terça-feira, 15 de março de 2016

Quem foi Melquisedeque? – Hebreus 7:1-3


Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre”.

Qual o Enigma deste Personagem?

Um estudo cuidadoso deste personagem bíblico nos esclarecerá que nada existe de misterioso a seu respeito, a despeito da interpretação de alguns quanto a Hebreus 7:3.

A palavra em hebraico Malkicedeq, significa rei de justiça, ou ainda, de acordo com Hebreus 7:2, rei de Salém, isto é, rei de paz.

Para melhor compreensão deste tema duas coisas são necessárias:

1º) Estudo do contexto das passagens onde seu nome aparece.

2º) Alguns conceitos sobre o sacerdócio levítico e o de Cristo.

A) O nome Melquisedeque aparece dez vezes na Bíblia, sendo duas no Velho Testamento (Gênesis 14:18; Salmos 110:4); e oito no livro de Hebreus (5:6, 10; 6:20; 7:1, 10,11, 15, 17). Especialmente o capítulo sete de Hebreus precisa ser bem estudado.

B) Após a entrada do Pecado o indivíduo tornou-se sacerdote de si mesmo. Depois este encargo coube ao primogênito. Posteriormente a tribo de Levi foi escolhida para este mister. Quem não fosse da Tribo de Levi era indigno para este mister como vemos em Esdras 2:62. O relato desta passagem deve ser lembrado para melhor compreensão deste assunto.

O sacerdote devia ser tirado dentre os homens, com suas fraquezas, para que pudesse entender as fraquezas dos homens (Hebreus 4:14-16).

Sacerdote é a pessoa que atua como mediador ou intermediário entre duas partes.

Aquele que está encarregado de uma missão respeitável, o intercessor perante Deus a favor dos homens.

O Novo Comentário da Bíblia, editado em português por Russell P. Shedd, vol. 3, pág. 1357, afirma o seguinte:

“Sumo sacerdote é aquele que é nomeado para agir em prol dos homens naquilo que diz referência a Deus, especialmente para apresentar ofertas a Deus. O sumo sacerdote deve ser escolhido dentre os homens e ser capaz de, na qualidade de verdadeiro homem, simpatizar com as fraquezas humanas. Além disso, ele não deve presumir em tomar sobre si mesmo tal ofício; deve ter sido chamado para tal tarefa por nomeação de Deus. Tudo isso (em ordem reversa) é declarado como cumprido na pessoa de Cristo; conforme o escritor sagrado considera Sua nomeação divina, Sua perfeita humanidade e consequente habilidade de simpatizar conosco, e Seu ofício e obra. Pois foi Deus quem, ao ressuscitá-Lo de entre os mortos, reconheceu-O como Seu Filho, declarando abertamente a Sua nomeação para um sacerdócio eterno, segundo uma classificação diferente daquela de Arão, a ordem de Melquisedeque”.

Do exposto, esta declaração deve ser guardada: o sacerdote deve ser escolhido dentre os homens para poder simpatizar com as fraquezas humanas. Está é a razão pela qual Cristo só passou a exercer a função sacerdotal após ter tomado a natureza humana.

As Escrituras nos informam que há dois tipos de sacerdócio:

1º) Levítico – hereditário, e extinto com a morte de Cristo.

2º) Melquisediano – prefigurando o sacerdócio de Cristo, caracterizado por sua superioridade e eternidade.

Cristo apresenta um contraste com os sumos sacerdotes segundo a ordem levítica, que eram instalados no ofício para posteriormente serem removidos por motivo de falecimento. Por isso é que Ele se tornou sumo sacerdote para sempre. É justamente essa qualidade eterna que distingue a ordem sacerdotal de Melquisedeque da ordem levítica de Arão.

Que sabemos de Melquisedeque?

Através dos tempos tem havido muita discussão, procurando identificar quem foi Melquisedeque. As referências bíblicas para sua identificação são muito escassas. Aparece numa citação ligeira em Gênesis 14:18. Creem os estudiosos que ele era rei de algum clã semita ou de Salém. Sabe-se que era sacerdote e rei. Cristo também é sacerdote e rei, de onde ser Melquisedeque considerado uma figura de Cristo. Por ser “sacerdote do Deus altíssimo” no tempo de Abraão, este lhe devolveu o dízimo.

Tem sido assunto de grandes investigações entre os comentaristas o saber quem era realmente Melquisedeque. Defendem alguns ter sido Cristo; supõem outros que fosse o Espírito Santo; ainda outros sustentam que era um anjo; Enoque.

Não há necessidade de contestar cada uma destas suposições, mas apenas dizer o seguinte: Melquisedeque não era Cristo, declara Ellen G. White, pois Ele ainda não tinha tomado a natureza humana. Melquisedeque não podia ser o Espírito Santo, visto que o Espírito Santo não foi tirado dentre os homens. O sacerdote vivia do dízimo, porque era humano; o Espírito Santo não precisa de dízimo.

“Sem pai, sem mãe”. Esta afirmativa é que tem dado motivo para defenderem que fosse um rei sobrenatural. A opinião mais sensata e provável é a que o considera um rei, justo e pacífico, adorador e sacerdote do Deus altíssimo na terra de Canaã, amigo de Abraão, e como sacerdote superior a ele em dignidade.

A Bíblia nos apresenta a superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o sacerdócio levítico, por isso um significativo símbolo do sacerdócio de Cristo.

Russell Norman Champlin afirmou:

“Hermeneuticamente, Melquisedeque importante porque ilustra diversas coisas:

1) Um significado mais profundo da história;

2) Como a história pode ser profética e simbólica;

3) A unidade do Antigo e do Novo Testamentos;

4) A universalidade do ofício messiânico e sumo sacerdotal de Cristo;

5) A ab-rogação das ordens sacerdotais do Antigo Testamento, por estarem todas cumpridas em Cristo” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 5, pág. 527).

Salmos 110:4 nos ensina que o Messias seria um sacerdote divinamente nomeado, de acordo com a classificação de Melquisedeque. Essa afirmação bíblica sobre a necessidade de uma nova ordem sacerdotal é uma indicação de que a ordem levítica havia fracassado e uma melhor ordem de coisas devia levantar-se de acordo com Hebreus 7.

Pelo fato dos judeus rejeitarem a Cristo, não O aceitavam como sacerdote, então Paulo em Hebreus diz aos judeus: qual a razão de vocês não aceitarem a Cristo como sacerdote, se Abraão considerado tão grande por vocês aceitou a Melquisedeque como sacerdote, não sendo ele da tribo de Levi? É do conhecimento de todos que os sacerdotes tinham que ser da tribo de Levi, mas que Cristo pertencia a tribo de Judá (“tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes” – Hebreus 7:14).

M. L. Andreasen escreveu: “Os judeus eram muito rigorosos no registro e preservação de suas genealogias, especialmente com referência aos sacerdotes. Ninguém podia servir como sacerdote a menos que pertencesse à família de Arão, da tribo de Levi, e isso tinha ele de provar, além de qualquer sombra de dúvida. Se porventura houvesse uma quebra na linhagem, seria ele excluído, perdendo assim os privilégios assegurados aos sacerdotes. Por esta razão todo judeu, e especialmente os sacerdotes, guardavam muito ciosamente todos os registros genealógicos” (The Bookof Hebrews, pág. 247).

A declaração de Hebreus 7:3 – “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência” deve ser compreendida como significando que estas informações genealógicas não estavam registradas em cartório.

Este aspecto da vida de Melquisedeque deve ser destacado: o livro de Gênesis nada diz sobre seus antepassados. No Antigo Testamento as genealogias se revestem de grande importância, particularmente no caso dos sacerdotes. Ele é apresentado como sacerdote por seu próprio direito, e não por motivo de descendência física. Semelhantemente não são mencionados nem seu nascimento nem sua morte. Nada é dito a respeito de seu sucessor. Em tudo isso ele é feito, pelo próprio silêncio das Escrituras, parecer-se ao Filho de Deus.

Se o livro de Gênesis apresenta algumas provas da grandeza de Melquisedeque, como o fato de ele ter abençoado a Abraão e este lhe devolver o dízimo, o livro de Hebreus (cap. 7) salienta a superioridade de Cristo como nosso sumo sacerdote.

domingo, 13 de março de 2016

Que Tratamento Jesus Dispensava a Maria? – João 2:4


“Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho Eu contigo? Ainda não é chegada a Minha hora”.

Do relato das bodas em Caná da Galileia, o verso 4 tem preocupado sobremaneira os comentaristas e os leitores da Bíblia, porque muitos concluem que a resposta de Cristo ao pedido de Maria não era cortês.

