por: Graciela de Hein
Talvez se chamasse Maria, ou José; talvez fosse menino ou menina. Na realidade, não sei. Tudo o que quase posso garantir é que, silenciosa e respeitosamente, mantinha os olhinhos fitos em Jesus, observava tudo o que o “Amigo das crianças” fazia e dizia. Não tenho dúvida de que estava feliz, ao se achar tão perto de Jesus, o amado Mestre.
Subitamente, ouviu seu nome ser chamado. Com a face corada e sorridente, correu até Jesus, enquanto todas as demais crianças se aproximavam para ver o que aconteceria. Tomando aquela criança no colo, disse o Mestre a Seus ouvintes: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos Céus” (Mateus 18:3).
Acaso, pode você imaginar como, depois de ouvir essas palavras, os pequeninos ouvintes de Jesus intensificaram seu amor por Ele? Jesus era seu herói! Certa ocasião, contrariando a atitude dos discípulos, que consideravam estorvo a aproximação das crianças, o Mestre afirmou: “Deixem vir a Mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas” (Marcos 10:14). Que palavras maravilhosas e amáveis! Desde então, nada mudou. Ele ainda nos diz: “Não as impeçam.”
Modelo para hoje
O Salvador compreendia os cuidados e os fardos daquelas mães que se esforçavam para educar os filhos de acordo com a Palavra de Deus. Ele havia ouvido as orações delas e as havia atraído à Sua presença. Ao longo de Seu ministério terrestre, Jesus dedicou tempo para ministrar às crianças. Não apenas as observava enquanto brincavam, mas, de alguma forma, envolvia-Se com elas. De acordo com Ellen G. White, “Cristo observava as crianças brincando e, muitas vezes, expressava Sua aprovação quando elas obtinham uma inocente vitória sobre algo que haviam decidido fazer. Cantava para as crianças em palavras suaves e venturosas. Elas sabiam que Ele as amava. Nunca franzia a testa para elas. Participava das alegrias e tristezas infantis. Muitas vezes, Ele colhia flores e, depois de realçar sua beleza para as crianças, deixava-as com elas, como presente. Ele criou as flores, e gostava de realçar-lhes a beleza” (Exaltai-O! [MM, 1992, p. 91).
“Quando Jesus disse aos discípulos que não impedissem as crianças de ir ter com Ele, falava a todos os Seus seguidores em todos os tempos – aos oficiais da igreja, aos pastores, auxiliares e todos os cristãos. Jesus está atraindo as crianças, e nos ordena: ‘Deixem vir a Mim as crianças’, como se quisesse dizer: Elas virão, se vocês não as impedirem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 517).
Sim, Jesus estava sempre de braços abertos para receber crianças. Como igreja, devemos imitar Sua atitude e deixar que elas venham até Ele. Uma das maneiras pelas quais podemos possibilitar esse encontro é dedicar para elas um momento especial no culto de adoração.
Voto
Com o objetivo de facilitar a implantação dessa prática e aprimorá-la, a Divisão Sul-Americana tomou um voto cuja lembrança é oportuna. Os termos desse voto são os seguintes:
Que é adoração infantil? Adoração infantil é um momento do culto no qual as crianças têm participação especial e recebem adequado alimento espiritual.
Por que é importante? Pelo fato de fornecer à criança o senso de inclusão no programa do culto. Valoriza e reconhece a criança como participante da adoração. Ajuda para que ela cresça com a ideia de que o culto é uma experiência agradável. Contribui para seu ensinamento, crescimento espiritual, compromisso com a igreja e o desenvolvimento do correto sentido de adoração.
Quem coordena? A execução do programa está sob a responsabilidade dos coordenadores do Ministério da Criança da igreja local, tendo a supervisão do pastor ou do ancião.
Quando ocorre? O momento da adoração infantil está inserido no espaço do culto divino.
Qual é o tempo de duração? Entre cinco e sete minutos. Esse tempo é suficiente. Mais do que isso prejudica o aprendizado, porque o tempo de concentração das crianças é curto.
O que fazer? O momento da adoração infantil não se limita à narração de histórias, bíblicas ou não. Podem ser incluídas outras atividades como testemunho de uma criança, sobre gratidão ou oração respondida. Apresentação musical e dedicação de bebês também podem ser realizadas. É bom lembrar que, no caso de se usar representações, essas devem ser curtas e com narração.
O que não fazer? Uso de contos irreais, lendas, histórias seculares que envolvam fantasia, ficção ou terror, marionetes, ilustrações contrárias à filosofia cristã, coisas que não promovam a reverência e o sentido de adoração.
Importante! É aconselhável ler um texto bíblico para iniciar ou terminar a história, considerando a importância da Bíblia na adoração. Que sejam usadas palavras simples, adequadas à idade. Jamais usar gírias ou jargões seculares, nem saudações barulhentas que comprometam a reverência. O momento infantil deve terminar sempre com apelo (às crianças) e oração.
Quem dirige? Os coordenadores do Ministério da Criança local podem liderar esse momento, ou convidar qualquer pessoa habilitada, que se comunique bem com as crianças para fazê-lo. Pode ser também o pastor ou um ancião.
Como fazer? Caso seja possível, é importante saber com antecedência o tema do sermão, para que a história infantil seja relacionada a ele. Também é indispensável que os participantes da adoração infantil saibam com tempo suficiente qual será a responsabilidade de cada um e os materiais que serão utilizados. Pode ser necessário que outras pessoas ajudem na manutenção da reverência. À semelhança de qualquer outra coisa que seja feita na igreja, tudo deve ser conduzido com ordem e precisão, em concordância com a liderança local.
Finalmente, é maravilhoso saber que “o obreiro cristão pode ser o instrumento de Cristo em atrair as crianças para o Salvador. Com sabedoria e tato, ele pode ligá-las ao próprio coração, dar-lhes ânimo e esperança, e por meio da graça de Cristo transformar-lhes o caráter, para que delas se possa dizer: ‘Dos tais é o reino de Deus’” (Ibid.).
Graciela de Hein é diretora dos Ministérios da Criança e do Adolescente da Divisão Sul-Americana
Fonte: Revista Ministério, julho/agosto 2013, pp. 8-9
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