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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Uso do Veú pelas Mulheres - 1Cor 11:5



"Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu, desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada".

Para melhor compreensão deste verso, todo o contexto ou I Cor. 11:2 a 16 deve ser lido atenta mente.
Corinto era uma cidade famosa pela cultura e licenciosidade.
Situava-se no estreito que ligava o Peloponeso ao continente, sendo a rota principal na ligação do Oriente com o Ocidente.
Tornou-se famosa por sua maldade e corrupção moral. "Viver à coríntia" ou "corintizar" significava nos dias de Paulo viver em luxúria e licenciosidade.
Paulo ali esteve 18 meses pregando e estabelecendo uma igreja. Ao sair, deixou uma florescente igreja, mas que em breve começou a enfrentar sérios problemas. Visando solucionar dificuldades existentes na igreja, escreveu ele, em 57, esta carta. Dentre os problemas chegados ao seu conhecimento, um deles era o uso do véu pelas mulheres.
Naquele tempo as mulheres deviam usar o véu e trazer os cabelos longos pelo seguinte:
a)     O véu era um sinal de segurança para a mulher.
b)    Uma respeitável mulher oriental jamais aparecia em público sem o véu.
c)     Nas terras orientais o véu era sinal de honra e dignidade da mulher.
d)    A mulher desonrava a si e ao marido se não usasse o véu (v. 11). Não usavam o véu as prostitutas, as que estavam de luto e as esposas infiéis. O véu era retirado das mulheres indignas e seu cabelo cortado rente como indício de seu opróbrio.
e)     O uso do véu era um sinal de que a mulher estava subordinada ao homem.
f)      As mulheres estavam tirando o véu na igreja e fora dela como símbolo da emancipação feminina. A não aceitação do marido como chefe seria uma inversão do princípio estabelecido por Deus.
Diante do exposto, Paulo nos versos 5, 6, 9, 10, 12, 13, 15 deu instruções para que as mulheres usassem o véu ao orarem ou profetizarem.
Russell Norman Champlin escreveu entre outras coisas o seguinte sobre I Cor. 11:5:
"Esta passagem ilustra o perene problema da relação que há entre os costumes sociais e a moralidade cristã. Paulo escreveu aqui do ponto de vista de um rabino, como representante da antiga cultura judaica. Porventura tais costumes continuariam sendo obrigatórios para nós, hoje em dia, quando as coisas são tão radicalmente diferentes, em aspectos como o vestuário, e sobretudo no que tange à nossa idéia acerca da posição da mulher? Este comentador acredita que visto que os costumes sociais mudaram, as exigências deste texto também mudaram ... Acredito que se Paulo tivesse em nossos próprios dias, onde a sociedade não atribui qualquer estigma à ausência do uso do véu pelas mulheres, a questão nem ao menos teria sido abordada". – O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, IV vol., pág. 171.
Hoje não existe nenhuma exigência do uso do véu para as mulheres, porque mudando os costumes, mudam também as exigências.
Sobre o ter a cabeça coberta ou descoberta, comenta Clarke:
"O homem trazia a cabeça descoberta porque era representante de Cristo; a mulher trazia a dela coberta, porque ela era por Ordem de Deus colocada num estado de submissão ao homem, e porque era costume, tanto entre os gregos como entre os romanos, sendo entre os judeus uma lei expressa, sue nenhuma mulher fosse vista fora de casa sem véu. Isto era, e é, costume comum em todo o Oriente, e ninguém senão as prostitutas públicas andam sem véu. E se uma mulher aparecesse em público sem véu, ela desonraria sua própria cabeça – seu marido. E ela se pareceria aquelas mulheres que tinham o cabelo rapado como punição de prostituição ou adultério.
"Informa-nos Tácito que, considerando a grandeza da população, os adultérios eram muito raros entre os germanos; e quando uma mulher era achada culpada, puniam-na do moda seguinte: 'tendo-lhe cortado o cabelo, e despindo-a na presença de seus parentes, o marido despedia-a portas fora'. E sabemos que da mulher suspeita de adultério era, pela lei de Moisés, tirado o véu da cabeça. (Núm. 5:18) As mulheres reduzidas a um estado de servidão, ou escravidão, tinham o cabelo cortado: é o que aprendemos de Aquiles Tatius. Diz Clitofon, acerca de Leucipe, que foi reduzida ao estado de escrava: 'Ela foi vendida como escrava, cavou a terra e sendo-lhe cortado rente o cabelo, foi a cabeça, privada de seu ornamento'. Era também costume dos gregos cortarem o cabelo como sinal de luto. Admeto, ordenando um luto geral por morte de sua esposa Alceste, diz: 'Ordeno um luto geral por esta mulher! Corte-se rente o cabelo e ponham-se vestes negras'. Parece-nos que o apóstolo tinha especialmente em vista é a propriedade e decência de conduta. Como mesmo em nossos dias, uma mulher que se vista de modo impróprio ou fantasioso, é considera da uma desonra para o marido, porque se torna suspeita de não ser muito sã na moral, assim naqueles tempos antigos a mulher que aparecesse sem véu seria olhada à mesma luz.
"V. 6. Portanto, se a mulher não se cobre. Se ela não quiser usar véu nas reuniões públicas, tosquie-se também – leve consigo um sinal público de infâmia: mas se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar o cabelo que ponha o véu. Mesmo como motivo de luto, era considerado desonroso ser obrigado a tosquiar o cabelo; e para não perder esse ornamento da cabeça, as mulheres procuravam fugir ao costume, cortando apenas as extremidades do cabelo. Eurípedes, falando de Helena, que devia rapar a cabeça por motivo da morte de sua irmã Clitemnestra, diz: 'vejam como ela corta apenas as pontinhas do cabelo, a fim de preservar sua beleza, e é exatamente a mesma mulher que dantes'." – Comentário de Adão Clarke, vol. VI, pág. 225. 
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído  da apostila Leia e Compreenda Melhor a Bíblia

Estudo das Palavras: Anátema e Maranata


Anátema
A palavra na sua origem grega é formada da preposição aná – em cima, sobre e de uma forma do verbo tithemi – pôr, colocar.
Em grego este termo indicava uma oferta votiva para o sacrifício, ou que era colocada em cima do altar. Olhando para o seu significado atual de excomunhão, condenação, maldição, reprovação enérgica, repreensão solene, é fácil concluir que ela sofreu profunda transformação semântica. Júlio Nogueira diz que a palavra anátema depois passou a significar o que o Espírito do Mal põe de lado, isto é, coisa maldita.
Temos em grego duas palavras para anátema, isto é, anavqema e anavqhma, uma com épsilon e a outra com eta. Crêem alguns, serem ambas a mesma palavra com grafia diferente; como as variantes portuguesas coisa e cousa; flecha e frecha. No grego bíblico as duas formas apresentam diferença de significação, pois anavqema significa dedicado em um mau sentido e anavqhma, num sentido positivo. Um confronto entre as passagens de Atos 23:14; Rom. 9:3; I Cor. 12:3; Gál. 1:8 com Luc. 21:5 nos convencerão desta realidade. Nas quatro primeiras encontramos anátema com e breve e na última com e longo.
Na Septuaginta (tradução do hebraico para o grego do Velho Testamento) encontramos a palavra anátema traduzindo a hebraica hérem, com a idéia de coisa dedicada, devotada, mas também amaldiçoada como nos confirmam as passagens de Lev. 27:28; Núm. 21: 3 e Deut. 7:26.
O Dicionário de Arndt and Gingrich apresenta o mesmo significado para estas duas formas.
Maranata
Esta expressão merece de nossa parte um detido estudo, porque ela está relacionada com uma das nossas crenças fundamentais, a Segunda Vinda de Cristo, como revelamos no próprio nome que identifica a nossa igreja – Adventistas do Sétimo Dia.
Desde os tempos mais remotos, esta palavra teve seu ingresso na liturgia da igreja.
Antes do seu estudo seria bom lembrar, que embora apareça no mesmo verso ao lado de anátema, não deve ser unida com ela como se fosse uma só frase. A expressão “Maranata” constitui-se num período após anátema.
Maranata aparece apenas uma vez na Bíblia, empregada por Paulo em I Coríntios 16:22. A Edição Revista e Atualizada no Brasil de João Ferreira de Almeida nos apresenta este verso cem a seguinte redação :
“Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema. Maranata.”
O Novo Testamento Vivo, tendo como finalidade principal transmitir a mensagem do original numa linguagem mais compreensiva, apresenta as duas palavras não transliteradas, mas com o seu significado em português, isto é:
“Se alguém não ama o Senhor, essa pessoa é maldita. Senhor Jesus, vem! “
A Bíblia na Linguagem de Hoje, com o mesmo escopo, de que aqueles que lêem as Sagradas Escrituras a entendam, traz a segunda palavra no original, porém apresentando a sua tradução:
“Quem não amar o Senhor, que seja amaldiçoado! Maranata’ – Venha, nosso Senhor!”
O vocábulo Maranata não é de origem grega nem hebraica, mas aramaica. Os estudiosos não nos sabem informar a razão de Paulo a haver empregado. Sabemos que esta carta foi escrita pelo secretário Sóstenes (I Cor. 1:1), porém, como era o costume de Paulo, o fecho de suas epístolas era do próprio punho (16:21). O apóstolo conhecendo muitas línguas (I Cor. 14:18), era também bom conhecedor do aramaico e por alguma predileção por esta palavra, ele a empregou. Talvez possamos conjeturar que fosse uma expressão muito vulgarizada em seu tempo.
Conforme os comentaristas do Dicionário Enciclopédico da Bíblia, o fato de Paulo haver escrito em grego para cristãos de língua grega, usando esta fórmula aramaica, explica-se provavelmente pela suposição de que tal fórmula proveniente de uma comunidade de língua aramaica (provavelmente na Palestina), fazendo parte, talvez, de um hino ou de um formulário litúrgico, ficou conhecida e usada em todas as comunidades cristãs, assim como amém e aba.
“Esta fórmula é uma profissão de fé em Jesus como Senhor e na sua volta.” – Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Verbete – Maranata, págs. 937-938.
Qual o Significado de Maranata?
Dentre as alternativas propostas estas são as que mais se destacam:
1ª) De conformidade com o comentarista Buxtrof, a palavra em épocas bem afastadas de nós era usada em uma fórmula judaica de excomunhão.
“O vocábulo maranata é encontrado em anátemas judaicos, de acordo com um epitáfio do V século proveniente de Salámis, Se alguém sepultar aqui outro cadáver, ao lado de nós dois preste conta a Deus, e seja anátema maranata.” – Dicionário Enciclopédico da Bíblia, pág. 938.
2ª) Um grupo de estudiosos opina, com certa insistência, que este vocábulo foi usado no início da era Cristã como senha para os primitivos seguidores de Cristo. Esta explicação, embora plausível, não nos é comprovada por autoridades insuspeitas.
3ª) Consoante alguns etimologistas a palavra será decomposta da seguinte maneira: Mar = Senhor; an = nosso e athá = veio. Os três elementos constitutivos significam: O nosso Senhor veio.
Arnaldo Christianini nos informa o seguinte: Houve mesmo um escritor que, a respeito desta frase fez a seguinte observação: Os judeus que esperavam a vinda do Messias, diziam freqüentemente: Marãn! Marãn! (Senhor nosso! Senhor nosso!). E os cristãos lhes respondiam: Marãn-athá (O nosso Senhor já veio). – Revista Adventista, junho de 1958, pág. 12.
4ª) Outros estudiosos insistem que o sentido da frase não é passado, mas sim futuro, desde que a língua hebraica apresenta a seguinte característica, embora o verbo não esteja no futuro ele indica um futuro profético. Os crentes primitivos eram animados diante das lutas e adversidades com a expressão encorajadora – Marán-athá = O nosso Senhor virá.
5ª) Nesta classe se encontram aqueles que explicam a expressão Marán-athá, como sendo optativa, ou expressando um desejo; assim a traduziram: “O nosso Senhor, vem”. Ela nos transmite o mesmo desejo expresso pelo apóstolo João em Apoc. 22:20 : “Ora vem, Senhor Jesus.”
6ª) A frase expressaria um apelo ou chamado para que os pecadores aceitassem a Cristo: Vem ao Senhor Jesus.
7ª) O vocábulo tem um sentido de advertência, diante da proximidade do retorno de Cristo: Nosso Senhor está vindo.
8ª) De acordo com o pesquisador Hommel “Maránata” significaria “Nosso Senhor é o sinal” ou “Nosso Senhor é alef e tau” (Primeira e última letras do alfabeto hebraico; confira Apoc. 21:6). Esta explicação não teve muita acolhida.
Conclusão
Como acabamos de expor, é difícil apresentar com precisão o exato significado desta palavra aramaica, mas procurando captar o consenso geral dos estudiosos, podemos declarar que se trata de uma oração, particularmente usada por Paulo em suas saudações cristãs como o mais sublime e exultante testemunho da acariciada esperança na vinda do Senhor Jesus. (Fil. 4:5; Judas 5; Apoc. 1:7; 7:11).
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído da apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