Os estudiosos da Palavra de Deus são quase unânimes em declararem que um dos nubentes era parente de Maria, devido ao seu procedimento em preocupar-se com a falta de vinho e também ao transmitir ordens aos criados.

Outros, familiarizados com os costumes dos judeus, nos informam que a provisão de vinho para a festa devia ser um presente dos convidados, especialmente dos familiares (Mario Veloso, Comentário do Evangelho de João, pág. 73).

Como Cristo não havia trazido um presente, Maria achou que era seu dever ajudar naquela emergência.

João 2:4, traduzido literalmente, significa: “Disse-lhe Jesus, Mulher, o que a ti e a Mim? Ainda não tem vindo a Minha hora”. Estas duas afirmações têm levado os comentaristas a apresentarem muitas sugestões visando equacioná-las de conformidade com as diretrizes divinas.

Para os protestantes a resposta de Cristo à sua mãe é um subsídio valioso para combater a mariolatria. O tratamento de “mulher” tem levado a muitos a afirmarem que Cristo não tinha Sua mãe em tão grande conceito como defende a igreja de Roma. João 19:26 e o procedimento de Cristo em todas as circunstâncias nos levam a fazer a seguinte afirmação: Jamais deveria passar pela nossa mente que Jesus usasse a palavra mãe em sentido pejorativo ou que faltasse ao respeito para com Maria. O costume da época e a índole da língua hebraica nos esclarecem que “mulher” era um título respeitoso.

As seguintes autoridades neotestamentárias são esclarecedoras:

a) De acordo com a Gramática de Robertson, pág. 539, há nesta frase uma expressão idiomática, significando, coloquialmente, mais ou menos o seguinte: ‘Não se importe com esta questão, que ela não nos diz respeito’.

b) Adam Clarke, comentando a declaração de Cristo, afirma: “Há aqui uma negação inesperada, como se Ele tivesse dito: Nós não somos empregados para providenciar as coisas necessárias para esta festa; este assunto pertence aos outros, que deveriam ter feito uma provisão adequada e suficiente para as pessoas que eles convidaram”.

c) Apesar da atitude de Cristo ser cortês, ela é firme, e inegavelmente encerra uma censura. Jesus não permitiria que de agora em diante seus familiares interferissem em Seu ministério. Não poderia ser tutelado por Maria desde que Sua missão era divina. As passagens de João 7:1-10; Marcos 3:33-35 e Lucas 2:49 nos mostram que Cristo não permitia que os familiares interviessem em Suas decisões.

Vincent, sempre muito feliz em suas sínteses, declara: “Embora de forma gentil e afetuosa, Jesus rejeitou a interferência dela, tencionando dar solução ao problema à Sua própria maneira” (Word Studies in the New Testament, vol. 2, pág. 80).

d) A Bíblia de Jerusalém apresenta a seguinte nota a este verso: “Literalmente ‘Que tenho Eu e tu com isso?’, semitismo bem frequente no Antigo Testamento (Juízes 11:12; 2Samuel 16:10; 19:23; 1Reis 17:18; etc.) e no Novo Testamento (Mateus 8:29; Marcos 1:24; 5:7; Lucas 4:34; 8:28). É empregado para rejeitar uma intervenção que se julga inoportuna ou, então, para demonstrar a alguém que não se deseja relacionamento algum com ele. Somente o contexto poderá indicar a nuança exata. Aqui, Jesus objeta a Sua mãe que ‘Sua hora ainda não chegou'”.

Todo este comentário poderia ser sintetizado com esta frase: O nome “mulher” era um título respeitoso em hebraico.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

terça-feira, 8 de março de 2016

Pecado Para Morte e Pecado Não Para a Morte – 1João 5:16


Tem sido grande a diversidade de opiniões com respeito à significação desta passagem, e as ideias de alguns expositores do Novo Testamento não podem ser aceitas.

Entre as explicações apresentadas, as seguintes se destacam:

1ª) Há aqui referência ao pecado contra o Espírito Santo.

2ª) João faz alusão a um grande pecado, como homicídio, idolatria, adultério.

3ª) Alguns comentaristas creem que haja aqui referência ao pecado punido com a morte pelas leis do Velho Testamento.

4ª) Pecados castigados com a expulsão da sinagoga ou da igreja.

5ª) Pecado que acarretaria doença fatal sobre o ofensor.

6ª) Crimes contra as leis, pelos quais o ofensor era sentenciado à morte.

7ª) Pecados cometidos antes e depois do batismo; os primeiros seriam perdoados, mas os segundos, jamais.

8ª) A Igreja Católica explica que eram pecados que poderiam ou não ser perdoados após a morte. Baseando-se neste verso, a Igreja de Roma estabeleceu a doutrina do purgatório. Ainda com base nesta passagem, teólogos e comentaristas católicos classificam os pecados em dois grupos: pecados veniais e pecados mortais. Pecado venial é aquele digno de vênia, de desculpa, perdoável; enquanto o pecado mortal é aquele para o qual não há perdão; a pessoa deve pagá-lo com a morte.

Um dos primeiros pontos na exegese desta passagem é saber o que significa pecado para a morte (hamartia prós thánaton). Seria o pecado que terminaria em morte, teria como penalidade a morte, ou o pecado que, se prosseguisse em seu curso, traria doença que acarretaria a morte?

A palavra morte é usada no Novo Testamento com três significados:

1º) A morte física ou do corpo.

2º) A morte espiritual. Mortos em delitos e pecados (Efésios 2:1).

3º) A segunda morte.

Cingir-nos-emos a dois comentários por serem suficientes para nos elucidarem sobre o texto joanino.

I. “Se alguém. Comparar com capítulos 1:6; 2:1; 4:20. João usa um caso hipotético para apresentar uma importante lição. Aqui a referência é obviamente a um cristão que possui sã consciência de pecado.

Seu irmão. Isto limita a lição de João à comunidade cristã: ele está falando da preocupação com um irmão na fé.

Cometer pecado. Literalmente, “pecando um pecado”, isto é, verdadeiramente no ato do pecado.

Não para morte. Parece inegável que João esteja fazendo uma distinção entre formas de pecado, uma vez que, pouco depois, neste mesmo verso, ele fala de “pecado para morte”. Mas deve-se ter em mente o contexto. Nos versos 14 e 15 ele deu a certeza de que as orações do crente serão atendidas; aqui está aplicando a promessa a um tipo específico de oração – a oração em favor de outro – e está explicando sob que circunstâncias esta pode ser eficaz. Ao fazê-lo, discute duas classes de pecado – aqueles nos quais há esperança para o pecador e aqueles nos quais não há esperança. Na primeira classe, a oração pode ser um eficaz auxílio para a redenção; na segunda, como João mais tarde explica, não há garantia de que a oração será eficaz. Sustenta-se geralmente que o pecado para morte é o pecado imperdoável (ver Comentário Bíblico Adventista, Mateus 12:31-32). Daí que um pecado não para morte é qualquer outra forma de pecado em que incorre um irmão que caiu em erro.

Pedirá. Pedirá a Cristo, isto é, orará pelo irmão que caiu em erro. A frase pode ser tomada ou como uma injunção para orar ou como uma descrição da relação natural de um crente fervoroso quando confrontado com a delinquência de outro. Quão mais feliz seria a igreja se, em vez de discutir a fraqueza de um irmão, orasse por ele, e, se possível, com ele. Tal atividade intercessória habilitar-nos-á para a delicada tarefa de falar ao pecador e apontar-lhe o Salvador. Tal conversação servirá para edificar a igreja, enquanto que o mexerico e crítica derrubá-la-ão.

Lhe dará vida. É difícil determinar a quem os prenomes desta frase se referem. A sequência de ideias sugere que o apóstolo ainda está falando do cristão que ora por um irmão errante e é portanto um instrumento para conferir vida ao pecador. Mas é também possível que João tenha mudado abruptamente de assunto e esteja dizendo: Cristo dará, ao cristão que ora, vida para transmitir aos pecadores que não endureceram definitivamente o coração. A diferença é apenas de interpretação, pois a operação é a mesma em qualquer dos dois casos. O cristão não tem qualquer poder à parte do Salvador; assim, no final, é Cristo quem dá a vida, embora a oração intercessória possa ter sido o instrumento através do qual tenha sido concedida essa vida. Tal “vida”, contudo, é concedida apenas se há sincero arrependimento por parte do pecador.

Aos que. O escritor passou do caso particular ao geral, e fala de todos os que cometem “pecado não para morte.”

