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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Jesus perdeu algum atributo divino ao Se encarnar?


Tenho dúvida quanto à onisciência de Jesus. Já ouvi que, quando Ele disse: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mt 24:36), foi porque, estando Ele encarnado, não teria feito uso de Sua onisciência, em Seu próprio benefício. Mas, lendo Apocalipse 1:1, parece que, mesmo depois de Sua ressurreição e ascensão, Ele dependia da revelação do Pai para eventos futuros. Teria Jesus, por causa da Encarnação, perdido Sua onisciência?


Apocalipse 1:1 diz: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que Ele, enviando por intermédio do Seu anjo, notificou ao Seu servo João.”


Deve-se dizer, de início, que, pelo fato de Se encarnar, Jesus não perdeu qualquer atributo divino. Isso é o que nos diz Paulo, em Colossenses 2:9: “Porquanto, nEle, habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (destaque acrescentado). Se, mesmo após Sua ascensão, Paulo fala que “toda a plenitude da divindade” habita corporalmente em Jesus, isso significa que Ele, mesmo tendo passado pelo processo da Encarnação, continua com todos os poderes divinos, que sempre teve, incluindo a onisciência.


Então, como entender que a “revelação” que João recebeu tinha sido dada a Jesus pelo Pai? Essa declaração deve ser vista no papel de cada membro da divindade com respeito ao plano da salvação. Ou seja, como Jesus, mediante a Encarnação, Se tornou o Mediador entre Deus e os homens (ver 1 Tm 2:5), Deus Pai incumbe Jesus de transmitir certas informações que dizem respeito aos humanos, como é o caso do verso 1 de Apocalipse 1. Mas isso não significa que Jesus não pudesse sabê-las, pois se o texto de Colossenses 2:9 está certo, então Jesus sabe todas as coisas, pois é onisciente, e em plenitude.


É interessante ver como os membros da Trindade são altruístas, ou seja, sempre dividem com os outros membros alguma tarefa (mesmo podendo fazê-las sozinhos, se assim o desejar). Um exemplo claro é o da Criação. Deus Pai poderia, sozinho, ter idealizado e criado o mundo, mas não o fez. Deixou que o Filho desse o comando, falasse para as coisas e seres aparecerem. É por isso que Ele é chamado de “Verbo” (Jo 1:1,10) e de “Verbo de Deus” (Ap 19:13). O Filho, o Verbo de Deus, contou com a atuação do Espírito Santo para moldar a face do abismo (Gn 1:2). O “pairar sobre as águas” do Espírito, em Gênesis 1:2, indica Sua obra criadora, e não que Ele tenha ficado olhando passivamente as coisas e seres sendo criados.


Alguém menos avisado poderia inferir do relato da Criação, em Gênesis capítulo 1, que o Pai não seria onipotente, pois foi o Filho quem comandou toda a obra de criação, ou que o Filho teria alguma limitação, pois é dito que quem moldou a face do abismo foi o Espírito Santo (e não só o abismo, mas o próprio homem. Jó 33:4 e 6 menciona que o Espírito Santo moldou o homem do barro e soprou em suas narinas o fôlego de vida. Confira, ainda, Sl 104:30, onde o Espírito Santo é mencionado como Criador).


O que acontece na Criação é uma bela cena de altruísmo: uma pessoa divina aceita a participação de outra na tarefa de criar, mas isso não significa que haja limitação de algum atributo nas pessoas da Divindade. O mesmo se deu com a revelação de Jesus a João: O Pai poderia tê-la concedido diretamente a João, mas deixou o Filho fazer isso, pois Ele é o nosso Mediador, e, pela Encarnação, nosso irmão mais velho.


Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Código da Vinci: Fato ou Ficção?

Código da Vince
por Maxine Bingham e Ron Bingham


O romance de Dan Brown, “O Código da Vinci”,1 vendeu mais de 40 milhões de exemplares e foi produzido com muito sucesso no cinema.2 A publicidade gerada por essa obra tem sido extraordinária. O Vaticano e o Arcebispo de Canterbury condenaram o romance,3 e o escritor Dan Brown foi, em vão, processado por crime de plágio pelos autores de obra de ficção semelhante, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”4. A atenção massiva da mídia resultante disso nos faz refletir sobre três questões: Qual é o apelo do livro? Por que a reação tão forte a ele? Por que deveríamos nos importar com ele?


Síntese do Enredo


Para responder a essas questões, vejamos primeiramente o enredo do livro. Robert Langdon, um professor de “Simbologia”5 da Universidade de Harvard, é chamado pela polícia parisiense para resolver o estranho assassinato de Jacques Saunière, curador do Museu do Louvre. A ação se desenrola num período de 24 horas, iniciando-se com códigos misteriosos e símbolos escritos pelo homem assassinado. A narrativa focaliza, então, um homicida que pertence ao Opus Dei, movimento da Igreja Católica, que parece estar um passo adiante do herói Robert Langdon e da heroína Sophie Neveu, uma criptógrafa francesa, neta do curador assassinado. As aventuras de Robert e Sophie levam-nos a pedir o conselho do rico e misterioso Sir Leigh Teabing, um “especialista acadêmico” em história e relíquias cristãs, tais como o Santo Graal, pelo qual Teabing tinha total obsessão. Teabing revela aos perplexos Robert e Sophie alguns “fatos históricos” que, segundo ele, se fossem levados a público, destruiriam a fé dos cristãos, pois negavam a divindade de Cristo e a exatidão e historicidade das Escrituras. Teabing declara que o Vaticano eliminou o “divino feminino” através de quase dois mil anos de conspiração, o qual se iniciou com o Imperador Constantino, no quarto século d.C., e prosseguiu até hoje com os papas e o Vaticano.


O principal segredo revelado por Teabing é que o verdadeiro Santo Graal6 não foi o copo ou cálice de Jesus na Última Ceia, mas, na realidade, Maria Madalena que, como esposa de Jesus e mãe de Sua filha Sara, foi progenitora da linhagem de Jesus, da qual descenderam os reis merovíngios da França, e a pessoa a quem Jesus, como homem mortal, delegou a liderança de Sua igreja. Algumas pistas que indicam que Maria Madalena era o Santo Graal, estão disfarçadas em “A Última Ceia” e outras pinturas de Leonardo da Vinci, o “grande mestre” do Priorado de Sião, conforme catalogado em Les Dossiers Secrets, da Biblioteca Nacional da França.


A novela chega a um final dramático quando se descobre que foi Teabing o mentor dos assassinatos, e que Sophie é descendente de Maria Madalena e Jesus, e personificava o “verdadeiro” Santo Graal. O enredo finaliza com Robert Langdon que, esclarecido pelas revelações, faz uma dramática reverência aos ossos de Maria Madalena, sepultados secretamente sob a pirâmide de vidro7 projetada por I. M. Pei, na entrada do Louvre.


Qual é o Apelo Desse Fantástico Conto?


Primeiro, a novela é dinâmica e repleta de mistérios, com pistas, códigos e palavras intrigantes, assim como heróis e vilões e uma donzela aflita (Sophie). Segundo, o livro é baseado em teorias de conspiração, em polêmicas contra autoridades religiosas especialmente contrárias à Igreja Católica Romana, que foi recentemente alvo de escândalos. Terceiro, a obra menciona pessoas e eventos reais, desde o Imperador Constantino e o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., a pintura de Leonardo da Vinci, “A Última Ceia,” que supostamente representa Maria Madalena e não o discípulo amado João, como um dos 12 discípulos (nesse caso, onde está a 13a pessoa?). Segundo Dan Brown, o Concílio de Nicéia “declarou oficialmente” a divindade de Jesus através de um “voto fechado”, numa disputa de poder patriarcal que determinou o cânon do Novo Testamento. Teabing afirma que até aquela época, os cristãos acreditavam que Jesus era um mero mortal e criam noutros evangelhos. Quarto, o livro atrai adeptos da Nova Era e algumas feministas que abandonaram o monoteísmo e formaram seu próprio paganismo romantizado, embasado numa religião e rituais do “divino feminino” e da “deusa”.


Por que os Cristãos Deveriam Dar Atenção a Isso?