domingo, 9 de outubro de 2011

“Seja entregue a Satanás”. Comentário Exegético de I Cor. 5:5



A tradução Revista e Atualizada no Brasil apresenta:
“Entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor.”
Sendo este um dos textos mais citados pelos nossos oponentes, crentes na imortalidade da alma, como prova da dicotomia que fazem entre corpo e alma, ele necessita de uma análise detida, para se chegar à conclusão exata do que Paulo queria dizer.
Os que ensinam doutrinas não defensáveis pela Bíblia, se valem de versos difíceis de serem explicados para nos confundirem e rejeitarem as mensagens que pregamos. Não nos devemos impressionar com as artimanhas dos inimigos da verdade, por mais especiosas que sejam, porque temos a verdade e esta não teme nem ataques nem confrontos.
Comentários Gerais
Em nenhum Dicionário ou Comentário Bíblico, encontramos uma explicação defendendo a extravagante idéia, do corpo ser destruído em conseqüência do pecado e a alma ser salva para o reino de Deus.
Para uma impressiva compreensão desta passagem devemos conhecer bem o contexto, porque este nos ajuda a entender o motivo da declaração paulina.
No primeiro verso do capítulo cinco lemos:
“Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.”
O relato do apóstolo nos dá a entender que ele ouvira esta desagradável história, provavelmente, através dos escravos da casa de Cloe (ver I Cor. 1:11). Concluímos, que das notícias indignas que ouvira, relatando o procedimento reprovável de alguns membros da igreja de Corinto, o caso mais escabroso era um pecado de incesto. Certa pessoa mantinha relações sexuais com a mulher de seu pai, evidentemente sua madrasta.
O vocábulo grego traduzido por imoralidade é “pornéia“, que significa prostituição, falta de castidade, fornicação. Em grego a palavra designava qualquer relação sexual proibida. A palavra “pornográfica” muito usada, entre nós, para designar gravuras ou literatura obscenas nos indica porque ela é apropriada para as mulheres decaídas. Paulo usando “pornéia” e não “moicheia” adultério, talvez indique, que o pai daquele homem já houvesse falecido. Não havendo nenhuma censura, por parte do autor da epístola à mulher, tem levado os comentaristas a concluírem que ela não era cristã.
A surpresa do apóstolo, de acordo com o verso dois, é que esta pessoa, apesar de seu pecado ser público e vexatório para a incipiente comunidade cristã, ela continuasse desfrutando da comunhão da igreja. Ele censura duramente os membros da igreja, por sua complacência, em face deste notório escândalo. Baseado em sua autoridade apostólica, mesmo ausente (estava em Éfeso como nos indica o capítulo 16 verso 8), sugeriu a sua sentença – o afastamento do faltoso ou a sua excomunhão da igreja.
O torneio frásico para indicar esta disciplina – “seja entregue a satanás para destruição da carne” tem trazido alguma perplexidade aos comentaristas, porque ele parece destoar com a harmonia que existe entre as doutrinas bíblicas.
Para a boa compreensão desta sentença é necessário atentar para os seguintes itens:
1º) No original não se encontra a palavra corpo (soma), mas carne (sarks). Esta palavra grega tem vários significados, entre eles o de natureza ou tendência carnal. Por isso a tradução inglesa – Authorized Version – apresenta com propriedade I Cor. 5:5 assim: “Entregue ao domínio de Satanás o homem que assim pecou, para a destruição de suas cobiças carnais; a fim de que seu espírito se possa salvar no dia do senhor Jesus.”
2º) Nosso pródromo em crítica textual bíblica, o exegeta Arnaldo Christianini escreveu:
“O pensamento paulino era que o autor de tão infame pecado fosse imediatamente excluído da comunhão da igreja, entregue à sua própria sorte, sofresse fora da proteção de Deus, sob o domínio do príncipe das trevas, e viesse a cair em si, a arrepender-se e, finalmente, a ser recuperado na fé e salvar-se por ocasião da vinda de Jesus.”
Para comprovar suas afirmações ele cita alguns autores, que aqui transcrevemos:
Humberto Rohden: “Na qualidade de representante de Jesus cristo, excluiu S. Paulo da comunidade eclesiástica o pecador impenitente e escandaloso, entregando-o ao reino de Satanás, isto é, ao mundo dominado pelo príncipe das trevas, para que este castigo o faça cair em si (arrepender-se).”
P.. Matos Soares: “Seja o tal entregue a satanás, seja separado da comunhão da igreja, para a morte da carne, isto é, para ser atormentado no seu corpo por Satanás por meio de doenças, causadas pelos seus próprios vícios, de modo que, assim castigado, se venha a voltar para o bem, e sua alma seja salva.”
Do autor batista A. B. Rudd em seu Comentário às Epístolas aos Coríntios:
“Esta passagem não é difícil de entender. Paulo já tinha juízo formado sobre o caso, e dá instruções concretas à igreja. Sem entrar em todos os pormenores destas instruções, resume-as como segue: ‘O autor de tal ato incestuoso não é digno de ser membro de vossa igreja; portanto, em nome de nosso Senhor Jesus e com sua autoridade, separai-o formalmente da comunhão e, deixando-o assim no mundo cujo príncipe é Satanás, ficará sujeito à influência dele, que pode infligir-lhe no corpo moléstias que resultam logicamente dessa espécie de pecado. Este castigo servirá para despertar o arrependimento no transgressor e importará assim em sua salvação.”
A obra Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios, págs. 51 e 52, do presbiteriano Charles R. Erdman, nos declara:
“A falta era gravíssima. o ofensor vivia maritalmente com a própria madrasta. . . Paulo, como se presente estivera na congregação, descreve o ato solene da disciplina como já estando a realizar-se: ‘considerai-me, pois, presente no vosso meio, a sentenciar, em nome de Cristo e com a vossa aquiescência, a excomunhão do autor da infâmia, bem como a sua entrega a Satanás, para que lhe imponha sofrimentos capazes de quebrar a força de sua cobiça pecaminosa, e assim venha a sentir arrependimento, seja restaurado à condição anterior, e se salve no dia do Senhor!. . .
“O que mais importa, porém, é observar que o sofrimento, qualquer que fosse sua natureza e procedência, teve como escopo reconduzir o culpado ao arrependimento, como uma advertência de que o alvo supremo de qualquer ação disciplinar na igreja é a reabilitação dos ofensores.”
Christianini conclui suas asseverações desta parte declarando:
“Não indica no texto que o corpo perece e a alma se salve. Dizem as Escrituras que Deus lançará na geena tanto o corpo como a alma. A salvação, como a perdição, abrange o homem integral.” – Revista Adventista, Julho de 1958, pág. 37.
Confirmando, que os comentaristas, apenas com palavras diferentes, insistem na mesma tecla, eis o que se encontra em The Interpreter’s Bible, vol. 10, pág. 62, ao comentar I Cor. 5:5:
“Na verdade, o apóstolo entrega o homem a Satanás, tendo em vista a destruição de sua natureza carnal. Isto também tinha seus precedentes: Paulo é fruto do seu tempo. Com a história de Jó e muitos outros exemplos em mente, ele partilhava da crença geralmente aceita, de que os poderes sobrenaturais do mal, estão sempre a postos para tentar e destruir os fiéis. Assim como Jó foi provado, testado e tentado muito mais atormentariam eles os que fossem desligados da comunhão da igreja. As conseqüências poderiam tomar várias formas, tais como enfermidade e sofrimento e até mesmo a morte. Tais idéias eram comuns naqueles tempos e não são desconhecidas da mitologia grega. Elas ainda exerciam uma poderosa influência na mentalidade judaica (Lucas 13:1-5). Paulo e a comunidade judaica partilhavam dessas opiniões.
“Portanto, invocando sua autoridade apostólica, e no sagrado nome do senhor Jesus ele entrega o homem a Satanás, para que através do sofrimento seu espírito pudesse ser salvo no Dia do Juízo. A porta não é cerrada para sempre. Tendo lugar uma mudança de coração, a restauração pode ocorrer. Contudo a disciplina é essencial. Os grandes padrões da moralidade cristã devem ser mantidos. Por todos os meios, que a disciplina seja em primeiro lugar persuasiva em seu método de lidar com aqueles que se têm desviado. Que a fraternidade, a amizade e a assistência cristã façam o máximo possível.”
Este estudo estaria incompleto se não acrescentássemos aqui o que diz o Comentário Adventista (SDABC) sobre o texto de I Cor. 5:5:
Seja entregue a Satanás. só existem dois reinos espirituais neste mundo: o de Deus e o de Satanás. Se alguém deixa o reino de Deus, naturalmente passará a participar do reino de Satanás (ver S. João 12:31; 16:11; II Cor. 4:4). Aquele pecador ousado e arrogante se havia, por seu próprio procedimento pecaminoso, se afastado do reino de Deus, e isso deviam os irmãos da igreja reconhecer, expulsando-o da igreja. Comparar com 1 Tim.1:20.
Para destruição da carne. As Escrituras chamam as práticas imorais de “obras da carne”. (Gál 5:19; Col. 3:5). Os cristãos são admoestados a não viverem segundo a carne (Rom. 8:13), A “destruição da carne” pode, pois, ser compreendida como uma mortificação dos desejos carnais. A idéia do sofrimento físico, que Satanás muitas vezes inflige, pode também estar incluída no sentido. Paulo denominou a sua própria enfermidade de “mensageiro de Satanás”. (II Cor. 12:7). Satanás é o autor das doenças e sofrimento. Portanto a pessoa ímpia, o autor do incesto, devia ser deixado, sofrendo as conseqüências do seu procedimento indigno.
O espírito. Por ocasião da ressurreição os homens receberão novos corpos. O corpo que agora temos voltará ao pó (Gên. 3:19).
Seja salvo. A finalidade da sentença aqui descrita é correcional. Isto era verdade também no caso de Himeneu e Alexandre, que Paulo ‘entregou a Satanás’ para que aprendessem a não blasfemar (I Tim. 1:20). A disciplina da igreja destina-se a despertar o transgressor, levando-o a reconhecer sua situação perigosa e revelar-lhe a necessidade de arrependimento e contrição. Uma vez corrigido e humilhado pela disciplina, pode o pecador retornar a uma vida de virtude e fé. O alvo da punição da igreja não deve nunca ser a vingança, mas recobrá-lo da ruína. O membro excluído devia ser alvo de profunda simpatia por parte da igreja, e ingentes esforços deveriam ser feitos para conseguir sua restauração espiritual (ver S. Mateus18:17; Rom. 15:1; Gál. 6:1-2; Heb. 12:13).”
Um ponto final poderia ser colocado neste comentário, pois creio que a declaração de Paulo está bem clara, mas atendendo também àqueles que gostam de multiplicar exemplos comprobatórios, vamos transcrever o de M. C. Wilcox, do livro Questions and Answers, pág. 179:
“É certo que a igreja de Deus, se ela está na situação em que deve estar, é lugar sagrado, seguro, abençoado; mas uma pessoa como a descrita em nosso texto perdeu todos os direitos à igreja, e o Senhor queria que ele não continuasse sob a proteção da igreja, e experimentasse o que significava ficar fora e lutar sozinho contra Satanás. Isso devia a igreja fazer a fim de levar o pecador ao arrependimento, e assim pudesse ser salvo – não salvo em sua carne concupiscente, mas salvo em sua vida espiritual. A julgar pela segunda epístola, parece claro que o homem se arrepende, e Paulo pede à igreja que o receba, para que não seja devorado de demasiada tristeza. II Cor. 2:6-11.”
Da expressão – “a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor”, o vocábulo espírito merece esta referência:
Os dicionários gregos que mais se notabilizam, como os de Liddell e Scott, Arndt e Gingrich, apresentam para a palavra “pneuma” além dos sentidos comuns de sopro, ar, respiração, vento, vida, etc., o de ser vivente, pessoa.
Pedro Apolinário, em Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