Há pecado para morte. Uma vez que João não define um pecado particular que resulte inevitavelmente na morte, é provável que esteja aqui se referindo a um tipo de pecado que certamente produzirá a morte. Se ele soubesse de um pecado específico que deixaria um homem sem esperança de salvação, poderíamos esperar que ele o identificasse, para que todos se acautelassem de cair na condenação irrevogável. Conquanto seja verdade que todo pecado, se nele se persistir, levará à morte (Ezequiel 18:4 e 24; Tiago 1:15), há uma diferença no grau ao qual qualquer ato específico de pecado trará um homem próximo da morte. Os pecados cometidos por aqueles que estão genuinamente ansiosos de servir a Deus, mas que sofrem de uma vontade fraca e fortes hábitos, são muito diferentes daqueles pecados que são deliberadamente cometidos em desafio impudente e deliberado a Deus. É mais a atitude e o motivo que determinam a diferença do que o ato do pecado em si. Neste sentido há distinções de pecados. Os erros menores, dos quais logo houve arrependimento e perdão, são pecados não para morte. Os pecados graves, nos quais se caiu repentinamente pela falha em manter o poder espiritual, ainda não é também um pecado para morte se seguido de genuíno arrependimento; mas a recusa em arrepender-se torna certa a morte final.

A distinção é claramente ilustrada nas experiências de Saul e Davi. O primeiro pecou, e não se arrependeu; o segundo pecou gravemente, mas se arrependeu sinceramente. Saul morreu sem esperança de desfrutar a vida eterna; Davi foi perdoado e lhe foi assegurado um lugar no reino de Deus.

Não digo. João não nos ordena orar, nem diz que não vamos fazê-lo, mas hesita em garantir respostas a oração por aqueles que deliberadamente se desviaram de Deus. Há uma diferença entre oração por nós mesmos e oração em favor de outros. Quando nossa própria vontade está ao lado de Deus, podemos pedir de acordo com Sua vontade e saber que receberemos resposta às nossas orações, mas, quando há uma terceira pessoa envolvida, precisamos lembrar que ela, também, tem vontade. Se recusar arrepender-se, todas as nossas orações e toda a obra que Deus poderia fazer e levar-nos a fazer não forçará a vontade. Ao recusar-Se a forçar o homem a permanecer bom, Deus também renunciou ao poder de forçar um pecador a arrepender-se.

Isto não significa que não devemos continuar a orar por aqueles que se desviaram do caminho da justiça, ou que nunca se entregaram ao Salvador. Não significa que não haverá muitas conversões surpreendentes como resultado de orações fervorosas e contínuas de corações fiéis. Mas João está mostrando que é inútil orar pelo perdão de um pecador enquanto ele se recusa a arrepender-se de seu pecado. Contudo, enquanto há qualquer base para esperança, devemos continuar a orar, pois não podemos dizer com certeza quando um homem já foi longe demais” (Comentário Bíblico Adventista,  1João 5:16).

II. “Verso 16. Pecado não para morte. Esta é uma passagem extremamente difícil, e tem sido interpretada de várias maneiras. O que é o pecado não para morte, pelo qual devemos pedir, e será dada vida àquele que o cometer? E o que é o pecado para morte, pelo qual não devemos rogar?

Mencionarei três das principais opiniões sobre este assunto:

1. Presume-se que haja aqui alusão a uma distinção na lei judaica, onde havia chattaah lemithah, “pecado para morte”, e chattaah lo lemithah, “pecado não para morte,” isto é, um pecado, ou transgressão, para o qual a lei determinara a punição de morte, tal como idolatria, incesto, blasfêmia, quebra do sábado, e outros semelhantes. E um pecado não para morte, isto é, transgressões por ignorância, inadvertência, etc., e as que, por sua própria natureza, parecem ser comparativamente leves e triviais. Que tais distinções de fato existiam na sinagoga judaica tanto Schoeltgen como Carpzovius provaram.

2. Por pecado não para morte, pelo qual se podia fazer intercessão, e para morte, pelo qual não se podia rogar, devemos entender transgressões da lei civil de determinado lugar, das quais algumas devem ser punidas com a morte, segundo os estatutos, sendo que o crime não admite perdão; outras poderiam ser punidas com a morte, mas o magistrado tem o poder de comutar a pena, isto é, de mudar a morte para banimento, etc., por razões que pudessem parecer-lhe satisfatórias, ou pela intercessão de amigos poderosos. Interceder no primeiro caso seria inútil, porque a lei não cederia, portanto, não necessitam suplicar por isto; mas a intercessão no último caso poderia surtir efeito, portanto, podiam suplicar; caso não o fizessem, a pessoa poderia sofrer a punição de morte.

Esta opinião, que foi promovida por Rosenmüller, insinua que os homens devem sentir as aflições um dos outros, e usar sua influência em favor dos infelizes, sem nunca abandonar os desafortunados, a não ser que o caso fosse absolutamente sem esperança.

3. O pecado não para morte significa um caso de transgressão, particularmente de grave apostasia da vida e poder da piedade, que Deus determina punir com morte temporal, estendendo ao mesmo tempo misericórdia à alma penitente. O profeta desobediente, em 1Reis 13:1-32, é, segundo esta interpretação, um exemplo: muitos outros ocorrem na história da igreja e de todas as comunidades religiosas. O pecado não para morte é qualquer pecado que Deus não escolha punir desta forma. Esta opinião sobre o assunto foi tomada por John Wesley, num sermão entitulado Um Chamado aos Apostatados – Works, vol. 2, pág. 239.

Não creio que a passagem tenha qualquer coisa a ver com o que é chamado o pecado contra o Espírito Santo; muito menos com a doutrina papista do purgatório; nem com pecados cometidos antes e depois do batismo – os primeiros perdoáveis, os últimos imperdoáveis, segundo alguns dos pais da igreja. Qualquer uma das duas últimas opiniões fazem sentido; e a primeira não é improvável; o apóstolo pode aludir a alguma máxima ou costume na igreja judaica que não é distintamente conhecida agora. Contudo, isto sabemos, que qualquer penitente pode encontrar misericórdia através de Jesus Cristo, pois através dEle todo tipo de pecado pode ser perdoado ao homem, exceto o pecado contra o Espírito Santo, que provei que nenhum homem pode cometer agora. Ver o comentário sobre Mateus 12:31-32.” (Adam Clarke, A Commentary and Critical Notes, vol. 6, págs. 925-926).

Pensamentos:

“Só existe uma coisa pior que o pecado: a perda do senso do pecado” (Papa João Paulo II).

“A única coisa com a qual contribuo para a minha salvação é o pecado do qual preciso ser redimido” (Vincent).

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Deus Envia Espíritos Malignos e Mentirosos? – 1Samuel 18:10 e 1Reis 22:19-22



1Samuel 18:10 – “E aconteceu no outro dia, que o mau espírito da parte de Deus se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa”.

1Reis 22:19-22 – “Vi ao SENHOR assentado sobre o Seu trono, e todo o exército do céu estava junto a Ele, à Sua mão direita e à Sua esquerda. E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, para que suba, e caia em Ramote de Gileade? E um dizia desta maneira e outro de outra. Então saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê? E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim”.
Inegavelmente nos encontramos diante de declarações que causam dificuldades aos leitores.

Para boa compreensão destas passagens é necessário ter em mente os seguintes fatos:

1º) Tanto anjos bons quanto maus estão sujeitos ao poder de Deus. O próprio poder de que Satanás dispõe lhe é permitido por Deus.

2º) Veracidade destaca-se como atributo divino (Números 23:19), enquanto Satanás é o originador da mentira (João 8:44).

3º) É difícil, por vezes, transmitir em português o que os escritores bíblicos expressaram em hebraico e grego, por serem línguas com peculiaridades distintas.

Partindo do princípio que a divindade não está imbuída de nenhum espírito maléfico, a lógica determina que nenhum ente espiritual malfazejo integra a Essência Divina, logo nenhuma personalidade angelical maligna pode emanar de “Eli him”, precisamente o termo hebraico ocorrente em 1Samuel 18.10.

O que se deve ter muito em conta nesta investigação teológica é que a expressão(em português) “da parte de” não aparece no original hebraico. O famoso interlinear de Green traz, cautelosamente, a preposição inglesa “from” entre parênteses, querendo com isso denotar que não pertence ao Texto Massorético.

A melhor explicação para 1Samuel 18:10 é a que fornece o teólogo A. Neves de Mesquita, em sua obra Estudos nos Livros de Samuel, quando comenta 16:14-23. Eis o que diz:

“Deus mandara tanto nos espíritos bons como nos maus. Nada escapa ao governo divino, e os demônios são usados para perseguir os que estão desviados. O mundo invisível é muito misterioso para nós que só entendemos as coisas de acordo com a vista. Pode-se entender pelo texto que Deus tanto mandou um espírito mau para Saul, como o permitiu. Tanto vale uma coisa como outra. Em Jó, capítulo 1, verso 7, Deus dialoga com Satanás a respeito das atividades deste na Terra. Parece estranho, mas não é. Deus tem sob Seu domínio anjos e demônios, como tem os homens, e usa-os no Seu governo providencial, do modo que quer”.