Não apenas os não-cristãos são enganados, mas até alguns cristãos são influenciados pela natureza pseudo-acadêmica do livro. Dan Brown esforçou-se para apresentar sua novela como baseada em centenas de fatos que foram escondidos pela Igreja. O prólogo, por exemplo, inicia-se assim:


“FATO:
O Priorado de Sião, uma sociedade secreta européia fundada em 1099, é uma organização real.8 Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris9 descobriu pergaminhos conhecidos como Les Dossiers Secrets, identificando numerosos membros do Priorado de Sião, incluindo Sir Isaac Newton, Sandro Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci. O movimento do Vaticano conhecido como Opus Dei é uma devotada seita católica, que foi o centro de recentes controvérsias devido a relatos de lavagem cerebral, coerção e prática perigosa conhecida como ‘mortificação corporal’. A Opus Dei completou recentemente a construção de sua sede nacional, localizada na Avenida Lexington, 243, em Nova Iorque.10 Todas as descrições de trabalhos de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos nessa novela são corretas.” [o itálico é nosso]. Foram essas alegações que causaram protestos de cristãos de todas as denominações, assim como de jornalistas11 das principais mídias, e de respeitados teólogos e historiadores cristãos e seculares.12


Contestando as Alegações de “O Código da Vinci”


Literalmente, todo fato ou personagem mencionado nesse romance é adulterado, produto da imaginação do autor ou baseado em novelas anteriores que o personagem de Brown, Teabing, salienta como “best sellers internacionais”, inclusive “A Revelação dos Templários,” The Woman With the Alabaster Jar, The Goddess in the Gospels e “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”.13.


O outro lado de tudo isso é que organizações como a Opus Dei (um movimento católico, e não uma ramificação criminosa organizada do Vaticano, como descrita na novela),14 estão-se beneficiando da publicidade do livro para alcançar o público. Muitas igrejas estão oferecendo seminários e vários pastores estão discutindo as alegações do romance em seus sermões. Assim, o sucesso dessa novela e seu filme proporcionam oportunidade única para os cristãos aprenderem sobre as origens de nossa fé, e compartilharem os fundamentos de nossas crenças com audiência maior.


Foi o enfrentamento dessa confusão sobre fato ou ficção e verdade ou erro entre nossos amigos, familiares e colegas de trabalho, que nos motivou a desenvolver uma série de seminários evangelísticos intitulada “O Código da Vinci ou A Trapaça de Da Vinci: São os fatos mais singulares que a ficção?”15 Este artigo foi baseado em centenas de horas de pesquisa que gastamos para contestar mais de 50016 erros e distorções dessa novela, embora mencionemos aqui apenas alguns.


Acreditamos que os seguintes tópicos sejam interessantes: Historicidade das Escrituras, A Divindade de Cristo e Casou-se Jesus com Maria Madalena?


Historicidade das Escrituras e a Divindade de Jesus


Dan Brown faz referência em “O Código da Vinci,” p. 231, que “oitenta outros evangelhos” foram omitidos em favor dos evangelhos “menos confiáveis” do Novo Testamento, como Mateus, Marcos, Lucas e João, que foram incluídos no cânon. Os eruditos modernos17 afirmam que o primeiro evangelho foi o de Marcos (65 d.C.), seguido de Mateus, Lucas/Atos (80-85 d.C.), e finalmente João (90 d.C.). Uma das primeiras listas dos 27 livros do Novo Testamento está contida uma carta de Atanásio de Alexandria, datada de 367 d.C..


Isso aconteceu depois do Concílio de Nicéia, em 325 que não foi realizado pelo Imperador Constantino para “endossar” o fato de que Jesus era divino, o qual tinha sido esclarecido tempos antes, mas para discutir se Ele era co-eterno com Deus ou um ser criado, como alegava Ário de Alexandria. Esse concílio pôs fim à apostasia ariana.


Embora Brown não utilize a expressão “Evangelhos Gnósticos”, entendemos que são a esses escritos que Teabing, seu “especialista” fictício, se refere como anteriores ao Novo Testamento, e que foram “implacavelmente eliminados” pelos líderes eclesiásticos. Escritos entre o segundo e quinto séculos, eles são contrafações antigas apresentadas como escritos por autores do Novo Testamento.18


Curiosamente, o gnosticismo (do grego gnosis, ou conhecimento, no sentido de conhecimento especial), retrata Jesus não como um mortal, como Brown alega, mas como totalmente espiritual. Essa visão docética (do significado grego “aparência”) de Jesus significa que os gnósticos esperavam a salvação não de um Jesus plenamente divino e humano, mas de sua própria centelha divina no ser. Jesus veio apenas para comunicar o conhecimento de como sair do estado mortal, se tivermos essa centelha. Segundo eles, Sua morte na cruz foi irrelevante para a nossa salvação.


Um dos maiores “furos” do “O Código da Vinci” é a caracterização equivocada que Brown faz do evangelho gnóstico no que tange à natureza de Jesus, a fim de “provar” que Jesus era um simples mortal casado com Maria Madalena. Enquanto Brown tenta usar esses textos para sustentar sua alegação da humanidade de Jesus, em realidade os gnósticos rejeitaram a humanidade de Cristo em favor de uma natureza puramente divina!


Evidências da Crença na Divindade de Cristo


Os indícios para crermos na divindade de Cristo podem ser encontrados em o Novo Testamento, nas referências extra-bíblicas, assim como em inscrições e artes nas catacumbas cristãs romanas.19


Além das muitas referências em o Novo Testamento, que o próprio Cristo e outros fazem sobre Sua divindade (incluindo a declaração de que “antes que Abraão existisse, EU SOU”, em João 8:58), para uma pessoa da antiguidade que teve uma morte hedionda, existe um número impressionante de referências extra-bíblicas a Ele. Dentre elas estão as citações do historiador judeu Josefo (37-100 d.C.) sobre Jesus e seu irmão Tiago,20 assim como menções críticas a Cristo no Talmude de Babilônia,21 e outras referências a Jesus e aos cristãos em cartas de vários romanos que criticavam o cristianismo, como a do Plínio, o Moço.22


O símbolo inicial do cristianismo era o peixe. Peixe, em grego, é ichthys, um acróstico para “Jesus Cristo, o Salvador Filho de Deus” (Iesous Christos Theou Yios Soter23). Os sepulcros das catacumbas romanas do primeiro ao quarto séculos demonstram através de inscrições e desenhos artísticos (Jonas, Daniel na cova dos leões, pães e peixes) comuns aos túmulos judaicos da época, que os cristãos romanos compartilhavam com os judeus o mesmo estilo de funeral que evidenciava a esperança na ressurreição. Para os cristãos, essa ressurreição viria através de Jesus para todo ser humano e demonstrava que “não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28).


Jesus Se casou com Maria Madalena?


Ainda que seja difícil argumentar com base no silêncio, podemos certamente admitir que não haja nenhum registro de qualquer casamento de Jesus. Visto que o Novo Testamento registra serem casados alguns de Seus discípulos (Pedro, por exemplo24), então se esperaria que um suposto casamento de Jesus também fosse mencionado. A genealogia era, e ainda é, uma questão muito importante para as leis e a religião no Oriente Médio. Tanto Mateus como Lucas dedicaram parte de seus textos à genealogia de Jesus.


Maria Madalena ou Miriam de Magdala (na Galiléia) é mencionada 14 vezes em o Novo Testamento, sempre pelo nome. Por ser chamada apenas “de Magdala”, e por sabermos que ela viajou com Jesus e apoiou Seu trabalho, Maria deve ter sido uma mulher solteira ou viúva com alguns recursos financeiros. Jesus a libertou de sete demônios e ela foi uma das poucas pessoas que permaneceram com Jesus até a cruz, e uma das primeiras a ver Cristo ressuscitado. Possivelmente, pela graça de ser a primeira a ver Jesus ressuscitado, os primeiros pais da Igreja pensaram que ela deveria ser uma pessoa de grande virtude, e referiram-se a ela como o “apóstolo para os apóstolos”25.


Maria Madalena não estava ligada à prostituição. Isso aconteceu a partir de um sermão feito pelo papa Gregório, no quinto século, que a identificou com outras Marias do Novo Testamento e outras mulheres que relacionamos como pecadoras arrependidas de uma vida de prostituição. Desde então, Maria Madalena tem sido apresentada na arte com um vaso de alabastro, que se originou da história de Mateus 26:7, Marcos 14:3 e Lucas 7:37. Isso é tudo o que sabemos sobre Miriam de Magdala, até que romances medievais retomaram sua história acrescida de detalhes por Dan Brown em “O Código da Vinci”.


Conclusão


Ainda que o livro de Dan Brown, “O Código da Vinci,” tenha obtido grande popularidade, suas alegações de fatos sobre as crenças cristãs primitivas são fáceis de refutar, mas isso requer conhecimento da história da igreja primitiva, assim como das culturas grega, romana e judaica. Essa novela e o filme nos dão a oportunidade de “responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” (I Pedro 3:15).