domingo, 2 de outubro de 2011

Batismo pelos Mortos (I Cor 15:29)



"De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?"

A explicação deste verso é das mais difíceis do Novo Testamento, porque os expositores ficam quase sempre no terreno das hipóteses.
Uma distintiva doutrina dos Mórmons está baseada em I Cor. 15:29. Afirmam eles: “Sendo que o batismo é essencial para a salvação e que muitos morreram antes da restauração da igreja por Joseph Smith, é essencial que os vivos sejam batizados pelos mortos que faleceram sem o conhecimento do Evangelho. Esse batismo por imersão, realizado pelo morto é creditado em seu registro como se fosse realizado por ele mesmo”.
Os estudiosos têm apresentado muitas explicações tentando solucionar o que Paulo quis dizer nesta passagem, chegando os comentaristas a afirmarem que nenhuma passagem do Novo Testamento tem produzido tantas interpretações.
Para que haja real entendimento do problema é necessário que a análise seja firmada nas doutrinas bíblicas, sem a qual alguns têm chegado a conclusões absurdas.
Antes da exegese do texto é muito útil saber:
a)     quem o pronunciou;
b)    sob que circunstâncias ele foi escrito;
c)     com que objetivo, Paulo escreveu a primeira carta aos coríntios em Éfeso, cerca de 59 AD, perto do fim de seu ministério nesse lugar – Atos 20:31; I Cor. 16:8.
Corinto era uma cidade rica, populosa e muito imoral, situada ao sul da Grécia. Durante 18 meses, Paulo ali esteve estabelecendo uma grande igreja. Depois de partir desta cidade, surgiram múltiplos problemas e a finalidade da carta era ajudá-los na sua solução. O assunto geral da epístola é o modo correto do bom procedimento cristão. Dentro deste objetivo se encontra o tema do capítulo 15, onde ele apresenta de modo leal e franco – a verdade da ressurreição.
Uma leitura atenta de todo o capítulo 15, ou o contexto desta intrigante passagem para exegetas e comentaristas, é muito útil para a sua exata compreensão. Observe especialmente os versos 1 a 6, 12 a 16, 32.
Embora estas afirmações sejam úteis para nossa análise, admitamos com Vincent: “Nenhuma das explicações propostas está livre de contestação.”
O SDABC afirma: dois pontos importantes devem ser considerados para uma boa compreensão da passagem:
1º) Paulo está ainda falando da ressurreição e qualquer solução deve estar intimamente ligada com o tema do capítulo 15.
2º) Uma razoável interpretação deve conformar-se com a correta tradução da frase grega:
HUPER TON NECRON” (pelos mortos), e é geralmente aceito que huper (pelo) aqui significa “em favor de”.
O original, muitas vezes, nos ajuda na resolução do problema. No grego se encontra: BAPTIZOMENDI HUPER TON NECRON.
Desta frase a palavra que nos interessa mais é a preposição hiper. Ela rege o genitivo e o acusativo, estando aqui regendo o genitivo. Neste caso a tradução será: por, em favor de, por causa de.
Das explicações visando solucionar o problema as principais, incluindo as do SDA Bible Commentary, são as seguintes:
1ª) As traduções bíblicas mais comuns para o português são a Edição Revista e Corrigida e a Revista e Atualizada no Brasil. Embora ambas tenham o mesmo autor, o Padre João Ferreira de Almeida, o leitor notará que os comentaristas apresentam pontos de vista diferentes baseados nas duas traduções. A Revista e Atualizada apresenta: “por causa dos mortos e a Edição Revista e corrigida afirma: “pelos mortos’.
“Por causa dos mortos”, isto é, como resultado do testemunho que deram enquanto vivos, ou ao morrerem. Mesmo que esta exegese seja válida, aqueles que se batizavam por causa do testemunho daqueles que já haviam morrido, eles próprios não acreditavam na ressurreição do corpo. Assim sendo, o apóstolo aqui condena este vão procedimento.
2ª) Uma segunda corrente afirma que crentes vivos eram batizados em lugar de crentes mortos, porque estes, por alguma razão não puderam ser batizados. É possível que alguns desses crentes tivessem falecido repentinamente, devido a alguma praga ou outra ocorrência funesta, não tendo assim a oportunidade de se batizarem.
3ª) O Comentário de Adam Clarke sobre esta passagem é mais ou menos o seguinte:
Depois de afirmar que é o verso mais difícil do Novo Testamento e apresentar várias interpretações ele enfatiza esta: Paulo emprega a palavra batismo como sinônimo de dores, de sofrimento, que os apóstolos estavam sofrendo pelo fato de pregarem o evangelho, com a esperança de ressuscitarem um dia, à semelhança de Cristo, para herdarem a vida eterna. A palavra batismo neste verso é usada no mesmo sentido de Mar. 10:39 e Luc. 12:50.
4ª) De acordo com The Pulpit Commentary, batismo, nesta passagem é o batismo do Espírito Santo, referindo-se portanto à conversão da alma pelo Espírito de Deus.
Em outras palavras, devemos compreender a expressão batismo pelos mortos como uma referência àqueles que das trevas pagãs foram convertidos pelo evangelho e admitidos na igreja, a fim de ocuparem o lugar de crentes que pelo martírio ou qualquer outra razão tinham morrido, Assim o batismo ou a conversão compensava as perdas causadas pela morte.
5ª) Ainda uma outra sucinta idéia defendida com ardor por vários estudiosos é que a palavra “mortos” neste passo se refere a Cristo, sendo usado o plural pelo singular (sinédoque) significando – por causa do morto, isto é, Cristo. No original está mortos, e é difícil vermos como Cristo poderia representar uma “categoria” inteira de pessoas. Além disso Cristo não está morto mas bem vivo como a passagem ensina.
6ª) É uma explicação sugerida por aqueles que defendem a tese de que não havendo pontuação no original, ao colocarem esses sinais, houve uma distorção naquilo que Paulo realmente desejou dizer.
O Dr. W. E. Vine apresenta a seguinte solução: “Lembrados de que o original foi escrito sem pontuação, podemos pôr o sinal de interrogação depois da palavra “batizados” e então o versículo adquire sentido de acordo com a doutrina da Escritura. Assim ler-se-á: “Que farão os que são batizados? É para os mortos. Se os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?”
Vejamos agora a interpretação sugerida pelos estudiosos adventistas, de conformidade com o SDABC ao comentarem I Cor. 15:29.
“Paulo neste verso retorna à sua linha principal de raciocínio concernente à ressurreição. Esta é uma das difíceis passagens nos escritos de Paulo para a qual nenhuma explicação inteiramente satisfatória tem sido encontrada. Os estudiosos têm apresentado 36 interpretações procurando solucionar os problemas deste verso. (Estas 36 diferentes explicações apareceram em Junho de 1890, em Newbery House Magazine, apresentadas por J. W. Horsley. Nota de P.A.).
Três interpretações são sugeridas:
1ª) A passagem deveria ser traduzida: “O que então farão os que são batizados? (são eles batizados) por causa dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, por que então eles são batizados? Por que então nos expormos sempre ao perigo por eles?” No entanto, esta tradução, embora possível, não explica satisfatoriamente a frase ‘em favor dos mortos’.
2ª) Paulo está se referindo aqui a um costume herético, onde cristãos vivos eram batizados em favor dos mortos; portanto, parentes ou amigos não batizados, poderiam ser salvos por procuração.
Pais da igreja fazem várias referências a uma tal prática citando o costume dos heréticos marcionistas.
Tertuliano se refere ao festival pagão: Kalendae Februare onde os adoradores se submetiam a uma purificação, ou lavagem em favor dos mortos (Contra Marcion Verso 10). Marcion floresceu aproximadamente na metade do segundo século A.D.
