segunda-feira, 29 de abril de 2013

EVIDÊNCIAS - Quem escreveu a Bíblia?

Ora, qualquer manual de Catecismo, Escola Dominical ou Escola Sabatina vai dizer que mais de 40 autores inspirados por Deus foram guiados pelo espírito Santo para produzir o divino livro. Homens como nós, escolhidos pela providência para colocar em linguagem humana aquilo que Deus queria revelar a seus filhos. Mas o que quer dizer esse "como nós"? Não seriam homens especiais? Claro que sim, mas não no sentido que muitos interpretam.

domingo, 28 de abril de 2013

Salmo 35 – Que Orações Você Publicaria?


Se você fosse Deus, que orações você publicaria? Pense bem: você publicaria na sua Bíblia as mais belas orações? Somente as orações que fossem sempre inspiradoras? Você editaria orações que pudessem representar belamente o seu caráter? Você publicaria apenas os anseios que dignificassem os escritores, seus auxiliares nessa publicação? Assim não fez o nosso Deus: Ele publicou os chamados "Salmos Imprecatórios". A expressão parece bonita, mas não o seu significado. Ele registrou orações que poderiam ser mal compreendidas e até comprometer o Seu caráter. Mas Deus é muito imprevisível mesmo. Isso não deveria nos surpreender.
Mas como podemos entender esses salmos imprecatórios, salmos em que os autores pedem vingança contra os seus inimigos? Como podemos entender estas orações inspiradas pelo Espírito Santo (At 1:16,20) em que os salmistas pedem o mal para os seus adversários, quando Cristo nos ordenou amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem? (Mt 5:44).
A primeira resposta que devemos manter é que esta decisão de Deus não foi errada, porque Ele é onisciente, conhece todas as coisas e sabe que estamos lendo um salmo difícil de compreender. Ele sabe que isso haveria de surpreender a muitas pessoas; mas Deus é um Deus é de surpresas mesmo. Ele deve ter as suas razões para agir assim. Mais: ele deve ter algumas lições para nós ao publicar esse tipo de oração. Portanto, devemos estudar os salmos imprecatórios ao lado dos outros que nos parecem mais "inspiradores", a fim de descobrir qual foi o propósito de Deus ao deixar publicar tais orações.
Uma coisa a mais devemos manter: Deus não está disposto a defender a causa dos nossos inimigos; antes, defende a nossa causa, quando estamos de fato ao lado da justiça e da verdade. Mas Ele não estará a defender-nos se mudarmos a nossa posição.
Esboço e estrutura do Salmo 35:
I. APELO POR VINDICAÇÃO (1-10)
A. Razão do Apelo (1-3)
B. Apelo por Vindicação (4-8)
C. Promessa de Louvor (9-10)
II. APELO POR LIBERTAÇÃO (11-18)
A. Razão do Apelo (11-16)
B. Apelo por Libertação (17)
C. Promessa de Louvor (18)
III. APELO POR JUSTIFICAÇÃO (19-28)
A. Razão do Apelo (19-22)
B. Apelo por Justificação (23-26)
C. Promessa de Louvor (27-28)
Por que foram escritos, publicados e registrados na Bíblia os Salmos imprecatórios? Por que encontramos Davi e outros salmistas, além dos profetas, escrevendo orações que pedem a vingança contra os inimigos? HÁ OITO RAZÕES que respondem a esta pergunta, e estão claras no Salmo 35, que é um dos mais drásticos que encontramos em toda a Bíblia.
Este é um salmo dividido em três partes, sendo que no final de cada parte temos um louvor, e no início de cada parte, temos as razões do apelo que será feito. E são 3 os apelos de Davi para Deus: VINDICAÇÃO, LIBERTAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO.
I. APELO POR VINDICAÇÃO (1-10)
A. Razão do Apelo (1-3): Os inimigos estão contendendo, lutando e guerreando contra Davi.
Davi introduz o salmo pedindo a Deus que assuma as contendas e lutas que ele tinha com os seus inimigos, e o represente, usando uma linguagem legal e militar: "1 ¶ Contende, Senhor, com os que contendem comigo; peleja contra os que contra mim pelejam." As circunstâncias deste salmo são a fuga de Davi escapando da perseguição de Saul com o seu exército de 3.000 homens, no deserto de En-Gedi (1Sm 24:1,2). Note as palavras de Davi para Saul naquele dia, após ter poupado a sua vida: "Seja o Senhor o meu juiz, e julgue entre mim e ti, e veja, e pleiteie a minha causa, e me faça justiça, e me livre da tua mão" (1Sm 24:15). Seguramente, o Salmo 35 foi um desdobramento disso.
1ª razão dos salmos imprecatórios é que temos inimigos e não adianta você se desculpar, dizendo que não temos inimigos, que somos cristãos, porque certamente eles estão por aí, em todo o lugar, embora sejam inimigos não de nossa parte (Rm 12:18). Pois basta que alguém seja um cristão para sofrer perseguições (2Tm 3:12). Davi tinha inimigos entre os pagãos, inimigos entre o povo de Israel, inimigos dentro do palácio, inimigos dentro dos parentes, inimigos dentro da própria família, e dentro de si mesmo, e sem falar dos inimigos demoníacos e do próprio Satanás (1Cr 21:1). Nunca vi alguém que tivesse tantos inimigos na vida exceto Jesus Cristo (Sl 69:4; Jo 15:25). Nós também temos muitos inimigos: No trabalho, na escola, na rua, em casa, entre os parentes, na família e dentro da própria igreja, sem falar dos demônios e de nossa natureza pecaminosa – todos conspirando contra nós.
2ª razão dos salmos vindicativos é que precisamos aprender a deixar os inimigos nas mãos de Deus. Assim como fez Davi. Estava Davi se vingando dos inimigos com as suas próprias mãos? Não. Ele deixou a vingança nas mãos de Deus. Não adianta contendermos com eles, não vai ajudar nada lutarmos contra os adversários. Não podemos vencê-los. Isso exigiria possuir armas próprias, mas muitas vezes são eles os que possuem as armas mais poderosas.  
Por isso Davi pede que Deus use as Suas armas: "2  Embraça o escudo e o broquel e ergue-te em meu auxílio. 3  Empunha a lança e reprime o passo aos meus perseguidores." Portanto, é Deus que deve agir no seu tempo certo, para guerrear as nossa batalhas com as Suas armas. Portanto, a Bíblia diz mais: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; Eu é que retribuirei, diz o Senhor." (Rm 12:19). Os salmos imprecatórios nos ensinam a clamar a Deus e deixar a nossa luta com o Todopoderoso. Você tem alguns inimigos? Deixe-os com Deus.
3ª razão para esse tipo de salmos, é nos lembrar de Quem é o nosso único e suficiente Salvador que nos liberta dos nossos adversários. O cristão não é ignorante de Seu Libertador. Ele nunca diz: "Quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7:24), porque ele conhece o Salvador. Portanto, um salmo imprecatório é uma oração em que o salmista clama pela salvação que há em Deus somente, quando ele está desesperado em uma situação de grave perigo de vida.
O salmista não tinha dúvida sobre isso. Davi diz a Deus o que Ele deveria dizer ao Seu servo: "Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação." (v. 3). Ele raciocinava assim: "Se Deus disser para mim que Ele é a minha salvação, então, estarei completamente seguro, muito mais do que se eu disser isso". Com efeito, Davi já havia dito isso, no salmo 27: "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo?" Mas no verso 9 (Sl 27:9), ele teve medo da ira de Deus e medo de se perder, e no verso 12, ele teme a crueldade dos seus adversários.
Portanto, nada melhor do que ouvir a voz de Deus nos dizendo que Ele é a nossa Salvação. Não importa a multidão de inimigos que tenhamos (Sl 3:1). Se Deus está ao nosso lado, não importa quem seja, nem quantos sejam os nossos inimigos. Deus é o nosso Refúgio e Fortaleza. Ele diz à nossa alma: "Eu sou o teu Salvador." Podemos cantar com Davi e fazer nossas as suas palavras, dizendo a Deus para nos dizer a nós as palavras que mais nos consolam:
"Fala à minha alma ó Cristo, fala-lhe com amor!
Segreda com ternura: 'Eu sou Teu Salvador!'
Faze-me bem disposto para te obedecer
Sempre louvar Teu nome dedicar-te o ser.
Faze-me ouvir bem manso, em suave murmurar;
Na cruz verti Meu sangue, para te libertar;
Fala-me cada dia, fala com terno amor;
Segreda-me ao ouvido: 'Tu tens um Salvador.'"
B. Apelo por Vindicação. (Vs. 4-8)
Qual era o grande apelo de Davi? Digo isso em 3 frases:
