segunda-feira, 30 de julho de 2018

O vegetarianismo nos escritos e na experiência de Ellen G. White




Nesse conflito, o vegetarianismo está entre os temas mais discutidos. Encontrar a melhor maneira de abordar o assunto não é tarefa simples, especialmente pelas diferenças culturais, sociais e econômicas que existem no mundo. Ellen G. White foi a principal voz no adventismo sobre a mensagem de saúde, e seus livros estabeleceram a base para o estilo de vida adventista. Portanto, compreender e interpretar corretamente o que ela escreveu é o caminho mais coerente e seguro. 

Adventismo e reforma de saúde
O movimento da mensagem de saúde adventista teve como base a grande corrente americana de reformas sanitárias entre os anos 1800 e 1850. Essas reformas criaram as condições necessárias para a compreensão adventista da saúde, conferindo-lhe alto grau de relevância já nos primeiros anos da denominação.1 Em 1848, quatro anos após sua primeira visão, Ellen G. White recebeu as primeiras informações sobre a mensagem de saúde. Ela viu que tabaco, chá e café eram prejudiciais e deveriam ser completamente abandonados.2 

terça-feira, 24 de julho de 2018

Como alguns dos pioneiros adventistas viam o aborto


Em tempos de desumanização dos não-nascidos através da linguagem e do uso de eufemismos (“não é vida humana”, “não tem sistema nervoso ainda”, “amontoado de células”, “é questão de saúde pública”, “interrupção da gravidez”, “direitos sexuais e reprodutivos”, etc), seria bom adventistas observarem a linguagem simples e direta que os primeiros adventistas usavam para falar sobre aborto.

J. N. Andrews:
“Um dos pecados mais chocantes, e mais comuns desta geração, é o assassinato de bebês não nascidos. Que aqueles que pensam ser este um pecado pequeno leiam o Sl 139:16. Eles verão que até o feto está escrito no livro de Deus. E eles podem estar bem seguros de que Deus não passará despercebido pelo assassinato de tais crianças” (J. N. Andrews [ed.]. “A Few Words Concerning a Great Sin”. Advent Review and Sabbath Herald, 30 nov. 1869, p. 184).

John Todd:
“Não tenho medo, mas o que estou prestes a escrever será lido; e eu gostaria que fosse solenemente ponderado. Estou prestes a falar, e claramente, da prática de produzir abortos. […] Quanto à culpa, quero que todos saibam que, aos olhos de Deus, é um assassinato intencional. ‘O assassinato intencional de um ser humano em qualquer estágio de sua existência é assassinato. […] e se alguém acha que pode fazê-lo sem a culpa do assassinato, ela está muito enganado’ [cita o Dr. H.R. Storer]” (John Todd. “Fashionable Murder”. Advent Review and Sabbath Herald, 25 jun. 1867, p. 29-30).

John Kellogg:
“Assim que esse desenvolvimento começa [a partir da concepção], um novo ser humano vem à existência – em embrião, é verdade, mas possui sua própria individualidade, com seu próprio futuro, suas possibilidades de alegria, pesar, sucesso, fracasso, fama e ignomínia. “A partir deste momento, adquire o direito à vida, um direito tão sagrado que em toda terra violar é incorrer na pena da morte. Quantos assassinos e assassinas ficaram impunes! Ninguém, a não ser Deus, conhece a extensão deste crime hediondo; mas o Avaliador de todos os corações conhece e lembra de cada um que assim transgrediu; e no dia da avaliação final, qual será o veredicto? Assassinato? Assassinato, assassinato de crianças, matança de inocentes mais cruel que a de Herodes, mais sangue frio que o assassino da meia-noite, mais criminoso que o homem que mata seu inimigo – o mais desnatural, mais desumano, mais revoltante dos crimes contra a vida humana” (J. H. Kellogg. Man, the Masterpiece. Battle Creek: Modern Medicine Publishing Company, 1894. p. 424-425).

Tiago White:
“Poucos estão cientes da temerosa extensão que esse negócio nefasto, essa prática pior do que diabólica, é levada adiante em todas as classes da sociedade! Muitas mulheres determinam que não se tornarão mães e se submetem ao mais vil tratamento, cometendo o crime mais básico para cumprir seu propósito. E muitos homens, que têm tantos filhos quanto ele pode sustentar, em vez de restringir suas paixões, ajudam na destruição dos bebês que eles geraram. O pecado está na porta de ambos os pais em igual medida; para o pai, embora ele nem sempre possa ajudar no assassinato, está sempre acompanhando, na medida em que ele induz, e às vezes até força a mãe à condição que ele sabe que levará à prática do crime” (Tiago White (ed.). A Solemn Appeal. Battle Creek: Stem Press, 1870, p. 100).

E Ellen White?
Apesar de não falar diretamente sobre o aborto intencional, Ellen White fala muito sobre as influências pré-natais. Ao ler os inúmeros textos onde ela revela preocupação com as consequências de hábitos e atitudes da mãe no não-nascido, logicamente, podemos concluir que despedaçar o corpo de crianças não-nascidas ou envenená-las até a morte não seriam práticas toleradas facilmente por ela.

A posição de Ellen White não é claramente estabelecida, mas há fortes citações que apontam para a posição pró-vida.

Ela usa o termo “assassinato” em conexão com a morte de fetos. Ao comentar sobre os vestidos de argolas usados em meados do século 19, ela declarou: “Nunca foi praticada tal iniquidade como essa desde essa invenção de [vestidos de] aro, nunca houve tantos assassinatos de crianças [murders of infants]” (Carta 16, 1861).

Esses “assassinatos de crianças” podem ser uma referência aos abortos provocados involuntariamente por essa moda.

Ela afirma que mulheres grávidas “vão considerar que outra vida depende delas e serão cuidadosas em todos os seus hábitos e especialmente na dieta” (O Lar Adventista, p. 257). Citações assim podem refutar o chavão “meu corpo, minhas regras”, pois trata-se de “outra vida”.