Este segundo ponto de vista exige a admissão de que a prática data de dias anteriores a Paulo. A objeção que se levanta é que o apóstolo seria inconsistente em citar uma prática herética ou pagã para sustentar uma doutrina cristã fundamental. Mas Paulo, sem endossar a prática poderia dizer em essência: Se os próprios pagãos e heréticos têm a esperança da ressurreição, quanto mais nós deveríamos alimentar esta sublime esperança. Jesus usou a história do Rico e Lázaro como elemento para uma parábola, embora não endossasse sua aplicação literal.
3ª) É possível interpretar o verso 29, em termos de seu contexto (versos 12-32) como uma outra prova da ressurreição: I – A expressão se refere ao argumento dos versos 12-28 e poderia ser parafraseada, ‘mas se não há ressurreição. . .’ II – A palavra “batizado” é usada figuradamente para perigo ou morte como em Mat. 20:22 e em Luc. 12:50. III – Aqueles que são batizados “refere-se aos apóstolos, constantemente enfrentando a morte, quando eles proclamavam a esperança da ressurreição (I Cor. 4:9-13; conf. Rom. 8:36; II Cor. 4:8-12). IV – Os mortos do verso 29 são os cristãos mortos dos versos 12-18, e potencialmente todos os cristãos vivos, que, de acordo com alguns em Corinto não tinham esperança além da morte (verso 29 poderia ser parafraseado assim: “Mas se não há ressurreição, o que devem fazer os mensageiros do evangelho, se eles continuamente enfrentam a morte em favor dos homens que são destinados a perecer na morte?
Seria tolice (v. 17) para eles, enfrentar a morte pelos outros, “se os mortos não ressuscitam” (versos 16, 32). Portanto, a coragem dos apóstolos, mesmo em face da morte, é uma excelente evidência de sua fé na ressurreição. Que não é possível que os cristãos fossem batizados vicariamente em favor de parentes e amigos mortos como alguns ensinam, é comprovado pelas Escrituras que declaram que um homem deve crer pessoalmente em Cristo, e confessar seus pecados a fim de beneficiar-se com o batismo, e assim ser salvo (Atos 2:38; 8:36-37; conforme Ezeq. 18:20-24; João 3:16; I João 1:9). Mesmo o mais justo dos homens pode livrar apenas a sua própria alma (Ezeq. 14:14, 16). A morte determina o fecho da experiência humana (veja Sal. 49:7-9; Ecl. 9:5, 6, 10; Isa: 38:18, 19; Luc. 16:26; Heb. 9:27, 28)”.
 Conclusão
O livro Consultoria Doutrinária da Casa Publicadora Brasileira, pág, 246 comentando esta passagem conclui:
“Uma das soluções mais razoáveis do texto em lide é o que o apóstolo S. Paulo, ao debater a doutrina da ressurreição, cita um costume pagão ou herético de sua época, se bem que não o aprova”.
Finalizo com a sintética explicação apresentada a este versículo em A Bíblia Vida Nova: “Há umas quarenta interpretações. Seria uma prática sem fundamento bíblico que Paulo aproveita para mostrar a incoerência dos seus oponentes em Corinto”.
Texto de autoria de Pedro Apolinário, extraído da apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ninguém vos julgue pelo Sábado

 “Portanto ninguém vos julgue pelo comer beber, festas, luas novas e sábados, tudo tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.  Col. 2:16,17

Quero chamar a atenção de nossos leitores para o contexto bíblico destes versos.
O sábado tem sido desprezado pela maioria dos chamados cristãos pela interpretação superficial destes textos de Colossenses, onde eles atribuem a abolição do sábado com Sua Santidade levando muitos inconscientes a se rebelarem contra o Senhor do sábado, Jesus.
Na verdade podemos ver este sábado de colossenses como sendo também o sábado moral da Lei de Deus; sem perder de vista a santidade do mesmo, sendo que esta   não é percebida pelos oponentes à santificação do sábado.
Como então compreender a expressão acima? O que se passava na Igreja de Colossenses? Estava Paulo informando a abolição do sábado nesta passagem bíblica? Deixou Paulo de guardar o sábado após esta declaração?
Sabemos com certeza que Paulo não debateu contra a santidade do sábado e sim  estava advertindo certos dirigentes religiosos que cobravam dos cristãos de colossenses a prática da lei cerimonial ( rituais, sacrifícios e ordenanças) que eram realizados nos períodos acima das “Festas, Luas Novas e Sábados). Observe: estes rituais apenas é que  deveriam prevalecer até a morte de Jesus na Cruz, porém a santidade do dia de sábado jamais fora cravada na Cruz e sim nos corações dos sinceros filhos de Deus, juntamente com toda a Santa Lei Moral de Deus (Heb 8:10).
 Paulo estava refererindo-se aos rituais cerimoniais realizados no dia de sábado. Que eram o motivo da cobrança por parte de judeus semi-convertidos na Igreja de Colossenses; esses estavam dificultando o crescimento espiritual em Cristo dos gentios de Colossos. Anulando o objetivo do sacrifício que Jesus realizou na Cruz, o qual substituiu para sempre as sombras, ou seja, os sacrifícios de animais e todo o ritual cerimonial que apontava para Jesus.
Esses rituais cerimoniais cobrados pelos judeus semi-convertidos mesmo em dia de sábado é que eram as sombras do verdadeiro sacrifício que Deus esperava; “o corpo de Jesus dilacerado naquela rude cruz como propiciação pelos pecados daqueles que nEle crer”. E assim tanto Paulo, como Pedro, todos os apóstolos e discípulos compreenderam claramente que a morte de Jesus jamais aconteceu para desfazer a Lei que mostra o pecado, mas sim para desfazer os pecados que a Lei Moral de Deus mostra ao pecador e este em arrependimento busca o perdão de Deus, Incluindo o pecado pela transgressão do santo dia do Senhor, o sábado.  
É certo que nenhum homem tem autoridade para julgar ao outro por não guardar o sábado ou qualquer outro mandamento. Ninguém deverá esquecer que Deus julgará a todos um dia por meio de Jesus a quem Ele ressuscitou dos mortos (Atos 17:30,31). Todo pecado contra qualquer um dos Dez mandamentos da Lei de Deus incluindo a transgressão do quarto mandamento, “Lembra-te do dia do sábado para o santificar”  Exo 20:8-11),  se não confessado e não abandonado, o pecado levará o pecador a receber a sentença de morte eterna no juízo final (Ecl. 12:13,14).
 Amigo! Se você até aqui está seguindo os passos de homens que o leva a uma vã adoração por ensinarem apenas mandamentos de homens como (guardar o Domingo como dia santo), invalidando no seu coração os mandamentos de Deus (Mar 7:7-9); deixe o Espírito Santo tocar profundamente agora em seu coração.
 Cristo tem hoje um convite especial pra você: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis, todavia se alguém pecar temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo o Justo; Ele é a propiciação pelos nossos pecados e também pelos pecados do mundo todo... Se confessarmos nossos pecados Ele é fiel e Justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1º Jo 2:1,2 e 1:9).
 Desviando o homem de profanar o sábado e Fazendo a vontade de Deus guardando Sua Lei, santificando o Seu Santo Sábado, e tentdo  a Jesus como único  Senhor e Salvador, entrará na promessa santificadora de Deus e te deleitarás no Senhor e cavalgará sobre os altos da terra, porque “a boca do Senhor o disse” (Isa 58:13,14). Que Deus lhes de a paz e a fé para servi-lo de todo o coração. Amém.
Será um privilégio estudar com você sobre estes e outros assuntos.
Caso haja interesse, estaremos à disposição para apresentar-mos estes e outros temas em sua Igreja. Faça um contato conosco. Que Deus o abençoe.
 por Ronaldo Mendes