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Ron Bingham e Maxine Bingham são pós-graduados, respectivamente em Física e estudos do Oriente Médio. Eles também lideram um ministério adventista, o Seminários Internacionais Agora, a fim de alcançar pessoas através de evidências da verdade bíblica. Este artigo está baseado num seminário que desenvolveram para expor os erros de O Código da Vinci. Eles podem ser contatados através do e-mail davincicon@agorapr.com


REFERÊNCIAS
1. Dan Brown, O Código da Vinci (Rio de Janeiro: Sextante, 2004).
2. Sony Pictures Corporation, lançado em maio de 2006.
3. The Daily Mail online, “Archbishop attacks the Da Vinci Code,” por Jo Knowsley, abril de 2006.
4. Times Online, “Da Vinci Code author wins battle against plagiarism claim,” por Philippe Naughton, 7 de abril de 2006; http://www.timesonline.co.uk/article/0,200-2123521,00.html.
5. “Simbologia” não existe como especialidade acadêmica na Universidade de Harvard.
6. Um romance medieval de cerca de 1200 d.C., In Our Time: The Holy Grail, de Melvyn Bragg, 15 de maio de 2003, BBC Radio 4, http://www.bbc.co.uk/radio4/history/inourtime/inourtime_20030515.shtml.
7. Para mais detalhes ver: http://www.greatbuildings.com/buildings/Pyramide_du_Louvre.html.
8. Uma conhecida fraude do século 20, perpetrada por Pierre Plantard; ver programa de TV “60 Minutos,” The Priory of Sion: Is The “Secret Organization” Fact or Fiction? Levado ao ar em 30 de abril de 2006. http://www.cbsnews.com/stories/2006/04/27/60minutes/main1552009.shtml.
9. A Biblioteca Nacional da França, mas qualquer um pode inserir documentos nela.
10. A única verdade no prólogo é que a Opus Dei possui realmente sua sede na cidade de Nova Iorque.
11. Por exemplo, Salon, “The Da Vinci Crock,” por Laura Miller, 29 de dezembro de 2004, http://dir.salon.com/story/books/feature/2004/12/29/da_vinci_code/index.html?pn=1.
12. Tais como: Bart D. Ehrman, Truth and Fiction in The Da Vinci Code (Oxford University Press, 2004) e Ben Witherington III, The Gospel Code (InterVarsity Press, 2004).
13. O Código da Vinci, p. 253.
14. The Spectator (UK), “Blessed are the spin doctors,” por Auston Ivereigh e “Opus Dei is so normal it’s scary,” por Mary Wakefield, volume de 6 de maio de 2006.
15. As primeiras séries aconteceram em maio de 2006, com o apoio da Igreja Adventista de Santa Cruz, na Califórnia, e Seminários Internacionais Agora, o ministério evangelístico dos autores. Contatar davincicon@agorapr.com, para mais detalhes sobre esses seminários que utilizamos para ampliar o alcance evangelístico das igrejas adventistas.
16. Ver James L. Garlow, The Da Vinci Code Breaker: An Easy to Use Fact Checker (Bethany House Publishers, 2006).
17 Ver, por exemplo, Bart Ehrman, Introduction to the New Testament, The Teaching Company, 2000 (www.teach12.com; 1-800-832-2412), no qual nos temos baseado, assim como outras fontes confiáveis.
18. Para fins deste artigo, baseamo-nos primeiramente em Bart Ehrman, Lost Christianities: The Battles for Scripture and the Faiths We Never Knew (Oxford University Press, 2003).
19. The Catacombs of Rome: http://www.catacombe.roma.it/.
20. Verbete da Wikipedia, http://en.wikipedia.org/wiki/Flavius_Josephus.
21. Early Christian Writings: http://www.earlychristianwritings.com/talmud.html.
22. Probe Ministries: http://www.probe.org/content/view/18/77/.
23. http://www.eureka4you.com/fish/fishsymbol.htm.
24. Mateus 8:14.
25. No comentário sobre Cantares, 24-26, de Hipólito, um dos pais da Igreja (170-236).

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Propensão Humana para o Pecado e as Tentações de Cristo