Ao alertar para o perigo de mulheres grávidas usarem bebida alcoólica, ela faz uma afirmação que leva em conta a saúde do não-nascido, e liga isso à palavra “pecado”:

“Cada gota de bebida forte ingerida [por uma mulher grávida] para satisfazer seu apetite, põe em risco a saúde física, mental e moral do filho, e é um pecado direto contra seu Criador” (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 217).

Uma citação é especialmente interessante – ao falar sobre o risco de deixar uma mulher trabalhar excessivamente durante a gravidez, Ellen White declara:

“Caso o pai procurasse conhecer as leis físicas, compreenderia melhor suas obrigações e responsabilidades. Veria que havia sido culpado quase de matar [em inglês, “murdering”] seus filhos mediante o permitir que tantos fardos impendessem sobre a mãe, e compelindo-a a trabalhar além de suas forças antes do nascimento das crianças, a fim de obter meios para lhes deixar” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 429-430).

O texto em inglês diz literalmente que o pai veria “que ele tinha sido culpado de quase assassinar seus filhos” ao fazer a mãe trabalhar demais “antes do nascimento deles”. Nesse texto, Ellen White não está condenando especificamente o aborto, mas ao falar sobre o assassinato dos fetos, e ao chamar os fetos de filhos/crianças (children), ela indica que via o nascituro como plenamente humano.

Isaac Malheiros (via Reação Adventista)

sexta-feira, 13 de julho de 2018

7 desculpas usadas por pessoas que deixam de ir à igreja

"Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
 admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima." (Hebreus 10:25)

A julgar pelo próprio índice de frequência à igreja no mundo ocidental, não seria difícil diagnosticar que ela encontra-se hoje, em muitas circunstâncias, em crise. Isso para não mencionar os cultos de oração e reuniões evangelísticas. A seguir, analise comigo algumas escusas que tenho ouvido, as quais são usadas por pessoas que deixam de frequentar a igreja:

1. “Alguém me ofendeu.” Essa desculpa, em geral, inicia a lista. “Alguém ou a igreja ofendeu meus sentimentos, e não desejo mais voltar lá.” Outra frase comum é esta: “A igreja está cheia de hipócritas.” O grande problema da igreja é que ela é feita de pessoas como você e eu. Se tirássemos dela todas as pessoas, os problemas desapareceriam, mas também a igreja deixaria de existir. Lembre-se de que os cristãos não seguem os cristãos. Eles seguem a Cristo.

2. “Não sou suficientemente bom para ir à igreja.” Isso equivale a um enfermo dizer: “Estou muito doente para ir ao hospital.” 

3. “A igreja parece morta". Os cultos são cansativos e não recebo nada lá.” Essa argumentação parece assumir que a principal razão para ir à igreja seria encontrar diversão ou mesmo receber alguma coisa. Em vez disso, vamos à igreja primariamente para oferecer a Deus nosso louvor e gratidão.

4. “Ando muito ocupado ultimamente.” Esse é precisamente o propósito do sábado. Libertar-nos da tirania e escravidão das rotinas da vida. Essa desculpa diz, em outras palavras, que estamos muito ocupados para Deus.

5. “Estou doente.” Em alguns casos, isso é verdade. Contudo, queira Deus que não nos tornemos tão enfermos como às vezes dizemos estar para não ir aos cultos. Então, certamente saberíamos o que significa estar doente.

6. “Estou tão cansado aos sábados.” Curioso é que dificilmente estamos cansados para fazer compras ou assistir aos programas preferidos na TV. As pessoas em geral fazem aquilo que elas querem ou que consideram importante.

7. “A igreja é muito longe de minha casa.” Se Jesus esteve disposto a “viajar” milhões de anos-luz do Céu à Terra para nos visitar e salvar, certamente podemos encontrar uma forma de chegar à igreja para agradecer-Lhe e ter comunhão com Ele.

Que tal estar na igreja no próximo sábado? Não deixe para decidir isso na última hora. Tome a decisão agora mesmo: “Estarei lá!”
"Os que pertencem à família da fé nunca devem negligenciar suas reuniões; pois este é o meio designado por Deus para levar Seus filhos à unidade, a fim de que, em amor cristão e companheirismo possam ajudar-se, fortalecer-se e animar-se uns aos outros. ... Como irmãos de nosso Senhor, somos chamados com uma santa vocação a uma vida santa e feliz. Havendo entrado no caminho estreito da obediência, refrigeremos nossa mente pela comunhão uns com os outros e com Deus. À medida que vemos aproximar-se o dia de Deus, reunamo-nos muitas vezes para estudar a Sua Palavra e exortar-nos uns aos outros e tirarmos todo proveito possível a fim de preparar-nos, na maneira devida, para receber nas assembleias celestes o cumprimento do penhor de nossa herança. Lembrai-vos de que em toda reunião vos encontrais com Cristo, o Senhor das congregações. Estimulai um interesse pessoal uns nos outros; pois não basta simplesmente conhecer os homens. Importa que os conheçamos em Cristo Jesus. É-nos ordenado que consideremos 'uns aos outros'. Esta é a nota predominante do evangelho. A do mundo, é o eu." (Ellen G. White - Carta 98, 1902)

sábado, 30 de junho de 2018

Qual é o melhor candidato dinossauriano para o Leviatã?


Por Everton Alves Via Origem em Revista

No capítulo 41 do livro de Jó vemos Deus fazendo perguntas retóricas e assim descrevendo a Jó o monstro Leviatã (Liwyathãn, em hebraico) como sendo um grande animal aquático. A maioria das versões bíblicas traduz o nome do Leviatã como “crocodilo”. Seria realmente um crocodilo ou um dinossauro? Se tomarmos os dinossauros como reais potenciais candidatos para o personagem Leviatã, qual deles se encaixaria na maioria das descrições literais do livro de Jó, desconsiderando apenas certa licença poética, em algumas das características em uso nesse capítulo?