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Justificação, Santificação e Glorificação

 Este tema tem que ver com a salvação, e nada é tão essencial na Bíblia quanto a nossa redenção. Justificação, santificação e glorificação são três processos na salvação do ser humano.
"A mensagem presente, a justificação pela fé é a mensagem de Deus... Não há um em cem, que compreenda a verdade bíblica sobre este tema, tão necessário para o nosso bem-estar presente e eterno."1
"Isso, porém, eu sei que nossas igrejas estão perecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo e verdades semelhantes."2
"A mensagem da justificação pela fé: a mensagem de Deus, a mensagem da verdade, a mensagem que Deus ordenou fosse dada ao mundo, a mensagem que leva as credenciais do céu é a mensagem do terceiro anjo em linhas distintas e claras."3
"Muitos que professam crer na mensagem do terceiro anjo, perderam de vista a justificação pela fé."4
"O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram todos os outros no Livro, é o plano da redenção, a restauração da imagem de Deus, na alma humana, o empenho de cada livro e passagem da Bíblia é o desdobramento deste maravilhoso tema."5
"A justificação pela fé, em seu mais amplo sentido, abrange todas as verdades vitais, fundamentais do evangelho, a começar pela situação moral do homem ao ser criado e implicações: seguem-se vinte e duas verdades embutidas na justificação pela fé."6

A doutrina da justificação pela fé em Cristo, de capital importância para a nossa salvação tem sido neutralizada por Satanás. Ela foi escondida durante séculos pelas tradições romanas, mas graças aos reformadores, destacando-se entre eles a figura ímpar de Lutero, ela foi revelada novamente.



A Igreja Adventista e a Justificação pela Fé

Nossa igreja, nos seus primórdios, correu o risco de entrar por sendas legalistas, mas damos graças a Deus, porque Ele nos mostrou o caminho seguro neste assunto. Este importante tema, estudado com interesse e entusiasmo pelos pastores Jones e Waggoner, foi apresentado em 1888, na Assembléia da Associação Geral de Mineápolis. Ele foi bem recebido pelo Presidente da Associação Geral e por Ellen G, White. Uma intensa e constante campanha foi encetada para que este ensino merecesse um lugar de destaque em nossos arraiais; contribuindo muito para a divulgação destas idéias pregações e artigos da mensageira deste movimento.
Alguns leigos e mesmo obreiros como Uriah Smith, a princípio rejeitaram a doutrina da justificação pela fé, temendo que estava havendo uma volta ao espírito das igrejas protestantes de onde havíamos saído.
Muitos adventistas, naqueles idos, e ainda hoje, apegados ao insidioso legalismo que ainda viceja em nossos arraiais, não podem ou não querem compreender esta maravilhosa verdade, crendo que é uma doutrina antibíblica, logo espúria, característica do protestantismo.
Diante destas afirmativas a única conclusão segura é esta: como igreja precisamos compreender melhor este assunto, pregando mais sermões para que nosso povo o compreenda com clareza e objetividade.

O que é Justificação?

Para Vincent, Word Studies in the New Testament, vol. III, pág. XI: "Justificação pela fé envolve união pessoal com Cristo e conseqüente morte para o pecado e ressurreição moral para novidade de vida."
"É a obra de Deus ao lançar a glória do homem por terra, e fazer pelo homem o que não lhe é possível fazer em seu próprio poder."7
"A justificação é um ato da livre graça de Deus, mediante a qual Ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos, baseado somente na retidão de Cristo, a nós imputada, e recebida exclusivamente pela fé."8
"Ser justificado independentemente das obras é ser justificado sem contar com qualquer coisa que mereça tal justificação." Hodge.
"É a imputação divina da justiça de Cristo ao nosso nome individual."9
Justificação é uma parte do processo completo da salvação.
"A justificação é um ato declarativo de Deus. Este ato de declarar o homem justificado não é como o ato de Deus regenerando o homem. Na regeneração efetua Deus uma mudança radical no homem, mas na justificação Ele declara, apenas, que não pode mais condená-lo e o restaura à Sua graça. Deus não faz o homem justo por declará-lo justificado. Uma das maiores glórias do evangelho é esta doutrina, que Deus, o justíssimo entre todos, pode justificar o injusto sem praticar injustiça."10
Caminho a Cristo explica o que é justificação da seguinte maneira:
"Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis, por pecaminosa que tenha sido a vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado."
Em outras palavras, assim poderia ser explicada: aceitando a Cristo como nosso Salvador pessoal, Deus nos liberta de toda a culpa, cobre-nos com o manto da justiça de Cristo, em lugar dos farrapos da nossa justiça, vendo Deus em nós a perfeita e imaculada justiça de Seu Filho.
Justificar, segundo o pensamento da Reforma do século XVI, significa considerar justo e nunca tornar justo como defendia o catolicismo. A igreja católica não considera a justificação como uma imputação legal da parte de Deus, mas sim tornar-nos ou fazer-nos justos.
Da leitura de Romanos 8:33 e 34 se conclui que justificar e condenar apresentam significação contrária. Se condenar é declarar alguém culpado, justificar é declarar justo e não tornar ou fazer justo.
O livro Fé e Obras, pág. 94, de Ellen G. White confirma este conceito ao declarar: "Justificação é o contrário de condenação."
De modo geral, os comentaristas defendem que justificação é um ato exclusivamente judicial. Josué de Oliveira no livro O Aspecto Jurídico da Justificação insiste muito nesta tecla: "Justificação não é um ato de graça, mas sim de justiça.  Na página 16 escreveu: "Justificação à luz da Bíblia é um vocábulo judiciário, por mostrar nossa relação para com as sagradas leis do código divino á luz das quais os crentes são julgados."
O conhecido professor Hans K. LaRondelle esposa a mesma idéia ao declarar sobre a justificação:
"Justificação é a divina atribuição ou imputação da justiça de Cristo, a crédito, perante Deus, do crente arrependido (Rom. 4:4-8). Trata-se de uma transação judicial de Cristo como mediador celeste, pela qual somos feitos retos para com Deus e temos acesso ao coração do Pai (Rom. 5:1-2) sendo, como resultado imediato que o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado (Rom. 5:51. Desse modo, sem qualquer mérito de nossa parte recebemos o Espírito Santo pela fé em Cristo (Gál. 3:2, 5), e pode apropriadamente ser dito que somos justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus (1 Cor. 6:11)"11
Hans Joachim Iwand declara: "Assim a justificação do homem diante de Deus tem sempre caráter 'forense', isto é, desenrola-se diante do fórum de Deus que julga justamente."12
Mário Veloso diverge deste conceito ao afirmar:
"A justificação pela fé, conseqüentemente não é um simples ato forense ou justificação objetiva. Em verdade a justificação pela fé é um ato pelo qual Deus declara justo o homem injusto e pecador (II Cor. 5:21), porém, a reconciliação implica necessariamente uma transformação das relações existentes entre o homem inimigo e Deus. Esta transformação subjetiva é descrita pela paz que o homem inimigo recebe para tornar-se amigo de Deus no ato da justificação. Em sua atitude inimiga o homem perdeu sua verdadeira relação com Deus e dirige-se para a morte. Não há nada que ele possa fazer para sair desta situação. Somente a justiça de Cristo pode transformá-lo porque esta 'é um princípio que transforma o caráter e rege a conduta'. Mediante a justificação Deus perdoa ao homem. O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o trasbordamento de amor redentor que transforma o coração."13

Processa-se a justificação no momento em que o homem aceita a Cristo como seu Salvador pessoa1.

Paulo e a Justificação Pela Fé

O nascimento de Cristo foi o fato mais significativo que já aconteceu neste mundo. O Criador dos céus e da Terra, que habita na luz inacessível, torna-se um membro da família humana. Este ser ilimitado e onipotente nasceu de uma mulher, cresceu em humildade lar campesino, viajou como um pregador itinerante, morreu em ignomínia e vergonha, ressurgiu da sepultura e ascendeu ao céu. Os doze apóstolos foram escolhidos como testemunhas oculares destas coisas.
Depois da ascensão, Cristo escolheu um outro homem através de quem o Espírito Santo mostraria a real significação daqueles históricos eventos que os doze apóstolos testemunharam.
É em Paulo que o Evangelho, dado aos filhos de Israel em tipos, sombras e promessas é totalmente revelado (Col. 1:26; Efés. 3:5; Rom. 16: 25-26; 1 Pe. 1:10-12; Heb. 1:2).
O tema do evangelho de Paulo era Cristo e Ele crucificado para a justificação de pecadores (I Cor. 2:2; Gál. 1:4). Naturalmente os outros apóstolos também enfatizaram a salvação de pecadores através de Jesus, mas Paulo mostra como o evangelho é uma revelação da justiça de Deus ( Rom. 1:16-17).
Uma das grandes questões que perturbaram os comentaristas bíblicos foi esta: Como poderia um Deus justo justificar pecadores sem cometer injustiça? Como ser misericordioso com os transgressores da lei de Deus e consistente com os reclamos da justiça divina?
Dentre as acusações feitas por Satanás, esta parecia ser a mais destacada: Deus não poderia ser ao mesmo tempo justo e misericordioso para com o pecador. O pecado aparentemente colocara a Deus diante do seguinte dilema:
1º) Se usasse apenas a Sua justiça, o homem deveria morrer, pois o salário do pecado é a morte. Mas o amor de Deus havia provido um meio pelo qual o Filho de Deus, tornar-se-ia o substituto do homem.
2º) Sendo Deus misericordioso, podia perdoar aos pecadores sem levar em conta Suas leis e Sua justiça, mas esta não é a justificação que Deus nos proporciona.