 
Teriam sido as tentações de Cristo mais suaves do que as nossas? Se o Salvador não tinha propensão para o pecado, como todos os descendentes de Adão, como poderia Ele ter tido as mesmas provas que nós e ser nosso exemplo? Poderia ter sido gerado em pecado como nós e, ao mesmo tempo, ser sem pecado e ainda nosso Salvador?
Diante das perguntas acima pretendemos fazer uma abordagem, fundamentada basicamente na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White, sobre a situação póslapsariana da humanidade e em que sua situação se assemelha à de Cristo e em que se diferencia. Procuraremos analisar em que base se sustenta a propensão no homem caído e onde está o ponto de tensão, que teria sido igual ou superior em Cristo, apesar da diferença de naturezas entre o pecador e o Salvador. Finalmente, desejamos destacar pontos que demonstrem que Jesus foi mais provado do que nós e teria experimentado mais tensões espirituais, embora sem pecado, seja como ato ou tendência.
A Condição do Homem Após o Pecado
A condição pecaminosa é universal: Segundo as Escrituras todo ser humano herdou a condição pecaminosa de Adão após a queda e “destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Essa situação de pecado é comprovada incontestavelmente pela morte “por isso que todos pecaram” (Rm 5:12).
Não há exceção: A declaração enfática de que “todos estão debaixo do pecado” (Rm 3:9) leva à conclusão óbvia de que “não há um só justo” (Rm 3:10) e “ninguém que faça o bem” (Rm 3:12).
Inimizade natural contra Deus e Sua lei: O ser humano, na explanação do apóstolo é “carnal” em oposição à lei que é espiritual (Rm 7:14). Essa condição carnal leva-nos à inclinação contra a lei de Deus e para a morte, desagradando a Deus (Rm 8:6-8).
A inimizade vem desde o nascimento: Assim a própria natureza humana é corrompida em si mesma desde mesmo o nascimento (Sl 51:5), havendo no indivíduo não convertido um “enganoso coração mais do que todas as coisas e perverso” (Jr 17:9) daí uma inimizade gratuita contra Deus o que o torna “por natureza filho da ira” e morto “em ofensas e pecados” (Ef 2:3-5). Não há ser humano que viva e não peque (Pv 20:9; Sl 14:3; 143:2).
A condição pecaminosa impede todo ser humano de entender as coisas espirituais po si mesmo: O entendimento humano carnal “não pode compreender as coisas do Espírito de Deus pois lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co. 2:14). Sua boas obras não servem para a Salvação (Rm 3:20) e são trapos de imundície (Is 64:6).
O ser humano não pode escapar dessa situação sozinho: Finalmente, como poderia alguém fazer o bem, ou se o fizesse, ser um bem legítimo se nele “não habita bem algum” e mesmo quando quer realizar o bem não consegue (Rm 7:18) “pois o mal está comigo” (v. 21)? Essa impotência total justifica a declaração de Jesus de que “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Nos apelos naturais para pecar, resultado do nascimento e condição de pecado, é que o ser humano vivencia a posse da “tendência para o pecado”, situação anômala e contrária ao plano original de Deus quando criou o homem numa situação em que “tudo era bom” (Gn 1:31). A natureza do ser humano, pois, na presente realidade que vivemos, é estruturada (ou poderíamos dizer “desestruturada) para pecar. Ela deseja pecar como parte de si mesma. Como alguma coisa essencial à sua satisfação e realização. O pecado é seu ambiente, o único que conhece e entende, de onde por si próprio não pode e nem quer sair.[1]
Seria difícil aceitar as declarações acima como referindo-se a Jesus considerando as descrições bíblicas e da igreja acerca de sua especial natureza e impecabilidade[2]. Ao buscar a solidariedade de Cristo conosco impingido-lhe uma natureza “em pecado” (tendência e condição de pecado) só encontraremos uma tensão contraditória[3]. Essa solidariedade deve ser procurada na semelhança humana e na vulnerabilidade às mesmas dores que nós, no “habitar” conosco e superar tensões e provas iguais e superiores às nossas, mesmo sem a tendência pecaminosa, e no entanto, vencer como o segundo Adão conferindo Sua vitória e poder restaurador a todos os que o seguem[4]. É possível ver nas descrições bíblicas que as provas de Jesus foram superiores não somente às de Adão mas também superiores mesmo às da humanidade caída (Hb 2:14-18; 4:15), conforme trataremos na última parte deste trabalho.
A Operação da Tendência para o Pecado Comparada com as Provas de Cristo
A tendência para pecar se tornou após a queda de Adão tão poderosa na vida humana como se fosse essencial à própria vida, sua natureza, então integrou-se às mais fortes necessidades do ser humano como o alimento material, necessidades fisiológicas, segurança, reprodução e realização pessoal. O apóstolo Paulo (Rm 7) demonstra a força do pecado no ser humano operando “nos seus membros” provocando desejos contrários à vontade espiritual da lei. Os desejos são do pecado e para o pecado. Procedem de dentro.
Nas tentações de Cristo não há desejos para pecar ou intensões impuras. Em Jesus há o conflito de renunciar a desejos naturais[5] e inocentes porque estes, se satisfeitos naquele contexto, estariam em confronto com a vontade do Pai. Assim o desejar beber e comer, descansar ou sobreviver não deveria ser satisfeito sem a completa dependência de Deus. Jesus não deveria salvar-se a si mesmo ainda que podendo faze-lo Deveria abrir mão da vida e auto-preservação. Deveria renunciar aos desejos naturais e lícitos de sua natureza sem pecado e ao faze-lo estaria numa luta tão intensa contra si mesmo ao renunciar: uma renúncia tão ou mais intensa como a de qualquer outro ser humano que renuncia a si mesmo e à força de sua própria natureza pecaminosa. Precisou exercer “autodomínio mais forte do que a fome e a morte”; precisou avançar quando sua “natureza” desejava recuar[6]. Jesus renunciou a si mesmo sob pressão das necessidades físicas e emocionais de um ser humano sem pecado. Suportou numa natureza não caída e corpo de capacidade reduzida a pressão que Adão não esteve disposto a resistir num corpo e mente superior.
O homem após a queda, quando auxiliado pela graça de Deus, em dependência do poder do Espírito Santo, pode renunciar a uma natureza caída com seus desejos. A base do conflito é renúncia e dependência de Deus. Jesus deveria “sozinho” e “sem haver ninguém que o ajudasse”[7] renunciar e depender na condição de segundo Adão, levando a natureza sem pecado, mas ao mesmo tempo e no mesmo corpo a fraqueza física e psicológica conseqüente do enfraquecimento da raça.
A “revanche do deserto” onde Cristo como o segundo Adão entrou e recuperou a batalha perdida pelos primeiros pais “no lugar” na “mesma prova” de Adão[8] foi uma vitória tão grande como o fracasso do primeiro par[9]. Nas tentações do deserto Jesus recupera o reino espiritual (e material) vencendo pela superação de necessidades materiais e em situação extrema, e sem ajuda[10] (Is 63:1-5) os mais fortes apelos que a natureza humana pode suportar e, até superando os apelos naturais da própria existência ao ponto de ao fim do conflito ser necessária a assistência dos anjos, diante do eventual risco de vida, tal a severidade da prova (Mt 4:11).[11]
A equivalência da prova de renúncia das necessidades materiais, especialmente considerando o escopo especial do combate no deserto, demonstra, sem dúvida, que a vitória espiritual de Jesus está biblicamente sustentada na superação da condescendência com apetites do corpo e da mente. Assim, os apelos do corpo e da mente, veículos para provocar a queda de Adão, mantém relação direta e necessária com o episódio da queda e da redenção.[12]
É a ausência do domínio dos desejos e necessidades do corpo a base da fraqueza humana hoje, e que somente pode ser recuperado pelo poder do Espírito (Gl 5:22) que opera nos que receberam a justiça de Cristo. É a atribuição ao pecador do caráter perfeito dAquele que colocou o Pai em primeiro lugar e acima mesmo de Suas mais vitais e naturais necessidades.
A Pressão da Renúncia do Eu no Cristão e em Jesus
No caso do homem caído, além das necessidades naturais e lícitas para a existência e realização, uma outra lei natural entra em vigor: a lei do pecado que opera nos seus membros (Rm 7), como o faz todos os imperativos lícitos e naturais para a vida. O agravante é que a “lei do pecado”, esse domínio tirânico e naturalmente irresistível que nos leva a pecar submete todos os imperativos inocentes da vida como a alimentação, segurança, realização e outros. Todas as necessidades naturais estão submetidas pela tendência para pecar, o desejo de pecar, a concupiscência, onde todo pecado e corrupção tem início, seja tal pecado praticado dentro ou fora da igreja (Tg 1:13, 14; 4:1-3; II Pd 1:4). Assim, a resistência à necessidade de pecar é tão severa como a renúncia da própria vida pois renuncia a tudo que a tendência caída domina. Não é à toa que é chamada de “morte”. Estar sem o poder libertador de Cristo é estar morto (Ef 2:1). Libertar-se pelo poder de Cristo é morrer para o pecado e nascer de novo (Rm 6). É, pois, bem apropriada a linguagem da Bíblia que descreve uma situação dramática e real: a conversão é morrer renunciando todo o eu pecador e mesmo às necessidades naturais por ele dominadas. Dessa forma, para Jesus recuperar a falha de Adão e as nossas significou, não a luta contra uma natureza caída que Ele não tinha e nem podia ter, entendendo o pecado essencial que essa tendência implica conforme demonstramos (seria difícil imaginar Jesus admitir que nele “não havia bem algum” ou que “o mal” estava com Ele, ou que ao nascer era “destituído da glória de Deus” como todos os demais homens). Mas Jesus, não tendo a natureza tendente ao pecado para ser dominado por ela, poderia ser, como foi Adão (também sem tendência para o pecado) no Éden, dominado pelas próprias necessidades naturais na tentativa de leva-lo a, como fez com Adão[13], desconfiar de Deus, cobiçar o fruto e o conhecimento vedados e finalmente pecar. Deveria, portanto, “mostrar, no conflito com Satanás, que o homem, tal como Deus o criou, unido ao Pai e ao Filho, poderia obedecer a todo reclamo divino.”[14]
Limitações Decorrentes de Sua Missão Levaram-no a Renúncias Equivalentes às Nossas[15]
Assim que, Jesus tendo sido tentado “como nós” e “mais do que nós”, não pôde defender a e nem requerer para si mesmo o que naturalmente lhe era de direito como homem e Deus mas renunciou a todas as coisas e “esvaziou-se” (Ef 2:1-8) para que pudesse ser o Redentor da humanidade. Uma vez que a tendência para o pecado é “natural” no ser humano caído, é nesse plano da inclinação pecaminosa que Satanás opera seu cativeiro na humanidade.
O Adversário, não tendo em Cristo um cativo vítima da propensão ou concupiscência do eu para o pecado, deveria buscar outro módulo de ação no qual ou através do qual, se possível[16], pudesse ter acesso àquele que declarou acerca de Satanás: “nada tem em mim” (Jo 14:30). Satanás deveria buscar que Jesus decidisse desobedecer a Deus não através de compulsão interior para o mal como ocorre conosco mas através do exercício de Seus direitos naturais que lhe estavam vetados, a exemplo de usar a divindade transformando pedra em pães para saciar a fome, coisa muito natural para Jesus embora sobrenatural para nós! Natural tornar pedra em pães e natural saciar a fome! Mais do que um direito, uma necessidade! Natural para alguém extremamente fragilizado buscar segurança e escapar da dor, humilhação e morte. Natural e necessário para o corpo e a mente em agonia receber e aceitar a proposta de ter o reino de volta sem a morte. Natural recuar diante de um conflito maior do que a Sua humanidade – conflito em favor de toda a raça humana – a morte eterna em lugar de todos, e retornar para as delícias junto ao Pai. Muito natural soprar e varrer do planeta a impiedade dos homens e anjos maus que o desonravam e contra Ele blasfemavam, mas o tempo para esse tipo de juízo ainda não havia chegado.
Certamente a renúncia de Jesus abrangia também todas as satisfações da vida humana e direito de fazer uso de poder divino para si. [17] Para viver restou-lhe apenas uma “comida e bebida”: “fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4:34). A situação, portanto, poderia ser colocada assim: a angústia física e mental de um corpo humano fragilizado (pela renúncia de Suas naturais necessidades e até do exercício do poder divino) era o caminho para que Satanás tentasse induzir Jesus a desobedecer a Deus (situações como em Mt 4, descer da cruz entre outras)[18].
Conosco o plano de investida do inimigo, mesmo em pessoas convertidas é explorar os apelos naturais do homem caído (Tg 1:14; 4:1, 2) aos quais nos cabe renunciar em favor da vontade de Deus. Em nós renuncia-se a natureza de pecado e seus apelos contrários à santidade de Deus, mas, em Cristo, renuncia-se às necessidades de um corpo fragilizado embora possuindo natureza sem pecado e também o uso de Seu natural poder divino, uma vez que qualquer dessas alternativas seriam pecado ainda que “por um pensamento”, mesmo em face da morte. [19] Em resumo:
a) Os pontos de investida eram diferentes (tendência para pecar em nós x desejo para satisfazer necessidades naturais e inocentes em Jesus).
b) A base de resistência era a mesma (renúncia total do eu[20] em favor da vontade de Deus e entrega total aos seus cuidados).
c) A força da tentação era a mesma (os apelos da natureza: em nós interiormente para pecar x em Cristo os apelos exteriores parar satisfazer necessidades naturais e inocentes – comida, alívio da dor – e isto, muitas vezes, em condições extremas!).
Assim, Jesus sofreu, por outro caminho e conheceu por outro modo, as mesmas pressões que nós que temos compulsão pecaminosa. Ele, porém, sem tal propensão para o pecado!