Há uma particularidade no sistema verbal hebraico que deve ser lembrada. O chamado “hifel” é causativo, mas também é permissivo. É tarefa árdua distinguir nos escritores do Antigo Testamento o que é executado por Deus e por Ele permitido. Esta informação lança luz sobre o endurecimento do coração de Faraó.

O espírito maligno da parte de Deus significa permitido por Deus.

O Comentário Bíblico Adventista, referente Ezequiel 20:25, afirma: “Na linguagem bíblica, muitos atos são atribuídos a Deus, não com a ideia de que Deus os executa, mas de que em Sua onipotência e onisciência, não os impede”.

A expressão “o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas”, de 1Reis 22:23, é uma adaptação antropomórfica, que traz indestrinçável incógnita. O tal espírito pertencia às hostes do bem ou do mal?

Na exegese precedente (1Samuel 18:10), “um espírito mau” pode ser entendido: um anjo bom autorizado ou ordenado à prática de um ato mau. O anjo que sai para ferir mortalmente os primogênitos dos egípcios pertencia às potestades benéficas, comissionado a ceifar vidas humanas, para o cumprimento da justiça de Deus, foi em certo sentido um “anjo mau” da parte de Deus.

É útil o comentário de Adam Clarke (*) sobre 1Reis 22:23:

“Ele permitiu ou tolerou que um espírito mentiroso influenciasse teus profetas. É indispensável novamente lembrar ao leitor que as Escrituras reiteradamente representam a Deus como o autor daquilo que Ele, no desenrolar de Sua providência, apenas permite ou tolera que ocorra. Nada pode ser feito no Céu, na Terra ou no inferno, que não seja por Sua atividade imediata ou por sua permissão”.

Síntese: Muitas vezes anjos bons são solicitados a fazer o mal para a obtenção do bem. Similarmente anjos maus operam o bem para a aquisição do mal, em inumeráveis circunstâncias.

(*) Adam Clarke, teólogo metodista, 1760-1832.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

domingo, 6 de março de 2016

A Bíblia Manda Odiar o Pai e a Mãe em Nome de Jesus? – Lucas 14:26





“Se alguém vem a Mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo”. Assim foi traduzido este verso na Almeida Revista e Atualizada no Brasil, mas com a seguinte nota ao pé da página: “Aborrecer – isto é, amar menos. Mateus 10:37”.
O verbo aborrecer parece ser uma amenização do texto original, onde se encontra o verbo miseo, que significa odiar.
A Bíblia de Jerusalém verte o texto da seguinte maneira: “Se alguém vem a Mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser Meu discípulo” – explicando que esta construção é um hebraísmo, onde Jesus não exige ódio, mas desapego completo e imediato.
O Novo Testamento Vivo transmite com muito mais propriedade o sentido exato da declaração de Cristo: “Todo aquele que quer ser Meu seguidor deve amar-Me bem mais do que ao seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos ou irmãs; sim, mais do que a própria vida; caso contrário, não pode ser Meu discípulo”.
A Bíblia na Linguagem de Hoje também o traduz sem deixar nenhuma margem para dúvida quanto ao que Cristo quis dizer.
Uma exegese correta nos mostrará que não há necessidade para preocupações, pensando que Cristo exige ódio aos familiares para poder tornar-se Seu discípulo.
O procedimento de Cristo no lar e Seu ensino nos é muito útil para elucidar o que Ele queria dizer.
Se Lucas declarasse ódio aos parentes como condição essencial para tornar-se cristão, como entendemos em nossa linguagem ocidental, estaria em contradição consigo  mesmo ao declarar que até aos trinta anos Jesus era submisso aos Seus pais (Lucas 2:51).
Lucas 18:20 relata a impressionante cena do moço rico, que afirma ter guardado os mandamentos de Deus, e, ao citar cinco deles, conclui com o “honrar pai e mãe”. Jesus não condena este procedimento de respeito e obediência aos pais.
Uma explicação literal de Lucas 14:26 colocaria Cristo em conflito com o que Ele apresenta na Parábola do Filho Pródigo, considerada a pérola das parábolas. Seria uma narrativa conflitante a terna e comovente história do afeto paterno para com o filho extraviado em relação com Lucas 14:26.
De Seus ensinos, a declaração mais enfática se contra em Marcos 7:10 – “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe, e quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, seja punido de morte”.
Este verso é uma introdução para condenar o falso sentimento de religiosidade expresso com o objetivo final de prejudicar os próprios genitores. Havia judeus tão apegados aos bens materiais que engendraram um plano para não ajudar os pais necessitados. O plano era oferecer a Deus os próprios bens. Cristo condena tal atitude fingida, porque ela se opõe ao mandamento divino que ordena honrar aos pais. Cristo aqui apresenta um caso de prioridades, isto é, a ajuda e a honra aos pais têm precedência sobre a oferta material a Deus.
Com a declaração de que os discípulos de Cristo devem “odiar os familiares”, Ele está apresentando uma subordinação de valores, isto é, os afetos mais íntimos não devem embaraçar a nossa ligação total a Deus.
Os comentaristas em geral mandam ver Mateus 10:37, que expressa com objetividade a verdadeira significação desta passagem: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim”.
Lucas 14:26 será compreendido quando sabemos que existe aqui um idiomatismo hebraico, semelhante aos encontrados em Gênesis 29:30-31 e Deuteronômio 21:15-17, onde aparece a palavra odiar significando amar menos.
Ângelo Pena, no livro Cem Problemas Bíblicos, pág. 326, concluiu a explicação desta passagem da seguinte maneira: “Mas por que usa Lucas o termo ‘odiar’? Pelo simples motivo que, no estilo oriental, amante da ênfase, prefere-se assinalar uma oposição aparentemente radical (ódio-amor), mesmo quando se quer manifestar uma subordinação precisa ou um grau diverso de sentimento afetivo. Os casos desse contraste, justamente com os dois verbos famosos, são muito numerosos no Novo Testamento e, mais ainda, no Antigo. Conhecemos essa tendência do estilo oriental; muitas vezes, porém, nos esquecemos. Para evitar explicações ilógicas basta ter presente o princípio e examinar os ditos de Jesus não separados, mas no conjunto e confrontando-os entre si. Então se vê logo que não existe o problema de conciliar o quarto mandamento com a máxima de odiar os parentes. As duas normas supõem uma perspectiva diversa. No fundo, Jesus com aquelas palavras quis simplesmente aplicar o princípio do maior preceito: amor a Deus e ao próximo. Este último, mesmo se referindo às pessoas mais caras, deve ser subordinado ao primeiro”.
A explicação apresentada para esta passagem pelo Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág.894, não deve ser desprezada: “A Escritura torna claro que o verbo odiar não está empregado no sentido usual da palavra. Na Bíblia, ‘odiar’ frequentemente deve ser compreendido simplesmente como uma típica hipérbole oriental, significando ‘amar menos’ (veja Deuteronômio 21:15-17). Este fato é salientado claramente na passagem paralela, onde Jesus diz: ‘Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno à mim’ (Mateus 10:37). Esta impressionante hipérbole é aparentemente usada para impressionar o seguidor de Cristo de que sempre na vida precisa escolher em primeiro lugar o Reino dos Céus”.
Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sábado, 5 de março de 2016

Pr. Rodrigo Silva - Sentido da Vida - Espaço Novo Tempo Fortaleza

quinta-feira, 3 de março de 2016

“Fomos planejados”, diz cientista

 

Foi por meio de um livro publicado pela Casa Publicadora Brasileira que Everton Fernando Alves teve seu primeiro contato com a Teoria do Design Inteligente (TDI). “Fiquei impressionado e interessado pelo tema ao ponto de ir pesquisar na internet se as evidências apresentadas faziam sentido ou não”, conta Alves, que é mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com ênfase em imunogenética. Depois de ler Por Que Creio, de autoria do jornalista Michelson Borges, ele concluiu: “As evidências de design na natureza não só fazem sentido, como também consistem na melhor explicação para a complexidade percebida com meus próprios olhos nas estruturas biológicas.” “Para mim, o design inteligente foi uma porta de entrada ao criacionismo que, a meu ver, é muito mais amplo”, acrescenta. Desde então, o jovem pesquisador, de 31 anos, tem dado grande contribuição no país para a disseminação dessa teoria que ganhou status científico há pouco mais de duas décadas. Além de ser autor de dezenas de artigos publicados na área das ciências da saúde e ter escrito o e-book Teoria do Design Inteligente: Evidências científicas no campo das Ciências Biológicas e da Saúde (lançado em 2015), Everton Alves foi convidado recentemente pelo editor de uma importante publicação científica para apresentar e defender a TDI.