A luz das atuais evidências científicas e recentes estimativas encontradas, o espinossauro, por exemplo, está sendo considerado o maior dinossauro predador que já viveu sobre o planeta terra, conforme entrevista na New Scientist. O espinossauro supera o maior exemplar do Tiranossauro rex já descoberto, tendo até 18 metros de comprimento e um peso de 20 toneladas [1] (Ver figura abaixo). Curiosamente, a Bíblia descreve o Leviatã como sendo um animal diferente do Beemote (que era pacífico), citando características de predação e/ou de ataque: “Põe a tua mão sobre ele e sempre te lembrarás da luta; nunca mais tentarás fazer isso de novo!” (Jó 41:8).
Muitos têm tentado encaixar o Leviatã mencionado no livro de Jó como sendo uma figura de linguagem. O texto não permite entendermos que era apenas ou um exemplo alegórico pela parte de Deus ou se referindo à antiga serpente chamada satanás, mas sim um animal real que Jó teria testemunhado. Apesar de alguma licença poética ter sido empregada na descrição do animal (v.18-21), isso não significa que Jó e seus amigos não tivessem verdadeiramente observado gigantescos animais. É importante destacar que ambas as criaturas mencionadas nos livros de Jó 40 (Beemote) e 41 (Leviatã) e Salmos 104: 26 (Leviatã) são animais reais, enquanto as três vezes em que o mesmo nome, Leviatã, aparece em outros livros são empregos simbólicos (Jó 3: 8; Isaías 27: 1 e Sl 74:14).

Em relação à localização desse animal avistado por Jó, os comentaristas bíblicos deduzem que o personagem Jó – o qual a Bíblia diz que viveu em Uz –, teria habitado provavelmente em regiões onde hoje aproximadamente estaria países como a Síria, Jordânia ou Arábia, ambos situados no norte do continente africano. Já o candidato dinossauriano em potencial escolhido e mencionado no início deste texto, o espinossauro, também foi encontrado em diversas localidades do mesmo continente. Embora ele tenha sido encontrado, por exemplo, em 1912 no Egito [2], em 2002 na Tunísia [3] e em 2005 no Marrocos [4], ele também foi encontrado em 1996 no Brasil [5] e na Europa (Inglaterra, Portugal e Espanha) [2], entre outras localidades, mostrando que sua distribuição pelo globo pode ter sido bem ampla.

Ainda em relação à localização, alguns teólogos defendem que a autoria do livro de Jó pertenceria a Moisés. Teria sido Moisés quem escreveu o livro de Jó, talvez sobre sua perspectiva e cultura? Bem, a discussão sobre a autoria não é o objetivo deste texto. Entretanto, se foi Moisés o autor do livro de Jói, ele teria vivido no Egito e escrito o livro enquanto estava no deserto do Sinai. O argumento de quem defende que Leviatã era um crocodilo está associado também a essa questão da localização de Moisés. Moisés viveu no Egito e lá existia a cultura de adoração a animais, inclusive aos crocodilos do rio Nilo. E isso é verdade, quando pegamos uma figura dos deuses do Egito vemos neles cabeças de animais. Deus faz algumas perguntas retóricas interessantes a Jó ao questioná-lo o seguinte: “Poderás atingir o seu couro com vários arpões e encher sua cabeça com lanças de pesca?” (v.7) e “Quem poderia arrancar sua couraça externa?” (v.13)

Fato é que temos evidências históricas e arqueológicas que na região do Nilo havia o costume sim dos habitantes locais de caçar e matar os crocodilos desde o século I a.C, podendo ser evidenciado no Mosaico do Nilo, encontrado no local do antigo templo da Fortuna, na cidade de Palestrina. Além disso, mais antiga é a evidência de um historiador chamado Heródoto que no século 5 a.C afirmou o seguinte: “Para alguns egípcios, os crocodilos são sagrados, mas outros os tratam como inimigos. As pessoas da área de Elefantina, ao contrário, comem crocodilos e não as consideram sagradas… Crocodilos são frequentemente caçados e em muitos aspectos”. [6] (ver abaixo as figuras)


Figura Mostrando um caçador egípcio com crocodilo amarrado [7]

Em relação ao seu ecossistema, algumas pessoas afirmam que Leviatã era exclusivamente marinho porque a Bíblia diz que ele “deixa atrás de si um rastro cintilante, como se o mar tivesse…” (v.32). Porém, algumas versões trazem um significado diferente para a mesma sentença: “Após ele alumia o caminho; parece o abismo tornado em…” (ARC) ou “deixa atrás de si um rastro cintilante; como se fossem os cabelos brancos do abismo” (NVI). Mas mesmo que esse animal vivesse realmente no mar, a Bíblia descreve outro tipo de ambiente no qual o mesmo dinossauro vivia: a lama (v.30). Isso mostra que o animal também frequentava a beira da água, a lama ou pântano (ex. pântanos de água doce), e não apenas as águas profundas que são mencionadas nos versos 31 e 32.

A figura do espinossauro, portanto, se encaixa bem nessa descrição bíblica sobre os diferentes habitats desse animal, uma vez que estudo publicado na revista Science [8] e veiculada na National geographic explica que os espinossauros “espreitavam as margens dos lagos e rios do Cretáceo” e “esses carnívoros se prendiam a habitats de água doce”, além de andarem também por sobre a terra firme. Outra matéria veiculada na New Scientist diz que “o norte da África [um dos locais onde fósseis desse animal foram encontrados] era um enorme pântano tropical. O espinossauro habitou uma floresta de mangue de baixa altitude”. Isso significa que o espinossauro é o único dinossauro semiaquático, até agora descoberto, que passava a maior parte de seu tempo na água. Essa descoberta deixa para trás, ou apenas abre um parênteses, sobre a antiga noção de que para ser considerado ‘dinossauro’ o animal deveria viver exclusivamente em ambiente terrestre.

Sobre as escamas nas costas, Deus descreve a Jó as escamas nas costas do Leviatã como fileiras de escudos, hermeticamente selados de modo que nenhum ar poderia passar entre eles e que não poderiam ser separados (vv. 15-17). Essa descrição possui muitas características compatíveis com as velas que conhecemos – embora ainda seja um conhecimento científico incipiente – acerca dos espinossaurídeos (note que estou falando da família de dinossauros na qual o espinossauro faz parte) (Ver figura abaixo).