1. Que os inimigos sejam envergonhados. "Sejam confundidos e cobertos de vexame os que buscam tirar-me a vida; retrocedam e sejam envergonhados os que tramam contra mim" (4). Davi ora por vindicação. A maior vergonha do inimigo é ser derrotado em campo de batalha. Se Deus estivesse com Davi a defendê-lo, é certo que os adversários sofreriam o maior vexame, a derrota mais esmagadora de que se tem ouvido.
2. Que os inimigos sejam perseguidos. "5 Sejam como a palha ao léu do vento, impelindo-os o anjo do Senhor. 6 Torne-se-lhes o caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os persiga." Após a vergonha da derrota, o jeito é fugir. Mas assim como perseguiram os justos, merecem a perseguição de um simples justo que aplica a justiça. Deus enviaria o Seu anjo. No Salmo anterior, lemos que "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os livra." (Sl 34:7). É nessa confiança que Davi suplica a perseguição dos adversários, a fim de que possam em justiça sentir a amargura do que significa perseguir aos que temem a Deus.
3. Que os inimigos sejam destruídos. "8 Venha sobre o inimigo a destruição, quando ele menos pensar; e prendam-no os laços que tramou ocultamente; caia neles para a sua própria ruína." Davi estava certo em pedir a destruição dos seus inimigos? Davi não deveria amar e orar a favor dos inimigos? Mas ele aqui estava orando contra eles. Não são palavras fáceis de se ler e muito menos de se explicar. Mas o salmo todo pode nos elucidar as razões que justificam tal oração que roga a destruição dos inimigos.
Estas são as orações de vingança de Davi contra os seus inimigos. Mas por que não compreendemos as suas palavras? Muitas vezes lemos as maldições, sem ler as suas razões. Por que são justas as reivindicações de Davi? Os inimigos perseguiam a Davi (v. 3), buscavam tirar-lhe a vida (4), tramavam contra ele (4,7), abriram uma cova para a sua vida (7), e tudo "sem causa" (7). Os adversários não podiam apontar nenhum defeito na vida de Davi, mas mesmo assim, por mera crueldade e truculência, eles queriam devorar a sua vida.
4ª razão para os salmos imprecatórios, é que eles são corretos porque os inimigos são culpados do sangue inocente, e estão perseguindo aos justos "sem causa". De fato, os inimigos merecem a punição reivindicada com justiça pelos filhos de Deus. Lemos que a voz do sangue inocente clama, desde o justo Abel (Gn 4:10) até os mártires de todos os séculos: "Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?" (Ap 6:10). Esta é mais uma oração imprecatória dos justos registrada no Novo Testamento, por vontade de Deus.
5ª razão porque as orações vindicativas foram registradas é que Deus prometeu vingar o sangue inocente dos Seus filhos. Deus vingará os inimigos do seu povo, em tudo o que fizeram contra ele. Disse Moisés: "O Senhor fará justiça ao Seu povo e se compadecerá dos seus servos ... porque o Senhor vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários" (Dt 32:36,43). Aqueles que tocam nos cristãos, tocam na "menina dos olhos" de Deus (Sl 17:8). Ferem aqueles a quem o Salvador mais preza e por quem Se entregou em sacrifício na Cruz do Calvário. Deus não pode deixar de exercer a Sua justiça em favor dos Seus filhos e contra os Seus inimigos. Ele sempre aplica a justiça punitiva ou salvadora. "Porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso" (Ap 16:6).
C. Promessa de Louvor (Vs. 9-10)
A seguir, Davi promete que há de se alegrar e louvar: "9 E minha alma se regozijará no Senhor e se deleitará na sua salvação. 10 Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem contigo se assemelha? Pois livras o aflito daquele que é demais forte para ele, o mísero e o necessitado, dos seus extorquiadores."
Este ponto parece mais difícil de entender. Como pode se alegrar na aniquilação dos seus inimigos? Davi não deveria estar orando pelo bem dos seus inimigos? Não deveria amar aos seus inimigos e orar pelos que o perseguiam? (Mt 5:44).
6ª razão deste salmo vindicativo é que a alegria do salmista está "no Senhor". É claro que é difícil separar a libertação do fato de que isso implica na destruição do inimigo, mas isto provoca uma alegria pelo Deus que temos, em Quem nos regozijamos pelo fato de que Ele pratica a justiça. Ao sermos libertos, podemos dizer: "Quem, Senhor, contigo se assemelha?" Isto significa o nosso reconhecimento da superioridade da justiça divina.
O salmista poderia até ficar penalizado pela morte de alguns inimigos, que anteriormente eram seus amigos; ele pode ficar triste pela perda de muitos deles e até lamentar o fato de sua perdição. Mas a sua alegria estava "no Senhor" e no fato de ser Deus o seu Salvador, em quem habita a justiça. "No Senhor", não nos inimigos destruídos.
Isto foi ilustrado na ocasião em que Davi foi perseguido pelo seu filho Absalão, juntamente com uma grande multidão de amigos que se colocaram ao lado do filho rebelde e se tornaram seus inimigos. No final da batalha em que foram derrotados todos os seus inimigos e morto o seu filho, Davi lamentou a morte do filho que caçava a sua vida para lhe usurpar o trono. Quando Davi soube da morte do filho, o que fez?
"Então, o rei, profundamente comovido, subiu à sala ... e chorou; e, andando, dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!" (2 Samuel 18:33). Eram sentimentos controversos - um misto de alegria e tristeza ao mesmo tempo, querendo dar a vida pela vida do filho. Não admira que Davi foi considerado o homem segundo o coração de Deus, que enviou o Seu Filho para morrer em lugar de nós outros, Seus filhos perdidos. 
II. APELO POR LIBERTAÇÃO (11-18)
A. Razão do Apelo (11-16): Os amigos traíram a Davi, e se tornaram em seus piores inimigos.
Sabe qual foi a maior tribulação de Davi? Não eram os seus inimigos. Eram os amigos que se tornaram em inimigos. Eram os amigos que o traíram.  Alguém poderia se lembrar das palavras de Cristo sobre amar os inimigos e orar por eles? Mas note como Davi fez exatamente isso: "11 ¶ Levantam-se iníquas testemunhas e me arguem [acusam] de coisas que eu não sei. 12 Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação para a minha alma. 13 Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito, 14 portava-me como se eles fossem meus amigos ou meus irmãos; andava curvado, de luto, como quem chora por sua mãe."
É evidente o profundo amor e afeição de Davi por esses "amigos", tratados como irmãos, e lamentados "como quem chora por sua mãe", mas que se revelaram em seus piores inimigos. Mas agora, veja o resultado de amar e orar por aqueles inimigos! "15 Quando, porém, tropecei, eles se alegraram e se reuniram; reuniram-se contra mim; os abjetos, que eu não conhecia, dilaceraram-me sem tréguas; 16 como vis bufões em festins, rangiam contra mim os dentes".
7ª razão dos salmos de vingança é que os inimigos já foram longe demais. Eles são falsas testemunhas contra nós. Pagam o mal pelo bem que lhes fizemos. Alegram-se de nossas desgraças, quando o mal nos abate. Reúnem-se para tramar a morte daqueles que os amaram e suplicaram com jejum e orações, rogando por sua vida e saúde. Torturam e dilaceram aos que seguem o caminho de Deus. Revelam o seu ódio selvagem contra todos os que amam a Deus. E finalmente, desejam a morte daqueles que os ajudaram e clamaram por sua salvação. Os ímpios, que são alvos dessas orações que reivindicam a sua condenação, ultrapassaram os limites da misericórdia divina; não há como converter esses corações empedernidos. Pecaram contra o Espírito Santo. Não há salvação para eles.
É claro que não podemos julgar a espiritualidade dos outros; só Deus pode saber quem vai se salvar e quem vai se perder. Mas Davi não colocou os nomes deles, ao lado de seus pecados. Ele nem colocou o nome de Saul, que foi o pior de todos, e já estava condenado por Deus! Davi sentiu bater-lhe o coração acelerado quando se aproximou de Saul para lhe cortar o manto (1Sm 24:5)  e poupou a sua vida, por duas vezes! Mas tudo isso deixava o salmista em uma grande tribulação, ainda penalizado por seus amigos traidores. Como Jesus, que parecia não suportar a separação de Judas.
B. Apelo por libertação (V. 17)
Davi apela por libertação: "17 ¶ Até quando, Senhor, ficarás olhando? Livra-me a alma das violências deles; dos leões, a minha predileta. 18 Dar-te-ei graças na grande congregação, louvar-te-ei no meio da multidão poderosa. "