Segundo ele, o trabalho publicado na revista Clinical and Biomedical Research consiste na primeira divulgação científica brasileira sobre design inteligente numa revista revisada por pares no campo da biomedicina (para ler a publicação na íntegra, clique aqui). “Minha contribuição ao periódico é apenas o primeiro de muitos trabalhos de divulgação científicos que estão sendo elaborados e serão publicados também no Brasil pela Sociedade Brasileira do Design Inteligente, a partir de 2016”, ele enfatiza.



Nesta entrevista, concedida à Revista Adventista, Everton, que é membro da Igreja Adventista Central de Maringá e atua como diretor de ensino do Núcleo Maringaense da Sociedade Criacionista Brasileira (NUMAR-SCB), comenta sobre a abertura no meio científico para a divulgação de cosmovisões contrárias ao evolucionismo e explica em quais aspectos a Teoria do Design Inteligente e o criacionismo bíblico concordam ou não.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A que Sábado se refere Paulo em Colossenses 2:16?





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Para melhor compreender este verso é preciso estudá-lo bem no seu contexto, especialmente Colossenses 2:14-17:

“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.

Nosso estudo tem como finalidade primordial provar que a palavra “sábados”, de Colossenses 2:16, se refere aos sábados cerimoniais; logo, é distinta do vocábulo sábado – o sétimo dia da semana. O termo sábado é usado 59 vezes em o Novo Testamento para o sétimo dia da semana e uma vez, no plural, nesta passagem, com referência a festas cerimoniais.

Os que se opõem à lei de Deus se apegam a algumas passagens, que no seu entender “refutam o conceito sabatista”. Dentre estas passagens, uma das mais citadas é Colossenses 2:16.

Russell Norman Champlin apresenta extenso comentário para este verso visando provar que o vocábulo “sábados” se refere ao sábado do quarto mandamento. Segue-se uma pequena parte:

“… ou sábados … O plural com frequência representa o singular, talvez por analogia com ‘dias de festa’ (plural). Alguns eruditos pensam que o sábado normal está particularmente em foco, neste ponto ou pelo menos, que o mesmo não é excluído… Mas parece certo que está mesmo em foco o sétimo dia da semana (e que o plural é usado em lugar do singular)” (O Novo Testamento Interpretado, vol. 5, pág. 124).

Valter R. Martin, no livro The Truth About Seventh-day Adventism, se valeu da mesma dialética e textos bíblicos usados pelas igrejas tradicionais para refutar algumas de nossas crenças, como a vigência da lei e do sábado na dispensação cristã. Como prova de que os cristãos não necessitam mais de guardar o sábado ele menciona Colossenses 2:13-17:

“Primeiro, nós que estávamos mortos, temos sido vivificados em Cristo, e foram-nos perdoados todos os nossos pecados e transgressões. Somos livres da condenação da lei em todos os seus aspectos, pois Cristo assumiu nossa condenação na cruz. Como já foi observado, não há duas leis, moral e cerimonial, mas apenas uma lei contendo muitos mandamentos, todos perfeitamente cumpridos na vida e morte do Senhor Jesus Cristo”.

Na página 162 ele afirma: “De todas as declarações do Novo Testamento, estes versos são os que mais fortemente refutam a reivindicação sabatista para observar o sábado judeu”. Declara ainda que “o sábado como lei se cumpriu na cruz e não é mais obrigatório para os cristãos”.

Crê ele que estamos desobrigados de guardar a lei porque ela é contra nós e foi pregada na cruz. Afirma que suas declarações são irrefutáveis porque se baseiam em leis da gramática e no contexto.

Cremos nós que suas afirmações são facilmente contestadas.

1º) Não há diferença entre lei moral e cerimonial.

Inúmeros comentaristas protestantes fazem esta distinção. Mateus Henry, presbiteriano, em seu Comentário das Escrituras, declarou:

“Sob o Evangelho ficamos libertos do jugo da lei cerimonial e da maldição da Lei moral…”.

“A lei moral não foi senão para a localização da ferida, e a lei cerimonial serviu como sombra precursora do remédio; Cristo, porém, é o fim de ambas”.

A Confissão de Fé de Westminster, A Segunda Confissão Helvética, e outros credos protestantes, assinalam as diferenças entre estas duas leis.

2º) A lei foi cumprida pela vida e morte de Cristo.

Sim Cristo cumpriu a lei, mas isto jamais quis dizer que a lei foi anulada, significa sim que o Senhor Jesus viveu inteiramente de conformidade com a lei. Se cumprir a lei significa suprimi-la, cumprir a justiça de Mateus 3:15, quer dizer extingui-la. Esta afirmação é simplesmente absurda.

3º) A lei é contra nós.

Como pode alguma coisa que é contra nós ser chamada pelo apóstolo Paulo de santa, justa e boa (Romanos 7:12)? Paulo jamais condenou a lei, mas, sim, o mau uso da lei (legalismo). Em seus escritos ele salientou bem esta verdade: A lei não tem função salvadora.

Em sua defesa de que o termo “sábados” de Colossenses 2:16 se refere ao sétimo dia da semana, Walter R. Martin cita Vine, Alford e Vincent como autoridades que defendem a conveniência de traduzir a palavra “sábados” pelo singular sábado. Acrescenta ele que “a erudição moderna e conservadora estabelece a tradução singular de sábado”.

Esta não é bem a realidade, desde que os eruditos não defendem que é preciso traduzi-la no singular, mas meramente afirmam que pode ser traduzida de uma ou de outra maneira.

Não podemos desconhecer o fato de que muitas formas plurais, tanto na Septuaginta como em o Novo Testamento, devem ser traduzidas pelo singular, como nos confirmam as seguintes passagens: Êxodo 16:23 e 25; 20:8; Deuteronômio 5:12; Mateus 12:1; 28:1; Lucas 4:16.

Várias explicações têm sido apresentadas para esta peculiaridade da língua grega, porém, a que mais nos satisfaz é a do eminente estudioso A. F. Robertson, em A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, págs. 95, 105. Sugere ele que as duas formas, sábbaton e sábbata, conquanto aparentemente sejam o singular e o plural da mesma palavra, em realidade são o singular de palavras diferentes. Defende ele que o termo hebraico shabbath, “sábado”, é a fonte lógica do termo comum grego sábbaton. Nos tempos pós-exílicos, porém, o aramaico era generalizadamente usado na Palestina, e seu termo para “sábado” é shabbethá, palavra que bem poderia haver sido introduzida no grego como sábbata. Assim sábbaton foi sempre um termo singular, ao passo que sábbata poderia ser singular ou plural, dependendo se era usada como derivada do aramaico ou como o plural de sábbaton.

Diante desta exposição é evidente que o nosso argumento do uso do plural em Colossenses 2:16 para os sábados cerimoniais não apresenta muita estabilidade, em face de que o original sábbaton, ali usado, pode tanto ser singular como plural.

O argumento mais válido para comprovar a natureza cerimonial desses “sábados” se encontra em seu contexto.

O “sábado” a que o apóstolo Paulo se refere está relacionado com comidas, bebidas, festas judaicas e lua nova. Eram observâncias dos judeus que Paulo classifica como sombras das coisas futuras. A frase “sombra das coisas futuras” ou “que haviam de vir”, como aparece em outras traduções, é a chave que nos abre o entendimento para a compreensão do verso 16.

O Comentário Bíblico Adventista acrescenta: “Todos os itens alistados neste verso são sombras ou tipos representativos da realidade que é Cristo”.

Sobre esta passagem, Albert Barnes, comentador presbiteriano, bem observou:

“Não existe nenhuma evidência nesta passagem que ele (Paulo) pudesse ensinar de não haver nenhuma obrigação de observar algum tempo sagrado, porque não há a mais leve razão para crer que ele pretendesse ensinar que um dos dez mandamentos tivesse cessado a sua obrigatoriedade para o ser humano. Ele tinha seus olhos sobre o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festas, como parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei moral ou os dez mandamentos. Nenhuma parte da lei moral, nenhum dos 10 mandamentos poderia ser chamado como ‘uma sombra das coisas por vir’.Estes mandamentos são da natureza da lei moral, de aplicação perpétua e universal”.

Infelizmente existem pessoas bem intencionadas, mas pouco esclarecidas quanto às doutrinas bíblicas que desconhecem o fato de que as Escrituras mencionam o sábado da criação ou do decálogo e os sábados, feriados religiosos dos judeus, que caíam nos diferentes dias da semana como acontece com as nossas datas cívicas, natalícias etc.

Nesses dias festivos havia uma “santa convocação”, pois eram também dias de descanso, por isso a mesma palavra hebraica é usada para o sábado e para os dias de festa.