Comparação das Tentações de Cristo Com as Nossas Tentações
Consideremos, agora, a superioridade das provas e tentações de Jesus sobre nós em quatro aspectos, considerando-o como ser humano que precisava enfrentar em nossa condição enfraquecida o teste da renúncia do eu para fazer a vontade do Pai.
As intensidades de nossas tentações e as de Jesus são apresentadas na Bíblia como diferentes (I Co 10:13). Nessa passagem a tentação pela qual passamos, como pecadores, é apenas “humana” sugerindo que existe uma tentação maior do que a que experimentamos. A declaração é que cada pessoa será tentada de acordo com suas forças para que possa vencer, nunca será tentada mais do que pode resistir: “não vos deixará tentar acima do que podeis”. Além disso, garante a Bíblia, Deus proverá o “escape”. Por outro lado, se alguém depois de todo esse amparo divino ceder antes de alcançar a tensão máxima, conforme a capacidade de resistência que lhe foi dada, receberá a assistência especial do Advogado (I Jo 2:1). Jesus não teve sua prova aliviada e nem poderia pecar, sob pena de não ter uma segunda chance. Sua prova vai além dos cem por cento da capacidade humana porque Ele sofreu o que está além do ser humano suportar.[21] Sua tentação era “tanto maior quanto Seu caráter era superior ao nosso”. [22]
A magnitude da Sua Missão e responsabilidade era um peso adicional que nós não carregamos. Jesus deveria levar os pecados “do mundo” e tomar nossas “dores e enfermidades” (Is 53). Sua preocupação não se restringia a uma vitória calcada em razões pessoais para um escopo pessoal. Sua luta era representativa de Adão e neste de toda humanidade. E mais do que a humanidade Ele deveria representar o caráter perfeito de Deus perante todo o universo inteligente. Nosso fracasso é individual e pode afetar outros mas sempre será um fracasso pessoal pois ele não é determinante, em termos absolutos, dos destinos dos outros. A raça humana ou o caráter de Deus não dependem exclusivamente do meu testemunho. A vida de Jesus era o único fator determinante para a redenção da humanidade e para a vindicação do caráter do Pai. Com um conflito de implicações e significados tão vastos não é difícil perceber que Sua prova possuía uma magnitude maior do que a nossa.
O Salvador sofria qualitativamente mais que nós. Jesus era constituído de uma natureza pura e consequentemente refratária ao pecado. Sua natureza aspirava santidade e verdade. Estava, no entanto, num mundo de pecado e mentira. Ninguém jamais “odiou” o pecado como Ele. Ninguém jamais vivenciou um contraste tão contundente contra o pecado como Jesus[23]. “Ó geração incrédula e perversa. Até quando estarei eu convosco e até quando vos sofrerei?” (Mt 17:17). Permanecer num mundo de pecado era um fardo adicional para Sua natureza sem pecado não apenas pela contínua agressão que isso significava mas também pelo motivo a mais que tal circunstância oferecia para sugerir o desvio de Sua Missão redentora até o fim. Além do mais Ele estava exposto a todas a “forças da confederação do mal”.[24] Talvez a nossa adaptação ao pecado não nos permita sentir o desconforto de viver neste mundo mas para Jesus este lugar lhe era uma contínua agressão pela generalização da iniquidade.
Também sofreu quantitativamente mais do que todos. Algumas tentações Jesus tinha e nós não as temos: em várias ocasiões foi tentado a usar sua divindade para conseguir alimento, deixar de beber o cálice do sacrifício, livrar-se dos seus algozes, descer da cruz. Apelos que nada significam para nós que não temos poder divino. Ele era tentado a desistir de redimir o homem e voltar para as cortes celestiais. Esse tipo de tentação nós também não temos.
Conclusão
Concluímos esta abordagem entendendo que todo o homem nasce pecador e sob o domínio do pecado, não porém Jesus, que tendo nascido de forma sobrenatural nasceu santo, sem pecado e “separado dos pecadores”. Isso era necessário para que Ele mesmo não estivesse na condição de perdido e precisasse de Redentor. No entanto, Sua natureza sem pecado não lhe ofereceu vantagem sobre nós devido às limitações decorrentes de Sua Missão. Ele precisou renunciar às necessidades e desejos lícitos, inocentes e fundamentais de Sua humanidade perfeita num corpo fragilizado, sentindo a dor da renúncia, dor esta que todos nós pecadores precisamos experimentar ao renunciarmos nossa natureza caída e seus condenáveis desejos.
Tendo passado por tudo que passamos o Salvador possuía tentações que não temos, sensibilidade que desconhecemos tornando Seu sofrimento mais agudo, pressões mais intensas e sem limite além de pesar-lhe a vida do mundo e a resposta esperada pelo universo.
Premido pela impossibilidade de uma segunda chance o Senhor não teria um advogado caso pecasse. Daí concluímos que a natureza sem propensão para o pecado, embora um qualificativo indispensável para que fosse o novo representante da raça humana, para ser o segundo Adão, o faz passar por uma renúncia muito maior do que a nossa que somos convidados a renunciar o pecado, dor e morte, mesmo considerando seus efêmeros prazeres mas tendo o recurso do arrependimento, enquanto Jesus, como o segundo Adão, não podia cometer qualquer erro.
Se nós sabemos o que é desejar o proibido por causa de nossas vis propensões e não tê-lo pois seria pecado, Ele também sabe o que é ser vedado ter o que desejava (ainda que não desejasse o errado) pois isso seria comprometer a nossa salvação e a vontade do Pai. Ele sabe o que é renunciar a si mesmo, e o muito que tinha, para nos salvar, assim como nós sabemos o que é renunciar o pouco que temos e o que somos em nossas tendências más, para nossa própria salvação (e isso pela Graça).
Finalmente, sendo tentado em tudo como nós e mais do que nós, mas sem pecado, se tornou o nosso Modelo Divino, em lugar do primeiro Adão, do que Deus esperava que o homem fosse “física e espiritualmente” quando em harmonia com a lei de Deus.[25]
Referências
[1] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (PP) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 45, 312 e Desejado de Todas as Naçoes (DTN) (Santo André, SP: Casa publicadora Brasileira, 1979), 108
[2] Esse pensamento pode ser encontrado em várias passagens da literatura da igreja primitiva assegurando a Sua natureza sem propensão para o pecado: 1) “…em Jesus Cristo recuperamos o que foi perdido em Adão, ou seja, o sermos a imagem e semelhança de Deus… Irineu. Adv. Haer. Henry Bettenson, editor, Documentos da Igreja Cristã (DIC), 3ª ed. (SP: ASTE – Sociedade Religiosa Edições Simpósio, 1998), 69. 2) “Habitando entre nós comunicou-nos a genuína incorruptibilidade…” Ibid., 71. 3) …”o Senhor…recapitula (resume) em si o homem original…” Ibid., 70. 4) Nasceu da virgem que não conheceu concupiscência por um novo e portentoso modo, tomando dela a natureza mas não a culpa. Ibid., 100. 5) Já Bettenson, comentando no Credo Niceno (de Cesaréia) aperfeiçoado pelo Concílio de Nicéia em 325, o termo “alterável”, declara que refere-se a Jesus não ser moralmente alterável o que seria anátema (atréptôs), esclarece ainda o termo “enanthôpêsanta – tomando sobre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkhôthénta, fez-se carne, ou, talvez, viveu como homem entre os homens…” Sendo assim Jesus herdou as características humanas necessárias para ser identificado como tal, uma natureza que não foi alterada moralmente em momento algum, segundo o Credo de Nicéia. Ibid., 69. 6) O Tomo de Leão ou Definição de Calcedônia, declara que Cristo não tinha em sua natureza humana as propriedades produzidas pela queda (herdadas) e adquiridas. Sua natureza era “perfeita” de homem verdadeiro. Tinha fraquezas mas não culpa, nem mácula, nada tinha “das propriedades que trouxe para dentro de nós o sedutor” (Ibid., 97). Atanásio (296 a 373) em sua obra De Incarnatione, 328 AD, diz que Ele tomou corpo mortal, entretando ïncorruptível” para que a corrupção cessasse revestindo-se de sua incorrupção (apesar de, no texto, aparentemente alegar a divindade para tal incorrupção). Ibid., 75. 8) Nos debates contra o semipelagianismo aparece a idéia de que a liberdade humana teria se tornado tão depravada pelo pecado que sem a graça ninguém amaria, creria ou faria o que é reto para o que se dá várias passagens bíblicas. Se Jesus herdasse a natureza caída do homem, certamente estaria sob o domínio do pecado e não poderia se livrar por si mesmo, carecendo ele mesmo de um Salvador. Ibid., 116.
[3] Sua superioridade ética e espiritual é descrita, como uma condição mais do que desempenho, de forma contundente no escritos de Ellen White e nas Escrituras que declaram que ao nascer, em vez de em pecado (Sl 51:5), nasceria um “santo” (Lc 1:35 ); que “nele não há pecado” (I Jo 3:5) e que “o príncipe deste mundo ‘nada’ tem em Mim” (Jo 14:30). Nele havia “perfeita ausência de pecado”, “caráter sem pecado” conf. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. I (1ME) (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1966) 256, 264. Não participou do pecado nem por “um pensamento” e não recebeu “nenhuma contaminação” ao se tornar homem. Seu corpo foi “preparado” por Deus: DTN, 109, 244, 264, (Mt 1:20-23)). Foi tentado em tudo “mas sem pecado” (Hb 4:15), feito sacerdote “segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb 7:16), “inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”, que não necessitou oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, que, em oposição a “homens fracos” era “Filho perfeito para sempre” (Hb 7:26,27). Que se ofereceu “imaculado” a Deus (Hb 9:14). Seu sangue e corpo tem poder santificador (Hb 10:10; 12:12). Seu sangue, diferente de pessoas justificadas, fala melhor do que a do “justo” Abel (Hb 12:24; 11:4).
[4] I Co 15:45-49 declara que o primeiro Adão legou-nos (após o pecado) a imagem terrena e carnal, ao contrário do segundo Adão (Jesus) que legou-nos sua imagem espiritual. O primeiro era da Terra mas o segundo era do Céu. Agora temos a imagem do terreno mas depois (na ressurreição, que é o contexto deste capítulo) receberemos a imagem do celestial (sem pecado, redimida) isto é, a de Jesus. Veja também Rm 5:12-19.
“Venceu Satanás com a mesma natureza sobe a qual Satanás havia obtido a vitória no Éden.” The youth’s Instructor, 25 de abril de 1901.
[5] “ambicionava” alimento, DTN, 104.
[6] DTN, 103.
[7] 1ME, 272.
[8] Ibid., 267, 272.
[9] Ibid., 288; DTN, 114.
[10] 1ME, 279. “…Cristo sabia que Adão, no Éden, com sua superiores vantagens, poderia ter resistido às tentações de Satanás, vencendo-o. Sabia também que não era possível ao homem, fora do Éden, separado, desde a queda, da luz e do amor de Deus resistir em suas próprias forças às tentações de Satanás.” Da mesma forma que Adão no Éden Cristo batalhou sozinho. Sua natureza permaneceu diferente da nossa após a queda: sem pecado. Se sua natureza fosse a mesma após a queda Ele não poderia vencer “sozinho”. Podemos vencer como ele venceu mas pela “Sua graça”. Uma vez que Ele venceu, aqueles que nEle crêem recebem sua vitória e o poder que santifica. 1ME, 226. Veio para redimir “a falha de Adão” e assim toda a sua descendência. DTN, 102.
[11] DTN, 115.
[12] 1ME, 271, 272.
[13]DTN, 104.
[14] 1ME, 253
[15] Deus lhe vedou o caminho suave: “é necessário que o Filho do homem padeça…” Era o “Homem de dores” (Is 53:3). Apesar de ser parte de Sua pessoa, Jesus não deveria usar a divindade para benefício próprio pois o homem não poderia faze-lo, além disso o Seu caminho deveria ser de renúncia daquilo que todos os homens neste mundo têm como natural para a própria vida: não possuía projetos pessoais para este mundo. Deveria renunciar ao conforto e privilégios, até mesmo à comida e à vida e até mesmo ao exercício de Sua Eterna Divindade para cumprir sua Missão. A Redenção impedia-o de pensar no “bem-estar” do Filho do homem. Sua vida deveria ser de “tristeza, dificuldades e conflitos” e Satanás faria sua vida o “mais amarga possível”. 1ME, 286. Sua prova foi “mais cerrada e mais severa do que as que jamais seriam impostas ao homem.” Ibid., 289.
[16] A possibilidade de pecado em Cristo era tão real como o foi em Adão. DTN, 41, 103, 115, 660.
[17] 1ME, 276
[18] DTN, 106
[19] 1ME, 211, 220
[20] “Meu Pai: se possível, passe de mim este cálice! Todavia não seja como eu quero, e, sim, como tu queres ” (Mt 26:39). Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16:24-26).
[21] Roy Adams. The Nature of Christ. (USA: Reviw and Herald Publishing Association, 1994), 73-85. Discute acerca da suposta vantagem de Cristo sobre nós. Sua posição é que Jesus sofreu a força total da tentação enquanto nós recebemos apenas uma parte. Usando o que ele chama de “Escala Richter de Tentação”, adaptando a que é usada para terremotos, Adams, representa graficamente a declaração de I Co 10:13. Concordamos com a ilustração considerando que não foi a cruz que matou a Cristo afinal, mas a tensão da prova que lhe rompeu o coração (DTN, 741). Assim, não foi a tensão total (conteúdo) que um homem suportaria, foi maior, a ponto de romper o continente. Quebrou-se a escala. O abalo foi mais forte do que o suportável. A dor estava além da capacidade humana. Nesse caso a intensidade não veio sob medida, não pode ser avaliada. Foi “infinita” (Ibid., 743).
[22] DTN, 102.
[23] 1ME, 254.
[24] DTN, 101.
[25] Se nosso alvo é a estatura de Cristo (Ef 4:13), nosso Modelo (1ME, 338), como poderíamos vê-lo como alguém com as mesmas tendências mórbidas para o pecado que nós? Ã parte dos momentos de conflito em que sua aparência foi desfigurada (Is 53; DTN, 103) e dos efeitos redutores de sua capacidade física devido aos fatores hereditários, Jesus era sem defeito “físico ou espiritual” (DTN, 42).
* Demóstenes Neves da Silva é mestre em Teologia e professor do SALT/IAENE.