Este é um apelo urgente (Até quando, Senhor?) visando a onisciência divina (V. 17: "Ficarás olhando?"; V. 22: "Tu, Senhor, os viste."), buscando a libertação. De fato, somente um Deus onisciente poderia ver todas as coisas, e a todas as pessoas, bons e maus, em todos os lugares do universo, para atender a todos os Seus filhos, e libertá-los dos seus inimigos que "tramam enganos contra os pacíficos da terra" (20). Mas Davi sabia disso, e apela por Sua sabedoria e visão onisciente para garantir a sua libertação.
Agora, chegamos na 8ª razão dos salmos imprecatórios: Deus publicou essas orações para nos ensinar a essência da verdadeira oração, sem falsas cortesias, e sem reservas. "Até quando, Senhor, ficarás olhando?" Você ora desta maneira para Deus? Nós somos muito finos e corteses em nossas orações, não querendo falar coisas impróprias numa oração por temor a Deus. Mas a verdadeira oração lança fora essa falsa delicadeza, esse fino trato, no qual tentamos esconder mesmo de Deus as muitas coisas que estamos remoendo em nosso coração. Entretanto, a verdadeira oração revela os sentimentos mais secretos da alma.
Quando estivermos prontos a orar e falar exatamente como nos sentimos, e quais são os pensamentos que nutrimos; quando estivermos prontos a revelar os mais íntimos segredos da alma, então, sim, estaremos começando a orar de fato e manteremos a verdadeira comunhão com o nosso Deus. Daí, virão as respostas às nossas preces mais profundas, às nossas mais indizíveis aspirações.
Veja como Davi ora: "Até quando, Senhor, ficarás olhando?" "Até quando terei de esperar, sem que faças coisa alguma?" Não parece descortês? Onde está a delicadeza, o fino trato e o respeito para com o Eterno? Mas Davi falava com sinceridade de alma. Ele tinha verdadeira intimidade com Deus. Abria o coração como a um amigo. Confiava-Lhe todas as tribulações. Note a sua angústia: "Livra-me a alma das violências deles; dos leões, a minha predileta." Ele não tinha receios de falar a verdade para Deus e Deus gostava tanto de Davi, que falou dele como alguém que era segundo o Seu coração (At 13:22).  
Davi se dirige a Deus, como Alguém que tem a visão da onisciência, lamenta-se da violência de seus cruéis inimigos, suplica a libertação e promete-Lhe dar graças pela libertação. Ele crê que sua promessa de gratidão e louvor há de ser um argumento muito forte para fazer de Deus o seu Libertador naquele momento de perseguição terrível.
C. Promessa de Louvor (18)
Davi cantou a segunda promessa de que haveria de louvar a Deus diante das multidões reunidas: "18 Dar-te-ei graças na grande congregação, louvar-te-ei no meio da multidão poderosa." Davi antevê a grande vitória de seu Libertador sobre os seus inimigos.
III. APELO POR JUSTIFICAÇÃO (19-28)
A. Razão do Apelo (19-22): Os "inimigos gratuitos" odeiam a Davi e planejam a guerra contra ele. Mas Deus sabe de tudo isso.
Nesta terceira parte do salmo, Davi fala sobre a alegria malévola dos seus inimigos. E acrescenta o tipo de adversários que possuía: eles são "inimigos gratuitos" (v. 19), ou seja: eles não podem dizer por que são meus inimigos. Eles "me odeiam sem causa!" Essas palavras foram usadas por Cristo para Se referir aos Seus inimigos, fazendo delas uma profecia messiânica: "Quem me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas, agora, não somente eles têm visto, mas também odiado, tanto a mim como a meu Pai. Isto, porém, é para que se cumpra a palavra escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo." Jo 15:23-25.
20: "Não é de paz que eles falam." A intenção dos inimigos era promover a guerra literal e fisicamente para destruir o ungido de Deus. 21: "Escancaram contra mim a boca e dizem: Pegamos! Pegamos! Vimo-lo com os nossos próprios olhos. 22 Tu, Senhor, os viste; não te cales; Senhor, não te ausentes de mim." Aqui temos a certeza de triunfo da parte dos adversários de Davi, que afirmam que já o viram em meio aos seus esconderijos. Mas ele apela a Deus que já os vira muito antes em suas ações de complô contra o Seu servo. A onisciência divina é invocada pela segunda vez (17,22).
B. Apelo por Justificação (Vs. 23-26)
Este é o 3º apelo do salmista e agora ele ora por justificação: "23 Acorda e desperta para me fazeres justiça, para a minha causa, Deus meu e Senhor meu. 24 Julga-me, Senhor, Deus meu, segundo a tua justiça; não permitas que se regozijem contra mim." Davi não só apela por justiça, mas que Deus o julgue, a fim de proceder a sua justificação perante os inimigos.
Em circunstâncias diferentes ou lutando com algum pecado, Davi não pediria para que Deus o julgasse, porque a Sua justiça haveria de quebrantá-lo; antes clamaria pela misericórdia. Mas agora, ele está precisando da justiça e apela para o mesmo Deus, porque Davi conhece muito bem o caráter divino e sabe que ele é constituído de muitas e infinitas misericórdias, mas também de justiça que absolve os justos.
Davi sabe que o juízo divino não é de se temer porque será justo. Muito mais são de temer os juízos humanos, por muitas razões e principalmente porque são injustos. Portanto, ele confia em que a justiça de Deus seja feita em prol de sua causa, a fim de que ele seja justificado diante dos seus inimigos.
Mas há uma expressão que nos é muito familiar: "Deus meu e Senhor meu." (23) Estas palavras nos indicam um íntimo relacionamento de Davi com Deus. A religião verdadeira está baseada não em regras e cerimônias, mas em um relacionamento próprio com Deus. Tomé, depois de um tempo de dúvidas e incertezas, completamente convertido diante do seu maravilhoso Salvador, disse a Jesus em atitude de adoração: "Senhor meu e Deus meu" (Jo 20:28). Necessitamos desse íntimo relacionamento com Jesus Cristo especialmente em nosso tempo quando cresce o número dos inimigos em proporção geométrica.
C. Promessa de Louvor (Vs. 27-28)
Davi faz um convite para todos os que temem ao Senhor, e sentem prazer na justiça e retidão dos justos: "27 Cantem de júbilo e se alegrem os que têm prazer na minha retidão; e digam sempre: Glorificado seja o Senhor, que se compraz na prosperidade do seu servo!" Então, promete Davi louvar a justiça pela qual ele será justificado: "28 E a minha língua celebrará a tua justiça e o teu louvor todo o dia."
Esta é a 3ª vez em que Davi promete louvar e engrandecer a Deus (9,18,27-28). São três apelos e três louvores. Aqui ele convida aos seus verdadeiros amigos que têm prazer sua integridade, a se unirem a ele e glorificarem ao Deus que lhe concede a vitória esmagadora sobre os seus inimigos.
Meu prezado amigo, por acaso você está orando contra os seus inimigos? Ou a favor deles? É possível que inimigos sejam transformados em amigos, e depois sejam salvos. Deus responde as agonizantes e fervorosas orações dos cristãos. Ou será que alguém está orando e rogando impropérios contra você? Será que há entre nós alguém que esteja roubando propriedades, dinheiro ou a reputação dos outros? Será que há alguém que está tramando o mal e arruinado a felicidade de outros? Eu conheço pessoas que se dizem cristãos e agem exatamente assim. Tudo isso é motivo para orações a Deus.
Mas se você está orando contra alguém, será que essa pessoa não é especial para Deus? Você quer o mal para alguém que confia no sacrifício de Jesus Cristo? Por acaso você persegue a alguém que é reputado segundo o coração de Deus? Então, cuide para que esse mal não se volte contra si mesmo.
Davi dizia sobre os seus inimigos: "Não digam eles lá no seu íntimo: Agora, sim! Cumpriu-se o nosso desejo! Não digam: Demos cabo dele!" (25). Davi dizia para os seus amigos: "Digam sempre: Glorificado seja o Senhor!" Mas para o Senhor, Davi dizia: "Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação."
Cantemos sempre e louvemos ao nosso Redentor:
"Fala à minha alma ó Cristo, fala-lhe com amor!
Segreda com ternura: 'Eu sou Teu Salvador!'
Faze-me bem disposto para te obedecer
Sempre louvar Teu nome dedicar-te o ser.
Faze-me ouvir bem manso, em suave murmurar;
Na cruz verti Meu sangue, para te libertar;
Fala-me cada dia, fala com terno amor;
Segreda-me ao ouvido: 'Tu tens um Salvador.'"