João 19:31 é assim traduzido em A Bíblia na Linguagem de Hoje:

“Então os líderes judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos que tinham sido crucificados e mandasse tirá-los das cruzes. Pediram isso porque era sexta-feira e não  queriam que, no sábado, os corpos ainda estivessem nas cruzes. E aquele sábado era especialmente santo”.

A razão para esta santidade especial é simplesmente esta. Nele também se comemorava a páscoa, outro dia feriado, dia de descanso, isto é, outro sábado cerimonial.

Nos capítulos 16 e 23 de Levítico, e 28 e 29 de Números, estão enumerados os chamados sábados cerimoniais, ou sejam: o Dia da Expiação, a Páscoa, a Festa dos Pães Asmos, a Festa da Colheita (ou Pentecostes), a Festa das Trombetas e a Festa dos Tabernáculos.

Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro, pág. 110 escreveu:

“É irrecusável que a Bíblia chama de ‘sábados’ estes dias festivais que nada tinham a ver

com o descanso semanal, ou o sábado do decálogo. Estes sábados cerimoniais estavam no livro de Moisés, e não nas tábua dos dez mandamentos, que só mencionam o sábado do sétimo dia, comemorativo da Criação, ‘porque em seis dias fez o Senhor os céus, a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou'” (Êxodo 20:11).

“Os sábados festivais foram instituídos no Sinai, após a entrega da lei de Deus, ao passo que o sábado semanal o foi na Criação (Gênesis 2:2-3) e incorporado na lei moral, precedido de um imperativo ‘Lembra-te‘. Não pode haver confusão. Além disso, a própria Bíblia estabelece uma linha divisória entre eles, no verso 38, de modo a não deixar dúvidas: ‘Estas são as festas do Senhor independentemente dos sábados do Senhor.’ E também independentemente de ofertas, sacrifícios e outras exigências. Eram festas especiais e soleníssimas. Bem distintas. Convenhamos que os sábados do Senhor, os do sétimo dia, já existiam quando foram instituídos os sábados festivais. ‘Exceptio sabbatis Domino…’ – diz a versão de Jerônimo”.

Sobre Colossenses 2:16 e 17, eis o que diz o mesmo autor:

“a) Estes “sábados” aí estão associados a dias de festa e Lua nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora, o sábado do decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico;

“b) Estes “sábados” estão incluídos entre instituições que eram ‘sombras das coisas futuras’ – prefigurações de fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato passado: a Criação. Não era sombras de coisas futuras. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados cerimoniais” (pág. 112 do livro já citado).

Os comentários acima são respaldados pelas opiniões de eruditos tais como Jamieson, Fausset, Brown, Adam Clarke e Albert Barnes, entre outros, todos da comunidade evangélica.

“Em Oseias 2:11 está profetizado o fim da observância de todos os tipos de sábados por parte do povo judeu. Mas isto em função do castigo divino que tornaria a terra de Israel uma desolação, com a destruição do templo e seus serviços religiosos. Basta ler o contexto da passagem, ou mesmo to do o livro de Oséias, para percebê-lo” (O Atalaia, dezembro de 1977, pág. 22).

A citação de Colossenses 2:14-17 como prova de anulação do quarto mandamento do decálogo é um dos maiores disparates no campo da exegese bíblica.

Walter R. Martin acusa os adventistas de não fazerem exegese (explicação correta), mas eisegesis (extrair um sentido não explícito). Além disso ainda nos acusa de ignorarmos a gramática e o contexto. São incríveis suas afirmações quando se constata que não há nada no contexto para provar que a expressão “sábados” se refira ao sétimo dia da semana.

Temos uma destas provas na tradução de Colossenses 2:17 em O Novo Testamento Vivo:

“Estes eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade do próprio Cristo”.

Paulo torna claro este fato: os ensinos bíblicos visando orientar os homens para a vinda de Cristo perderam toda a significação após a Sua vinda.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Que Bebida Ofereceram a Jesus na Cruz: Vinho ou Vinagre? – Mateus 27:4

Algumas traduções, como por exemplo a King James Version, apresentam Mateus 27:34 da seguinte maneira:

“Deram-Lhe a beber vinagre misturado com fel, e tendo Ele provado não o quis beber”.
A maioria das traduções baseadas em melhores manuscritos originais, como a Almeida Revista e Atualizada no Brasil trazem:
“Deram-Lhe a beber vinho com fel ; mas Ele, provando-o, não o quis beber”.
A Crítica Textual nos esclarece que o texto grego usado pelos eruditos tradutores da King James não era dos melhores.
A evidência de que a tradução correta deve ser vinho e não vinagre, nós a temos, porque esta é a palavra que aparece nos mais antigos manuscritos, como Alef, Vaticano ou B, Y, Família dos minúsculos, bem como nas versões latinas, na siríaca e em outras.
Vinagre, em vez de vinho, aparece nos manuscritos da Família Bizantina, cuja recensão feita em Antioquia não foi das melhores, como atestam os estudiosos da Crítica Textual.
Parece não haver tanta divergência assim quando sabemos:
1º) Que as palavras vinho e vinagre eram usadas como sinônimas, desde que vinagre era um vinho azedo misturado com água, dado aos soldados.
2º) Que a palavra vinagre aparece no verso 48, sendo confirmada por todos os manuscritos.
3º) Creem alguns comentaristas que ofereceram a Jesus uma bebida na qual se encontrava vinho e vinagre.
Segue-se o comentário de Russell Norman Champlin:
“O trecho de Marcos 15:23 diz ‘mirra‘ ao invés de ‘fel‘. A mirra dava ao vinho azedo um melhor sabor, e, tal como o fel, produzia um efeito narcótico e estupefaciente. Não é impossível que ambos os elementos tivessem sido usados na bebida que Jesus provou e Se recusou a beber; contudo, o mais provável é que os escritores dos evangelhos simplesmente empregaram termos diferentes para expressar uma e outra coisa – os elementos postos no vinho a fim de dar-lhe um efeito narcótico; e, para eles, a identificação exata desse elemento não era tão importante como parece ser para os modernos harmonistas. Lemos na história que esse tipo de bebida era usado para diminuir os sofrimentos dos soldados feridos. E era costumeiro dá-la às vítimas da crucificação, para que suas dores fossem suavizadas. Por quanto tempo amortecia as dores, não sabemos dizê-lo, mas provavelmente não conseguia efeito de grande duração.

“Neste versículo temos o cumprimento notável de certa profecia: ‘Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre’ (Salmos 69:21). É bem possível que o fel que aparece no evangelho de Mateus tenha sido escrito, ao invés de ‘mirra’, por causa da influência da profecia que ele provavelmente tinha em mente ao escrever esta seção. O costume de prover tal bebida para os que sofriam era reputado como uma caridade piedosa, por parte dos rabinos, sendo provável que em Provérbios 31:6 houvessem encontrado um texto para tal costume. Esse costume persistia nos tempos dos mártires cristãos” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 1, pág. 632).

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Jesus Cumpriu ou Revogou a Lei? – Mateus 5:17



Uma das afirmações mais absurdas no domínio da exegese de passagens bíblicas é a referente a Mateus 5:17, última parte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir”.

Que argumentos podem ser invocados para concluir que cumprir a lei signifique não estar mais em vigor?

Apenas um desconhecimento completo do significado das palavras pode levar alguém a afirmar que cumprir signifique apenas cessar, deixar de vigorar. Embora a palavra tenha também este significado, qualquer dicionário nos informará que significa também: observar, obedecer, realizar, completar. A prova máxima, e que o sentido dado por Mateus não é o de cessar ou deixar de vigorar, se encontra na mesma passagem e no verso seguinte: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas”. “Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei”.

Com propriedade escreveu Arnaldo Christianini, em Subtilezas do Erro: “Cumprir não é fazer passar uma lei ou cessar-lhe a vigência, por tê-la satisfeito em exigência ou atendido a seus preceitos, pois se o fosse, então seria nada menos do que ab-rogá-la pura e simplesmente. Mas, no texto, Cristo declarou inequivocamente: não vim ab-rogar. Diz o grande lexicógrafo Webster: ‘cumprir é obedecer‘. É um atendimento à exigência legal, uma satisfação ao preceito. Um cidadão cumpre o dever de votar, por exemplo. Extingue-se a instituição do voto, por ele tê-lo cumprido? Não! A exigência é permanente; o cumprimento é transiente. O cumprimento afeta a pessoa, não a exigência; liga a pessoa à exigência, mas não remove a exigência. Esta só é removível por força de lei superior que expressamente o declare. É princípio de direito e de doutrina. Cristo cumpriu o batismo, mas não o aboliu. Em Gálatas 6:2, se diz: ‘Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo’. Imagine o leitor, se isto significa abolir!”

