Geographic Brasil.[1] O perfil da poderosa monarca das terras do Nilo é traçado da seguinte forma: “Hatshepsut ergueu e renovou templos e santuários desde o Sinai até a Núbia. Os quatro obeliscos de granito que mandou erigir no vasto templo do grande deus Amon, em Karnak, contavam-se entre os mais majestosos de seu tempo. Hatshepsut encomendou centenas de estátuas de si mesma e deixou testemunhos inscritos na pedra sobre sua ascendência, seus títulos, sua história – tanto a verdadeira quanto a forjada –, e até mesmo sobre seus pensamentos e anseios, os quais ela por vezes confidenciava com candor inaudito. As manifestações das inquietudes da governante inscritas em seu obelisco ainda ressoam com uma quase charmosa insegurança: ‘Meu coração palpita de preocupação só de pensar no que dirão as futuras gerações. Aqueles que hão de ver meus monumentos nos anos vindouros e tecer comentários sobre meus feitos.’”[2] 


No transcurso do tempo, a rainha se apresentava de forma masculinizada, difundindo fábulas sobre ser a escolhida dos deuses.[3]

Descoberta há dois anos, a múmia não estava no sarcófago na 20ª tumba no vale dos reis, como seria de se esperar. Tudo começou em 2005, quando Zahi Zawass, chefe do Projeto da Múmia Egípcia e secretário-geral do Supremo Conselho de Antiguidades, analisou o corpo encontrado na tumba. O corpo já havia sido descoberto em 1989, pelo egiptólogo americano Donald Ryan duas décadas depois; só foi possível identificá-lo como sendo Hatshepsut devido a um dente (molar secundário) localizado em uma caixa de madeira, na qual se lia o nome da monarca em hieróglifo. O dente combinava com a múmia que estava na tumba KV60a.[4]

Entretanto, por qual razão a rainha teria sido perseguida? Basicamente, os arqueólogos seculares seguem dois caminhos: Hatshepsut sofrera vingança do enteado, Tutmós III, que atuou como seu co-regente por muitos anos, mesmo quando teria idade para assumir o trono. Tal hipótese se encontra descartada por estudos que apontam que a depredação dos objetos ligados a Hatshepsut ocorrera vinte anos após o fim de seu reinado. Outros aventam que fatores políticos levariam à destruição da memória da rainha, que poderiam levar seus sucessores mais diretos a reivindicar o trono no lugar de Amenófis II, filho de Tutmós III.

Walter Veith[5] apresenta uma terceira hipótese. Hatshepsut seria identificada com a filha de Faraó (Êx 2). Seu pai, Tutmós I (1532 a 1508 a.C.), terceiro rei da 18ª dinastia, teria ordenado a matança das crianças em 1530 a.C. (Arão, que teria nascido em 1533 a.C., não se viu afetado pelo decreto). Com a morte de Tutmós I, Moisés, que estava na linha de sucessão real, poderia ter assumido como o 4º faraó da 18ª dinastia, uma vez que o faraó não tinha filhos homens. A recusa se deveu, sem dúvida, a uma questão de fé (Hb 11:24). Com isso, assumiu Tutmés II, irmão bastardo e marido de Hatshepsut. Ele reinou por pouco tempo: de 1508 a 1504 a.C. Abriu-se nova oportunidade para Moisés assentar-se no trono daquela que era a maior nação da Terra. Devido a uma nova recusa do futuro libertador dos israelitas, a própria Hatshepsut tomou as rédeas, governando o Egito por 21 anos.

A falta de apoio que a rainha colheu nos últimos anos e o fato de ser banida das crônicas reais podem ser explicados, ainda de acordo com Veith, por uma razão: tais coisas aconteciam somente no caso de o faraó ser desleal aos deuses. De alguma forma, admitindo-se essa alternativa, Hatshepsut teria demonstrado influência de seu filho adotivo, revelando traços do monoteísmo dos escravos hebreus. Nada mais escandaloso para a alta sociedade egípcia, a qual era composta também pela classe de sacerdotes. Ainda assim, trata-se de uma hipótese. A cultura material apenas permite dizer que houve perseguição a Hatshepsut, a qual poderia ser meramente política.

A reportagem da National Geographic comenta sobre o enteado e sucessor de Hatshepsut: “Depois de sua morte, por volta de 1458 a.C., seu enteado a substituiu, cumprindo o destino de ser um dos grandes faraós da história egípcia. Tutmós III foi um realizador, como sua madrasta, mas também um guerreiro, o chamado Napoleão do Egito. Em 19 anos, liderou 17 campanhas militares no Levante, inclusive uma vitória contra os cananeus em Megiddo, atual Israel, feito ainda hoje estudado nas academias militares. Ele teve um rebanho de esposas, uma das quais deu à luz seu sucessor, Amenófis II.”[6]

Weith traz à luz o exame meticuloso da múmia do imponente Tutmós III (o qual o autor considera que fosse o faraó do Êxodo), realizado pelos egiptólogos Weeks e Harris, em 1973.[7] O resultado foi algo surpreendente: o corpo do faraó, que reinara por 54 anos, revelou ter pertencido a um garoto de 18 anos – ou seja, o corpo era falso! Jamais os egípcios mumificariam um corpo falso, porque a conservação do corpo garantia que Ka (lit.: duplo, i.e., a alma) o reconheceria, ao voltar periodicamente do mundo dos mortos, trazendo equilíbrio (maat) ao país. O único motivo para a troca do corpo seria a destruição do legítimo Tutmós III, o que combina com o final trágico que o faraó teve no fim do Êxodo (Êx 14).

Some-se a esses fatores o fato de o sucessor de Tutmós III não ser seu primogênito e a data de seu reinado estar de acordo com a primeira Páscoa judaica, e teremos algumas boas evidências da veracidade das Escrituras. Claro que estamos lidando com informações que ainda carecem de novas confirmações. Entretanto, muitas pesquisas corroboram a tendência de que a parceria entre a Bíblia e a Arqueologia perdure por muito tempo...

(Douglas Reis, Questão de Confiança)

[1] Chip Brown, “O rei está nu (a)”, National Geographic Brasil, abril 2009, ano 9, nº 109, p.38-59. 
[2] Idem, p. 44, 45. 
[3] Idem, p. 50. 
[4] Idem p. p. 42, 44, 53-55. 
[5] Walter Veith, “Egypt and Bible”, disponível em: http://www.amazingdiscoveries.org/egypt-and-the-bible.html 
[6] Idem, p. 52.
[7] O trabalho citado por Veith é J. E. Harris, and K. R. Weeks, X-Raying the Pharaohs (New York: Scribners, 1973).

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