Fonte: Sétimo Dia

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os Dois Textos Principais Sobre a Natureza Humana de Cristo

Nestes dois textos do Espírito de Profecia, é abordado mais diretamente o assunto da Natureza humana de Cristo; sendo que esclarecem vários pontos que tem sido de interesse principalmente nos últimos tempos


“Ele não tomou sobre Si nem mesmo a natureza de anjos, mas a humanidade, perfeitamente idêntica à nossa própria natureza, a não ser pela mancha do pecado. ... Ele tinha a razão, a consciência, a memória, a vontade e as afeições da alma humana, a qual estava unida com a Sua natureza divina.
“Nosso Senhor foi tentado tal como o homem é tentado. Ele poderia ter cedido à tentação, igual aos seres humanos. Sua natureza finita era pura e sem mancha, mas a natureza divina ... não foi humanizada; tampouco a humanidade foi divinizada pela mistura ou união das duas naturezas; cada uma delas reteve seu caráter e propriedades essenciais.
“Aqui, entretanto, não devemos nos tornar comuns ou terrenos em nossos pensamentos, e em nossas idéias pervetidas não devemos pensar que a possibilidade de Cristo ceder às tentações de Satanás degradou Sua humanidade fazendo com que Ele viesse a possuir as mesmas propensões pecaminosas e corruptas que o homem possui.
“A combinação da natureza divinas com a humana O fez capaz de ceder às tentações de Satanás. A provação de Cristo, aqui, foi muito maior do que a de Adão e Eva, pois Cristo tomou a nossa natureza caída, mas não corrompida; e, a menos que Ele desse ouvidos às palavras de Satanás em lugar das palavras de Deus, não seria corrompido. Supor que Ele não poderia ceder à tentação é coloca-Lo onde Ele não poder ficar, como um exemplo perfeito para o homem. A força e o poder desta parte da humilhação de Cristo, a qual é a mais significativa, não serviria de instrução e ajuda aos seres humanos. ...
“Em sua humilhação, Ele desceu para ser tentado tal como o homem foi tentado; Sua natureza era a mesma do homem, capaz de sucumbir à tentação. Sua própria pureza e santidade foram assoladas pelo inimigo caído, o mesmo que se corrompeu e foi expulso do Céu. Quão profunda e intensamente Cristo deve ter sentido esta humilhação.
“De que maneira os anjos caídos olham para Aquele que é puro e incontaminado, o Príncipe da vida.” Manuscrito 57, 1890 (Confirmação em Manuscript Releases, Vol. 16, pg. 182).