O que os comentaristas bíblicos disseram sobre esta expressão nos ajuda a equacionar o problema de acordo com o sentido que Cristo lhe deu.

J. Broadus explica Mateus 5:17 assim: “Cumprir é a tradução de uma palavra grega, significando tornar claro, encher… Significa executar plenamente, realizar, aplicado a qualquer obra ou dever”.

Strong, por ser batista, pensa de modo diferente do nosso com respeito à lei, por isso suas a firmações sobre a lei são valiosas. Em sua Teologia Sistemática, comentando Mateus 5:17, afirma: “Jesus devia cumprir a lei e os profetas mediante completa execução da vontade revelada de Deus… Desde que a lei é um transcrito da santidade de Deus, suas exigências como uma regra moral são imutáveis”.

Spurgeon, referindo-se a Mateus 5:17, declarou: “Para mostrar que Ele jamais pensou em ab-rogar a lei, nosso Senhor exemplificou (cumpriu) todos os preceitos em Sua própria vida”.

Jamieson, Fausset e Brown afirmam ser este o sentido de Mateus 5:17: “Não espereis encontrar em meu ensino algo de derrogativo aos oráculos do Deus vivo. Não vim ab-rogar, mas estabelecer a Lei e os Profetas”.

Não há necessidade de acrescentar mais nenhuma prova.

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A Profecia que Marcou Sua Chegada

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Haverá Morte na Nova Terra? – Isaías 65:20


Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

“Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado”.

Nossas publicações “O Atalaia” e “Revista Adventista“, através das seções de consultas, em várias ocasiões, têm procurado solucionar o problema desta passagem.

Uma pesquisa feita nestas fontes revelará o seguinte: das explicações dadas, algumas são inaceitáveis por serem vagas e obscuras; outras chegam até a entrar em contradição. Embora os estudiosos não tenham chegado a uma uniformidade sobre o sentido exato daquilo que o profeta tencionava dizer, apresentaremos algumas de suas ideias, concluindo com uma interpretação que parece ser mais consentânea com o contexto, os princípios exegéticos e as doutrinas bíblicas.

Comentários

Muitos leitores da Bíblia ficam perplexos ao lerem esta passagem, porque se a tomarem literalmente, ela fala em morte e pecado na Nova Terra, enquanto outros versos bíblicos são explícitos em declarar que estas coisas não existirão no céu. A Bíblia é bastante clara em afirmar que na Terra renovada as pessoas não morrerão, e pecadores não terão acesso ao Paraíso. Diante destes problemas, alguns julgam que estas palavras têm sentido figurado, e outros apresentam interpretações forçadas, sem base no contexto e não condizentes com os ensinamentos escriturísticos.

O Comentário Bíblico Adventista é útil na elucidação deste problema: “Os adventistas do sétimo dia creem que, falando de modo geral, as promessas e predições dadas pelos profetas do Velho Testamento aplicavam-se originalmente ao Israel literal, e a eles deviam ter-se cumprido sob condição de que obedecessem a Deus e permanecessem leais a Ele. Mas as Escrituras registram que eles desobedeceram a Deus e se demonstraram infiéis a Ele” (Volume 4, Introdução, ponto 5, pág. 12).

Tecendo considerações sobre Isaías 65:17, este mesmo Comentário declara: “Nos versículos 17 a 25, Isaías descreve os novos céus e a nova terra que teriam sido instaurados se Israel atendesse às mensagens dos profetas e cumprisse o propósito divino após a restauração do cativeiro. Israel falhou; portanto, em aplicação secundária, esses versículos apontam para os novos céus e a nova Terra a serem estabelecidos no fim do milênio. No entanto, a descrição deve ser interpretada primeiro sob o aspecto de sua aplicação local, e a aplicação secundária só deve ser feita à luz do que os escritores do Novo Testamento e o Espírito de Profecia dizem a respeito da vida futura” (Volume 4, pág. 354).

Dentre os expositores adventistas de textos difíceis, inegavelmente o que mais se projetou foi Francis Nichol, porém sua explicação para este verso de Isaías não nos satisfaz plenamente. Suas ideias poderiam ser concentradas nestas palavras:

“Isaías 65:20 trata das condições existentes na Nova Terra, bem como das circunstâncias para restaurar a Terra e exterminar o pecado. Este verso deve ser estudado em conexão com Apocalipse 20 a 22.

“Após o milênio haverá um período de tempo suficiente longo para que os ímpios se organizem visando destruir o arraial dos santos. Cem anos será o período entre a ressurreição dos ímpios e sua destruição final. O ímpio que morrer depois de cem anos de existência, sua idade depois da ressurreição, será considerado como uma criança, comparado com a duração da vida dos remidos que é eterna”.

O eminente exegeta Dr. Adam Clarke declara sobre esta passagem:

“A pessoa viverá trezentos ou quinhentos anos como nos dias dos patriarcas e se alguém morrer aos cem anos é por causa do seu pecado; e, mesmo naquela idade, será considerado uma criança, e dirão dele: ‘morreu um infante’”.

Da explicação dada pela Review and Herald, 11/12,/1958, para Isaías 65:20, destacamos esta parte:

“Há, contudo, um princípio de interpretação exposto claramente na Bíblia e no Espírito de Profecia, que permite uma compreensão dessa passagem, sem a forçar nem lhe dar sentido alegórico, e que é ao mesmo tempo lógica e positiva. Resumindo, o princípio é o seguinte: Os profetas de Israel e Judá, que prediziam para o povo escolhido um futuro grandioso, isso faziam na pressuposição de que o povo cumprisse o destino traçado por Deus…

“De acordo com esse princípio, a passagem de Isaías descreve condições que teriam prevalecido no caso de Israel ter atendido à luz do Céu. No estabelecimento de Jerusalém como a poderosa metrópole da Terra, teria havido um período em que as condições ali descritas se teriam cumprido ao pé da letra. Com a benção de Deus a repousar sobre o Seu povo, ter-se-ia abolido a morte prematura. Isso é o que Isaías 65:20 prediz. A tradução de Goodspeed dá assim a última parte do versículo 20: ‘O mais jovem morrerá com cem anos de idade, enquanto aquele que não alcançar cem anos será considerado maldito’. Terá esta passagem qualquer aplicação ao futuro? Sim. Com o fracasso de Israel, as promessas feitas ao Israel antigo se cumprirão na igreja cristã; não, porém, em todos os pequeninos pormenores. Escritores do Novo Testamento nos informam acerca da maneira e alcance desse cumprimento. Daí, essas profecias antigas devem sempre ser estudadas à luz da revelação do Novo Testamento“.

Para melhor compreensão deste verso seria útil ler o contexto referente à época pré-exílica, especialmente os capítulos 63, 64 e 65. No capítulo 63 o profeta inicia uma fervorosa oração para que Deus mudasse a terrível situação em que Israel se encontrava, destacando o deplorável estado de Jerusalém e do templo (64:10-11). Deus respondeu à sua fervorosa prece, a qual está relatada no capítulo 65. Nesta oração é apresentada a situação dos que rejeitaram as advertências divinas e daqueles que as aceitaram.

A leitura dos versos 18 e 19 nos mostram que o relato se refere a Jerusalém terrestre.

Para o profeta a vida seria tão diferente depois do cativeiro e se prolongaria de tal maneira que quem morresse aos cem anos seria ainda jovem.

Outros estudiosos declaram que, com referência ao Israel literal, a expressão “não haverá mais nela criança para viver poucos dias” significa a promessa divina de acabar com a mortalidade infantil.

A declaração “nem velho que não cumpra os seus dias” para Isaías indicava que os anciãos não morreriam antes de haver vivido todo o período designado por Deus.

A proposição: “porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem” tem dado mais trabalho aos exegetas, mas como declarou Adam Clarke se o profeta esperançosamente almejava um período de vida de mais de trezentos anos, aos cem ele seria ainda jovem.

A parte final do verso “quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” apresenta um problema de tradução, porque de acordo com o hebraico assim deveria ser traduzida: o que não atingir os cem anos é porque é amaldiçoado. O verbo hebraico”chatah” significa atingir, não apresentando a ideia de pecador.

As traduções de Moffatt e The New English Bible confirmam o que estamos defendendo a exemplo da de Goodspeed, já mencionada neste trabalho:

“Lá nenhuma criança morrerá novamente ainda infante, nenhum velho deixará de viver até o fim de sua vida, todo menino viverá seus cem anos antes de morrer, e quem quer que não alcance os cem será amaldiçoado” (The New English Bible).

“Nenhuma criancinha morrerá mais na infância, e nenhum velho que não tenha vivido até o fim seus anos de vida; o que morre mais jovem vive cem anos; qualquer que morrer abaixo de cem anos é porque foi amaldiçoado por Deus” (Moffatt).