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
30/11/2012

Apocalipse 21:1- “o mar não mais existirá...”?



“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” Apocalipse 21:1.

            Ao escrever o apóstolo do amor as palavras: o mar já não existe, seu gozo deve ter sido inexprimível, pois isolado como estava na ilha penal de Patmos, o mar só tornava mais real a cruel separação e a solidão que lhe consumiam a alma. Mas quando Deus refizer a Terra, tudo que lembre a triste história do pecado e da tristeza será apagado. Na Terra feita nova não haverá fúria de tempestades, praias juncadas de destroços, mas tão somente a calma paz da eternidade. Não haverá apenas uma nova humanidade, mas uma nova geografia.
            Este presente mundo tem muito mais água em sua superfície do que terra; com efeito, três quintos da superfície da Terra estão cobertos por oceanos. Nos dias de Noé “irromperam-se as fontes do grande abismo”. Gn. 7:11. Isto foi o que provocou o dilúvio, não meramente a queda de chuvas. A Terra foi convulsionada, resultando em tremendas mudanças físicas. Depois do dilúvio, Deus disse: “Não tornarei mais a amaldiçoar a Terra por amor do homem.” Gn. 8:21. O dilúvio foi a última maldição em virtude do pecado e corrupção do homem.
            Por toda parte da Terra acumulam-se evidências de uma vasta destruição pela água. Não somente poderosos oceanos, mas enormes abismos e contorcidos estratos geológicos permanecem como lápides tumulares de uma civilização sepultada. A Palavra de Deus diz: “Pereceu o mundo de então, sendo sepultado pelas águas do dilúvio.” II Pedro 3:6. Somente a ação da água poderia depositar a abundante vida marinha que se encontra hoje na forma de fósseis em montanhas com 15 a 20 mil pés de altura. O mundo de hoje é, na verdade, um vasto cemitério. Mas quando Deus recriá-lo, não haverá mais “depósitos” a nos lembrar pecado e catástrofes.
Assim como para João o mar representava separação e solidão, para muitos o mar só lembra tragédias e perdas envolvendo pessoas queridas. Contudo o plano de Deus é que na Nova Terra não tenhamos mais que sofrer separações e tão pouco perdas, por isso o mar não mais existirá. 1



Débora Christina Teixeira
Instrutora Bíblica – Conselheiro Espiritual




1 Roy Allan Anderson, As Revelações do Apocalipse, pág. 223 e 224.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ele é Exaltado (He is Exalted)

Raça de Víboras

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Acervo literário de Ellen White e possíveis adulterações para advogar a doutrina da trindade


Introdução

 Desde os primórdios de Ellen White e os demais pioneiros, o tema específico da Trindade foi algumas vezes discutido e amplamente debatido por alguns pioneiros. A compreensão, embora truncada, foi gradativa e, especialmente, após a publicação do livro “O Desejado de Todas as Nações”, a revelação deixou a imparcialidade de lado para se tornar uma contundente doutrina Adventista do Sétimo dia.
 No entanto, esta imparcialidade e discussão têm sido ressuscitada em nossos dias promovendo apostasia, além de sustentar movimentos separados ou revoltados com a igreja. Um dos argumentos que tem causado maior dano e diluído a fé de muitos estudantes do assunto é a implacável acusação de que os escritos de Ellen White, quando traduzidos, foram adulterados para advogar, provar e defender a doutrina da Trindade.
Devido a grande credibilidade nos escritos de Ellen White, este tipo de argumentação pode ser incisiva e demasiadamente forte para convencer e minimizar a confiança na própria organização. Infelizmente, muitas das pessoas que recebem informações equivocadas e enganosas como esta, absorvem a ideia sem ao menos buscar as fontes e evidências necessárias para colocar a prova tal ensinamento. Satanás e os inimigos da igreja sabem disso e por esta razão são muito bem sucedidos ao levantar suspeitas. Muitos membros se agarram à mentira com muita facilidade, e consequentemente a disseminam, e em alguns casos até morrem por elas. Temos que ter em mente que, embora a mentira seja mentira, ela tem o poder de persuadir e de enganar. Por este motivo, o propósito deste artigo é permitir ao leitor a possibilidade de observar os escritos fotocopiados dos originais de Ellen White quanto ao que ela realmente escreveu sobre o tema proposto. Suas cartas, algumas escritas a punho e outras datilografadas, mesmo com mudanças sinonimizadas, expõem fielmente, suas palavras da forma como originalmente foram traduzidas para o português, evidência esta que, o leitor poderá tirar por conclusões.

Desenvolvimento do acervo literário de Ellen White

Algumas acusações de adulteração dos escritos de Ellen White para advogar a doutrina da trindade tem haver com a participação de assistentes literários permitidos pela autora. Alegam que, foi a exagerada dependência dos seus assessores, por sua deficiência gramatical, que contribuiu para algumas adulterações[2]. Portanto, este adendo tem como finalidade apresentar uma síntese clara e objetiva das razões que implicaram na formação e organização de assistentes literários de Ellen White, seguindo de perto o exemplo de alguns profetas bíblicos.
A formação dos escritos de Ellen White compostos por cartas, diários, artigos, periódicos e livros totalizam cerca de 100.000 páginas.[3] Acredita-se que Ellen White, possivelmente, esteja na terceira posição de escritores mais traduzidos da história e a escritora norte-americana mais traduzida em todos os tempos. Em 1915, ano de seu falecimento, havia vinte e quatro livros publicados e mais dois em mãos dos editores para possível publicação. No entanto, após 1990, de sua autoria, 128 livros já se encontravam publicados.[4]
Embora ela tenha escrito muitas cartas e livros, de fato, como bem conhecido, Ellen White não era uma estudante brilhante e muito menos possuía formação universitária. Esta verdade, casada com os critérios para se testar um profeta, clarifica como  verdade o fato de ter sido chamada por Deus para um ministério especial. Como bem expressou Hebert Douglas, “Seria difícil dizer que a extraordinária obra literária de Ellen White é produto apenas da inteligência e invenção humanas”, e ainda afirmou que,
“Seus contemporâneos, conhecedores de sua formação e educação mínima, também estavam convencidos de que uma sabedoria mais do que humana era responsável pela incisiva e impressionante eloquência demonstrada por ela tanto no prelo como no púlpito”.[5] 
Sua fragilidade não era apenas acadêmica, mas, em grau elevado, física. Diante deste impasse, ela muitas das vezes precisou dar uma pausa temporária até que Deus a auxiliasse dando-lhe força e condições para prosseguir. Reconhecia claramente que era amparada e fortalecida por alguém fora dela: “O Senhor é que me tem fortalecido, e abençoando, e sustido por Seu Espírito.”[6]
Devido à intensidade de escritos em contraste com sua diminuta capacidade intelectual e física, outra esclarecida verdade é que, com o passar do tempo, algumas pessoas incorporaram a equipe de auxílio para dar-lhe suporte neste exaustivo trabalho. Há uma carta bem esclarecedora escrita a G. W. Amadon em 1906 apresentando a maneira como suas assistentes a ajudavam: 
 “Recolhi-me à noitinha, depois do sábado, e repousei bem sem dor ou incômodo até às dez e meia. Não consegui dormir Eu havia recebido instruções [do anjo assistente], e raramente fico na cama depois de tais instruções me sobrevieram [...] Saí da cama e escrevi durante cinco horas, tão rápido quanto a pena podia traçar as linhas. Depois, descansei na cama por uma hora, e dormi parte do tempo”,  
ela continua,  
“Coloquei a matéria nas mãos de minha copista e, na segunda-feira de manhã, ela me esperava, tendo sido colocada no meu escritório no domingo à noite. Havia quatro artigos prontos para eu reler e fazer quaisquer correções necessárias. A matéria está pronta agora, e parte dela seguirá hoje para o correio.”[7] 
Ellen White, com o objetivo de tornar mais eficiente as correções, envio e preparo de matérias para publicação, além da ajuda de seu esposo, desenvolveu uma enérgica organização de assistentes de redação tanto voluntárias quanto remuneradas.[8] Esta estratégia de permitir o auxílio de assistentes, não apenas partiu dela e de seu esposo, mas também se tornou uma necessidade devido ao grande volume de material que ela era incumbida a escrever. Às vezes algumas pessoas ficam um tanto que túrbidas ante o conceito de um profeta fazer uso de assistentes literários, e, de certa forma, acabam não compreendendo a maneira como Deus fala e guia o profeta. Não deveria ser novidade, Ellen White utilizava assistentes literárias pelas mesmas razões que os escritores bíblicos o faziam. A este respeito, bem ponderou Alberto Timm  que,  “Se os profetas não podem expandir e clarificar conceitos previamente enunciados, como explicar então as diferentes perspectivas de determinados eventos descritos nos evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas?”. [9]Neste caso específico, ela conhecia as suas limitações de tempo e aptidões literárias,”[10] e, por esta razão, uma equipe de auxiliadores era bem vindo para o aperfeiçoamento e atualização de seus escritos.[11]