Como eu disse acima, o conhecimento que os evolucionistas têm acerca desse animal reptiliano, inclusive sobre suas velas nas costas, ainda é muito superficial e tal fato é admitido pelos próprios paleontólogos evolucionistas ao afirmarem na National Geographic: “a função e a evolução das velas dos espinossauros continuarão a ser debatidas.” (isso significa que ainda não existe um consenso).

Em relação à forma de locomoção do Leviatã, vemos o seguinte no livro de Jó: “Quando ele se ergue…” (v.25). Provavelmente, esse animal poderia alternar sua posição entre bípede e quadrúpede. Curiosamente, o espinossauro também foi relatado na National Geographic pelos paleontólogos evolucionistas como sendo ou bípede ou quadrúpede: “o espinossauro deve ter andado de quatro quando estava na terra” (Ver figura abaixo).

No entanto, levando em consideração que o conjunto de dados a favor desse espécime é cíclico/temporário, assim como tudo dentro da ciência, não podemos afirmar categoricamente que o dinossauro Leviatã é, sem dúvida alguma, um espinossauro mesmo porque não temos como voltar no tempo e comprovar tal fato. Quando lidamos com o passado (ciência histórica) só podemos criar boas hipóteses, baseados em um conjunto de dados, aplicar alguns métodos (que possuem limitações) e calcular probabilidades. Ou seja, não podemos bater o martelo e dizer que já “comprovamos” ou que já temos certeza absoluta disso ou daquilo.

O Leviatã pode até mesmo ser algum tipo de dinossauro que ainda não foi descoberto, com características parecidas com o do espinossauro. Portanto, só nos resta aguardar os próximos capítulos das futuras descobertas para ver se essa minha hipótese continuará firme ou não. Por enquanto, ela segue bem firme. Inclusive, os dados recentes da ciência mostram que tradutores da Bíblia para o português não estavam de todo errados. Segundo matéria veiculada na New Scientist, o espinossauro “parece que era mais como um crocodilo”, porém dinossauriano.

Espero que você, leitor, tenha conseguido enxergar fatos, que você não enxergaria sozinho, a partir das análises (escriturística e científica) levantadas aqui pra você de que existem sim evidências robustas de que Jó tenha presenciado dinossauros, embora o texto bíblico não esteja descrito na linguagem científica que muita gente espera.

Referências

 [1] Therrien F, Henderson DM. My theropod is bigger than yours … or not: estimating body size from skull length in theropods. Journal of Vertebrate Paleontology 2007; 27(1):108-115. Disponível em: https://goo.gl/EyZz2W.

[2] Candeiro CRA, Brusatte SL, de Souza AL. Spinosaurid Dinosaurs from the Early Cretaceous of North Africa and Europe: Fossil Record, Biogeography and Extinction. Anuário do Instituto de Geociências 2017; 40(3):294-302. Disponível em: http://www.anuario.igeo.ufrj.br/2017_3/2017_3_294_302.pdf.

[3] Buffetaut E, Ouaja M. A new specimen of Spinosaurus (Dinosauria, Theropoda) from the Lower Cretaceous of Tunisia, with remarks on the evolutionary history of the Spinosauridae. Bulletin de la Société Géologique de France 2002; 173(5): 415-421. Disponível em: https://goo.gl/p1i7NB.

[4] Dal Sasso C, et al. New information on the skull of the enigmatic theropod Spinosaurus, with remarks on its size and affinities. Journal of Vertebrate Paleontology 2005; 25(4):888-896. Disponível em: https://goo.gl/Tbqy95.

[5] Martill DM, et al. A new crested maniraptoran dinosaur from the Santana Formation (Lower Cretaceous) of Brazil. Journal of the Geological Society 1996; 153(1):5-8. Disponível em: https://goo.gl/twEPAG.

[6] Herodotus, Histories, II, 440 a.C, ref. 12, pp. 69–70.

[7] Keel O. Zwei Klein Beiträge zum Verständnis de Gottesreden im Buch Ijob (xxxviii 36f, xl 25), VT 31 : 223-225, 1981.

[8] Ibrahim N, et al. Semiaquatic adaptations in a giant predatory dinosaur. Science. 2014;345(6204):1613-6. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25213375.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O MISTÉRIO DA MORTE

Resultado de imagem para o misterio da morte
No mundo morrem presentemente:

97 pessoas por minuto; 6.000 pessoas por hora; 140.000 pessoas por dia; 1.000.000 pessoas por semana! De fato, não podemos nos acostumar com a morte. Mas, a morte é um grande mistério, e é o maior problema para aqueles que não creem na Palavra de Deus. É o maior problema para os ateus que clamam desesperados por Deus na hora final. É o maior problema da Ciência que não consegue vencê-la, apesar dos seus ingentes esforços.

Todas as religiões têm a sua doutrina sobre os mortos. Os pagãos da antiguidade tinham as suas ideias místicas sobre os mortos. As grandes religiões de hoje têm o seu conceito sobre os que já abandonaram a vida do corpo. As religiões cristãs também têm a sua doutrina sobre os mortos. Os espíritas também ensinam a sua teoria da Encarnação. Mas a morte ainda é um grande mistério para muitas pessoas. Para milhões de indivíduos, a morte ainda é uma grande interrogação. 

Para onde vão os mortos? Qual é o seu destino? Naturalmente, espera-se que vão para algum lugar. Será que vão para o Céu, ou para o Inferno? Ou será que se destinam ao Purgatório, onde hão de se purificar de alguns pecados? Mas outros pensam que os mortos ficam vagando no espaço sideral, esperando que alguém nasça a fim de incorporar nesse novo ser.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

5 dicas para ensinar seu filho ou sua filha a amar o próprio gênero



Teorias famosas

O Universo originou-se de uma descomunal explosão, conhecida como Big Bang. O petróleo e o gás natural são combustíveis fósseis. Estas são provavelmente as duas teorias científicas mais disseminadas, de maior conhecimento do público e algumas das que alcançaram maior sucesso em toda a história da ciência.

