Em nossos dias, a expressão geração tem estado em alta. De fato, ela tem se tornando um tipo de mote presente em muitos círculos cristãos. Fala-se em Geração de cristãos radicais, muitos ministérios jovens trabalham temas em suas igrejas intitulados como a Geração de Gideão, a Geração de Daniel, a Geração de Elias, a Geração de Eliseu. Quem dera tivéssemos, de fato, a coragem de Gideão; buscássemos a vida de oração e a santidade assim como Daniel; tivéssemos a unção de Elias e a integridade de Eliseu.
Mas, realmente, quais as marcas da nossa geração?
Sem querer ser pessimista, mas sendo, na realidade, bastante realista, penso que o que tem caracterizado a nossa geração é motivo de preocupação e reflexão. Pontos extremamente relevantes e que marcaram a cristandade no decorrer da sua história têm sido desprezados. Falar de doutrina, teologia, apologética, história da igreja, exemplo de homens do passado, etc., têm sido motivo de repúdio para muitos cristãos.
Sob o pretexto de “espiritualidade” muitos têm estigmatizado o estudo sincero da doutrina e da história cristã. As Sagradas Escrituras se transformaram, para muitos, simplesmente em um símbolo desprovido de qualquer sentido e relação com o cotidiano do cristão, ou ainda, têm sido tratadas como objeto mágico, que serve apenas para ser carregado e não para ser examinado. O exemplo dado pelos bereianos, que fora registrado por Lucas, está cada vez mais raro: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17:11).
Existe uma enorme atração por um tipo de cristianismo fast food, onde se esperam resultados imediatos, milagres, prosperidade, satisfação emocional, etc., independente da mensagem que esteja sendo pregada. O reformador Martinho Lutero já refletia e se mantinha vigilante com este respeito ao afirmar: “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias” (John Blanchard, Pérolas para a vida [São Paulo: Vida nova, 1993], p. 132).
O reflexo deste desapego teológico se faz sentir em todas as esferas que compõe as igrejas cristãs. Os cânticos se transformaram em mantras, sem conteúdo e profundidade. As pregações se mostram mais como um espetáculo de animação do que com a transmissão da Verdade. A evangelização tem perdido sua eficácia. Por quê? Simples: não se canta o que não se conhece, não se prega o que não se conhece e não se transmite o que não se conhece. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4:6).
Seria redundante afirmar que a vontade de Deus é que sejamos profundos conhecedores de Sua Palavra, mas a grande verdade é que essa questão tem sido deixada de lado. A atitude normal do cristão deveria ser o amor pela sã doutrina, mas o que se percebe é que a regra virou exceção e a exceção regra, isto é, a maioria dos cristãos tem desprezado o estudo sincero e comprometido da teologia e apenas uma minoria se mantêm fiel à doutrina e ao exame das Escrituras.
O tempo de revermos o nosso posicionamento com respeito à importância da teologia em nossas vidas é hoje! Hoje é o tempo de nos mostrarmos amantes da sã doutrina, militantes contra as heresias e praticantes do que temos aprendido. As gerações futuras se espelharão no nosso exemplo e, como já afirmara Francis Schaeffer: “Se não tornarmos clara nossa posição, com palavras e obras, em favor da verdade e contra as falsas doutrinas, estaremos edificando um muro entre a próxima geração e o evangelho” (Blanchard, Pérolas para a vida, p. 132).
Por fim, ficam as palavras de nosso Senhor que nos afirmam que todo o nosso viver presente e o porvir dependem das Santas Palavras: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (Jo 5:39).
Fonte: Rafael de Lima, Missão pós moderna.
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