Como podia Deus aplicar o castigo sendo misericordioso e perdoar ao pecador sendo justo? Se Deus matasse o homem, Satanás o acusaria de tirano.
Se lhe perdoasse, Deus seria mentiroso.
A solução para este impasse Deus apresentou na cruz, sendo ao mesmo tempo justo e misericordioso. Desde que o pecador devia morrer para que se cumprisse a justiça, Cristo morreu em seu lugar, e pela sua morte oferece ao transgressor da lei também a Sua misericórdia. A justiça e a misericórdia de Deus foram harmonizadas na cruz como declara Paulo em Rom. 3:25 e 26, ao declarar que Ele é ao mesmo tempo justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
No Apêndice da Bíblia Vida Nova, pág. 341, lemos: 
"Uma vez que do ponto de vista de Deus, não há nem sequer um justo (Rom. 3:10), como pode um Deus justo justificar o injusto? Rom. 8:33. Que o perdoe, compreende-se; mas atribuir-lhe justiça (que esse injusto não tem), declará-lo justo e ainda manter Deus Sua própria justiça, como o poderá?
Paulo nos ensina que graças à obra de Cristo, o veredito final pode ser reconhecido por antecipação; que os homens reconciliados com Deus podem ter desde já a certeza do pronunciamento final de justos. Mas sobre que base? Pelo fato de ter Cristo morrido por nós. . . justificados pelo seu sangue (Rom. 5: 9). À base do sacrifício de Cristo, de Sua vida entregue, Deus pode atribuir justiça a quem não a possui em si. Mas de que maneira? Graciosamente por Sua graça, responde Paulo. (Rom. 3:24). Esta dádiva preciosa é oferecida a todos, porém recebida somente pelos que depositam confiança em Cristo. (Rom. 3:22; 4:16; Col. 2: 16)."
O que Deus pede, de nós para sermos justificados? De acordo com Paulo, em Gál. 2:16, é preciso que tenhamos fé. Desta declaração jamais se deve concluir que a fé é a nossa salvadora.
Ellen G. White diz claramente: "A fé não é nossa salvadora. Cristo é o nosso Salvador."
Fé é a mão que se estende e se apega às promessas de Deus. Nenhum mérito existe na fé.

A Bíblia de Jerusalém traz o seguinte comentário a Rom. 1:16:
"A fé é um ato pelo qual o homem se entrega a Deus, que é ao mesmo tempo verdade e bondade, como a fonte única da salvação."
Para Paulo fé significa confiança em Cristo. "Fé é um dom divino que nos permite crer naquilo que não vemos. l Cor. 12:9; Heb. 11:1 e 3."
A doutrina da justificação pela fé, é resumidamente explicada em Fil. 3:9 e amplamente expressa nas Epístolas aos Gálatas e aos Romanos.
O livro de Gálatas apresenta rigorosamente a salvação pela graça mediante a fé em Cristo, com ênfase na justificação pela fé.
Os estudiosos têm encontrado na carta aos Romanos os três aspectos da salvação :
a)     Justificação - Rom. 3: 21 a 5: 21.
b)    Santificação - Rom. - capitulo 6, 7 e 8.
c)     Glorificação - Rom. 12 a 16.
No curso de Doutrina da Salvação do Dr. Hans K. LaRondelle, janeiro de 1983, ele salientou que a expressão "pela fé", aparece 25 vezes nos primeiros 4 capítulos de Romanos e apenas 2 vezes "viverá". Em Romanos 5 a 8 as expressões se invertem, pois "pela fé" aparece 2 vezes, e "viverá", 25 vezes. Em Romanos 1 a 4 existe uma concentração no aspecto da fé - justificação; enquanto nos capítulos 5 a 8, a ênfase está na maneira de viver, isto é, a santificação.
O estudioso Matthew Arnold condensou a doutrina paulina da justificação pela fé em Romanos da seguinte maneira:
"O primeiro capítulo se refere aos gentios, e seu comentário é: Vós não tendes justiça. O segundo capítulo se refere aos judeus, e seu conteúdo é: Vós não tendes mais justiça do que eles, embora assim penseis. O terceiro capitulo apresenta a fé em Cristo como a única fonte de justiça para todos os seres humanos. O quarto capítulo dá à idéia da justificação pela fé o respaldo do Velho Testamento e da história de Abraão. O capítulo quinto insiste nas causas pelas quais devemos estar agradecidos e gozosos pelo dom da justificação mediante a fé em Cristo; ademais, um a história de Adão como uma ilustração. O capítulo seis coloca esta importantíssima pergunta: 'Em que consiste esta fé em Cristo, à qual eu, Paulo me refiro?' E responde a esta pergunta. O capítulo sete ilustra e explica sua resposta. Mas o capítulo oito, até o verso 28, amplia e completa a pergunta. O restante do capítulo oito expressa o sentido de segurança e gratidão que a solução do assunto colocado pode proporcionar. Os capítulos nove, dez e onze apoiam a tese do capítulo dois – tão difícil para um judeu, tão fácil para nós – segundo a qual a justiça não se obtém por meio da lei judaica; finalmente fala com esperança e gozo de um resultado final das coisas que hão de ser favoráveis para Israel."

A Justificação e a Lei

As Epístolas aos Gálatas e Romanos provam que o crente é salvo pela fé, naquilo que Cristo fez por ele, e não por sua dedicação na prática de boas obras, ou por sua diligência na observância aos preceitos da lei (Gál. 2:16, Rom. 3:28).
Se confrontarmos Romanos 3:28, onde diz que o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei, com Fil. 2:12 onde Paulo afirma: desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor, parece haver contradição entre estas duas passagens. Como é possível dizer em Romanos que o homem é justificado independentemente das obras da lei e em Filipenses afirmar que temos de operar a nossa salvação? Nenhuma contradição pode haver nestas duas declarações do mesmo apóstolo.
Paulo diz taxativamente que ninguém pode tornar-se justo diante de Deus por seu próprio esforço. Ninguém pode apresentar-se perante Deus pensando ser aceito por ter praticado obras meritórias. A razão para isto é apresentada em muitas passagens bíblicas, como exemplo Ecles. 7:20 e Rom. 3:23.
A pessoa que aceitou a Cristo como seu Salvador revelará sua conversão no viver e no agir. Depois de crer, deve seguir um viver correto praticando as obras. Esta declaração de Lutero jamais deve ser esquecida: "Não nos tornamos justos praticando coisas justas, mas praticamos coisas justas sendo justos." Com esta frase ele cortou o nó górdio da filosofia aristotélica, também aceita pela igreja católica que assim poderia ser expressa: praticando as virtudes o homem se torna justo diante de Deus.
A crença adventista quanto à observância da lei e da prática de obras está bem consubstanciada no seguinte parágrafo:
"As obras da lei não podem expiar pecados passados. A justificação não pode ser adquirida. Ela só pode ser recebida pela fé no sacrifício expiatório de Cristo. Logo, neste sentido, as obras da lei nada têm a ver com a justificação. Ser justificado sem obras significa ser justificado sem que haja qualquer mérito de nossa parte na justificação."14
Na melhor biografia que já foi escrita sobre Cristo lemos:
"Uma religião legal nunca poderá conduzir almas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo. . . . Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação."15

Lutero e a Justificação Pela Fé

"Lutero buscou alívio para o coração opresso, na renúncia e no afastamento do mundo, como monge, mas não o encontrou. Em 1500 encetou viagem a Roma, como delegado, esperando lá encontrar alívio do peso que o esmagava. Ao enxergar de longe a cidade, exclamou: 'Santa Roma, eu te saúdo!' Ficou, porém, decepcionado e chocado com a impiedade que lá encontrou. Pôs-se afinal a subir de joelhos a escada de Pilatos, apinhada de gente supersticiosa. Arrastou-se de degrau em degrau, repetindo a cada degrau suas orações até que uma voz de trovão lhe pareceu bradar dentro de si: 'O justo vive pela fé!' Ergueu-se imediatamente, viu a loucura de sua esperança de alívio mediante obras de merecimento. Uma nova vida seguiu-se a essa nova luz. Sete anos depois pregou ele suas teses na porta da igreja de Wittenberg e iniciou a Reforma."16
Começou a ler intensamente a Bíblia e na carta aos Gálatas encontrou o ensino da justificação pela fé. Esta epístola de Paulo causou profunda impressão em sua vida, escrevendo o notável Comentário aos Gálatas, onde apresenta o pensamento central do cristianismo, a justificação do pecador exclusivamente por causa dos méritos de Cristo.
Outros estudiosos afirmam que ele descobriu a doutrina da justificação pela fé na epístola aos Romanos. Este pormenor não tem muita importância quando sabemos que Romanos foi uma expando de Gálatas, pois as duas cartas são bastante semelhantes quanto ao seu tema e conteúdo.  Lutero em seu prefácio à Epístola aos Romanos escreveu:
"Esta epístola é a verdadeira obra prima do Novo Testamento, contém o mais puro evangelho, e é digna e credora não somente que o cristão a aprenda de cor, palavra por palavra, senão que a trate como o pão cotidiano da alma, porque é impossível que seja lida ou estudada demasiadamente, pois quanto mais alguém a maneja, mais preciosa chega a ser, e mais doce o seu sabor."
Todas as confissões de fé protestantes são unânimes em mostrar o que é justificação, como ilustra o Artigo IV da Confissão de Ausburgo:

Sobre a Justificação

"Isto ensinamos: que não somos justificados diante de Deus em virtude de nossos méritos e obras, senão que somos justificados gratuitamente, na virtude de Cristo, pela fé, crendo que Cristo morreu para expiar nossos pecados e por Seu intermédio recebemos o perdão dos pecados."
O Concílio de Trento teve como escopo principal combater a reforma, mas o debate número um do concílio, foi justamente a questão da justificação pela fé.