Elas são tão populares que é fácil esquecer que são exatamente isto – teorias científicas, e não descrições de fatos testemunhados pela história. Mesmo porque as duas oferecem explicações para eventos que se sucederam muito antes do surgimento do homem na Terra.

Teoria dos combustíveis fósseis

Segundo a teoria dos combustíveis fósseis, que é a mais aceita atualmente sobre a origem do petróleo e do gás natural, organismos vivos morreram, foram enterrados, comprimidos e aquecidos sob pesadas camadas de sedimentos na crosta terrestre, onde sofreram transformações químicas até originar o petróleo e o gás natural.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

A criação das plantas


A criação das plantas ocorreu no terceiro dia da criação, e foi algo bem simples. Deus ordenou e a Terra se encheu de vegetação. Essa narrativa simples tem despertado a curiosidade de muitos leitores e tem deixado detalhes interessantes sobre como isso ocorreu. O texto bíblico nos diz o seguinte: “Então disse Deus: ‘Cubra-se a terra de vegetação: plantas que deem sementes e árvores cujos frutos produzam sementes de acordo com as suas espécies.’ E assim foi. A terra fez brotar a vegetação: plantas que dão sementes de acordo com as suas espécies, e árvores cujos frutos produzem sementes de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom” (Gênesis 1:11,12, Nova Versão Internacional).

Sabemos que o autor do livro de Gênesis não tinha intenção de classificar taxonomicamente toda a diversidade de flora e fauna criadas por Deus. A classificação se deu de forma muito simples e seguindo a limitação do autor. Podemos notar que temos três tipos de plantas criadas: A erva verde (דֶּ֔שֶׁא deshe), a erva que dê semente (עֵ֚שֶׂב eseb) e as árvores frutíferas (עֵ֣ץ פְּרִ֞י ets peri). O autor descreveu a vegetação rasteira em geral, as árvores e as árvores frutíferas resumidamente. 

Essa ordem criativa já nos desperta uma curiosidade tremenda do que aconteceu. Por uma dessas “coincidências” comuns no livro de Gênesis, temos na criação das plantas a mesma ordem em que as plantas teriam surgido segundo a teoria da evolução: Briófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Esse detalhe faz com o texto bíblico tenha crédito até entre os mais céticos.

Na história evolutiva das plantas, sabemos que as “primeiras sementes” apareceram durante o Devoniano superior, o que tornou as plantas que as produziam independentes da umidade. Mas só no período Carbonífero é que podemos verificar melhor o surgimento dessas estruturas. Isso ocorreu, segundo a cronologia evolutiva, há 300 milhões de anos.[1]

Porém, o registro fóssil nos mostra alguns detalhes que não conferem com essa informação. Encontramos a pteridospermatophyta, uma ordem extinta de samambaias com sementes. Isso demonstra que houve uma “involução”, pois hoje sabemos que as samambaias não têm sementes. Criacionistas sustentam que as espécies primordiais de plantas foram criadas prontas e após isso houve diversificação. O relato evolutivo e criacionista se confunde nesse desenvolvimento, pois, apesar de os surgimentos serem contraditórios, a microevolução posterior se seguiu normalmente com todas as espécies se adaptando nas regiões a que foram chegando após o dilúvio.

Porém, no segundo capítulo de Gênesis, temos algo intrigante. O texto diz o seguinte: “Ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo” (Gênesis 2:5, Nova Versão Internacional). Se as plantas foram criadas no terceiro dia, como o autor diz que nada havia brotado? 


Em Gênesis 2:5, não encontramos as três classes criadas anteriormente (deshe, eseb e ets peri), o que nos faz entender que aqui não se trata da criação das plantas. O texto fala claramente que por causa da chuva, e por falta de pessoas para cultivar o solo, essa planta não podia crescer. Que planta é essa que foi traduzida como “arbusto”, e em outras versões como “planta do campo” ou “planta da terra”? É bem simples a resposta, que já está implícita no texto. Esse trecho se refere à agricultura. As palavras sadeh (הַשָּׂדֶ֗ה)  e  siach (שִׂ֣יחַ) Indicam que é um campo cultivado, um espaço reservado para o plantio. Ou seja, no capítulo 1 Deus criou as plantas e no capítulo 2 temos o relato do ato de cultivar essas plantas.


Então, concluímos que não há contradição entre os capítulos 1 e 2 de Gênesis. A narrativa e o texto original em hebraico nos fazem entender que os trechos são coisas distintas. Que a criação das plantas de forma resumida e simples se deu no capítulo primeiro e o começo da agricultura se deu no segundo capítulo.

Nas próximas postagens abordaremos detalhes de como essas plantas puderam se espalhar por todo o globo; e também falaremos do conceito das plantas no relato bíblico. Será que havia o ciclo biológico antes da queda do homem? Havia “morte” celular antes do pecado? Qual o papel das plantas nesse contexto?

REFERÊNCIAS

[1] SIMPSON, M.G. 2010. Plant Systematics. 7ª ed. London: Elsevier Academic Press.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Busca por Inteligência Extraterrestre

(Doutor em Física pela Universidade de São Paulo) ensina ciências no UNASP — Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil. E-mail:  utakatohi@ig.com.br