Conclusão

A Revista Adventista de abril de 1958, pág. 36, assim concluiu a explicação para esta passagem:

“Afinal o que é necessário para a nossa salvação acha-se na Bíblia medianamente claro. Não será melhor deixar descansar o tão discutido Isaías 65:20, como uma passagem difícil demais para a nossa compreensão, e inteiramente dispensável para a nossa salvação? Do contrário, Deus nos teria revelado seu sentido”.

De todas as explicações apresentadas, a mais razoável parece ser a ventilada neste estudo, isto é, que o verso se refere a Jerusalém literal, que se teria cumprido se os israelitas tivessem sido fiéis a Deus.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Buscando Longe o que está Perto com Dr Rodrigo Silva

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Existe Purgatório Mesmo? – 1Coríntios 3:13



“A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um”.

Os que acreditam no purgatório, assim o definem: lugar onde as almas dos justos são purificadas através de padecimentos. As almas que lá se encontram são chamadas de “pobres” por estarem padecendo; de outro lado são também denominadas “santas”, porque se arrependeram profundamente de seus pecados.

Seus defensores assim o justificam:

Após a morte, os que cometeram pecado mortal irão para o inferno. Aqueles que estiverem na graça de Deus e livres de pecados venais ou mortais irão diretamente para o paraíso. As pessoas cujas faltas não foram expiadas cabalmente permanecerão no purgatório até estarem em condições de irem para o céu.

Segundo os teólogos católicos as pessoas necessitam pagar através do sofrimento as penas devidas aos seus pecados.

Argumentos Católicos em Defesa do Purgatório:

1º) Declarações Bíblicas:

a) Mateus 12:32 – Esta declaração bíblica admite que há pecados que serão perdoados em outra vida.

b) 2Timóteo 1:18 – O apelo a Cristo para obter misericórdia junto de Deus, no dia do juízo, em favor de Onésimo, supõe a convicção de que também após a morte ainda é possível uma sentença mais favorável que a estritamente merecida.

c) 1Coríntios 3:12-15.

d) Mateus 5:26.

e) 2Macabeus 12:39-43 – Nos versos deste livro há referências aos sacrifícios expiatórios pelos que morreram. A Igreja Católica baseada neste relato sentencia: Há um lugar de expiação e pode-se orar pelos mortos, mesmo porque é santo e salutar este procedimento.

Esta declaração, por ser de um livro apócrifo, não é inspirada, por isso contradiz os ensinos dos livros canônicos.

2º) O ensino da tradição e da constante doutrina da Igreja:

Desde os tempos apostólicos os pais da Igreja e outros escritores eclesiásticos pregam tal doutrina. Cipriano, Tertuliano, Cirilo de Jerusalém, Crisóstomo, Santo Agostinho e outros foram defensores deste ensinamento.

Os concílios da Igreja, começando com o de Cartago, que faz referência ao assunto, prosseguindo com os de Florença (1439-1445) e o de Trento (1545-1563), que o consideraram como dogma de fé, contribuíram para a difusão desta crença.

3º) Por um raciocínio lógico:

Se para o céu vão as almas limpas e para o inferno as que deixaram este mundo com pecado mortal, naturalmente sobram aquelas que não podem entrar no céu por não estarem ainda purificadas de pecados leves e venais, e de igual modo também, não podem ir para o inferno por não terem cometido pecados mortais.

Provas Bíblicas Contrárias ao Purgatório

1ª) A passagem de Mateus 12:32 jamais pode ser usada como argumento de que os pecados poderão ser perdoados na outra vida.

A doutrina da “Segunda Oportunidade” defendida pelos católicos (missa, purgatório), pelos espíritas (reencarnação) e pelas Testemunhas de Jeová (durante o milênio existe outra oportunidade para a salvação) é um ardil do inimigo, que leva à descrença nas Escrituras.

As seguintes passagens bíblicas são suficientes para provarem a inconsistência dessa doutrina: 2Coríntios 6:2 – “… eis aqui agora o tempo sobremodo oportuno, eis aqui agora o dia da salvação”; Hebreus 3:7-8 – “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações”.

2ª) 1Coríntios 3:13 – “Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará”.

Os exegetas católicos se baseiam especialmente nesta passagem para justificar a sua doutrina do purgatório.

O fogo mencionado neste verso será originado pela glória de Cristo ao retornar à Terra. Os que O rejeitaram serão destruídos pelo fogo, mas os que o aceitaram como seu Salvador pessoal serão preservados. O exemplo dos três hebreus na fornalha ardente é a confirmação de que os crentes não serão atingidos pelas chamas destruidoras do juízo final.

No verso 15 Paulo escreveu: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano, mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.

Ser salvo através do fogo parece ser valioso argumento em prol do purgatório. Esta declaração está longe de afirmar que o fogo ou o sofrimento salvará a pessoa, pois se o fizesse seria a salvação pelas obras, denodadamente condenada por Paulo. Ele afirma que a pessoa será provada ao máximo.

O comentarista Adam Clarke afirma sobre este texto: “O fogo aqui mencionado destina-se a provar a obra do homem e não a purificar sua alma, não havendo aqui referência a nenhum suposto purgatório. Acrescentando que é possível haver aí alusão à purificação de diferentes espécies de vasos, segundo a lei dos judeus. Os elementos que resistem ao fogo são purificados enquanto substâncias como a madeira e a palha são facilmente consumidas”.

Outros comentaristas afirmam que o apóstolo tem em vista os ensinadores judaizantes que pregavam a circuncisão e outros ritos abolidos por Cristo na cruz, em vez de pregarem o evangelho. As verdadeiras e as falsas doutrinas serão reveladas naquele grande dia.

A Bíblia de Jerusalém (tradução católica) traz a seguinte nota sobre 1Coríntios 3:13: “O purgatório não é diretamente considerado aqui, mas este texto, juntamente com outros, serviu de base à explicitação de tal doutrina por parte da Igreja”.

3ª) Mateus (5:26), que afirma: “Em verdade te digo que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo”, é outra passagem usada em defesa do purgatório.

Cristo, com estas palavras, jamais poderia referir-se a um hipotético purgatório, ensinamento que não encontra nenhuma base bíblica. Seria inconcebível alguém deduzir de Mateus 5:25-26 a existência do purgatório. O que encontramos aqui é a ilustração de um delinquente que deve endireitar o mal que cometeu para não ser encerrado na prisão.

O comentário da Bíblia de Matos Soares apresenta para Mateus 5:26 a seguinte aplicação espiritual: “Jesus mostra a necessidade que temos de nos reconciliar com o próximo ofendido, antes de aparecermos no tribunal de Deus”.

A hierarquia de pecados não é apregoada pela Bíblia, que declara de maneira enfática: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:20).

Não existem provas bíblicas para classificar os pecados como fazem os comentaristas católicos. As Escrituras nos esclarecem:

a) “Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34).

b) A única solução para o estado miserável do homem (Romanos 7:24) é o perdão provido por Cristo e alcançado pelos seus méritos.

Conclusão:

As provas bíblicas apresentadas pelos paladinos de um lugar de purificação para os pecados após a morte são trechos retirados dos livros apócrifos, comprovadamente falsos por terem origem em ensinamentos pagãos. Os textos bíblicos retirados dos livros canônicos são apresentados sem levar em consideração os princípios exegéticos, especialmente este: uma passagem jamais deve ser usada fora do seu contexto.

A Bíblia é bastante clara ao afirmar que muitas passagens, como a de 1Coríntios 3:13-15 e 2Coríntios 5:10, que todos no juízo final serão julgados conforme suas obras. O erro doutrinário do purgatório católico é o ensino antibíblico de que o castigo se segue imediatamente após a morte, e ainda mais que será concedida uma segunda oportunidade para muitos.

Um dos maiores absurdos relacionados com o purgatório é a crença pagã de que o sofrimento dos que lá se encontram pode ser aliviado por missas e orações feitas pelos vivos, mediante pagamento em dinheiro. Não é possível conseguir a salvação negociando com coisas sagradas. O apóstolo Pedro condenaria a simonia moderna com a mesma veemência que a desaprovou em seus dias.

[Simonia é a venda de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, objetos ungidos, etc. em troca de dinheiro. É o ato de pagar por sacramentos e consequentemente por cargos eclesiásticos ou posições na hierarquia da igreja. A etimologia da palavra provém de Simão, o mago, personagem referido em Atos 8:18-19, que procurou comprar de Pedro o poder de transmitir pela imposição das mãos o Espírito Santo ou de efetuar milagres (Wikipédia)].

Livro: Leia e Compreenda Melhor a Bíblia, de Pedro Apolinário.

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