Diferença Entre Perdão e Justificação

"Justificação, por exemplo, é mais do que perdão. Ambas são doutrinas referentes à salvação e intimamente relacionadas entre si. Entretanto, não são a mesma coisa.
"À luz da Bíblia, o pecador é perdoado por Deus, sem, todavia, ser considerado justo. Remitir as penas de uma lei a favor de um réu é uma coisa. Declarar que esse réu é inocente e justo, em face da lei, é coisa diferente.
"O perdão cancela a culpa, e as penalidades do pecado. A Justificação declara que as exigências da lei estão plenamente satisfeitas, e que o acusado é Justo.
"Perdão é ato soberano da livre graça de Deus. Justificação é ato judicial, resultante do acórdão de um Tribunal infalível, no qual os crentes são julgados e são encontrados sem culpa. Por isto, Deus os proclama Justos.
"Perdão, à luz da Bíblia e da razão, é ato negativo. Justificação é ato essencialmente positivo. Enquanto o perdão põe de lado a culpa, a Justificação declara a justiça.
"Pelo perdão, o pecador se despe dos andrajos vis dos seus pecados e das suas imundícies. Enquanto que a Justificação o adorna com as vestes talares da justiça de Cristo a ele imputada."17
O comentarista Lange afirma:
"Os versos 7 e 8 de Rom. 4 provam claramente que o perdão dos pecados faz parte da justificação; mas isso apenas como seu lado negativo, o que está inseparavelmente vinculado ao seu lado positivo, a saber, a imputação e a aplicação da justiça de Cristo, o que contém o gérmen e o poder da santificação."

Justificação pela Fé no Velho Testamento

Muitos erram ao pensar que a justificação pela fé seja ensinada apenas depois de Cristo, quando na realidade ela é ensinada com o mesmo vigor nos dois testamentos.
A lembrança das seguintes passagens confirma nossa assertiva:
1º) Deut. 32:4: Tudo o que Deus faz e é, só é justiça.
2º) Isa. 11:4: Ele julgará com justiça.
3º) Sal. 72: 2: Livra-me por tua justiça.
4º) Jer. 23: 6: O Senhor será chamado: Justiça Nossa.
5º) Em Isa. 53 se encontra a justificação do ímpio através do sofrimento do Messias.

Os personagens do Velho Testamento não foram salvos por obedecerem ou praticarem boas obras, mas através de Cristo, como nos diz Paulo, citando o exemplo de Abraão em Romanos 4:2-3.
Não apenas em Romanos esta verdade é apresentada, pois em Gálatas 3:8, 11, 24 ele trata do fundo histórica da justificação no Antigo Testamento. Paulo faz bem claro em seus escritos que a justificação pela fé não é uma novidade excêntrica por ele inventada. Ela foi apresentada a Abraão quando Deus predisse que em sua semente todas as nações da terra seriam abençoadas. Gên. 12:1-3.
O exemplo mais significativo de justificação pela fé do Velho Testamento é o de Abraão, como nos indica Gên. 15:6: "Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça."
Abraão é citado por Paulo (Rom. 4:3; Gál. 3:6) como contestação ao falso ensinamento da justificado pelas obras. Será de bom alvitre também frisar que este mesmo personagem bíblico é apresentado por Tiago em oposição àqueles que negam o lugar das obras na vida do cristão.

Benefícios da Justificação

Paulo apresenta alguns destes benefícios:
a)     Rom. 5:1 – Temos paz com Deus.
b)    Rom. 5: 2 – Abre-se o caminho para nosso acesso a Deus.
c)     Rom. 5: 3 e 4 – Dá-nos a esperança de uma vida melhor.
d)    Efés. 2:10 – A justificação nos leva a produzir boas obras.
e)     Temos alegria e felicidade na vida.
f)      Proporciona-nos a esperança de uma vida futura.

Qual a Minha Parte na Justificação?

Parcialmente a resposta a esta pergunta já foi apresentada, mas podemos acrescentar:
Preciso crer em Cristo. Crer é confiar em tudo o que Ele faz e está fazendo por nós.
"O que significa crer em Cristo? Significa sentir necessidade dEle; crer que Ele pode e quer salvá-lo agora mesmo; e lançar-se sem reservas sobre Sua misericórdia, confiando unicamente nEle para a salvação."18
Pastor Morris Venden, autor do livro Righteousness by Faith and the Three Angels Messages, escreveu:
"Se gostaríeis de ter toda a mensagem da salvação unicamente pela fé em Cristo, podeis sintetizá-la em dois versículos: S. João 15:5, que declara: 'Sem mim nada podeis fazer.' Quanto? 'Nada!' É isso mesmo e nada mais!' A outra passagem é Fil. 4:13: "Tudo posso naquele que me fortalece.' Quanto? 'Tudo'. É tão simples assim. O menor menino ou menina pode compreendê-lo. Sem Cristo, nada posso fazer. Com Ele, tudo possa fazer. Portanto a única coisa que posso realizar é ir ter com Cristo. Isso é tudo que posso fazer para ser salvo.''19
Consciente de que nada posso fazer vou a Cristo, e a promessa bíblica é esta : ". . . e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora." S. João 6:37.
Paulo, em suas epístolas emprega 154 vezes a expressão "estar em Cristo".

Santificação

O que é santificação? Após sermos justificados, o Senhor trabalhará em nós e por nós, na obra de preparar-nos para o Céu, isto é santificação.
A santificação pode ser comparada a uma escada com muitos degraus que levam da terra ao Céu. Mas só existe uma escada assim, e precisamos descobrir onde ela começa antes de tentar subir. Os caminhos que a ela conduzem são: O chamado de Deus, o arrependimento, a conversão, a justificação, a regeneração ou novo nascimento. Cumpre a nós trilharmos estes caminhos.
A palavra santificação apresenta uma gama muito variada de significados. Relacionada com os pertences do culto do santuário "pôr à parte para uso santo", "tornado livre do pecado", "purificado". Em nosso contexto, a palavra é empregada no processo pelo qual, depois da justificação, o cristão deve desenvolver um caráter que o qualifique para o céu.
"A santificação começa por ocasião da conversão, e continua através de toda a vida do crente. É o gradual desenvolvimento de um caráter semelhante a Cristo, produzido pela submissão do crente à graça de Deus. Abrange todo o momento da vida, e é de importância progressiva. Significa perfeito amor, obediência e perfeita conformidade à vontade de Deus."20
Os que se convertem a Cristo são por Ele santificados, isto é, separados para Deus, e por isso denominados santos. Atos 9:32; Rom. 1:7.
A santificação é um processo de desenvolvimento espiritual, auxiliado pelo Espírito Santo, para que o homem possa prestar verdadeiro culto (serviço) ao Pai. Rom. 12:1.
Segundo a Bíblia, o propósito da santificação é que o velho homem deixe de viver e Cristo viva nele.
Justificados pela fé, declarados justos perante Deus, ou libertos da culpa de nossos pecados no passado, estamos preparados para a santificação ou para vencer o pecado em Cristo. Justificação é a obra de Cristo por nós, enquanto santificação é a obra de Cristo em nós. Disse alguém que: "Conversão é dar o primeiro lugar para Deus em nossa vida, enquanto santificação é permitir que Ele continue sendo o primeiro em nossa vida."
A justificação deve trazer como conseqüência a santificação, tendo a Cristo como o orientador em nossa vida. Gál. 2: 20; Efés. 3:14-19.
A aceitação de Cristo significa pautar a nossa vida pela Sua Palavra. Heb. 12:14.
A Sua Santa lei deve ser o nosso padrão de procedimento e de justiça.
Um caráter formado à semelhança de Cristo é o alvo a ser atingido. Efés. 4:13.
"Santidade é constante acordo com Deus. Não seremos nós aquilo que Cristo tão grandemente deseja que sejamos – cristãos em atos e em verdade – para que o mundo possa ver em nossa vida uma revelação do poder salvador da verdade? Este mundo é nossa escola preparatória e enquanto aqui estivermos enfrentaremos provas e dificuldades. Mas estamos seguros enquanto nos apegarmos Àquele que deu Sua vida como uma oferta por nós..."21
Paulo em suas epístolas deu muita ênfase à santificação como atestam os seguintes passos:
a)   Rom. 8:1-11. Estes versos revelam que a justificação pela fé e a operação do Espírito resultam em uma vida de santidade.
b)  II Cor. 5:17. "E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."
c)  I Cor. 1:30. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção."
d)  Col. 2:6. "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele."
e)   I Tess. 4:3. "Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação."

Pedro faz apelo idêntico: "Porque escrito está: Sede santos, porque eu sou Santo." I Ped.1:16.