A busca por inteligência extraterrestre (SETI – Search for Extraterrestrial Intelligence) envolve numerosos projetos. Todos eles objetivam encontrar evidências de inteligência extraterrestre através de sinais de rádio vindos do espaço. O primeiro desses projetos foi levado a efeito em 1960 pelo astrônomo Frank Drake, atual diretor do SETI Institute. O principal projeto do instituto recebeu o nome de Phoenix, com um orçamento anual de 4 a 5 milhões de dólares. O projeto utiliza grandes radiotelescópios para captar sinais provenientes de estrelas semelhantes ao Sol, que estejam a menos de 200 anos-luz de distância. Além do SETI Institute, outras instituições de pesquisa trabalham em projetos similares; são elas: SERENDIP (Search for Extraterrestrial Radio Emissions from Nearby Developed Intelligent Populations); SETI@Home da Universidade da Califórnia, Berkeley; Southern SERENDIP, na Austrália; Harvard SETI Group e outros. 1
Por que os cientistas envidam todos os esforços nesse tipo de atividade? Uma rápida olhada na história do pensamento humano pode ajudar-nos a entender a questão. Até o século XIX, a maior parte do mundo cristão cria que o cosmos e tudo o que nele há eram resultado da criação divina. Os cientistas davam pouca atenção a questões sobre a origem do universo e da vida.
Entretanto, a partir do século XVII, os cientistas descobriram processos regulares na Natureza, que podiam ser explicados por meio de leis abrangentes, algumas vezes expressas na linguagem precisa da matemática. Essas leis naturais e suas teorias permitiam fazer predições de fenômenos, e promover o desenvolvimento de tecnologias que possibilitavam até o controle da própria Natureza. Como resultado, em meados do século XIX, fortaleceu-se a ideia de que a figura de um Deus Criador era desnecessária para explicar os fenômenos naturais. O cosmos se tornou a realidade fundamental. Nessa cosmovisão denominada naturalismo ou materialismo, a busca por uma explicação sobre a origem de tudo, sem menção de um Criador, constituía-se uma necessidade lógica.
A procura pelas origens resultou na teoria da diversidade biológica e levou, em 1859, à publicação do livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Na mesma época, Pasteur abordou experimentalmente a questão da origem da vida, demonstrando que as velhas idéias sobre geração espontânea eram falhas. Porém, a cosmovisão naturalista requer que a vida tenha surgido de combinações não dirigidas de matéria, seguindo apenas as leis da física e da química, sem a intervenção de um agente criativo inteligente. Ernst Haeckel, um biólogo alemão, e Thomas H. Huxley, partidário de Darwin, entendiam que o processo de origem da vida era simples, pois não conheciam detalhes da estrutura das células vivas.
Apesar do otimismo inicial, nenhuma teoria adequada sobre a origem da vida foi desenvolvida até agora, e os livros didáticos de biologia ainda citam as hipóteses do bioquímico russo Oparin (c. 1930), e os experimentos de Stanley Miller, da Universidade de Chicago (1952), como progressos nessa direção.
Apesar dessas experiências terem falhado na tentativa de explicar a origem natural da vida, as suposições naturalistas ou materialistas defendem a ideia de que a vida surgiu sem a intervenção de um Deus inteligente. Considerando a teoria em voga sobre a origem do Universo e da Terra, o surgimento da vida no planeta ocorreu de forma bastante rápida. (Segundo essa teoria, a idade do Universo é de 10 a 20 bilhões de anos. A crosta terrestre teria 4,5 bilhões de anos e a vida surgiu há cerca de três bilhões de anos). Considerando a existência de um número estimativo de 400 bilhões de estrelas em nossa galáxia, e de cerca de 100 bilhões de galáxias no Universo, é razoável supor que muitas dessas estrelas possam ter em seus sistemas planetas semelhantes à Terra, nos quais a vida tenha se desenvolvido como ocorreu em nosso mundo, resultando em civilizações tecnológicas capazes de transmitir mensagens de rádio. Esse arrazoado, com base numa cosmovisão naturalista, é a motivação por trás dos projetos SETI.

A metodologia
Os diversos projetos SETI procuram sinais de rádio de banda estreita com freqüência definida, como os sinais de nossas estações de rádio e TV. As fontes naturais de ondas de rádio vindas do espaço geralmente produzem sinais de banda larga, enquanto que os transmissores de rádio e TV apresentam freqüência específica. Fazendo uma analogia com as ondas sonoras, uma estação de rádio ou TV emite uma nota simples como o som de uma flauta, enquanto que as fontes de rádio naturais produzem um som semelhante ao de uma cachoeira. 
Espera-se que extraterrestres inteligentes construam transmissores de rádios semelhantes aos nossos. Também se espera que algum ser inteligente, que deseje transmitir ondas eletromagnéticas através do espaço, use uma freqüência de cerca de 1420MHz. 2
Se um sinal com essas características for detectado, é necessário verificar se ele não provém de fonte humana, como ocorre com os radares ou os satélites de comunicação.
Se um sinal apropriado for detectado, o próximo passo será verificar se há nele alguma evidência semelhante às ondas de radio ou TV. É possível introduzir informação numa onda eletromagnética, mediante pequenas variações intencionais (modulações) em sua freqüência ou amplitude. Os projetos atuais estão operando apenas na busca de um sinal adequado. A procura por uma mensagem num sinal, caso seja encontrada, irá necessitar de nova instrumentação.
Outra questão diz respeito à possibilidade da compreensão da mensagem. Se os extraterrestres são capazes de transmitir sinais de rádio, provavelmente compreendem os princípios básicos da ciência e da matemática, e os utilizam na elaboração de uma linguagem comum.
Desde o início das pesquisas de Frank Drake, há 40 anos, nenhum sinal convincente foi detectado.