A acusação de adulteração 
As acusações de adulterações de alguns escritos para advogar a trindade não procedem e muito menos condizem com uma análise séria e criteriosa. Também têm sido habituais afirmações alegando deturpação direta do original para o inglês – de onde são traduzidas as obras para o português. Estas acusações não são comuns em literaturas, elas são encontradas exaustivamente pela comunicação eletrônica – internet. Muitas das informações encontradas pela internet que, de forma bem incisiva, afirmam categoricamente a adulteração das cartas de Ellen White por parte da liderança para advogar a trindade, muitas não passam de palavras sem fundamentação, ou seja, palavras ao ar, enquanto que outras dão aparência de estarem substancialmente embasadas. O grande problema é que, muitas pessoas se contentam com as poucas informações transmitidas enquanto que outras se satisfazem com um simples jargão depreciativo à igreja. Se todos levassem a sério o que leem e pesquisam, levando em consideração “o todo” em detrimento do “parcial”, além do contexto e caso, creio que o número de apostasias causadas por esta negligência seria consideravelmente pequeno comparado ao atual.
Por este motivo é que, será apresentado em seguida os escritos originais de Ellen White com as principais citações concernentes a trindade fazendo um paralelo entre os escritos originais e as traduções para o português. O objetivo é mostrar que a argumentação levantada, ou acusação feita contra os tradutores e a igreja, não são capazes de suportarem seu próprio peso de evidência. Desta forma, tendo acesso a estes escritos originais, será mais fácil mostrar que a igreja, por mais débil e defeituosa que pareça ser jamais maquinou uma ação tão diabólica de traduzir erroneamente as visões e conselhos da mensageira do Senhor. Somente uma mente muito sagaz e um sentimento muito controverso à igreja para chegar a tais conclusões e ainda espalhar essas informações como se fossem a mais pura verdade.
Analisaremos as principais citações mostrando sua verdadeira raiz original para que, tais comparações, possam dar-nos mais credibilidade e segurança.

 Citações originais e traduções para o português
Nesta sequência, será apresentado a citação em português e as imagens escaneadas dos originais poderão ser vistas e comparadas. O leitor perceberá que Ellen White conservou algumas cartas escritas a punho enquanto que outras conservou apenas as datilografadas. É importante salientar que, os auxiliadores literários eram pessoas de sua confiança e as cartas datilografadas passaram por suas mãos para devidas correções antes de serem assinadas e confirmadas. Outro fato também relevante é que, não faremos uma análise em todas as cartas de Ellen White que tratam deste tema, pois o objetivo é reavaliar apenas as principais cartas por julgar que seja suficiente. Caso o leitor tenha interesse em ver todas as cartas, elas são acessíveis em qualquer centro de pesquisa Ellen White, incluindo o que serviu de base para este estudo no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE).
A primeira citação a ser avaliada é a que foi publicada em 1906, observe: “Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e estes  poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viverem nova vida em Cristo”[12].
Esta citação encontra-se no livro Evangelismo, p. 615 e foi compilada em 1946. No entanto, a impressão apareceu em 1906 publicada pela mesma autora. Na imagem da página 5 podemos ver nitidamente que tal conspiração de adulteração jamais houve. A citação original se encontra em Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em novembro de 1905 como visto na figura página 6.


Na próxima imagem, escaneada de uma página do diário de Ellen White, onde é encontrado o original, não editado da cópia escrita à mão do manuscrito 21, 1906, que se lê:

“Aqui estão as três personalidades vivas do trio celestial, nas quais cada alma arrependida dos seus pecados, recebe Cristo por fé viva, para aqueles que são batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”[13].

 Na próxima imagem, encontramos a seguinte citação:
“A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo”[14].

Portanto, outra evidência da fidelidade de tradução. Na verdade, verifica-se forte comprovação dos fatos, de que, não houve nenhuma intenção malévola de tradução. Os escritos de Ellen White, por si, advogam a doutrina  como correta.
O Manuscrito 271 acrescenta esta citação: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que verdadeiramente entram em relação de concerto com Deus”[15]. Podemos confirmar na carta de Ellen White a mesma transcrição. Observe na figura abaixo, incluindo a segunda figura (p. 9) com a assinatura de confirmação da autora:



E quanto ao Espírito Santo?
Das pessoas da Divindade, o Espírito Santo tem sido o mais atacado e desacreditado por alguns movimentos dissidentes. No entanto, neste tópico, analisaremos alguns textos históricos de Ellen White escritos a punho ou datilografados e assinados por ela autenticando o que a igreja tem ensinado há décadas a respeito da Terceira Pessoa da Divindade.
A citação encontrada no livro Evangelismo, p. 616 e 617 é uma das cartas mais acusadas de fraude. Portanto, faremos uma breve análise e comparação com o texto original para tirarmos as dúvidas. O texto reza assim: 
“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos”.[16]  “O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. Uma vez dado esse testemunho, traz consigo mesmo sua própria evidência. Em tais ocasiões acreditamos e estamos certos de que somos filhos de Deus....O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus. ‘Por que qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus’ (ICo 2:11). O princípio da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo”.[17]  
E continua, “Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais alto no Céu- o Pai, o Filho e o Espírito Santo - e esses poderes operarão por meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus”[18].
 Nas imagens da página 11, podemos sanar nossas dúvidas observando, com atenção, que não há inchaço na tradução a ponto de prejudicar a crença como num todo. A citação original é verídica e pode ser encontrada em um dos Patrimônios Literários de Ellen White. A única modificação encontrada e que não coaduna com a citação original é a palavra trindade. Ellen White faz uso de Godhead que significa divindade. No entanto, mesmo que utilizássemos divindade nas traduções, o sentido exato da ideia transmitida não seria mudado.
                                                          
Original datilografado

Original escrito a punho

  
Veja a página original na íntegra:



 Alguns, talvez bem intencionados, porém desprovidos de coerência nos resultados hermenêuticos afirmam que não há uma distinção clara entre Espírito Santo e Jesus. Para não dar margem a tal pensamento, é bom vermos Ellen White afirmando que ambas são pessoas distintas. No Manuscrito 93, diz: “O Espírito Santo é o Consolador, em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, contudo é uma personalidade distinta”[19] (Observe imagem abaixo).


Outra citação que tem sido fortemente atacada e creditada de adulteração é a encontrada no livro Desejado de Todas as Nações. Observe:
“O pecado pode ser resistido e vencido apenas através da poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, a qual viria com energia não modificada e na plenitude do poder divino”[20]
Esta citação foi publicada pela primeira vez em 1898 e hoje se encontra e no mesmo livro. A imagem da página 13 escaneada do original, demonstra claramente que não houve tradução equivocada. Embora a palavra Trindade não esteja na carta, qualquer pessoa sensata saberia discernir que esta mudança não causa nenhuma implicação ao sentido de toda a frase e contexto. Alguém ainda poderia questionar se realmente esta carta veio de Ellen White. É importante conhecer que, ela raramente preservou os manuscritos escritos a punho. Depois de transcritas, com sua aprovação, as cartas eram catalogas e usadas para as edições de seus livros e periódicos. Esta confiança por parte de Ellen White em não manter alguns de seus manuscritos escritos a punho pode ser uma clara evidência de sua credibilidade na manutenção e cuidado das citações ao longo dos anos que se seguissem.



 Conclusão:
Como ressaltado, neste presente artigo, foram inseridas apenas algumas poucas citações por julgar que sejam suficiente. No entanto, caso ainda permaneça dúvidas a este respeito, sugiro que visite um de nossos centros de pesquisa Ellen White no Brasil (UNASP C. 2, ou IAENE) e faça uma revisão dos fatos. As evidências da autenticidade das traduções são evidentes, e precisamos crer que Deus mesmo se mantém na fiscalização de Sua obra e na manutenção de Suas Doutrinas. Ellen White mesma considerou tais fatos afirmando “Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e continuará com ele até o fim.”[21] Também acrescentou que “A obra está sobre a supervisão do bendito Mestre [...] O intenso anelo de ver a igreja impregnada de vida tem de ser temperado com inteira confiança em Deus”[22] E para ser mais contundente, 
“Não há necessidade de duvidar, de temer que a obra não tenha êxito. Deus está à frente da obra, e Ele porá tudo em ordem. Se, na direção da obra, houver coisas que careçam de ajustamento, Deus disso cuidará para corrigir todo erro. Tenhamos fé em que Deus há de pilotar seguramente ao porto a nobre nau que conduz o povo de Deus.”[23]
 A história da igreja tem demonstrado como o sobrenatural tem convivido com o natural. Deus tem sido presente com esta igreja ao longo desses anos e com certeza ainda permanecerá até fim. Sei que nem tudo é mar de rosas, mas não tenho dúvidas que, em se tratando de questões doutrinárias, Deus não seria absolutamente nem um pouco conivente.