Diferença Entre Justificação e Santificação

Na própria igreja adventista não tem havido uniformidade na distinção entre justificação e santificação, pois um de nossos líderes, na Austrália, crê que justificação não inclui santificação; do outro lado, os americanos defendem que justificação pela fé inclui santificação.
Ellen G. White advertiu-nos para que não tentássemos "definir minuciosamente os delicados pontos de distinções entre justificação e santificação" onde a inspiração silencia."22
Barclay explica a diferença entre justificação e santificação nos seguintes termos:
"Por meio de Jesus mudou-se nosso 'status quo' em relação a Deus. Pecadores que éramos fomos postos na devida relação para com Deus. Mas isto não basta. Não só tinha que ser mudada nossa relação, mas também nosso estado. O pecador salvo não pode continuar pecador; tem de tornar-se homem reto. . . Aquele que mudou nossa relação para com Deus pode também mudar nossa estado. Começa Ele pondo os pecadores na devida relação com Deus, mesmo quando ainda são pecadores; prossegue Ele, por Sua graça, a habilitar esses pecadores a cessar seu pecado e tornarem-se homens bons. Existem nomes técnicos para esses fatos. A mudança do nosso 'status quo' é justificação; aqui é onde começa todo o processa da salvação. A mudança de nossa estado é santificação; aqui é onde continua o processa de salvação e jamais termina, até que O vejamos face a face e sejamos semelhantes a Ele."23
A seguinte frase de Ellen G. White é oportuna para diferençar justificação e santificação:
"É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados, é comunicada."24
Hans K. LaRondelle afirma:
"Existem dois erros que ameaçam nossa compreensão da relação bíblica entre a justificação e a santificação. Um deles é a separação das duas, o qual ilegitimamente vai além da distinção que Paulo fez das mesmas. O outro é a identificação total das duas de tal maneira que uma delas é absorvida pela outra."25
Paulo em Col. 2:6 nos apresenta a diferença entre estes dois processos de salvação: "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele." Receber o Senhor Jesus Cristo é justificação. Andar nele (permanecer nele) é santificado.
Morris Venden afirma:
"A justificação pela fé constitui o fundamento da salvação, e a santificação pela fé representa as paredes erguidas sobre esse fundamento."26
Poderíamos acrescentar ser a glorificação o privilégio de habitar nesse edifício para sempre.
O pensamento seguinte é digno de nota:
"Se algum escritor quisesse interpretar as passagens da Escritura que se referem à justificação pela fé como se elas nos desobrigassem com respeito à santidade, tal interpretação deveria ser rejeitada, porque é contrária ao espírito do evangelho."27
Seis meios usados para a Santificação dos Crentes:
a)       Deus. I Tes. 5:23. "O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo."
b)      Jesus Cristo. l Cor. 1:30. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte da Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção."
c)       O Espírito Santo. l Ped. 1:2. "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas."
d)      A Palavra. S. João 17:17. "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade."
e)       Provas. Tiago 1:2-4.
f)        A Igreja. Efés. 4:11-13.

Ellen G. White e a Santificação

No livro A Santificação ela nos apresenta preciosas gemas sobre este assunto, de onde quero destacar apenas dois excertos:
"A santificação bíblica não consiste em forte emoção. Eis onde muitos são levados ao erro. Fazem dos sentimentos o seu critério, Quando se sentem elevados ou felizes, julgam-se santificados. Sentimentos de felicidade ou ausência de gozo não é evidência de que a pessoa esteja ou não santificada. Não existe tal coisa como seja santificação instantânea. A verdadeira santificação é obra diária, continuando por tanto tempo quanto dure a vida." – Pág. 10.
"A santificação é uma obra diária. Que ninguém se engane a si mesmo com a crença de que Deus lhe perdoará e o abençoará, enquanto está pisando um de Seus mandamentos. A prática voluntária de um pecado conhecido silencia a testemunhadora voz do Espírito e separa de Deus a alma. Quaisquer que sejam os êxtases do sentimento religioso, Jesus não pode habitar no coração que desrespeita a lei divina. Deus apenas honrará àqueles que O honram." – Págs. 102-103.
"A santificação é um processo pelo qual o crente se torna realmente santo e justo." A. B. Langston.
Deus espera que seus filhos, pelo processo da santificação, alcancem o alvo que Ele tinha em vista quando lhe ofereceu o perdão e o regenerou.

Glorificação

É o ato final no processo da salvação. Paulo nos ensinou que ela viria em último lugar. Rom. 8:30.
É a recompensa dos que foram justificados e santificados por Cristo. Rom. 8:19-23; 1 Tes. 4:16-17; II Ped. 3:13.
A glorificação será após a segunda vinda de Cristo.

As promessas relativas a este evento são muitas nas Escrituras, como nos revelam as seguintes passagens:

a) Isa. 62:11.
". . . Eis que vem o teu Salvador; vem com Ele a Sua recompensa, e diante dele o seu galardão." 
b) I Tes. 4:17 última parte:
". . . e assim estaremos para sempre com o Senhor"
d) II Tim. 4:8.
"Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda."
d) Apoc. 22:14.
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras, para que lhes assista o direito á árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas."

Os teólogos falam da salvação em três tempos como indicam os verbos no original grego:
PassadoJustificação. Fui salvo. É o que Cristo fez por nós. Tito 3:5.
Presente – Santificação. Sou salvo. É o que Cristo está fazendo por nós. I Cor. 1:18.
Futuro – Glorificação. Serei salvo. É o que Cristo fará por nós. Rom. 5:9.
O seguinte quadro apresenta uma síntese e cotejo das três facetas da salvação:
Justificação – salvação de nossos pecados passados.
Santificação – salvação de nossos pecados presentes.
Glorificação – seremos salvos de um mundo de pecado,
Justificação – limpa os registros de nossa vida.
Santificação – conserva os registros limpos.
Glorificação – não há mais lembrança desses registros,

Justificação – liberta-nos da penalidade ou culpa do pecado.
Santificação – liberta-nos do poder do pecado.
Glorificação – liberta-nos da presença do pecado.

Justificação – entregamo-nos a Cristo.
Santificação – seguimos o caminho com Cristo.
Glorificação – estaremos com Cristo.

Justificação – nosso título para o céu.
Santificação – nossa idoneidade para o céu.
Glorificação – o privilégio de estar no céu.

Justificação – é um ato de graça.
Santificação – é o crescimento na graça.
Glorificação – é o desfrute da graça.

Justificação – é momentânea.
Santificação – prolonga-se por toda a vida.
Glorificação – estende-se por toda a eternidade.

Justificação – é um processo pontilhar.
Santificação – é um processo linear.
Glorificação – é um processo imensurável.

A composição seguinte intitulada: Lugar da santificação, apesar de repetitiva em alguns de seus conceitos é útil para diferençar Justificação, Santificação e Glorificação.

A Justificação é o ponto de partida.
A Santificação é o caminho a percorrer.
A Glorificação é a meta a que se tem de chegar.

A Justificação é a lavagem das vestes.
A Santificação é andar com as vestes brancas.
A Glorificação é entrar nas bodas do palácio real.

A Justificação nos faz sair do poço do pecado.
A Santificação nos guarda de cair novamente nele.
A Glorificação fará desaparecer o poço.

A Justificação é a justiça divina imputada ao pecador.
A Santificação é a santidade divina comunicada ao crente.
A Glorificação é a glória divina partilhada com o santo.

A Justificação é o ladrão na cruz.
A Santificação é Enoque andando com Deus.
A Glorificação é assentar-se á mesa com Abraão, Isaque e Jacó.

A Justificação é Cristo na cruz do Calvário.
A Santificação é Cristo no trono da graça.
A Glorificação é Cristo em Sua 2ª vinda em glória e majestade.

A Justificação ocorreu quando estávamos no mundo (passado).
A Santificação ocorre enquanto andamos pelo caminho que conduz ao céu (Presente).
A Glorificação ocorrerá quando chegarmos ao céu (futuro).

A Justificação é: "Eis que já estás são".
A Santificação é: "Vai-te e não peques mais".
A Glorificação é: "Não haverá lembrança das coisas passadas".

A Justificação é obra de um momento.
A Santificação é obra de toda a vida terrestre.
A Glorificação é obra da eternidade.

A Justificação é fazer o barco afundado flutuar.
A Santificação é a viagem de barco até o porto desejado.
A Glorificação é a chegada ao porto da salvação.

"Por isso que Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação pela santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13.

Referências:
1.   Ellen G. White, Review and Herald, 3-9-1889.
2.   ____________, Obreiros Evangélicos, pág. 301.
3.   ____________, Review and Herald, 28.5-1954.
4.   ____________, Testemunhos Seletos, vol. II, pág. 366. 
5.   ____________, Educação, págs. 125-126.
6.   ____________, Christ Our Righteousness, pág. 607. A.G. Daniels. Ver Revista Adventista, março de 1966, pág. 6.
7.   Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, pág. 456.
8.   Catecismo de Westminster.
9.   Justificação, Santificação e Glorificação, p. 27, Hans K. LaRondelle.
10.   Esboço de Teologia Sistemática de A.B. Langston, pág. 285. 
11.   Doutrina da Salvação, pág. 56, Hans K. LaRondelle.
12.   A Justiça da Fé, pág. 69.
13.   O Homem – Uma Pessoa Vivente, pág. 188.
14.   SDABC, vol. 6, pág. 509.
15.   O Desejado de Todas as Nações, pág. 280.
16.   6.000 Illustrations, pág. 400.
17.   O Aspecto Jurídico da Justificação, págs. 17 e 18 – Josué A. de Oliveira.
18.   Teologia Sistemática de Strong, pág. 840.
19.   Meditações Matinais, 11-2-1981.
20.   Introdução da Lição da Escola Sabatina de 8 de agosto de 1959.
21.   Manuscrito 61, 2-7-1903. Citado em Meditações Matinais de 2-7-1983.
22.   Comentário sobre Romanos 3:24-28 do SDABC.
23.   The Letter to the Romans, págs. 75 e 76.
24.   Mensagens aos Jovens, pág. 35.
25.   Doutrina da Salvação, pág. 20.
26.   Meditações Matinais – 11-2-1981.

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