O sucesso na ficção
Carl Sagan, entusiástico divulgador da ciência e professor de astronomia e ciência espacial da Universidade de Cornell, escreveu um romance intitulado Contato. 3 A história descreve os problemas que os cientistas enfrentam a fim de obter fundos para suas pesquisas, e sugere a detecção de um sinal de rádio com os atributos exigíveis, proveniente de Vega, uma estrela da constelação de Lira distante 26 anos-luz da Terra. O descobridor percebe que o sinal está transmitindo uma longa seqüência de números primos. Como não se conhece nenhum fenômeno natural gerador de sinais com estrutura tão complexa e específica como uma seqüência de números primos, os cientistas desse relato ficcionista se convenceram de que a transmissão vinha de uma fonte inteligente.
Mas como distinguir se um sinal provém de uma fonte natural ou é devido ao desígnio de um ser inteligente? A melhor evidência de que algum efeito foi tencionado por uma inteligência é sua complexidade especificada. 4 Para compreender o que é complexidade especificada, considere o seguinte exemplo:
A sequência com os dois primeiros caracteres romanos AB é especificada, mas não complexa. 
Uma seqüência aleatória com 40 caracteres como: GIVJFJMUUDWQCN TQVTNVXYALZFHMBHULVCXRTPF é complexa, mas não especificada.
Entretanto, a seqüência BUSCA POR INTELIGÊNCIA EXTRATERRESTRE é complexa e especificada.
Pode-se ver a diferença pela determinação da probabilidade de obter cada seqüência escolhendo caracteres por casualidade. Como cada posição na seqüência tem 27 opções (26 caracteres mais o espaço em branco), pode ser obtido um total de 729 (27 x 27) sequências com dois caracteres. A seqüência especificada com dois caracteres é uma em 729 sequências. Por outro lado há 2740 (= 1,797x1057) sequências diferentes com 40 caracteres (o número 1,797x1057 é equivalente a 1.797 seguido de 54 zeros). Esse número é tão grande que dificilmente poderíamos entender seu significado. É 600 vezes maior do que a soma de todos prótons e nêutrons que constituem o planeta Terra. Assim, uma seqüência específica composta de 40 caracteres alfabéticos é uma em 1,797x1057 sequências. É praticamente impossível obter uma seqüência específica com esse tamanho, pela escolha aleatória de caracteres. Sabemos por experiência que sequências complexas específicas são o resultado de um desígnio inteligente. 
Em suma, a busca por inteligência extraterrestre procura ondas de rádio com características semelhantes às produzidas por transmissores construídos pelos homens. Se um sinal assim for detectado, o próximo passo será investigar se há complexidade especificada nele. Em outras palavras, os cientistas estão procurando alguma transmissão de rádio extraterrestre que possa, sem dúvida, ser reconhecida como produto de uma mente inteligente.

O sucesso não reconhecido
Um grande progresso foi verificado na ciência biológica na segunda metade do século XX. Detalhes antes inimagináveis com respeito à estrutura e funcionamento da célula foram descobertos em nível molecular. 
Uma dessas descobertas é a molécula do ADN: a chave para o armazenamento e transferência do material genético.
As moléculas do ADN possuem duas cadeias complementares de quatro constituintes diferentes, chamados de bases ou nucleotídeos, que aqui representamos por A, G, C e T. (Não faremos uso de toda a terminologia biológica usual.) Uma cadeia de símbolos pode ser usada para transmitir uma mensagem como num texto escrito. Alguém poderá perguntar se é possível ter uma linguagem escrita com apenas quatro símbolos.
Na realidade, necessitamos apenas de dois símbolos para armazenar dados escritos. Toda codificação nos computadores é feita com cadeias de dois símbolos: 1 e 0. O texto que você está lendo foi originalmente composto com o uso de um computador e quase 100 diferentes símbolos gráficos. Como se consegue isso?
As cadeias de 1 e 0 são agrupadas de oito em oito. Como para cada posição das oito há duas escolhas, 256 (2x2x2x2x2x2x2x2) símbolos diferentes podem ser codificados com cadeias de dois símbolos, em grupos de oito, como no exemplo abaixo:
11001010 01010010 10001011
11101101 01000101 10110111
No ADN ocorre algo semelhante. Quatro símbolos diversos, organizados em grupos de três, podem definir 64 (4x4x4) “caracteres” diferentes.
Quantas bases há no ADN para codificar toda informação genética de um ser vivo? O número de bases varia em cada espécie. Uma bactéria simples como a M. genitalium tem 580.000 bases em seu ADN. A bactéria E. coli possui sequências com 4.670.000 bases. A Drosophila, mosca-das-frutas, tem cerca de 165.000.000 bases. Os seres humanos possuem sequências de ADN num total aproximado de três bilhões de bases. 5 O número de sequências diferentes que podem ser criadas com 580.000 bases é gigantesco e difícil de ser entendido. Pode ser escrito como 4580.000 = 6,2 x 10349.194. Para escrever esse número como uma seqüência de numerais arábicos são necessários 349.195 dígitos. Levando-se em conta que um grupo de três bases representa um caractere no alfabeto biológico, com seus 64 símbolos possíveis a informação genética da M. genitalium é equivalente a um texto com 193.000 caracteres. A matéria que você está lendo tem pouco mais de 11.000 letras. A informação genética de um ser humano, com seus três bilhões de bases, seria capaz de formar um texto com um bilhão de caracteres. Isso equivale a cerca de 100.000 textos semelhantes a este. Mesmo considerando que apenas cerca de 5% dos três bilhões de bases sejam responsáveis pela codificação das proteínas, a quantidade de informação é estonteante.
O que está “escrito” nesses “textos” de informação genética dos seres vivos? Sabemos que ela inclui todas instruções necessárias para o funcionamento de um ser vivo, embora ainda não tenhamos compreendido plenamente seu complexo maquinário bioquímico.

De onde veio toda essa informação?
Considere o ensaio que você está lendo. Ele foi produzido por uma inteligência; nesse caso, um ser humano. Ninguém pode dizer ou imaginar que algum dispositivo automático escolheu as letras ao acaso para compô-lo, ou que haja um mecanismo natural que possa colocar as letras em seus lugares corretos. O texto é suficientemente complexo e especifico para tornar irracional a pressuposição de que ele apareceu por acaso, ou mediante causa natural não-dirigida.
Se isso ocorre num simples ensaio como este, quanto mais com a informação genética, muito mais complexa e especifica do que este texto? Ela deve ser, portanto, atribuída apenas a uma fonte inteligente. Se essa agência inteligente não pode ser encontrada na Terra, deve ser extraterrestre. A biologia e a bioquímica, na segunda metade do século XX, em sua busca para compreender as bases moleculares da vida, descobriu evidências claras da existência de inteligência extraterrestre. Porém, o pensamento naturalista está tão arraigado em nossa cultura, que esse feito não é comemorado na comunidade científica.
Mas não é necessário todo esse conhecimento para se chegar a essa conclusão. Há muito tempo, antes do desenvolvimento da ciência moderna, Davi escreveu acerca do Deus Criador: “Pois Tu formaste o meu interior, Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as Tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem” (Salmo 139:13, 14, RA).