O material ora exposto pode ser encontrado no livro "A história revelada e a verdade confirmada" do Pr. Gilberto Theiss. Todas as imagens divulgadas podem ser vistas na Revista Parousia publicada pela UNASPRESS e foram aqui expostas com a devida autorização.

Bibliografia
DOUGLASS, Hebert E. Mensageira do Senhor: o ministério profético de Ellen G. White. 3. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

POIRIER, Tim. Parousia: Revista do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Ano 5, nº 1. Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2006.
SILVA, Demóstenes Neves da. Perguntas e respostas sobre a trindade. Cachoeira: CEPLIB, 2009.
TIMM, Alberto R. Revista do Ancião: Teriam alguns líderes da igreja adulterado os escritos de Ellen White para advogar a doutrina da trindade?. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, out – dez 2005.
WHITE, Arthur L; WALDVOGEL, Isolina; CHRISTIANINI, Arnaldo B. Ellen G. White: Mensageira da igreja remanescente. 2. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1993.
WHITE, Ellen Gould. Evangelismo. Tradução de Octavio E Santo, Raphael de Azambuja Butler. 3.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1997.
________________. The Seventh-day Adventist: bible commentary. U.S.A.: Review and Herald Publishing Association, 1984.
________________. Mensagens escolhidas. Tradução de Isolina A Waldvogel, Luiz Waldvogel. 4. ed. V. 3. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
________________. O desejado de todas as nações. Tradução de Isolina A Waldvogel. 22. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004.
________________; PAGANI, Cesar Luis. Testemunhos para a igreja. v. 2. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
________________. Testemunhos seletos: conselhos para a igreja, selecionados de "Testimonies for the church".  V. 2. Tradução de Isolina Waldvogel, Rafael de Azambuja Butler. 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
________________. A Igreja remanescente. 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000.
WHIDDEN, Woodrow et al. A trindade: como entender os mistérios da pessoa de Deus na bíblia e na historia do cristianismo. 2. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003.

[1] Pastor no estado do Ceará, estudioso e escritor (IAENE).
[2] Informações como esta são encontradas em diversos sites eletrônicos. Com o objetivo de não provocar um incentivo de divulgação de tais sites, justamente por não apresentarem informações e pesquisas sérias, seus nomes, títulos e autores foram omitidos propositalmente.
[3] WHITE, Ellen G.  Mensagens Escolhidas, cap. 12 a 18
[4][4] Pode-se obter uma lista completa de seu acervo literário incluindo cartas, folhetos e periódicos de Ellen White em Centro de Pesquisa Ellen White (Patrimônio Literário White) no Instituto Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE). Km 197, BR 101, Cachoeira-BA, Bairro Capoeiruçu. 44300-000.
[5] DOUGLAS, Herbert. Mensageira do Senhor, p. 108.
[6] WHITE, Ellen G. Manuscrito 4, 1891, citado em Arthur White, Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanescente, 2º ed. (Tatuí, SP: CPB, 1993).
[7] WHITE, carta 28, 1906, citado em ibdem, p. 332.
[8] WHITE, Ellen G. Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 89.
[9] TIMM, Alberto R. Revista do ancião 2005.
[10] DOUGLAS, Herbert E. Mensageira do Senhor, p. 110.
[11] Maiores detalhes ver Carta 11, 1884, citada em Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 96-98.
[12]  WHITE, Ellen G. Evangelismo, p. 615 -A citação original se encontra em Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em novembro de 1905. 
[13]  Idem. Manuscrito 21, 1906.
[14] Manuscrito 57, 1900, publicado no comentário bíblico adventista do sétimo dia
[15]  Manuscrito 271, 1900 (Publicado em Sevent Day Adventist Bible Comentary, 6:1075) 
[16]  WHITE, Ellen G. Manuscrito 66, 1899
[17]  Idem, Evangelismo, p. 616-617 e está localizada em Special Testimonies, Série A, nº 10, pág. 37. A palavra Trindade não será encontrada na citação original, mas tal tradução não altera o sentido de toda a expressão. Com esta palavra ou não, a revelação está falando de três pessoas divinas.
[18]  Idem. Evangelismo, 616, 617; Manuscrito 20, 1906, p.9 
[19]  WHITE, Ellen G. No Manuscrito 93, 1893, Publicado em Manuscript Releases, 20:323-325
[20]  Idem, Desejado de Todas as Nações, p. 671. 
[21] WHITE, Ellen G.  Testemunhos para a Igreja, v. 2, p. 406.
[22] Idem.  Testemunhos Seletos, v. 2, p. 353, 354.
[23] Idem. A igreja Remanescente, p. 68

Leia também o blog: www.adventistastrinitarianos.blogspot.com

O Dízimo é Santo

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A percepção dos fatos para um bom conhecedor dos escritos bíblicos e da batalha travada entre Cristo e Lúcifer, fica clara logo de inicio. A abordagem do Pr. Umberto Moura sem dúvida expõe de maneira simples os fatos dantes observados por um bom estudioso.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Estranho portal conecta Terra ao Sol




Portais magnéticos se abrem aproximadamente a cada oito minutos para conectar nosso planeta com o Sol.
Quando o portal se abre, cargas de partículas altamente energéticas podem viajar 150 milhões de km através da passagem, de acordo com cientistas espaciais.


O fenômeno recebeu o nome “evento de transferência de fluxo” ou FTE (de flux transfer event, em inglês). Ele é real e ocorre com o dobro da freqüência que qualquer pessoa poderia imaginar. “Dez anos atrás eu tinha certeza que eles não existiam, mas agora a evidência é irrefutável”, disse o astrofísico estadunidense David Sibeck.

Explosões dinâmicas
Os pesquisadores já sabiam que a Terra e o Sol deveriam estar conectados. Por exemplo, partículas solares incidem na Terra constantemente por causa do vento solar e freqüentemente seguem as linhas do campo magnético que conectam a atmosfera do Sol com a terra firme. As linhas do campo permitem que as partículas penetrem a magnetosfera da Terra; o escudo magnético que envolve nosso planeta.
Uma das hipóteses sobre a formação do evento é que o lado da Terra que está de frente para o Sol pressiona o campo magnético da Terra contra o campo magnético do Sol. E a cada oito minutos os dois campos se conectam brevemente, formando um portal através do qual as partículas podem fluir. O portal toma a forma de um cilindro magnético com a largura da Terra.
Mais de um FTE podem se abrir em um mesmo momento e eles ficam abertos entre 15 e 20 minutos. Algumas medições foram feitas com sondas da Agência Espacial Européia e da NASA que voaram através destes cilindros e nas suas bordas. Apesar das sondas terem conseguido medir a largura de um FTE o seu comprimento ainda é incerto. Mas uma medida preliminar concluiu que teria mais de 5 raios da Terra (um raio da Terra tem cerca de 6.400 km).
O astrofísico Jimmy Raeder, da Universidade de New Hampshire, nos EUA, criou uma simulação computadorizada com estes dados e concluiu que os portais FTE cilíndricos tendem a se formar sobre o equador até que em dezembro eles deslizam sobre o Pólo Norte. Em julho eles deslizariam sobre o Pólo Sul.
Parece também que existem fluxos ativos e passivos o que faz com que ocorram com o dobro da freqüência que se pensava antes.
Os fluxos ativos permitem que as partículas passem com facilidade, formando dutos de energia importantes para a magnetosfera da Terra e os cilindros passivos ofereceriam mais resistência para as partículas que transitam.
Os cientistas ainda estão empenhados em descobrir porque os portais se abrem a cada oito minutos e como os campos magnéticos no seu interior se torcem e enrolam. 
Via[LiveScience]

A Bíblia e a cultura Antiga


Você já percebeu como uma simples palavra ou frase podem ter diferentes significados e causar bastante confusão apenas por causa de uma questão de semântica. Foi o que aconteceu com famoso ator e diretor de cinema Woody Allen, por causa destas sutilezas linguísticas em que até quem é bom de gramática às vezes escorrega, o pobre cineasta passou para muitos a ideia de ser um sujeito bem sujo. Há tempos atrás uma de suas mais famosas frases caiu na opinião pública como uma bomba. Ele disse: "Tomar banho é esnobismo"

Imagine só como ficou a situação em círculos nacionais onde o banho diário é quase uma doutrina cultural! Brasileiro não perdoa quem não toma banho todos os dias.

Sexualidade na Internet

Fabiana Bertotti volta ao Sem Tabus para falar sobre a influência da internet nos relacionamentos e principalmente na sexualidade.