“Seja cuidadoso, exageradamente cuidadoso, ao tratar da natureza humana de Cristo. Não O apresente diante das pessoas como um homem com propensões para o pecado. Ele é o segundo Adão. O primeiro Adão foi criado como um ser puro, sem pecado nem mancha alguma de pecado sobre ele; era a imagem de Deus. Poderia cair, e caiu deveras ao transgredir. Por causa do pecado, sua posteridade nasceu com propensões inerentes para a desobediência. Mas Jesus Cristo era o Filho unigênito de Deus. Ele tomou sobre Si a natureza humana, e foi tentado em todos as coisas, como a natureza humana é tentada. Ele poderia ter pecado; poderia ter caído, mas nem por um momento sequer houve nEle uma má propensão. Ele foi assaltado com tentações no deserto, tal como Adão foi assaltado com tentações no Éden.
“Irmão Baker, evite toda e qualquer questão relacionada com a humanidade de Cristo que possa ser mal-entendida. A verdade fica muito próxima da trilha da presunção. Ao tratar sobre a humanidade de Cristo, é preciso que esteja muito atento a cada afirmação para que suas palavras não sejam entendidas de maneira diferente, e assim perca a percepção clara da Sua humanidade combinada com a divindade, ou que a deixe empalidecer. ...
“Estas palavras não são aplicadas a nenhum ser humano, exceto o Filho do Deus Infinito. Nunca, de maneira alguma, deixe a mais leve impressão sobre as mentes humanas de que havia uma mancha ou inclinação para a corrupção sobre Cristo, ou que, de alguma maneira, Ele cedeu à corrupção. Ele foi tentado em todas as coisas como o homem é tentado, e mesmo assim é chamado o ente santo. Isto é um mistério que foi deixado sem explicação para mortais: Cristo podia ser tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. A encarnação de Cristo sempre foi e sempre será um mistério. O que foi revelado, assim o foi para nós e nossos filhos, mas que todos os seres humanos se acautelem quanto a considerar Cristo totalmente, como nós outros, pois isso não pode ser. Não é necessário que saibamos o momento exato em que a humanidade uniu-se com a divindade. Devemos manter nossos pés sobre a rocha, Cristo Jesus, O Deus revelado em humanidade.
“Percebo que há perigo na abordagem a assuntos que tratam da humanidade do Filho do Deus infinito. Ele realmente humilhou-Se ao ver que estava em forma de homem, para que pudesse compreender a força de todas as tentações que assolam o homem.
“O primeiro Adão caiu; o segundo Adão apegou-se a Deus e à Sua palavra sob as mais probantes circunstâncias, e a Sua fé na bondade, misericórdia, e amor do Seu Pai não vacilou por um instante sequer. ‘Está escrito’ foi a sua arma de resistência e é a espada do Espírito que todos os seres humanos devem usar. ‘Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim’ – nada a responder, quando em tentação. Nenhuma chance foi dada como resposta às múltiplas tentações por Ele sofridas. Nenhuma vez Cristo pisou no terreno de Satanás, dando-lhe qualquer vantagem. Satanás nada encontrou nEle que encorajasse seu avanços.” Carta 8, 1895 (enviada a W. L. H. Baker no fim de 1895 ou princípio de 1896; também em Manuscript Releases 414).


Textos do livro Humanidade de Cristo de W. Whidden

domingo, 9 de outubro de 2011

Jesus sentiu medo?

Vamos ler os textos mencionados pelo amigo ouvinte: “Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. (Mateus 26:39) Agora, Lucas 22:42: “… Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a Minha vontade, e sim a Tua”.
Jesus não possuía qualquer tipo de propensão para o mal; Ele não cometeu pecado. Mas como homem, Ele tinha sede (João 19:28), fome (Mateus 4:2), cansaço (João 4:6), etc… A divindade e a humanidade foram misteriosamente combinadas (Filipenses 2:9-11). Podemos dizer que Jesus, enquanto esteve na terra, foi totalmente Deus e totalmente humano; em nenhum momento deixou Ele de ser Deus.
Não podemos entender em todos os seus aspectos a humanidade de Jesus. Em nossa limitação humana não temos como avaliar plenamente os sentimentos de Jesus, o Deus-Homem. Se este assunto fosse importante para a nossa salvação, Deus o teria revelado. Teremos uma eternidade pela frente para entendermos este mistério e outros mais.
Que dizer de Mateus 26:39, onde Ele pede ao Pai para que “passe dele este cálice”?
Antes, convém lembrar que em I João 4:18 está sendo feita “uma referência ao temor que é fruto da covardia”. Não podemos isolar este texto de seu contexto e aplicá-lo a Jesus. O caso de Cristo foi bem diferente; Ele sentiu muita angústia por ter sido colocada sobre Ele toda a culpa dos pecados da humanidade; teve medo de separar-se do Pai não por covardia mais sim porque os pecados da humanidade lhe trouxeram esta horrível sensação de separação (nesse sentido foi separado do Pai por causa dos nossos pecados).
No livro “O Desejado de Todas as Nações”, páginas 681 a 690 encontramos alguns comentários importantes sobre esse difícil momento vivido por Jesus. “Sobre Aquele que não conheceu pecado, devia pesar a iniqüidade da raça caída. Tão terrível Lhe parece o pecado, tão grande o peso da culpa que deve levar sobre Si, que é tentado a temer que ele O separe para sempre do amor do Pai. Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclama: ‘A Minha alma está profundamente triste até a morte’…Sentia que, pelo pecado, estava sendo separado do Pai… Ao sentir Cristo interrompida Sua unidade com o Pai, temia que, em Sua natureza humana, não fosse capaz de resistir ao vindouro conflito com os poderes das trevas… A humanidade do Filho de Deus tremia naquela probante hora. Não orava agora pelos discípulos, para que a fé deles não desfalecesse, mas por Sua própria alma assediada de tentação e angústia…”.
O amor do Senhor Jesus por nós será objeto de nosso estudo quando estivermos no Céu. Ele abandonou toda a Sua glória para sofrer horrivelmente por nós. Não podemos negar este amor que Jesus nos oferece; temos de aceita-lo como nosso salvador e a cada dia honrá-lo em nossa vida.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A natureza de Cristo durante a encarnação

 1 –Ao contemplar a encarnação de Cristo na humanidade, quedamo-nos perplexos ante o inescrutável mistério que a mente humana não consegue compreender. ST. 30 Julho 1896

2- A Humanidade do filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que nos liga nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo. ..O estudo da encarnação de Cristo é frutífero, que recompensará o pesquisador que cave fundo em busca de verdade Ocultas. I ME, p. 244

3- O estudo da natureza humana de Cristo não pode ser ignorado, porém em alguns aspectos incompreensível. Signs of the Times, 30 de julho de 1896 e Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 244.


4 – Sua natureza não tinha a mancha do pecado, porém, o seu aspecto físico era semelhante ao nosso após o pecado. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pg. 129; vol. 1 pg. 253 e 268; Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1129 e Desejado de Todas as Nações, p. 97 e 102


5 – Cristo não possuía inclinação natural para o pecado como nós possuímos. Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, pg. 1083 e vol. 5, pg. 1116 e 1117; Signs of the Times, 16 de janeiro 1896 e 29 de maio de 1901; Manuscrito 143, 1897 e 57, 1890;


6 – Com a natureza humana que Jesus aceitou, Ele venceu o pecado pelo poder do Pai. Desejado de Todas as Nações, pg. 20; Ellen G. White 1888 Materials, p. 122


7 – Cristo compreendia os resultados do pecado em sua plenitude, porque ele era humano. Desejado de Todas as Nações, p. 659, 560 e 723.


8 – A encarnação afetou e limitou (diferente de perder) os atributos Divinos de Jesus, conhecimento e onipresença. DTN, p. 644; 58 e 59.