Notas e referências
  1. Ver SETI Institute, na at http://www.setiinst. edu/Welcome.html; What is SETI? na http://seti.uws.edu.au/main/what.htm; SETI FAQ, na http://www.space.com/ searchforlife/seti_faq.html; Harvard
  2. F. Drake, Contemporary Radio Searches for Extraterrestrial Intelligence. Na http:// www.seti-inst.edu/science/ contemporary_radio.html
  3. C. Sagan, Contact: A novel (New York: Simon and Schuster, 1985); Mass Market Paperback, 1997).
  4. A expressão “complexidade especificada” foi introduzida por William A. Dembski em The Design Inference (Cambridge University Press, 1998).
  5. Ver Functional and Comparative Genomics Fact Sheet, na http:// www.ornl.gov/hgmis/faq/compgen.html

sábado, 9 de junho de 2018

Zoom para o buraco negro estelar NGC 300 X-1



Os astrônomos que utilizam o Very Large Telescope (VLT) do ESO detectaram um buraco negro de massa estelar muito mais distante do que qualquer outro anteriormente conhecido. Com uma massa vinte vezes maior que a do Sol, este também é o segundo buraco negro de massa estelar mais massivo já encontrado. O buraco negro recém-anunciado está em uma galáxia espiral chamada NGC 300, a seis milhões de anos-luz da Terra.

Este vídeo amplia a posição do sistema que contém o buraco negro de massa estelar e termina com a impressão de um artista do sistema.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Existência de água antes da semana da Criação?

Muitos leitores nos têm enviado perguntas relacionadas a dúvidas sobre se o Universo é jovem ou antigo. Algumas dessas questões foram selecionadas e serão respondidas por um de nossos editora da Origem em Revista. A missão foi designada, é claro, para o nosso astrofísico Eduardo Lütz, palestrante oficial da Sociedade Criacionista Brasileira.

Gênesis 1:2 menciona a existência de água líquida antes da semana da criação. A presença de água nesse estado dependeria da existência de fótons?

Exegeticamente, existe a possibilidade de que essa água tenha sido criada juntamente com o planeta no primeiro dia da semana de Gênesis 1, embora não pareça possível provar isso. Isso nos leva à questão: Qual a implicação da existência de água (mencionada no verso 2) antes do “haja luz” (verso 3)? A água, como qualquer outra substância, é feita de moléculas. Moléculas são feitas de átomos conectados por forças eletromagnéticas. A própria estrutura do átomo existe por causa de forças eletromagnéticas, pois é esse tipo de interação que mantém a eletrosfera (nuvem eletrônica) presa ao núcleo do átomo. As interações eletromagnéticas consistem em fótons virtuais e reais. Não existem interações eletromagnéticas sem fótons. Sem interações eletromagnéticas, não há átomos, nem moléculas, nem matéria como a conhecemos.

Em outras palavras, sem fótons não existe água. Uma implicação imediata disso é que “haja luz” não pode significar criação de fótons pela primeira vez no Universo, como alguns interpretam. De fato, os versos seguintes esclarecem que o assunto é o ciclo noite-dia, ou seja, o ajuste de período de rotação da Terra, não a criação de luz no Universo.
Ainda que gênesis estivesse se referindo a água em sua forma sólida, água depende de fótons para existir, independentemente de ser líquida, sólida ou qualquer outro estado que se imagine ou venha a ser descoberto desde que ainda possa ser chamado de água.

Esses fótons não teriam vindo da glória de Deus antes do “haja luz”?

Fótons existem em um nível muito fundamental. São criados e destruídos continuamente pelo próprio vácuo (espaço-tempo). E a criação do espaço-tempo causa a criação de uma tremenda quantidade de fótons que inunda o Universo em uma fração ínfima de segundo após a criação do espaço-tempo e antes de a coalescência dessa energia toda poder formar a matéria. Não há como haver matéria sem antes ter sido criada a luz.

A glória de Deus ao Se manifestar no Universo inclui fótons, entre outras coisas, segundo as descrições bíblicas. Mas é a criação do espaço-tempo que induz a criação de energia, que excita o vácuo, que produz partículas, incluindo fótons. E isso teria ocorrido antes.

O “haja luz” significa “haja dia”, referindo-se ao ajuste do período de rotação da Terra, conforme explicam os versos seguintes. Quando Deus disse “haja luz”, já havia até pessoas vivendo no Universo (Jó 38:7, por exemplo). Sem fótons, essas pessoas não existiriam ou, se fosse possível existirem, viveriam em trevas. Resumindo: não existe matéria sem fótons, mas já existia água antes do “haja luz”; logo, “haja luz” não pode ser a criação de fótons que ocorreu logo após a criação do Universo. Essa criação original de fótons precedeu à criação da matéria como a conhecemos.

Seria possível a glória de Deus, e não um sistema solar já pronto, ser a fonte de fótons que mantivesse a água preexistente no estado líquido (Gn 1:2) antes da semana da Criação, e que nutrisse as plantas antes que a luz do sistema solar viesse a existir no quarto dia?

Em princípio, sim, mas essa ideia gera complicações. E já haveria fótons no Universo antes do “haja luz” (até porque as imagens que recebemos de objetos distantes são muito mais antigas do que a criação da Terra, e essas imagens são feitas de fótons). Mas quanto a Deus ter feito o papel do Sol antes do quarto dia, essa ideia não é absurda, porém, não se encaixa bem no resto do padrão da criação. Note que, ao longo de todo o capítulo 1 de Gênesis, Deus cria primeiro as condições para depois criar o que depende delas. No caso do Sol, estaria fazendo o contrário. Para quê? Deixar para criar o Sol no quarto dia seria uma forma possível, porém, mais complicada de resolver um problema, o que iria contra o princípio da otimização (mais conhecido como princípio da ação mínima), que é a lei mais fundamental, da qual se podem deduzir as demais. Por outro lado, tornar a atmosfera transparente somente no quarto dia faz sentido em função do mesmo princípio. Aí, o Sol, a Lua e as estrelas apareceriam (se tornariam visíveis desde o ponto de referência da Terra) no céu em função disso.

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