O Deus Que Eu Conheço

sábado, 13 de abril de 2013

TODOS NA MIRA 02 - 09.04.2013


A Bíblia proíbe o uso de jóias?
A Igreja Apostólica Romana que agrupou e preservou os escritos da Bíblia?
Quem são os 144 mil? Isso é um número literal?
Onde Deus está quando ocorrem desastres e morrem inocentes?
Quem morreu na cruz? Jesus Homem ou Jesus Deus?
Por que a reforma alimentar é enfatizada na Igreja Adventista?
Quais os riscos das Igrejas Tradicionais aceitarem costumes mundanos?
Quem são as bestas citadas em Apocalipse 13?
Quem são os 7 reis de Apocalipse 17?

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O que vem depois da graça?




Cresci ouvindo amigos de formação dispensacionalista afirmando que o tempo da lei passou e que agora vivemos o tempo da graça. Eles diziam que o Antigo Testamento, com suas leis e mandamentos, dera lugar ao Novo Testamento, em que tudo se resume no amor de Deus, um amor sem exigências, que nos aceita como somos; que o Deus justo e temível da antiga dispensação dera lugar ao Jesus manso e misericordioso da nova dispensação. Um tipo de evolucionismo divino.

O dispensacionalismo foi muito criticado e combatido. No entanto, o que vemos hoje é o seu reconhecimento, não apenas pelos que creem nas diferentes dispensações na história da salvação, mas, sobretudo, pelos cristãos pós-modernos, que rejeitam mandamentos, leis ou qualquer chamado à obediência. O que importa é o amor. É preciso sentir-se amado para então amar. É preciso sentir-se aceito para então obedecer. O problema é que nunca se sentem suficientemente amados ou aceitos.

No livro “Uma Força Medonha”, C. S. Lewis descreve um diálogo entre Ranson e Jane sobre casamento. Ela achava difícil confiar no marido porque sentia que já não o amava mais. Ranson então lhe diz: “A senhora não deixou de obedecer por falta de amor, mas perdeu o amor porque nunca tentou obedecer”. A relação entre o amor e a obediência é intensa e vital. Jesus também afirmou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14.21).

A ruptura que muitos cristãos fazem entre o Antigo e o Novo Testamento, entre lei e graça, entre mandamento e amor, compromete tragicamente a formação do caráter cristão. O processo que envolve o crescimento e o amadurecimento cristão requer obediência consciente e diligente. Uma passagem bíblica que expressa bem isto está em 2 Pedro 1.4-7: “[...] ele nos deu as suas grandes e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo [...]. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude, à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio [...]”.

As promessas foram cumpridas em Cristo. O propósito de Deus para o ser humano foi revelado. O caminho do crescimento espiritual foi escancarado com a vida, morte e ressurreição de Cristo. Maturidade cristã é tornar-se participante da natureza divina, revelada em Cristo. É por causa disso que devemos abandonar a corrupção que existe no mundo e nos entregar, deliberadamente, às virtudes, ao domínio próprio, à perseverança e a tudo o que nos leva a ser semelhantes a Cristo.

É possível fazer isto sozinho? Não. Jesus afirmou: “[...] sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Somente a graça de Deus pode realizar isto em nós. Porém, se eu nada fizer, nada será feito. É aqui que a obediência e o amor se encontram na experiência da fé. Os mandamentos de Deus não são uma negação de sua graça e amor, são sua afirmação. É a obediência aos mandamentos que nos leva a experimentar o amor divino.

Pedro afirma que precisamos nos empenhar para acrescentar à nossa fé a virtude, o domínio próprio, a perseverança, a piedade, a fraternidade e o amor. Sou eu que tenho de me empenhar. A responsabilidade é minha. Ninguém fará isto por mim. Consigo fazer isto por conta própria? Não. Preciso da graça de Deus. Contudo, se eu não me esforçar para fazer, nada será feito.

A formação do caráter cristão requer uma experiência intensa e poderosa com a graça de Deus. Deus, em Cristo, nos revelou seu amor, cumprindo por meio dele todas as promessas. Fomos salvos, regenerados e transportados do império das trevas para o seu reino de amor, justiça e paz. O caminho foi trilhado por ele, ele é o primogênito da nova criação. Sua vida consistiu em fazer a vontade do Pai e realizar a sua obra.

A formação do caráter cristão requer a mesma obediência aos mandamentos de Deus. Um cristão passivo e apático jamais experimentará o real significado da graça divina e, mais cedo do que imagina, perceberá a fragilidade de seu amor por Deus. Não deixamos de obedecer a Deus por falta de amor, deixamos de amá-lo por não obedecer-lhe.

Via Ultimato

Cinco atitudes para (qualquer) líder



Em tempos de eleição de um novo Papa, muito se comenta sobre o que se espera de um líder. Não o conheço, por isso prefiro não emitir qualquer juízo sobre sua escolha, ainda que pessoalmente celebre que seja um latino-americano. A história nos mostrará a que veio.

Antes proponho aqui um simples exercício de voltar às Escrituras e examinar a atitude de cinco pessoas diferentes ao redor de Jesus. Suas atitudes com relação ao mestre nos ensinam e nos preparam para um sano exercício da liderança. O episódio é aquele registrado no evangelho de João (12.11), em que a poucos dias de seu sofrimento e morte, Maria (a irmã de Marta) o unge. Quem são esses cinco personagens e como nos desafiam?

A primeira, Marta. Com um banquete, foi assim que Marta o serviu. Pobre Marta, muito mais lembrada por aquele episódio onde ela se queixa de sua irmã e como resposta recebe uma reprimenda de Jesus. Esquecemo-nos que Lucas captou bem a essência do que aconteceu (Lc 10) ao colocar lado a lado o relato do Bom Samaritano e o da repreensão à irmã de Maria. Marta era o modelo da mulher de ação, de iniciativa, a obediente proativa que tão bem representava o samaritano da parábola contada por Jesus. Mas além de sua obediência louvada, era importante também enfatizar a outra atitude, a do saber ouvir e do deleite em desfrutar da presença de Jesus, como sua irmã o fez. O equilíbrio entre contemplação e ação, entre o ouvir e o obedecer, é a chave para entender o que Jesus nos ensinou. Aqui, Marta, a mulher que nos modela em seu serviço e iniciativa, preparou um banquete, serviu a Jesus, e assim o “ungiu” à sua própria maneira. Jesus simplesmente a acolheu e recebeu essa sua “unção do serviço”. Desfrutou do que Marta tinha para oferecer-lhe.

O segundo, Simão, o leproso. O dono da casa, anônimo no evangelho de João, nos é revelado pelas narrativas paralelas como sendo certo Simão, de quem pouco sabemos. Concluímos que seria na verdade um ex-leproso, possivelmente curado por Jesus, reintegrado à vida na cidade, e agora anfitrião de um jantar especial oferecido ao Mestre. Como pode alguém previamente excluído, menosprezado, rejeitado, agora ser um hospitaleiro generoso? Parece que a amargura que nos seria tão natural e justificada passou longe de seu coração e de seu agir. Ele se abriu, também abriu sua casa, não guardou Jesus exclusivamente para si e quis compartilhar sua visita ilustre com todos os que vieram ao seu lar naquela noite. Simão, o anfitrião generoso certamente nos ensina muito.

A terceira, Maria. A irmã de Marta e de Lázaro não calcula os custos de sua devoção a Jesus. Demonstra, sem restrições de qualquer tipo, sua profunda e intensa entrega. O óleo caro (um ano de salário), o trabalho de um servo, os raros cabelos soltos de uma mulher judia em público, a unção tanto da cabeça como dos pés de Jesus (possivelmente para João o inusitado tenha sido o nardo derramado sobre os pés, por isso o seu registro). Sem reservas, sem cálculos prévios, numa consagração inteira e apaixonada. Uma gratidão que não mede os custos da devoção é a chave da atitude de Maria.

Quarto, Judas Iscariotes. Evitemos julgá-lo rapidamente. Recordemos que nesse momento ele era uma voz da razão e do bom senso. Além do mais, ninguém ali além de Jesus sabia que ele era um ladrão que viria a ser o traidor. Ao contrário, o que ele disse soava bem, parecia bastante razoável, “não desperdicemos”, “vejamos o custo-benefício”, “ajudemos aos pobres”. Excelente, não? O problema é que a agenda era falsa e egoísta. Vale aclarar um ponto importante. Quando Jesus responde dizendo que “sempre tereis pobres convosco”, certamente não foi um estímulo à passividade, e sim a revelação de uma agenda permanente de missão, “quando quiserdes, podeis fazer-lhes o bem” (Mc 14.7). Claro, implica em disposição, em custo, em trabalho missionário cuidadoso e perseverante. É fácil e cômodo julgar Judas? Sim. Difícil é resistir às tentações que nos assolam todos os dias. Melhor aprender com Judas, ao menos sabendo através de seu penoso exemplo onde cuidar e o que evitar.