Fisicamente e morfologicamente como o homem depois da queda. Espiritualmente e moralmente como a do homem antes da queda.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Posição do Dr. Alberto Timm quanto à Natureza Humana de Cristo

A Igreja Adventista crê que Cristo veio com as duas naturezas humanas de Adão. Em certo sentido antes da queda e em outro, depois da queda.
1. É pré-lapsariana (idêntica a de Adão antes da queda) no sentido moral e espiritual. Não tinha pendor para o pecado, não tinha paixão ou qualquer inclinação para pecado.
2. É pós-lapsariana (idêntica à nossa) no sentido físico e morfológico. Jesus sentia frio, fome, sede, cansaço e veio na estatura dos homens de sua época.
Apoio Bíblico Para os Dois Conceitos:
1. Hebreus 7:26 refere-se a Cristo como santo, inculpável, sem mácula e feito mais alto do que os Céus. Descreve a condição pré-lapsariana.
2. Por outro lado, Hebreus 2:14 e 17 afirmam que Ele Se tornou semelhante aos demais homens, na participação comum na carne e no sangue, o que sugere uma condição pós-lapsariana.
Apoio no Espírito de Profecia para esses Conceitos:
Posição Pré-Lapsariana:
1. “Cristo é chamado o segundo Adão. Em pureza e santidade, unido com Deus e amado por Deus, Ele começou onde o primeiro Adão começou Ele cruzou o chão onde Adão caiu, e redimiu o fracasso de Adão.” Youth’s Instructor, June 2, 1898.
2. “Ele venceu Satanás na mesma natureza sobre a qual no Éden Satanás obteve a vitória.” Youth’s Instructor, June 2, 1898.
3. “Ele devia tomar Sua posição como cabeça da humanidade, mas não a pecaminosidade do homem.” Signs of the Times, May 29, 1901.
4. “Sede cuidadosos, extremamente cuidadosos quanto a como vos ocupais com a natureza humana de Cristo. Não O coloqueis diante do povo como um homem com propensões para o pecado.” SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129, Carta 8, 1895
5. “Ele é o segundo Adão. O primeiro Adão foi criado puro, impecável, sem uma mancha de pecado sobre si; ele era a imagem de Deus.” SDABC, vol. 5, págs.1128 e 1129. Carta 8, 1895
6. “Nem por um momento existiu nEle uma propensão má.” SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129. Carta 8, 1895.
7. “Nunca de forma alguma, deixeis a mais leve impressão sobre mentes humanas de que uma mancha, ou corrupção, ou inclinação para a corrupção se apegou a Cristo.” SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129. Carta 8, 1895.
8. “Que cada ser humano seja advertido contra a idéia de tornar Cristo totalmente humano tal como um de nós; isto não pode ser.” SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129. Carta 8, 1895.
9. “Cristo não tinha natureza pecaminosa.” ST, 29 de maio de 1901.
10. “Cristo não tinha a mesma deslealdade pecaminosa, corrupta e decaída que nós possuímos.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 131
11. “Deus enviou um Ser sem pecado.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 132
12. “Ele nunca teve doença em Sua própria carne.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 133
13. “Não havia nEle nenhuma mancha de pecado.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 134
14. “Ele era sem pecado. A virtude e pureza caracterizavam Sua vida.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 134
Posição Pós-Lapsariana:
1. “Estava no plano de Deus que Cristo tomasse sobre Si a forma e natureza do homem caído.” Spirit of Prophecy, vol. 2, p. 39
2. “A natureza de Deus, cuja lei tinha sido transgredida, e a natureza de Adão, o transgressor, se reuniram em Jesus – o Filho de Deus e o Filho do homem.” SDABC, vol. 5, págs. 1128 e 1129. Carta 8, 1895
3. “Cristo, que não conhecia o mínimo vestígio de pecado ou contaminação, tomou nossa natureza em seu estado deteriorado.” Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 253
4. “Cristo assumiu a natureza humana enfraquecida com quatro mil anos de pecado.” O Desejado de Todas as Nações, p. 49
Conclusão: Os dois conceitos não se contradizem, mas se complementam. No entanto, os defensores da natureza de Cristo com pendor para o pecado se detém somente nos textos do segundo grupo.
Conclusão Perigosa dos Defensores da Natureza de Cristo:
com Pendor para o Pecado
Os defensores desta idéia dizem que se Jesus foi vitorioso tendo uma natureza como a nossa, também nós podemos ter vitória perfeita sobre o pecado.
1. Se consigo com o tempo ser perfeito e justo como Cristo foi, logo não vou precisar mais Dele. Não preciso mais de um intercessor no Céu.
2. Se eu acumulo muita santidade, torno-me igual a Ele.
3. A salvação se torna fruto de meus próprios esforços.
4. O cristão cairá no perfeccionismo.
5. Se Cristo tivesse inclinação para o pecado, Ele precisaria de um Salvador para Ele mesmo. Por que? Porque pecado não é meramente ato, mas status (estado). A inclinação, o pendor para o pecado já é pecado. O rei Davi afirmou em Salmo 51:5 – “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”.
6. Jeremias 17:9 – “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
7. A criança já nasce egoísta. (Exemplo: é natural a criança não repartir seus brinquedos, sem ninguém ter-lhe ensinado isso.)
As Palavras: TUDO e TODAS AS COISAS
Estas palavras têm caráter relativo.
Hebreus 2:17, 18 – “Em todas as coisas se tornasse semelhante aos irmãos… tendo sido tentado.”
Hebreus 4:15 – “Foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado.”
A palavra tudo é uma forma bíblica de expressão. Exemplos:
Gênesis 25:5, 6 – “Abraão deu tudo o que possuía a Isaque. Porém, aos filhos das concubinas que tinha, deu ele presentes e, …”
Gênesis 9:3 – “Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; …”
I Timóteo 4:4 – “pois tudo que Deus criou é bom, e, …”
II Pedro 2:3 – “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, …”
Romanos 14:20 – “… Todas as coisas, na verdade, são limpas, …”
Do ponto de vista da lógica, Cristo poderia ser tentado em tudo, em todas as coisas?
1. Não foi tentado naquilo que Ele não era. Exemplo: não era mulher. Cristo era homem. A tentação de Cristo não tem que ver com cada detalhe da tentação. Seria impossível.
2. Cristo era solteiro ou casado? Solteiro. Isto quer dizer que ele não podia compreender os casados porque era solteiro?
3. Nasceu como judeu no primeiro século. Isto quer dizer que Ele não poderia entender o homem do século 21?
4. No primeiro século não havia Internet, pornografia, novelas, TV.
5. A tentação tem significado apenas quando ela é adequada a uma pessoa em particular. A acusação de Satanás não era que seres pecaminosos não poderiam guardar a lei de Deus, mas que Adão, antes da queda, não podia fazê-lo.
6. A identificação de Cristo conosco, em nossas tentações está em Sua vitória sobre a essência do pecado, porque toda tentação tem um elemento comum: levar-nos a viver de forma independente de Deus.
Conclusão – Do ponto de vista lógico, Ele não poderia ser tentado em todas as coisas. Esta é uma idéia provinciana, pequena.
A Palavra Semelhante
Romanos 1:23 – “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem…”
Romanos 5:14 – “… mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão…”
Romanos 6:5 – “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, …”
Semelhança não quer dizer igual. Jesus Cristo veio em semelhança e não em igualdade.
Apocalipse 9:7 – “O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos…”
Hebreus 7:15 – “E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque…”
Semelhança não era igualdade absoluta.
Jesus Cristo semelhança de Cristo.
Homem, aparência de judeu, filho de José e Maria, tinha uma mãe, tinha uma linhagem de genealogia humana, passou pelas leis do desenvolvimento humano, características físicas, sono, fadiga, fome, sede. EGW – Cristo veio com quatro mil anos de degenerescência.
Não nasceu como todos nós nascemos. Cristo é diferente.
Davi disse: “todos nós nascemos em pecado e em pecado me concebeu minha mãe.” De Cristo, você não pode dizer isto.
Foi gerado pelo Espírito Santo. I João 3:5 – Nele não existe pecado.
Pecado não é só ato, mas estado e condição. Jesus não veio em estado pecaminoso. Exemplo:
Adultério não é só ato, mas estado.
João 14:30 – “Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim.”
João 8:46 – “Quem dentre vós me convence do pecado?…”
Pecado não é só ação. É o estado que precede a ação. Você não é pecador porque peca, mas peca porque é pecador. Há um estado que antecede a ação.
Pr. Alberto Timm
Nota Site Bíblia e a Ciência: As consequências do pecado não é somente  a transgressão da lei  1 João 3:4, que  leva  a morte( Rm 6:23), mas o pecado também faz separação entre nós e o nosso Deus( Isaías 59:2). A inclinação, o pendor para o pecado já é pecado. Se Jesus tivesse tendência para o pecado como nós, ele estaria separado de Deus e não teríamos um Salvador e Mediador(Atos 4:12; 1 Tm 2:5).

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