Nosso quinto personagem é Lázaro. O terceiro irmão, aquele que está à mesa com Jesus, aquele que há pouco havia sido ressuscitado por seu amigo tão querido. Lázaro, o ex-defunto que agora é alvo de novos planos para assassiná-lo. Como assim? Outra vez? Mas acabou de sair da tumba! Qual a razão para que Lázaro “Duro de Matar” seja outra vez ameaçado de morte? Simples: por meio dele as pessoas chegavam até Jesus. Ele era um “risco”, era a penetrante fragrância que levava as pessoas a Cristo. Assim como a casa se encheu com o cheiro daquele perfume, sua vida estava impregnando tantas outras vidas com a fragrância de Cristo.

Com quem nos identificamos em nosso exercício da liderança e das responsabilidades que o Mestre nos deu quando se foi poucos dias depois daquele banquete? Com a mulher de ação, a obediente Marta? Com o anfitrião hospitaleiro de enorme coração que foi Simão? Com Maria, que não mediu o tamanho e o custo de sua devoção a Cristo? O que aprendemos de Judas, evitando não cair em nossas próprias tentações, cuidando que não nos quebremos nesses pontos débeis da fragilidade humana? Desejamos ser como o missionário Lázaro, para que em qualquer lugar e em tudo o que fizermos, sejamos esse perfume de vida que leva as pessoas a encontrarem-se com aquele que venceu a morte e nos abriu caminho para uma vida verdadeira e abundante?

Cinco lições, para um líder, qualquer líder, para você e para mim, na missão de seguirmos a Jesus.

Vida Cristã Fora da Caixa

A publicação desse vídeo não visa fazer propaganda do livro do autor, mas trazer à lição descrita pelo mesmo, onde apresenta o verdadeiro conceito de igreja que Jesus sempre exemplificou.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Negros e africanos amaldiçoados?



A Aliança Evangélica vem a público para repudiar o uso inadequado das Escrituras Sagradas, a Bíblia, juntamente com as interpretações e afirmações daí decorrentes, especificamente as feitas quanto a supostas maldições existentes sobre africanos e negros. Afirmações dessa natureza são fruto de leitura mal feita de parágrafos bíblicos, tomados fora do seu contexto literário e teológico, que acabam por colaborar com os interesses de justificar pensamentos e práticas abusivas, contrárias ao espírito da Palavra de Deus, cujo foco está na Justiça, na Libertação e na promoção da Vida e Dignidade Humana. O texto em questão, que tem servido de pretexto para declarações insustentáveis, tanto em púlpitos, redes sociais, na tribuna do Parlamento e até protocoladas junto à Justiça Federal, sob o manto da imunidade parlamentar, versa sobre o significado da passagem bíblica encontrada no livro de Gênesis capítulo 9, versos 20 a 27.

Nessa passagem Noé, embriagado, despe-se e assim é surpreendido por seu filho Cam que, ao invés de manter a discrição e o respeito devidos ao pai, o anuncia aos seus irmãos; estes se recusam a ver o pai nesse estado e, sem olhar para ele, cobrem-no com uma manta. Desperto Noé, ao saber da postura de seu filho Cam, amaldiçoa seu neto Canaã, filho de Cam, destinando-lhe a servidão.

O equívoco em questão dá a entender que a maldição proferida pelo patriarca bíblico contra Canaã, seu neto e filho de Cam, atinge os seres humanos de tez negra que habitaram, originariamente, o continente africano, o que explicaria os vários infortúnios em sua história passada e presente, culminando no longo período em que foram feitos escravos no Ocidente; e que o ato de Cam em ver a nudez de seu pai, mais do que um desrespeito, indica um ato de violação sexual por parte de Cam.

Queremos salientar enfática e categoricamente:

1. Cam teve outros filhos: Cuxe, Mizraim e Pute, e somente Canaã foi amaldiçoado.

2. Embora o comportamento inadequado descrito no texto bíblico tenha sido o de Cam, filho de Noé, o objeto específico da maldição foi Canaã, o neto de Noé. [Segundo Orígenes, um dos pais da Igreja, do século 3, Canaã foi quem avisou seu pai sobre a situação do seu avô, publicando o que deveria ter mantido sob reserva.] Amaldiçoar, no senso bíblico, não determina a história, mas descreve a consequência da quebra de um princípio estabelecido pelo ato desrespeitoso; portanto, significa a percepção de efeitos e desdobramentos de um comportamento específico. Ou seja, a postura de Cam e de seu filho Canaã estabelece um padrão comportamental que resultaria numa situação de inversão paradoxal, em que alguns dentre os descendentes de Canaã se tornariam dominados e serviçais dos seus irmãos.

3. Canaã, neto de Noé, foi habitar e estabeleceu-se na região a oeste do rio Jordão, até a costa do Mediterrâneo (sudoeste da Mesopotâmia), onde os descendentes de Canaã desenvolveram práticas absurdas, inclusive o sacrifício de crianças, e não no continente africano!

4. É de entendimento entre os teólogos especialistas no Antigo Testamento que a maldição profética de Noé sobre Canaã foi cumprida quando da conquista da região povoada pelos descendentes de Canaã, os cananeus, por parte dos filhos de Jacó, sob o comando de Josué há mais de três milênios.

5. A maldição proferida sobre Canaã pelo seu avô Noé significou uma percepção e discernimento sobre uma tendência comportamental de um grupo humano, antevendo o resultado de uma corrupção cultural e civilizatória específica e localizada, e em consequente servidão, e de modo nenhum faz referência à cor da sua pele.

6. Não há nada, absolutamente nada, nem nesse texto bíblico em foco nem na Escritura como um todo, que indique qualquer maldição sobre negros e africanos, e muito menos algo que justifique a escravidão.

7. O texto bíblico precisa ser lido em seu contexto imediato e considerado à luz da totalidade da Escritura, como saudáveis práticas de interpretação bíblica nos ensinam. De acordo com o próprio capítulo 9 de Gênesis, verso 1 e seguintes, é indicado que o desejo de Deus e Sua promessa visam a abençoar, dar vida, alimento e todo o necessário para o desenvolvimento de todos os descendentes de Noé, seus filhos e de toda a família humana. A declaração divina de abençoar a Noé e seus descendentes é firme e abrangente, e não pode ser contestada ou reduzida pela declaração relativa e descritiva de Noé a respeito de seu neto.


8. Deus reafirma o desejo de abençoar toda a humanidade, todas as famílias da terra, raças e etnias no episódio descrito na sequência da narrativa bíblica, quando da vocação de Abrão (Gênesis 12), intenção que tem seu ápice e culminância na pessoa, vida e ministério de Jesus e continuado em curso na Igreja. Em Cristo, toda maldição é destruída e uma Nova Criação é estabelecida, sendo chamados a participar desse novo concerto todas as nações, etnias, raças, povos e famílias de todas as terras e da Terra toda, sendo revogadas assim todas as maldições e oferecida salvação a todas as pessoas.

9. A alegada violação sexual de Cam a Noé não é sustentada pelo texto. A citação do texto da lei de Moisés que chama a violação de descobrir a nudez não dá suporte a tal alegação, uma vez que os verbos usados são diferentes na raiz e no significado: no primeiro caso, trata-se de observação a distância; e, no segundo caso, trata-se de ato deliberado contra outrem.

10. Toda vez, na história, que esse texto foi aventado a partir dessa hipótese vulgar, tratou-se de ato de má fé a serviço de interesses escusos, seja quando usado para justificar a escravidão de ameríndios no Brasil colonial, seja quando usado para justificar a escravidão dos africanos de tez negra, seja quando utilizado para a elaboração de sistemas legais de segregação social como o que ocorreu nos Estados Unidos, seja quando usado para justificar a política nefasta e mundialmente condenada do “apartheid”.



Tal leitura equivocada da Escritura corre o risco de ser vista como suspeita de esconder outros interesses de natureza política, econômica e de dominação social e religiosa. Não há nenhum apoio bíblico para defender qualquer maldição sobre negros ou africanos, que fazem parte, igualmente e em conjunto, da única família humana.

Lamentamos o equívoco provocado por tal vulgarização do texto bíblico, bem como a banalização quanto ao conteúdo de nossa fé, assim como repudiamos qualquer tentativa, intencional ou não, de uso inadequado do texto para quaisquer fins que não o de promover a vida, a libertação e a justiça, como a própria Escritura expressa muito bem.

(Ultimato)


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